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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO AO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ
PROCURADORES
RUA JORGE DUMAR, 1703 - JARDIM AMÉRICA- CEP: 60410-426 - FONE (85) 3401.2326

NOTA n. 00011/2023/GABPROC/PFIFCEARÁ/PGF/AGU

NUP: 23262.000445/2023-17
INTERESSADOS: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ - IFCE
ASSUNTOS: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO

1. Trata-se de consulta encaminhada pela Diretoria Geral do Campus Cedro, por meio do Ofício nº 46/2023/DG-
CED/CEDRO-IFCE, com dúvida jurídica a cerca da viabilidade jurídica da participação de Técnicos-administrativos em Educação
(TAE's) no projeto apresentado através do Plano de Trabalho (Edital 17/2022 SEB/MEC) como bolsistas nas funções de
Coordenador Adjunto e Supervisor de Curso (assessor Pedagógico), Id. SEI 4650978, acostado aos autos desse processo.

2. Inicialmente, ratifica-se integralmente o Parecer n. 00214/2021/GABPROC/PFIFCEARA/PGF/AGU, desta


Procuradoria, oportunidade que apenas se acrescenta uma conclusão oriunda do mencionado opinativo, conforme se ver na
transcrição abaixo:

Parecer n. 00214/2021/GABPROC/PFIFCEARA/PGF/AGU,

(...)
V – CONCLUSÃO

51. Diante do exposto e do que consta dos autos, nos limites da análise jurídica e excluídos os aspectos técnicos e o
juízo de oportunidade e conveniência, entende este Órgão Jurídico que os servidores técnico administrativos em
educação (TAE) não podem exercer atribuições exclusivas dos integrantes das carreiras do magistério. (griffo
nosso)

3. É tema recorrente entre as Instituições Federais de Ensino o debate acerca dos limites da atuação dos Técnicos
Administrativos em Educação, havendo diversos pareceres jurídicos emitidos pelas respectivas procuradorias às vezes em sentidos
diversos.

4. Por essa razão, o tema foi submetido à Procuradoria-Geral Federal para uniformização de entendimento e encontra-
se sob análise ainda não concluída pela Câmara Permanente de Matérias de Interesse das Instituições Federais de Ensino – CPIFES
(NUP: 00407.007720/2019-41).

5. Instado pelo IFCE, mais uma vez, a PF/IFCE não pode abster-se de exarar seu posicionamento sobre o tema, o qual
irá prevalecer, no âmbito do Instituto, até que se ultime a manifestação uniformizadora do Procurador-Geral Federal.

6. A carreira dos servidores Técnico Administrativos em Educação é regida pela Lei nº 11.091, de 12/01/2005, cujas
atribuições são definidas de acordo com as qualificações e competências inerentes a cada cargo, mas todas afetas ao apoio técnico
administrativo às atividades de ensino, à pesquisa ou à extensão, senão vejamos:

Art. 8º São atribuições gerais dos cargos que integram o Plano de Carreira, sem prejuízo das atribuições específicas
e observados os requisitos de qualificação e competências definidos nas respectivas especificações:
I - planejar, organizar, executar ou avaliar as atividades inerentes ao apoio técnico administrativo ao ensino;
II - planejar, organizar, executar ou avaliar as atividades técnico-administrativas inerentes à pesquisa e à extensão
nas Instituições Federais de Ensino;
III - executar tarefas específicas, utilizando-se de recursos materiais, financeiros e outros de que a Instituição
Federal de Ensino disponha, a fim de assegurar a eficiência, a eficácia e a efetividade das atividades de ensino,
pesquisa e extensão das Instituições Federais de Ensino.
§ 1º As atribuições gerais referidas neste artigo serão exercidas de acordo com o ambiente organizacional.
§ 2º As atribuições específicas de cada cargo serão detalhadas em regulamento.

