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Estado de Direito Ecológico

como instrumento de
concretização de
Justiça Ambiental
Direito Ambiental
Grupo 2: Alexandre dos Santos de Oliveira, Allan S Soares, Ana Julia de Almeida O. Bueno,
Augusto César Marconcini Soares Santos, Eloísa Lopes, Gesiel Leite Rocha Junior,
João Vitor Prianti Gomes, Nayara Pinho dos Santos, Markus Waldow Menezes e Tiago Aguilar
01
Introdução
INTRODUÇÃO

● O Estado de Direito Ecológico como instrumento


de concretização da justiça ambiental.
● O direito a um meio ambiente sustentável: um
Direito Humano de 3° Geração.
● Um novo modelo de Estado: o Estado de Direito
Ecológico
02
Corrente da ética ecológica
presente no artigo:
(Patocentrismo; Biocentrismo;
Ecocentrismo?)
Ética Ecológica e suas correntes
Antropocentrismo

● Centralizada no ser humano.


● Sem responsabilidade direta pela preservação do
meio ambiente.
● Desenvolvimento de relações de afeto, posse e
utilidade, mas sem enfoque na sustentabilidade.
Ética Ecológica e suas correntes
Patocentrismo

● Compaixão pelos outros seres.


● Engloba seres sencientes (animais).
Ética Ecológica e suas correntes
Biocentrismo

● Reconhecimento da importância de todas as


formas de vida.
● Maior abrangência em relação ao patocentrismo.
● Valorização de todos os seres vivos sem distinção.
Ética Ecológica e suas correntes
Ecocentrismo

● Corrente mais profunda, enxerga importância


também nos elementos abióticos.
● O meio ambiente como sujeito de direitos.
● Art.72 da constituição do Equador.
● O meio ambiente como autêntico titular de
direitos, que são exigíveis pela coletividade.
● Art.225 da CF/88.
● Teor ecocentrista ao valorizar os elementos
abióticos tanto quanto os bióticos.
Ética Ecológica e suas correntes
Ecocentrismo

● Apesar do teor ecocentrista, aqui não se sustenta


a tese de ser o meio ambiente o titular de direitos.
● Coletividade como titular do direito a um meio
ambiente sustentável.
● Corrente ecocentrista defendida no artigo.
03
O Estado de Direito
Ambiental
O Estado de Direito Ambiental
Conceituação

● O Estado de Direito pode ser compreendido como


aquele que se submete às leis que edita, que
estabelece limites para o poder político.
● Estado de Direito Ambiental, que seria, na visão de
Ingo Sarlet e Tiago Fensterseifer (2011, p. 97), “[...] um
Estado preocupado com as questões ambientais e
com o objetivo de proteção do meio ambiente”.
● Cabe o Estado de Direito Ambiental, manter as
conquistas dos demais modelos de Estado em termos
de proteção da dignidade humana, agregando a elas
uma dimensão ecológica, que garantiria “[...] a
estabilização e prevenção do quadro de riscos e
degradação ecológica” (SARLET; FENSTERSEIFER, 2011,
p. 42)
O Estado de Direito Ambiental
Estado Democrático de Direito Ambiental

● A medida de justiça do Estado Democrático de Direito é


agora uma medida plural, composta ao mesmo tempo de
quatro dimensões que são interdependentes e
complementares: juridicidade, democracia, socialidade e
sustentabilidade ambiental, de modo que se tem um
Estado multifacetado que é simultaneamente: Estado de
direito, Estado constitucional, Estado social e o Estado
Ambiental.

