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DIREITO AMBIENTAL

INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL.

Livro Eletrônico
DIREITO AMBIENTAL
Introdução ao Direito Ambiental
Nilton Coutinho

Sobre o autor:................................................................................................................................................... 5
Apresentação.................................................................................................................................................... 5
Introdução ao Direito Ambiental. ............................................................................................................. 6
1. Meio Ambiente e sua Proteção. ............................................................................................................ 6
1.1. Direito e Desenvolvimento................................................................................................................... 7
1.2. Ética Ambiental e Cidadania. ..............................................................................................................8
1.3. Meio Ambiente: Conceito e Classificação..................................................................................... 9
1.4. Meio Ambiente e Direitos Fundamentais................................................................................... 12
1.5. Bens Ambientais.................................................................................................................................... 14
2. Do Direito Ambiental.............................................................................................................................. 15
2.1. Evolução Histórica da Proteção do Meio Ambiente.. ............................................................. 16
2.2. Fontes do Direito Ambiental........................................................................................................... 16
2.3. Tutela Internacional do Meio Ambiente. . ....................................................................................17
2.4. A proteção do Meio Ambiente na Constituição Federal..................................................... 19
2.5. Deveres do Estado na Área Ambiental..................................................................................... 23
3. Interesses Difusos e Coletivos.......................................................................................................... 24
3.1. Da Proteção do Meio Ambiente em Juízo. . ................................................................................ 25
3.2. Da Lei de Ação Civil Pública............................................................................................................ 26
3.3 Do Inquérito Civil. .................................................................................................................................. 26
3.4 Coisa Julgada em Sede de Direitos Transindividuais. . ......................................................... 26
3.5. Legitimidade para Propositura da ACP......................................................................................27
3.6. Termo de Ajustamento de Conduta. . .......................................................................................... 28
3.7. Medidas Cautelares e a Eficácia Instrumental das Tutelas Mandamentais em
Matéria Ambiental....................................................................................................................................... 29

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3.8. Fundo de Proteção dos Interesses Difusos e Coletivos..................................................... 31


3.9. Ação Popular Ambiental................................................................................................................... 31
3.10. Mandado de Segurança Ambiental. . .......................................................................................... 32
3.11. Mandado de Injunção Ambiental................................................................................................. 33
3.12. Ação Declaratória de Inconstitucionalidade em Matéria Ambiental.. ........................ 34
4. Princípios Gerais de Direito Ambiental......................................................................................... 35
4.1. Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado e Sadia Qualidade de Vida.... 36
4.2. Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental...................................................... 36
4.3. Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder Público. . ..................................................... 38
4.4. Princípio da Consideração da Variável Ambiental no Processo Decisório de
Políticas de Desenvolvimento................................................................................................................ 39
4.5. Princípio da Participação Comunitária...................................................................................... 40
4.6. Princípio do Poluidor Pagador. ....................................................................................................... 41
4.7. Princípio da Reparação...................................................................................................................... 42
4.8. Princípio da Precaução...................................................................................................................... 43
4.9. Princípio da Prevenção...................................................................................................................... 45
4.10. Da Função Social da Propriedade.. ............................................................................................. 46
4.11. Princípio da Função Socioambiental da Propriedade.. ....................................................... 46
4.12. Princípio do Direito ao Desenvolvimento Sustentável..................................................... 49
4.13. Princípio da Cooperação entre os Povos. . ............................................................................... 50
4.14. Princípio da Informação................................................................................................................... 51
4.15. Princípio do Usuário-Pagador....................................................................................................... 52
5. Repartição Constitucional de Competências. . ............................................................................ 54
5.1. Federalismo de Cooperação............................................................................................................ 54
5.2. Do Princípio da Predominância do Interesse. . ........................................................................ 54
5.3. Da Competência Material Ambiental.. ........................................................................................ 54
5.4. Da Competência Legislativa Ambiental.................................................................................... 55

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6. Responsabilidade por Danos Ambientais.................................................................................... 56


6.1. Responsabilidade Civil........................................................................................................................ 57
6.2. Responsabilidade Penal. ................................................................................................................... 59
6.3. Responsabilidade Administrativa.. ............................................................................................... 60
7. Tutela Administrativa do Meio Ambiente. . .................................................................................... 61
7.1. Dos Atos Administrativos................................................................................................................... 61
7.2. Dos Poderes Administrativos......................................................................................................... 62
7.3. Do Controle dos Atos Administrativos. . ..................................................................................... 65
7.4. Tombamento.......................................................................................................................................... 65
7.5. Da Gestão Ambiental.......................................................................................................................... 66
Questões de ConcuRso.............................................................................................................................. 79
Gabarito............................................................................................................................................................ 87
Gabarito Comentado................................................................................................................................... 88

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Sobre o autor:

Nilton Carlos de Almeida Coutinho é Procurador do Estado de São Paulo com vasta expe-
riência na área do direito público (com ênfase em direito ambiental e administrativo)
É doutor em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e
mestre em direito pelo Cesumar/PR.

Apresentação

Saudações meu(minha) amigo(a)


Começamos agora o nosso curso de direito ambiental voltado para a OAB.
Apesar de não ser uma disciplina com um número grande de questões na OAB, o direito
ambiental constitui-se como um tema extremamente importante para a proteção da vida e da
dignidade da pessoa humana.
Assim, muitos dos temas que abordaremos em nossas aulas poderão ajudá-lo(a) em ou-
tras disciplinas, tais como direitos humanos, direito processual civil ou direito do consumidor
(com relação à tutela dos interesses transindividuais) direito penal e processual penal (com
relação à Lei n. 9.605/1998), direito civil (com relação à responsabilidade civil) etc.
Esta apostila é fruto de mais de uma década atuando na área do direito público (primeiro
como oficial de promotoria, junto ao Ministério Público e, depois, como Procurador do Estado
de São Paulo, atuando na área do direito administrativo e do direito ambiental).
O(A) aluno(a) perceberá que muitos dos temas tratados nesta apostila foram abordados
por mim em livros e artigos específicos sobre o tema.
Espero que os conhecimentos trazidos nas próximas aulas possam auxiliá-lo a entender
melhor os princípios e políticas públicas que orientam a atuação humana com vistas à proteção
do meio ambiente e, principalmente, possam lhe ajudar a gabaritar direito ambiental na OAB.
Abraços,
Prof. Nilton Carlos Coutinho

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Nos últimos anos, conceitos como “desenvolvimento sustentável” têm sido utilizados
como justificativa para os danos causados ao meio ambiente.
Ao que parece a preocupação com a “sustentabilidade” tem cedido espaço para o “desen-
volvimento”, causando sérios danos ambientais e urbanísticos.
Do mesmo modo, o aquecimento global, a mudança climática e a urbanização desenfrea-
da (entre outros fatores) tem contribuído para acelerar a degradação ambiental.

