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ZONEAMENTO AMBIENTAL

O zoneamento ambiental, instrumento da Política Nacional do Meio


Ambiente, consiste em procedimento de divisão de determinado território em
áreas onde “se autorizam determinadas atividades ou interdita-se, de modo
absoluto ou relativo, o exercício de outras” em razão das características
ambientais e sócio-econômicas do local.
Pelo zoneamento ambiental são instituídos diferentes tipos de zonas nas
quais o Poder Público estabelece regimes especiais de uso, gozo e fruição da
propriedade na busca da melhoria e recuperação da qualidade ambiental e do
bem-estar da população. Suas normas, que deverão obrigatoriamente respeitar
o disposto em legislaçao ambiental, vinculam todas as atividades exercidas na
região de sua incidência, o que implica na inadmissibilidade de ali serem
exercidas atividades contrárias a elas.
A regulamentação desse instrumento se deu pelo Decreto 4297 de 10 de
julho de 2002 que estabelece os critérios para o zoneamento ecológico-
econômico – ZEE do Brasil, ou seja, um zoneamento de abrangência nacional,
bem como, no art. 9º, II, da lei 6938/81, art. 4º, III, “c” da lei 10256/01, art. 182,
CF/88.
A definição legal do zoneamento ambiental encontra-se no art. 2º do
referido decreto que o descreve como sendo “instrumento de organização do
território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e
atividades públicas e privadas” estabelecendo “medidas e padrões de proteção
ambiental” com vistas à “assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos
e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento
sustentável e a melhoria das condições de vida da população”.
Apesar de o decreto que regulamentou o zoneamento ambiental ter
versado sobre um zoneamento de abrangência nacional, é importante frisar que
esse instrumento tem enorme importância e aplicabilidade ainda maior nas
esferas locais e regionais, tanto que também foi previsto como instrumento de
política urbana no Estatuto da Cidade.
TOMBAMENTO

Tombamento é a modalidade de intervenção na propriedade por meio da


qual o Poder Público tem a intenção de proteger o patrimônio cultural brasileiro.
Desta forma, o Estado intervém na propriedade privada para proteger a
memória nacional, bem como a sua história, arte, arqueologia, cultura e ciência,
preservando a memória de bens de valores arquitetônicos e históricos.

Base legal

CF/88 – art. 225, 215 e 216.


Decreto-Lei 25/37 (organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico
nacional).

Conceito e natureza jurídica

O manual do Departamento do Patrimônio Histórico do município de São


Paulo diz que "tombamento é um ato administrativo realizado pelo poder público
com o objetivo de preservar, através da aplicação de legislação específica, bens
de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo
para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou
descaracterizados".
Conceitualmente pode ser definido como instituto pelo qual o poder
público declara ou reconhece o valor cultural de bens de valor histórico,
paisagístico, estético, arqueológico, arquitetônico e ambiental, os quais passar a
ser preservados no interesse da coletividade.
Como natureza jurídica constitui-se em uma das formas de tutela
administrativa do meio ambiente e considerado, nos termos do art. 9º, II da lei
6938/81, como instrumento da política nacional do meio ambiente, bem como,
instrumento da política urbana nos termos do art. 4º, III, “c” da lei 10257/01.

Efeitos

Os principais efeitos do tombamento são:

• Averbação no registro público;


• Vedação ao proprietário do bem em destruir, demolir ou mutilar o
bem tombado;
• Proibição de reforma ou pintura do imóvel, exceto após autorização
judicial;
• O proprietário deverá manter e conservar o bem tombado dentro de
suas características culturais e, caso não tenha recursos para tanto, deverá
comunicar ao órgão que decretou o tombamento, a fim de que obtenha ajuda ou
seja substituído por esse na realização das obras necessárias;
• Conceder o direito de preferência ao Poder Público em caso de
alienação do bem tombado, devendo o proprietário notificar o Estado para que
exerça esse direito.

INFRANÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

Infração Administrativa Ambiental

Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que


viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do
meio ambiente, sendo punida com as sanções previstas na legislação.
Vale ressaltar que qualquer pessoa, ao tomar conhecimento de alguma
infração ambiental, poderá apresentar representação à autoridades integrantes
do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).
Além disso, a autoridade ambiental, ao contrario, deverá promover
imediatamente a apuração da infração ambiental sob pena de
corresponsabilidade.
A Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, disciplinou as infrações
administrativas no Capítulo VI, em seus arts.70 a 76, tendo sido regulamentada
pelo Decreto 6514/08. Trata-se de lei federal que poderá ser suplementada pelos
Estados (art.24, § 2º, da constituição federal de 1998) e pelos Municípios (art.
30, II, da constituição federal de 1998).

