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DIREITO AMBIENTAL

I – NOÇÕES PRELIMINARES

Por duas vezes na história as Nações Unidas mobilizou-se para tratar das
questões globais, com o escopo de encontrar soluções para os problemas de
ordem ambiental que afetam o planeta, sendo a primeira vez em Estocolmo, em
1972, e a segunda, no Rio de Janeiro, em 1992.
Os sérios problemas ambientais que afetavam o mundo foram a causa da
convocação pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU),
em 1968, da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,
que veio a se realizar em junho de 1972 em Estocolmo.
Essa Conferência chamou a atenção das nações para o fato de que a
ação humana estava causando séria degradação da natureza e criando severos
riscos para o bem estar e para a própria sobrevivência da humanidade. Foi
marcada por uma visão antropocêntrica de mundo, em que o homem era tido
como o centro de toda a atividade realizada no planeta, desconsiderando o fato
de a espécie humana ser parte da grande cadeia ecológica que rege a vida na
Terra.
A Conferência contou com representantes de 113 países, 250
organizações-não-governamentais e dos organismos da ONU. A Conferência
produziu a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, uma declaração de
princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as
decisões concernentes a questões ambientais. Outro resultado formal foi um
Plano de Ação que convocava todos os países, os organismos das Nações
Unidas, bem como todas as organizações internacionais a cooperarem na busca
de soluções para uma série de problemas ambientais.
Em 1988 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma Resolução
determinando à realização, até 1992, de uma Conferência sobre o meio
ambiente e desenvolvimento que pudesse avaliar como os países haviam
promovido a Proteção ambiental desde a Conferência de
Estocolmo de 1972. Na sessão que aprovou essa resolução o Brasil ofereceu-
se para sediar o encontro em 1992.
Em 1989 a Assembleia Geral da ONU convocou a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou
conhecida como "Cúpula da Terra", e marcou sua realização para o mês de
junho de 1992, de maneira a coincidir com o Dia do Meio Ambiente.
Dentre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se os
seguintes:

a) Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas


relações com o estilo de desenvolvimento vigente;
b) Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não-
poluentes aos países subdesenvolvidos;
c) Examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação
de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento;
d) Estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever
ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais;
e) Reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente
criando novas instituições para implementar as decisões da conferência.

Como produto dessa Conferência foram assinados 05 documentos. São


eles:

a) Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento


b) Agenda 21
c) Princípios para a Administração Sustentável das Florestas
d) Convenção da Biodiversidade
e) Convenção sobre Mudança do Clima

As novas constituições que entraram em vigor, revelaram sempre a


preocupação com uma legislação ambiental moderna, e
particularmente no Brasil, não poderia ser diferente, a Constituição Federal de
1.988, avançou de forma significativa no sentido de dar proteção ao meio
ambiente. Pela primeira vez na história brasileira o texto constitucional elevou a
tutela ambiental á categoria de direito fundamental de todo cidadão, dedicando-
lhe ainda uma epígrafe própria, dentro do título da ordem social.
A matéria que anteriormente era objeto de normas Infraconstitucionais
passou a ser disciplinada de forma precisa e atualizada em seu artigo 225, o qual
disciplinou o assunto, consignando que todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, de uso comum do povo e essencial á sadia
qualidade de vida.
A Lei Maior ainda traçou as regras a serem obedecidas pelo Poder
Público, no § 1º do citado artigo 225, a fim de assegurar a efetividade de tais
direitos, e deixou expresso no § 3º, que os infratores das normas de proteção ao
meio ambiente, sejam pessoas físicas ou jurídicas, estarão sujeitas ás sanções
penais, civis e administrativas.

DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO

Tradicionalmente a doutrina classifica os direitos


fundamentais em primeira, segunda e terceira geração.
Inicialmente as Constituições tinham como objetivo assegurar a liberdade
dos cidadãos (primeira geração), sendo que num segundo momento tal
preocupação evoluiu para assegurar a igualdade, garantindo-se os direitos
econômicos, sociais e culturais (segunda geração).
Finalmente, a evolução social exigiu uma garantia não meramente
individualista, mas sim a tutela de interesses pertencentes a uma coletividade de
indivíduos, cujo fundamento é o princípio da solidariedade ou fraternidade.
Nessa esteira de raciocínio o direito ambiental é pode ser classificado
como um direito transindividual, ou seja, é um direito fundamental e difuso, nos
termos do art. 5º, caput e 225 da CF/88.

