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DIREITO AMBIENTAL

POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA AMBIENTAL

Livro Eletrônico
DIREITO AMBIENTAL
Políticas Públicas na Área Ambiental
Nilton Coutinho

Apresentação..................................................................................................................4
1. Política Nacional do Meio Ambiente.............................................................................4
1.1. Princípios Orientadores da PNMA.. .............................................................................4
1.2. Dos Objetivos da PNMA. ............................................................................................5
1.3. Do Sisnama...............................................................................................................6
1.4. Dos Instrumentos da PNMA...................................................................................... 7
1.5. Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)................................................................... 7
1.6. Estudo e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA...............................................8
1.7. Zoneamento Ambiental........................................................................................... 10
1.8. Lei n. 10.650, de 16 de Abril de 2003..................................................................... 12
2. Licenciamento Ambiental.......................................................................................... 14
2.1. Das Espécies de Licenças Ambientais..................................................................... 15
2.2. Competência para o Licenciamento Ambiental....................................................... 16
3. Política Nacional de Recursos Hídricos.......................................................................17
3.1. Fundamentos da PNRH. ............................................................................................17
3.2. Objetivos da PNRH. ................................................................................................. 18
3.3. Diretrizes da PNRH................................................................................................. 18
3.4. Dos Instrumentos da PNRH.................................................................................... 19
3.5. Da Implementação da PNRH.................................................................................. 20
3.6. Das Organizações Civis de Recursos Hídricos........................................................ 20
3.7. Das Infrações e Penalidades................................................................................... 21
4. Política Nacional de Resíduos Sólidos.. ......................................................................22
4.1. Dos Princípios da PNRS...........................................................................................22

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4.2. Dos Objetivos da PNRS...........................................................................................23


4.3. Dos Instrumentos da PNRS.....................................................................................24
4.4. Das Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico..............................................24
5. Política Nacional sobre Mudança do Clima............................................................... 28
5.1. Princípios da PNMC................................................................................................ 28
5.2. Objetivos da PNMC.................................................................................................29
5.3. Diretrizes da PNMC.................................................................................................29
5.4. Instrumentos da PNMC. ......................................................................................... 30
6. Política Nacional de Educação Ambiental.................................................................. 31
6.1. Dos Deveres em Relação à Educação......................................................................32
6.2. Princípios Básicos da Educação Ambiental.............................................................33
6.3. Objetivos Fundamentais da Educação Ambiental.. ..................................................33
6.4. Da Execução da PNEA............................................................................................34
6.5. Consciência Ecológica e Educação Ambiental.........................................................34
6.6. Do Acesso à Informação........................................................................................35
7. Direito Urbanístico e Política Urbana.........................................................................36
7.1. Da Política de Desenvolvimento Urbano..................................................................36
7.2. Dos Instrumentos da Política Urbana..................................................................... 37
7.2. Do Plano Diretor. .................................................................................................... 41
7.3. Da Proteção contra Desastres. ...............................................................................42
7.4. Da Gestão Democrática da Cidade..........................................................................43
Questões de Concurso...................................................................................................44
Gabarito........................................................................................................................52
Gabarito Comentado. .....................................................................................................53

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Apresentação

Neste segundo módulo, analisaremos as principais leis que tratam sobre políticas públicas
na área ambiental, sendo certo que o procedimento de licenciamento ambiental e o EIA/RIMA,
ao lado da Lei n. 6.938/1981 são os temas mais relevantes dentro deste segundo módulo.
Contudo, as demais leis que tratam sobre políticas públicas (política nacional de resíduos
sólidos, política nacional de recursos hídricos, política nacional de mudança do clima, política
nacional de educação ambiental, entre outras) também podem ser exigidas pela banca FGV.
No mais, espero que as aulas do módulo I tenham contribuído para que você tenha uma
noção melhor acerca da importância da proteção do meio ambiente em nosso ordenamento
jurídico. Os conhecimentos que você adquiriu acerca dos princípios de direito ambiental e re-
partição de competências na área ambiental ajudará em muito seu processo de aprendizagem
nesse módulo
Abraços e bons estudos,
Politicas Públicas na Área Ambiental

1. Política Nacional do Meio Ambiente

Tal tema encontra-se regulamentado por meio da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Tal
lei apresenta os objetivos e os princípios orientadores da Política Nacional do Meio Ambiente
Assim, a Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições
ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana1.

1.1. Princípios Orientadores da PNMA

Dentre os princípios orientadores, citem-se a ação governamental na manutenção do equi-


líbrio ecológico (tendo em vista o uso coletivo), a racionalização do uso do solo, do subsolo,
da água e do ar, o planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais, a proteção dos
1
Para mais detalhes, cf. art. 4º e 5º da referida lei.

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ecossistemas, o controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras,


os incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a prote-
ção dos recursos ambientais, o acompanhamento do estado da qualidade ambiental, a recu-
peração de áreas degradadas, a proteção de áreas ameaçadas de degradação, e a educação
ambiental a todos os níveis de ensino2.

1.2. Dos Objetivos da PNMA

A Lei n. 6.938/1981 foi explícita em relação aos objetivos da Política Nacional do Meio
Ambiente. Assim, segundo estabelece o art. 4º da referida lei, a PNMA visará:

I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do


meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio eco-
lógico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, do Territórios e dos
Municípios;
III – ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso
e manejo de recursos ambientais;
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologia s nacionais orientadas para o uso racional
de recursos ambientais;
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações
ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da quali-
dade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas a sua utilização racional e dis-
ponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador3, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos cau-
sados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos4 .

Tratam-se de princípios que servirão de baliza e orientarão a atuação dos profissionais que
atuam na área ambiental e da sociedade como um todo.

2
Cf. art. 2º da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981.
3
Tem-se aqui expressa menção ao princípio do poluidor-pagador, o qual deve, em princípio, arcar com o custo da poluição,
com a devida atenção ao interesse público. Neste sentido, cf. também o princípio 16 da Declaração do Rio/1992.
4
Tal inciso dá amparo legal ao princípio do usuário-pagador. Deste modo, o usuário dos recursos ambientais deve suportar
o conjunto dos custos destinados a tornar possível a sua utilização. Tal medida visa fazer com que os custos não sejam
suportados nem pelos Poderes Públicos, nem por terceiros

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1.3. Do Sisnama

A referida lei também disciplinou a constituição do Sistema Nacional do Meio Ambiente –


Sisnama, trazendo regras acerca da sua estruturação e composição5.
Neste aspecto, registre-se, no entanto, a possibilidade de o município realizar o licencia-
mento ambiental, desde que o impacto ambiental seja local ou que haja delegação de poderes
pelo Estado a este6.
Com relação aos órgãos que compõem o Sisnama, destaque-se o Conselho Nacional do
Meio Ambiente – Conama, que é um órgão consultivo e deliberativo, com a finalidade de as-
sessorar, estudar e propor diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compa-
tíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.
Competência. Compete ao Conama: estabelecer, mediante proposta do Ibama, normas e
critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser con-
cedido pelos Estados e supervisionado pelo Ibama; determinar, quando julgar necessário, a re-
alização de estudos das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos
públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a
entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto
ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação
ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional. Homologar acordos
visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de
interesse para a proteção ambiental; determinar, mediante representação do Ibama, a perda ou
restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional,
e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos ofi-
ciais de crédito; estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da polui-
ção por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios

5
Cf. art. 6º da lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981.
6
Neste sentido, veja-se o art. 6º da Resolução CONAMA n. 237/97: “Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os
órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendi-
mentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou
convênio”.

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competentes; estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da


qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principal-
mente os hídricos7.

1.4. Dos Instrumentos da PNMA

Diversos são os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente previstos na Lei n.


6.938/1981. Dentre eles, citem-se:

I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental8;


II – o zoneamento ambiental;
III – a avaliação de impactos ambientais;
IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia,
voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual
e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas
extrativistas;
VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental;
IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias
à preservação ou correção da degradação ambiental;
X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Ins-
tituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;
XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Pú-
blico a produzi-las, quando inexistentes;
XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos
recursos ambientais;
XIII – instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental
e outros.

1.5. Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)

Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e


biológicas do meio ambiente, causada por atividades humanas, que venha a afetar a saúde,
7
Cf. art. 8º da lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981
8
O zoneamento ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, constituindo-se como um proce-
dimento urbanístico, que tem por objetivo regular o uso da propriedade do solo e dos edifícios em áreas homogêneas no
interesse do bem-estar da população. (cf. SILVA, José Afonso da. Direito urbanístico brasileiro.)

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a segurança e o bem-estar, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas


e sanitárias do meio ambiente ou a qualidade dos recursos ambientais.9
Conforme já mencionado, a variável ambiental deve ser considerada no processo decisório
de políticas de desenvolvimento. Daí a importância da avaliação do impacto ambiental como
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente.
Classificação. O impacto ambiental pode ser positivo ou negativo (caso a ação resulte em
melhoria ou dano à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental). Pode, ainda, ser direto ou
indireto. A depender da sua extensão o impacto ambiental pode ser local, regional, nacional ou
transfronteiriço. Pode, também, ocorrer a curto, médio ou longo prazo. Por fim, pode ser tem-
porário, permanente, cíclico ou reversível. Tais informações deverão ser levadas em conta no
momento de tomada de decisão.
Trata-se de um instrumento preventivo usado nas políticas de ambiente e gestão ambiental
com o intuito de analisar (e avaliar) os impactos ambientais potencialmente decorrentes da
realização futura de um projeto qualquer. Assim, tais danos deverão ser analisados e levados
em consideração no processo de aprovação (ou não) do referido empreendimento.
A avaliação de impactos ambientais também se encontra presente na política nacional de
mudanças climáticas, tendo incidência sobre o microclima e o macroclima.
Para a efetividade da proteção ambiental é necessário a realização de um estudo prévio de
impacto ambiental e de relatórios acerca desse impacto10.

1.6. Estudo e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA

Consoante expressa disposição constitucional caberá ao poder público exigir estudo de


impacto ambiental (EIA) para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente. Tal estudo precisa ser realizado previamente à
instalação do empreendimento, razão pela qual alguns autores utilizam a siga EPIA (estudo
prévio de impacto ambiental).

9
Cf. art. 1º da resolução CONAMA n. 1, de 23 de janeiro de 1986.
10
Para mais detalhes, cf. capítulo atinente ao “licenciamento ambiental” nesta obra.

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Diretrizes. O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em especial os


princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às
seguintes diretrizes gerais:
• contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontan-
do-as com a hipótese de não execução do projeto;
• identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de
implantação e operação da atividade;
• definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impac-
tos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia
hidrográfica na qual se localiza; e
• considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área
de influência do projeto, e sua compatibilidade.

Objetivos do EIA/EPIA. Tal estudo tem como objetivos: proteger o ambiente para as futu-
ras gerações; garantir a saúde, a segurança e a produtividade do meio ambiente, assim como
seus aspectos estéticos e culturais; garantir a maior amplitude possível de usos, benefícios
dos ambientes não degradados, sem riscos ou outras consequências indesejáveis; preservar
aspectos históricos, culturais e naturais de nossa herança nacional; manter a diversidade am-
biental; garantir a qualidade dos recursos renováveis; introduzir a reciclagem dos recursos não
renováveis; permitir uma ponderação entre os benefícios de um projeto e seus custos ambien-
tais, normalmente não computados nos seus custos econômicos; etc11.
RIMA. Com a conclusão do estudo prévio de impacto ambiental, será apresentado um rela-
tório de impacto ambiental (RIMA). Tal relatório refletirá as conclusões do estudo de impacto
ambiental e conterá, no mínimo:

I – Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais,


planos e programas governamentais;
II – A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada
um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias-primas, e mão de
obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões,
resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto;

11
Cf.: Artigo 5º da resolução CONAMA n. 1, de 23 de janeiro de 1986.

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IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, consi-


derando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando
os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;
V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes
situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização;
VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos
negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado;
VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem
geral)12.

1.7. Zoneamento Ambiental

Especificamente em relação ao zoneamento ambiental tem-se que este se constitui como


um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente que deve ser utilizado pelo poder
público para que a ocupação (e a utilização) do território seja feita de forma sustentável.
ZEE. Segundo estabelece o art.  2º do Decreto Federal n.  4.297/2002, o  ZEE constitui-se
como um instrumento de organização do território que deve ser obrigatoriamente seguido na
implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas. Do mesmo modo, estabelece
medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos
recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento
sustentável e a melhoria das condições de vida da população.
Objetivos. Seu objetivo é viabilizar o desenvolvimento sustentável a partir da compatibi-
lização do desenvolvimento socioeconômico com a conservação ambiental, induzindo com-
portamentos privados e políticas públicas, como os incentivos fiscais, via Imposto Territorial
Rural (ITR), para a conservação de áreas de preservação permanente e de reserva legal em
propriedades rurais13.
Segundo dispõe o Código Florestal, a localização da área de Reserva Legal no imóvel rural
deverá levar em consideração os seguintes estudos e critérios:

12
Cf.: Artigo 9º da resolução CONAMA n. 1, de 23 de janeiro de 1986.
13
Para mais detalhes, cf. MEIRA, Liziane Angelotti; LEAL, Rhauá Hulek Linário; BARROSO, Pérsio Henrique. Zoneamento Eco-
lógico-Econômico e Imposto Territorial Rural Instrumentos para o desenvolvimento sustentável. In: Revista de Informação
Legislativa. Ano 50 Número 198 abr./jun. 2013. Disponível em:
http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/496959/000983408.pdf?sequence=1. Acesso em 25 dez. 2016.

