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DIREITO

AMBIENTAL
Princípios Gerais de Direito Ambiental

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO AMBIENTAL
Princípios Gerais de Direito Ambiental
Nilton Coutinho

Sumário
Princípios Gerais de Direito Ambiental.. ...................................................................................... 3
Introdução......................................................................................................................................... 3
1. Princípios Gerais de Direito Ambiental.................................................................................... 3
1.1. Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado e sadia Qualidade de Vida.......... 4
1.2. Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental..................................................... 4
1.3. Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder Público...................................................... 5
1.4. Princípio da Consideração da Variável Ambiental no Processo Decisório de
Políticas de Desenvolvimento.. ..................................................................................................... 6
1.5. Princípio da Participação Comunitária................................................................................. 7
1.6. Princípio do Poluidor Pagador. . .............................................................................................. 8
1.7. Princípio da Reparação.. ........................................................................................................... 9
1.8. Princípio da Precaução............................................................................................................ 9
1.9. Princípio da Prevenção........................................................................................................... 11
1.10. Da Função Social da Propriedade.......................................................................................12
1.11. Princípio da Função Socioambiental da Propriedade. . ....................................................12
1.12. Princípio do Direito ao Desenvolvimento Sustentável. . ................................................ 14
1.13. Princípio da Cooperação entre os Povos...........................................................................15
1.14. Princípio da Informação. . ......................................................................................................16
1.15. Princípio do Usuário-Pagador. . ............................................................................................16
Questões de Concurso.................................................................................................................. 18
Gabarito............................................................................................................................................ 37

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Princípios Gerais de Direito Ambiental
Nilton Coutinho

PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO AMBIENTAL


Na aula de hoje, iremos tratar dos princípios gerais do direito ambiental e sua aplicação em
concursos públicos

Introdução
De início, é necessário ter-se claro que os princípios gerais do direito se constituem como
um guia teórico norteador da política e da prática jurídica.
Tais princípios servem, sobretudo, para auxiliar o intérprete na hora de encontrar solu-
ções à aplicação das normas. Deste modo, é possível visualizar-se nos princípios tríplice fun-
ção, a saber:
• informadora para o legislado;
• normativa para os casos de lacunas; e
• interpretadora, como critério de orientação para o intérprete e para a magistratura.

Cada ramo do direito possui uma série de princípios que lhe são inerentes.
Os princípios gerais de cada ramo do direito são fundamentais para o adequado estudo
daquele ramo, uma vez que tais princípios estão presentes na elaboração, interpretação, apli-
cação e integração do direito.
Feitos tais esclarecimentos passamos a análise dos princípios gerais existentes na área
do direito ambiental.

1. Princípios Gerais de Direito Ambiental


Nas precisas palavras de Miguel Reale princípios são “enunciações normativas de valor
genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a
sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas.1
Tendo em vista o disposto em nossa Constituição Federal, bem como os diversos
tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, torna-se possível extrair diversos
princípios relacionados à tutela do meio ambiente, os quais passam a ser apresentados
nos tópicos a seguir.2

1
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 300
2
Para maiores detalhes, cf. COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. Proteção jurídica do meio ambiente: o papel da administra-
ção pública na preservação dos direitos da personalidade. Maringá: Cesumar, 2009. Cf. também: COUTINHO, Nilton Carlos
de Almeida; FRANZOI, Sandro Marcelo Paris; FILIPPI, Juliana Cristina Lopes. Intervenção estatal ambiental: licenciamento
ambiental e a Lei n. 140/2011. In: LAZARI, Rafael; FRANZÉ, Luis Henrique. Estado e indivíduo: estudos sobre intervencio-
nismo estatal. Curitiba: CRV, 2015.

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1.1. Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado e sadia


Qualidade de Vida
Foi o primeiro princípio previsto na declaração de Estocolmo e proclama que “o homem tem
o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas
em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-
-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações
presentes e futuras3”.
Segundo Luís Roberto Gomes4, o ambiente ecologicamente equilibrado traduz-se em um
desdobramento da proteção do direito à vida, uma vez que: “a salvaguarda das condições am-
bientais adequadas à vida depende logicamente da proteção dos valores ambientais”.
Tal princípio foi reafirmado pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Segundo deliberado naquela oportuni-
dade, “os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentá-
vel. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza5”.
Para Paulo Affonso Leme Machado6, há nessa hipótese, a existência do Princípio do direito
à sadia qualidade de vida. Aduz o autor: “não basta viver ou conservar a vida. É justo buscar e
conseguir a ‘qualidade de vida’”.

1.2. Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental


O princípio da natureza pública da proteção ambiental fundamenta-se no fato de que, em
razão do meio ambiente constituir-se como um bem de uso comum do povo, sua proteção
ambiental deve ser feita visando o bem-estar da coletividade.
Ademais, segundo Lise Vieira da Costa Tupiassa7, “o meio ambiente é um bem que perten-
ce à coletividade e não integra o patrimônio disponível do Estado”.
O princípio da natureza pública da proteção ambiental foi expressamente previsto na Cons-
tituição Federal de 1988, a qual estabeleceu que o meio ambiente se constitui como “bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”. Tal princípio, assim como outros, a
serem vistos oportunamente, fundamenta a obrigatoriedade da intervenção do Estado, eis que
se trata de direito relacionado ao interesse público.

3
Princípios extraídos da biblioteca virtual de direitos humanos da Universidade de São Paulo. Disponível em http://www.dire-
itoshumanos.usp.br/counter/Onu/ Confere_cupula/texto/ texto_1.html (tradução livre).
4
GOMES, Luis Roberto. Princípios fundamentais de proteção ao meio ambiente. In revista de direito ambiental, n. 16, ano 4
out/dez.1999, p. 172.
5
Princípio 1 da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992.
6
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, p.46.
7
TUPIASSA, Lise Vieira da Costa. O direito ambiental e seus princípios informativos. In: Revista de Direito Ambiental. Ano 8,
abr/jun. 2003, n. 30, p. 173

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Para vários autores, poder-se-ia falar na existência de um princípio da obrigatoriedade da


intervenção estatal.8 Logo, quando se fala em proteção ambiental, há que se ter em mente a
indisponibilidade de tal interesse, bem como a supremacia do interesse público se constituem
como fatores orientadores dessa proteção.
Paulo Affonso Leme Machado9, destaca que, segundo essa visão, o Poder Público passa a
figurar não como proprietário dos bens ambientais, mas, sim, como gestor de tais bens. Deste
modo, eficiência e prestação de contas passam a fazer parte dessa nova forma de gestão am-
biental. O mesmo autor ainda relembra que, segundo dispõe a Declaração de Johannesburgo:
“para conseguirmos nossos objetivos de desenvolvimento sustentado temos necessidade de
instituições internacionais e multilaterais mais efetivas, democráticas e que prestem contas”10
Luiz Roberto Gomes11, por sua vez, associa a obrigatoriedade da intervenção estatal ao
princípio da indisponibilidade do interesse público. Para ele, “trata-se de corolário do princípio
da indisponibilidade do interesse púbico na proteção do meio ambiente”.
A intervenção estatal também foi expressamente prevista pela Declaração de Estocolmo
sobre o Meio Ambiente Humano, conforme se depreende da leitura do princípio 17:

Deve-se confiar às instituições nacionais competentes a tarefa de planejar, administrar ou con-


trolar a utilização dos recursos ambientais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do
meio ambiente.

Ante todo o exposto há de se concluir que, por se tratar de um bem de uso comum do povo
(art. 225 da CF), o meio ambiente ecologicamente equilibrado não se inscreve entre os bens
suscetíveis de disponibilidade pelo Estado, de tal forma que a proteção ambiental deve pro-
curar assegurar a qualidade de vida e saúde de toda a sociedade, sobrepondo-se a interesses
individuais. A natureza pública de tal direito fundamenta e justifica a atuação estatal na defesa
do meio ambiente.

1.3. Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder Público


Ao Estado foi atribuído o dever de proteger o meio ambiente. Para tanto, deve ele fiscalizar
e orientar os cidadãos quanto aos seus limites para a adequada utilização do meio ambiente,
o que é feito por meio das polícias administrativas.

8
Neste sentido, veja-se: PAZZAGLINI FILHO, Marino. Princípios constitucionais reguladores da administração pública: Agen-
tes Públicos. Discricionariedade Administrativa. Extensão da Atuação do Ministério Público e do Controle do Poder Judi-
ciário. E ainda: CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional: teoria do Estado e da Constituição. Direito Constitucio-
nal Positivo.
9
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, p. 105
10
To archieve our goals of sustainable development, we need more effective, democratic and accountable international and mul-
tilateral institutions
11
GOMES, Luiz Roberto. Princípios constitucionais de proteção ao meio ambiente. Revista de direito ambiental, p. 175.

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O princípio do controle do poluidor pelo Poder Público possibilita a realização de interven-


ções estatais visando a manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais, de
modo a possibilitar sua utilização nacional e disponibilidade permanente. Encontra-se previsto
em nosso ordenamento jurídico, por meio do art. 225, § 1º, V, da Constituição Federal, o qual
estabelece que é da incumbência do poder público “controlar a produção, comercialização e
o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade
de vida e o meio ambiente”.
Aqui, novamente, visualiza-se a presença do interesse público em relação ao meio ambien-
te e à qualidade de vida, uma vez que incumbe aos governantes o dever de controlar todos os
tipos de poluição ambiental, utilizando-se do seu poder de polícia. Por meio de órgãos e enti-
dades públicas que limitem ou disciplinem o exercício dos direitos individuais com o objetivo
de assegurar o bem-estar da coletividade.
Do mesmo modo, a natureza pública dos bens jurídicos em discussão justifica a atuação
do poder público em defesa do meio ambiente.
Destaque-se, ainda, que a fixação dos limites é fundamental para que a Administração pos-
sa exercer o poder de polícia dentro da legalidade. Assim, uma vez estabelecidos tais limites,
pode o poder público aplicar, coercitivamente, as medidas necessárias para que se evite, ou se
minimize, a poluição e a degradação ambientais. Deste modo, sempre que houver risco para a
preservação do meio ambiente, deve o poder público intervir, de modo a garantir a adequada
proteção do meio ambiente e sua utilização de forma racional, em benefício da sociedade.
Ao Estado cumpre o papel de disciplinar e restringir o direito dos indivíduos a fim de possi-
bilitar a proteção efetiva do meio ambiente e, consequentemente, garantindo-se a manutenção
da vida em sociedade, com saúde e qualidade.

