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Aula 02 - Meio Ambiente e

Done?

Type Resumo

QUESTÃO AMBIENTAL E NOÇÃO SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS E AMBIENTAIS

O Meio Ambiente é difuso e inerente ao âmbito e preocupações


internacionais/mundiais, onde diversas questões trazidas para a legislação
brasileira são desenhadas em convenções e tratados internacionais que atuam
como “soft laws” (legislação não obrigatória que serve como diretriz para
implementação de medidas importantes e vantajosas que tendem a preservar
os recursos naturais).

O que é a questão ambiental? Necessidade de preservação do meio


ambiente devido sua finitude e escassez de recursos.

A partir do momento que o homem entende e reconhece a possibilidade


de escassez de um recurso, é feito um link entre meio ambiente e
administração, isso é, cria-se um “alerta” de que o homem não pode utilizar
como melhor lhe convier e de que é preciso administrar esses recursos
escassos. Essa “administração” é a economia.
Entretanto, a espoliação, capitalismo industrial, retirada desenfreada e
consequente transformação dos recursos naturais em produtos somente foi
vislumbrada como crise ambiental entre as décadas de 1960 e 1970, ganhando
ampla discussão na Conferência de Estocolmo de 1972.
A partir desse momento perceptivo, nasceram as Política Públicas
Ambientais, que podem ser compreendidas em três grandes eixos:

REGULATÓRIAS (ou com viés regulatório): comandos voltados à


preservação do meio ambiente. (é o “proibido e permitido”).

ESTRUTURADORAS: visando a criação de espaços geográficos protegidos.


(esses espaços geográficos são prestadores de serviços ecossistêmicos -
ex.: termorregulação - para a sociedade; ex.: é necessário que sejam
mantidas áreas de vegetação nas encostas; é proibido construir em áreas

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de inclicação a 45°; todo rio deve ter pelo menos 30m de área de mata
nativa para evitar assoreamento entre outros problemas)

INDUTORAS: normas que buscam estimular comportamentos desejáveis e


desestimular os indesejáveis. (ex.: Sanção Premial - benefícios para
aqueles que protegem o meio ambiente)

P.S.: políticas públicas são a forma como o Governo irá encarar o problema
(conservação ambiental), realizar um diagnóstico e desenvolver instrumentos
(três eixos) para a resolução do problema.
Tome nota:

Serviço ecossistêmico: o meio ambiente “presta um serviço” para nós. Ex.:


vegetação captura CO2 do ambiente

Serviço ambiental: ação antrópica que gera um benefício para o meio


ambiente. Ex.: reflorestamento.

CONCEPÇÕES ÉTICAS E DEFINIÇÃO DE MEIO AMBIENTE


Evidentemente, nenhuma questão é desprendida de concepções éticas -
filosofias que norteiam qualquer política:

Antropocentrismo: ser humano como eixo gravitacional de todo o


ecossistema.

Ecocentrismo: valorização do ecossistema e busca pela homeostase (meio


ambiente dotado de valor intrínseco, onde há valorização de suas formas
abstratas como espécies e cadeias alimentares)

Biocentrismo: todas as formas de vida são consideradas, valorizadas e


respeitadas. Trata-se, também, do fundamento da vertente relacionada ao
direito dos animais.

Constituição do Equador (2008): traz grande inovação ao prever a


natureza como sujeito de direito.

Dadas as concepções éticas, qual delas influenciou a CF de 1988?


Em sua totalidade, o antropocentrismo. Há sim uma preocupação em garantir o
mantimento do ambiente, porém mais voltada para a relação de “manter um
ambiente para as futuras gerações” - um reflexo da incorporação do conceito
de Sociedade Intergeracional na CF. (desenvolvimento sustentável). Entretanto,

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algumas “doses” de ecocentrismo e biocentrismo são encontradas quando se
fala em proibições de práticas que possam colocar espécies em risco e de
práticas de maus tratos aos animais.