1. Meio Ambiente e sua Proteção

A proteção do meio ambiente é um tema que vem ganhando cada dia mais relevância no
mundo atual. Assim, se no passado não havia uma preocupação em estabelecer normas dis-
ciplinando sua utilização e proteção1, hoje as normas protetoras do direito ao meio ambiente
encontram-se previstas na maioria das Cartas Constitucionais.
José Afonso da Silva2 relembra que “o ambientalismo passou a ser tema de elevada im-
portância nas Constituições mais recentes”. Contudo, cumpre esclarecer que, muito embora
a inserção de um capítulo específico sobre o meio ambiente só tenha ocorrido com a promul-
gação da Constituição Federal de 1988, sua proteção possuía amparo constitucional anterior.
Tal raciocínio é possível se levarmos em consideração que a proteção do meio ambiente se
constitui como derivação da proteção do direito à vida, de tal forma que, por este possuir am-
paro constitucional, a proteção daquele é possível por via reflexa.
Como bem preleciona Édis Milaré3, com o advento da Constituição de 1988, a proteção
jurídica do meio ambiente passou a ter identidade própria, deixando de ser um bem jurídico
per accidens, elevando-se ao status de bem jurídico per se. Deste modo, a criação de uma
proteção jurídica autônoma para o meio ambiente permitiu-lhe uma proteção mais efetiva,

1
A título de exemplo, rememore-se o processo predatório de exploração do pau brasil pelos português nas primeiras décadas
do século XVI. Nesse período, corte de pau-brasil foi feito em larga escala, de maneira rudimentar e impiedosa, desmatando
a costa brasileira, sem qualquer tipo de preocupação socioambiental ou em relação à preservação de tal tipo de madeira.
2
SILVA, José Afonso da Silva. Direito Ambiental Constitucional, p. 43.
3
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente, p. 300.

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sem que seja necessário pleitear sua proteção como se este fosse uma derivação do direito
à saúde humana.
Segundo José Afonso da Silva4 “as normas constitucionais assumiram consciência de
que o direito à vida, como matriz de todos os demais direitos fundamentais do homem, é que
há de orientar todas as formas de atuação no campo da tutela do meio ambiente”.
De qualquer modo, conforme se observará ao longo deste trabalho, a proteção ao meio
ambiente pode ser embasada em diversos fundamentos: 1) por ser ele um direito constitucio-
nalmente protegido e tutelado; 2) Por esse direito constituir-se como um direito fundamental;
3) em razão do rol de direitos e garantias individuais ser meramente exemplificativo; 4) em
razão de tal direito derivar do direito à vida, saúde e qualidade de vida; 5) e, enfim, em razão da
tutela do meio ambiente ser instrumento importante para se garantir a proteção da dignidade
da pessoa humana.

1.1. Direito e Desenvolvimento


O direito constitui-se como um conjunto de regras, normas e princípios que regulam o
convívio em sociedade. Assim, o Direito molda o comportamento desejado para o ser humano
(enquanto membro da sociedade) mas, ao mesmo tempo, também é influenciado por ela.
Assim, circunstâncias históricas específicas de cada contexto ou momento social aca-
bam trazendo reflexos para a ótica do direito, fazendo com que surjam diplomas normativos
voltados para a proteção da vida e a manutenção da dignidade da pessoa humana.
Nessa perspectiva, a proteção ambiental surge como um bem jurídico fundamental do
indivíduo e que precisa ser tutelado pelo direito.
Isso porque, com o passar do tempo, constatou-se que grande parte dos recursos am-
bientais são escassos, de tal forma que, caso não haja uma política de proteção contra o
crescimento desenfreado e a industrialização, a vida em nosso planeta estará comprometida.
Assim, se no passado o ser humano não se preocupava com questões relacionadas à
ecologia, proteção de florestas, recursos hídricos, etc. hoje a proteção do meio ambiente
constitui-se como direito fundamental do indivíduo, merecendo tutela jurídica específica, por
meio de uma ação estatal protetiva e eficaz.
4
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo, p. 822.

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1.2. Ética Ambiental e Cidadania

A ética costuma ser conceituada como a teoria ou ciência do comportamento moral dos
homens, tendo – portanto - como objeto de estudo, as decisões acerca de determinados va-
lores que orientam e guiam as relações do indivíduo em sociedade.
Consoante preconiza a doutrina, há, na área ambiental duas concepções éticas das rela-
ções do homem com o meio ambiente: o antropocentrismo e o biocentrismo.
A corrente biocêntrica entende que o meio ambiente e seus elementos possuem uma im-
portância fundada em sua própria existência, de tal forma que todos os seres vivos merecem
ser protegidos independentemente de trazerem (ou não) benefícios ao homem. É uma corren-
te ética que busca reconhecer um valor inerente a todo ser vivo.
Já a corrente antropocêntrica possui uma visão utilitarista em benefício do ser huma-
no5, de tal forma que os demais seres vivos possuem relevância (e merecem proteção jurí-
dica) na medida em que representam alguma utilidade para os homens. Assim, não lhes é
reconhecido qualquer valor intrínseco, mas puramente o valor de uso, em especial do uso
econômico.
Para OLIVEIRA, é preciso buscar-se o equilíbrio entre homem e natureza, coibindo práti-
cas não toleradas numa sociedade moderna e ética.6 Neste aspecto, há quem defenda a exis-
tência de um “antropocentrismo alargado” no qual, não obstante a CRFB tenha considerado o
meio ambiente equilibrado como um direito humano fundamental (reconhecendo, portanto, o
ser humano como centro do ordenamento jurídico) deve-se levar em consideração a interde-
pendência do ser humano em relação à natureza.7
Fazendo-se uma retrospectiva histórica é possível afirmar que o desenvolvimento do ho-
mem em sociedade estruturou-se, inicialmente, pela criação de conceitos de cunho ético. Na
sequência, surge a noção de cidadão e de cidadania, nos quais a relação do homem com os