1.4. Princípio da Consideração da Variável Ambiental no Processo


Decisório de Políticas de Desenvolvimento
O princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de
desenvolvimento foi previsto pela Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e De-
senvolvimento, a qual estabeleceu que “a avaliação do impacto ambiental, como instrumento
nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas que possam vir a ter impacto ne-
gativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de uma decisão de autoridade
nacional competente12”.
Em decorrência desse princípio, sempre que a Administração Pública tenha que se posi-
cionar acerca de determinada política de desenvolvimento, deverá analisar o impacto desta
política em relação ao meio ambiente.
12
Princípio 17 da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

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Tal análise, contudo, não se aplica apenas ao setor público, mas, também à iniciativa priva-
da. A observância desse princípio constitui-se como meio eficaz para impedir ou, pelo menos,
minimizar as lesões causadas ao meio ambiente, permitindo que as ações estatais e também
particulares se coadunem com o desenvolvimento ecologicamente sustentável.
Para isso, contudo, é necessário que exista uma política voltada para a gestão ambiental. E
quando se fala em políticas públicas, está-se, na verdade, tratando de ações do Estado em prol
da coletividade, dentro das quais se encontra a proteção ambiental.
Conclui-se, muito embora o desenvolvimento seja um objetivo perseguido por todas as so-
ciedades, deve ele ocorrer levando-se em conta os riscos e danos causados ao meio ambiente,
o qual também deve ser protegido.

1.5. Princípio da Participação Comunitária


A participação da sociedade na proteção ambiental também foi prevista na atual Constitui-
ção Federal, a qual estabeleceu que o dever de defender e preservar o meio ambiente compete
tanto ao Poder Público quanto à coletividade. No mesmo sentido foi a orientação seguida pela
Declaração do Rio de Janeiro13, a qual procurou assegurar a participação de todos os cidadãos
interessados nas questões ambientais.
Com base em tal princípio tem-se que é direito da comunidade participar na formulação e
execução de políticas ambientais e na tomada de decisões que tragam repercussões na área.
Desse modo, empreendimentos potencialmente poluentes ou que possam causar danos ao
meio ambiente deverão ser apresentados previamente às populações a serem atingidas, pos-
sibilitando-lhes a participação no processo decisório.
A inclusão do princípio da participação comunitária em nosso ordenamento jurídico vem
reforçar o mandamento constitucional segundo o qual impõe-se a todos a defesa e preserva-
ção do meio ambiente, ou seja: na busca de soluções para os problemas ambientais deve-se
estimular a cooperação entre o Estado e a sociedade, por meio da participação dos diversos
grupos sociais existentes, na busca de soluções para os problemas ambientais.
Destaque-se, ainda, que este princípio também se encontra relacionado ao da publicidade
dos atos da Administração Pública, eis que, para que haja a adequada participação do parti-
cular na busca de soluções para os problemas ambientais, deve ela ter acesso a informações
(excetuando-se nas hipóteses em que razões de segurança nacional a impedirem). O princípio
da publicidade, entretanto, este será objeto de análise em item específico.
Por fim há que se notar que a participação da sociedade na proteção do meio ambiente
exige acesso à informação e educação ambiental. Igualmente, a sociedade pode buscar auxílio
junto aos poderes executivo, legislativo e judiciário, mas, para isso, é necessário, conhecimen-
to e conscientização ambiental.
13
Princípio 10 da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

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1.6. Princípio do Poluidor Pagador


Segundo Édis Milaré14, o princípio do poluidor pagador baseia-se na teoria segundo a qual
os agentes econômicos devem levar em consideração o custo resultante dos danos ambien-
tais no momento de se elaborar os custos da produção. Deste modo, tal princípio visa impedir
que a sociedade arque com os custos (financeiros e ambientais) decorrentes da exploração
ambiental realizada por um poluidor identificável, que auferiu lucros com a atividade econômi-
ca por ele exercida.
O princípio do poluidor pagador foi incorporado ao texto constitucional por meio do art. 225,
§ 3º, o qual estabeleceu que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação
de reparar os danos causados. Contudo, na visão de GERENT, tal princípio pode ser visualizado
nos arts. 170, VI; 225, § 1º, V; § 2º e § 3º, de nossa Constituição Federal.15
No que tange à responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambien-
tais, nossos tribunais já se manifestaram no sentido de que tal responsabilização “advém de
uma escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao meio am-
biente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial16”.
Maria Alexandra de Sousa Aragão17 afirma que os poluidores devem suportar também to-
dos os custos das medidas públicas de reposição da qualidade do ambiente perdida, ou com o
auxílio econômico às vítimas, além dos custos administrativos conexos. Segundo ela, o princí-
pio do poluidor-pagador é um princípio normativo de caráter econômico, mas que, entretanto,
deve ser considerado uma regra de bom senso econômico, jurídico e político.
No que se refere à intervenção concretizadora do Poder Público, torna-se fundamental que
este estabeleça o conteúdo, a extensão e os limites das obrigações dos poluidores.
Uma observação que precisa ficar clara refere-se ao fato de que, segundo o princípio do
poluidor pagador, este deve suportar os custos das medidas de proteção do meio ambiente
e, também, procurar corrigir e eliminar as fontes poluidoras, sendo possível afirmar-se que
tal princípio possui uma função preventiva, reparatória e, também, educativa. Assim, uma vez
ocorrido o dano, deve o poluidor responsabilizar-se pela reparação do mesmo.

14
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente, p. 142.
15
GERENT, Juliana. Direito ambiental e a teoria econômica neoclássica – valoração do bem ambiental. In: Revista Jurídica
Cesumar. Maringá: Centro Universitário de Maringá p, 284.
16
REsp 610114 / RN. RECURSO ESPECIAL 2003/0210087-0. Relator(a): Ministro GILSON DIPP. Órgão Julgador: T5 - QUINTA
TURMA. Data do Julgamento: 17/11/2005 Data da Publicação/Fonte. DJ 19/12/2005 p. 463.
17
ARAGÃO, Maria Alexandra de Sousa. O Princípio do Nível Elevado de Proteção e a Renovação Ecológica do Direito do Ambi-
ente e dos Resíduos, p. 185.

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1.7. Princípio da Reparação


O princípio da reparação foi expressamente previsto como 13º princípio da Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992
e decorre diretamente do princípio da prevenção e, também, do princípio do poluidor pagador.
Neste aspecto, destaca-se a importância da atividade legiferante dos Estados em relação à
responsabilidade do causador do dano e à indenização das vítimas. Assim, segundo estabele-
cido no princípio 13 da referida Declaração “os Estados devem desenvolver legislação nacional
relativa à responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros danos ambientais”.
Tal orientação foi adotada pela Constituição de 1988, a qual estabeleceu que “aquele que ex-
plorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado” e “as condutas
e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores a sanções penais
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
Com base nesse princípio, aquele que causar lesão a bens ambientais deve ser responsa-
bilizado por seus atos, reparando ou indenizando os danos causados.
O princípio da reparação obteve maior efetividade em decorrência da adoção da teoria da
responsabilidade objetiva. Neste sentido, veja-se:

3. A adoção pela lei da responsabilidade civil objetiva, significou apreciável avanço no combate à de-
vastação do meio ambiente, uma vez que, sob esse sistema, não se leva em conta, subjetivamente, a
conduta do causador do dano, mas a ocorrência do resultado prejudicial ao homem e ao ambiente.
Assim sendo, para que se observe a obrigatoriedade da reparação do dano é suficiente, apenas,
que se demonstre o nexo causal entre a lesão infligida ao meio ambiente e a ação ou omissão do
responsável pelo dano18.

A adoção da responsabilidade objetiva demonstra o quanto a preocupação com o aspecto


ambiental tem adquirido importância na atualidade, suscitando medidas de severa sanção e
responsabilização, seja ela causada de forma direta ou indireta.

1.8. Princípio da Precaução


O princípio da precaução tem como fundamento o fato de que, em razão da dificuldade em
se reconstituir uma área que tenha sofrido um dano ambiental, deve-se evitar, ao máximo, que
o dano chegue a ocorrer. Isso porque, em geral, a grande maioria dos danos causados ao meio
ambiente são irreparáveis.
É esta, aliás, a orientação traçada pela Declaração do Rio, a qual estabelece que quando
houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis devem ser tomadas medidas eficazes e eco-
nomicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. (Princípio 15).
18
REsp 578797/RS. Recurso Especial 2003/0162662-0. Rel.: Ministro Luiz Fux. Órgão Julgador: T1 - Primeira Turma. Data do
Julgamento: 05/08/2004. Data da Publicação/Fonte: DJ 20/09/2004 p. 196. LEXSTJ vol. 183 p. 161. RNDJ vol. 60 p. 92.

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O vocábulo advém do verbo precaver (do latim prae = antes e cavere = tomar cuidado). Tal
princípio tem como objetivo impedir o dano ambiental, ainda que sua ocorrência futura seja
incerta, ou seja, sua aplicação deriva do fato de não se saber, ao certo, quais as consequências
e reflexos que determinada conduta poderá gerar ao meio ambiente, por incerteza ou imprevi-
sibilidade.
Em trabalho específico sobre o tema Ana Gouveia e Freitas Martins19 defende que a imple-
mentação do princípio da precaução gira em torno de sete ideias fundamentais, quais sejam:
1ª) A de que perante a ameaça de danos sérios ao meio ambiente, ainda que não existam
provas científicas que estabeleçam um nexo causal entre uma atividade e os seus efeitos, de-
vem ser tomadas as medidas necessárias para impedir a sua ocorrência.
2ª) A da necessidade acerca da inversão do ônus da prova, cabendo àquele que pretender
exercer uma atividade que a Administração julgue potencialmente danosa ao meio ambiente,
que demonstre que os riscos a ela associados são aceitáveis.
3ª) In dubio pro ambiente, ou seja: o conflito entre interesses econômicos e interesses am-
bientais deve ser decidido em prol do ambiente.
4ª) A de que a sujeição ao desenvolvimento deve respeitar os limites de tolerância ambien-
tal, de modo a proteger os sistemas ecológicos
5ª) A de exigência de desenvolvimento e introdução das melhores técnicas disponíveis, de
modo a possibilitar a redução da poluição e da lesão ao meio ambiente.
6ª) A da preservação de áreas e reservas naturais e a proteção de espécies
7ª) Promoção e desenvolvimento da investigação científica e realização de estudos com-
pletos e exaustivos sobre os efeitos e os riscos potenciais decorrentes de uma determinada
atividade.
Sérgio Ribeiro Cavalcante20 ressalta que o princípio da precaução ambiental na Administra-
ção Pública se caracteriza por um sistema de estudos, devendo ser utilizado para atividades
que possam causar significativo impacto adverso ao meio ambiente.
Para Ana Gouveia e Freitas Martins21 “o princípio da precaução deve ser assumido como
um princípio jurídico-político orientador da política ambiental”, constituindo-se como um im-
portante argumento para a atuação estatal na hipótese de inexistência de comprovação cien-
tífica acerca do potencial de degradação em relação a determinado empreendimento ou obra.
Nestas hipóteses, o princípio da precaução justifica-se em razão da relevância dos bens jurí-
dicos tutelados, de tal forma que qualquer ameaça (ainda que não comprovada) em relação
a tais bens deve ser combatida antes que possa vir a causar algum dano, razão pela qual a
atuação estatal, com vistas à proteção do meio ambiente, há de ser exigida.
Ao lado do princípio da precaução, encontra-se, também, o princípio da prevenção.
19
MARTINS, Ana Gouveia e Freitas. O princípio da precaução no direito do Ambiente, p. 54-60.
20
CAVALCANTE, Sérgio Ribeiro. Princípio da Precaução Ambiental: uma diretriz política, constitucional, administrativa e juris-
dicional nas presunções científicas, p. 87.
21
MARTINS, Ana Gouveia e Freitas. O princípio da precaução no direito do Ambiente, p. 93.