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

A expressão meio ambiente é redundante, pois meio e ambiente são


sinônimos e designam o âmbito que nos cerca, nosso entorno, onde estamos
inseridos e vivemos.
A lei 6938/81 assim conceitua:
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio
ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas; (grifamos).
Logo, verifica-se que o conceito não abrange apenas o meio ambiente
natural, pois compreende outras perspectivas em que esteja inserida à vida.
Doutrinariamente pode-se fracionar o meio ambiente em meio ambiente
natural, meio ambiente artificial, meio ambiente cultural e meio ambiente do
trabalho.

a) Meio ambiente natural ou físico - pode ser considerado como


“constituído pelo solo, pela água, pelo ar atmosférico, pela fauna e pela flora”, ou
seja, pelos elementos físicos, químicos e biológicos que compõem a natureza e
os seres vivos (art. 225, caput, §1º, I, II, III, IV e VII da CF/88).

b) Meio ambiente artificial que este se refere ao espaço físico


transformado pelo intelecto humano para se adequar as suas necessidades.
Compreende edificações, ruas, avenidas, praças etc. (arts. 5º, XXIII e 170, III da
CF/88);

c) Meio ambiente cultural é aquele composto por bens e valores aos


quais a comunidade atribui relevância em função de sua identidade e formação 4;
(art. 216, CF/88);

d) O meio ambiente do trabalho pode ser visto como aquele que faz
a relação entre as patologias apresentadas pelos trabalhadores e sua relação
com as atividades por eles desenvolvidas; (art. 200, VIII, CF/88);

CONCEITO E OBJETIVO DO DIREITO AMBIENTAL

"O direito ambiental consiste no conjunto de princípios e normas jurídicas


que buscam regular os efeitos diretos e indiretos da ação
humana no meio, no intuito de garantir à humanidade, presente e futuro, o direito
fundamental ao um ambiente sadio. Por conseguinte, tem por objetivo o
desenvolvimento sustentável”.

PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

Ubiquidade – "Este princípio vem evidenciar que o objeto de proteção do


meio ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser levado
em consideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer
tema, atividade, obra etc. tiver que ser criada e desenvolvida. Isso porque, na
medida em que possui como ponto cardeal de tutela constitucional a vida e a
qualidade de vida, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver deve antes
passar por uma consulta ambiental, enfim, para saber se há ou não a
possibilidade de que o meio ambiente seja degradado”;

Desenvolvimento sustentável – esculpido no Princípio 4 da ECO/92 o


desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas
próprias necessidades. Prevê o uso razoável dos recursos da terra e
preservando as espécies e os habitats naturais.

Direito à sadia qualidade de vida – a sadia qualidade de vida é direito


fundamental, previsto no art. 5º, caput, CF/88, sendo inconcebível sua existência
sem um meio ambiente equilibrado, haja vista que o homem está inserido no
meio ambiente. Logo o ambiente desequilibrado inviabiliza a sadia qualidade de
vida.

Participação: Princípio 10 (Eco 92): A melhor maneira de tratar questões


ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos
interessados. (audiência pública, acesso à informação etc.). Previsto no art. Art.
3º, I e 225, caput da CF/88. Possui dois vetores fundamentais:
Informação ambiental – art. 225, §1º, CF/898

Educação ambiental – Lei 9795/99 - Art. 1o Entendem-se por educação


ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Função socioambiental da propriedade – o direito de propriedade


evoluiu do individual ao ambiental, ou seja, de direito de primeira geração passou
a ter que se compatibilizar com os direito de 2ª e 3ª geração, portanto não é
direito absoluto, pois deve atender sua função social e ambiental (arts. 5º, caput,
170, III e VI e 225, CF/88).

Poluidor-pagador - Princípio 16 da Eco/92, que impõe ao poluidor o


dever de arcar com o custo ambiental de sua atividade. Encontra fundamento
também nos artigos 225 e 170 da Constituição. Significa que todas as
externalidades negativas decorrentes dos processos produtivos ou de outros
comportamentos humanos devem ser devidamente internalizados nos custos e
devidamente reparados/compensados (art. 4º, VII da lei 6938/81, art. 225, caput,
§3º, CF/88.

Usuário-pagador – consiste na cobrança de um valor econômico pela


utilização de um bem ambiental. Difere do poluidor-pagador que tem natureza
reparatória e punitiva, pois tem natureza remuneratória pela outorga de um
recurso natural. Não há ilicitude. (art. 4º, VII da lei 6938/81, art. 225, caput, §3º,
CF/88.
Prevenção – basilar do direito ambienta, tem por objetivo evitar a
ocorrência de danos que provavelmente serão causados ao ambiente por uma
ação humana.
Deve atuar de forma preventiva. (art. 225, caput, CF/88).

