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A. SITUAÇÃO DE FACTO
seguinte:
“1.ª O n.º 2 do artigo 102.º do RJUE estabelece que as medidas de tutela e restauração da
legalidade urbanística podem, entre outras, consistir na legalização das operações
urbanísticas e na determinação da demolição total ou parcial de obras – cf. Alíneas d) e
e).”
“2.ª A medida de demolição só poderá ser adoptada pela administração municipal depois
de realizada uma apreciação relativamente à viabilidade ou inviabilidade da
possibilidade de legalização da operação urbanística.”
“3.ª De modo a aferir qual a medida que deverá ser adoptada, deverão os Serviços de
Planeamento Territorial e Gestão Urbanística da CM empreender desde logo uma
apreciação relativamente à viabilidade ou inviabilidade da possibilidade de legalização
da operação urbanística promovida, por exemplo, através de uma alteração ao
loteamento em causa.”
“4.ª Resultando da apreciação dos Serviços de Planeamento Territorial e Gestão
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publico) – 12,5 m;
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de indústria as instalar;
impermeabilizadas;
equipamento público;
industriais que ocupe pelo menos 60% da faixa referida na alínea p).
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de 2019.
instalações técnicas;
− O recuo é de 5 metros;
− 140 m2.
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10. Alude ainda a referida informação técnica que caso tal alteração da licença
12. Ainda que, dada a escassez de elementos, não é conclusivo que a alteração
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B. CONSULTA
Considerando o que foi referido (e defendido) no Parecer Técnico de 19 de
da mesma.
C. PARECER
Razão de ordem
De modo a fornecer uma resposta cabal à questão que nos vem colocada na
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este facto, o que faremos de seguida, depois de caraterizada a situação como uma
demolição) é a via que se impõe (2.1.), e analisar a solução que vem apresentada
2019 (2.2.). 7
Desta análise resultará a resposta à questão colocada na consulta: se se
concluir que aquela primeira solução é viável, deve o interessado ser notificado
formais ⎯ que não obtiveram à data da sua prática o ato de controlo preventivo
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É possível, ainda, que uma mesma situação revele estes dois tipos de
que pareceria ter sempre como consequência a existência de uma ilegalidade para
efeitos do disposto no artigo 102.º. Porém, nos casos de mera anulabilidade sem
que tenha havido anulação no prazo previsto para o efeito (sendo que agora o 8
jurídica, a sua validade e, também a sua legalidade, não podem ser colocadas em
atos nulos ⎯ como as previstas no artigo 69.º, n.º 4, do RJUE e no artigo 162.º, n.º
3, do CPA ⎯ que não estão previstas, nem faz sentido estarem, para as meras
1Nas situações em que haja uma ilegalidade fundada numa invalidade do ato (seja uma
anulabilidade, seja uma nulidade) terá, previamente à adoção de medidas de reposição da
legalidade, de se desencadear o respetivo procedimento de segundo grau ou judicial destinado a
afastar o ato da ordem jurídica. Apenas após a anulação (anterior revogação por invalidade) ou
declaração de nulidade poderão ser legitimamente desencadeados estes procedimentos de
medida de tutela da legalidade, como resulta da alínea c) do n.º 1 do artigo 102.º do RJUE.
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pela administração.
comunicação que não sejam eficazes podem gerar uma situação de ilegalidade,
legitimar a operação urbanística, mas sem que, todavia, enquanto não se der
licença relativamente à qual não exista alvará pode, em última linha, conduzir à
casos vertentes.
situação de facto que aqui estamos a analisar que, no presente caso existe,
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interessado. Com efeito, este realizou a obra de ampliação sem que para tal tenha
ampliação levada a cabo tem uma ilegalidade formal ⎯, mas também incumprindo
Ainda que não exista, do ponto de vista substancial, uma diferença entre
estes dois tipos de ilegalidade (já que, formal ou material, a situação será sempre
legalidade nas situações em que esta é meramente formal do que nas situações
em que ela é de cariz material já que, neste último caso, se se pretender manter a
situação de facto tal como ela resultou da atuação ilegal, terá, em momento
possível.
“tal qual foi realizada” e de outro, a sua demolição integral. Entre estes dois polos,
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legalidade, por a eliminar, nem sempre pode ser mobilizada. E isto porque, sendo
forma expressa, do n.º 1 do artigo 106.º do RJUE (de acordo com o qual a
que lhe são aplicáveis) e do n.º 1 do artigo 102.º-A do RJUE, segundo o qual a
legalização da ampliação talqualmente foi realizada ser alcançada por via de uma
alteração ao loteamento.
impõe-se analisar, com mais pormenor, esta solução, que nos merece algumas
reflexões.
respetivos pressupostos
forma, permitir legalizar uma obra realizada num dos lotes que não cumpriu as
prescrições que para ele estavam definidas é, efetivamente, uma via possível.
com as regras de ordenamento em vigor, tal não implica que as mesmas sejam, objetivamente,
ilegalizáveis, uma vez que poderá sempre haver lugar uma conformação da situação de facto com
a de direito, através, por exemplo, da realização de trabalhos de correção e de alteração.