● O Estado de direito ambiental reúne — a partir da análise


dessas duas impressões iniciais sobre sua caracterização
— uma indubitável pretensão por exigências democráticas
na composição de seu conteúdo. Estas indicam, sem
dúvida, o caminho para a apresentação de sua primeira
dimensão das duas possíveis: é primeiro um Estado
democrático de direito ambiental
O Estado Democrático de Direito Ambiental
Características

● O professor Canotilho observa como características desse


novo Estado democrático de direito ambiental, as seguintes:

● a) deve construir-se como um estado de direito que observa


princípios e regras formais e materiais;

● b) ampla base de legitimação (democracia ambiental);

● c) deve evoluir para o Estado de justiça ambiental, onde se


constitui sistema de interdição de qualquer espécie de
discriminação ambiental;

● d) deve permitir a promoção de meios de sua inserção ativa


nos processos de efetividade e elaboração dos sistemas
normativos de proteção ambiental. O eminente
constitucionalista português ainda elenca elementos úteis
para a determinação negativa e positiva do Estado do
ambiente.
O Estado Democrático de Direito Ambiental
Características de Primeira Classe

● Na primeira classe tem-se:

● a) a tutela do ambiente é função de todos e não exclusiva dos


poderes públicos. A recusa à publicização é, sobretudo,
garantia de defesa da sociedade em face do Estado de
autoridade ambiental, o Estado que se impõe através de
programa de sanções de condutas e não de promoção da
qualidade de vida;

● b) não pode ser um Estado técnico, o que não impede que se


compreendam as regulações do ambiente como regras de
ação para os agentes públicos e regras de conduta para os
particulares
O Estado Democrático de Direito Ambiental
Características de Segunda Classe

● Na segunda classe de elementos — da definição positiva do


Estado do ambiente — consideram-se:

● a) Estado que se orienta pelo princípio da visibilidade do


poder e pela completa garantia do right to know. O segredo é
uma ameaça à concretização do Estado democrático do
ambiente,

● b) deve suportar a participação ativa dos cidadãos em sua


constituição;

● c) deve fomentar o desenvolvimento de formas associativas


do exercício do poder sobre a gestão dos bens ambientais a
partir de técnicas de descentralização do poder.

● Isso deve ser feito para garantir os direitos biodifusos.


O Estado Democrático de Direito Ambiental
Direitos Biodifusos

● São aqueles que possuem natureza indivisível e dizem


respeito a uma massa indeterminada de pessoas, que
não podem ser individualizadas.

● Por exemplo, o direito ao meio ambiente


ecologicamente equilibrado é um direito tipicamente
difuso, porque afeta um número incalculável de
pessoas, que não estão ligadas entre si por qualquer
relação jurídica pré-estabelecida.
O Estado Democrático de Direito Ambiental
Fundamentação dos Direitos Biodifusos

● Neste momento, o que se faz é recuperar, em síntese, o


conjunto de evidências de modificação da teoria jurídica dos
direitos fundamentais e estabelecer um vínculo dogmático de
argumentação, que relacione:

● a) as novas exigências democráticas que são colocadas ao


discurso dos direitos, por um Estado de direito ambiental e;

● b) as condições de, primeiro organizar uma teoria jurídica dos


novos direitos biodifusos, para, depois, estabelecerem-se as
condições específicas de sua concretização.
04
Sociedade de Risco
SOCIEDADE DE RISCO
Sociedade de Risco, caracterizada pela emergência de riscos
potencialmente globais, invisíveis, imperceptíveis pela ciência e que
apresentam efeitos projetados no tempo.

HOLOCENO ANTROPOCENO

Riscos de ordem natural Riscos causados pelos seres humanos


Imprevisíveis Imprevisíveis e previsíveis
Ameaçava a existência humana Ameaça a existência humana
Ex.: tempestade, tornado, furacão e Ex.: poluição, tragédia nucleares, armas de
terremoto destruição em massa
Por isso, são impassíveis de controle pelos instrumentos técnicos e
jurídicos moldados até então, e que o Planeta Terra, por conta das
intervenções antropogênicas iniciadas a partir da Revolução
Industrial, inaugurou uma nova era geológica, denominada
Antropoceno.
Beck elenca 3 tipos de risco:
● Danos globais irreparáveis - ex.: Tragédia nucleares .
● Exclusão do pós-tratamento precaucionário - ex.: mudanças
climáticas irreversíveis e o desenvolvimento de uma pandemia .
● Ausência do limite espaço-tempo - ex.: o vírus do Covid.
"Nem ciência, nem a política no poder, nem os
meios de comunicação de massa, nem negócios,
nem a lei nem mesmo os militares estão em
posição de definir ou controlar riscos
racionalmente." Ulrich Beck
05
O Estado de Direito
Ecológico e o
Antropoceno
Conceito de Antropoceno