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1.9. Princípio da Prevenção


A prevenção relaciona-se à ideia da existência de um perigo antevisto e comprovado, o qual
deve ser evitado. Na prevenção o nexo causal entre a conduta e o dano ambiental encontra-se
cientificamente comprovado ou é facilmente previsível.
Segundo Vicente Gomes da Silva22, tal princípio foi inserido na Declaração do Rio/92, como
o de número 15, devendo ele ser observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades.
Apesar de muitos autores utilizarem as expressões como sinônimas, o princípio da preven-
ção não se confunde com o princípio da precaução.
Com base nesta característica, Édis Milaré traça o principal fato diferenciador do princípio
da precaução para o princípio da prevenção. Segundo o citado autor a prevenção trata de ris-
cos ou impactos já conhecidos pela ciência, ao passo que a precaução se destina a gerir riscos
ou impactos desconhecidos23.
Para AMOY24, o princípio da prevenção refere-se ao perigo concreto, enquanto o da precau-
ção refere-se ao perigo abstrato. No princípio da prevenção as consequências de determinado
ato são previamente conhecidas, devendo, portanto, ser evitadas. Já no princípio da precau-
ção, a proteção decorre do fato de não se saber quais danos poderão ser causados ao meio
ambiente. A diferença entre tais princípios também é apontada para Tiago Fensterseifer25 para
quem o princípio da prevenção traria consigo a ideia de conhecimento completo acerca dos
efeitos de determinada intervenção no meio ambiente, ao passo que, o princípio da precaução
possuiria um universo maior, por procurar atuar na proteção de um bem jurídico ambiental
sobre o qual ainda não se sabe, com exatidão, quais serão as consequências danosas que po-
dem vir a lhe ocorrer. Porém, não são todos os autores que fazem essa diferenciação.
A aplicação do princípio da prevenção (bem como do princípio da precaução) permite que
a Administração Pública se antecipe à lesão ambiental e realize condutas atinentes à preven-
ção do dano, permitindo uma maior efetividade na proteção ao meio ambiente.
“In dubio pro ambiente”. Registre-se, finalmente, que, com a adoção de tais princípios inver-
te-se o ônus da prova, cabendo ao empreendedor o dever de demonstrar que a atividade por ele
almejada não apresenta risco ambiental.

Diferenças entre Ambos os Princípios

O princípio da precaução trabalha dentro de uma lógica de insegurança científica, ao passo


que a prevenção dentro da lógica de segurança científica. No princípio da precaução o risco e
22
SILVA, Vicente Gomes da. Legislação ambiental comentada, p. 26.
23
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente, p. 142.
24
AMOY, Rodrigo de Almeida. A proteção do direito fundamental ao meio ambiente no direito interno e internacional. Disponí-
vel em: <http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/anais/bh/ rodrigo_de_almeida_amoy.pdf > Acesso: 21 dez. 2008.
25
FENSTERSEIFER, Tiago. Direitos fundamentais e proteção do ambiente: A dimensão ecológica da
dignidade humana, p. 81-82.
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as consequências do ato são desconhecidos; no princípio da prevenção as consequências são


conhecidas.

1.10. Da Função Social da Propriedade


No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabelece, no capítulo dos direitos e garantias
fundamentais (artigo 5º, XXII) o direito de propriedade e, no inciso seguinte, determina que
esta cumprirá a sua função social. Na sequência (inciso XXIV), estabelece procedimentos para
desapropriação, mediante prévia e justa indenização26.
Observe-se ainda que o princípio da função social da propriedade é reiterado nos arts.
170, inciso III e 186, incisos I a IV, da Carta Republicana, segundo os quais a função social da
propriedade rural é cumprida quando atender, além de outros requisitos, ao da utilização ade-
quada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente. Nesse sentido, ao
Poder Público incumbe o cumprimento do que dispõem os incisos I a IV, do § 1º, do art. 225.

1.11. Princípio da Função Socioambiental da Propriedade


Conforme mencionado, a CRFB garante o direito à propriedade privada (art. 5º, XXII), dei-
xando claro, entretanto, que a propriedade deverá atender a sua função social (art. 5º, XXIII).
Com base em tal regra, João Lopes Guimarães Junior27, ensina que a função social da pro-
priedade refere-se ao “dever do proprietário de atender a finalidades relacionadas a interesses
protegidos por lei”.
O meio ambiente possui inequívoca função social, eis que, por meio dele, possibilita-se
uma melhoria na qualidade de vida de toda a população, destacando-se, ainda que o art. 170
da Constituição Federal elenca a propriedade privada e sua função social como princípios da
ordem econômica.
Jean Jacques Erenberg28 explicita que, ao contrário do que se poderia imaginar, a adoção
do princípio da função social da propriedade não possui um viés socialista, de tal forma que
sua existência pode ser justificada dentro de um regime capitalista, no qual a função social da
propriedade constitui-se como um princípio da atividade econômica e um direito fundamental
do ser humano.
Para Saint-Clair Honorato Santos29 o direito de propriedade “não pode mais ser entendido
com um caráter absoluto; deve ter em cota a função social da propriedade visando ao bem-es-
tar de todos”.

26
Sobre o tema, cf. NAKAMURA, André Luiz dos Santos. A Justa e Prévia Indenização na Desapropriação. Rio de Janeiro,
LUMEN JURIS, 2013.
27
GUIMARÃES JUNIOR, João Lopes. Função social da propriedade. In. Revista direito ambiental, ano, 08, jan/mar/2003, n. 29,
p. 124.
28
ERENBERG, Jean Jacques. Função social da propriedade urbana, p. 164.
29
SANTOS, Saint-Clair Honorato. Direito ambiental: unidades de conservação. Limitações administrativas, p.143.

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Patrícia Faga Iglecias Lemos30 partilha do mesmo entendimento, esclarecendo que o direi-
to de propriedade evoluiu muito, “afastando-se da concepção individualista e aproximando-se
de uma concepção social”.
Para a citada autora, “essa nova concepção envolve, além do aspecto social, a proteção do
meio ambiente como interesse difuso”
Relembre-se ainda que, segundo o disposto no artigo 182 da Constituição Federal “a polí-
tica de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes”.
Consoante a doutrina HARADA31, a propriedade privada encontra-se vinculada à finalidade
perseguida por aqueles princípios, isto é, “assegurar a todos a existência digna, conforme os
ditames da justiça social”.
No que tange à propriedade rural Olavo Acyr de Lima Rocha32 relembra ainda, que o artigo
2º, § 1º, da Lei n. 4.504/1964, dispõe que a propriedade desempenhará integralmente sua fun-
ção social quando simultaneamente:
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim
como de suas famílias;
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;
c) assegura a conservação dos recursos naturais;
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que
a possuem e a cultivem.
O artigo 170 da Constituição Federal elenca a propriedade privada e a função social da
propriedade como princípios da ordem econômica.
Discorrendo acerca da função social da propriedade rural, o autor destacou entre os re-
quisitos a serem observados pelo proprietário do imóvel a utilização adequada dos recursos
naturais disponíveis e preservação do meio ambiente (art. 186, II da CF e art. 9º, II da Lei n.
8.629, de 25 de fevereiro de 1993). Deste modo, o proprietário deverá respeitar as caracterís-
ticas próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, na medida adequada à
manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da saúde e qualidade de vida das comu-
nidades vizinhas33.
Deste modo, a função social somente será cumprida quando houver, entre outros fatores, a
utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.
30
LEMOS, Patrícia Faga Iglecias. Responsabilidade civil do proprietário diante do bem sócio ambiental. Tese de doutorado.
Faculdade de Direito da USP, p. 165.
31
HARADA, Kiyoshi. Desapropriação: Doutrina e Prática, Prática, p. 8
32
ROCHA, Olavo Acyr de Lima. A desapropriação no direito agrário, p. 82
33
COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. Da desapropriação para fins de reforma agrária enquanto instrumento limitador do
direito de propriedade e implementador da função social da propriedade. In: Revista de direito e política. FIGUEIREDO, Guil-
herme José Purvin e MEDAUAR, Odete (coord.) Volume 16 – Janeiro a abril. 2008, ano V, p. 93

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Feitas tais considerações conclui-se que a propriedade privada, além de possuir uma fun-
ção social deve, também, desempenhar uma função ambiental, o que significa dizer que o
direito à propriedade não pode ser utilizado como justificativa para a realização de danos ao
meio ambiente.