5
Segundo estabelece a CRFB (art. 225) compete ao Poder Público e à coletividade preservar o meio ambiente para as pre-
sentes e futuras gerações (humanas).
6
OLIVEIRA, Lizandra Carolina Garcia de. Cidadania e políticas públicas ambientais – a Política Nacional de Resíduos Sóli-
dos no DF. Brasília: Unieuro, 2015, p. 96-97
7
FARIAS, Talden. COUTINHO, Franscisco Seráphico da Nóbrega. MELO, Geórgia Karênia R. M. M.. Direito ambiental. Salva-
dor: Editora Jus Podivm, 2014, p. 25.

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demais membros da sociedade se mostra mais presente. Assim, consolidado este segundo
conceito, surge campo propício para a preocupação com o meio ambiente, passando-se a
procurar métodos para sua proteção, tendo por base a ética e a condição de cidadão.8
É preciso que haja o exercício de uma cidadania ambientalmente ética e responsável, uma
vez que a sobrevivência da raça humana depende da preservação do meio ambiente.
Conclui-se, assim, que a cidadania ambiental possui um cunho colaborativo, na medida
em que as condutas praticas por um indivíduo repercutirão para toda a sociedade.

1.3. Meio Ambiente: Conceito e Classificação

Segundo a Lei n.. 6938/81, o meio ambiente pode ser definido como “o conjunto de condi-
ções, leis influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”9. Como se vê, trata-se de uma definição extremamente
ampla, a qual, segundo Hugo Nigro Mazzili9 possibilita que a defesa da flora, da fauna, das
águas, do solo, do subsolo e do ar seja realizada de forma praticamente ilimitada. Da defini-
ção apresentada, fica clara a relação entre o meio ambiente e o direito à vida.
Fernando Reverendo Vidal Akaoui10 também afirma que a definição apresentada é ampla
o suficiente para abarcar todos os interesses de natureza ambiental, abrangendo o meio am-
biente natural, cultural, do trabalho e urbano ou artificial.
Além da definição legal, há conceitos criados pela doutrina. De acordo com Kildare Carva-
lho11, o meio ambiente pode ser definido como o complexo de relações entre o mundo natural
e os seres vivos. José Afonso da Silva12, por sua vez, define-o como “a interação do conjunto
de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da
vida em todas as suas formas”.

8
FERNANDES, David Augusto. Ética, cidadania e a efetivação dos direitos ambientais . Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
19, n. 3896, 2mar. 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/26498>. Acesso em: 26 jan. 2017.
9
MAZZILI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo, p. 148.
10
AKAOUI, Fernando Reverendo Vidal. Compromisso de ajustamento de conduta ambiental, p. 24
11
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional: teoria do Estado e da Constituição, p. 753.
12
SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional, p. 20.

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Tema bastante exigido em provas refere-se à classificação do meio ambiente.


Não obstante várias sejam as formas de se classificar o meio ambiente, a doutrina majoritária
costuma subdividi-lo em meio ambiente natural, cultural, artificial e do trabalho.

Segundo Luís Paulo Sirvinkas13, o meio ambiente natural “abrange a atmosfera, as águas
interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os ele-
mentos da biosfera, a fauna, a flora, o patrimônio genético e a zona costeira (art. 225, CF/88)”,
ou seja, é formado por todos os elementos naturais responsáveis pelo equilíbrio entre os
seres vivos e o meio em que vivem. No mesmo sentido é a opinião de Celso Antônio Pacheco
Fiorillo14, segundo o qual tal modalidade seria constituída pelo solo, água, ar atmosférico, flo-
ra e fauna. Como se vê o meio ambiente natural encontra-se diretamente adstrito à proteção
à vida, eis que somente pela proteção de tais bens jurídicos torna-se possível a existência de
condições de vida digna.
O meio ambiente natural é, portanto, aquele composto pelos seres vivos e o meio físico
em que se inserem. Abrange o solo, a água, o ar atmosférico, a flora, a fauna e toda a biodi-
versidade. Para José Afonso da Silva15, o meio ambiente se constitui pela interação dos seres
vivos e seu meio.
A segunda espécie de meio ambiente é o denominado meio ambiente artificial; o qual é
constituído pelo conjunto de edificações, equipamentos, rodovias e demais elementos que
formam o espaço urbano construído pelo homem; ou seja, é aquele decorrente da atividade
humana a qual transforma o espaço físico, com o objetivo de viabilizar as ações sociais. Para
José Afonso da Silva16, tal espécie de meio ambiente estaria consubstanciada no conjunto de
edificações e equipamentos públicos.

13
SIRVINKAS, Luís Paulo. Legislação de Direito Ambiental, p. 25.
14
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro, p. 19.
15
SILVA, José Afonso da Silva. Direito Ambiental Constitucional, p. 21.
16
Idem, ibidem.

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O meio ambiente artificial também se encontra atrelado à proteção à vida, na medida em


que, por meio dele, protege-se o desenvolvimento urbano, abrangendo habitação, saneamen-
to básico17 e outros elementos relevantes para a sadia qualidade de vida da população.

Algumas bancas costumam chamar o meio ambiente artificial de meio ambiente urbano ou
meio ambiente construído. São, portanto, expressões sinônimas.

