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DIREITO AMBIENTAL | PONTO 1

Noções Iniciais Sobre Direito Ambiental. A


Constituição e o Meio Ambiente
1
CURSO MEGE

Site para cadastro: www.mege.com.br


Celular / Whatsapp: (99) 98262-2200 (Tim)
Turma: Clube da Magistratura
Material: Ponto 1 (Direito Ambiental)
Professor: Edison Burlamaqui

MATERIAL DE APOIO
(Ponto 1) 2
SUMÁRIO

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA ...................................................................... 4

DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................... 5

1. DOUTRINA (RESUMO) E LEGISLAÇÃO ........................................................................... 6

1.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 6

1.2. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE ................................... 8

2. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................ 18

3. QUESTÕES ................................................................................................................... 21

4. GABARITO COMENTADO ............................................................................................ 24

3
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA
(Conforme Edital Mege)

DIREITO AMBIENTAL – Professor Edison Ponte Burlamaqui


Noções Iniciais Sobre Direito Ambiental. A Constituição e o Meio Ambiente. (Ponto 1)

4
DIREITO AMBIENTAL (conteúdo atualizado em 21-07-2023)

APRESENTAÇÃO

Nesta rodada, trataremos do tema “Noções Iniciais Sobre Direito Ambiental.


A Constituição e o Meio Ambiente”. Trata-se de tema de grande importância, posto
que, além das disposições e dos conceitos iniciais, também serão abordados os
dispositivos constitucionais referentes ao Direito Ambiental, bem como à Política
Urbana, que merecem uma revisão cuidadosa. Ressalta-se que, também, trataremos
dos bens ambientais, tema que foi cobrado em provas recentes.
Considerando que as questões elaboradas pelas bancas têm foco
basicamente na legislação vigente (ainda que cobrada através de casos hipotéticos),
a análise doutrinária, em regra, foi feita juntamente com a apresentação da
legislação com a finalidade de facilitar a compreensão.
Bons estudos!
Edison Ponte Burlamaqui.

5
1. DOUTRINA (RESUMO) E LEGISLAÇÃO
1.1. INTRODUÇÃO

Conceito e Natureza Jurídica do Direito Ambiental - Como ensina Edis Milaré,


Direito Ambiental “é o complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do
ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e
futuras gerações”.
Dessa forma, o meio ambiente sadio pertence à categoria de DIREITO
FUNDAMENTAL DE TERCEIRA GERAÇÃO, possuindo NATUREZA TRANSINDIVIDUAL e
DIFUSA.
Conceito Legal - art. 3º, I, da Lei 6.938/1981 - “Meio ambiente, o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Espécies de Meio Ambiente - Conforme a doutrina e jurisprudência, o meio
ambiente se divide em quatro espécies principais:

ESPÉCIES DEFINIÇÃO

Meio Ambiente Composto pelos recursos naturais: água, solo, ar atmosférico,


Natural fauna e flora.
6
Meio Ambiente O patrimônio cultural nacional, incluindo as relações culturais,
Cultural turísticas, arqueológicas, paisagísticas e naturais.

Meio Ambiente O meio ambiente artificial é formado pelos espaços urbanos,


Artificial incluindo as edificações, que são os espaços urbanos fechados.

Meio Ambiente O local onde homens e mulheres desenvolvem suas atividades


do Trabalho laborais.

Autonomia do Direito Ambiental - Prevalece o entendimento de que o Direito


Ambiental é ramo autônomo do Direito (ramo do direito público). Segundo a doutrina
majoritária, a autonomia do Direito Ambiental se caracteriza pelo fato de possuir
objetivos, princípios e instrumentos próprios, que servem para caracterizá-lo como
ramo autônomo do Direito.
Fontes do Direito Ambiental:

- Fontes Materiais - Movimentos Populares, Descobertas


Científicas, Doutrina Jurídica etc.;
- Fontes Formais - Constituição, Leis Ordinárias, Atos
Internacionais, Normas administrativas originárias dos órgãos
competentes, Jurisprudência.
Antropocentrismo vs. Ecocentrismo (biocentrismo):
Definição Clássica:

- Antropocentrismo – A visão antropocêntrica tradicional


caracteriza-se pela preocupação, única e exclusiva, com o bem-
estar do ser humano.
- Ecocentrismo (biocentrismo) – Esta visão considera o ser
humano, apenas, como mais um integrante do ecossistema, no
qual a fauna e a flora são merecedoras de especial proteção,
devendo ter direitos semelhantes aos do ser humano.