1.12. Princípio do Direito ao Desenvolvimento Sustentável


Segundo José Adércio Leite Sampaio o desenvolvimento sustentável “consiste no uso ra-
cional e equilibrado dos recursos naturais, de forma a atender às necessidades das gerações
presentes, sem prejudicar o seu emprego pelas gerações futuras 34”.
No plano internacional, traduz-se, nas palavras de Chris Wold35, no direito de os Estados-mem-
bros usarem seus recursos de acordo com suas próprias políticas nacionais. Deste modo, compete
a cada Estado, individualmente, e segundo o poder conferido por meio de sua soberania, formular e
implementar sua política de proteção ao meio ambiente.
Do mesmo modo, “o direito ao desenvolvimento articula-se como um direito fundamental
que os Estados têm o dever de proteger36”.
Tal princípio foi explicitado por meio dos princípios 337 e 438 da Declaração do Rio de Janeiro/92.
Segundo Paulo Affonso Leme Machado39 tal princípio foi acolhido por nossa Constituição
Federal ao ter imposto à coletividade e ao poder púbico o dever de preservar o meio ambiente
para as presentes e futuras gerações.
Segundo Welber Barral e Gustavo Assed Ferreira40, “desenvolvimento sustentável é o de-
senvolvimento que responde às necessidades do presente sem comprometer as possibilida-
des das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades”.
Sobre o tema, o colendo STJ já se manifestou no sentido de que “o confronto entre o direi-
to ao desenvolvimento e os princípios do direito ambiental deve receber solução em prol do
último, haja vista a finalidade que este tem de preservar a qualidade da vida humana na face
da terra. O seu objetivo central é proteger patrimônio pertencente às presentes e futuras gera-
ções”41. E ainda: “Os recursos naturais devem ser utilizados com equilíbrio e preservados em
intenção da boa qualidade de vida das gerações vindouras”42.
34
SAMPAIO, José Adércio Leite, et. al. Princípios de direito ambiental, p. 47.
35
Idem, p. 10.
36
Ibidem, p. 11.
37
PRINCÍPIO 3 - O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as
necessidades de gerações presentes e futuras.
38
PRINCÍPIO 4 - Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante do pro-
cesso de desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste.
39
Art. 225, caput da Constituição Federal de 1988.
40
BARRAL, Welber; FERREIRA, Gustavo Assed. Direito ambiental e desenvolvimento In: Direito ambiental e desenvolvimento, p. 13.
41
Processo REsp 588022 / SC. Recurso Especial. 2003/0159754-5. Relator(a): Ministro José Delgado. Órgão Julgador: T1 - Primeira
Turma. Data do Julgamento: 17/02/2004. Data da Publicação/Fonte: DJ 05/04/2004 p. 217. LEXSTJ vol. 178, p. 174.
42
RMS n. 18.301/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de 03/10/2005

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Por fim, Luiz Roberto Gomes43 entende que o princípio do desenvolvimento sustentável se
encontra consagrado em nossa Constituição Federal, a qual obriga a coletividade a defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, por ser essencial à sadia qualidade de vida.

1.13. Princípio da Cooperação entre os Povos


Desde a Conferência de Estocolmo já se encontrava premente a necessidade do livre inter-
câmbio e do mútuo auxílio entre os países, a fim de facilitar a solução dos problemas ambien-
tais. Com esse intuito, foi formulado o princípio de n. 20, o qual defendia o fomento do livre
intercâmbio de informações e experiências científicas entre os países, a fim de facilitar a solu-
ção dos problemas ambientais. Do mesmo modo, defendeu que a tecnologia ambiental deve
ser colocada a serviço dos países em desenvolvimento. Para Édis Milaré, a Declaração sobre o
Ambiente Humano foi o principal documento resultante daquela Conferência44.
Hoje, tal princípio encontra-se consagrado em nosso texto constitucional ao estabelecer a
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade como um dos princípios a serem
observados nas relações internacionais. (cf. art. 4º, IX da CRFB).
Do mesmo modo, a já mencionada Declaração do Rio incluiu entre seus princípios que:

Os Estados, de conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de Direito Inter-
nacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas
de meio ambiente e desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua
jurisdição ou controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos
limites da jurisdição nacional. (Princípio 2).

A inserção de tal princípio nas Constituições dos países possui uma importância funda-
mental a fim de possibilitar a defesa do meio ambiente. Isso porque, em geral, as agressões
ao meio ambiente não se restringem apenas a um país, podendo trazer graves prejuízos e
problemas para as populações de países vizinhos e, até mesmo, distantes daquele no qual o
dano tenha ocorrido.
Ora, a poluição, a diminuição das reservas de recursos naturais, o aumento da temperatura,
o desmatamento, entre outros, trazem transtornos à população em geral, razão pela qual se
faz necessária a adoção de medidas que permitam a união entre os países no combate à toda
e qualquer agressão ao meio ambiente.
Tal princípio visa permitir o livre intercâmbio de experiências científicas e do mútuo auxílio
tecnológico e financeiro entre os países, a fim de facilitar a solução dos problemas ambientais.

43
GOMES, Luiz Roberto. Princípios constitucionais de proteção ao meio ambiente. Revista de direito ambiental, p. 179.
44
Neste sentido, vide artigo 4º, IX da Constituição Federal.

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1.14. Princípio da Informação


O princípio da informação permite que toda pessoa obtenha do Estado informações rela-
tivas ao meio ambiente. Assim, qualquer interessado pode participar em questões relativas à
defesa e/ou proteção do meio ambiente45.
O direito à informação ambiental se justifica em razão do direito conferido a todos os cida-
dãos de viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Tal direito se encontra previs-
to na lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, a qual permite que qualquer pessoa legitimamente
interessada tenha acesso aos resultados das análises efetuadas pelos órgãos responsáveis
pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, bem como das respectivas fundamentações.
O meio ambiente constitui-se como um direito fundamental, pertencente a toda sociedade,
de tal modo que, devem os cidadãos ter acesso a todas as informações relacionadas à prote-
ção desse bem jurídico.
O princípio da informação objetiva fazer com que toda a sociedade tenha conhecimento
acerca da exata situação ambiental, abrangendo tanto a sua preservação quanto a sua degra-
dação. O acesso às informações relativas ao meio ambiente foi previsto pela Declaração do
Rio em seu Princípio 1046.
Recorde-se, ainda, que a informação ambiental é um pré-requisito para que determinada
comunidade tenha condições de se manifestar acerca de determinado evento ambiental. Por
esta razão, Paulo Affonso Leme Machado47 destaca que a informação ambiental deve ser
transmitida de forma a possibilitar tempo suficiente para que os interessados possam analisar
a matéria e agir em defesa de seus direitos, procurando a Administração Pública ou mesmo o
Judiciário.

1.15. Princípio do Usuário-Pagador


O princípio do usuário-pagador deriva do fato de que, em razão dos recursos ambientais
serem escassos, a apropriação deles, por parte de determinada(s) pessoa(s) – física(s) ou
jurídica(s) - gera o dever de oferecer à coletividade o direito a uma compensação. Isto ocorre
porque a produção e o consumo desses recursos podem gerar sua degradação ou escassez

45
Neste aspecto, lembre-se que a lei de ação civil pública (lei n. 7.347/85) permite que associações, obedecidas as exigências
legais, promovam ações de prevenção e reparação de atos lesivos ao meio ambiente
46
Princípio 10. A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos
os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio ambi-
ente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em suas
comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a
conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso
efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.
47
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, p. 94.

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e a utilização gratuita de tais recursos ambientais proporciona um enriquecimento ilícito para


aquele usuário.
Aliás, no julgamento da ADI 3378/DF48 o STF asseverou-se que o princípio do usuário-pa-
gador se constitui como um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social
pelos custos ambientais derivados da atividade econômica.
Segundo o magistério de Paulo Bessa Antunes49, o fundamento de tal princípio reside no
fato de que a sociedade não pode sustentar o ônus financeiro e ambiental de atividades que
trarão retorno econômico individualizado.
Já Para Paulo Affonso Leme Machado50, o princípio do usuário-pagador significa que o
utilizador do recurso deve suportar os custos necessários à utilização do recurso, bem como
os custos advindos desta utilização. Para ele, tal princípio englobaria o princípio do poluidor
pagador, ou seja, O princípio do usuário-pagador seria gênero e o princípio do poluidor-paga-
dor, espécie.
Como se vê, diversos são os princípios apresentados pela doutrina em decorrência da aná-
lise do texto constitucional e dos tratados internacionais inerentes a matéria.
Em estudo acerca do sistema constitucional brasileiro, Kildare Gonçalves Carvalho51 visu-
aliza na Constituição de 1988 os seguintes princípios: princípio da obrigatoriedade da inter-
venção estatal (caput e § 1º); princípio da prevenção e precaução (caput e § 1º, IV); princípio
da informação e da notificação ambiental (caput e § 1º, VI); princípio da educação ambiental
(caput e § 1º, VI); princípio da participação (caput); princípio do poluidor pagador (§ 3º); princí-
pio da responsabilidade da pessoa física e jurídica (§ 3º); princípio da soberania dos Estados
para estabelecer sua política ambiental e de desenvolvimento com cooperação internacional
§ 1º); princípio da eliminação de modos de produção e consumo e da política demográfica
adequada; e princípio do desenvolvimento sustentado (caput).
Tais princípios devem ser observados conjuntamente, a fim de propiciar a adequada prote-
ção ao meio ambiente, em benefício de toda sociedade.
Os princípios acima descritos e outros relacionados à atuação da Administração Pública
justificam e orientam a intervenção estatal na área ambiental, destacando-se que tais princí-
pios devem ser observados conjuntamente, a fim de propiciar a adequada proteção ao meio
ambiente, em benefício de toda sociedade.

48
Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI 3378 / DF - Distrito Federal. Relator(a): Min. Carlos
Britto. Julgamento: 09/04/2008. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Publicação: DJe-112 DIVULG
19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008. EMENT VOL-02324-02 PP-00242
49
ANTUNES, Paulo Bessa. Direito Ambiental, p. 32.
50
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, p. 63.
51
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional: teoria do Estado e da Constituição. Direito Constitucional Positivo, p. 753.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/2020/MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL) Ao avaliar
um pedido de autorização do uso de determinado agrotóxico, o órgão ambiental competente,
pautado em estudos científicos, autorizou o uso do produto. Para decidir, considerou que, no
atual estágio do conhecimento científico, inexiste comprovação de efeitos nocivos à saúde hu-
mana decorrentes da exposição ao referido agrotóxico, conforme parâmetros propostos pela
Organização Mundial de Saúde.
Considerando-se que, nessa situação hipotética, o risco de exposição ao agrotóxico possa ser
mensurado, é correto afirmar, com base na jurisprudência do STF, que a decisão do órgão am-
biental está pautada no princípio
a) da precaução.
b) da prevenção.
c) do limite.
d) da equidade.
e) do usuário-pagador.