Precaução: Princípio 15 (Eco-92). Dada a imprevisibilidade decorrente de


incerteza científica quanto aos efeitos de determinada obra ou atividade no
ambiente, deve-se optar por não implementa-la. (art. 225, caput, CF/88).

Princípio do Direito Humano Fundamental: Princípio 1 (Eco-92): Os


seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento
sustentável.

Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a


natureza.

Desenvolvimento sustentável: Princípio 4 (Eco-92): Para alcançar o


desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte
integrante do processo de desenvolvimento, e não pode ser considerada
isoladamente deste. A Declaração de Joanesburgo foi celebrada exatamente
tendo como pauta a questão relacionada ao desenvolvimento sustentável.

Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal: Nos termos do


artigo 225 da Constituição é dever fundamental do poder público intervir para, no
exercício do poder de polícia ambiental, prevenir e danos ao meio ambiente, bem
como exigir a devida restauração do equilíbrio ecológico.

Princípio da cooperação: Todos os estados e os indivíduos devem


cooperar na redução das desigualdades sociais, na erradicação da pobreza e
num espírito de parceria global contribuição para a conservação, proteção e
restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre.

COMPETÊNCIA

A questão fundamental do federalismo é a repartição de competências


entre o governo central e os Estados-Membros.
Competência é a esfera delimitada de atribuições de uma entidade
federativa. Em uma Federação, a repartição de competência é feita pelas
atribuições dadas pela Constituição a cada uma das entidades federativas.
O princípio geral da repartição de competências é o da predominância de
interesses. Onde prevalecer o interesse geral e nacional a competência será
atribuída à União; onde preponderar o interesse regional a competência será
concedida aos Estados; onde predominar o interesse local a competência será
dada aos Municípios.
Dois são os critérios adotados pela Constituição Federal na repartição de
competências: horizontal e vertical. Pelo critério horizontal são atribuídas
competências exclusivas ou privativas para cada entidade federativa. Pelo
critério vertical certas competências são dadas para diversas entidades
federativas, estabelecendo-se regras para seu exercício simultâneo.

Classificação da competência quanto a natureza

Competência material ou administrativa - é a prática de atos de gestão.


As competências materiais da União estão previstas no art. 21, enquanto as dos
Municípios, no art. 30, III a LX, ambos da Constituição Federal. Certas
competências materiais são comuns a todas as entidades federativas (CF, art.
23).
Competência legislativa – é a faculdade para a elaboração de leis sobre
determinados assuntos. A União foi atribuída uma ampla competência legislativa
(CF, arts. 22 e 24). Os Municípios ficaram com competência para legislar sobre
assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal
e estadual no que couber. Aos Estados foi reservada competência legislativa
remanescente (CF, art. 25, § lº).

Classificação da competência quanto à extensão

As competências materiais e legislativas quanto à extensão subdividem-


se em outras espécies.

a) Competências exclusivas - Competências atribuídas a uma única


entidade federativa, sem a possibilidade de delegação e competência
suplementar (CF, arts. 21 e 30, 1).

b) Competências privativas - Competências atribuídas a uma única


entidade federativa, mas com a possibilidade de delegação em questões
específicas (CF, art. 22 e pu) e competência suplementar (CF, art. 24 e seus
parágrafos). É justamente a possibilidade de delegação e competência
suplementar que distingue as competências privativas das exclusivas.

c) Competência comum, cumulativa ou paralela - Competências


atrihuídas a todas as entidades federativas sobre determinadas matérias,
estando as entidades no mesmo nível hierárquico (CF, art. 23).

d) Competências concorrentes - São as atribuídas à União para


estabelecer normas gerais sobre determinados assunto, podendo os Estados e
o Distrito Federal desdobrar esses princípios gerais. Muito embora o art. 24 não
estabeleça a possibilidade de os Municípios legislarem concorrentemente sobre
determinadas matérias, essa faculdade é prevista de forma ampla e genérica no
art. 30, II. AMBIENTAL – art. 24, I, VI, VII e VIII, CF/88.

e) Competências suplementares - Competências atribuídas aos


Estados para desdobrarem as normas gerais estabelecidas
pela União, dentro da competência legislativa concorrente, de acordo com as
suas peculiaridades (CF, art. 24, § 2º).

f) Competência supletivo. lnexistindo legislação federal sobre normas


gerais em matéria de competência concorrente, os Estados possuem a
faculdade de exercer competência legislativa plena para atender as suas
peculiaridades (CF, art. 24, § 3º). Nessa hipótese, a superveniência da legislação
federal suspende a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário.