Definição Moderna:

- Antropocentrismo Utilitarista – Considera a natureza como


principal fonte de recursos para atender as necessidades do ser
humano.
- Antropocentrismo Protecionista (adotada pela CF/88) – Tem
a natureza como um bem coletivo essencial, que deve ser
preservado como garantia da sobrevivência e do bem-estar do 7
homem. Dessa forma, impõe-se um equilíbrio entre as
atividades humanas e a proteção ao meio ambiente.
- Ecocentrismo – Entende que a natureza pertence a todos os
seres vivos, exigindo ações de extrema cautela em relação à
proteção dos recursos naturais.

QUADRO SINÓTICO

Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem


Definição de
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
Meio Ambiente
todas as suas formas.

Espécies de
Natural, cultural, artificial e do trabalho.
Meio Ambiente

Ramo Autônomo do Direito que é composto por princípios e


regras que regulamentam as condutas que afetem, direta ou
Direito
indiretamente, o meio ambiente em todas suas formas, tendo
Ambiental
como finalidade o controle da poluição, o desenvolvimento
sustentável, bem como as necessidades humanas.
1.2. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE

Interpretação das Normas Constitucionais Ambientais - Conforme os


tribunais superiores, as normas ambientais devem atender aos fins sociais a que se
destinam, ou seja, necessária a interpretação e a integração de acordo com o princípio
hermenêutico IN DUBIO PRO NATURA.

1.2.1. DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Defesa do Meio Ambiente como Princípio da Ordem Econômica - Art. 170 da


CF - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:

(...) VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante


tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação;

1.2.2. DA POLÍTICA URBANA 8


Objetivos - art. 182 da CF - A política de desenvolvimento urbano, executada
pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.

- Plano Diretor - § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara


Municipal, OBRIGATÓRIO PARA CIDADES COM MAIS DE VINTE
MIL (20.000) HABITANTES, é o instrumento básico da política
de desenvolvimento e de expansão urbana.
- Função Social - § 2º A propriedade urbana cumpre sua função
social quando atende às exigências fundamentais de ordenação
da cidade expressas no plano diretor.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com
prévia e justa indenização em dinheiro.

Meios de Intervenção da Propriedade Urbana - art. 182, § 4º, da CF - É


facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para ÁREA INCLUÍDA
NO PLANO DIRETOR, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano
não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
juros legais.

Usucapião Constitucional Especial Urbano (Pro Misero) - art. 183 da CF -


Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos


ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do
estado civil.
Impossibilidade de Reconhecimento Mais de Uma Vez - § 2º
Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de 9
uma vez.
Impossibilidade de Usucapião de Imóveis Públicos - § 3º Os
imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

1.2.3. DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA

Desapropriação por Interesse Social para Reforma Agrária - art. 184 da CF -


Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
IMÓVEL RURAL que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de ATÉ VINTE ANOS, a partir do segundo ano de sua emissão, e
cuja utilização será definida em lei.
Indenização de Benfeitorias em Dinheiro - § 1º As benfeitorias ÚTEIS e
NECESSÁRIAS serão indenizadas em dinheiro.
Isenções - § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as
operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Bens Não Sujeitos à Desapropriação para Fins de Reforma Agrária - art. 185
da CF - São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei,
desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos
requisitos relativos a sua função social.

Requisitos para Cumprimento da Função Social da Propriedade Rural - art.


186 da CF - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
SIMULTANEAMENTE, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;


II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de
trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
dos trabalhadores.
10
Destinação de Terras Públicas - art. 188 da CF - A destinação de terras
públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano
nacional de reforma agrária.

§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras


públicas com área SUPERIOR A DOIS MIL E QUINHENTOS
HECTARES a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta
pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso
Nacional.
§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as
alienações ou as concessões de terras públicas para fins de
reforma agrária.

Inegociabilidade das Propriedades Recebidas com Fundamento na Reforma


Agrária - art. 189 da CF - Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela
reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis
pelo PRAZO DE DEZ ANOS.

Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso


serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,
independentemente do estado civil, nos termos e condições
previstos em lei.

Usucapião Constitucional Especial Rural (Pro Labore) - art. 191 da CF - Aquele


que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por CINCO
ANOS ININTERRUPTOS, sem oposição, área de terra, em zona rural, NÃO SUPERIOR A
CINQÜENTA HECTARES, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Impossibilidade de Usucapião de Imóveis Públicos - Parágrafo


único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

USUCAPIÃO ESPECIAL USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL


URBANO

Área Urbana Área Rural

Até 250 m² Até 50 Ha

Cinco (05) anos Cinco (05) anos

Uso como moradia Uso para o trabalho e moradia 11


Não seja proprietário de outro Não seja proprietário de outro
imóvel imóvel

1.2.4. DO MEIO AMBIENTE

Destinatários do Direito ao Meio Ambiente e do Dever de Proteção - art. 225


da CF - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, BEM DE USO
COMUM DO POVO e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
Ante o exposto, o art. 225 da CF criou um dever genérico para o Poder Público
e para a coletividade de defender e preservar o meio ambiente para as futuras
gerações. Ressalta-se que tal dever será realizado através de AÇÕES COMISSIVAS E
OMISSIVAS.
Efetividade do Direito ao Meio Ambiente (deveres específicos) - § 1º Para
assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e


prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços
territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, SENDO A ALTERAÇÃO E A SUPRESSÃO
PERMITIDAS SOMENTE ATRAVÉS DE LEI, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção;

ATENÇÃO! A instituição ou o aumento dos espaços especialmente protegidos pode


ocorrer, em determinados casos, por ato do poder executivo. Entretanto, sua
supressão ou redução somente pode ocorrer através de lei específica.

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade


potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 12
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis
destinados ao consumo final, na forma de lei complementar, a
fim de assegurar-lhes tributação inferior à incidente sobre os
combustíveis fósseis, capaz de garantir diferencial competitivo
em relação a estes, especialmente em relação às contribuições
de que tratam a alínea "b" do inciso I e o inciso IV do caput do
art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere o inciso II do
caput do art. 155 desta Constituição. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 123, de 2022)

Exploração de Recursos Minerais e Obrigação de Recuperar o Meio


Ambiente - § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
Sanções - § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (o
tema responsabilidade por danos ambientais será objeto de análise em ponto
específico).
Patrimônio Nacional - § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica,
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem
a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
Indisponibilidade de Terras Necessárias à Proteção dos Ecossistemas
Naturais - § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
Definição da Localização das Usinas Nucleares - § 6º As usinas que operem
com reator nuclear deverão ter sua localização definida em LEI FEDERAL, sem o que
não poderão ser instaladas.

ATENÇÃO! Práticas Desportivas Envolvendo Animais - § 7º Para fins do disposto na


parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas
desportivas que utilizem animais, desde que sejam MANIFESTAÇÕES CULTURAIS,
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser
regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. 13
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017)