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I – o plano de bacia hidrográfica;


II – o Zoneamento Ecológico-Econômico;
III – a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Per-
manente, com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida;
IV – as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e
V – as áreas de maior fragilidade ambiental14.

Em linhas gerais, o ZEE tem como objetivo viabilizar o desenvolvimento sustentável a partir
da compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com a proteção ambiental. Segun-
do estabelece o art. 3º do referido Decreto, o ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma
vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos
e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena ma-
nutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas. Em resumo: seu objetivo é o
uso sustentável dos recursos naturais e o equilíbrio dos ecossistemas existentes.
Assim, este mecanismo de gestão ambiental consiste na delimitação de zonas ambientais
e atribuição de usos e atividades compatíveis entre si, segundo as características (potenciali-
dades e restrições) de cada uma delas.
Por fim, registre-se que o ZEE tem sido utilizado pelo poder público com o objetivo de efe-
tivar ações de planejamento ambiental territorial.
Zoneamento industrial. Do mesmo modo, foi criada a lei n. 6.803, de 2 de julho de 1980
com o objetivo de dispor sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas deno-
minadas áreas críticas de poluição15. Assim, os locais destinados à instalação de indústrias
nessas áreas, serão definidos em esquema de zoneamento urbano, aprovado por lei, que com-
patibilize as atividades industriais com a proteção ambiental.
As zonas industriais subdividem-se em: a) zonas de uso estritamente industrial16; b) zonas
de uso predominantemente industrial17; c) zonas de uso diversificado18.

14
Cf. art. 14 da Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012.
15
Sobre áreas críticas de poluição veja o art. 4º do Decreto-lei n. 1.413, de 14 de agosto de 1975
16
Art . 2º As zonas de uso estritamente industrial destinam-se, preferencialmente, à localização de estabelecimentos indus-
triais cujos resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações, emanações e radiações possam causar perigo à saúde,
ao bem-estar e à segurança das populações, mesmo depois da aplicação de métodos adequados de controle e tratamento
de efluentes, nos termos da legislação vigente.
17
Art . 3º As zonas de uso predominantemente industrial destinam-se, preferencialmente, à instalação de indústrias cujos
processos, submetidos a métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, não causem incômodos sensíveis às
demais atividades urbanas e nem perturbem o repouso noturno das populações.
18
Art . 4º As zonas de uso diversificado destinam-se à localização de estabelecimentos industriais, cujo processo produtivo
seja complementar das atividades do meio urbano ou rural que se situem, e com elas se compatibilizem, independente-
mente do uso de métodos especiais de controle da poluição, não ocasionando, em qualquer caso, inconvenientes à saúde,
ao bem-estar e à segurança das populações vizinhas.
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É importante salientar que, independentemente de sua categoria, as zonas de uso industrial


serão classificadas em: não saturadas; em vias de saturação; ou saturadas. Tal classificação é
importante porque os programas de controle da poluição e o licenciamento para a instalação,
operação ou aplicação de indústrias, em áreas críticas de poluição, serão objeto de normas
diferenciadas, segundo o nível de saturação, para cada categoria de zona industrial.
Por fim registre-se que, dentre as caraterísticas que deverão ser observadas para o proce-
dimento de licenciamento de estabelecimentos industriais cite-se:

I – emissão de gases, vapores, ruídos, vibrações e radiações;


II – riscos de explosão, incêndios, vazamentos danosos e outras situações de emergência;
III – volume e qualidade de insumos básicos, de pessoal e de tráfego gerados;
IV – padrões de uso e ocupação do solo;
V – disponibilidade nas redes de energia elétrica, água, esgoto, comunicações e outros; e
VI – horários de atividade. (art. 9º, Lei n. 6.803, de 2 de julho de 1980).

1.8. Lei n. 10.650, de 16 de Abril de 2003

Dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades
integrantes do Sisnama.
Texto legal:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-
guinte Lei:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o acesso público aos dados e informações ambientais existentes nos
órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama, instituído pela
Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional, integrantes
do Sisnama, ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos
administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que
estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico, especialmente as relativas a:
I – qualidade do meio ambiente;
II – políticas, planos e programas potencialmente causadores de impacto ambiental;
III – resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição e de atividades
potencialmente poluidoras, bem como de planos e ações de recuperação de áreas degradadas;
IV – acidentes, situações de risco ou de emergência ambientais;
V – emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção de resíduos sólidos;
VI – substâncias tóxicas e perigosas;

Art . 5º lei n. 6.803, de 2 de julho de 1980

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VII – diversidade biológica;


VIII – organismos geneticamente modificados.
§ 1º Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de interesse específico, terá acesso
às informações de que trata esta Lei, mediante requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação
de não utilizar as informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da lei civil, penal, de direi-
to autoral e de propriedade industrial, assim como de citar as fontes, caso, por qualquer meio, venha
a divulgar os aludidos dados.
§ 2º É assegurado o sigilo comercial, industrial, financeiro ou qualquer outro sigilo protegido por lei,
bem como o relativo às comunicações internas dos órgãos e entidades governamentais.
§ 3º A fim de que seja resguardado o sigilo a que se refere o § 2º, as pessoas físicas ou jurídicas que
fornecerem informações de caráter sigiloso à Administração Pública deverão indicar essa circuns-
tância, de forma expressa e fundamentada.
§ 4º Em caso de pedido de vista de processo administrativo, a consulta será feita, no horário de
expediente, no próprio órgão ou entidade e na presença do servidor público responsável pela guarda
dos autos.
§ 5º No prazo de trinta dias, contado da data do pedido, deverá ser prestada a informação ou facul-
tada a consulta, nos termos deste artigo.
Art. 3º Para o atendimento do disposto nesta Lei, as autoridades públicas poderão exigir a presta-
ção periódica de qualquer tipo de informação por parte das entidades privadas, mediante sistema
específico a ser implementado por todos os órgãos do Sisnama, sobre os impactos ambientais
potenciais e efetivos de suas atividades, independentemente da existência ou necessidade de ins-
tauração de qualquer processo administrativo.
Art. 4º Deverão ser publicados em Diário Oficial e ficar disponíveis, no respectivo órgão, em local de
fácil acesso ao público, listagens e relações contendo os dados referentes aos seguintes assuntos:
I – pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão;
II – pedidos e licenças para supressão de vegetação;
III – autos de infrações e respectivas penalidades impostas pelos órgãos ambientais;
IV – lavratura de termos de compromisso de ajustamento de conduta;
V – reincidências em infrações ambientais;
VI – recursos interpostos em processo administrativo ambiental e respectivas decisões;
VII – registro de apresentação de estudos de impacto ambiental e sua aprovação ou rejeição.
Parágrafo único. As relações contendo os dados referidos neste artigo deverão estar disponíveis
para o público trinta dias após a publicação dos atos a que se referem.
Art. 5º O indeferimento de pedido de informações ou consulta a processos administrativos deverá
ser motivado, sujeitando-se a recurso hierárquico, no prazo de quinze dias, contado da ciência da
decisão, dada diretamente nos autos ou por meio de carta com aviso de recebimento, ou em caso
de devolução pelo Correio, por publicação em Diário Oficial.
Art. 6º (VETADO)
Art. 7º (VETADO)
Art. 8º Os órgãos ambientais competentes integrantes do Sisnama deverão elaborar e divulgar rela-
tórios anuais relativos à qualidade do ar e da água e, na forma da regulamentação, outros elementos
ambientais.

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Art. 9º As informações de que trata esta Lei serão prestadas mediante o recolhimento de valor cor-
respondente ao ressarcimento dos recursos despendidos para o seu fornecimento, observadas as
normas e tabelas específicas, fixadas pelo órgão competente em nível federal, estadual ou municipal.
Art. 10. Esta Lei entra em vigor quarenta e cinco dias após a data de sua publicação.

2. Licenciamento Ambiental

O licenciamento ambiental constitui um procedimento administrativo por meio do qual a Ad-


ministração Pública estabelece condições e limites para o exercício de determinadas atividades.
Trata-se de um encadeamento de atos administrativos vinculados com natureza jurídica de
“instrumento de caráter preventivo” de tutela do meio ambiente (art. 9º, IV, Lei n. 6.938/1981)19,
Lei da Política Nacional do Meio Ambiente.
Sob esta ótica, o licenciamento ambiental é “ato uno, de caráter complexo” que poderá so-
frer intervenção de agentes dos vários órgãos do SISNAMA e deverá ser precedido de estudos
técnicos, especialmente de EIA/RIMA quando se verificar hipótese de impacto ambiental20.
O licenciamento ambiental encontra-se definido pela Resolução n. 237 do CONAMA como:

Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instala-
ção, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas
técnicas aplicáveis ao caso21.

Para Daniela Bogado Bastos de Oliveira:

Entende-se por licenciamento ambiental o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente, com fundamento no poder de polícia, licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efeti-
va ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso, bem como os avanços científicos e tecnológicos22.

19
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008.
20
MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
21
Artigo 1º, I, da Resolução Conama n. 237, de 19.12.1997.
22
OLIVEIRA, Daniela Bogado Bastos de. Características constitucionais do município e seu papel na proteção da ambiência
conforme o sistema de repartição de competência: a possibilidade do licenciamento ambiental municipal. In: Revista de
direito e política. v. 3, n. 10, p. 47–60, jul./set., 2006. São Paulo: IBAP, 2006.

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Na mesma linha, a  LC n.  140/2011 conceitua licenciamento ambiental como o procedi-


mento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de re-
cursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental.

2.1. Das Espécies de Licenças Ambientais

O procedimento do licenciamento ambiental compreende a expedição, pelo Poder Público,


de três espécies de licenças:
A primeira, denominada licença prévia, será concedida na fase preliminar do planejamento
do empreendimento ou atividade. Tal licença deverá aprovar a localização e concepção do
empreendimento ou atividade, bem como atestar sua viabilidade ambiental e estabelecer os
requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implemen-
tação23 e terá prazo de validade de até cinco anos. Acentua Alberto Contar:

Para obter licença de instalação de sua atividade, deverá o interessado submeter-se a rigorosas for-
malidades envolvendo a realização de estudos por uma equipe multidisciplinar sobre o local onde
se instalará a atividade, envolvendo todos seus aspectos geofisiográficos, como topografia, clima,
recursos naturais existentes, predominância da direção das correntes aéreas, natureza das ativida-
des econômicas desenvolvidas e sobre suas eventuais projeções de interferências sobre o sossego
e saúde da população das imediações. A estes estudos, se seguirá o Relatório de Impacto Ambien-
tal, que conterá uma síntese de tais estudos e será o instrumento com o qual o empreendedor se
apresentará à autoridade concernente para pedir a licença24.

A segunda licença a ser concedida será a licença de instalação, que autoriza instalação do
empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, pro-
gramas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicio-
nantes, da qual constituem motivo determinante25. É nesta fase que se autoriza a construção e
instalação do empreendimento.

23
Artigo 8º, I, da Resolução Conama n. 237, de 19.12.1997.
24
CONTAR, Alberto. Meio ambiente: dos delitos e das penas (doutrina-legislação-jurisprudência). Rio de Janeiro: Forense,
2004. p. 78
25
Artigo 8º, II, da Resolução Conama n. 237, de 19.12.1997.

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A última espécie de licença prevista é a licença de operação, que é expedida pelo Poder
Público e autoriza operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo
cumprimento do constante nas licenças prévia e de instalação, com as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação26, concedida por um prazo mínimo
de 04 anos e máximo de 10 anos.

2.2. Competência para o Licenciamento Ambiental

No que tange à competência para licenciamento observamos que a lei complementar


140/11 procurou apresentar um melhor delineamento da questão, de modo a permitir que não
só a União, mas também, Estados e Municípios tenham um papel relevante no procedimento
do licenciamento ambiental.
A Lei Complementar n. 140, de 8 de dezembro de 2011, surgiu com o objetivo de regulamen-
tar o disposto nos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição
Federal, fixando normas para a cooperação entre os entes federados nas ações administrati-
vas decorrentes do exercício dessa competência comum relativas à proteção das paisagens
naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas
formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora27.
Consoante asseveram Sidney e Sérgio Guerra, a LC n. 140/2011 ataca pontos nevrálgicos
relacionados à competência ambiental28. Nesta perspectiva, determina a lei constituírem ob-
jetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício
da competência comum:

I – proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão


descentralizada, democrática e eficiente;
II – garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, ob-
servando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades
sociais e regionais;
26
Artigo 8º, III, da Resolução Conama n. 237, de 19.12.1997.
27
Para mais detalhes, cf. COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida; FRANZOI, Sandro Marcelo Paris; FILIPPI, Juliana Cristina
Lopes. Intervenção estatal ambiental: licenciamento ambiental e a Lei n. 140/2011. In: LAZARI, Rafael; FRANZÉ, Luis Henri-
que. Estado e indivíduo: estudos sobre intervencionismo estatal. Curitiba: CRV, 2015
28
GUERRA, Sidney; GUERRA, Sérgio. Intervenção estatal ambiental: licenciamento e compensação de acordo com a Lei Com-
plementar n. 140/2011. São Paulo: Atlas, 2012, p. 50.

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III – harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os
entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa
eficiente; e
IV – garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades
regionais e locais29.