● Período geológico que sucede o Holoceno


● A ação do ser humano como fator determinante
para as alterações no equilíbrio do planeta
● “Edward. O. Wilson prefere atribuir a
nomenclatura Eremoceno ou Era da Solidão (Age
of Loneliness) para definir o atual Período
Geológico, conceituando-o, basicamente, como a
“era das pessoas, nossas plantas e animais
domesticados, bem como das nossas plantações
agrícolas em todo o mundo, até onde os olhos
podem ver”.” (SARLET e FENSTERSEIFER, 2021, p.
121)
Cronologia (SARLET e FENSTERSEIFER, 2021, p. 121 a 123)
Revolução industrial 1750

1850 Indústria petrolífera

Início da era nuclear 1940

Pós-guerra (“a grande


1950 aceleração”)

1960 Revolução Verde


Implicações do Antropoceno

1) Mudanças climáticas;
2) Acidificação dos oceanos;
3) Diminuição ou depleção da camada de ozônio
estratosférico;
LIMITES PLANETÁRIOS 4) Carga atmosférica de aerossóis;
5) Interferência nos ciclos globais de fósforo e
SARLET e FENSTERSERIFER, 2021, p. 160
nitrogênio;
6) Taxa ou índice de perda de biodiversidade;
7) Uso global de água doce;
8) Mudança no Sistema do Solo (Land-System
Change);
9) Poluição química
Evolução do Estado (BAHIA e MELO, 2018, p. 40)

ESTADO LIBERAL ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL ESTADO DE DIREITO AMBIENTAL

Revoluções iluministas; Direitos sociais; 2ª Resposta à crise ambiental; 3ª


1ª dimensão de direitos dimensão de direitos dimensão de direitos
fundamentais fundamentais fundamentais
Evolução do Direito Ambiental
Fragmentário-instrumental

FASES Sistemático-valorativa

SARLET e FENSTERSEIFER, 2021,


p. 335 a 337

Constitucionalização
“Contudo, passados mais de quarenta anos da primeira
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em
Estocolmo, e do processo de esverdeamento das Constituições
que se verificou em seguida, observa-se que, a despeito dos
objetivos políticos adotados, dos instrumentos econômicos e
legais estabelecidos e das mudanças de atitude e esforços
feitos, os níveis de degradação do meio ambiente continuam a
seguir uma tendência alarmante.”
BAHIA e MELO, 2018, p. 41
Um novo modelo de Estado

Superação do Estado de Direito Ambiental Surgimento do Estado de Direito Ecológico


Insuficiente para conter os Nova concepção do Direito
danos ambientais do Ambiental (ou Direito
Antropoceno; ineficácia dos Ecológico?); processo em
instrumentos andamento na
jurídico-ambientais contemporaneidade
Características do Estado de Direito Ecológico:

● novo paradigma jurídico-constitucional biocêntrico ou ecocêntrico;


● reconhecimento do valor intrínseco dos animais não humanos e da Natureza (e dos elementos
naturais);
● atribuição de dignidade aos animais não humanos e à Natureza;
● atribuição pela legislação civil do status jurídico “seres sencientes” (e, portanto, não mais “coisas”)
dos animais não humanos;
● atribuição de direitos aos animais não humanos e à Natureza, inclusive em relação aos elementos
naturais (ex.: rios, florestas etc.);
● atribuição de personalidade jurídica aos animais não humanos e à Natureza, com o
estabelecimento de formas e procedimentos de representação adequada dos seus interesses e
direitos, de modo similar ao tratamento jurídico dispensado há séculos às pessoas jurídicas não
naturais, como empresas, corporações, instituições públicas etc.;
● reconhecimento da capacidade processual de ser parte dos animais e da Natureza e da
legitimidade para a reivindicação judicial (em nome próprio) dos seus direitos.