• Prevenção: risco conhecido (estudo científico existente);


• Precaução: risco desconhecido (incerteza científica).
A questão fala que existe estudo científico e que este apresentou comprovação da ausência
de efeitos nocivos.
Portanto, a questão está tratando do princípio da prevenção, uma vez que o risco é conhecido.
Sobre as demais alternativas:
a) Errada. O princípio da precaução refere-se à proteção perante atividades de grande impacto
ambiental, com risco incerto, mas provável. Não tem previsão constitucional (mas tem previ-
são Lei de Biossegurança)
c) Errada. Este princípio cuida do dever estatal de editar e efetivar normas jurídicas que insti-
tuam padrões máximos de poluição, a fim de mantê-lo dentro de bons níveis para não afetar o
equilíbrio ambiental e a saúde pública.
d) Errada. Equidade: trata-se de um princípio ligado ao do desenvolvimento sustentável, a cha-
mada equidade intergeracional é a obrigação das presentes gerações de legar às gerações
futuras o meio ambiente equilibrado.
e) Errada. O princípio do Usuário-pagador versa que pessoas que usam recursos naturais de-
vem pagar pelo uso, mesmo que não haja poluição (ex.: uso racional da água). É mais abran-
gente que o Princípio do Poluidor-pagador, a fim de demonstrar a economicidade dos recursos
naturais, racionalizando o seu uso e angariando recursos em prol do equilíbrio ambiental.
Letra b.

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002. (MPE-GO/2016/MPE-GO/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Assinale a alterna-


tiva errada:
a) A Teoria Dinâmica de Distribuição do Ônus da Prova afasta a rigidez das regras de distribui-
ção do onus probandi, tornando-as mais flexíveis e adaptando-as ao caso concreto, valorando
o juiz qual das partes dispõe das melhores condições de suportar o encargo respectivo.
b) Os princípios da prevenção e da precaução exercem influência na aplicação de regras ma-
teriais do Direito Ambiental, mormente no campo da responsabilidade civil, uma vez que o
enfoque jurídico nessa área deve ser o da prudência e da vigilância no tratamento a ser dado
a atividades potencialmente poluidoras, diante do risco de dano irreversível ao meio ambiente.
c) Cominada liminarmente pelo juiz no bojo de ação civil pública, a multa somente será exigível
do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia
quem se houver configurado o descumprimento.
d) O princípio da reparação integral do dano ambiental determina a responsabilização do agen-
te por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, mas não permite a cumulação de pedi-
dos para condenação nos deveres de recuperação in natura do bem degradado, de compensa-
ção ambiental e indenização em dinheiro, posto que o primeiro é excludente dos demais.

Sobre a cumulação de pedidos para condenação nos deveres de recuperação in natura do bem
degradado, o STJ, em 12/12/2018 sumulou o entendimento. Vejamos:

Súmula 629 do STJ: quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obriga-
ção de fazer ou a de não fazer cumulada com a de indenizar.

Veja-se, ainda, o seguinte julgado:

PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. POSSIBILIDADE DE CUMULA-


ÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER (REPARAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA) E DE PAGAR QUAN-
TIA CERTA (INDENIZAÇÃO). PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. Cuida-se, na origem, de Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Federal
contra Arzão Marconde de Oliveira Rodrigues visando à condenação do réu: a) à demo-
lição do galpão para manejo de gado construído dentro do Parque Nacional de São Joa-
quim, incluindo a retirada dos entulhos decorrentes desta demolição; b) à recuperação da
área degradada, mediante projeto de recuperação que deverá ser elaborado por profissio-
nal habilitado e c) ao pagamento de indenização pelos danos causados aos interesses
difusos, a ser revertido em favor do fundo do artigo 13 da Lei 7.347/1985.
2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido de que a necessidade de reparação
integral da lesão causada ao meio ambiente permite a cumulação de obrigações de fazer,
não fazer e indenizar.

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Nesse sentido: REsp 1.178.294/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, DJe 10.9.2010, AgRg nos EDcl no Ag 1.156.486/PR, Rel. Ministro Arnaldo Esteves
Lima, Primeira Turma, DJe 27.4.2011, AgRg no REsp 1.415.062/CE, Rel. Ministro Hum-
berto Martins, Segunda Turma, DJe 19/5/2014, e AgRg no AREsp 202.156/SC, Rel. Minis-
tro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 1º/08/2013.
3. Recurso Especial provido, restaurando-se, nesse ponto, a sentença.
(REsp 1516278/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
15/08/2017, DJe 12/09/2017)

Letra d.

003. (FAURGS/2016/TJ-RS/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Acerca dos princípios de Direito


Ambiental, assinale a alternativa ERRADA.
a) A incorporação do princípio da subsidiariedade, no ordenamento jurídico nacional, como
princípio do Direito Ambiental, reforça o princípio do federalismo cooperativo ecológico. Nes-
ses termos, o princípio da subsidiariedade traça diretrizes quanto à descentralização política
do Estado em matéria ambiental.
b) No princípio 10 da Declaração do Rio (1992), da mesma forma que na Convenção de Aarhus
(1998), identificam-se os três pilares que alicerçam o princípio da participação pública em ma-
téria ambiental, ou seja, o acesso à informação, a participação pública na tomada de decisões
e o acesso à justiça.
c) O princípio da solidariedade intergeracional está interligado ao princípio da sustentabilidade,
considerando que a preocupação dos defensores do princípio da solidariedade intergeracional
(intergenerational equity) é assegurar o aproveitamento racional dos recursos ambientais, de
forma que as gerações futuras também possam deles tirar proveito.
d) Entre o princípio da precaução e da prevenção, na realidade, existe diferença de grau e não
tanto de espécie. O princípio da precaução passa a noção de maior certeza sobre os efeitos
de determinada técnica e leva em consideração o potencial lesivo, determinando-se que sejam
evitados os danos já conhecidos. Já com o princípio da prevenção, planeja-se regular o uso de
técnicas sobre as quais não há uma certeza quanto aos efeitos, procurando-se evitar os resul-
tados danosos, com a lógica do in dubio pro natura ou in dubio pro ambiente.
e) O dever de incorporar critérios eficientes e eficazes de sustentabilidade às licitações e con-
tratações públicas descende de imperativo constitucional (v.g. artigo 225 e artigo 170, inclu-
sive como princípio geral da atividade econômica), no sentido de que as políticas públicas
devem estar endereçadas para o princípio do desenvolvimento sustentável. Conjuntamente,
no Brasil, há previsão infraconstitucional (v.g. trazida pela Lei n. 12.349/2010); ademais, na
Declaração do Rio de 1992 (princípio 8) foi semeada a noção de consumo sustentável, com-
plementada na Conferência de Johanesburgo e implementada internacionalmente mediante o
Processo de Marrakech.

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Inverteram os conceitos. Prevenção = certeza científica do impacto ambiental; Precaução = é a


garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estágio atual do conhecimento, não
podem ser ainda identificados. Está estampado no princípio 15 da Declaração do Rio.
Letra d.

004. (FAPEC/2015/MPE-MS/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Em atenção à prote-


ção do meio ambiente, assinale a alternativa errada:
a) O princípio da solidariedade intergeracional busca assegurar que não só as presentes, mas
também as futuras gerações possam usufruir dos recursos naturais de forma sustentável.
b) O princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de
desenvolvimento, com assento no art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal, impõe seja levado
em conta a variável ambiental em qualquer ação ou decisão, pública ou privada, que possa
causar impacto negativo sobre o meio.
c) A defesa do meio ambiente, inadmitindo o tratamento diferenciado conforme o impacto am-
biental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação, caracteriza-se
como princípio constitucional a ser observado pela ordem econômica nos termos do art. 170,
VI, da Constituição Federal.
d) O princípio da participação comunitária na defesa do meio ambiente pressupõe o direito de
informação.
e) O princípio do usuário-pagador caracteriza-se pela imposição ao usuário do conjunto dos
custos destinados a tornar possível a utilização do recurso ambiental e os custos advindos de
sua utilização com fins econômicos, evitando-se que sejam suportados pelo Poder Público e
tampouco por terceiros.

a) Certa. A preservação ambiental calha beneficiar, em condições de igualdade, tanto as ge-
rações atuais (solidariedade sincrônica — vínculos cooperativos “com as gerações presentes”,
quanto as gerações futuras da humanidade (solidariedade diacrônica — vínculos cooperativos
relativos às gerações futuras). trata-se de solidariedade intergerencial (vínculos cooperativos
entre as gerações presentes e vindouras).
b) Certa. Tendo em vista o impacto em nosso meio de cada decisão tomada tanto publica
quanto privada, este princípio, consagrado a partir do final dos anos 60, versa sobre a obriga-
ção de se analisar as variáveis ambientais, respeitando com isso, o inciso V, do parágrafo 1º, do
artigo 225 (status constitucional). Isso porque, dependendo da decisão, pode haver impacto
negativo para o meio. Somente à guisa de histórico, esse princípio, em nível internacional, foi
ratificado pela Declaração do Rio de Janeiro, em seu princípio.
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c) Errada. Uma vez que é ADMITIDO o tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação
d) Certa. Segundo este princípio, que não é aplicado somente no direito ambiental, para que
sejam instituídas políticas ambientais, bem como os assuntos discutidos de forma salutar, é
fundamental a cooperação entre o Estado e a comunidade. E o sucesso nos resultados de-
monstra que tanto a população quanto a força sindical têm se envolvido ativamente em definir
e realinhar tais políticas. Esse princípio está calcado o caput do artigo 225, bem como objeto o
princípio 10 da Declaração do Rio de Janeiro. Além disso, está ligado ao direito à participação,
pois aqueles da sociedade que tem acesso às informações, podem disseminá-las, articulando
assim soluções plausíveis, principalmente porque este assunto os interessa pessoalmente.
e) Certa. Neste princípio, os agentes econômicos devem contabilizar o custo social da polui-
ção por eles gerada, e este deve ser assumido, ou internalizado. Isso acontece porque, jun-
to com o processo produtivo, também são produzidas externalidades negativas. Dá-se esse
nome pelo fato de que os resíduos da produção, são recebidos pela coletividade, enquanto o
lucro é recebido somente pelo produtor.
Letra c.

005. (VUNESP/2014/TJ-SP/JUIZ) Novamente quanto ao tema dos princípios do Direito Am-


biental, o que determina que aquele que se utiliza ou usufrui de algum recurso natural deve
arcar com os custos necessários para possibilitar tal uso configura o princípio
a) do usuário-pagador.
b) da função socioambiental da propriedade.
c) do poluidor-pagador.
d) do desenvolvimento sustentável.

 ) USUÁRIO-PAGADOR: As pessoas que utilizam recursos naturais devem pagar pela sua utili-
a
zação, especialmente com finalidades econômicas, mesmo que não haja poluição, a exemplo
do uso racional da água.
b) FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE: um dos requisitos para que a propriedade
rural alcance a sua função social é o respeito à legislação ambiental (art. 186, II, CRFB/88),
bem como a propriedade urbana, pois o plano direto deverá necessariamente considerar a
preservação ambiental, a exemplo da instituição de áreas verdes.
c) POLUIDOR-PAGADOR: deve o poluidor responder pelos custos sociais da degradação causa-
da por sua atividade impactante, devendo-se agregar esse valor no custo produtivo da ativida-
de, para evitar que se privatizem os lucros e se socializem os prejuízos ambientais.
d) DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: decorre de uma ponderação que deverá ser feita ca-
suisticamente entre o direito fundamental ao desenvolvimento econômico e o direito à preser-
vação ambiental. É aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possi-
bilidade de existência digna das gerações futuras. Aplica-se aos recursos naturais renováveis.
Letra a.