7. Conclui-se, destarte, que as atividades dos Técnicos Administrativos em Educação são aquelas destinadas a conferir
suporte técnico-administrativo às atividades finalísticas de ensino, pesquisa e extensão nas Instituições Federais de Ensino, bem
como a execução de tarefas específicas, conforme especialização do cargo, utilizando-se de recursos materiais, financeiros e outros
de que a Instituição Federal de Ensino disponha, a fim de assegurar a perfeita execução das atividades finalísticas prestadas à
sociedade.

8. De outro lado, as atividades tipicamente acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão são atribuídas às Carreiras e
Cargos Isolados do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal, ao lado daquelas inerentes ao exercício de direção,
assessoramento, chefia, coordenação e assistência na própria instituição, bem como outras atividades previstas em legislação
específica, nos termos da Lei nº 12.772, de 28/12/2012, senão vejamos:

Art. 2º São atividades das Carreiras e Cargos Isolados do Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal
aquelas relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão e
§ 1º A Carreira de Magistério Superior destina-se a profissionais habilitados em atividades acadêmicas próprias do
pessoal docente no âmbito da educação superior.
§ 2º A Carreira de Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico destina-se a profissionais habilitados em
atividades acadêmicas próprias do pessoal docente no âmbito da educação básica e da educação profissional e
tecnológica, conforme disposto na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e na Lei nº 11.892, de 29 de
dezembro de 2008.
§ 3º Os Cargos Isolados de provimento efetivo objetivam contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento de
competências e alcance da excelência no ensino e na pesquisa nas Instituições Federais de Ensino - IFE.

9. Embora o alcance do conceito de "atividades técnico administrativas inerentes ao ensino, à pesquisa e à extensão",
deva ser compreendido do modo amplo, capaz de envolver uma série de atribuições complementares, dele se exclui aquelas que
envolvam a prática de atividades acadêmicas que sejam típicas da docência e do pesquisador (ensino, orientação de alunos,
condução direta de pesquisas, etc).

10. Isso porque o cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
devem ser cometidas a um servidor. Para provimento dos cargos públicos é obrigatória a realização de concurso público de provas
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei (Art. 37, II, da
CF/88 c/c Arts. 3º, 5º, IV, §1º, 10 da Lei 8.112/90). Também as remunerações dos cargos são previstas em legislações específicas e
se baseiam na natureza, grau de escolaridade, qualificações técnicas e complexidade do cargo, sendo vedada cometer a outro
servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias (Art. 117, XVII, da Lei
8.112/90).

11. A vedação acima se relaciona à distinção constitucional e legal entre as atribuições cometidas pelas leis que
disciplinam as respectivas carreiras aos TAEs e à Carreira do Magistério Superior. A violação a essas regras caracterizam:

a) desvio de função, ensejando equiparação remuneratória com o cargo paradigma (Jurisprudência do


STF[1] e Súmula 378 do STJ);
b) transgressão disciplinar por parte da(s) autoridade(s) que deu ensejo ao desvio (Art. 117, XVII, da Lei
8.112/90);
c) violação ao princípios constitucionais do ingresso por concurso público e da legalidade estrita, que regem
a Administração Pública, incorrendo a(s) autoridade(s) no Art. 11 da Lei 8.429/92, que dispõe sobre a
prática dos atos de improbidade administrativa.

12. Tratam-se, no entanto, as atribuições dos técnicos administrativos e dos docentes, de atividades complementares e
interdependentes, o que decorre do conceito amplo do serviço finalístico de educação, bem como da indissociabilidade entre as
atividades de ensino, pesquisa e extensão. Além disso, existe uma grande abrangência das atividades desenvolvidas pelos TAEs que
contemplam cargos que exigem desde o ensino fundamental ao nível superior, bem como aptidões técnicas das mais variadas.

13. Primando, então, pelo princípio da eficiência, da finalidade e do interesse público que impõem a todo o agente
público realizar suas atribuições com presteza, perfeição, rendimento profissional, maximizando os meios à sua disposição para se
alcançar o melhor desempenho e atingimento efetivo dos objetivos institucionais, relevante que a interpretação do rol de atribuições
dos servidores não seja fator limitante para a consecução das atividades finalísticas das instituições federais de ensino, obedecidos
os princípios da legalidade e do prévio concurso público como condição para ingresso nos cargos públicos.