SARLET e FENSTERSEIFER, 2021, p. 335


O Estado de Direito Ecológico no direito brasileiro
(VITAL, OLIVEIRA e MARQUES, 2023)

CONSTITUIÇÃO FEDERAL JURISPRUDÊNCIA DO STF

Art. 225, § 1º, inciso VII: incumbe - Lides relacionadas à


ao Poder Público “proteger a proteção dos animais
fauna e a flora, vedadas, na (Festa da Farra do Boi,
forma da lei, as práticas que rinhas de galo, vaquejada,
coloquem em risco sua função etc.)
ecológica, provoquem a - Evolução jurisprudencial
extinção de espécies ou - Festa de Barretos;
submetam os animais a repercussão geral em
crueldade” 2015; retrocesso?
06
NOÇÃO DE JUSTIÇA
O Contexto do Sistema Econômico Capitalista

Para discutir a justiça na modernidade, é fundamental


considerar o sistema econômico capitalista como ponto de
partida.

A consolidação desse sistema teve o custo da produção de


desigualdades sociais, tornando a acumulação de riqueza
inseparável da produção de injustiças sociais.

A acumulação de riqueza no capitalismo envolve a centralização


da produção e a expropriação de força de trabalho, que gera um
excedente em favor daqueles que controlam os meios de
produção.
O Conflito entre Igualdade e Acúmulo de Riqueza

No cerne da questão da justiça moderna está um dilema


intrínseco ao capitalismo.

Enquanto a justiça moderna se fundamenta no princípio da


igualdade, o sistema capitalista, impulsionado pelo acúmulo de
riqueza, muitas vezes entra em conflito com essa noção de
igualdade.

A consolidação desse sistema teve o custo da produção de


desigualdades sociais, tornando a acumulação de riqueza
inseparável da produção de injustiças sociais.
Aqueles que não compartilham o que
receberam causam cruelmente a morte de seus
próximos, porque todos os dias matam todos os
que morrem de pobreza, negando-lhes socorro
e apenas acumulando riquezas para si próprios.
Quando damos aos pobres algo de que
necessitam, não estamos dando o que é nosso,
mas estamos desenvolvendo o que lhes
pertence. Estamos pagando uma dívida de
justiça, e não realizando uma obra de
misericórdia.

– São Gregório Magno, +604 (Regra Pastoral)


Transformações no Universo Jurídico

Hoje em dia, as discussões sobre justiça têm evoluído. Além das teorias tradicionais de
justiça distributiva, novas perspectivas contemporâneas estão em ascensão.

Autores como Young, Fraser, Honneth, Sen e Nussbaum argumentam que a justiça não
deve ser limitada à distribuição de bens, mas também deve considerar o
reconhecimento, a participação e as capacidades individuais e sociais.

Essas abordagens mais recentes oferecem uma visão mais abrangente e holística da
justiça na sociedade contemporânea, indo além das questões meramente econômicas.
Novas abordagens

Autores como Young, Fraser, Honneth argumentam que enquanto a justiça deve concernir
às clássicas questões distributivas, também deve preocupar- se com os processos que
geram as más distribuições.

Trata-se de abordagem que persegue um significado ético para esta função e


florescimento de capacidades nos indivíduos, grupos e comunidades.

Para Fraser, a participação compõe um tripé, juntamente com a “distribuição” e o


“reconhecimento”.
07
JUSTIÇA AMBIENTAL
Movimento de Justiça Ambiental
Contexto:
Henri Acselrad (UFRJ) : O Movimento de Justiça Ambiental constituiu-se nos EUA,
nos anos 80, fruto de uma articulação criativa entre lutas de caráter social,
territorial, ambiental e de direitos civis.

Momento Crucial - Comissão de justiça Racial da United Church of Christ (1987) - “


a composição racial de uma comunidade é a variável mais apta a explicar a
existencia ou inexistencia de depósitos de rejeitos perigosos de origem comercial
em uma àrea”

O Fator raça revelou-se mais fortemente correlacionado com a distribuição


locacional dos rejeitos perigosos do que o próprio fator baixa renda - origem da
expressão “Racismo Ambiental”
A partir daí as organizações de base começaram a
discutir mais intensamente as ligações entre raça,
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Percebeu-se que não era só a minoria racial
afro-americana que sofria dessa má distribuição
dos ditos ônus e bônus ambientais - mas que ,
principalmente no contexto ocidental, todas as
minorias eram afetadas- daí surgiu a chamada
JUSTIÇA AMBIENTAL
]]
EPA - Environmental Protection Agency