Compulsando-se a LC n. 140/2011 constata-se, ainda, que compete ao órgão responsável


pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar
auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à
legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada30.

3. Política Nacional de Recursos Hídricos

A Política Nacional de Recursos Hídricos foi instituída por meio da Lei n. 9.433, de 8 de
janeiro de 1997, a qual cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regu-
lamentando o inciso XIX do art. 21 da CRFB.

3.1. Fundamentos da PNRH

Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se em diversos fundamentos, podendo-se


citar os seguintes:
• a água é um bem de domínio público31;
• a água é um recurso natural limitado32, dotado de valor econômico;
• em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano
e a dessedentação de animais;
• a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
• a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional
de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos; e

29
Art. 3º, da Lei Complementar n. 140/2011.
30
Cf. art. 17 da LC n. 140/2011.
31
Princípio da dominialidade pública (a água é bem dedomínio público.
32
Princípio da finitude (a água é recurso natural limitado)

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• a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades33.

Tais fundamentos irão orientar a atuação do poder público e da coletividade em questões


relacionadas à referida política pública.

3.2. Objetivos da PNRH

Segundo estabelece o art. 2º, são objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I – assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de


qualidade adequados aos respectivos usos;
II – a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com
vistas ao desenvolvimento sustentável;
III – a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do
uso inadequado dos recursos naturais.

Assim, a preservação da disponibilidade quantitativa e qualitativa de água para as presen-

tes e futuras gerações; a sustentabilidade dos usos da água, admitidos somente os de cunho

racional; e a proteção das pessoas e do meio ambiente contra os eventos hidrológicos críticos,

constituem os objetivos dorsais da referida lei34.

3.3. Diretrizes da PNRH

Segundo estabelece o art. 3º, constituem diretrizes gerais de ação para implementação da

Política Nacional de Recursos Hídricos:

I – a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e
qualidade;
II – a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas,
econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;
III – a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV – a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os pla-
nejamentos regional, estadual e nacional;

33
princípio da gestão descentralizada e democrática.
34
Cf. REsp 994120/RS. Rel.: Min. Herman Benjamin

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V – a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;


VI – a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas cos-
teiras.

Assim, a Política Nacional de Recursos Hídricos parte do pressuposto de que a água é um


recurso natural limitado, dotado de valor econômico e de domínio público. Do mesmo modo,
a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas, devendo a
gestão dos recursos hídricos ser descentralizada e contar com a participação do Poder Públi-
co, dos usuários e das comunidades35.
Por fim, deve o advogado público saber que a derivação ou captação de parcela da água
existente em um corpo de água para consumo final (inclusive abastecimento público, ou in-
sumo de processo produtivo), bem como a extração de água de aquífero subterrâneo para
consumo final ou insumo de processo produtivo, o lançamento em corpo de água de esgotos
e demais resíduos líquidos ou gasosos e o aproveitamento dos potenciais hidrelétricos ou ou-
tros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de
água estão sujeitos a outorga pelo Poder Público. Contudo, independem de outorga pelo Poder
Público o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos
populacionais distribuídos no meio rural, as derivações, captações e lançamentos e acumula-
ções de volumes de água consideradas insignificantes36.

3.4. Dos Instrumentos da PNRH

Para o adequado desempenho da Política Nacional de Recursos Hídricos foram instituídos


diversos instrumentos, a saber:

I – os Planos de Recursos Hídricos;


II – o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;
III – a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV – a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V – a compensação a municípios;
VI – o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos37.

35
Cf. art. 1º da lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
36
Cf. Art. 12 da lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
37
Cf. Art. 5º da lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

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3.5. Da Implementação da PNRH

Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao Poder Executivo

Federal38 tomar uma série de ações. São elas:

I – tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do Sistema Nacional


de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
II  – outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e  regulamentar e fiscalizar os usos, na sua
esfera de competência39;
III – implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional;
IV – promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.

3.6. Das Organizações Civis de Recursos Hídricos

As organizações civis de recursos hídricos abrangem:

I – consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;


II – associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;
III – organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos;
IV – organizações não governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos
da sociedade;
V – outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos40.

É importante frisar que, para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organi-

zações civis de recursos hídricos devem ser legalmente constituídas41.

38
Art. 30. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos Poderes Executivos Estaduais e do Distrito
Federal, na sua esfera de competência: I – outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os
seus usos; II – realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica; III – implantar e gerir o Sistema de Informações sobre
Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito Federal; IV – promover a integração da gestão de recursos hídricos
com a gestão ambiental. (art. 30). E, na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos
do Distrito Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação
e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos. (Art. 31.)
39
Obs. O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade responsável pela efetivação de outorgas de direito de uso
dos recursos hídricos sob domínio da União.
40
Art. 47 da lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
41
Art. 48 da lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

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3.7. Das Infrações e Penalidades

Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou


subterrâneos:

I – derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito
de uso;
II – iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização
de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade
ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades competentes;
III – (VETADO)
IV – utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos
em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;
V – perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização;
VI – fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos;
VII – infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos,
compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes;
VIII – obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas
funções.

No tocante às penalidades, observe-se que àquele que infringir qualquer disposição legal
ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização
de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não atendimento das so-
licitações feitas, ficará, a critério da autoridade competente, sujeito às seguintes penalidades:

I – advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades;
II – multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 a R$ 10.000,00.
III – embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao
efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao
uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;
IV – embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu
antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de
Águas42 ou tamponar os poços de extração de água subterrânea43.

Indenização por danos. No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa,

serão cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas

42
decreto n. 24.643, de 10 de julho de 1934.
43
Art. 50, da lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

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as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos arts.  36, 53, 56 e 58 do Código de

Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa44.

Reincidência: Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro45.

4. Política Nacional de Resíduos Sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, em nível federal, foi instituída por meio da Lei n.
12.305, de 2 de agosto de 2010. Tal lei dispõe sobre princípios, objetivos, instrumentos e dire-
trizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos.
De início, registre-se que a Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de prin-
cípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal, iso-
ladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou parti-
culares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos
resíduos sólidos46.
Trata-se de é um marco na legislação ambiental brasileira, por ser a primeira norma federal
criada com foco na problemática dos resíduos sólidos. Assim, a referida lei trata de questões
relevantes relacionadas a interesses sociais, ambientais e econômicos em praticamente todas
as atividades.

4.1. Dos Princípios da PNRS

No tocante aos princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos, citem-se o princípio


da prevenção e a precaução; o princípio do poluidor-pagador e do protetor-recebedor; o princí-
pio da visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental,
social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; o princípio do desenvolvimento
sustentável; o princípio da ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento,
a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades huma-
nas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos

44
Art. 50, § 2º, da Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
45
Art. 50, § 4º, da Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997.
46
Art. 4º da Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010.

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naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta;


o princípio da cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial
e demais segmentos da sociedade; o princípio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo
de vida dos produtos; o princípio do reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável
como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidada-
nia; o princípio do respeito às diversidades locais e regionais; o princípio do direito da socieda-
de à informação e ao controle social; e os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

4.2. Dos Objetivos da PNRS

Tal Política Nacional de Resíduos Sólidos tem como objetivos:

I – proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;


II – não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;
III – estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços;
IV – adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar
impactos ambientais;
V – redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;
VI – incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insu-
mos derivados de materiais recicláveis e reciclados;
VII – gestão integrada de resíduos sólidos;
VIII – articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial,
com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos;
IX – capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos47;
X – regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos
de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e eco-
nômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir
sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei n. 11.445, de 200748;
XI –prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para produtos reciclados e reciclá-
veis e bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social
e ambientalmente sustentáveis;
XII – integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

47
Consoante estabelece a Lei n. 11.445, de 2007 (art. 7º), o serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sóli-
dos urbanos é composto pelas atividades de coleta, transbordo e transporte dos resíduos; triagem para fins de reúso ou
reciclagem, de tratamento, (inclusive por compostagem) e de disposição final dos resíduos; de varrição, capina e poda de
árvores em vias e logradouros públicos e outros eventuais serviços pertinentes à limpeza pública urbana.
48
Lei de diretrizes nacionais para o saneamento básico.

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XIII – estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto;


XIV – incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a
melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recupe-
ração e o aproveitamento energético; e
XV –estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável49.

4.3. Dos Instrumentos da PNRS


Para a realização da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a referida lei elencou uma série
de instrumentos tais como: planos de resíduos sólidos; inventários e o sistema declaratório
anual de resíduos sólidos; coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramen-
tas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos; incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de as-
sociação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis; monitoramento e a fiscalização
ambiental, sanitária e agropecuária; cooperação técnica e financeira entre os setores público
e privado para o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e tec-
nologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e disposição final ambien-
talmente adequada de rejeitos; pesquisa científica e tecnológica; educação ambiental; incen-
tivos fiscais, financeiros e creditícios; Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; Sistema Nacional de Informações sobre a Ges-
tão dos Resíduos Sólidos (Sinir); Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico
(Sinisa); conselhos de meio ambiente e conselhos de saúde; órgãos colegiados municipais
destinados ao controle social dos serviços de resíduos sólidos urbanos; Cadastro Nacional de
Operadores de Resíduos Perigosos; acordos setoriais; etc.
Do exposto, observa-se que houve a preocupação do legislador em interligar as diversas
políticas públicas relacionadas à área ambiental, de modo a propiciar uma melhor proteção
desse bem jurídico.

4.4. Das Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico


Em nível federal, tem-se que as diretrizes para o saneamento básico e para a política de
saneamento básico encontram-se previstas na Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007.
49
Art. 7º da Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010.

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Saneamento básico. Conceito. Segundo estabelece a referida lei, considera-se saneamen-


to básico o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:
• abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instala-
ções necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as
ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
• esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações ope-
racionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos
sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;
• limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e
instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do
lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; e
• drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respecti-
vas redes urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de
drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amorte-
cimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas
nas áreas urbanas.

Princípios. Os  serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos
seguintes princípios fundamentais:

I – universalização do acesso;
II – integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e componentes de cada
um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando à população o acesso na conformida-
de de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados;
III – abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos
realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente;
IV – disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo das águas
pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes, adequados à saúde pública e à
segurança da vida e do patrimônio público e privado50;
V – adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais;
VI – articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à
pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante
interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico
seja fator determinante;
50
Redação dada pela Lei n. 13.308, de 2016.

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VII – eficiência e sustentabilidade econômica;


VIII –utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários
e a adoção de soluções graduais e progressivas;
IX – transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios insti-
tucionalizados;
X – controle social;
XI – segurança, qualidade e regularidade;
XII – integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos;
XIII – adoção de medidas de fomento à moderação do consumo de água.

Da possibilidade de delegação dos serviços. Estabelece a lei que os titulares dos serviços pú-
blicos de saneamento básico poderão delegar a sua organização, regulação, fiscalização e pres-
tação, nos termos do art. 241 da Constituição Federal e da Lei n. 11.107, de 6 de abril de 2005.
Da prestação regionalizada dos serviços. Do mesmo modo, permitiu a lei a prestação re-
gionalizada de serviços públicos de saneamento básico, a ser realizada por órgão, autarquia,
fundação de direito público, consórcio público, empresa pública ou sociedade de economia
mista estadual, do Distrito Federal, ou municipal, na forma da legislação; ou empresa a que
se tenham concedido os serviços. Nestes casos, as  atividades de regulação e fiscalização
poderão ser exercidas por órgão ou entidade de ente da Federação a que o titular tenha dele-
gado o exercício dessas competências por meio de convênio de cooperação entre entes da
Federação, ou por consórcio público de direito público integrado pelos titulares dos serviços.
Planejamento. Para a adequada prestação de tais serviços é necessário um plano de ação,
o qual deverá conter, no mínimo:

I – diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indi-
cadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as causas das
deficiências detectadas;
II – objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização, admitidas soluções
graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos setoriais;
III – programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas, de modo compa-
tível com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identi-
ficando possíveis fontes de financiamento;
IV – ações para emergências e contingências;
V – mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações
programadas51.

51
Cf. Art. 19 da Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007.

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4.4.1. Diretrizes da Política Federal de Saneamento Básico

A União, no estabelecimento de sua política de saneamento básico, observará as seguintes


diretrizes:

I – prioridade para as ações que promovam a equidade social e territorial no acesso ao saneamento
básico;
II – aplicação dos recursos financeiros por ela administrados de modo a promover o desenvolvimen-
to sustentável, a eficiência e a eficácia;
III – estímulo ao estabelecimento de adequada regulação dos serviços;
IV – utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento social no planejamento, imple-
mentação e avaliação das suas ações de saneamento básico;
V – melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública;
VI – colaboração para o desenvolvimento urbano e regional;
VII – garantia de meios adequados para o atendimento da população rural dispersa, inclusive median-
te a utilização de soluções compatíveis com suas características econômicas e sociais peculiares;
VIII – fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de tecnologias apropriadas e
à difusão dos conhecimentos gerados;
IX – adoção de critérios objetivos de elegibilidade e prioridade, levando em consideração fatores
como nível de renda e cobertura, grau de urbanização, concentração populacional, disponibilidade
hídrica, riscos sanitários, epidemiológicos e ambientais;
X – adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o planejamento de suas ações;
XI – estímulo à implementação de infraestruturas e serviços comuns a Municípios, mediante meca-
nismos de cooperação entre entes federados;
XII – estímulo ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de equipamentos e métodos economizado-
res de água52.