O real objetivo desta emenda foi o de superar a decisão do STF proferida em


2016, na qual o Tribunal declarou que a atividade conhecida como “vaquejada” era
inconstitucional (reversão jurisprudencial).
Inconstitucionalidade da Vaquejada (ADI 4.983/2016) - Entendeu o STF que é
inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. Segundo
decidiu a corte, os animais envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão
pela qual esta atividade contraria a CF/88.
Considerando que a EC 96/2017 vai de encontro ao entendimento do STF,
resta saber qual será a manifestação da Corte Suprema quando (e se) novamente for
provocada.
No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio
de emenda constitucional, a invalidação somente ocorrerá se a emenda ofender uma
cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas. A dúvida reside
em saber se a proibição de que os animais sofram tratamento cruel, prevista no art.
225, § 1º, VII, da CF/88, pode ser considerada como uma garantia individual (art. 60,
§ 4º, IV, da CF).
Julgados semelhantes, envolvendo “Uso” de Animais:
- “Farra do Boi” - A obrigação de o Estado garantir a todos o
pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização
e a difusão das manifestações, não prescinde da observância da
norma do inciso VII do artigo 225 da Constituição Federal, no
que veda prática que acabe por submeter os animais à
crueldade. Procedimento discrepante da norma constitucional
denominado "farra do boi".
STF. 2ª Turma. RE 153.531, Relator (a) p/ Acórdão Min. Marco
Aurélio, julgado em 03/06/1997.
- “Briga de Galo” - EMENTA: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 11.366/00 DO ESTADO DE
SANTA CATARINA. ATO NORMATIVO QUE AUTORIZA E
REGULAMENTA A CRIAÇÃO E A EXPOSIÇÃO DE AVES DE RAÇA E
A REALIZAÇÃO DE "BRIGAS DE GALO".
A sujeição da vida animal a experiências de crueldade não é
compatível com a Constituição do Brasil. Precedentes da Corte.
Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado
procedente.
STF. Plenário. ADI 2.514, Rel. Min. Eros Grau, julgado em
29/06/2005.
A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática
criminosa tipificada na legislação ambiental, configura conduta 14
atentatória à Constituição da República, que veda a submissão
de animais a atos de crueldade, cuja natureza perversa, à
semelhança da “farra do boi” (RE 153.531/SC), não permite
sejam eles qualificados como inocente manifestação cultural,
de caráter meramente folclórico. Precedentes.
A proteção jurídico-constitucional dispensada à fauna abrange
tanto os animais silvestres quanto os domésticos ou
domesticados, nesta classe incluídos os galos utilizados em
rinhas, pois o texto da Lei Fundamental vedou, em cláusula
genérica, qualquer forma de submissão de animais a atos de
crueldade. (...)
STF. ADI 1.856, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
26/05/2011.

1.2.5. DOS BENS

Bens da União - art. 20 da CF - São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser


atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
das fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

Definição de Terras Devolutas - Conforme Maria Sylvia Zanella di Pietro, são


“todas as terras existentes no território brasileiro, que não se incorporaram
legitimamente ao domínio particular, bem como as já incorporadas ao patrimônio
público, porém não afetadas a qualquer uso público”. Dessa forma, integram a
categoria de bens públicos dominicais, em virtude de não possuírem destinação
pública.

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de


seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de
limites com outros países, ou se estendam a território
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras,
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios,
exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005) 15
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
econômica exclusiva;

Zona Econômica Exclusiva - A zona econômica exclusiva brasileira


compreende uma faixa que se estende DAS DOZE ÀS DUZENTAS MILHAS MARÍTIMAS,
contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial
(Art. 6º da Lei 8.617/93).
Plataforma Continental - A plataforma continental do Brasil compreende o
leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial,
em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo
exterior da margem continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas
das linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em
que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância (Art. 11 da Lei
8.617/93).

VI - o mar territorial;

Mar Territorial - O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze


milhas marítima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral
continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala,
reconhecidas oficialmente no Brasil (Art. 1º da Lei 8.617/93).
Ressalta-se que a soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao
espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo.

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

Terrenos de Marinha - São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33


metros, medidos para a parte de terra, do ponto em que se passava a linha do
preamar médio de 1831: a) os situados no continente, na costa marítima e nas
margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés; b) os que
contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés (Art. 1º
do DL 3.438/41).

VIII - os potenciais de energia hidráulica;


IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

Destaca-se que as terras indígenas são bens públicos de uso especial, pois
além de serem áreas com destinação pública específica, são inalienáveis, indisponíveis, 16
e os direitos sobre elas são imprescritíveis (Art. 231, § 4º, da CF).

§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao


Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado
da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos
para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos
minerais no respectivo território, plataforma continental, mar
territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação
financeira por essa exploração. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 102, de 2019)
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura,
ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de
fronteira, é considerada fundamental para defesa do território
nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Bens dos Estados - art. 26 da CF - Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e


em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as
decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União,
Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Bens dos Municípios - Os municípios, apesar de não mencionados na divisão


constitucional, têm domínio sobre diversos bens, como ruas, praças, jardins, unidades
de conservação municipais etc.

17
2. JURISPRUDÊNCIA

RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DA PESSOA JURÍDICA POR DELITOS AMBIENTAIS.