Competência em matéria ambiental

Material /administrativa – comum - art. 23, VI


e VII da CF/88.
Competência
Legislativa – concorrente - art. 24, I, VI, VII e VIII, CF/88.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

A Política Nacional do Meio Ambiente foi estabelecida em pela Lei


6.938/81, que criou o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente).
Seu objetivo é o estabelecimento de padrões que tornem possível o
desenvolvimento sustentável, através de mecanismos e instrumentos capazes
de conferir ao meio ambiente uma maior proteção.
As diretrizes desta política são elaboradas através de normas e planos
destinados a orientar os entes públicos da federação, em conformidade com os
princípios elencados no Art. 2º da Lei 6.938/81.
Já os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, distintos dos
instrumentos materiais noticiados pela Constituição, dos instrumentos
processuais, legislativos e administrativos são apresentados pelo Art. 9º da Lei
6.938/81.
Objetivos da PNMA

Objetivos gerais art. 2º, caput da lei 6938/81

✓ preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental


propícia à vida
✓ assegurar condições ao desenvolvimento sócio-econômico,
✓ promover os interesses da segurança nacional;
✓ proteger a dignidade da vida humana
Objetivos específicos art. 4º, I a VII da lei 6938/81

✓ Desenvolvimento sustentável;
✓ Definição de áreas prioritárias de ação governamental;
✓ Estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental;
✓ Desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacional;
✓ Difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente;
✓ Divulgação de dados e informações ambientais;
✓ Formação de uma consciência pública para a preservação da
qualidade ambiental;
✓ Preservação e restauração dos recursos ambientais;
✓ Imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição
pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos;

Princípios – art. 2º, I a X da lei 6938/81

I - meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente


assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso dos recursos naturais;
Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o
uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas;
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação
da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do
meio ambiente.

Instrumentos da PNMA – art. 9º, I a XII da lei 6938/81 e art. 37 da lei


10257/01

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;


II - o zoneamento ambiental; (Regulamento)
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA;
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes;
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão
ambiental, seguro ambiental e outros.
Lei 10257/01 - Art. 36. Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV).

SISNAMA

O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA foi instituído pela Lei


6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto 99.274, de 06 de
junho de 1990, sendo constituído pelos órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo
Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, e
tem a seguinte estrutura:

• Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente


- CONAMA
• Órgão Central: O Ministério do Meio Ambientel - MMA
• Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
• Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais
responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e
fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;
• Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis
pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;

A atuação do SISNAMA se dará mediante articulação coordenada dos


Órgãos e entidades que o constituem, observado o acesso da opinião pública às
informações relativas as agressões ao meio ambiente e às ações de proteção
ambiental, na forma estabelecida pelo CONAMA.
Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a regionalização
das medidas emanadas do SISNAMA, elaborando normas e padrões supletivos
e complementares.
Os Órgãos Seccionais prestarão informações sobre os seus planos de
ação e programas em execução, consubstanciadas em relatórios anuais, que
serão consolidados pelo Ministério do Meio Ambiente, em um relatório anual
sobre a situação do meio ambiente no País, a ser publicado e submetido à
consideração do CONAMA, em sua segunda reunião do ano subsequente.

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo


e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído
pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
regulamentada pelo Decreto 99.274/90.
O CONAMA é composto por Plenário, CIPAM, Grupos Assessores,
Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido pelo Ministro
do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida pelo
SecretárioExecutivo do MMA.
O Conselho é um colegiado representativo de cinco setores, a saber:
órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil.
É da competência do CONAMA entre outras:
• estabelecer, normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pela União,
pelos Estados, pelo Distrito Federal e Municípios e supervisionado pelo referido
Instituto;
• determinar, a realização de estudos das alternativas e das
possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados,
requisitando informações indispensáveis à apreciação de Estudos Prévios de
Impacto Ambiental e respectivos Relatórios;

São atos do CONAMA entre outros:

✓ Resoluções, quando se tratar de deliberação vinculada a diretrizes


e normas técnicas, critérios e padrões relativos à proteção
ambiental e ao uso sustentável dos recursos ambientais;