Sanções administrativas

Nos termos do art. 72 da lei 9605/98 e art. 3º do decreto 6514/08, as


infrações administrativas serão punidas com as seguintes sanções:

I – advertência -
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da biodiversidade,
inclusive fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de
qualquer natureza utilizados na infração;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora e
demais produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos,
equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total das atividades; e X - restritiva de direitos.

Advertência
Para as infrações de menor lesividade, assim consideradas as que não
ultrapassem R$1.000,00.

Multa simples
Será de no mínimo R$50,00 e máximo de R$50.000.000,00, podendo
ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação do meio
ambiente.

Multa diária
Será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no
tempo, até a sua efetiva cessação ou regularização da situação mediante a
celebração, pelo infrator, de termo de compromisso de reparação do dano.

Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora,


instrumentos, petrechos, e equipamentos ou veículos de qualquer natureza
utilizados na infração
Os animais serão devolvidos ao seu habitat, os produtos, subprodutos e
veículos serão avaliados e doados à entidade de caridade, às instituições
científicas ou hospitalares e os petrechos e equipamentos serão vendidos com
a garantia de sua descaracterização. Serão aplicadas nos termos dos arts. 102
a 107 do decreto 6514/78.

Destruição ou inutilização do produto

O produto da flora e da fauna será destruído ou inutilizado ou,


excepcionalmente, doado a instituições científicas, culturais ou educacionais.

Suspensão de venda e fabricação do produto


Trata-se de uma sanção não prevista em legislação anterior, cuja eficácia
será importante para obstar a continuidade da venda e do fabrico de produtos
nocivos à saúde, a segurança e ao bem-estar da população.

Embargo de Obra ou atividade

O órgão fiscalizador poderá embargar a obra ou a própria atividade


causadora da degradação ambiental.

Demolição de obra
O órgão fiscalizador poderá ainda determinar a demolição da obra
construída irregularmente.

Suspensão parcial ou total das atividades

O órgão fiscalizador poderá determinar a suspensão total ou parcial das


atividades, caso constate alguma irregularidade ou o descumprimento de
normas ambientais relevantes.

Restritiva de direitos

Abrangem a suspensão de registro como a licença, permissão ou


autorização; cancelamento de registro, licença, permissão ou autorização; perda
ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; perda ou suspensão da
participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
e proibição de contratar com a administração pública, pelo período de até três
anos.

Processo administrativo e prescrição


O processo administrativo será regulado pelos arts. 94 e seguintes do
decreto 6514/08 e lei 9784/99.

Art. 96. auto de infração;

§ 1o O autuado será intimado da lavratura do auto de infração;


Art. 113. Defesa do autuado no prazo de vinte dias;

Art. 119. A autoridade julgadora poderá requisitar a produção de provas


necessárias à sua convicção, bem como parecer técnico ou contradita do agente
autuante, especificando o objeto a ser esclarecido.

§ 1o O parecer técnico deverá ser elaborado no prazo máximo de dez


dias, ressalvadas as situações devidamente justificadas.

§ 2o A contradita deverá ser elaborada pelo agente autuante no prazo de


cinco dias, contados a partir do recebimento do processo.

§ 3o Entende-se por contradita, para efeito deste Decreto, as informações


e esclarecimentos prestados pelo agente autuante necessários à elucidação dos
fatos que originaram o auto de infração, ou das razões alegadas pelo autuado,
facultado ao agente, nesta fase, opinar pelo acolhimento parcial ou total da
defesa.

Art. 122. Encerrada a instrução, o autuado terá o direito de manifestar-se


em alegações finais, no prazo máximo de dez dias.

Art. 124. Oferecida ou não a defesa, a autoridade julgadora, no prazo de


trinta dias, julgará o auto de infração, decidindo sobre a aplicação das
penalidades.
Art. 126. Julgado o auto de infração, o autuado será notificado por via
postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a certeza
de sua ciência para pagar a multa no prazo de cinco dias, a partir do recebimento
da notificação, ou para apresentar recurso.

Art. 127. Da decisão proferida pela autoridade julgadora caberá recurso


no prazo de vinte dias.

§ 1o O recurso hierárquico de que trata este artigo será dirigido à


autoridade administrativa julgadora que proferiu a decisão na defesa, a qual, se
não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

§ 2o O órgão ou entidade ambiental competente indicará, em ato próprio,


a autoridade superior que será responsável pelo julgamento do recurso
mencionado no caput.

Art. 127-A. A autoridade que proferiu a decisão na defesa recorrerá de


ofício à autoridade superior nas hipóteses a serem definidas pelo órgão ou
entidade ambiental.

Art. 128. O recurso interposto na forma prevista no art. 127 não terá efeito
suspensivo.

§ 1o Na hipótese de justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação,


a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido
do recorrente, conceder efeito suspensivo ao recurso.

§ 2o Quando se tratar de penalidade de multa, o recurso de que trata o


art. 127 terá efeito suspensivo quanto a esta penalidade.
Art. 130. Da decisão proferida pela autoridade superior caberá recurso ao
CONAMA, no prazo de vinte dias.