No que se refere ao meio ambiente cultural tem-se que, apesar da doutrina classificá-lo
como uma espécie autônoma, tem-se que ele é, na verdade, uma espécie de meio ambiente
artificial, resultante da atividade humana. Contudo, a ele agrega-se um valor cultural, o qual o
diferencia das demais espécies de meio ambiente. O meio ambiente cultural também possui
implicação na proteção da vida, eis que o lazer e a cultura são meios eficazes para a melhoria
da qualidade de vida da população. O meio ambiente cultural constitui-se pelo patrimônio
artístico, arqueológico, histórico, paisagístico e turístico.
Sobre o tema, a CRFB estabelece que constituem patrimônio cultural brasileiro os bens
de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e vi-
ver; III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico – culturais; V – os con-
juntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico”.18
Com relação ao meio ambiente cultural, Roberto Armando Ramos de Aguiar19 ensina
que o capítulo [da Constituição] que trata da cultura também deu direitos à comunidade
a fim de auxiliar o Poder Público na proteção do patrimônio cultural brasileiro. Segundo o
autor, isso pode ocorrer por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento, desa-
17
Sobre saneamento básico, veja Lei n. 11.445/2007, a qual estabelece diretrizes nacionais em relação ao mesmo.
18
Art. 216 da CRFB
19
AGUIAR, Roberto Armando Ramos de. Direito do meio ambiente e participação popular, p.87.

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propriação e outras formas de acautelamento e preservação previstas no art. 216, §1º da


Constituição Federal.
Há, ainda, autores que incluem uma quarta espécie, denominada meio ambiente do traba-
lho, o qual corresponde ao ambiente no qual o empregado exerce sua atividade laboral.
Segundo Celso Antônio Pacheco Fiorillo20, o meio ambiente do trabalho constitui-se pelo
“local no qual as pessoas desempenham suas atividades laborais”. Tal espécie possui amparo
constitucional no art. 200, VIII da Constituição Federal vigente, o qual estabelece a obrigação do
sistema único de saúde em colaborar na proteção do meio ambiente, incluindo o do trabalho.
Para João Manoel Grott21, entende-se o meio ambiente do trabalho como um conjunto de
fatores físicos, climáticos ou de quaisquer outros que, interligados, ou não, estão presentes e
envolvem o local de trabalho do indivíduo. Assim, observa-se que tal modalidade encontra-se
relacionada à proteção da salubridade do ambiente de trabalho, de modo a proteger a saúde
do trabalhador.
De qualquer forma, e independente da classificação que se adote, observa-se que a prote-
ção do meio ambiente é uma exigência constitucional necessária para o desenvolvimento da
vida com qualidade. Tanto o meio ambiente natural, quanto o artificial, cultural e do trabalho
possuem função relevante na proteção do direito à vida da população, razão pela qual devem
ser protegidos pelo Estado e pela sociedade.

1.4. Meio Ambiente e Direitos Fundamentais

Segundo FERRAJOLI, os direitos fundamentais são todos aqueles direitos subjetivos atri-
buídos universalmente a todos os seres humanos enquanto dotados do status de pessoas,
entendendo-se como direito subjetivo22 toda expectativa positiva (de prestações) ou negativa
(de não causar danos) adstrita a um sujeito por meio de uma norma jurídica.23 Nesta linha, é
possível afirmar-se que os direitos fundamentais são direitos reconhecidos pelo ordenamento
20
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro, p. 21.
21
GROTT, João Manoel. Meio ambiente do trabalho, p. 81.
22
Na visão de FERRAJOLI (2001, p. 57), o direito subjetivo é uma expectativa para a qual corresponde uma obrigação. Assim,
uma expectativa positiva corresponde a uma obrigação positiva de prestação, ao passo que uma expectativa negativa
corresponde a uma obrigação negativa, no sentido de não lesionar.
23
FERRAJOLI, Luigi. Los fundamentos de los derechos fundamentales. Madrid: Editorial Trotta, 2001, p. 19.

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jurídico e por meio dos quais outorga-se aos titulares a possibilidade de impor os seus inte-
resses em face do Poder Público e dos demais indivíduos. São, nos dizeres de MENDES, a um
só tempo, direitos subjetivos e elementos fundamentais da ordem constitucional objetiva.24
ANDRADE conceitua os direitos fundamentais como “aqueles essenciais à existência dig-
na do ser humano, previstos expressamente na Constituição Federal, e que devem ser efeti-
vados a todos, não apenas no plano formal, mas também materialmente”.
Dada sua natureza, observa-se que tais direitos se encontram em constante evolução, ou
seja: o rol de direitos fundamentais modifica-se em razão de condições históricas ou trans-
formações na sociedade, visando a manutenção da dignidade da pessoa humana. Aliás, se-
gundo BOBBIO, “não existem direitos fundamentais por natureza. O que parece fundamental
numa época histórica e numa determinada civilização não é fundamental em outras épocas
e em outras culturas”.25
Assim, é possível falar-se em diversas “gerações” ou “dimensões” de direitos fundamen-
tais, havendo, inclusive, autores que defendem (além da existência dos direitos de primeira,
segunda e terceira dimensão) a existência de direitos de quarta e de quinta dimensão.26
Os direitos fundamentais de primeira geração (ou dimensão) são aqueles relacionados a
direitos do próprio indivíduo como tal, ou seja: direitos que limitam a atuação do Estado na
liberdade individual.
Já os direitos de segunda geração (ou dimensão) surgem com o objetivo de proteger o in-
divíduo da situação de massificação, automatização, espoliação e coisificação imposta pelo
capitalismo.27 Exige-se, assim, uma ação positiva por parte do Estado.
Com o desenvolvimento da sociedade, houve um aumento no rol de direitos a serem tute-
lados. Neste contexto, os direitos fundamentais de terceira geração surgem como direitos de

24
MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade: estudos de direito constitucional. 3 ed.
São Paulo: Saraiva, 2004, p. 2.
25
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. p. 19.
26
Neste sentido, veja-se: BONAVIDES, Paulo. A quinta geração de direitos fundamentais. Direitos Fundamentais & Justiça, n. 3,
abr./jun., 2008, p. 91. Disponível em: <http://www.dfj.inf.br/ Arquivos/PDF_ Livre/3_Doutrina_5.pdf>. Acesso em: 5 fev. 2013.
27
LOPES, Othon de Azevedo. A dignidade da pessoa humana como princípio jurídico fundamental. In: SILVA, Alexandre
Vitorino da et al. Estudos de direito público: direitos fundamentais e estado democrático de direito. Porto Alegre: Síntese,
2003. p. 198-9.