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006. (FUNDEP (GESTÃO DE CONCURSOS)/2014/TJ-MG/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO)


Com relação aos princípios do direito ambiental, analise as afirmativas, assinalando com V as
verdadeiras com F as falsas.
 (  ) O estudo prévio de impacto ambiental constitui exigência feita pelo poder público em
cumprimento ao princípio da prevenção, de ordem constitucional.
 (  ) O princípio da reparação tem por fundamento a responsabilidade subjetiva do agente.
Logo, se afastada a ilicitude administrativa de um ato lesivo ao meio ambiente, não ha-
verá a correspondente responsabilidade civil pelos danos causados.
 (  ) Na aplicação do princípio do poluidor-pagador, a cobrança de um preço pelos danos
causados ao meio ambiente só pode ser efetuada sobre fatos que tenham respaldo em
lei, sob pena de se outorgar ao agente o direito de poluir.
 (  ) O princípio da função socioambiental da propriedade determina que o seu uso seja
condicionado ao bem-estar social, sem, contudo, impor comportamentos positivos ao
proprietário para o exercício de seu direito.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.


a) F F V V.
b) V V F F.
c) F V F V.
d) V F V F.

(V) Está na Constituição que é dever do Poder Público “exigir, na forma da lei, para instalação
de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade” (art. 225, § 1º, IV). Indubita-
velmente, este é um dos reflexos do princípio da prevenção, segundo o qual é impossível ou
extremamente difícil a reconstituição do meio ambiente, daí a necessidade de adoção de me-
didas que previnam a possibilidade de danos ao meio ambiente.
(F) No âmbito da responsabilidade civil objetiva por dano ambiental prepondera o princípio da
reparação integral, eis que o escopo último é a recomposição do meio ambiente degradado.
Neste sentido, “a responsabilidade civil pelo dano ambiental, qualquer que seja a qualificação
jurídica do degradador, público ou privado, é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo
regida pelos princípios poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da reparação
in natura e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do
acesso à justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima am-
biental” (STJ, REsp 1.454.281/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe
de 09/09/2016).

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(V) Honestamente, não considero esta redação das mais felizes. Da leitura de sua primeira
parte, é possível concluir que o princípio do poluidor-pagador só seria aplicável em hipóteses
taxativas, previstas previamente em lei. Não é verdade. Não poderia o legislador prever todas
as situações possíveis de dano ao meio ambiente. Na parte final, de fato, não se pode se ou-
torgar ao agente o direito de poluir. Contudo, a frase me pareceu sem nexo, autodiscordante.
Respondi por exclusão.
(F) Na realidade, considerando que o direito de propriedade deva atender a sua função social
e ambiental, é legítima a imposição ao proprietário de comportamento positivo visando à rea-
bilitação dos processos ecológicos e à conservação da biodiversidade. O princípio da função
socioambiental da propriedade significa que se pode exigir do proprietário tanto prestações
negativas (não fazer), quanto positivas (obrigação de fazer). No entanto, a assertiva afirmar o
contrário, que não podem ser cobradas prestações positivas, o que a torna falsa.
Letra d.

007. (CESPE/2013/TJ-MA/JUIZ) Considerando os princípios fundamentais que regem o direi-


to ambiental, assinale a opção correta.
a) O princípio do poluidor-pagador determina a incidência do regime jurídico da responsabilida-
de civil objetiva por danos ambientais.
b) Uma aplicação estrita do princípio da prevenção inverte o ônus da prova e impõe ao poluidor
provar, com anterioridade, que sua ação não causará degradação ambiental.
c) Segundo o princípio do desenvolvimento sustentável, é proibida a instalação de indústria
que, conforme o EIA/RIMA, cause poluição.
d) A ação popular, ao contrário da ação civil pública, é instrumento de efetivação do princípio
da participação democrática no direito ambiental.

b) Errada. Na hipótese dada, o correto seria a aplicação do princípio da precaução, posto que
este incide na dúvida quanta a existência de um futuro dano ambiental, ou seja, uma probabi-
lidade. Já o princípio da prevenção, partimos de uma certeza científica da degradação, assim
não há como se provar o contrário, já que estamos tratando de algo certo.
c) Errada. Considerando o princípio do desenvolvimento sustentável se baseia no tripé econô-
mico, social e ambiental. Assim, nas hipóteses de atividade poluidora, cabe ao EIA, estabelecer
medidas/ações mitigadoras da degradação, a fim de permitir o licenciamento ambiental. As-
sim, não necessariamente deve ser barrada pelo fato de ser poluidora
d) Errada. Ação civil pública também é instrumento de participação democrática
Letra a.

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008. (TJ-AP) Uma indústria emissora de gases poluentes possui projeto para se instalar em
zona industrial cuja capacidade de suporte de poluição já está saturada. Nesse caso, em obe-
diência ao princípio
a) do protetor-recebedor, o projeto deverá ser rejeitado pelo órgão ambiental.
b) do usuário pagador, o projeto deverá ser aprovado pelo órgão ambiental.
c) da participação comunitária, o projeto deverá ser rejeitado pelo órgão ambiental.
d) da prevenção, o projeto deverá ser rejeitado pelo órgão ambiental.
e) do poluidor pagador, o projeto deverá ser aprovado pelo órgão ambiental.

Com a informação de que a capacidade de suporte de poluição já está saturada, elimina-se,


por óbvio, todas as assertivas que dizem respeito ao princípio do poluidor pagador, já que por
esse princípio o poluidor só podem degradar o meio ambiente dentro dos limites de tolerância
previstos em lei, após o devido licenciamento.
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO X PRECAUÇÃO. DIFERENÇAS:
O princípio da prevenção, tem o objetivo de evitar ou mitigar a concretização de danos
ambientais.
Sua aplicação, ocorre quando há certeza cientifica do impacto da atividade.
O Princípio da Precaução, tem objetivo de mitigar a concretização de dano ambiental.
Sua aplicação (objetivo), ocorre quando há falta de certeza cientifica do impacto da atividade.
Gabarito letra (D), princípio da prevenção, o projeto deverá ser rejeitado pelo órgão ambiental
Letra d.

009. (VUNESP/2019/TJ-RO/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Determinada indústria química


elimina seus rejeitos no rio que abastece uma cidade, alterando as características do meio
ambiente e prejudicando a segurança e o bem-estar da população. Nesse caso, o princípio
ambiental que visa à internalização das externalidades ambientais negativas e busca impedir
a socialização dos custos ambientais é o princípio
a) do poluidor-pagador.
b) da participação social.
c) da ubiquidade.
d) da precaução.
e) do usuário-pagador

O poluidor deve PAGAR pelos custos de sua degradação e SUPORTAR as consequências de


sua atividade, de forma a evitar a privatização do lucro e socialização das perdas.
Trata-se de uma dever imposto ao poluidor-pagador de internalizar os custos das externalida-
des negativas.
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SOBRE AS DEMAIS ALTERNATIVAS:


a) do poluidor-pagador: aquele que polui deve ser responsabilizado pelo seu ato. No caso nar-
rado pela questão houve efetivo dano e, portanto, o poluidor dever ser responsabilizado pelo
prejuízo ambiental.
b) da participação social: significa que o cidadão não depende apenas de seus representantes
políticos para participar da gestão do meio ambiente. Pode atuar ativamente no que toca a
preservação do meio ambiente, por exemplo, nas audiências públicas.
b) da ubiquidade: o princípio ubiquidade ou transversalidade visa demonstrar qual é o objeto de
proteção do meio ambiente quando tratamos dos direitos humanos. Esse princípio dispõe que
o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direito humanos, deve ser
levado em consideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema,
atividade, obra etc., tiver que ser criada.
d) da precaução: foi proposto na conferência Rio 92 com a seguinte definição: “O Princípio
da precaução é a garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do
conhecimento, não podem ser ainda identificados.”. Portanto, trata-se do perigo abstrato, dife-
rentemente da prevenção em que o perigo é concreto e conhecido.
e) do usuário-pagador: busca-se evitar que o “custo zero” dos serviços e recursos naturais aca-
be por conduzir o sistema de mercado a uma exploração desenfreada do meio ambiente. Não
é uma punição, mas apenas um meio econômico de estimular o uso consciente dos recursos
ambientais.
Letra a.

010. (FCC/2019/MPE-MT/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) No Direito Ambiental, o


dever de recompor o meio ambiente lesado ou de indenizar pelos danos causados refere-se
ao princípio
a) do poluidor-pagador.
b) do desenvolvimento sustentável.
c) do equilíbrio.
d) do limite.
e) da prevenção.

a) do poluidor-pagador: deve o poluidor responder pelos custos sociais da degradação cau-
sada por sua atividade impactante, devendo-se agregar esse valor no custo produtivo da ativi-
dade, para evitar que se privatizem os lucros e se socializem os prejuízos.
b) do desenvolvimento sustentável: decorre de uma ponderação que deverá ser feita casuisti-
camente entre o direito fundamental ao desenvolvimento econômico e o direito à preservação
ambiental. É aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibili-
dade de existência digna das gerações futuras. Aplica-se aos recursos naturais renováveis.

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c) do equilíbrio: “...os aplicadores da política ambiental e do Direito Ambiental devem pesar as
consequências previsíveis da adoção de uma determinada medida, de forma que esta possa
ser útil à comunidade e não importar em gravames excessivos aos ecossistemas e à vida
humana. Através do mencionado princípio, deve ser realizado um balanço entre as diferentes
repercussões do projeto a ser implantado, isto é, devem ser analisadas as consequências am-
bientais, as consequências econômicas, as consequências sociais etc. A legislação ambiental
deverá ser aplicada de acordo com o resultado da aplicação de todas estas variantes. (citação
de Paulo de Bessa Antunes no site Jurisway).
d) do limite: explicita o dever estatal de editar padrões máximos de poluição a fim de manter
o equilíbrio ambiental.
e) da prevenção: é preciso que o ente ambiental faça o poluidor reduzir ou eliminar os danos
ambientais, pois estes normalmente são irreversíveis em espécie. Este princípio trabalha com
o risco certo, pois já há base científica, uma vez que o empreendimento é amplamente conhe-
cido.
Letra a.