É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em
seu nome. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da “dupla imputação”.
STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE 548.181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
6/8/2013 (Info 714).
* Este tema será melhor tratado oportunamente.

É INCONSTITUCIONAL A PRÁTICA DA VAQUEJADA.


DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. COLISÃO DE
NORMAS CONSTITUCIONAIS: PROTEÇÃO DE MANIFESTAÇÕES CULTURAIS VERSUS
VEDAÇÃO DE CRUELDADE CONTRA ANIMAIS. 1. A Constituição veda expressamente
práticas que submetam animais a crueldade. O avanço do processo civilizatório e da
ética animal elevou o resguardo dos seres sencientes (i.e., capazes de sentir dor)
contra atos cruéis a um valor constitucional autônomo, a ser tutelado
independentemente de haver consequências para o meio-ambiente, para a função
ecológica da fauna ou para a preservação das espécies. 2. A jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal nos casos de colisão entre as normas envolvendo, de um lado, a 18
proteção de manifestações culturais (art. 215, caput e § 1º) e, de outro, a proteção dos
animais contra o tratamento cruel (art. 225, § 1º, VII), tem sido firme no sentido de
interditar manifestações culturais que importem crueldade contra animais. Nessa
linha: RE 153.531, Rel. Min. Francisco Rezek. Rel. para o acórdão Min. Marco Aurélio, j.
em 03.06.1997, DJ 13.03.1998; ADI 2.514, Rel. Min. Eros Grau, j. em 26.06.2005, DJ
02.12.2005; ADI 3.776, Rel. Min. Cezar Peluso, j. em 14.06.2007, DJe 28.06.2007; ADI
1.856, Rel. Min. Celso de Mello, j. em 26.05.2011, DJe 13.10.2011. 3. Na vaquejada, a
torção brusca da cauda do animal em alta velocidade e sua derrubada,
necessariamente com as quatro patas para cima como exige a regra, é inerentemente
cruel e lesiva para o animal. Mesmo nas situações em que os danos físicos e mentais
não sejam visíveis de imediato, a olho nu, há probabilidade de sequelas graves que se
manifestam após o evento. De todo modo, a simples potencialidade relevante da lesão
já é apta a deflagrar a incidência do princípio da precaução. 4. É permitida a
regulamentação de manifestações culturais com características de entretenimento que
envolvam animais, desde que ela seja capaz de evitar práticas cruéis, danos e riscos
sérios. No caso da vaquejada, torna-se impossível a regulamentação de modo a
evitar a crueldade sem a descaracterização da própria prática. 5. Pedido em ação
direta de inconstitucionalidade julgado procedente para declarar inconstitucional lei
estadual que regulamenta a vaquejada como prática esportiva e cultural. STF.
Plenário. ADI 4.983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016 (Info 842).
* RESSALTA-SE QUE A EC 96/2017 FOI UMA TENTATIVA DE SUPERAÇÃO LEGISLATIVA
DA JURISPRUDÊNCIA (REVERSÃO JURISPRUDENCIAL), UMA MANIFESTAÇÃO DE
“ATIVISMO CONGRESSUAL” (Ver anotações sobre o tema no material - Doutrina e
legislação).

ÁREA DE RESERVA LEGAL E REGISTRO DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DE USUCAPIÃO.