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fraternidade ou solidariedade, objetivando tutelar a qualidade de vida e a solidariedade entre


os homens.28
Desse modo, os direitos de terceira geração passam a se caracterizar em função da sua
transindividualidade, ou seja: caracterizam-se como direitos de titularidade coletiva ou difusa.
Logo, incluem-se nessa categoria o direito ao meio ambiente equilibrado, à paz, ao desenvol-
vimento, à proteção dos consumidores, à tutela do patrimônio histórico e cultural, entre outros.
Deste modo, MORAES29 inclui o direito ao meio ambiente saudável entre os direitos de ter-
ceira geração como aqueles que “mesmo utilizados por todos, não lhes pertencem, pois nunca
os terão por completo, sendo permitido, no máximo, assumir-lhes a gestão até o limite legal”.
Mantendo esta linha de raciocínio, o STF, ao julgar o MS 22.164-0-SP30 conceituou o meio
ambiente como um “típico direito de terceira geração que assiste, de modo subjetivamente
indeterminado, a todo o gênero humano, circunstância essa que justifica a especial obrigação
- que incumbe ao Estado e à própria coletividade - de defendê-lo e de preservá-lo em benefí-
cio das presentes e futuras gerações”.
E, no mesmo sentido, o julgado RTJ 164/158-16131, que afirma: “incumbe, ao Estado e à
própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes
e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual”.
Nessa perspectiva, a doutrina tem inserido o meio ambiente entre os direitos de fraterni-
dade ou solidariedade, uma vez que a sua proteção gera benefícios não apenas para o indiví-
duo isoladamente, mas para a sociedade como um todo.

1.5. Bens Ambientais


Conforme mencionado, o art. 3º da Lei n. 6.938/1981 trouxe um conceito bem amplo de
meio ambiente, de modo a abranger as diversas espécies de meio ambiente, a saber: natural,
artificial e cultural. Inclua-se, ainda, o meio ambiente do trabalho.
28
COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. Legislação social: direito do trabalho. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015, p. 7
29
MORAES, Luís Carlos da Silva de. Curso de direito ambiental, p.15.
30
Mandado de segurança MS 22164/SP - São Paulo. Relator: Min. Celso de Mello. Julgamento: 30/10/1995. Órgão Julgador:
Tribunal Pleno. Publicação: DJ 17-11-1995 PP-39206.
31
Trecho extraído do DI-MC3540/DF – Distrito Federal. Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade. Relator
Min. Celso de Mello. Julgamento: 01/09/2005. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Publicação DJ 03-02-2006 PP-00014.
Ement. Vol. – 02219-03 PP-00528.

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Assim, tem-se que o meio ambiente é composto de elementos corpóreos e incorpóreos


— espécimes da flora e da fauna, ar, água, solos, ecossistemas, processos ecológicos, bens
e valores culturais — que têm existência própria e autônoma e se submetem a proteção es-
pecífica. Registre-se, ainda, que a CRFB atribuiu ao meio ambiente (como bem incorpóreo e
imaterial) a qualificação jurídica de bem de uso comum do povo32.
Analisando-se o texto constitucional é possível visualizar-se os seguintes bens ambien-
tais: as águas (integrando os bens da União/art.20, III, ou dos Estados/art.26, I); as cavidades
naturais subterrâneas (art.20, X); a energia (art.22, IV); espaços territoriais protegidos (225, §1º,
III); a fauna (art.24, VI); a flora (art.23, VII); as florestas (art.23, VII); as ilhas (União/20,IV, Esta-
dos/26, II e III); a paisagem (art.216, V); o mar territorial (art.20, VI); as praias fluviais (art.20,III);
as praias marítimas (art.20, IV); recursos naturais da plataforma continental (art.20, V); recur-
sos naturais da zona econômica exclusiva (art.20, V); os sítios arqueológicos e pré-históricos
(art.20, X); os terrenos de marinha e acrescidos (art.20, VII); os terrenos marginais (art.20, III).
Registre-se, por oportuno, que os bens ambientais possuem regime jurídico especial, di-
ferente do estabelecido no Código Civil. É o que se convencionou denominar regime jurídico
de direito ambiental.

2. Do Direito Ambiental

Mas, o que seria, então, o direito ao meio ambiente? Segundo Lúcia Reisewitz, o direito
ambiental pode ser conceituado como:

O conjunto de normas jurídicas que regem a preservação, melhoria ou recuperação de um ambien-


te sempre que este for meio para garantir a sadia qualidade de vida humana e a manutenção da
vida em todas as suas formas.33

Para MUKAI, o Direito Ambiental é um conjunto de normas e institutos jurídicos perten-


centes a vários ramos do direito, os quais se encontram reunidos em decorrência de sua fun-
ção instrumental para disciplinar o comportamento humano em relação ao meio ambiente.
32
MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Op. cit., p. 13; GOULART, Marcelo Pedroso. Elementos para uma teoria geral do Ministério
Público. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013
33
REISEWITZ, Lúcia. Direito ambiental e patrimônio cultural: direito à preservação da memória, ação e identidade do povo
brasileiro, p. 30.

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Tais conceitos evidenciam que o direito ao meio ambiente tem como objeto de estudo o
conjunto de regras e normas destinadas à proteção do meio ambiente, bem como aqueles
relacionados à proteção da vida humana e sua dignidade.
Nessa linha, o gestor ambiental (e os demais profissionais que atuam nessa área) desem-
penham papel estratégico fundamental, desenvolvendo projetos direcionados à preservação
e proteção do meio ambiente.

2.1. Evolução Histórica da Proteção do Meio Ambiente


O direito ao meio ambiente constitui-se como um direito fundamental do homem, uma vez
que sua existência se justifica em razão da proteção do direito à vida, saúde, qualidade de vida
e, consequentemente, dignidade da pessoa humana. Contudo, somente no século passado
começou a ser implementada uma política efetiva de proteção em relação a esse direito. Car-
mem Lúcia Silveira Ramos34 evidencia que após o fim da Segunda Guerra Mundial passou-se
a ter uma real preocupação com o meio ambiente e a qualidade de vida da população.
Fazendo-se uma retrospectiva histórica, observa-se que a preocupação em se tutelar o
direito ao meio ambiente é relativamente recente. Durante séculos o homem tem agredido a
natureza e o meio ambiente em que vive na busca de melhores condições de vida e, também,
com o objetivo de obter maiores lucros em suas atividades. Não raro, inexistia a consciência
dessa agressão, predominando a ideia de que a natureza produziria inesgotavelmente.