4.4.2. Objetivos da Política Federal de Saneamento Básico

Com relação aos objetivos, constituem objetivos da Política Federal de Saneamento Básico:

I – contribuir para o desenvolvimento nacional, a redução das desigualdades regionais, a geração de


emprego e de renda e a inclusão social;
II – priorizar planos, programas e projetos que visem à implantação e ampliação dos serviços e
ações de saneamento básico nas áreas ocupadas por populações de baixa renda;
III – proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental aos povos indígenas e outras po-
pulações tradicionais, com soluções compatíveis com suas características socioculturais;
IV – proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental às populações rurais e de peque-
nos núcleos urbanos isolados;

52
Art. 48 da Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007.

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V – assegurar que a aplicação dos recursos financeiros administrados pelo poder público dê-se se-
gundo critérios de promoção da salubridade ambiental, de maximização da relação benefício-custo
e de maior retorno social;
VI – incentivar a adoção de mecanismos de planejamento, regulação e fiscalização da prestação
dos serviços de saneamento básico;
VII – promover alternativas de gestão que viabilizem a autossustentação econômica e financeira
dos serviços de saneamento básico, com ênfase na cooperação federativa;
VIII – promover o desenvolvimento institucional do saneamento básico, estabelecendo meios para
a unidade e articulação das ações dos diferentes agentes, bem como do desenvolvimento de sua
organização, capacidade técnica, gerencial, financeira e de recursos humanos, contempladas as
especificidades locais;
IX – fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico, a adoção de tecnologias apropriadas e a
difusão dos conhecimentos gerados de interesse para o saneamento básico;
X – minimizar os impactos ambientais relacionados à implantação e desenvolvimento das ações,
obras e serviços de saneamento básico e assegurar que sejam executadas de acordo com as nor-
mas relativas à proteção do meio ambiente, ao uso e ocupação do solo e à saúde;
XI – incentivar a adoção de equipamentos sanitários que contribuam para a redução do consumo
de água;
XII – promover educação ambiental voltada para a economia de água pelos usuários53.

5. Política Nacional sobre Mudança do Clima

A Política Nacional sobre Mudança do Clima foi regulamentada por meio da Lei n. 12.187,
de 29 de dezembro de 2009.

5.1. Princípios da PNMC

Segundo estabelece a referida lei, a PNMC e as ações dela decorrentes observarão os prin-
cípios da precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e
o das responsabilidades comuns.
Nesta linha tem-se que:

I – todos têm o dever de atuar, em benefício das presentes e futuras gerações, para a redução dos
impactos decorrentes das interferências antrópicas sobre o sistema climático;
II – serão tomadas medidas para prever, evitar ou minimizar as causas identificadas da mudança
climática com origem antrópica no território nacional, sobre as quais haja razoável consenso por
parte dos meios científicos e técnicos ocupados no estudo dos fenômenos envolvidos;

53
Art. 49 da Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007.

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III – as medidas tomadas devem levar em consideração os diferentes contextos socioeconômicos


de sua aplicação, distribuir os ônus e encargos decorrentes entre os setores econômicos e as po-
pulações e comunidades interessadas de modo equitativo e equilibrado e sopesar as responsabili-
dades individuais quanto à origem das fontes emissoras e dos efeitos ocasionados sobre o clima;
IV – o desenvolvimento sustentável é a condição para enfrentar as alterações climáticas e conciliar
o atendimento às necessidades comuns e particulares das populações e comunidades que vivem
no território nacional;
V – as ações de âmbito nacional para o enfrentamento das alterações climáticas, atuais, presentes
e futuras, devem considerar e integrar as ações promovidas no âmbito estadual e municipal por
entidades públicas e privadas54.

5.2. Objetivos da PNMC


A referida lei terá como objetivos: a compatibilização do desenvolvimento econômico-so-
cial com a proteção do sistema climático; a redução das emissões antrópicas de gases de
efeito estufa em relação às suas diferentes fontes; o fortalecimento das remoções antrópicas
por sumidouros de gases de efeito estufa no território nacional; a implementação de medidas
para promover a adaptação à mudança do clima pelas 3 (três) esferas da Federação, com a
participação e a colaboração dos agentes econômicos e sociais interessados ou beneficiários,
em particular aqueles especialmente vulneráveis aos seus efeitos adversos; a preservação,
à conservação e à recuperação dos recursos ambientais, com particular atenção aos grandes
biomas naturais tidos como Patrimônio Nacional; a consolidação e à expansão das áreas le-
galmente protegidas e ao incentivo aos reflorestamentos e à recomposição da cobertura vege-
tal em áreas degradadas; e o estímulo ao desenvolvimento do Mercado Brasileiro de Redução
de Emissões (MBRE)55.
PNMC e desenvolvimento sustentável. A lei ainda explicitou que os objetivos da Política
Nacional sobre Mudança do Clima deverão estar em consonância com o desenvolvimento
sustentável a fim de buscar o crescimento econômico, a erradicação da pobreza e a redução
das desigualdades sociais.

5.3. Diretrizes da PNMC

São diretrizes da Política Nacional sobre Mudança do Clima:

54
Art. 3º da Lei n. 12.187, de 29 de dezembro de 2009.
55
Art. 4º.

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I – os compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mu-
dança do Clima, no Protocolo de Quioto e nos demais documentos sobre mudança do clima dos
quais vier a ser signatário;
II – as ações de mitigação da mudança do clima em consonância com o desenvolvimento susten-
tável, que sejam, sempre que possível, mensuráveis para sua adequada quantificação e verificação
a posteriori;
III – as medidas de adaptação para reduzir os efeitos adversos da mudança do clima e a vulnerabi-
lidade dos sistemas ambiental, social e econômico;
IV – as estratégias integradas de mitigação e adaptação à mudança do clima nos âmbitos local,
regional e nacional;
V – o estímulo e o apoio à participação dos governos federal, estadual, distrital e municipal, assim
como do setor produtivo, do meio acadêmico e da sociedade civil organizada, no desenvolvimento e
na execução de políticas, planos, programas e ações relacionados à mudança do clima;
VI – a promoção e o desenvolvimento de pesquisas científico-tecnológicas, e a difusão de tecnolo-
gias, processos e práticas orientados a:
a) mitigar a mudança do clima por meio da redução de emissões antrópicas por fontes e do fortale-
cimento das remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa;
b) reduzir as incertezas nas projeções nacionais e regionais futuras da mudança do clima;
c) identificar vulnerabilidades e adotar medidas de adaptação adequadas;
VII – a utilização de instrumentos financeiros e econômicos para promover ações de mitigação e
adaptação à mudança do clima, observado o disposto no art. 6º;
VIII – a identificação, e sua articulação com a Política prevista nesta Lei, de instrumentos de ação
governamental já estabelecidos aptos a contribuir para proteger o sistema climático;
IX – o apoio e o fomento às atividades que efetivamente reduzam as emissões ou promovam as
remoções por sumidouros de gases de efeito estufa;
X – a promoção da cooperação internacional no âmbito bilateral, regional e multilateral para o finan-
ciamento, a capacitação, o desenvolvimento, a transferência e a difusão de tecnologias e processos
para a implementação de ações de mitigação e adaptação, incluindo a pesquisa científica, a obser-
vação sistemática e o intercâmbio de informações;
XI  – o aperfeiçoamento da observação sistemática e precisa do clima e suas manifestações no
território nacional e nas áreas oceânicas contíguas;
XII – a promoção da disseminação de informações, a educação, a capacitação e a conscientização
pública sobre mudança do clima;
XIII – o estímulo e o apoio à manutenção e à promoção:
a) de práticas, atividades e tecnologias de baixas emissões de gases de efeito estufa;
b) de padrões sustentáveis de produção e consumo56.

5.4. Instrumentos da PNMC


Por fim, registre-se que a referida lei elencou diversos instrumentos relacionados à Políti-
ca Nacional sobre Mudança do Clima. São eles: o Plano Nacional sobre Mudança do Clima;

56
Art. 5º da Lei n. 12.187, de 29 de dezembro de 2009.

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o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima; os Planos de Ação para a Prevenção e Controle
do Desmatamento nos biomas; a Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima, de acordo com os critérios estabelecidos por essa
Convenção e por suas Conferências das Partes; as resoluções da Comissão Interministerial de
Mudança Global do Clima; as medidas fiscais e tributárias destinadas a estimular a redução
das emissões e remoção de gases de efeito estufa, incluindo alíquotas diferenciadas, isen-
ções, compensações e incentivos, a serem estabelecidos em lei específica; as linhas de crédito
e financiamento específicas de agentes financeiros públicos e privados; o desenvolvimento de
linhas de pesquisa por agências de fomento; as dotações específicas para ações em mudança
do clima no orçamento da União; os mecanismos financeiros e econômicos referentes à miti-
gação da mudança do clima e à adaptação aos efeitos da mudança do clima que existam no
âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e do Protocolo de
Quioto; os mecanismos financeiros e econômicos, no âmbito nacional, referentes à mitigação
e à adaptação à mudança do clima; as medidas existentes, ou a serem criadas, que estimulem
o desenvolvimento de processos e tecnologias, que contribuam para a redução de emissões e
remoções de gases de efeito estufa, bem como para a adaptação, dentre as quais o estabeleci-
mento de critérios de preferência nas licitações e concorrências públicas, compreendidas aí as
parcerias público-privadas e a autorização, permissão, outorga e concessão para exploração
de serviços públicos e recursos naturais, para as propostas que propiciem maior economia
de energia, água e outros recursos naturais e redução da emissão de gases de efeito estufa
e de resíduos; os registros, inventários, estimativas, avaliações e quaisquer outros estudos de
emissões de gases de efeito estufa e de suas fontes, elaborados com base em informações
e dados fornecidos por entidades públicas e privadas; as medidas de divulgação, educação e
conscientização; o monitoramento climático nacional; os indicadores de sustentabilidade; o
estabelecimento de padrões ambientais e de metas, quantificáveis e verificáveis, para a redu-
ção de emissões antrópicas por fontes e para as remoções antrópicas por sumidouros de ga-
ses de efeito estufa; a avaliação de impactos ambientais sobre o microclima e o macroclima57.

6. Política Nacional de Educação Ambiental


De início, registre-se que a educação ambiental foi expressamente prevista em diversos
diplomas normativos brasileiros. Assim, a  educação ambiental a todos os níveis de ensino
57
Art. 6º da lei n. 12.187, de 29 de dezembro de 2009.

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constitui-se como um princípio orientador da PNMA. Do mesmo modo, a  Lei n. 12.305, de


2 de agosto de 2010, ao tratar da Política Nacional de Resíduos Sólidos inseriu a educação

ambiental como um dos instrumentos postos à disposição do poder público etc.

Porém, com o objetivo de tratar a matéria de forma mais específica, foi criada a Lei n. 9.795,

de 27 de abril de 1999, a qual dispõe sobre a educação ambiental, institui a política Nacional de

Educação Ambiental e dá outras providências.

Conceito. Segundo estabelece a referida lei:

entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade (art. 1º).

Do mesmo modo, explicitou-se que a educação ambiental é um componente essencial e

permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os

níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal58 e não formal59.

6.1. Dos Deveres em Relação à Educação

A lei da Política Nacional de Educação ambiental atribuiu uma série de obrigação ao poder
público, às instituições educativas, aos órgãos integrantes do SISNAMA, aos meios de comu-
nicação, às empresas, entidades de classe, instituições (públicas e privadas) e à sociedade
como um todo. Assim, tem-se que:
Ao Poder Público, incumbe o dever de definir políticas públicas que incorporem a dimensão
ambiental, promovam a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da
sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.
No que tange às instituições educativas incumbe-lhe a missão de promover a educação
ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem.
58
Entendem-se por educação ambiental formal aquela desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino
públicas e privadas.
59
Entendem-se por educação ambiental não formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade
sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente (art. 13 da Lei
n. 9.795, de 27 de abril de 1999).

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Aos órgãos integrantes Sisnama incumbe o dever de promover ações de educação am-
biental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.
Em razão de sua área de atuação, aos meios de comunicação de massa foi conferida a
missão de colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práti-
cas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação.
Do mesmo modo, as empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas deve
promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao
controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo
produtivo no meio ambiente.
Por fim, a  sociedade em geral também possui uma missão importante nesse processo,
cabendo-lhe agir de modo a estimular a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção,
a identificação e a solução de problemas ambientais.

6.2. Princípios Básicos da Educação Ambiental

A educação ambiental terá como princípios:

I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;


II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o
meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III – o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdiscipli-
naridade;
IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V – a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI – a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII – o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural60.

6.3. Objetivos Fundamentais da Educação Ambiental

São objetivos fundamentais da educação ambiental:

I – o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e com-
plexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômi-
cos, científicos, culturais e éticos;
60
Cf. art. 4º da Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999.

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II – a garantia de democratização das informações ambientais;


III  – o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e
social;
IV – o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do
equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inse-
parável do exercício da cidadania;
V – o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais,
com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI – o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII – o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamen-
tos para o futuro da humanidade.

6.4. Da Execução da PNEA


Segundo estabelece a lei, a coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará
a cargo de um órgão gestor, o qual terá como atribuições: definir diretrizes para implementação
em âmbito nacional61; articular, coordenar e supervisionar planos, programas e projetos na área
de educação ambiental, em âmbito nacional; e participar na negociação de financiamentos a
planos, programas e projetos na área de educação ambiental.