De tal maneira, o Brasil apresenta diversas normas e leis que seguem uma
hierarquia onde toda e qualquer parte do ordenamento jurídico deve seguir o
documento fundante (CF) (ela dá o tom para qualquer lei dentro do nosso
ordenamento). Presume-se, então, que quaisquer Leis, posteriores a 1988,
apresentam uma compatibilidade com o dito pelo fundante, isso é, convergem
e conversam com o Artigo 225 da CF (de onde sai toda a cadeia de
positivação).

As Leis anteriores a 1988 são inconstitucionais?

Não, o novo ordenamento instaura uma “Lei de Recepção”, isso é, um


fenômeno no qual quando a lei anterior não confronta a CF, ela pode ser
recepcionada pelo novo ordenamento. Nesse fenômeno estão inclusas
algumas leis de proteção ambiental norteadas pelas Convenções e Tratados,
sendo uma delas a Lei n. 6.938 de 1981 que instaura a Política Nacional do
Meio Ambiente.

(dentro da área do Direito Ambiental há uma técnica legislativa onde um artigo


trás diversas definições. Isso é bem comum nas Políticas Nacionais).

Definição legal na Lei n. 6938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente:

Art. 3º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e


interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga
e rege a vida em todas as suas formas.

(há uma forte preocupação com o ecossistema e interações ecológicas como


um todo).
Em 2002, houve um reforço dessa preocupação com o ecossistema e
interações ecológicas como um todo a partir da Resolução n. 306 do CONAMA
(Conselho Nacional do Meio Ambiente), bem como trouxe a consideração pelos
elementos sociais, culturais e urbanísticos. (ampliação do conceito de “meio
ambiente”)

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Resolução n. 306/2002 - CONAMA - Anexo I, XII.
XII - Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e interações de
ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas.

Artigo 200, VIII, CF:

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos
termos da lei: […] VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
compreendido o do trabalho.

(Ampliação do alcance do conceito):

ADI n. 3540 “ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM


DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A
PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE” - […] àquele que privilegia a “defesa do
meio ambiente” (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente
das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio
ambiente artifical (espaço urbano) e de meio ambiente laboral. […] (ADI 3540
MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 01/09/2005,
DJ 03-02-2006 PP-00014 EMENT VOL-02219-03 PP-00528)

Quais os “novos” conceitos de Meio Ambiente? (retirados do livro Curso


de Direito Ambiental Brasileiro, 2011, p. 78-82. - autor: C. A. P. Fiorillo)

MEIO AMBIENTE NATURAL: “o meio ambiente natural ou físico é


constituído pela atmosfera, pelos elementos da biosfera, pelas águas
(inclusive pelo mar territorial), pelo solo, pelo subsolo (inclusive recursos
minerais), pela fauna e flora. Concentra o fenômeno da homeostase,
consistente no equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e o meio em que
vivem.” (meio ambiente biológico pré-existente e/ou restaurado).

MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL: “o meio ambiente artifical é compreendido


pelo espaço urbano construído, consistente no conjunto de edificações
(chamado espaço urbano fechado), e pelos equipamentos úblicos (espaço
urbano aberto).” (espaço humano construído pelo homem; edificações,
equipamentos públicos, etc)

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MEIO AMBIENTE CULTURAL: “previsto no artigo 216 da CR1988, que cuida
do patrimônio cultural brasileiro, integrado pelo patrimônio histórico,
artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que se difere do meio
ambiente artificial em decorrência do valor especial que detém. Como
ressalta Fiorillo, ‘o bem que compõe o chamado patrimônio cultural traduz
a história de um povo, a sua formação, cultura e, portanto, os próprios
elementos identificadores de sua cidadania, que constitui princípio
fundamental norteador da República Federativa do Brasil.” (patrimônio
construído pela sociedade)

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: “local onde as pessoas desempenham


suas atitvidades laborais relacionadas à saua saúde, sejam remuneradas ou
não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de
agentes que comprometem a incolumidade físico-psíquica dos
trabalhadores.” (onde as pessoas desempenham as funções laborais;
engloba questões de saúde, equílibrio, periculosidade, insalubridade, etc)

Qual a natureza jurídica do meio ambiente no ordenamento?