RECURSO ESPECIAL. CIVIL E AMBIENTAL. USUCAPIÃO. IMÓVEL RURAL SEM
MATRÍCULA. REGISTRO DA SENTENÇA. NECESSIDADE DE DELIMITAÇÃO DA RESERVA
LEGAL AMBIENTAL. REGISTRO NO CADASTRO AMBIENTAL RURAL - CAR. NOVO CÓDIGO
FLORESTAL.1. Controvérsia acerca da possibilidade de se condicionar o registro da
sentença de usucapião de imóvel sem matrícula à averbação da reserva legal
ambiental. 2. “É possível extrair do art. 16, § 8º, do Código Florestal que a averbação
da reserva florestal é condição para a prática de qualquer ato que implique
transmissão, desmembramento ou retificação de área de imóvel sujeito à disciplina da
Lei 4.771/65”; (REsp. 831.212/MG, DJe 22/09/2009). 3. Extensão desse entendimento
para a hipótese de aquisição originária por usucapião, aplicando-se o princípio
hermenêutico “in dubio pro natura”; 4. Substituição da averbação no Cartório de
Registro de Imóveis pelo registro no Cadastro Ambiental Rural - CAR, por força do novo
Código Florestal. 5. Adaptação do entendimento desta Corte Superior à nova realidade
normativa, mantida a eficácia da norma protetiva ambiental. 6. Necessidade de prévio
registro da reserva legal no CAR, como condição para o registro da sentença de
usucapião no Cartório de Registro de Imóveis. 7. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. REsp.
1.356.207/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 28/04/2015, DJe 07/05/2015, Info. 561, STJ.
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USUCAPIÃO.
Pode ser deferida usucapião especial urbana ainda que a área do imóvel seja inferior
ao módulo mínimo dos lotes urbanos previsto no plano diretor. Se forem preenchidos
os requisitos do art. 183 da CF/88, a pessoa terá direito à usucapião especial urbana
e o fato de o imóvel em questão não atender ao mínimo dos módulos urbanos
exigidos pela legislação local para a respectiva área (dimensão do lote) não é motivo
suficiente para se negar esse direito, que tem índole constitucional. Para que seja
deferido o direito à usucapião especial urbana basta o preenchimento dos requisitos
exigidos pelo texto constitucional, de modo que não se pode impor obstáculos, de
índole infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de parte
interessada, o modo originário de aquisição de propriedade. STF. Plenário. RE
422349/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/4/2015 (repercussão geral) (Info 783).

USUCAPIÃO.
Pode ser deferida usucapião especial rural ainda que a área do imóvel seja inferior ao
módulo rural. Presentes os requisitos exigidos no art. 191 da CF/88, o imóvel rural
cuja área seja inferior ao “módulo rural” estabelecido para a região poderá ser
adquirido por meio de usucapião especial rural. A CF/88, ao instituir a usucapião
rural, prescreveu um limite máximo de área a ser usucapida, sem impor um tamanho
mínimo. Assim, estando presentes todos os requisitos exigidos pelo texto
constitucional, não se pode negar a usucapião alegando que o imóvel é inferior ao
módulo rural previsto para a região. STJ. 4ª Turma. REsp. 1.040.296-ES, Rel. originário
Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015
(Informativo 566).

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS.
A disciplina sobre o ordenamento do espaço urbano pode ser feita por meio de outras
leis municipais além do plano diretor, desde que sejam compatíveis com esta. Os
Municípios com mais de 20 mil habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre
programas e projetos específicos de ordenamento do espaço urbano por meio de leis
que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor. Isso significa que
nem sempre que o Município for legislar sobre matéria urbanística, ele precisará
fazê-lo por meio do Plano Diretor. O Plano Diretor é o instrumento legal que dita a
atuação do Município ou do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano,
traçando suas linhas gerais, porém a sua execução pode se dar mediante a expedição
de outras leis e decretos, desde que guardem conformidade com o Plano Diretor.
STF. Plenário. RE 607.940/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 29/10/2015
(Informativo 805).

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3. QUESTÕES

1. (TJ-AP – 2022 – FGV) Tendo em vista a grande especulação imobiliária do


Município X, o prefeito decide reduzir a área de determinada Unidade de
Conservação, para permitir a construção de novas unidades imobiliárias. Sobre o
caso, é correto afirmar que o prefeito:
a) não pode mudar as dimensões da Unidade de Conservação por decreto, o que
apenas pode ser feito por lei específica;
b) pode reduzir as dimensões da Unidade de Conservação caso ela tenha sido criada
por decreto do chefe do Poder Executivo municipal;
c) apenas pode alterar as dimensões da Unidade de Conservação caso ela tenha sido
criada após 05 de outubro de 1988;
d) pode reduzir as dimensões da Unidade de Conservação caso não haja derrubada de
vegetação nativa e não atinja área de proteção integral;
e) não pode alterar a área da Unidade de Conservação, o que depende de estudo
prévio de impacto ambiental e de licenciamento ambiental.