14. Para tanto, incumbe averiguar o conceito das atividades de extensão e compreender as funções dos coordenadores.
Identificando eventual existência de limitações intrínsecas ao exercício dessas atividades pelos servidores técnicos administrativos.

15. As atividades de extensão, indissociável das atividades de ensino e pesquisa, são uma ponte existente entre a
criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas nas instituições de ensino superior e sua divulgação e participação
pela população, além de ser uma ferramenta de aprimoramento da educação básica.

16. O tema está disciplinado nos Art. 43, VII e VIII; Art. 44, IV; Art. 55; e 77, §2º, da Lei 9.394/1997, nos seguintes
termos:

Art. 43. A educação superior tem por finalidade:


(...)
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a
capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão
que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº 13.174, de 2015)
(...)
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: (Regulamento)
(...)
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
ensino.
(...)
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes
atribuições:
(...)
III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica, produção artística e atividades de extensão;
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e
pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490,
de 2017)
IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017)
(...)
Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
confessionais ou filantrópicas que:
(...)
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público,
inclusive mediante bolsas de estudo.

17. Constata-se, pois, que as atividades de extensão são uma decorrência do conhecimento produzido nas instituições
federais de ensino, responsáveis não apenas por entregar à sociedade o ensino superior, mas também a pesquisa científica. Esse
conhecimento precisa ser transmitido não apenas aos alunos dos cursos de graduação e pós-graduação, mas também diretamente à
sociedade por meio de cursos e programas de extensão que integram as Instituições de ensino às comunidades locais.

18. No exercício da autonomia universitária conferido pelo Art. 207 da Constituição Federal e disciplinado pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, o IFCE tratou da extensão no artigo 101 do seu regimento geral (2018) e na resolução que trata da
política de extensão (resolução 100/2019), as quais se coadunam com as disposições da LDB.

RESOLUÇÃO Nº 100, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2019 - Política de Extensão.

(...)

Art. 36° As atividades de extensão poderão ser executadas por docentes (efetivos e/ou substitutos), técnicos
administrativos, discentes e colaboradores externos.

19. Por oportuno, relevante trazer ao conhecimento o conceito das atividades de extensão trazido pelo Decreto
7.416/2010, que regulamenta os arts. 10 e 12 da Lei nº 12.155/2009, os quais autorizam a concessão de bolsas para
desenvolvimento de atividades de ensino e extensão universitária.

Art. 7o Consideram-se atividades de extensão, para os fins deste Decreto:


I - programa: conjunto articulado de projetos e ações de médio e longo prazos, cujas diretrizes e escopo de
interação com a sociedade, no que se refere à abrangência territorial e populacional, se integre às linhas de ensino e
pesquisa desenvolvidas pela instituição, nos termos de seus projetos político-pedagógico e de desenvolvimento
institucional;
II - projeto: ação formalizada, com objetivo específico e prazo determinado, visando resultado de mútuo interesse,
para a sociedade e para a comunidade acadêmica;
III - evento: ação de curta duração, sem caráter continuado, e baseado em projeto específico; e
IV - curso: ação que articula de maneira sistemática ensino e extensão, seja para formação continuada,
aperfeiçoamento, especialização ou disseminação de conhecimentos, com carga horária e processo de avaliação
formal definidos.
§ 1o Os cursos e eventos de extensão devem estar previstos em programas e projetos, os quais, como as demais
ações que ensejem a concessão de bolsas de extensão, deverão observar os requisitos do art. 9o.
§ 2o Os programas e projetos, sempre que possível, devem considerar produtos e publicações relacionados às
ações de extensão.
§ 3o Podem ser consideradas no âmbito da extensão as atividades de inovação ou extensão tecnológica, as práticas
culturais e artísticas e o desenvolvimento de políticas públicas prioritárias, entre outros.
Art. 8o A prestação institucional de serviços, se admitida como modalidade de extensão, nos termos da disciplina
própria da instituição, em vista de justificativa acadêmica não enseja a concessão de bolsas de extensão, aplicando-
se as disposições sobre estágio, nos termos da Lei no 11.788, de 25 de setembro de 2008.
Parágrafo único. A prestação institucional de serviços de que trata o caput refere-se ao estudo e solução de
problemas dos meios profissional ou social, com a participação orientada de estudantes, e ao desenvolvimento,
pelos docentes, de novas abordagens pedagógicas e de pesquisa, bem como a transferência de conhecimentos e
tecnologia à sociedade.