“Justiça Ambiental é o tratamento justo e o significativo envolvimento de


todas as pessoas, independente de raça , cor, nacionalidade, origem, ou renda,
com respeito ao desenvolvimento, implementação e aplicação das leis
ambientais, regulações e políticas. Esse objetivo vai ser atingido quando todos
desfrutarem :

● Do mesmo grau de proteção ● igual acesso a tomadas de decisões para ter um meio
contra riscos ambientais e de ambiente saudável para viver, trabalhar e aprender.”
saúde;
“A justiça ambiental refere-se aos princípios que

asseguram que nenhum grupo de pessoas, sejam grupos


étnicos, raciais ou de classe, suporte uma parcela
desproporcional de degradação do espaço

coletivo.”(ACSELRAD, HERCULANO, PÁDUA, 2004)


Portanto, o conceito de Justiça Ambiental teve
influência das Teorias Distributivas da Justiça.

Entretanto, a poluição não é democrática! Existem


categorias sociais que sofrem mais com os efeitos
da poluição que outras.
Questiona-se: Será que a resposta distributiva é capaz de
abranger todos os mecanismos de produção de injustiças
que envolvem às relações existentes entre os seres
humanos e a natureza?
08
O conceito de justiça
ambiental para além
da distribuição de
riscos
Justiça Ambiental: mais que meramente
(re)distribuição de recursos e riscos?

A justiça não deve se limitar à distribuição de recursos, mas também deve se preocupar com os
processos que geram desigualdades injustas.
JUSTIÇA AMBIENTAL E DESIGUALDADES
SOCIAIS E RACIAIS
Ampliação do escopo da justiça: além da
distribuição, aos processos, reconhecimento e
capacidades.

Superação das desigualdades.


Justiça e o coletivo
Movimentos sociais devem prestar atenção na
(SCHLOSBERG):

1. Ambiguidade do conceito “justiça”


2. Uso de concepção de justiça coletiva, não
individual.
Os movimentos de justiça ambiental utilizam uma variedade de concepções de justiça,
incluindo argumentos distributivos, de reconhecimento, participação e capacidades.
Esses movimentos aplicam concepções de justiça não apenas para indivíduos, mas
também para grupos e comunidades. Portanto, o conceito de justiça ambiental é
abrangente e inclusivo, buscando abordar as complexidades das relações entre os
seres humanos e a natureza.
09
A importância de
uma participação
democrática
A importância de uma participação democrática

CRISE AMBIENTAL CRISE AMBIENTAL COMO DEBILIDADE ESTRUTURAL


QUESTÃO DE PODER DAS MINORIAS
Instalada pela Impede que mudanças
exploração Poucos exploram muito
e impõem aos sejam ocasionadas
desenfreada; impôs ao
Estado a função de desfavorecidos as
proteger o meio consequências
ambiente
Como a crise ambiental afeta as minorias?

Ministério Público
Federal (MPF) do Pará
classificou, em 2015,
como “ação etnocida”

“Justiça climática:
por que precisamos
dela para enfrentar
a crise ambiental”
A resposta distributiva é capaz de abranger todos os mecanismos de produção
de injustiças nas relações existentes entre os seres humanos e a natureza?
● A vulnerabilidade é noção relativa: existem pessoas, lugares e ecossistemas mais
ou menos suscetíveis a riscos
● Somente será possível eliminar as vulnerabilidades se ocorrer uma mudança nas
relações com o espaço onde estão inseridas
● A oferta compensatória e distributiva de bens não pode enfrentar a
vulnerabilidade, pois esta é uma relação
● Além da vulnerabilidade mensurável existe a vulnerabilidade relativa, composta
por elementos culturais e políticos

A justiça ambiental propõe a superação dos problemas que ligam justiça social e proteção
ambiental por meio das relações democráticas
10
Declaração Mundial
sobre o Estado de
Direito Ambiental
Reunião da Comissão Mundial de Direito Ambiental
Reuniu representantes de
O evento ocorreu entre os aproximadamente 70 países,
dias 27 e 29 de abril de 2016, contando com juristas, cientistas,
no Rio de Janeiro diplomatas e indígenas