2. (TJ-AC – 2019 – VUNESP) Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações (Caput do artigo 225 da CF/88). Nesse sentido, é 21
correto afirmar que:
a) incumbe ao Poder Público preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de
material genético.
b) são disponíveis as terras devolutas, e indisponíveis as arrecadadas pelos Estados,
por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
c) aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, apresentando solução técnica elaborada por profissional reconhecido por
órgão público competente.
d) a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense, o Cerrado, a Zona da Mata e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á na forma da lei.

3. (TJ-BA – 2019 – CESPE) De acordo com a jurisprudência do STF, o conceito de meio


ambiente inclui as noções de meio ambiente:
a) artificial, histórico, natural e do trabalho.
b) cultural, artificial, natural e do trabalho.
c) natural, histórico e biológico.
d) natural, histórico, artificial e do trabalho.
e) cultural, natural e biológico.
4. (TJAL – 2019 – VUNESP) A disciplina constitucionalmente estabelecida para a
proteção do meio ambiente introduziu, como obrigação do poder público, a
definição dos espaços territoriais a serem especialmente protegidos:
a) definidos na própria Constituição Federal, podendo o constituinte estadual, por
simetria, definir os espaços localizados no respectivo território passíveis do mesmo
nível de proteção máxima.
b) trazendo a necessidade de definição, por lei complementar federal, dos requisitos
mínimos para que Estados e Municípios possam instituir as limitações e medidas
protetivas próprias de tal instituto.
c) conferindo à União, em caráter privativo, a prerrogativa de identificar, em cada
unidade da federação, as áreas passíveis de receber esse grau máximo de proteção
ambiental.
d) impondo tal obrigação a todas as unidades da federação, sem, contudo, estabelecer
um conceito único de espaço territorial especialmente protegido, podendo tal
proteção alcançar áreas públicas ou privadas.
e) os quais devem integrar o domínio público, impondo, assim, a necessidade de
desapropriação quando a área que contemple os atributos passíveis de tal grau de
proteção pertença a particular.

5. (TJPR – 2021 – FGV) O Município Beta, em matéria de política pública de 22


desenvolvimento urbano, deseja adotar medidas que tenham por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes. Assim, de acordo com o que dispõe a Constituição da República de 1988,
o Município Beta, com base no Estatuto da Cidade e em lei específica para área
incluída em seu plano diretor, pode exigir do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
parcelamento ou edificação compulsórios; desapropriação sanção, sem direito à prévia
indenização;
b) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
parcelamento ou edificação compulsórios; desapropriação sanção, com direito à
ulterior indenização, após processo judicial, mediante pagamento com títulos da dívida
pública municipal;
c) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
parcelamento ou edificação compulsórios; desapropriação com pagamento mediante
títulos da dívida pública municipal, com prazo de resgate de até cinco anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais;
d) parcelamento ou edificação compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e
territorial urbana progressivo no tempo; desapropriação com pagamento mediante
sistema de precatório, após o trânsito em julgado de ação judicial, assegurados o valor
real da indenização e os juros legais;
e) parcelamento ou edificação compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e
territorial urbana progressivo no tempo; desapropriação com pagamento mediante
títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com
prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados
o valor real da indenização e os juros legais.

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4. GABARITO COMENTADO

1. A.
Art. 225, § 1º da CF - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público: (...) III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, SENDO A ALTERAÇÃO E A
SUPRESSÃO PERMITIDAS SOMENTE ATRAVÉS DE LEI, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
ATENÇÃO! A instituição ou o aumento dos espaços especialmente protegidos pode
ocorrer, em determinados casos, por ato do poder executivo. Entretanto, sua
supressão ou redução somente pode ocorrer através de lei específica.

2. A.
Art. 225, § 1º, da CF - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público: (...) II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País
e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

3. B.
EMENTA: (...) - A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por
interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente 24
econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a
disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais,
àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente" (CF, art. 170, VI), que traduz
conceito amplo e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio
ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente
laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza
constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que não se
alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria
inaceitável comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da
população, além de causar graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental,
considerado este em seu aspecto físico ou natural. (...) (ADI 3.540 MC, Relator (a): Min.
CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 01/09/2005, DJ 03-02-2006 PP-00014
EMENT VOL-02219-03 PP-00528).

4. D.
Art. 225, § 1º, da CF - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público: (...) III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

5. E.
Art. 182, § 4º, da CF - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica
para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais.

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