011. (INSTITUTO CONSULPLAN/2019/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – VESPERTINA)


O princípio ambiental da prevenção não se confunde com o princípio ambiental da precaução.
O princípio da prevenção se aplica quando existem elementos seguros para afirmar que uma
determinada atividade é perigosa, sendo que têm por objetivo impedir a ocorrência de danos
ao meio ambiente, por meio da imposição de medidas acautelatórias antes da implantação de
empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras.

Princípio da prevenção: Trabalha com o risco conhecido (há certeza científica). Ex.: mineração.
Princípio da precaução: Trabalha com o risco desconhecido (incerteza científica). Ex.: Radio-
frequência; aquecimento global.
Certo.

012. (INSTITUTO CONSULPLAN/2019/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA - VESPERTINA)


O princípio ambiental do poluidor-pagador prevê a obrigação do agente responsável pela de-
gradação ambiental de recuperar e/ou indenizar os danos causados ao meio ambiente.

Pelo princípio do poluidor-pagador, deve o poluidor responder pelos custos sociais da degrada-
ção causada por sua atividade impactante (as chamadas externalidades negativas); caberá ao
poluidor compensar ou reparar o dano causado. Como exemplo da aplicação desse princípio,
pode-se citar a reposição florestal (art. 33 do Cod. Florestal) e a indenização prevista no art.
36, § 1º, da Lei n. 9.985/2005.
Certo.

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013. (CESPE/2019/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO) Uma associação de moradores de um bairro


de determinado município da Federação propôs uma ação civil pública (ACP) em desfavor da
concessionária de energia local, para que seja determinada a redução do campo eletromagnéti-
co em linhas de transmissão de energia elétrica localizadas nas proximidades das residências
dos moradores do bairro, alegando eventuais efeitos nocivos à saúde humana em decorrência
desse campo eletromagnético. Apesar de estudos desenvolvidos pela Organização Mundial
da Saúde afirmarem a inexistência de evidências científicas convincentes que confirmem a
relação entre a exposição humana a valores de campos eletromagnéticos acima dos limites
estabelecidos e efeitos adversos à saúde, a entidade defende que há incertezas científicas so-
bre a possibilidade de esse serviço desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde humana,
o que exige análise dos riscos.
Nessa situação hipotética, o pedido da associação feito na referida ACP se pauta no princí-
pio ambiental
a) da precaução.
b) da proporcionalidade.
c) da equidade.
d) do poluidor-pagador.
e) do desenvolvimento sustentável.

Princípio da prevenção: Perigo concreto, antevisto e comprovado.


Princípio da precaução: Perigo abstrato, incerteza científica.
Letra a.

014. (VUNESP/2019/TJ-AC/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Sobre os princípios constitucio-


nais ambientais, é correto afirmar que
a) o princípio da responsabilização integral envolve o dever do poluidor, pessoa física ou jurí-
dica, de arcar com as consequências de sua conduta lesiva contra o meio ambiente, tanto na
seara civil e administrativa, quanto na penal.
b) as entidades privadas não estão sujeitas ao princípio da informação no que se relaciona à
matéria ambiental.
c) o princípio da função socioambiental da propriedade possui caráter de dever individual, es-
tando o direito à propriedade garantido se sua função social for cumprida.
d) o princípio da prevenção implica a adoção de medidas previamente à ocorrência de um dano
concreto, embora ausente a certeza científica, com o fim de evitar a verificação desses danos.

Sua fundamentação está prevista no artigo 225, § 3º, da CF, vejamos:

As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas


físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de repa-
rar os danos causados.

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Sobre as demais alternativas:


b) Errada. O princípio da informação pode ser definido como o direito de todo cidadão ter as
informações que julgar necessárias sobre o ambiente em que vive e a ninguém é dado o direi-
to de sonegar informações que possam gerar danos irreparáveis à sociedade, prejudicando o
meio ambiente, que além de ser um bem de todos, deve ser sadio e protegido pela coletividade.
E, ao contrário do que fora dito pela questão, as entidades privadas estão sujeitas ao princípio
da informação no que se relaciona à matéria ambiental, podendo elas tanto solicitar informa-
ções para a proteção do meio ambiente, como ser acionadas por qualquer cidadão que vise ter
acesso a tais dados.
c) Errada. Princípio da função socioambiental da propriedade possui caráter de dever coletivo.
d) Errada. O erro da questão é dizer que o princípio da prevenção implica a adoção de medidas
previamente à ocorrência de um dano concreto, mesmo que ausente a certeza científica. Na
verdade, o princípio da PREVENÇÃO incide naquelas hipóteses em que os riscos são conheci-
dos e PREVISÍVEIS, gerando o dever de o Estado exigir do responsável pela atividade a adoção
de providências buscando ou eliminar ou minimizar os danos causados ao meio ambiente.
Letra a.

015. (VUNESP/2018/TJ-MT/JUIZ SUBSTITUTO) A internalização do custo ambiental, trans-


formando a externalidade negativa, ou custo social, num custo privado, visa impedir a sociali-
zação do prejuízo e a privatização dos lucros. Este é o objetivo do princípio
a) do poluidor-pagador.
b) da função social da propriedade.
c) da prevenção.
d) da precaução.
e) da cooperação.

Princípio do Poluidor-pagador: deve o poluidor responder pelos custos sociais da degradação


causada por sua atividade impactante (internalização dos prejuízos ambientais), devendo-se
agregar esse valor no custo produtivo da atividade, para evitar que se privatizem os lucros e
se socializem os prejuízos ambientais, voltando-se principalmente aos grandes poluidores.
Sobre as demais alternativas:
b) Errada. Vice Art. 186, II, da CF/88. O uso da propriedade será condicionado ao bem-estar
social. Ainda o legislador previu, como condição para o cumprimento da função social da pro-
priedade rural, a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do
meio ambiente.
c) Errada, pois o enunciado da questão não está tratando desse princípio.
Princípio da prevenção: É um dos princípios mais importantes do Direito Ambiental, sendo
seu objetivo fundamental. Foi lançado à categoria de mega princípio do direito ambiental,

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constando como princípio n. 15 da ECO-92. O princípio da prevenção relaciona-se com o peri-


go concreto de um dano, ou seja, sabe-se que não se deve esperar que ele aconteça, fazendo-
-se necessário, portanto, a adoção de medidas capazes de evitá-lo.
d) Errada, pois o enunciado da questão não está tratando desse princípio.
Princípio da precaução: Trata-se do perigo abstrato, ou seja, há mero risco, não se sabendo
exatamente se o dano ocorrerá ou não. É a incerteza científica, a dúvida, se vai acontecer ou
não. Foi proposto na conferência Rio 92 com a seguinte definição:
e) Errada, pois o enunciado da questão não está tratando desse princípio.
Princípio da cooperação internacional: Trata-se do esforço conjunto empreendido pela “aldeia
global” na busca pela preservação do meio ambiente numa escala mundial.

 Obs.: O inc. IV, do art. 1º - A, do Novo Código Florestal, em atenção a este princípio, consagra
o compromisso do Brasil com o modelo de desenvolvimento ecologicamente susten-
tável, com vistas a conciliar o uso produtivo da terra e a contribuição de serviços cole-
tivos das flores e demais formas de vegetação nativa provadas.
Letra a.

016. (MPE-MS/2018/MPE-MS/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Considere as asser-


tivas a seguir:
I – Uma das facetas do princípio do poluidor-pagador é evitar as externalidades negativas.
II – Para a maioria da doutrina que faz a diferenciação entre estes dois princípios, o princípio
da precaução é aplicável aos casos em que os impactos ambientais são conhecidos e devem
ser evitados ou mitigados, enquanto o princípio da prevenção é aplicável aos casos em que
não há certeza científica sobre os riscos e os impactos ambientais da atividade a ser exercida.
III – As Resoluções do CONAMA que tratam de padrões máximos de emissão de poluentes
têm por fundamento o princípio do limite ou controle.
IV – O princípio da Ubiquidade é aquele segundo o qual as presentes gerações não podem
utilizar os recursos ambientais de maneira irracional, de modo a privar as gerações futuras de
um ambiente ecologicamente equilibrado.
V – A cobrança pelo uso da água prevista na Lei de Recursos Hídricos e a compensação am-
biental prevista na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação são exemplos de
aplicação prática do princípio do usuário-pagador.
Em atenção aos princípios do Direito Ambiental, assinale a alternativa correta:
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Somente as assertivas I, III e V estão corretas.
c) Somente as assertivas I, II, IV e V estão corretas.
d) Somente as assertivas II, III, IV e V estão corretas.
e) Somente as assertivas II, III e IV estão corretas.

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PRINCÍPIO DO POLUIDOR OU PREDADOR-PAGADOR OU DA RESPONSABILIDADE: deve o po-


luidor responder pelos custos sociais da degradação causada por sua atividade impactante
(as chamadas externalidades negativas), devendo-se agregar esse valor no custo produtivo da
atividade, para evitar que se privatizem os lucros e se socializem os prejuízos.
PRINCÍPIO DO LIMITE OU CONTROLE: cuida-se do dever estatal de editar e efetivar nor-
mas jurídicas que instituam padrões máximos de poluição, a fim de mantê-la dentro de
bons níveis para não afetar o equilíbrio ambiental e a saúde pública. Realmente, o esta-
belecimento de padrões de qualidade ambiental é um dos instrumentos para a execução
da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme determinado pelo artigo 9º, I, da Lei n.
6.938/1981.
Princípio da Ubiquidade: o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro
dos direitos humanos, deve ser levado em consideração toda vez que uma política, atua-
ção, legislação sobre qualquer tema, atividade, obra etc. tiver que ser criada e desenvol-
vida. Realmente, a ubiquidade é a qualidade do que está em toda a parte, a onipresença,
de modo que o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado deverá
nortear a atuação dos três Poderes na tomada de suas decisões, a fim de buscar a real
efetivação do desenvolvimento sustentável.
I – Certo. O princípio do poluidor pagador engloba o princípio da verdade real dos preços na
medida em que prevê a internalização das externalidades ambientais negativas. A adequada
alocação de custos na cadeia produtiva a que pretende o princípio do poluidor-pagador faz
com que o produto ou serviço tenha um preço de mercado que reflita seus custos ambientais
e coaduna-se com o princípio da verdade real dos preços. (SILVA FILHO, Carlos da Costa. O
princípio do poluidor-pagador, p.86)
II – Errada. É o oposto do que consta no enunciado: “(...)o princípio da precaução pode ser
aplicado quando os dados científicos do risco da atividade a ser realizada são insuficientes ou
contraditórios. O risco de perigo, nesse caso, pode ser meramente potencial, ou seja, configu-
ra-se com a possibilidade verossímil de nocividade da atividade, embora não se possa qualifi-
car e nem quantificar os efeitos do risco. Assim, o princípio da prevenção visa a evitar o risco
conhecido, e o princípio da precaução visa a evitar o risco potencial.”
III – Certo. Princípio do Limite: Também voltado para a Administração Pública, cujo dever é
fixar parâmetros mínimos a serem observados em casos como emissões de partículas, ruídos,
sons, destinação final de resíduos sólidos, hospitalares e líquidos, dentre outros, visando sem-
pre promover o desenvolvimento sustentável.
De acordo com Paulo de Bessa Antunes, a manifestação mais palpável da aplicação do princí-
pio do limite ocorre com o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental concretizados

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na forma de limites de emissões de partículas, de limites aceitáveis de presença de determina-


das substâncias na água etc.”
IV – Errada. O princípio descrito pelo enunciado não é o da Ubiquidade, mas o da solidariedade
ou responsabilidade intergeneracional.
Letra b.