QUANDO E ONDE PARTICIPANTES

Em linhas gerais, buscava traçar as


O Congresso foi idealizado diretrizes para um modelo de
conjuntamente pela IUCN, Estado ideal capaz de concretizar a
pelo PNUMA e pela OEA Justiça Ambiental

REALIZAÇÃO OBJETIVO
Originou a Declaração Mundial sobre o

Resultados Estado de Direito Ambiental

Foram dados os primeiros passos rumo à


formulação do Estado de Direito Ecológico

Entendido como um conjunto de direitos e


deveres sujeito aos princípios do
desenvolvimento sustentável

Definiu quais premissas,


fundamentos, princípios gerais e
medidas deveriam ser observados
Premissas do Estado de Direito Ecológico

#1 #2
Fortalecer o Estado de Direito é Sem o Estado de Direito, não há Direito
fundamental para proteger os Ecológico e a aplicação dos direitos e
valores socioambientais obrigações pode ser arbitrária

#3 #4
A presença de instituições fortes é O Estado de Direito Ecológico deve
essencial para responder às alcançar a Justiça Ambiental e um futuro
pressões ambientais crescentes sustentável para todos
Fundamentos do Estado de Direito Ecológico

Implementação de leis Aplicação de mecanismos


e políticas claras e efetivas, a adequados nas esferas
fim de obter maior criminal, civil e
qualidade ecológica administrativa

Transparência Regras efetivas sobre acesso


ambiental, com prestação de à informação, participação
contas e combate à pública nas tomadas de
corrupção decisão e acesso à justiça
Princípios gerais do Estado de Direito Ecológico

1. Responsabilidade 2. Direito à natureza

“Toda vida tem o direito É herança comum da


intrínseco de existir” humanidade

3. In dubio pro natura 4. Sustentabilidade

Alternativas menos lesivas Indispensável nas


ao meio ambiente tomadas de decisão

5. Equidade intrageracional 6. Equidade intergeracional

Acesso isonômico aos Garantir a manutenção do


recursos equilíbrio ecológico às
gerações posteriores
Princípios gerais do Estado de Direito Ecológico

7. Igualdade de gênero 8. Participação de minorias

Mulheres possuem papel Acesso à informação, aos


central nessa causa processos decisivos e à justiça

9. Respeito a povos indígenas 10. Proibição do retrocesso

Inclusive aos seus Não se pode reduzir a


direitos, tradições e terras proteção ambiental

11. Progresso Justiça Ambiental

Esforço de ampliar a Objetivo máximo desse modelo


preservação e de Estado
conservação ambiental
Medidas recomendadas pela Declaração

Criação de sistemas Adoção de políticas Fomento à educação


de monitoramento anticorrupção ecológica
ambiental

Troca de Reconhecimento da Designação do


conhecimentos com ligação entre crimes Judiciário como
grupos e povos ambientais e outros garantidor do Estado
tradicionais delitos de Direito Ecológico
Contudo, a promoção
do Estado de Direito
Ecológico ainda é um
desafio
Desafios
Crescente resistência
Ameaças, prisões e
38 vezes mais leis assassinatos de ambientalistas
ambientais em vigor
desde 1972 Baixo engajamento
Conforme o relatório Uma sociedade bem informada
divulgado pelo PNUMA leva a melhores decisões
em 24 de janeiro de 2019
Corrupção
Contribui para enfraquecer as
instituições e a aplicação das leis
11
Considerações

Finais
Kloepfer afirma que “toda ampliação da
proteção do meio ambiente tem, em última
análise, implicações para o sistema político e
econômico do nosso Estado”.
Deve se ter em mente que deverão ser repensados e resolvidos os
problemas concernentes a:

INFRAESTRUTURA E EDUCAÇÃO ECONOMIA


PLANEJAMENTO URBANO
Formação de uma
o problema da renda; o garantir a todos as
consciência ambiental;
Incluindo saneamento mesmas condições materiais de vida geraria
capacitação de novos
básico e serviços de coleta um aumento no uso e exploração já
profissionais
desenfreado dos recursos ambientais; implica
uma reformulação no modelo econômico e
de mercado

TECNOLOGIA
ATUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA E SEUS GESTORES
Novos meios para contornar os
problemas sociedade v.s. natureza Implementação de políticas públicas e
novos parâmetros políticos e
normativos; as relações publico
privadas
Por isso vê-se a necessidade de implementação do
Estado de Direito Ecológico, visto que é preciso
mudar a visão centrada no indivíduo.