CF de 1988, Artigo 225: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo, e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

(um ambiente ecologicamente equilibrado considera os quatro tipos de meio


ambiente)
(o “bem de uso comum do povo” não deve ser interpretado à luz do art. 99 do
Código Civil. Aqui trata-se de um bem de natureza difusa, isso é, algo de
titularidade de todos, mas que não pertence a ninguém)

Qual a importância, então, de um bem de caráter de difuso?

Dever de preservação tanto para nós quanto para as futuras gerações. (esse é
o mote para o desenvolvimento sustentável)

Diante de toda essa contextualização, o Direito Ambiental disciplina os


princípios e as regras cujas funções são regular as condutas humanas que
afetem direta ou indiretamente o meio ambiente, gerando potencial ou
efetivamente dano ao próprio. É, portanto, uma disciplina transversal e

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comunicante tanto com as ciências humanas quanto com as exatas e,
principalmente, as biológicas.

Evolução do Direito Ambiental no Brasil

O Brasil possuiu três fases no Direito Ambiental:

Fase Individualista (~1500-1950):

Pouca preocupação e proteção aos recursos naturais.

“Objeto-fonte ilimitada de recursos à disposição do homem”.

Leis Extravagantes (1546): “proibe-se o corte da madeira nas áreas


reais e noutras propriedades, mas permite a exploração “de
sobreiros (...) de que tivessem necessidade, não sendo para carvão
ou cinza (...)”.

Lei das Árvores (1565): “Que se plantem árvores para madeira”

(Cf. DEVY-VARETA, Nicole. Para uma geografia histórica da floresta


portuguesa: do
declínio das matas medievais à política florestal do Renascimento (séc.
XV e XVI). In:
Revista da faculdade de letras-geografia. I Série, Vol. I, Porto: 1986, p. 5
a 37.)

Regimento Pau-Brasil (1605): concessões para a exploração do


Pau-Brasil.

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Fase Fragmentária (~1950-1980): preocupava-se com a atividade
econômica sem uma política de proteção ambiental e não reconhecendo a
natureza difusa do meio ambiente.

Fase Holística (~1981-atual): nascida a partir da Política Nacional do Meio


Ambiente (Lei Nº 6.938/81); concepção de um planejamento para proteção
ambiental de maneira integrada.

PREOCUPAÇÃO INTERNACIONAL COM O MEIO AMBIENTE

A preocupação internacional com o meio ambiente começa com a


Conferência de Estocolmo em 1972.

Conferência de Estocolmo (1972): conferência mundial sobre o Meio


Ambiente Humano, realizada pela ONU (ela é quem dá o start e alerta sobre
a escassez do meio ambiente e a forma com a qual nos relacionamos com
ele)

(No Brasil, ainda estávamos em um período desenvolvimentista, logo, houve


uma divergência entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos)

Declaração de Estocolmo: principiológica que ergueu o meio ambiente


à categoria de direito humano. Premissas:

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i) o homem tem direito ao desenvolvimento;

ii) o meio ambiente deve ser preservado;

Conferência de Helsinke (1975) e de Munique (1984): paísies do leste


europeu, em meio à Guerra Fria, demonstraram interesse comum em
proteger o meio ambiente para além de divergências ideológicas.

(a Conf. de Estocolmo só contou com países do bloco ocidental capitalista)

Programa de Montevidéu (1981): desenvolvimento e exame periódico do


Direito Ambiental;

proposição de temas relacionados ao meio ambiente e que deveriam


ser objeto de estudos e pesquisas no direito ambiental, emitindo
diversas recomendações como:

preparação de convênios;

princípios e diretrizes para prevenção e reparação de danos


ambientais.