20. De tudo o que foi apontado até aqui, constata-se que as atividades de extensão são abrangentes, contemplando uma
gama de possibilidades destinadas à interação entre as atividades de ensino e pesquisa produzidas na Instituição de ensino e a
sociedade na qual está inserida. No âmbito do IFCE, como não poderia deixar de ser, são uma incumbência conjunta dos docentes,
dos discentes e dos técnicos-administrativos.

21. Sob um ponto de vista operacional, a partir dos conceitos trazidos pelo Decreto 7.416/2010 e normas internas do
IFCE, as atividades de extensão desdobram-se em programa, projeto, evento, curso e até mesmo prestação de serviços. Os
programas são ferramentas mais abrangentes contemplando ações, eventos e projetos de médio e longo prazo. Os projetos são
instrumentos de curto prazo que podem estar ou não inseridos no âmbito de um programa. Os eventos e cursos são ações mais
imediatas de concretização de um projeto, enquanto a prestação de serviços contempla um sem número de possibilidades
(consultorias, assessorias, realização de estudos, elaboração e orientação de projetos em matéria científica, técnica e educacional,
bem como de participação em iniciativas de natureza científica, artística e cultural, social e desportiva).

22. Por seu turno, o conceito de coordenação extraído do dicionário é o “ato de conjugar, concatenar um conjunto de
elementos, de atividades, etc.”. Portanto, deve-se avaliar se o conjunto de atos a serem conjugados para realização de um propósito,
ou seja se a coordenação dos projetos de extensão contemplam ou não atribuições exclusivas dos docentes. Exemplificativamente,
citam-se a impossibilidade de exercício das coordenações pedagógicas, coordenações que envolvam supervisão direta de realização
e supervisão de pesquisas, cursos ou programas que envolvam orientação de discentes, de prestação de serviços tipicamente
acadêmicos, científicos ou educacionais, dentre outras que abranjam atividades acadêmicas típicas.

23. No caso dos docentes é sempre pressuposto que exerçam, como regra, as atividades de coordenação, porquanto as
atividades do cargo englobam o conjunto de atribuições tipicamente acadêmicas e científicas, mas também atividades
administrativas e de gestão. Essa circunstância não é tão simples para os técnicos administrativos, mas é também possível de ser
exercida por eles nas hipóteses em que a coordenação seja dotada de caráter técnico acessório, administrativo e operacional das
atividades de ensino, pesquisa e extensão, observando-se, ainda, as limitações inerentes às especializações dos respectivos cargos.

24. Nos projetos e ações diversas que envolvam atuação discente é sempre necessário redobrar as cautelas, visto que os
estudantes são sujeitos em formação acadêmica e profissional, e, como tal, atuam, como regra, sob orientação e supervisão direta
dos professores responsáveis pelas atividades de ensino e pesquisa correlatas, o que fica expressamente consignado no DECRETO
Nº 7.416, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2010.:

Art. 6o A concessão das bolsas de extensão referidas no art. 1o, inciso II, observará disciplina própria da
instituição, aprovada pelo órgão colegiado competente para a extensão e por seu órgão colegiado superior, para
fomentar a extensão, em articulação com o ensino e a pesquisa, visando a interação transformadora entre a
universidade e outros setores da sociedade, por meio de processo interdisciplinar educativo, cultural e científico.