Como afirma Böckenforde (2017): “O ponto de partida e de referência do


ordenamento estatal é o indivíduo singular, livre, igual, autodeterminado e seus
objetivos na vida terrena; provê-los é precisamente o porquê do Estado, o
fundamento que o legitima.” Ainda, para F.J. Sthal, “O Estado de Direito não
representa tão somente a finalidade e o conteúdo do Estado, refere-se apenas ao
modo e maneira como estes se realizam”.
Parafraseando Böckenforde, no Estado de Direito Ecológico o
ponto de partida e de referência do ordenamento estatal é a
proteção ambiental (englobando todos os seres vivos), justiça
socioamebiental, o desenvolvimento sustentável e a perpetuidade
da existência com dignidade; concretizá-los é o porque do Estado,
o fundamento que o legitima a agir.

Nessa perspectiva, para Aragão (2018), o Estado de Direito


Ecológico deve possuir metas, isto é, “a obrigação é de alcançar
resultados: resultados na prevenção eficaz de danos ambientais e de
melhoria real da qualidade do ambiente.”
Centro de Derechos Humanos y Ambiente – CEDHA assinala que a degradação
ambiental e o esgotamento dos recursos naturais:

a) geram pobreza, desemprego e b) afetam o uso e gozo dos direitos


emigração para as cidades; humanos;

d) aprofundam severamente
c) criam problemas novos, como os problemas já existentes, como as
refugiados ambientais e suas doenças e mortes associadas à
consequências econômicas, sociais, poluição e à contaminação do
culturais e políticas; e ambiente.
Temos o dever de evitar futuras
mudanças negativas e de promover
as alterações institucionais e
jurídicas necessárias à inversão das
tendências.
OBRIGADO PELA ATENÇÃO!
Bibliografia:
BAHIA, Carolina Medeiros; MELO, Melissa Ely. O Estado de Direito Ecológico como instrumento de
concretização de justiça ambiental. Revista de Direito Ambiental e Socioambientalismo. Porto Alegre,
v. 4, n. 2, p. 38 – 59. Jul/Dez. 2018.
VITAL, Denny Wallace Braga; OLIVEIRA, Marcelo Cruz de; MARQUES, José Roque Nunes. Estado
de Direito Ecológico e a natureza como sujeito de direitos: um panorama da jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal. Revista de Biodireito e Direito dos Animais. Encontro virtual, v. 9, n.1, p.
62-79. Jan./Jun. 2023.
SARLET, Ingo Wolfgang; FENSTERSEIFER, Tiago. Curso de Direito Ambiental. 2. Ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2021.
ACSELRAD, Henri. JUSTIÇA AMBIENTAL – novas articulações entre meio ambiente e democracia. Disponívell em:
https://www1.icmbio.gov.br/educacaoambiental/images/stories/biblioteca/Publica%C3%A7%C3%B5es_da_COED
U/Referencial_Te%C3%B3rico/RT01b_ACSELRAD_Meio_Ambiente_e_Justica.pdf. Acesso em 30 de agosto de 2023

ACSELRAD, Henri; HERCULANO, Selene; PÁDUA, José Augusto. Justiça ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Relumé
Dumará, Fundação Ford, 2004. [Site] Arquivos UERj.; Disponível em:
http://www.bvambientebf.uerj.br/arquivos/justica_ambiental.htm; Acesso em 01 de setembro de 2023.

DOS SANTOS, C. F. O QUE É JUSTIÇA AMBIENTAL. Boletim de Geografia, v. 31, n. 3, p. 161-163, 20 dez. 2013.
Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/BolGeogr/article/view/19231/12802. Acesso em 01 de
setembro de 2023.

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