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que são, em regra, de iniciativa privada e, mesmo quando não o sejam, são
regularizar uma situação que foi realizada em desconformidade com ele, do que alterar um
loteamento com as mesmas intenções. Se nada impede, do ponto de vista jurídico, a alteração a
um loteamento para posteriormente realizar uma operação que não estava prevista de acordo
com as suas prescrições iniciais, nada impedirá que, caso esta operação já tenha sido realizada, se
proceda à alteração ao loteamento em momento posterior com a intenção de a regularizar. E para
essa alteração (antes ou depois da realização da operação) ser possível bastará que os normativos
em vigor no momento da alteração ao loteamento o permitam.
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disposto no artigo 27.º do RJUE, que admite alterações por iniciativa dos interessados,
considerando-se como tal, para este efeito, todos aqueles que sejam titulares de
lhe são aplicáveis, sem que tenha de apresentar para o efeito qualquer justificação
obra ilegalmente realizada no lote B3, ainda que perspetive alguns problemas
edificações), que o referido parecer técnico afirma que a alteração poderá ter de
se refere a afastamentos”.
Uma vez que a alteração que aqui vem pressuposta incidirá sobre parcelas
para as finalidades previstas no artigo 43.º do RJUE podem ser objeto de alteração
Refira-se, desde já, que o artigo 27.º do RJUE permite alterações aos
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oposição escrita dos titulares da maioria da área dos lotes constantes do alvará” e a
Esclareça-se que esta alteração também pode incidir sobre parcelas que, no
dimensionamento das áreas destinadas a usos coletivos que, nos termos da lei,
9 de outubro de 2019).
desta decisão judicial, o ato de alteração pode permitir que sejam retiradas do
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cedência deixe de se justificar perante o novo projeto (de alteração) e desde que
a que nos vimos referindo ⸺ de ser “anexada” a um lote privado uma parte de
uma parcela que havia sido cedida ao domínio municipal ⸺, cumpre fazer
algumas precisões.
legitimidade, apenas pode ser feita se o Município com isso concordar, o que
significa que esta solução tem de ser prévia e devidamente ponderada pela
concluído, de uma ponderação prévia, que tal é viável. A esta questão voltaremos
questão da forma da sua concretização. Ora, quanto a nós, existindo acordo entre
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por: 16
compra da parcela municipal por parte do interessado, mas não significa que a
incorporação desta parcela no lote privado seja gratuita: não só não o é como não
o pode ser. Por isso deve ser feita uma avaliação da parcela, determinando o valor
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proprietário dos lotes envolvidos (…) é facto tributário sujeito a IMT cuja qualificação
Arquiteto ……, que conclui (de forma abstrata, por não se estar a pronunciar 17
existe uma possibilidade de permitir a manutenção da obra tal qual foi realizada,
é a essa possibilidade que deve ser dada particular relevância, sem prejuízo de o
interessado, quer por opção própria quer perante as dificuldades que possam
9O que a lei exige, efetivamente, é apenas e somente uma análise preliminar, na medida em
que não existe nesse momento um qualquer projeto concreto sobre o qual a Câmara Municipal se
esteja a pronunciar, projeto esse que depende sempre da vontade do interessado (isto é, que
traduza exatamente aquilo que ele quer legalizar e como o quer fazer).
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superação de tal ilegalidade por via da alteração de tais exigências (no caso, a
notificando-o para tal. Apenas julgamos que a informação técnica a que nos
loteamento é em exclusivo a única via possível e a única mobilizável (é isso que dela
legalizar a ampliação por via de uma alteração ao loteamento não é mais do que
a indicação de que essa é uma via possível e não a garantia de que ela será
efeitos de legalização.
interessados (à exceção das legalizações oficiosas que não têm aqui aplicação) ⎯
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operação, uma tomada de posição definitiva quanto à decisão final que será
tomada. O que dela deve resultar de forma clara, e é isso que deve ser notificado
contém todos estes elementos, embora nele se suscite uma questão ⸺ a que já nos
pressupõe que este órgão faça desde já, e preliminarmente, por um lado, uma
direita a um privado de um bem que integra o seu património) e, por outro lado,
técnica referida. Com efeito, aí se afirma “enquanto opinião, entendo que qualquer
construção, embora de iniciativa privada, deveria ser proporcional aos demais lotes, no
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aumento dos restantes lotes que lhe são contíguos do mesmo lado da rua, terá
efetivamente, que este tipo de juízo esteja subjacente à decisão que o município
venha a tomar.
Note-se que a alteração dos restantes lotes não pode ser imposta aos
respetivos proprietários (que podem não estar interessados em ter um lote maior,
aquisição de mais área e do pagamento dos impostos associados); nem pode uma
Assim, e em relação a esta situação, das duas uma: ou bem que a Câmara
Municipal conclui desde já que o aumento da parte posterior do lote não afeta
bem que considera que tal aumento tem claras e inequívocas implicações no
proposta (de fazer aumentar o lote B3 à custa de uma parcela municipal integrada
no loteamento) inviável.
Esta solução apenas será possível caso se conclua que esta alteração ao loteamento
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solução urbanística que daí decorre. Caso conclua em sentido positivo, torna-se
dos lotes, deve ainda ser feita uma avaliação sobre se, mesmo sem o aumento do
lote é, ainda assim, possível haver legalização, ainda que com alteração do
diminuição da área ampliada). Se não for o caso, deve então ser comunicado ao
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