6.5. Consciência Ecológica e Educação Ambiental


Conforme mencionado, a promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino
e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente constitui-se como um dever
do Estado (art. 225, VI).
Para Lise Vieira62, a informação e a educação também se constituem como pressupostos
essenciais para que a participação popular na tutela ambiental seja realizada de maneira efi-
caz, uma vez que desempenham papel importante para a conscientização da sociedade. Sem
que haja informação e conhecimento torna-se difícil a implementação da participação popular
na defesa do meio ambiente.

61
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretri-
zes, normas e critérios para a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação
Ambiental. (Art. 16)
62
TUPIASSA, Lise Vieira da Costa. O direito ambiental e seus princípios informativos. In: Revista de Direito Ambiental. Ano 8,
abr/jun. 2003, n. 30, p. 174

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Pensando assim, nossa Constituição estabeleceu que a educação ambiental deverá fazer
parte dos currículos escolares, conscientizando-se a sociedade acerca da necessidade de pre-
servação do meio ambiente.
Observe-se, por oportuno, que a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.
9.394/1996) inseriu a educação ambiental em sua proposta de Parâmetros Curriculares
Nacionais, passando a fazer parte do currículo do ensino fundamental. Tais medidas visam
conscientizar os cidadãos acerca da importância da proteção do meio ambiente, face às
consequências danosas que a sua violação pode trazer a todos os seres vivos.

6.6. Do Acesso à Informação


Do exposto nos itens anteriores, torna-se possível concluir que o acesso à informação e a
educação ambiental são requisitos imprescindíveis para que a participação popular ocorra de
modo efetivo. A propósito, a garantia de democratização das informações ambientais consti-
tui-se como um dos objetivos fundamentais da educação ambiental.
Desse modo, observa-se o Poder Público (em todas as suas esferas) incentivará a difusão
(por intermédio dos meios de comunicação de massa) de programas e campanhas educativas,
e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente.63
Na mesma linha, tem-se que a promoção da disseminação de informações, a educação,
a  capacitação e a conscientização pública sobre mudança do clima foram expressamente
incluídas dentre as diretrizes da Política Nacional sobre Mudança do Clima.
Assim para que o indivíduo possa atuar de forma a, efetivamente, garantir o desenvolvi-
mento sustentável e proteger o meio ambiente é fundamental que o mesmo tenha acesso à
informação64.
Transgênicos. O decreto n. 4.680, de 24 de abril de 2003 regulamenta o direito à informa-
ção (assegurado pela Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990) em relação aos alimentos e
ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam

63
Cf. art. 13, parágrafo único, da lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999
64
Com efeito, o código de defesa do consumidor estabelece que este tem o direito à informação adequada e clara sobre
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e
preço, bem como sobre os riscos que apresentem. (Para mais detalhes, cf. COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. O Estado
e a proteção do consumidor. Brasília: Coutinho, 2016.

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produzidos a partir de organismos geneticamente modificados. Assim, a na hipótese de co-


mercialização de alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou
animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modifi-
cados, com presença acima do limite de um por cento do produto, o consumidor deverá ser
informado da natureza transgênica desse produto65.

7. Direito Urbanístico e Política Urbana

O adequado conhecimento da matéria implica no estudo dos princípios do regime jurídico-


-administrativo atinentes ao Direito Urbanístico, bem como dos Princípios do Direito Urbanístico.
Em nível constitucional é preciso conhecer a regulamentação do regime urbanístico no
Brasil, o que implica no estudo da federação, bem como da autonomia e competências dos
diversos entes federativos.
No âmbito do direito civil, destaquem-se os bens públicos: definição, características, classifi-
cação etc. Destaque-se, ainda, a questão relacionada à propriedade urbana e sua função social.
Na área administrativa, diversos são os temas relacionados ao direito urbanístico, desta-
cando-se a afetação (e desafetação) de bens públicos, bem como o poder de polícia adminis-
trativa e as limitações administrativas e urbanísticas ao direito de propriedade.
Observe-se, ainda, as questões tributárias relacionadas ao direito urbanístico, tais como o
IPTU progressivo no tempo, entre outras.
Feitas tais considerações, julga-se oportuno tratar de forma mais detalhada acerca do pla-
nejamento urbano e da política de ocupação do solo.

7.1. Da Política de Desenvolvimento Urbano

Denomina-se política urbana o “conjunto de estratégias e ações de Poder Público, isola-


damente ou em cooperação com o setor privado, necessárias à constituição, preservação,
melhoria e restauração da ordem urbanística em prol do bem-estar das comunidades”66.

65
Sobre o tema, veja-se: Recurso Especial n. 1438347 – SC
66
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Comentários ao Estatuto da Cidade. São Paulo: Atlas, 2013, p. 17

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Consoante expressa disposição constitucional, a política de desenvolvimento urbano será


executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei67. Por esta
razão, trata-se de tema diretamente relacionado aos que militam na advocacia pública em nível
municipal, devendo ter noção acerca das regras relacionadas ao ordenamento Territorial e as
Competências Urbanísticas.
A CRFB demonstrou sua preocupação com a função social da propriedade urbana. Segun-
do o art. 182, § 2º “a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigên-
cias fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor”.
A preocupação com políticas públicas habitacionais insere-se dentre as atribuições do Po-
der Público. Assim, com o objetivo de implementar políticas públicas específicas relacionadas
à questão habitacional e de ordenamento territorial foi criada a Lei n. 10.257/2001 – Estatuto
da cidade. Tal lei regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretri-
zes gerais da política urbana e dá outras providências68.
O art. 2º do Estatuto da cidade traz um extenso rol de diretrizes que devem ser observadas
pela política urbana. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

7.2. Dos Instrumentos da Política Urbana

Do mesmo modo, o Estatuto traz, em seu art. 4º, um extenso rol de instrumentos da política
urbana. São eles:

I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento econô-


mico e social;
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal;
IV – institutos tributários e financeiros;
V – institutos jurídicos e políticos; e
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).

67
Cf. Estatuto da Cidade – lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001.
68
Cf. COUTINHO Nilton Carlos De Almeida. Desastres, cidadania e o papel do estado: as relações entre os direitos fundamen-
tais e a proteção contra desastres “naturais” hidrológicos. (tese de doutorado) São Paulo: Mackenzie, 2013

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Em nível municipal, destaque-se plano diretor; o parcelamento, do uso e da ocupação do


solo; o zoneamento ambiental; o plano plurianual; as diretrizes orçamentárias e orçamento
anual; a gestão orçamentária participativa69; os planos, programas e projetos setoriais; os pla-
nos de desenvolvimento econômico e social; os institutos tributários e financeiros70.
No que se refere aos institutos jurídicos e políticos, destaquem-se a desapropriação, a ser-
vidão administrativa, as limitações administrativas, o tombamento de imóveis ou de mobiliário
urbano, a instituição de unidades de conservação, a instituição de zonas especiais de interesse
social, a concessão de direito real de uso, a concessão de uso especial para fins de moradia,
o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, a usucapião especial de imóvel urbano,
o direito de superfície, o direito de preempção, a outorga onerosa do direito de construir e de
alteração de uso, a transferência do direito de construir, as operações urbanas consorciadas,
a regularização fundiária, a assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e gru-
pos sociais menos favorecidos, o  referendo popular e plebiscito, a  demarcação urbanística
para fins de regularização fundiária e a legitimação de posse71.
Do parcelamento, edificação ou utilização compulsórios. Consoante estabelece o Estatuto
da Cidade, Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o
parcelamento, a  edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não edificado, su-
butilizado72 ou não utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para implementação da
referida obrigação73.
Do IPTU progressivo no tempo. Outro instrumento utilizado é o IPTU progressivo no tempo.
Segundo estabelece a lei (art. 7º) em caso de descumprimento das condições e dos prazos
previstos na forma do caput do art. 5º desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas
em seu parágrafo 5º, o Município procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade pre-
dial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo
prazo de cinco anos consecutivos.
69
Obs.: No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa incluirá a realização de debates, audiências e consultas
públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição
obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal. (art. 44 do Estatuto da Cidade).
70
IPTU; contribuição de melhoria; e incentivos e benefícios fiscais e financeiros.
71
Para mais detalhes, cf. art. 5º e seguintes do Estatuto da Cidade.
72
Considera-se subutilizado o imóvel cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação
dele decorrente (Art. 5º, § 1º, I).
73
Art. 5º da Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001.

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Da desapropriação com pagamento em títulos. Caso tenham decorridos cinco anos de


cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcela-
mento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com
pagamento em títulos da dívida pública74.
Da usucapião especial de imóvel urbano. A usucapião constitui-se como uma forma origi-
nária de aquisição de propriedade. Nos termos do art. 9º do Estatuto da Cidade, aquele que
possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados,
por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua fa-
mília, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Do direito de superfície. O direito de superfície referente a determinada área abrange o di-
reito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida
no contrato respectivo, atendida a legislação urbanística (e poderá ser gratuita ou onerosa)75.
Do direito de preempção. O direito de preempção consiste no direito de preferência, confe-
rido ao Poder Público municipal, para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa
entre particulares76.
Tal direito será exercido sempre que o Poder Público necessitar de áreas para:
• regularização fundiária;
• execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;
• constituição de reserva fundiária;
• ordenamento e direcionamento da expansão urbana;
• implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
• criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;
• criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse ambiental;
• proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico.

No tocante às áreas em que incidirá o direito de preempção, tem-se que estas serão delimi-
tadas por Lei municipal, baseada no plano diretor a qual fixará prazo de vigência, não superior
a cinco anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.

74
Com relação ao procedimento expropriatório, veja-se Decreto-Lei n. 3.365/1941 (arts. 11 a 30).
75
Art. 21, § 1º, da Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001.
76
Art. 25 da Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001.

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Da Outorga Onerosa do Direito de Construir

Segundo estabelece o Estatuto da cidade (art. 28) o plano diretor poderá fixar áreas nas
quais o direito de construir poderá ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento77
básico adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.
É importante salientar que o plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico
único para toda a zona urbana ou diferenciado para áreas específicas dentro da zona urbana78.
Do mesmo modo, (art. 28, § 3º) o plano diretor definirá os limites máximos a serem atingi-
dos pelos coeficientes de aproveitamento, considerando a proporcionalidade entre a infraes-
trutura existente e o aumento de densidade esperado em cada área.
Das operações urbanas consorciadas. Considera-se operação urbana consorciada o con-
junto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participa-
ção dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o ob-
jetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais
e a valorização ambiental. Nestes casos, Lei municipal específica, baseada no plano diretor,
poderá delimitar área para aplicação das operações consorciadas79.

Da Transferência do Direito de Construir

Do mesmo modo, lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o proprietário de
imóvel urbano, privado ou público, a exercer em outro local, ou alienar, mediante escritura públi-
ca, o direito de construir previsto no plano diretor ou em legislação urbanística dele decorrente.
Tal possibilidade estará presente quando o referido imóvel for considerado necessário
para fins de:

I – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;


II – preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico,
social ou cultural;

77
Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é a relação entre a área edificável e a área do terreno (art. 28, § 1º).
78
Art. 28, § 2º, da Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001.
79
Para mais detalhes, cf. art. 32 e parágrafos.

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III – servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população
de baixa renda e habitação de interesse social80.

Do Estudo de Impacto de Vizinhança

Do mesmo modo, atribuiu-se à Lei municipal81 o poder de definir os empreendimentos e ati-


vidades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio
de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, amplia-
ção ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal. Nota-se, assim, o caráter preventi-
vo do referido instrumento de política urbana.
Observe-se, ainda, que o EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e
negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente

na área e suas proximidades, bem como a análise de outras questões relevantes82,83.


Do exposto, conclui-se que EIV tem por finalidade instruir e informar o poder público e a

sociedade em geral acerca da capacidade do meio urbano em comportar determinado empre-

endimento84.

7.2. Do Plano Diretor

Segundo estabelece o Estatuto da Cidade, o plano diretor, aprovado por lei municipal, é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana, devendo englobar o
território do Município como um todo. Observe-se, ainda, que o plano diretor é obrigatório para
cidades: com mais de vinte mil habitantes; integrantes de regiões metropolitanas e aglomera-
ções urbanas; onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no

80
Art. 35 da Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001.
81
Art. 36 da Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001
82
Dente as questões relevantes, citem-se: I – adensamento populacional; II – equipamentos urbanos e comunitários; III – uso
e ocupação do solo; IV – valorização imobiliária; V – geração de tráfego e demanda por transporte público; VI – ventilação
e iluminação; VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural
83
Art. 37 da Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001..
84
MIRANDA, Marcos Paulo de Souza. Tutela do Patrimônio Cultural Brasileiro. Doutrina – Jurisprudência – Legislação. Belo
Horizonte: Del Rey. 2006.

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§ 4º do art. 182 da Constituição Federal85; integrantes de áreas de especial interesse turístico;


inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto
ambiental de âmbito regional ou nacional; ou incluídas no cadastro nacional de Municípios
com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas
ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos86.