2.2. Fontes do Direito Ambiental


No que se refere ao direito internacional ambiental a doutrina menciona como fontes do
direito ambiental: Os tratados, os costumes, os princípios gerais de direito, a doutrina e a ju-
risprudência.
Consoante ensina LEMOS35, o tratado se configura como um acordo formal internacional
entre pessoas jurídicas de direito internacional público, destinado a produzier efeitos jurídi-
cos, independentemente da denominação adotada.36

34
RAMOS, Carmem Lúcia Silveira. Diálogos sobre Direito Civil: Construindo uma racionalidade contemporânea, p. 8.
35
LEMOS, Patrícia Faga Iglecias. Direito ambiental: responsabilidade civil e proteção ao meio ambiente. São Paulo: Revista
dosTribunais, 2010, p. 63
36
Cite-se, por exemplo: os acordos, ajustes, convenções, declarações, pactos, procolos, ajustes, etc.

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A doutrina também costuma dividir as fontes do direito em diferentes categorias. Assim,


seria possível falar em Fontes Materiais e Fontes Formais.
As Fontes Materiais abrangeriam os movimentos populares, as descobertas científicas37
e a doutrina jurídica. Já as fontes Formais seriam aquelas relacionadas ao direito positivado,
normatizado. No âmbito do direito interno brasileiro seria possível mencionar-se: a Constitui-
ção, Leis infraconstitucionais, etc.
Há quem as classifique simplesmente como Fontes Estatais e Não Estatais, como o faz
Rizzato Nunes
Relembre-se que, no ordenamento jurídico brasileiro, a doutrina constitucionalista enten-
de que as Convenções são recepcionadas ao nível de lei ordinária (à exceção dos Tratados de
Direitos Humanos, que são recepcionados como Emendas Constitucionais, conforme o artigo
5º, § 3º, da CRFB.38

2.3. Tutela Internacional do Meio Ambiente

O primeiro tratado internacional a tratar do direito ao meio ambiente foi a Declaração de


Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano. Segundo Anízio Pires Gavião Filho39, “o grande
mérito da Declaração de Estocolmo de 1972 foi o de proclamar, pela primeira vez, ‘o direito
humano ao meio ambiente”.
O referido tratado trouxe uma série de princípios e regras norteadores do direito ao meio
ambiente e sua proteção, sendo certo que, após tal reunião, diversos países começaram a
incluir em suas constituições normas relacionadas ao meio ambiente.
Georgete Nacarato Naza e Toshio Mukai40, afirmam que a Conferencia de Estocolmo de
1972 aproximou a proteção ambiental da proteção conferida aos direitos humanos.

37
Cite-se, como exemplo, o Protocolo de Montreal, a Convenção sobre as Mudanças Climáticas Globais e o Protocolo de
Kyoto, os quais surgiram em decorrência das descobertas científicas relacionadas à a emissão de CFC e outros gases na
camada de Ozônio e o efeito estufa.
38
Para´grafo introduzido pela Emenda 45/2004
39
GAVIAO FILHO, Anízio Pires. Direito Fundamental ao Ambiente, p. 22.
40
NACATO, Georgente Naza. O Direito Ambiental no Brasil. Evolução histórica e relevância do direito internacional no meio
ambiente. In. Revista de Direito Ambiental, ano 7, out/dez/02, n. 28, RT, p. 92.

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Segundo Guido Fernando Silva Soares41, a Declaração de Estocolmo funciona como um


guia para a definição dos principais meios a serem implementados pelas diversas Nações
do Planeta.
Frise-se, ainda, que outros tratados internacionais procuraram reforçar e ampliar algumas
das garantias apresentadas pela Declaração de Estocolmo, começando-se a firmar uma dou-
trina sólida em relação ao direito ao meio ambiente.42
Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi realizada a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, na qual foram assinados cinco documentos. São
eles: 1) Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a qual contém 27 prin-
cípios; 2) Agenda 21, a qual apresenta dados relacionados aos problemas existentes, tendo,
contudo, o objetivo de preparar o mundo para os desafios que surgirão no século 21, traçando
diretrizes para o desenvolvimento sustentável; 3) Princípios para a Administração Sustentá-
vel das Florestas; 4) Convenção da Biodiversidade; e 5) Convenção sobre Mudança do Clima.
Tal conferência ficou conhecida como ECO-92 e estabeleceu diversas obrigações aos ex-
-signatários. Dentre tais obrigações, destaca-se o respeito ao princípio do poluidor pagador,
prevenção integrada, proteção ao meio ambiente a todas as esferas da política estatal, etc.
Cinco anos depois, na cidade de Kyoto (Japão), ocorreu a Conferência das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas, na qual foi elaborado o Protocolo de Kyoto, o qual teve como
objetivo básico reduzir a emissão de gases, e, consequentemente, a redução do efeito estufa.
No ano de 2002, em Johannesburgo, na África do Sul, foi realizada a cúpula mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável, a qual ficou conhecida como Rio+10, em alusão à conferência
realizada no Rio de Janeiro, uma década antes. Tal reunião teve como objetivo a solidificação
da Agenda 21, uma vez que sua aplicação estava bastante deficiente na maioria dos países
de nosso planeta.
As Conferências internacionais realizadas ao longo dos anos têm demonstrado que a pre-
ocupação com a questão ambiental tem se tornado, a cada dia que passa, uma preocupação
maior para todo o Planeta, em decorrência de suas repercussões para a qualidade de vida dos
seres humanos.43
41
SOARES, Guido Fernando Silva. Direito Internacional de meio ambiente, emergência, obrigação e responsabilidade, p. 55.
42
MORONG, Fabio Ferreira. Aspectos generales de la protección jurídica ambiental de la actual unión europea. Revista de
Direito e Liberdade, v. 12, p. 22-45, 2010.
43
SOBRE O TEMA, VEJA: VARELLA, Marcelo. Direito Internacional Econômico Ambiental. Belo Horizonte: De Rey, 2015.

