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Direito Ambiental

Tutela Constitucional
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
É um direito difuso, um direito subjetivo constitucional é um direito fundamental compondo a
dignidade da pessoa humana.

Espécies:
- Meio Ambiente Natural: É aquele que existe por si só, sem a intervenção humana.
- Meio Ambiente Artificial/Urbano: Meio ambiente criado pelo homem, compondo espaço humano
fechado (edificações), e espaço humano aberto (praças, ruas, etc.)
- Meio Ambiente Cultural: Também é criado pelo homem, mas tem finalidade cultural. Ex:
Tombamento.
O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas
de acautelamento e preservação.
- Meio Ambiente do Trabalho: Ambiente em que o individuo trabalha.

Princípios
1- Princípio da Ubiquidade: O meio ambiente está no centro de qualquer discussão internacional.
2 - Princípio do Desenvolvimento Sustentável: Desenvolvimento econômico com utilização racional
dos recursos naturais.
3 – Princípio da Solidariedade Intergeracional: Deve-se preservar o meio ambiente para as futuras
gerações.
4 - Princípio da Participação: Todos nós somos responsáveis pela manutenção e defesa do meio
ambiente, cabendo ao Estado promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
5 – Princípio da Função Sócio-Econômica Ambiental da Propriedade: Toda a propriedade deve ter
sua função social ambiental.
6 – Princípio do Mínimo Existencial Ecológico: Só há a dignidade da pessoa humana se houver um
meio ambiente equilibrado.
7 – Princípio da Proibição do Retrocesso Ecológico: Em toda a inovação legislativa não se pode
aumentar os danos ao meio ambiente.
8 – Princípio do Poluidor/Usuário Pagador: Deve o poluidor pagar para recuperar e o usuário deve
pagar pela utilização econômica, o Estado poderá cobrar do futuro poluidor medidas para evitar esta
poluição.
9 – Princípio da Prevenção e Precaução: Os dois princípios têm natureza acautelatória, a precaução
está na incerteza científica de dano, e a prevenção na certeza científica de dano, ambas protegem o meio
ambiente.

Competência
- Legislativa: É de competência concorrente, a união tratará de normas gerais, os estados
complementam e legislam quando a união for omissa, e o município de forma suplementar.
Devendo legislar sobre:
I - Direito Urbanístico;
II - Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
III - Proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
IV - Responsabilidade por dano ao meio ambiente, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.
- Administrativa: Competência para fiscalizar, este poder de polícia é de competência comum aos
entes federados.
Cabendo a eles:
I - Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
II - Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural;
III - Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
IV - Preservar as florestas, a fauna e a flora.

Deveres Específicos do Poder Público


Incumbe ao Poder Público:
I - Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;
II - Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V - Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;
VII - Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a
Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que
não poderão ser instaladas.

Tutela Administrativa do Meio Ambiente Lei 6938/81


“Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental;
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia,
voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e
municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas
extrativistas;
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção da degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder
Público a produzí-las, quando inexistentes;
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos
recursos ambientais.
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e
outros.”
- SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente): Conjunto de órgãos e entidades federais,
estaduais, municipais e fundações públicas responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental.
- CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente): Propõe diretrizes para a preservação do meio
ambiente, tendo poder normativo, é composto por pessoas ligadas a união, estados e municípios.
“Art. 8º- Compete ao CONAMA:
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades
efetiva ou potencialmente poluídoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis
conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e
municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos
de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa
degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional.
IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de
executar medidas de interesse para a proteção ambiental;
V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais
concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação
em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;”

Licenciamento Ambiental
É um procedimento administrativo pelo qual o órgão competente examina a viabilidade ambiental e
licencia um empreendimento, obra ou atividade.
Há três espécies de licença:
- Licença Prévia: É aquela concedida pela analise no projeto, tem um prazo de 5 anos, podendo ser
dado um prazo menor e prorrogá-la sem ultrapassar os 5 anos.
- Licença de Instalação: É aquela concedida quando começa a construir, há todo um cronograma para
não afetar o meio ambiente, podendo ser até suspensa se for o caso, tem um prazo de 6 anos, podendo ser
dado um prazo menor e prorrogá-la sem ultrapassar os 6 anos.
- Licença de Operação/Funcionamento: Licença concedida após a construção, o prazo vai depender
do caso concreto, podendo ser concedido prazo de 4 à 10 anos, podendo prorrogar quantas vezes
necessário.
O licenciamento tem caráter preventivo, mesmo sendo poluente a administração verifica o
desenvolvimento sustentável por ato discricionário, a licença não gera direito adquirido, podendo ser
revogada por conveniência e oportunidade.
Competência para licenciar:
Para que um ente federado possa licenciar é necessário ter um conselho estadual do meio ambiente. Ex:
A união pelo IBAMA terá o alcance nacional e regional (quando tratar de mais de um estado).
EIA/RIMA: O EIA (estudo de impacto ambiental) é dispensável, serve parara avaliar os impactos
ambientais positivos e negativos, devendo trazer medidas compensatórias e as medidas de controle, por
meio de um relatório (RIMA – relatório de impacto do meio ambiente).
Mesmo este estudo sendo desfavorável deve o EIA ser feito antes da primeira licença, para avaliar o
desenvolvimento sustentável da construção.
Deve o Estado exigir o EIA/RIMA toda a vez que o empreendimento tiver significativa degradação do
meio ambiente
Audiência Pública: Procura debater com a população sobre uma atividade econômica que pode afetar
o meio ambiente, está audiência é facultativa ocorrendo quando:
- Cinquenta ou mais cidadãos pedirem.
- Pedido do ministério público;
- Quando o próprio órgão público achar necessário.

Responsabilidade Civil
Responde o poluidor, poluidor é o responsável direta ou indiretamente por ação ou omissão causadora
da degradação ambiental, independentemente de culpa, devendo indenizar ou reparar os danos no mio
ambiente.
A responsabilidade é solidária, se houver mais de um poluidor poderá colocar todos no pólo passivo,
este litisconsórcio é facultativo.
No direito ambiental a responsabilidade é a do risco integral, não há excludente de responsabilidade
por fato de terceiro, caso fortuito ou força maior.
É cobrado primeiro a reparação “in natura” depois a compensação ambiental, caso não seja possível
nenhuma dessa hipóteses deverá o poluído indenizar os danos ambientais e os danos individuais das
vítimas.
O dano ambiental é imprescritível, é um dano permanente.

Reserva Legal
A reserva legal é destinada à conservação da biodiversidade, para servir de abrigo e proteção da flora
nativa e da fauna, com os seguintes tamanhos:

a) 20% para áreas de campos gerais e florestas naturais;


b) 35% nas áreas de cerrado;
c) 80% na Amazônia.
A área lindeira do rio a ser preservada é de 30 a 500 metros, conforme a metragem do rio.

Tutela da Política Urbana


Todo o imóvel deve seguir o plano diretor para cumprir com a função social da cidade, o plano diretor
é um instrumento de política urbana exercida pelo poder executivo.
O plano diretor deve ser revisto a cada 10 anos sob pena de improbidade administrativa, devendo todos
os seus atos ser públicos.
“Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou
não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,      sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.”

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