7.3. Da Proteção contra Desastres

Apesar da importância da adoção de medidas de proteção contra desastres, observa-se


que tal área é tratada de forma superficial na área do direito público, sendo vista como um
mero capítulo ou apêndice de outros ramos jurídicos (tais como o Direito Constitucional, o Di-
reito Administrativo, o Direito Ambiental e o Direito Urbanístico). Realizar pesquisas sobre o
tema, tratando a proteção contra desastres enquanto direito fundamental do ser humano, pode
contribuir para que o tema passe a ser tratado pelo Poder Público e pela sociedade com a
relevância que lhe é inerente. Do mesmo modo, o direito de proteção contra desastres possui
relação com diversos ramos do conhecimento (jurídico e extrajurídico) tendo em vista que a
proteção contra desastres se relaciona a questões sociais, econômicas, urbanísticas, geográ-
ficas etc. No que se refere aos danos decorrentes de desastres, observa-se que a não regula-
ção antecipada dos riscos pelo direito (e, em especial, pelo direito fundiário, urbanístico e am-
biental), tem contribuído para a eclosão de danos com consequências de grande magnitude e
com maior frequência. Para tanto, é necessário conscientizar governo e população acerca dos
benefícios advindos da implementação de medidas preventivas como instrumento protetivo.
Assim, quanto mais cedo medidas dessa natureza forem adotadas, maiores serão as chances
de efeitos positivos, reduzindo o número de perdas humanas e materiais87.

85
São eles: I – parcelamento ou edificação compulsórios; II – imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana pro-
gressivo no tempo; e III –desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente apro-
vada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o
valor real da indenização e os juros legais.
86
Art. 41 da Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001.
87
Sobre o tema, cf. COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. Desastres, cidadania e o papel do Estado: as relações entre os direi-
tos fundamentais e a proteção contra desastres “naturais” hidrológicos. Tese (Doutorado em Direito Político e Econômico)
– Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014; COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. Direitos fundamentais e
desenvolvimento sustentável: a importância da proteção contra desastres hidrológicos In: Revista Eletrônica do Curso de
Direito da UFSM. v. 11, n. 3 / 2016 p. 915-930. Disponível em www.ufsm.br/revistadireito. Acesso em 20 dez. 2016.
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Registre-se, ainda, que a Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979 (lei de parcelamento do


solo urbano) também sofreu alterações por força da Lei n. 12.608/2012. Assim, nos termos do
parágrafo 3º do citado artigo:

é vedada a aprovação de projeto de loteamento e desmembramento em áreas de risco definidas


como não edificáveis, no Plano Diretor ou em legislação dele derivada.

Trata-se de importante medida no sentido de evitar a construção de moradias em locais


sujeitos à ocorrência de desastres.

7.4. Da Gestão Democrática da Cidade

A participação popular constitui-se como um pressuposto indispensável para que algo seja

considerado democrático. Assim, para que a gestão da cidade seja considerada democrática,

torna-se imprescindível a participação da população, bem como de associações representa-

tivas dos vários segmentos da comunidade. Trata-se de uma diretriz geral da política urbana,

expressamente prevista em lei.

Discorrendo sobre o “princípio da gestão democrática do meio ambiente” FARIAS desta-

ca que este assegura ao cidadão o direito à informação e a participação na elaboração das

políticas públicas ambientais. Do mesmo modo, deve a ele ser assegurado os mecanismos

judiciais, legislativos e administrativos necessários a tal participação88.

Desse modo, para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, diversos

instrumentos, tais como: órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e

municipal; debates, audiências e consultas públicas; conferências sobre assuntos de interes-

se urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; iniciativa popular de projeto de lei e de

planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano etc.

88
FARIAS, Talden Queiroz. Princípios gerais do direito ambiental. Disponível em: http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/
anexos/26874-26876-1-PB.pdf. Acesso em 20 jan. 2018.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – IV/PRIMEIRA FASE/2011) Assi-
nale a alternativa correta quanto ao licenciamento ambiental e ao acesso aos dados e informa-
ções existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama.
a) Caso a área que sofrerá o impacto ambiental seja considerada estratégica para o zonea-
mento industrial nacional de petróleo e gás e em áreas do pré-sal, o órgão ambiental poderá
elaborar estudo prévio de impacto ambiental sigiloso.
b) Um cidadão brasileiro pode solicitar informações sobre a qualidade do meio ambiente em
um município aos órgãos integrantes do Sisnama, mediante a apresentação de título de eleitor
e comprovação de domicílio eleitoral no local.
c) A exigência de Estudo Prévio de Impacto Ambiental para aterros sanitários depende de
decisão discricionária do órgão ambiental, que avaliará no caso concreto o potencial ofensivo
da obra.
d) Uma pessoa jurídica com sede na França poderá solicitar, aos  órgãos integrantes do
Sisnama, mediante requerimento escrito, mesmo sem comprovação de interesse específi-
co, informações sobre resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de
poluição e de atividades potencialmente poluidoras das empresas brasileiras.

Questão 2 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XIII/PRIMEIRA FASE/2014) Nos


termos da Lei n. 11.445/2007 (Lei de Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico), assina-
le a afirmativa que indica o serviço público que não pode ser considerado como saneamento
básico.
a) Esgotamento sanitário.
b) Manejo de águas pluviais urbanas.
c) Limpeza urbana.
d) Administração de recursos hídricos.

Questão 3 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XVI/PRIMEIRA FASE/2015)


Miguel, empreendedor particular, tem interesse em dar início à construção de edifício comercial

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em área urbana de uma grande metrópole. Nesse sentido, consulta seu advogado e indaga
sobre quais são as exigências legais para o empreendimento.
Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) Não é necessária a realização de estudo de impacto ambiental, por ser área urbana, ou es-
tudo de impacto de vizinhança, uma vez que não foi editada até hoje lei complementar exigida
pela Constituição para disciplinar a matéria.
b) É necessário o estudo prévio de impacto ambiental, anterior ao licenciamento ambiental,
a ser efetivado pelo município, em razão de o potencial impacto ser de âmbito local.
c) É necessária a realização de estudo de impacto de vizinhança, desde que o empreendimento
esteja compreendido no rol de atividades estabelecidas em lei municipal.
d) É necessária a realização de estudo de impacto ambiental, o qual não será precedido ne-
cessariamente por licenciamento ambiental, uma vez que a atividade não é potencialmente
causadora de impacto ambiental.

Questão 4 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XVIII/PRIMEIRA FASE/2015)


Determinada sociedade empresária consulta seu advogado para obter informações sobre as
exigências ambientais que possam incidir em seus projetos, especialmente no que tange à
apresentação e aprovação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório
(EIA/RIMA).
Considerando a disciplina do EIA/RIMA pelo ordenamento jurídico, assinale a afirmativa correta.
a) O EIA/RIMA é um estudo simplificado, integrante do licenciamento ambiental, destinado a
avaliar os impactos ao meio ambiente natural, não abordando impactos aos meios artificial e
cultural, pois esses componentes, segundo pacífico entendimento doutrinário e jurispruden-
cial, não integram o conceito de “meio ambiente”.
b) O EIA/RIMA é exigido em todas as atividades e empreendimentos que possam causar im-
pactos ambientais, devendo ser aprovado previamente à concessão da denominada Licença
Ambiental Prévia.
c) O EIA/RIMA, além de ser aprovado entre as Licenças Ambientais Prévia e de Instalação, tem
a sua metodologia e o seu conteúdo regrados exclusivamente por Resoluções do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), podendo a entidade / o órgão ambiental licenciador

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dispensá-lo segundo critérios discricionários e independentemente de fundamentação, ainda


que a atividade esteja prevista em Resolução CONAMA como passível de EIA/RIMA.
d) O EIA-RIMA é um instrumento de avaliação de impactos ambientais, de natureza preventiva,
exigido para atividades/empreendimentos não só efetiva como potencialmente capazes de
causar significativa degradação, sendo certo que a sua publicidade é uma imposição Consti-
tucional (CRFB/1988)

Questão 5 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XX/PRIMEIRA FASE/2016) No


curso de obra pública de construção de represa para fins de geração de energia hidrelétrica em
rio que corta dois estados da Federação, a associação privada Sorrio propõe ação civil pública
buscando a reconstituição do ambiente ao status quo anterior ao do início da construção, por
supostos danos ao meio ambiente.
Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta.
a) Caso a associação Sorrio abandone a ação, o Ministério Público ou outro legitimado assu-
mirá a titularidade ativa.
b) Caso haja inquérito civil público em curso, proposto pelo Ministério Público, a  ação civil
pública será suspensa pelo prazo de até 1 (um) ano.
c) Como o bem público objeto da tutela judicial está localizado em mais de um estado da
federação, a legitimidade ativa exclusiva para propositura da ação civil pública é do Ministério
Público Federal.
d) Caso o pedido seja julgado improcedente por insuficiência de provas, não será possível a
propositura de nova demanda com o mesmo pedido.

Questão 6 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXII/PRIMEIRA FASE/2017) A so-


ciedade empresária Asfalto Joia S/A, vencedora de licitação realizada pela União, irá construir
uma rodovia com quatro pistas de rolamento, ligando cinco estados da Federação. Sobre o licen-
ciamento ambiental e o estudo de impacto ambiental dessa obra, assinale a afirmativa correta.
a) Em caso de instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa de-
gradação do meio ambiente, é  exigível a realização de Estudo prévio de Impacto Ambiental
(EIA), sem o qual não é possível se licenciar nesta hipótese.

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b) O licenciamento ambiental dessa obra é facultativo, podendo ser realizado com outros estu-
dos ambientais diferentes do Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA), visto que ela se realiza
em mais de uma unidade da Federação.
c) O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), gerado no âmbito do Estudo prévio de Impac-
to Ambiental (EIA), deve ser apresentado com rigor científico e linguagem técnica, a  fim de
permitir, quando da sua divulgação, a informação adequada para o público externo.
d) Qualquer atividade ou obra, para ser instalada, dependerá da realização de Estudo prévio de
Impacto Ambiental (EIA), ainda que não seja potencialmente causadora de significativa degra-
dação ambiental.

Questão 7 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXIII/PRIMEIRA FASE/2017)


O Município de Fernandópolis, que já possui aterro sanitário, passa por uma grave crise
econômica. Diante disso, o prefeito solicita auxílio financeiro do Governo Federal para implan-
tar a coleta seletiva de resíduos sólidos, que contará com a participação de associação de
catadores de materiais recicláveis.
Sobre o auxílio financeiro tratado, assinale a afirmativa correta.
a) Não será possível o auxílio financeiro, sob pena de violação ao princípio da isonomia com
relação aos demais entes da Federação.
b) Não será possível o auxílio financeiro, uma vez que a coleta seletiva de resíduos sólidos do
Município de Fernandópolis está sendo realizada parcialmente por associação privada.
c) O auxílio financeiro é possível, desde que o Município possua até 20 mil habitantes ou seja
integrante de área de especial interesse turístico.
d) O auxílio financeiro é possível, desde que o Município elabore plano municipal de gestão
integrada de resíduos sólidos.

Questão 8 Bolão Ltda., sociedade empresária, pretende iniciar atividade de distribuição de


pneus no mercado brasileiro. Para isso, contrata uma consultoria para, dentre outros elemen-
tos, avaliar sua responsabilidade pela destinação final dos pneus que pretende comercializar.
Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
a) A destinação final dos pneus será de responsabilidade do consumidor final, no âmbito do
serviço de regular limpeza urbana.

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b) A sociedade empresária será responsável pelo retorno dos produtos após o uso pelo consu-
midor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana.
c) A destinação final dos pneus, de responsabilidade solidária do distribuidor e do consumidor
final, se dará no âmbito do serviço público de limpeza urbana.
d) Previamente à distribuição de pneus, a sociedade empresária deve celebrar convênio com o pro-
dutor, para estabelecer, proporcionalmente, as responsabilidades na destinação final dos pneus.

Questão 9 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXV/PRIMEIRA FASE/2018) Os


Municípios ABC e XYZ estabeleceram uma solução consorciada intermunicipal para a gestão
de resíduos sólidos. Nesse sentido, celebraram um consórcio para estabelecer as obrigações
e os procedimentos operacionais relativos aos resíduos sólidos de serviços de saúde, gerados
por ambos os municípios.
Sobre a validade do plano intermunicipal de resíduos sólidos, assinale a afirmativa correta.
a) Não é válido, uma vez que os resíduos de serviços de saúde não fazem parte da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, sendo disciplinados por lei específica.
b) É válido, sendo que os Municípios ABC e XYZ terão prioridade em financiamentos de entida-
des federais de crédito para o manejo dos resíduos sólidos.
c) É válido, devendo o consórcio ser formalizado por meio de sociedade de propósito específi-
co com a forma de sociedade anônima.
d) É válido, tendo como conteúdo mínimo a aplicação de 1% (um por cento) da receita corrente
líquida de cada município consorciado.

Questão 10 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXVI/PRIMEIRA FASE/2018) Ao


estabelecer a estrutura de remuneração e de cobrança de tarifas relativas à prestação de ser-
viço de limpeza urbana, a autoridade considera contraprestações variadas para os bairros X e
Y, tendo em vista o nível de renda da população da área atendida.
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta, considerando a Lei da Política Nacional de Sa-
neamento Básico.
a) A estrutura de remuneração está correta, sendo obrigatória a concessão de isenção de tarifa
aos moradores que recebem até um salário mínimo.

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b) A estrutura de remuneração, com base em subsídios para atender usuários e localidades de


baixa renda, pode ser estabelecida.
c) A política de remuneração proposta não é válida, uma vez que qualquer distinção tarifária
deve ter relação direta com o peso ou o volume médio coletado.
d) A política de remuneração não é válida, sendo certo que somente é possível estabelecer
diferenciação tarifária considerando o caráter urbano ou rural da área de limpeza.