LICECIAMENTO AMBIENTAL
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de
qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou
degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas
características a participação social na tomada de decisão, por meio da
realização de Audiências Públicas como parte do processo.
Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio
Ambiente e pelo Ibama, como partes integrantes do SISNAMA (Sistema
Nacional de Meio Ambiente). O Ibama atua, principalmente, no licenciamento de
grandes projetos de infra-estrutura que envolvam impactos em mais de um
estado e nas atividades do setor de petróleo e gás na plataforma continental.
As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão
expressas na Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97.
Além dessas, o Ministério do Meio Ambiente emitiu recentemente o Parecer nº
312, que discorre sobre a competência estadual e federal para o licenciamento,
tendo como fundamento a abrangência do impacto.

Natureza jurídica e Conceitos

A lei 6938/91 em seu art. 9º, IV dispõe que o licenciamento ambiental é


instrumento preventivo de tutela ao meio ambiente, inserido na tutela
administrativa do meio ambiente.
O art. 1º da Resolução 237/97 adotada as seguintes definições:
I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo
pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,
ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de
recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental,
considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas
aplicáveis ao caso.
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de
controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa
física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental.
III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos
aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio
para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e
projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise
preliminar de risco.
IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto
ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou
em parte, o território de dois ou mais Estados.

Fases do licenciamento

Nos termos do art. 10 da Resolução Conama 237/97, processo de


licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas:
I - Definição dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários
ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;
II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor;
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA;
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão
ambiental competente, integrante do SISNAMA;
V - Audiência pública, quando couber;
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão
ambiental competente, decorrentes de audiências públicas;
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer
jurídico; VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença.

Espécies de licenças ambientais

• Licença Prévia (LP) - Deve ser solicitada ao órgão competente na


fase de planejamento da implantação, alteração ou ampliação do
empreendimento. Essa licença não autoriza a instalação do projeto, e sim aprova
a viabilidade ambiental do projeto e autoriza sua localização e concepção
tecnológica. Além disso, estabelece as condições a serem consideradas no
desenvolvimento do projeto executivo.

• Licença de Instalação (LI) - Autoriza o início da obra ou instalação


do empreendimento. O prazo de validade dessa licença é estabelecido pelo
cronograma de instalação do projeto ou atividade, não podendo ser superior a
6 (seis) anos. Empreendimentos que impliquem desmatamento depende,
também, de "Autorização de Supressão de Vegetação".

• Licença de Operação (LO) - Deve ser solicitada antes de o


empreendimento entrar em operação, pois é essa licença que
autoriza o início do funcionamento da obra/empreendimento. Sua concessão
está condicionada à vistoria a fim de verificar se todas as exigências e detalhes
técnicos descritos no projeto aprovado foram desenvolvidos e atendidos ao longo
de sua instalação e se estão de acordo com o previsto nas LP e LI. O prazo de
validade é estabelecido, não podendo ser inferior a 4 (quatro) anos e superior a
10 (dez) anos.

No processo de licenciamento os estudos ambientais são elaborados pelo


empreendedor e entregues ao órgão competente para análise e deferimento.
Para cada etapa do licenciamento há estudos específicos a serem elaborados.
Para subsidiar a etapa de LP, sendo o empreendimento de significativo
impacto ambiental, o empreendedor encaminha ao órgão competente o
EIA/RIMA. Para os demais empreendimentos estudos mais simplificados são
requeridos.
O EIA é um documento técnico-científico compostos por: Diagnóstico
ambiental dos meios físico, biótico e socioeconômico; Análise dos impactos
ambientais do projeto e de suas alternativas; Definição das medidas mitigadoras
dos impactos negativos e elaboração de medidas mitigadoras dos impactos
negativos; e Programas de Acompanhamento e Monitoramento.
O RIMA é o documento público que reflete as informações e conclusões
do EIA e é apresentado de forma objetiva e adequada a compreensão de toda a
população. Nessa etapa são realizadas Audiências Públicas para que a
comunidade interessada e/ou afetada pelo empreendimento seja consultada.
Para subsidiar a etapa de LI o empreendedor elabora o Plano Básico
Ambiental e se a obra implicar em desmatamento é também elaborado o
Inventário Florestal, para apoiar a decisão sobre o deferimento da Autorização
de Supressão de Vegetação.
Para subsidiar a etapa de LO o empreendedor elabora um conjunto de
relatórios descrevendo a implantação dos programas ambientais e medidas
mitigadoras previstas nas etapas de LP e LI.

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