017. (CESPE/2017/TRF - 5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) A Lei que instituiu o Sis-


tema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei n. 9.985/2000), em seu art. 36,
estabelece a seguinte modalidade de compensação ambiental: nos casos de licenciamento
ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, o empreendedor é obri-
gado a apoiar a implantação e a manutenção de unidade de conservação do grupo de prote-
ção integral.
Considerando essa informação, assinale a opção que apresenta o princípio que embasa tal
previsão legal, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF).
a) função social da propriedade
b) usuário-pagador
c) preponderância do interesse público
d) solidariedade intergeracional
e) Precaução

O art. 36 da Lei n. 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a significar um


mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais
derivados da atividade econômica.
(ADI 3378, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 09/04/2008, DJe-
112 DIVULG 19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008 EMENT VOL-02324-02 PP-00242 RTJ VOL-
00206-03 PP-00993)

Letra b.

018. (CESPE/2016/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA) Conforme previsto na CF, é necessária a


realização de estudo prévio de impacto ambiental antes da implantação de empreendimentos
e de atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de degradação ambiental,
que constitui exigência que atende ao princípio do(a)
a) prevenção.
b) poluidor-pagador.
c) proibição do retrocesso ambiental.
d) participação comunitária.
e) usuário-pagador.

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O princípio da prevenção apoia-se na certeza científica do impacto ambiental. Assim, adotam-


-se todas as medidas para mitigar ou eliminar os impactos conhecidos sobre o ambiente. É com
base nesse princípio que nós temos o licenciamento e o monitoramento ambiental, que buscam
evitar ou minimizar possíveis danos ao ambiente
Já o Princípio da Precaução é uma garantia contra os riscos potenciais, incertos, que de acor-
do com o estágio atual do conhecimento não podem ser ainda identificados. Apoia-se na au-
sência de certeza científica, ou seja, quando a informação científica é insuficiente, incerta ou
inconclusiva.
Uma aplicação do princípio da prevenção e da precaução seria o Estudo de Impacto Ambiental
(EIA). Quando da realização de um EIA poderá haver a necessidade de aplicação de um ou de
outro princípio, que determinará a concessão ou não da licença ambiental. Assim, se o risco é
conhecido, certo, a análise pode indicar medidas preventivas no intuito de mitigar os impactos
ou até mesmo a não aprovação da obra ou empreendimento.
VEJA-SE O ART. 225, § 1º, IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade poten-
cialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;
Letra a.

019. (PUC-PR/2015/PREFEITURA DE MARINGÁ-PR/PROCURADOR MUNICIPAL) Ao incum-


bir o Poder Público de exigir, na forma da lei, o estudo prévio de impacto ambiental para a ins-
talação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, a Constituição Federal de 1988 aplicou quais princípios do Direito Ambiental?
a) Poluidor-pagador e educação ambiental.
b) Prevenção e precaução.
c) Taxatividade e vedação do retrocesso.
d) Usuário-pagador e autonomia da vontade.
e) Cooperação e protetor-recebedor.

a) Prevenção – trabalha com o risco certo (efetivo ou potencial). Procura-se evitar que o dano
ambiental ocorra, através de mecanismos extrajudiciais e judiciais. É, portanto, a atuação an-
tecipada para evitar danos, que, em regra, são irreversíveis;
b) Precaução – há risco incerto ou duvidoso, porém, há a necessidade de adotar medidas de
precaução para elidir ou reduzir os riscos ambientais. Aqui está a inversão do ônus da prova,
na qual é necessário que ao suposto poluidor demonstrar que sua atividade não é perigosa
nem poluidora;

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c) Desenvolvimento Sustentável – atende as necessidades do presente sem comprometer a


possibilidade de existência digna das gerações futuras;
d) Poluidor-Pagador – deve o poluidor responder pelos custos sociais da degradação causada
por sua atividade impactante;
e) Protetor-Recebedor – obrigação ao poder público de criar benefícios em favor daqueles que
protegem o meio ambiente. Exemplo é o PSA (pagamento por serviços ambientais);
f) Usuário-Pagador – mesmo que não haja poluição, o usuário deve arcar pela utilização dos
recursos naturais. Exemplo é o do uso racional da água;
g) Cooperação entre os Povos – cooperação entre as nações, de forma a respeitar os trata-
dos globais;
h) Solidariedade Intergeracional – decorre do desenvolvimento sustentável;
i) Natureza Pública da Proteção Ambiental – decorre do poder público a proteção do
meio ambiente;
j) Participação Comunitária – as pessoas têm o direito de participar e de se integrar nas deci-
sões relativas ao meio ambiente;
k) Função Socioambiental da propriedade privada – art. 186, II da Carta Magna;
l) Informação – decorre do princípio da publicidade e da transparência;
m) Limite – Decorre da Natureza Pública da Proteção Ambiental. Deve o Estado estabelecer
padrões máximos de poluição a fim de manter o equilíbrio ambiental;
n) Responsabilidade Comum, Mas Diferenciada – decorre da Cooperação entre os Povos, de
forma que aqueles que gerem maior degradação ambiental arquem com mais custos. Decorre
do princípio da igualdade material.
Letra b.

020. (FUNIVERSA/2015/PC-DF/DELEGADO DE POLÍCIA) Acerca dos princípios de direito


ambiental, assinale a alternativa correta.
a) O princípio da prevenção é aplicável ao risco conhecido, ou seja, aquele que já ocorreu an-
teriormente ou cuja identificação é possível por meio de pesquisas e informações ambientais.
b) O princípio da participação comunitária possui aplicabilidade apenas na esfera administrati-
va, impondo a participação popular na formulação das políticas públicas ambientais desenvol-
vidas pelos órgãos governamentais.
c) O princípio do desenvolvimento sustentável não tem caráter constitucional, mas encontra as-
sento em normas infraconstitucionais que tratam da ocupação racional dos espaços públicos.
d) O princípio do poluidor-pagador impõe ao empreendedor a responsabilidade subjetiva, ou
seja, o dever de arcar com os prejuízos que sua atividade cause ao meio ambiente na medida
de seu envolvimento direto com o dano.

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e) O princípio da precaução refere-se à necessidade de o poder público agir de forma a evitar


os riscos que são de conhecimento geral, adotando medidas de antecipação por meio de ins-
trumentos como o estudo e o relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA).

O princípio da prevenção é aplicável ao risco conhecido, ou seja, aquele que já ocorreu ante-
riormente ou cuja identificação é possível por meio de pesquisas e informações ambientais.
b) Errada. O princípio da participação comunitária busca inserir a participação da população
na proteção ambiental em todas as esferas do direito.
c) Errada. O STF reconhece o caráter constitucional do princípio do desenvolvimento sustentá-
vel. É o que se abstraí do art. 225 da CF - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
d) Errada. A responsabilidade é objetiva.
e) Errada. Princípio da prevenção.
Letra a.

021. (CS-UFG/2010/PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA-GO/PROCURADOR DO MU-


NICÍPIO) Constituiu princípio do direito ambiental:
a) o princípio da precaução, segundo o qual diante da ameaça de danos sérios ou irreversíveis,
a ausência de absoluta certeza científica não pode ser utilizada como razão para postergar
medidas pelo poder público, ainda que estas sejam economicamente inviáveis
b) o princípio do desenvolvimento sustentável, que compreende conjuntamente a noção de
solidariedade intergeracional e de acesso equitativo aos recursos naturais.
c) o princípio do poluidor-pagador, que exige que o poluidor arque com os custos da poluição
produzidos por sua atividade nos casos em que este agir com dolo ou culpa
d) o princípio da informação, em que o poder público é obrigado a promover a publicação de
todos os atos relacionados à gestão ambiental

a) Certa. O princípio da precaução regula a adoção de medidas de proteção ao meio ambiente
em casos envolvendo ausência de certeza científica e ameaças de danos sérios ou irreversí-
veis. É o gabarito da questão.
b) Errada. O princípio do desenvolvimento sustentável refere-se à compatibilização entre a
proteção ambiental e a utilização de recursos ambientais. Logo, não se confunde com a ideia
de solidariedade intergeracional nem com a ideia de acesso equitativo aos recursos naturais
c) Errada. A responsabilidade civil do poluidor é objetiva.

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d) Errada. A alternativa faz referência ao princípio da publicidade (e não ao princípio da infor-
mação).
Letra a.

022. (MPE-SC/2014/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – VESPERTINA) Texto associado


Analise o enunciado da Questão abaixo e assinale se ele é certo ou errado.
Admitindo-se a existência de distinção entre os princípios da precaução e da prevenção, pode-se
afirmar que uma Ação Civil Pública visando a proibição do comércio de determinado produto
transgênico, sobre o qual ainda paira incerteza científica a respeito das consequências de seu
uso à saúde humana e ao equilíbrio do meio ambiente, estaria fundamentada no princípio da
prevenção.

Como ainda não há certeza sobre o efeito danoso do alimento transgênico, aplica-se o princí-
pio da precaução.
Errado.

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GABARITO
1. b
2. d
3. d
4. c
5. a
6. d
7. a
8. d
9. a
10. a
11. C
12. C
13. a
14. a
15. a
16. b
17. b
18. a
19. b
20. a
21. a
22. E

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Doutor em Direito Político e Econômico. Procurador do Estado de São Paulo. Aprovado em diversos
concursos públicos: Correios, Unesp, Ministério Público, Procuradoria do Estado de São Paulo. Autor de
diversos livros jurídicos.

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