Questão 11 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXVII/PRIMEIRA FASE/2018) A


União edita o Decreto n. 123, que fixa as regras pelas quais serão outorgados direitos de uso
dos recursos hídricos existentes em seu território, garantindo que seja assegurado o controle
quantitativo e qualitativo dos usos da água.
Determinada sociedade empresária, especializada nos serviços de saneamento básico, inte-
ressada na outorga dos recursos hídricos, consulta seu advogado para analisar a possibilidade
de assumir a prestação do serviço.
Desse modo, de acordo com a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos, assinale a opção
que indica o uso de recursos hídricos que pode ser objeto da referida outorga pela União.
a) O lançamento de esgotos em corpo de água que separe dois Estados da Federação, com o
fim de sua diluição.
b) A captação da água de um lago localizado em terreno municipal.
c) A extração da água de um rio que banhe apenas um Estado.
d) O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos popu-
lacionais, distribuídos pelo meio rural.

Questão 12 A Lei n. 9.795/1999, que dispõe sobre a educação ambiental, instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental. Esse instrumento legal definiu incumbências para alguns
atores. A esse respeito, relacione os atores às respectivas incumbências.

1) Poder Público
2) Meio de comunicação de massa
3) Instituição educativa
4) Sociedade

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 (  ) Deve definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental e promovam o en-
gajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.
 (  ) Deve promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais
que desenvolve.
(  )
 Deve colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas
educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação.
 (  ) Deve manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que pro-
piciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solu-
ção de problemas ambientais.
Assinale a opção que indica a relação correta, de cima para baixo.
a) 1 – 3 – 2 – 4.
b) 1 – 4 – 2 – 3.
c) 4 – 2 – 3 – 1.
d) 2 – 4 – 3 – 1.
e) 4 – 3 – 2 – 1.

Questão 13 (FGV/PREFEITURA DE OSASCO-SP/AGENTE FISCAL/1ª CLASSE – MEIO AM-


BIENTE/2014) Com relação à Lei Federal n. 11.455, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece as
diretrizes nacionais para o Saneamento Básico, é correto afirmar que:
a) os recursos hídricos integram os serviços públicos de saneamento básico.
b) o abastecimento de água potável não faz parte do que se entende por saneamento básico.
c) o fundamento exclusivo dos serviços públicos de saneamento básico é a promoção da saúde.
d) os serviços públicos de saneamento básico devem ser prestados com a utilização de tecno-
logias apropriadas, independentemente da capacidade de pagamento dos usuários.
e) os serviços públicos de saneamento básico devem ser prestados com base nos princípios
da segurança, qualidade e regularidade.

Questão 14 (FGV/COMPESA/ANALISTA DE GESTÃO – ADMINISTRADOR/2018) Pela Lei


Federal n. 11.445, foi instituído o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico
(SINISA), que tem, entre outros, o objetivo de

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a) priorizar planos, programas e projetos que visem à implantação e ampliação, nas áreas ocu-
padas por populações de baixa renda, dos serviços e ações de saneamento básico.
b) proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental às populações rurais e de
pequenos núcleos urbanos isolados.
c) promover alternativas de gestão que viabilizem a autossustentação econômica e financeira
dos serviços de saneamento básico, com ênfase na cooperação federativa.
d) permitir e facilitar o monitoramento e a avaliação da eficiência e da eficácia da prestação
dos serviços de saneamento básico.
e) promover a educação ambiental entre os usuários, voltada para a economia de água.

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GABARITO
1. d
2. d
3. c
4. d
5. a
6. a
7. d
8. b
9. b
10. b
11. a
12. a
13. e
14. d

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (FGV/2011/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – IV/PRIMEIRA FASE) Assi-
nale a alternativa correta quanto ao licenciamento ambiental e ao acesso aos dados e informa-
ções existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama.
a) Caso a área que sofrerá o impacto ambiental seja considerada estratégica para o zonea-
mento industrial nacional de petróleo e gás e em áreas do pré-sal, o órgão ambiental poderá
elaborar estudo prévio de impacto ambiental sigiloso.
b) Um cidadão brasileiro pode solicitar informações sobre a qualidade do meio ambiente em
um município aos órgãos integrantes do Sisnama, mediante a apresentação de título de eleitor
e comprovação de domicílio eleitoral no local.
c) A exigência de Estudo Prévio de Impacto Ambiental para aterros sanitários depende de
decisão discricionária do órgão ambiental, que avaliará no caso concreto o potencial ofensivo
da obra.
d) Uma pessoa jurídica com sede na França poderá solicitar, aos órgãos integrantes do Sisna-
ma, mediante requerimento escrito, mesmo sem comprovação de interesse específico, infor-
mações sobre resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição
e de atividades potencialmente poluidoras das empresas brasileiras.

Letra d.
Art. 2º, III e § 1º, da Lei n. 10.650/2003:

Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional, integrantes


do Sisnama, ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos
administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que
estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico, especialmente as relativas a:
III – resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição e de atividades
potencialmente poluidoras, bem como de planos e ações de recuperação de áreas degradadas;
§ 1º Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de interesse específico, terá acesso
às informações de que trata esta Lei, mediante requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação
de não utilizar as informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da lei civil, penal, de direi-
to autoral e de propriedade industrial, assim como de citar as fontes, caso, por qualquer meio, venha
a divulgar os aludidos dados

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Questão 2 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XIII/PRIMEIRA FASE/2014) Nos


termos da Lei n. 11.445/2007 (Lei de Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico), assinale a
afirmativa que indica o serviço público que não pode ser considerado como saneamento básico.
a) Esgotamento sanitário.
b) Manejo de águas pluviais urbanas.
c) Limpeza urbana.
d) Administração de recursos hídricos.

Letra d.
Os recursos hídricos não integram os serviços públicos de saneamento básico. Lei n.
11.445/2007.
Sobre as demais alternativas, veja:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei (Lei n. 11. 445/2007), considera-se:


I – saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:
a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações ne-
cessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e
respectivos instrumentos de medição;
b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais
de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as
ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instala-
ções operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e
do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instala-
ções operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para
o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas
nas áreas urbanas;

Questão 3 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XVI/PRIMEIRA FASE/2015)


Miguel, empreendedor particular, tem interesse em dar início à construção de edifício comer-
cial em área urbana de uma grande metrópole. Nesse sentido, consulta seu advogado e indaga
sobre quais são as exigências legais para o empreendimento.
Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.

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a) Não é necessária a realização de estudo de impacto ambiental, por ser área urbana, ou es-
tudo de impacto de vizinhança, uma vez que não foi editada até hoje lei complementar exigida
pela Constituição para disciplinar a matéria.
b) É necessário o estudo prévio de impacto ambiental, anterior ao licenciamento ambiental,
a ser efetivado pelo município, em razão de o potencial impacto ser de âmbito local.
c) É necessária a realização de estudo de impacto de vizinhança, desde que o empreendimento
esteja compreendido no rol de atividades estabelecidas em lei municipal.
d) É necessária a realização de estudo de impacto ambiental, o qual não será precedido ne-
cessariamente por licenciamento ambiental, uma vez que a atividade não é potencialmente
causadora de impacto ambiental.

Letra c.
Lei n. 10.257/2001, art. 36:

Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que
dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança.

a) Errada. O Estudo de Impacto de Vizinhança não tem previsão Constitucional.


b) Errada. Não há elementos que definam que o impacto do empreendimento seja local, opor-
tunidade em que a competência seria do Município. E mesmo que o impacto fosse local, não é
isso que define a obrigatoriedade do Estudo de Impacto Ambiental.
d) Errada. A realização de estudo impacto ambiental é uma etapa prévia do procedimento do li-
cenciamento ambiental, ou seja, se o EIA for feito, é porque o licenciamento ambiental foi exigido.

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exigências ambientais que possam incidir em seus projetos, especialmente no que tange à
apresentação e aprovação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório
(EIA/RIMA).
Considerando a disciplina do EIA/RIMA pelo ordenamento jurídico, assinale a afirmativa correta.

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a) O EIA/RIMA é um estudo simplificado, integrante do licenciamento ambiental, destinado a


avaliar os impactos ao meio ambiente natural, não abordando impactos aos meios artificial e
cultural, pois esses componentes, segundo pacífico entendimento doutrinário e jurispruden-
cial, não integram o conceito de “meio ambiente”.
b) O EIA/RIMA é exigido em todas as atividades e empreendimentos que possam causar im-
pactos ambientais, devendo ser aprovado previamente à concessão da denominada Licença
Ambiental Prévia.
c) O EIA/RIMA, além de ser aprovado entre as Licenças Ambientais Prévia e de Instalação, tem
a sua metodologia e o seu conteúdo regrados exclusivamente por Resoluções do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), podendo a entidade / o órgão ambiental licenciador
dispensá-lo segundo critérios discricionários e independentemente de fundamentação, ainda
que a atividade esteja prevista em Resolução CONAMA como passível de EIA/RIMA.
d) O EIA-RIMA é um instrumento de avaliação de impactos ambientais, de natureza preventiva,
exigido para atividades/empreendimentos não só efetiva como potencialmente capazes de
causar significativa degradação, sendo certo que a sua publicidade é uma imposição Consti-
tucional (CRFB/1988)

Letra d.
Vide CF, art. 225.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de sig-
nificativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publi-
cidade;

a) Errada. O conceito de meio ambiente engloba meio cultural e artificial.


b) Errada. O EIA/RIMA pode ser dispensado e exigido outros estudos/documentos, especial-
mente para empreendimento de baixo impacto ambiental. Observe-se, ainda, que não é todo
licenciamento que exige o EIA/RIMA, mas apenas quando houver significativa degradação
ambiental. Quando há apenas degradação ambiental (não significativa), o  órgão licenciador
definirá outro(s) estudo(s).
c) Errada. O órgão licenciador não pode dispensar o EIA/RIMA sem a devida fundamentação.

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curso de obra pública de construção de represa para fins de geração de energia hidrelétrica em
rio que corta dois estados da Federação, a associação privada Sorrio propõe ação civil pública
buscando a reconstituição do ambiente ao status quo anterior ao do início da construção, por
supostos danos ao meio ambiente.
Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta.
a) Caso a associação Sorrio abandone a ação, o Ministério Público ou outro legitimado assu-
mirá a titularidade ativa.
b) Caso haja inquérito civil público em curso, proposto pelo Ministério Público, a ação civil pú-
blica será suspensa pelo prazo de até 1 (um) ano.
c) Como o bem público objeto da tutela judicial está localizado em mais de um estado da fe-
deração, a legitimidade ativa exclusiva para propositura da ação civil pública é do Ministério
Público Federal.
d) Caso o pedido seja julgado improcedente por insuficiência de provas, não será possível a
propositura de nova demanda com o mesmo pedido.

Letra a.
Lei n. 7.347: disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e pai-
sagístico(VETADO) e dá outras providências.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministé-
rio Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do
órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.

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b) Errada. A instauração do inquérito civil não impede (nem suspende) eventual ação civil públi-
ca em curso. Lembre-se de que o Ministério Público não é o ÚNICO legitimado para ação civil
pública, conforme estabelece o art. 5º da Lei n. 7.347/1985:
Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

I – o Ministério Público;


II – a Defensoria Pública;
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

c
 ) Errada. Uma vez que é admissível o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da
União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.
d) Errada. Segundo estabelece o art. 16, a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos li-
mites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente
por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação
com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

Questão 6 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXII/PRIMEIRA FASE/2017) A


sociedade empresária Asfalto Joia S/A, vencedora de licitação realizada pela União, irá cons-
truir uma rodovia com quatro pistas de rolamento, ligando cinco estados da Federação. Sobre
o licenciamento ambiental e o estudo de impacto ambiental dessa obra, assinale a afirmativa
correta.
a) Em caso de instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa de-
gradação do meio ambiente, é  exigível a realização de Estudo prévio de Impacto Ambiental
(EIA), sem o qual não é possível se licenciar nesta hipótese.
b) O licenciamento ambiental dessa obra é facultativo, podendo ser realizado com outros estu-
dos ambientais diferentes do Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA), visto que ela se realiza
em mais de uma unidade da Federação.

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c) O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), gerado no âmbito do Estudo prévio de Impacto


Ambiental (EIA), deve ser apresentado com rigor científico e linguagem técnica, a fim de permi-
tir, quando da sua divulgação, a informação adequada para o público externo.
d) Qualquer atividade ou obra, para ser instalada, dependerá da realização de Estudo prévio de
Impacto Ambiental (EIA), ainda que não seja potencialmente causadora de significativa degra-
dação ambiental.

Letra a.
Em caso de instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degra-
dação do meio ambiente, é exigível a realização de Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA),
sem o qual não é possível se licenciar nesta hipótese. C, artigo 225. 1º, IV da Constituição Fe-
deral de 1988 nos seguintes termos:

Art. 225. 1º, IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causa-
dora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se
dará publicidade.

b) Errada. Como é uma obra potencialmente causadora de degradação ambiental é


OBRIGATÓRIO o estudo de impacto ambiental (EIA).
c) Errada. O RIMA é de acesso público, portanto deve ter linguagem didática e instruído por
mapas, quadros, gráficos e tantas outras técnicas quantas forem necessárias ao entendimen-
to claro das consequências ambientais do projeto para que o público compreenda o projeto.
d) Errada. Somente atividades potencialmente causadoras de potencial degradação ambien-
tal, artigo 225. 1º, IV da Constituição Federal de 1988 nos seguintes termos:

Art. 225. 1º, IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causa-
dora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se
dará publicidade.