Parágrafo único. As atividades de extensão devem, preferencialmente, estar inseridas em programas e projetos
estruturados, com base em linhas de trabalho acadêmico definidas e que integrem áreas temáticas estabelecidas pela
instituição, garantindo a continuidade das atividades no tempo e no território, sempre com a participação de
estudantes, articulando-se com as práticas acadêmicas de ensino e pesquisa.

25. Essa premissa é reforçada pelo disposto no Decreto nº 7.416/2010, que delega aos docentes, nesse caso com
exclusividade, a coordenação de projeto de extensão que gere bolsa ao discente:

Art. 9o A concessão de bolsas de extensão deverá estar prevista em programa ou projeto que preencha os
seguintes requisitos:
I - ter sido aprovado por órgão colegiado competente para as atividades de extensão, nos termos da disciplina
própria da instituição;
II - ser coordenado por docente em efetivo exercício na instituição;
III - ser desenvolvido por no mínimo dois terços de pessoas vinculadas à instituição, sejam docentes, servidores
técnico-administrativos ou estudantes regulares de graduação ou pós-graduação; e
IV - estar inserido em sistema informatizado da instituição, disponível para consulta do público.

26. Portanto, não se identifica uma vedação a priori quanto ao exercício da coordenação administrativa por
servidores técnicos-administrativos, vez que as diversas espécies de coordenações de um programa, projeto ou ação de
extensão podem revestir-se de caráter técnico de apoio, de cunho administrativo ou operacional. Todavia, em cada
circunstância deverá ser avaliada a compatibilidade das atividades do cargo do servidor responsável com aquelas a serem
desempenhadas na atividade de extensão.

27. Enatecedo-se mais uma vez, é bom relebrar que os servidores técnicos administrativos em educação (TAE)
não podem exercer atribuições exclusivas dos integrantes das carreiras do magistério.

28. Ademais, por ser impossível investigar antecipadamente todas as eventuais incompatibilidades de ordem prática ou
previstas nas normas, incluídas as normas internas do IFCE, que eventualmente cometam algumas coordenações aos docentes com
exclusividade, a Administração deverá estar sempre atenta às eventuais limitações na atribuição de coordenações aos TAEs .
Recomenda-se, outrossim, sejam observadas eventuais especificidades trazidas pela legislação relacionada ao programa ou
projeto, como, por exemplo, a mencionada impossibilidade de pagamento de bolsas a participantes discentes em projetos
coordenados por servidores técnicos administrativos.

29. Por fim, cabe alertar que a Lei 12.155/2010 e o Decreto 7.416/2010 direcionam a concessão de bolsas a
estudantes, docentes e pesquisadores, não sendo possível, portanto, estendê-las aos servidores técnicos-administrativos.

30. Sobre o tema foi exarado o Parecer n.º 00023/2014/DEPCONSU/PGF/AGU, de 04 de março de 2015
(NUP: 00407.005803/2014-91) assim ementado:

I – Consulta acerca da possibilidade jurídica de Institutos Federais concederem bolsas a seus servidores técnico-
administrativos.
II – Exigência de lei específica autorizando o pagamento de bolsas, em razão de sua natureza de doação civil, já
pacificada no âmbito da Procuradoria-Geral Federal, por ocasião do Parecer n.º 93/PGF/LCMG/2010.
III – No que se refere ao pagamento realizado diretamente por IFES, a disposição legal autorizadora, constante do
§ 6º do art. 5º da Lei nº 11.892, de 2008, restringe-se a alunos, docentes e pesquisadores.
IV – Ausente a autorização legal específica, não há possibilidade jurídica de pagamento direto pelas IFES de
bolsas a seus respectivos servidores técnico administrativos.
V – Impossibilidade não extensível ao recebimento de bolsas concedidas por fundações de apoio ou agências de
fomento, nos termos das Leis nos 8.958, de 1994 e 10.973, de 2004.