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2.4. A proteção do Meio Ambiente na Constituição Federal

Nas últimas décadas, a preocupação com a prevenção e proteção ao meio ambiente, bem
como o desenvolvimento sustentável passaram a fazer parte da maioria dos textos constitu-
cionais. E no Brasil não foi diferente.
Em nosso país, o meio ambiente passou a ter uma tutela constitucional somente na Cons-
tituição de 1988, a qual inseriu um capítulo específico sobre o tema, observando-se, porém,
que a questão ambiental é tratada em diversas outras partes do texto constitucional.
E, para proteger tal direito, nossa Constituição Federal44 estabeleceu que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A inserção de tal capítulo trouxe transformações para a questão ambiental em nosso país,
conforme se passará a expor adiante.
Ao tratar dos efeitos da constitucionalização, Virgílio Afonso da Silva45 destaca a unifica-
ção da ordem jurídica e a necessidade da sua simplificação.
Para o referido autor, por meio da unificação, as normas constitucionais se tornariam,
progressivamente, o fundamento comum dos diversos ramos do Direito. Do mesmo modo,
a unificação acabaria relativizando a distinção entre direito público e privado, uma vez que a
Constituição passaria a ser a base fundamentadora de todos os princípios da ordem jurídica.
O segundo efeito destacado pelo autor consiste na denominada simplificação da ordem
jurídica, uma vez que a Constituição passa a ser a “norma de referência” de todo o ordena-
mento jurídico. Logo, a Constituição Federal de 1988 fez muito mais do que simplesmente
atribuir proteção constitucional ao meio ambiente. Ao inserir a dignidade da pessoa humana
entre os fundamentos de nossa República, visando assegurar direitos como a vida digna e a
saúde, considerando-os fundamentais.

44
Artigo 225, caput, da Constituição Federal de 1988.
45
SILVA, Virgílio Afonso. A constitucionalização do direito: os direitos fundamentais nas relações entre particulares, p. 48-50.

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A Constituição criou o cenário perfeito para se chegar a uma conclusão importante: a de


que o meio ambiente, além de ser matéria constitucional, é, também, um direito fundamental
de todos os seres humanos.
E, na medida em que o meio ambiente passa a ser considerado um direito fundamental
autônomo, essa circunstância traz consequências para toda a ordem jurídica.
Discorrendo a respeito das consequências do reconhecimento do meio ambiente como
direito humano fundamental, Jorge Alberto de Oliveira Marum46 afirma que tal direito passa a
ser irrevogável, eis que passa ele a se constituir como verdadeira cláusula pétrea do regime
constitucional brasileiro.
O mesmo autor ainda destaca a “integração plena e imediata dos pactos, tratados e con-
venções internacionais que versem sobre o tema”, bem como a prevalência da “norma que
mais favoreça o direito fundamental ao meio ambiente sadio e equilibrado”.
Ademais, lembre-se que nem todos os direitos garantidos na Constituição são considera-
dos direitos fundamentais.
Para que todos tenham uma vida digna é imprescindível que haja a adequada utilização e
proteção dos recursos naturais existentes em nosso planeta. Do mesmo modo, a proteção à
história e à cultura dos povos é imprescindível para que as futuras gerações tenham informa-
ções acerca de suas origens e dos problemas vivenciados no passado, a fim de ter condições
de garantir a continuidade da vida em nosso planeta.
Do mesmo modo, registre-se que a proteção ao meio ambiente não se encontra prevista
apenas naquele capítulo, mas, sim, ao longo de todo o texto constitucional. Assim, vários
aspectos merecem ser destacados. O primeiro deles refere-se à divisão das competências.
Segundo estabelece nossa Constituição “é competência comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual-
quer de suas formas” (Art. 23, VI).
Neste sentido, a jurisprudência tem entendido que a competência da União, dos Estados
e dos Municípios para legislar e proteger o meio ambiente é concorrente, por se tratar de
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se, por isso,

46
MARUM, Jorge Alberto de Oliveira. Meio ambiente e direitos humanos, p. 134.

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ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e


futuras gerações47.
O artigo 23 da Constituição Federal ainda estabelece, em seus incisos VII e XI que todos
os entes federados possuem competência para “preservar as florestas, a fauna e a flora” (in-
ciso VII), bem como “registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa
e exploração dos recursos hídricos e minerais em seus territórios” (inciso XI)
Por expressa disposição constitucional, compete à União, aos Estados e ao Distrito Fede-
ral legislar concorrentemente sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
defesa do solo e dos recursos naturais, bem como sobre a proteção do meio ambiente, con-
trole da poluição e responsabilidade por dano ao meio ambiente48.
No que se refere à titularidade de tal direito, Manoel Gonçalves Ferreira Filho49, ensina que
o direito ao ambiente pode ser visto como direito individual, pois “seu titular pode ser uma
pessoa física”. Dessa forma, nossa Constituição Federal estabelece que “qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo [... ] ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural”50.
O mesmo autor, contudo, relembra que tal direito também pode ser visto como um “direito
do povo.” Neste aspecto, observe-se que, segundo o art. 129, III, da Constituição Federal, uma
das funções institucionais do Ministério Público é, justamente, a promoção do inquérito civil
e da ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos. Logo, tem-se que, por expressa disposição constitucio-
nal, o meio ambiente é considerando um direito difuso ou coletivo.
Atente-se, ainda, que a defesa do meio ambiente também se constitui como um dos prin-
cípios gerais da atividade econômica51, de tal forma que sua proteção passa a funcionar como
um limite à ordem econômica, fundada na livre iniciativa.

47
Apelação Cível Acórdão n.: 28315. Órgão Julgador: 4ª Câmara Cível. Comarca: Paranaguá. Processo: 0321271-5. Relator:
Adalberto Jorge Xisto Pereira Julgamento: 24/07/2007 19:00. Dados da Publicação: DJ: 7421.
48
Art. 24, inciso VI e VIII, da Constituição Federal de 1988.
49
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais, p. 64.
50
Art. 5º LXXIII, da Constituição Federal de 1988.
51
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente, p. 149.