Art. 142. O autuado poderá requerer a conversão de multa de que trata


esta Seção por ocasião da apresentação da defesa.

Art. 143. O valor dos custos dos serviços de preservação, melhoria e


recuperação da qualidade do meio ambiente não poderá ser inferior ao valor da
multa convertida.

Art. 146. Havendo decisão favorável ao pedido de conversão de multa,


as partes celebrarão termo de compromisso, que deverá conter as seguintes
cláusulas obrigatórias:

Art. 148. A conversão da multa não poderá ser concedida novamente ao


mesmo infrator durante o período de cinco anos, contados da data da assinatura
do termo de compromisso .

Processo administrativo em São Paulo – Dec. 846876

Art. 92 - Constatada a infração, será lavrado o respectivo auto, em três


vias, no mínimo, destinando-se a primeira ao autuado e as demais à
formalização do processo administrativo, devendo conter:

Parágrafo Único - O autuado tomará ciência do auto de infração, bem


como do auto de inspeção de que trata o inciso III do artigo 78 deste
Regulamento, alternativamente da seguinte forma:

1 - pessoalmente ou por seu representante legal ou preposto;


2 - por carta registrada ou com "Aviso de Recebimento" (AR);
3 - por publicação no Diário Oficial do Estado;
4 - por notificação extrajudicial.

Art. 93 - A penalidade de advertência será aplicada por agente


credenciado da CETESB.

Art. 94 - A penalidade de multa será aplicada pelo gerente da área


competente da mesma entidade.

Art. 95 - As penalidades previstas nos incisos III a VII do artigo 81 deste


Regulamento serão aplicadas da seguinte forma:

I - pelo Secretário do Meio Ambiente, por proposta da CETESB,


quando se tratar de interdição temporária ou definitiva, embargo, demolição ou
suspensão de financiamento e benefícios fiscais;

II - pelo Diretor-Presidente da CETESB, por proposta da área


competente, quando se tratar de apreensão ou recolhimento temporário ou
definitivo.

Art. 97 - As multas previstas neste Regulamento deverão ser recolhidas


pelo infrator dentro de 20 (vinte) dias, contados da ciência da Notificação para
Recolhimento da Multa, sob pena de inscrição como dívida ativa.

Art. 101 - O infrator no prazo de 20 (vinte) dias, contados da ciência da


infração, poderá interpor recurso, que deverá conter medidas específicas para
fazer cessar e corrigir a degradação.

§ 1º - O recurso terá efeito suspensivo se as medidas propostas forem


aceitas pela CETESB e quando:
Art. 102 - Os recursos, instruídos com todos os elementos necessários ao
seu exame, deverão ser dirigidos:

I - ao Gerente da área competente da CETESB, quando se tratar de


aplicação das penalidades de advertência e multa;

II - ao Secretário do Meio Ambiente, quando da aplicação da


penalidade de apreensão ou recolhimento;

III - ao Governador do Estado, quando se tratar das demais.

Art. 103 - Não serão conhecidos os recursos que deixarem de vir


acompanhados de cópia autenticada da Guia de Recolhimento da multa.

Nota: artigo sem efeito por violação constitucional.

ESPAÇOS TERRITORIALMENTE PROTEGIDOS

Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC

O SNUC constitui-se do conjunto das unidades de conservação federais,


estaduais e municipais.
A lei não faz menção ao Distrito Federal, que tem status constitucional. É
uma falha irreparável, pois o Brasil é uma República Federativa formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. Este não se
confunde com nenhuma das entidades político-constitucionais, já que goza de
autonomia política e administrativa, nos termos da Constituição.
A unidade de conservação é o espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual
se aplicam garantias adequadas de proteção.
Instituído pela lei 9985/00, está subdividido em dois grupos de unidade de
conservação:

Proteção integral – tem por objetivo preservar a natureza, sendo


admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais (art. 8º). Compreende
cinco categorias:
• Estação ecológica;
• Reserva biológica;
• Parque nacional;
• Monumento natural;
• Refúgio da vida silvestre;

Uso sustentável – visa compatibilizar a conservação da natureza como


o uso sustentável de parcela dos recursos naturais (art. 14). Compreende sete
categorias:
• Área de proteção ambiental;
• Área de relevante interesse ecológico;
• Floresta Nacional;
• Reserva extrativista;
• Reserva de fauna;
• Reserva de desenvolvimento sustentável;
• Reserva particular do patrimônio natural;

Áreas de preservação permanente - APP

Correspondem as áreas protegidas nos termos dos arts. 2º e 3º do código


florestal e resolução conoma 303/02.
O art. 2º do código florestal estabelece as APPs a partir de um critério
meramente geográfico, decorrendo sua criação diretamente da lei.

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