Questão 7 (FGV/2017/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXIII/PRIMEIRA FASE) O


Município de Fernandópolis, que já possui aterro sanitário, passa por uma grave crise econô-
mica. Diante disso, o prefeito solicita auxílio financeiro do Governo Federal para implantar a co-
leta seletiva de resíduos sólidos, que contará com a participação de associação de catadores
de materiais recicláveis.

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Sobre o auxílio financeiro tratado, assinale a afirmativa correta.


a) Não será possível o auxílio financeiro, sob pena de violação ao princípio da isonomia com
relação aos demais entes da Federação.
b) Não será possível o auxílio financeiro, uma vez que a coleta seletiva de resíduos sólidos do
Município de Fernandópolis está sendo realizada parcialmente por associação privada.
c) O auxílio financeiro é possível, desde que o Município possua até 20 mil habitantes ou seja
integrante de área de especial interesse turístico.
d) O auxílio financeiro é possível, desde que o Município elabore plano municipal de gestão
integrada de resíduos sólidos.

Letra d.
Sobre o tema, vide artigo 18, caput e parágrafo primeiro (inciso II), da Lei n. 12.305/2010.

Art. 18. A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos pre-
vistos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos da
União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza ur-
bana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos
de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade.
§ 1º Serão priorizados no acesso aos recursos da União referidos no caput os Municípios que:
I – optarem por soluções consorciadas intermunicipais para a gestão dos resíduos sólidos, incluída
a elaboração e implementação de plano intermunicipal, ou que se inserirem de forma voluntária nos
planos microrregionais de resíduos sólidos referidos no § 1º do art. 16;
II – implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de asso-
ciação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa
renda.
§ 2º Serão estabelecidas em regulamento normas complementares sobre o acesso aos recursos da
União na forma deste artigo.

a) Errada. A cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos foi
expressamente inserida como um dos objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(art. 7º).
c) Errada. O auxílio financeiro é possível, desde que o Município elabore plano municipal de
gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos do art. 18. Assim, não existe a condicionante
de que o município possua 20 mil habitantes ou seja integrante de área de especial interesse
turístico.

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Questão 8 Bolão Ltda., sociedade empresária, pretende iniciar atividade de distribuição de


pneus no mercado brasileiro. Para isso, contrata uma consultoria para, dentre outros elemen-
tos, avaliar sua responsabilidade pela destinação final dos pneus que pretende comercializar.
Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
a) A destinação final dos pneus será de responsabilidade do consumidor final, no âmbito do
serviço de regular limpeza urbana.
b) A sociedade empresária será responsável pelo retorno dos produtos após o uso pelo consu-
midor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana.
c) A destinação final dos pneus, de responsabilidade solidária do distribuidor e do consumidor
final, se dará no âmbito do serviço público de limpeza urbana.
d) Previamente à distribuição de pneus, a sociedade empresária deve celebrar convênio com o pro-
dutor, para estabelecer, proporcionalmente, as responsabilidades na destinação final dos pneus.

Letra b.
Vide Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010, art. 33:

São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos pro-
dutos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana
e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:
III – pneus.

Questão 9 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXV/PRIMEIRA FASE/2018) Os


Municípios ABC e XYZ estabeleceram uma solução consorciada intermunicipal para a gestão
de resíduos sólidos. Nesse sentido, celebraram um consórcio para estabelecer as obrigações
e os procedimentos operacionais relativos aos resíduos sólidos de serviços de saúde, gerados
por ambos os municípios.
Sobre a validade do plano intermunicipal de resíduos sólidos, assinale a afirmativa correta.
a) Não é válido, uma vez que os resíduos de serviços de saúde não fazem parte da Política
Nacional de Resíduos Sólidos, sendo disciplinados por lei específica.
b) É válido, sendo que os Municípios ABC e XYZ terão prioridade em financiamentos de entida-
des federais de crédito para o manejo dos resíduos sólidos.
c) É válido, devendo o consórcio ser formalizado por meio de sociedade de propósito específico
com a forma de sociedade anônima.

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d) É válido, tendo como conteúdo mínimo a aplicação de 1% (um por cento) da receita corrente
líquida de cada município consorciado.

Letra b.
a) Errada. A definição de resíduos sólidos nos termos da Lei n. 12.305/2010 não exclui os resí-
duos de saúde, ao contrário, determina que sejam observadas as normas do Sistema Nacional
de Vigilância Sanitária (SNVS)
b) Certa. Conforme disposto no art. 45 da Lei n. 12.305/2010.

Art. 45. Os consórcios públicos constituídos, nos termos da Lei n. 11.107/2005, com o objetivo de
viabilizar a descentralização e a prestação de serviços públicos que envolvam resíduos sólidos, têm
prioridade na obtenção dos incentivos instituídos pelo Governo Federal.

c) Errada. A lei que trata dos consórcios públicos (Lei n. 11.107/2005) estabelece que podem
constituir associação pública ou pessoa jurídica de direito privado (art. 1º, § 1º).
d) Errada. Não existe essa previsão na lei.

Questão 10 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXVI/PRIMEIRA FASE/2018) Ao


estabelecer a estrutura de remuneração e de cobrança de tarifas relativas à prestação de ser-
viço de limpeza urbana, a autoridade considera contraprestações variadas para os bairros X e
Y, tendo em vista o nível de renda da população da área atendida.
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta, considerando a Lei da Política Nacional de
Saneamento Básico.
a) A estrutura de remuneração está correta, sendo obrigatória a concessão de isenção de tarifa
aos moradores que recebem até um salário mínimo.
b) A estrutura de remuneração, com base em subsídios para atender usuários e localidades de
baixa renda, pode ser estabelecida.
c) A política de remuneração proposta não é válida, uma vez que qualquer distinção tarifária
deve ter relação direta com o peso ou o volume médio coletado.
d) A política de remuneração não é válida, sendo certo que somente é possível estabelecer
diferenciação tarifária considerando o caráter urbano ou rural da área de limpeza.

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Letra b.
Vide art. 35 da Lei n. 11.445/2007 (Lei da Política Nacional de Saneamento Básico):

As taxas ou as tarifas decorrentes da prestação de serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos


sólidos considerarão:
I – a destinação adequada dos resíduos coletados;
II – o nível de renda da população da área atendida;

Questão 11 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXVII/PRIMEIRA FASE/2018) A


União edita o Decreto n. 123, que fixa as regras pelas quais serão outorgados direitos de uso
dos recursos hídricos existentes em seu território, garantindo que seja assegurado o controle
quantitativo e qualitativo dos usos da água.
Determinada sociedade empresária, especializada nos serviços de saneamento básico, inte-
ressada na outorga dos recursos hídricos, consulta seu advogado para analisar a possibilidade
de assumir a prestação do serviço.
Desse modo, de acordo com a Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos, assinale a opção
que indica o uso de recursos hídricos que pode ser objeto da referida outorga pela União.
a) O lançamento de esgotos em corpo de água que separe dois Estados da Federação, com o
fim de sua diluição.
b) A captação da água de um lago localizado em terreno municipal.
c) A extração da água de um rio que banhe apenas um Estado.
d) O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos popu-
lacionais, distribuídos pelo meio rural.

Letra a.
Lei n. 9.433/1997, art. 12:

Estão sujeito a outorga pelo Poder Público os direito dos seguintes usos de recursos hídricos:”
I – derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final,
inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II – extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;
III – lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou
não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
IV – aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V – outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo
de água.

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Questão 12 A Lei n. 9.795/1999, que dispõe sobre a educação ambiental, instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental. Esse instrumento legal definiu incumbências para alguns
atores. A esse respeito, relacione os atores às respectivas incumbências.
1) Poder Público
2) Meio de comunicação de massa
3) Instituição educativa
4) Sociedade
 (  ) Deve definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental e promovam o en-
gajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.
 (  ) Deve promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais
que desenvolve.
 (  ) Deve colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práti-
cas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua progra-
mação.
 (  ) Deve manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que pro-
piciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solu-
ção de problemas ambientais.
Assinale a opção que indica a relação correta, de cima para baixo.
a) 1 – 3 – 2 – 4.
b) 1 – 4 – 2 – 3.
c) 4 – 2 – 3 – 1.
d) 2 – 4 – 3 – 1.
e) 4 – 3 – 2 – 1.

Letra a.
Vide art. 3º:

Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:
I – ao Poder Público, nos termos dos e definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambien-
tal, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na
conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

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II – às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas
educacionais que desenvolvem;
III – aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, promover ações de
educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio
ambiente;
IV – aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na dissemina-
ção de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental
em sua programação;
V – às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas desti-
nados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente
de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;
VI – à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e ha-
bilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a
solução de problemas ambientais.

Questão 13 (FGV/PREFEITURA DE OSASCO-SP/AGENTE FISCAL/1ª CLASSE – MEIO AM-


BIENTE/2014) Com relação à Lei Federal n. 11.455, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece as
diretrizes nacionais para o Saneamento Básico, é correto afirmar que:
a) os recursos hídricos integram os serviços públicos de saneamento básico.
b) o abastecimento de água potável não faz parte do que se entende por saneamento básico.
c) o fundamento exclusivo dos serviços públicos de saneamento básico é a promoção da saúde.
d) os serviços públicos de saneamento básico devem ser prestados com a utilização de tecno-
logias apropriadas, independentemente da capacidade de pagamento dos usuários.
e) os serviços públicos de saneamento básico devem ser prestados com base nos princípios
da segurança, qualidade e regularidade.

Letra e.
Sobre o tema, a Lei n. 11.455:

Art. 2º Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes prin-
cípios fundamentais:
I – universalização do acesso;
II – integralidade,
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I – saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:
a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações ne-
cessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e
respectivos instrumentos de medição;

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VIII – utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários


e a adoção de soluções graduais e progressivas;
XI – segurança, qualidade e regularidade;
Art. 4º Os recursos hídricos não integram os serviços públicos de saneamento básico.

Questão 14 (FGV/COMPESA/ANALISTA DE GESTÃO – ADMINISTRADOR/2018) Pela Lei


Federal n. 11.445, foi instituído o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico
(SINISA), que tem, entre outros, o objetivo de
a) priorizar planos, programas e projetos que visem à implantação e ampliação, nas áreas
ocupadas por populações de baixa renda, dos serviços e ações de saneamento básico.
b) proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental às populações rurais e de
pequenos núcleos urbanos isolados.
c) promover alternativas de gestão que viabilizem a autossustentação econômica e financeira
dos serviços de saneamento básico, com ênfase na cooperação federativa.
d) permitir e facilitar o monitoramento e a avaliação da eficiência e da eficácia da prestação
dos serviços de saneamento básico.
e) promover a educação ambiental entre os usuários, voltada para a economia de água.

Letra d.
a) Errada. Consoante art. 49, II.
b) Errada. Consoante art. 49, IV.
c) Errada. Consoante art.49, VII.
d) Certa. Consoante art. 53, III, objetivo do SINISA.
e) Errada. Consoante art. 49, XII.
Base legal:

Art. 49. São objetivos da Política Federal de Saneamento Básico:


I – contribuir para o desenvolvimento nacional, a redução das desigualdades regionais, a geração de
emprego e de renda e a inclusão social;
II  – priorizar planos, programas e projetos que visem à implantação e ampliação dos serviços e
ações de saneamento básico nas áreas ocupadas por populações de baixa renda;
III – proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental aos povos indígenas e outras po-
pulações tradicionais, com soluções compatíveis com suas características socioculturais;

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IV – proporcionar condições adequadas de salubridade ambiental às populações rurais e de peque-


nos núcleos urbanos isolados;
V – assegurar que a aplicação dos recursos financeiros administrados pelo poder público dê-se se-
gundo critérios de promoção da salubridade ambiental, de maximização da relação benefício-custo
e de maior retorno social;
VI – incentivar a adoção de mecanismos de planejamento, regulação e fiscalização da prestação
dos serviços de saneamento básico;
VII – promover alternativas de gestão que viabilizem a autossustentação econômica e financeira
dos serviços de saneamento básico, com ênfase na cooperação federativa;
VIII – promover o desenvolvimento institucional do saneamento básico, estabelecendo meios para
a unidade e articulação das ações dos diferentes agentes, bem como do desenvolvimento de sua
organização, capacidade técnica, gerencial, financeira e de recursos humanos, contempladas as
especificidades locais;
IX – fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico, a adoção de tecnologias apropriadas e a
difusão dos conhecimentos gerados de interesse para o saneamento básico;
X – minimizar os impactos ambientais relacionados à implantação e desenvolvimento das ações,
obras e serviços de saneamento básico e assegurar que sejam executadas de acordo com as nor-
mas relativas à proteção do meio ambiente, ao uso e ocupação do solo e à saúde.
XI – incentivar a adoção de equipamentos sanitários que contribuam para a redução do consumo de
água; (Incluído pela Lei n. 12.862, de 2013)
XII – promover educação ambiental voltada para a economia de água pelos usuários
Art. 53. Fica instituído o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico – SINISA, com
os objetivos de:
I – coletar e sistematizar dados relativos às condições da prestação dos serviços públicos de sane-
amento básico;
II – disponibilizar estatísticas, indicadores e outras informações relevantes para a caracterização da
demanda e da oferta de serviços públicos de saneamento básico;
III – permitir e facilitar o monitoramento e avaliação da eficiência e da eficácia da prestação dos
serviços de saneamento básico.

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