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CEDOUA

2021

Direito Constitucional e Administrativo


do Ambiente
4.ª apresentação

José Eduardo Figueiredo Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

I. Preliminares
 Consagração na versão originária da Constituição de 1976 – o que
foi uma relativa inovação;
 Extensão e importância das normas – a “constituição ambiental”;
 A Constituição foi o “motor” da proteção do ambiente pela ordem
jurídica no seu conjunto;
 Ampla consagração: como fim do Estado e como direito
fundamental;
 O ambiente como bem jurídico digno de proteção pelo direito;
 Autonomia do ambiente em relação a direitos e interesses próximos.

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

II. O ambiente como fim do Estado


 Existência de normas-fim ou normas-tarefa na Constituição;
 Em especial, o artigo 9.º:

Artigo 9.º
(Tarefas fundamentais do Estado)
São tarefas fundamentais do Estado:
d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo (…) bem como a
efetivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais (…);
e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender
a natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correto
ordenamento do território.

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

II. O ambiente como fim do Estado (cont.)


 O art. 9.º consagra um princípio jurídico objetivo que se impõe a todo
o ordenamento jurídico, aos diferentes poderes do Estado;

 Existência de outras normas constitucionais relevantes a este nível:

- O direito ao ambiente é um direito organizatoriamente dependente


(n.º 2 do art. 66.º);

- Artigo 81.º, al. m) (incumbências do Estado no âmbito económico e


social, relacionadas neste caso com a política de energia);

- Artigo 93.º, n.º 1, al. d) e n.º 2 (objetivos da política agrícola).

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

III. O direito fundamental ao ambiente

Artigo 66.º
(Ambiente e qualidade de vida)

1. Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente


equilibrado e o dever de o defender.
2. Para assegurar o direito ao ambiente, no quadro de um desenvolvimento
sustentável, incumbe ao Estado, por meio de organismos próprios e com o
envolvimento e a participação dos cidadãos:
a) Prevenir e controlar a poluição (…);
c) Criar e desenvolver reservas e parques naturais e de recreio (…);
d) Promover o aproveitamento racional dos recursos naturais;

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

Artigo 66.º
(Ambiente e qualidade de vida)
2. Para assegurar o direito ao ambiente, no quadro de um
desenvolvimento sustentável, incumbe ao Estado, por meio de organismos
próprios e com o envolvimento e a participação dos cidadãos:
e) Promover (…) a qualidade ambiental das povoações e da vida
urbana (…);
f) Promover a integração de objetivos ambientais nas várias políticas
de âmbito sectorial;
g) Promover a educação ambiental (…);
h) Assegurar que a política fiscal compatibilize desenvolvimento com
proteção do ambiente e qualidade de vida.

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

IV. Relação com o direito à tutela jurisdicional efetiva

 Relevo prático da consagração de um direito fundamental ao


ambiente: o acesso ao direito e aos tribunais;

 O direito à tutela jurisdicional efetiva como direito fundamental


amplamente garantido na CRP, tanto em termos gerais como no que
diz respeito ao contencioso administrativo:
Artigo 20.º
(Acesso ao direito e tutela jurisdicional efetiva)
1. A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para
defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos (…)”.

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

IV. Relação com o direito à tutela jurisdicional efetiva


Artigo 268.º
(Direitos e garantias dos administrados)
4. É garantido aos administrados tutela jurisdicional efetiva dos seus
direitos e interesses legalmente protegidos, incluindo, nomeadamente, o
reconhecimento desses direitos ou interesses, a impugnação de quaisquer
atos administrativos que os lesem (…), a determinação da prática de atos
administrativos legalmente devidos e a adoção de medidas cautelares
adequadas”.
5. Os cidadãos têm igualmente direito de impugnar as normas
administrativas com eficácia externa lesivas dos seus direitos ou interesses
legalmente protegidos.

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

IV. Relação com o direito à tutela jurisdicional efetiva

 Este direito/princípio é uma dimensão do princípio do Estado de


Direito;

 A proteção que ele faculta é mais relevante e intensa no âmbito


dos direitos fundamentais;

 A ligação ao direito fundamental ao ambiente.

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

V. O direito à tutela jurisdicional efetiva e o ambiente – o direito


de ação popular
 a proteção do ambiente dispõe, em Portugal, de uma tutela suplementar
em relação a outros direitos ou interesses legítimos: o direito de ação popular;

Artigo 52.º
(Direito de petição e direito de ação popular)

3. É conferido a todos, pessoalmente ou através de associações de defesa dos


interesses em causa, o direito de ação popular (…), incluindo o direito de requerer
para o lesado ou lesados a correspondente indemnização, nomeadamente para:
a) Promover a prevenção, a cessação ou a perseguição judicial das infrações
contra a saúde pública, os direitos dos consumidores, a qualidade de vida e a
preservação do ambiente e do património cultural;

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias


A consagração da tutela ambiental na CRP

V. O direito à tutela jurisdicional efetiva e o ambiente – o direito


de ação popular

 Universalização do direito de ação, do seu lado ativo;

 O alargamento da legitimidade ativa a todos os cidadãos;

 Objeto privilegiado do preceito: a tutela de interesses difusos;

 Instrumento particularmente apto para reagir contra os flagelos


ambientais.

DCAAmbiente José Eduardo F. Dias

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