31. O referido parecer, aprovado pelo Procurador-Geral Federal, conclui com a seguinte sugestão de encaminhamento:

Sugere-se, ainda, o encaminhamento de memorando circular com cópia do presente Parecer a todas as
Procuradorias Federais junto a IFES para que passem a adotar o presente entendimento, levando-o ao
conhecimento das respectivas autoridades assessoradas, no sentido de sugerir a sua aplicação. Recomenda-se,
finalmente, a revisão, pelas instituições federais de ensino responsáveis, de eventuais concessões de bolsas em
desacordo com as conclusões ora firmadas, sanando-se as irregularidades delas decorrentes no prazo mais curto
possível, de modo a adequar a prática administrativa ao princípio da legalidade.

32. Após a edição da Lei 13.243/2016, o referido parecer sofreu alteração por meio do PARECER n.
00022/2016/DEPCONSU/PGF/AGU (NUP: 00840.000005/2016-16), cuja conclusão segue transcrita:

Ante o exposto, em face da alteração do disposto no art. 9º, § 1º, da Lei nº 10.973, de 2004, levada a efeito pela Lei
nº 13.243, de 11 de janeiro de 2016, o entendimento firmado no Parecer nº 23/2014/DEPCONSU/PGF/AGU deve
ser parcialmente revisto.
Tal revisão volta-se especificamente a reconhecer que a nova redação dada ao § 1º do art. 9º da Lei nº 10.973, de
2004 permite que haja pagamento direto de bolsas de estímulo à inovação por Instituições Federais de Ensino a
servidores técnico-administrativos, mas tão somente nos termos desse dispositivo e nas situações nele
especificamente tratadas, quais sejam: para realização de atividades conjuntas de pesquisa científica e tecnológica
e de desenvolvimento de tecnologia, produto, serviço ou processo, observadas as demais exigências normativas.
De resto, permanece vigente a conclusão exarada no Parecer nº 23/2014/DEPCONSU/PGF/AGU de que por
ausência de autorização legal específica, não há possibilidade jurídica de pagamento direto de bolsas pelas IFES a
seus servidores técnico-administrativos, sendo tal modalidade restrita a alunos, docentes e pesquisadores, nos
termos da Lei n.º 11.892, de 2008.
Caso aprovada, sugere-se o encaminhamento de memorando circular com cópia da presente manifestação a todas
as Procuradorias Federais junto às IFEs, para ciência.

CONCLUSÃO

33. Por todo o exposto na fundamentação, respondendo à consulta objetivamente, esta Procuradoria manifesta-se pela
possibilidade jurídica de o servidor técnico-administrativo exercer a coordenação de projetos de extensão no âmbito do IFCE,
observadas a impossibilidade do exercício das atividades tipicamente acadêmicas e de pesquisas, exclusivas dos docentes,
bem como as limitações inerentes às atribuições de cada cargo TAE, o que deverá ser avaliado em cada caso pela autoridade
que o designar.

34. Ficam igualmente ressalvadas as limitações relacionadas ao pagamento de bolsas, nos termos do que exposto no
presente parecer.

35. Decorridos os trâmites no Sapiens, retorne-se ao órgão consulente.

À consideração superior.

Fortaleza, 10 de abril de 2023.

TARCISIO BESSA DE MAGALHÃES FILHO


PROCURADOR FEDERAL

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em https://supersapiens.agu.gov.br mediante o


fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 23262000445202317 e da chave de acesso aecef129

Documento assinado eletronicamente por TARCISIO BESSA DE MAGALHÃES FILHO, com certificado A1 institucional
(*.agu.gov.br), de acordo com os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o
código 1141025959 e chave de acesso aecef129 no endereço eletrônico https://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais:
Signatário (a): TARCISIO BESSA DE MAGALHÃES FILHO, com certificado A1 institucional (*.agu.gov.br). Data e Hora: 10-
04-2023 16:38. Número de Série: 51385880098497591760186147324. Emissor: Autoridade Certificadora do SERPRO SSLv1.

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