Relatório “Bruntland” - Relatório Nosso Futuro Comum (1987):


sistematização do desenvolvimento sustentável que consiste em atender as
necessidades da geração presente sem comprometer as gerações futuras.

Declarações de Haia e de Paris (1989):

Haia: 24 chefes de Estado declararam que nosso país é o planeta.

Paris: “G7” mais industrializados afirmaram que deveriam aceitar tomar


providências em conjunto acerca do desenvolvimento econômico
obtido mediante a destruição ambiental.

ECO92 - RIO92 - Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento - Cúpula da Terra (1992):

Agenda 21: programa de ação com diretrizes para implementação do


desenvolvimento sustentável que busca conciliar métodos de proteção

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ambiental, justiça social, e eficiência econômica.

Declaração do Rio: 27 princípios universais que “destacam aspectos


como o direito dos seres humanos a uma vida produtiva e saudável em
harmonia com a natureza, a importância dos povos tradicionais e das
comunidades locais no manejo ambiental e no desenvolvimento e
também o papel fundamental da cooperação internacional para o
crescimento econômico e desenvolvimento sustentável de todos os
países"

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.

Convenção sobre Diversidade Biológica.

Declaração de Princípios sobre Floresta.

(a ECO92 é considera um “embrião” para o Protocolo de Kyoto)

Protocolo de Kyoto (1997): reduzir a emissão de gases antropogênicos que


geram efeito estufa (GEE’s).

a meta era reduzir em 5%.

Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+10 (2002):

Resultado: Declaração de Joanesburgo.

Reafirmação da Agenda 21.

Adição: Plano de Implementação de Combate à Pobreza e à Mudança


dos Padrões de Produção e Consumo.

Críticas: não havia delimitação de prazos.

Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 (2012):

Resultado: Declaração Final “O Futuro que Queremos”.

Renovação do Compromisso com o Desenvolvimento Sustentável.

Adição: Economia Verde.

2015:

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3ª Conferência Internacional sobre Financiamento ao
Desenvolvimento: novos marcos legais e padrões para financiamento
do
desenvolvimento.

Acordo de Paris (21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro


das Nações Unidas sobre Mudança Climática):

Objetivo: limitar o aumento da temperatura até o final do século e


reduzir a emissão de gases do efeito estufa.

Estabelecimento de Medidas:

Medidas Obrigatórias:

metas para limitar o aquecimento médio a 1,5°C até 2100;

financiamento dos países “ricos” por meio do fundo comum


de 100 bilhões de dólares ao ano - pelo menos.

Medidas Não Obrigatórias:

contribuições nacionais voluntárias com o estabelecimento


de metas “individuais”.

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - “ODS” - Agenda 2030:

17 objetivos com 169 metas específicas para serem atingidas até


2030.

maior iniciativa global de desenvolvimento econômico, social e


ambiental, redução da pobreza e das desigualdades, além da
melhoria das condições econômicas e sociais dos povos de forma
integrada à promoção dos direitos humanos.

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OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - ODS Nº 06

Grave problema mundial: água potável e esgotamento sanitário.

Nenhum nível de desenvolvimento pode ser atingido se a população


mundial não tiver o mínimo.

“Agenda da Água”: visa garantir à população o acesso à água potável e ao


esgotamento sanitário.

Água: ponto central para o desenvolvimento sustentável em quatro


domínios/princípios:

I) Ambiental

II) Econômico

III) Sociocultural

IV) Segurança

As metas da ODS 6 podem ser divididas em:

Metas Finalísticas: diretamente atraladas à consecução da ODS


(alcançar o fim maior)

Metas de Implantação: arranjo institucional; ferramentas para


concretizar a ODS.

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Indicadores: monitoramento e acompanhamento de metas.

Enquadramento Analítico da ODS n. 6

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