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No art. 174, § 3º, a Constituição Federal afirma que “O Estado favorecerá a organização
da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a
promoção econômico-social dos garimpeiros”.
Ainda tratando da atividade econômica, a Constituição proclama que parte dos recursos
arrecadados em decorrência da contribuição de intervenção no domínio econômico, relativa
às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e
seus derivados e álcool combustível serão destinados ao financiamento de projetos ambien-
tais relacionados com as indústrias de petróleo e gás52.
Com relação à vida rural, observe-se que um dos requisitos necessários para que a pro-
priedade rural cumpra sua função social é a utilização adequada dos recursos naturais dis-
poníveis com a possível preservação do meio ambiente53.
Desse modo, há de se concluir que a proteção ao meio ambiente não se encontra pre-
vista em um único artigo, mas, sim, ao longo de toda Constituição, uma vez que, conforme
dito anteriormente, sua proteção visa, em suma, tutelar o direito à vida das presentes e
futuras gerações.
Cumpre destacar, mais uma vez, que, por força do disposto no art. 5º, §2º, da Constituição
Federal, o rol de direitos e garantias nela elencados é meramente exemplificativo, de tal forma
que é possível a existência de outros, decorrentes do regime e dos princípios por ela adota-
dos, ou, ainda, dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Assim, tanto na esfera nacional quanto na internacional, o meio ambiente, tem sido, cons-
tantemente, objeto de proteção e, felizmente, de tutela legislativa. Concomitantemente, a so-
ciedade civil tem se organizado e exigido posturas mais comprometidas dos governantes e
dos indivíduos a fim de garantir qualidade de vida para esta e para as futuras gerações.

52
Art. 177, § 4º, II, b, da Constituição Federal de 1988.
53
Art. 186, II, da Constituição Federal de 1988.

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2.5. Deveres do Estado na Área Ambiental

Para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente, a Constituição incumbiu o Po-


der Público de uma série de obrigações, as quais encontram-se previstas nos incisos do art.
225, §1º da CF.54 São elas55:

I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das


espécies e ecossistemas: Tal missão deriva diretamente do princípio da proteção à vida, uma vez
que esta depende diretamente da proteção e preservação do meio ambiente. Assim, na hipótese de
degradação de um determinado ecossistema, deve-se procurar recuperá-lo, de modo a garantir a
salubridade e higidez do meio ambiente.
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético. O atendimento a este comando consti-
tucional foi feito por meio da Medida Provisória n. 2186-16, de 23 de agosto de 2001, a qual regula-
mentou o supracitado inciso. Esta medida, dentre outros assuntos, trata do acesso ao patrimônio
genético e à tecnologia para conservação e utilização do meio ambiente, com o objetivo de prote-
gê-lo, bem como à saúde humana. A medida provisória veda a utilização do patrimônio genético
para práticas nocivas, tais como o desenvolvimento de armas biológicas e químicas.
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua pro-
teção. Neste item destaque-se que a supressão de vegetação em área de preservação permanente
“somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente
caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa
técnica e locacional ao empreendimento proposto”56.
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi-
ficativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publici-
dade. O estudo de impacto ambiental constitui-se como um dos instrumentos da Política Nacional
do Meio Ambiente, cabendo à Administração Pública o dever de exigir tal estudo quando entender
que a obra é potencialmente prejudicial ao meio ambiente.
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. Em razão da proteção ao
meio ambiente constituir-se como um dos deveres do Estado, permitiu a Constituição Federal que
o Poder Público interfira nas atividades econômicas de domínio privado com o objetivo de impedir
danos à vida, qualidade de vida ou ao meio ambiente.

54
Anote-se, para fins de registro, que o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal foi regulamentado por meio
da lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000.
55
Para maiores detalhes, cf. COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. Proteção jurídica do meio ambiente: o papel da adminis-
tração pública na preservação dos direitos da personalidade. Maringá: Cesumar, 2009.
56
Redação dada pela Medida Provisória n. 2.166-67, de 2001.

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VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública


para a preservação do meio ambiente. Com o objetivo de propiciar a adequada proteção ao meio
ambiente, nossa Constituição Federal também estabeleceu que a educação ambiental deverá fazer
parte dos currículos escolares, conscientizando-se a sociedade acerca da necessidade de preser-
vação do meio ambiente.
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Tal
medida, assim como as anteriormente descritas, tem como objetivo proteger o direito à vida, por
meio do correto gerenciamento dos recursos ambientais. A proteção à fauna, à flora e aos diver-
sos ecossistemas existentes deve ser um objetivo presente na atividade estatal.

PEC da vaquejada. Neste item, destaque-se que, por meio da Emenda Constitucional n. 96,
de 2017 foi incluído no texto do art. 225 um parágrafo sétimo estabelecendo que “não se con-
sideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações
culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas
por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.”57. Tal EC foi aprovada
após o julgamento, pelo Plenário do STF da ADI n. 4983, ajuizada pelo procurador-geral da
República contra a Lei n. 15.299/2013, do Estado do Ceará, que regulamentava a vaquejada
como prática desportiva e cultural no Estado.58
Por fim, registre-se que, em razão da natureza jurídica do direito ambiental, sua proteção
exige uma atuação efetiva não só do Estado, mas também, da sociedade, do terceiro setor e
da própria iniciativa privada, uma vez que o desenvolvimento sustentável é a única forma de
se conseguir uma tutela efetiva do bem jurídico ambiental.

3. Interesses Difusos e Coletivos

Os interesses (ou direitos) transindividuais caracterizam-se como direitos de titularidade


coletiva ou difusa. Abrangem os denominados interesses difusos, coletivos e individuais ho-
mogêneos.59

57
Tal emenda foi alvo de uma ADI (n. 5728) a qual encontra-se pendente de julgamento pelo STF.
58
Neste sentido, cf.: COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. O essencial nas procuradorias: advocacia pública em nível federal,
estadual, distrital e municipal. Brasília: Coutinho, 2018.
59
Para maiores detalhes, cf.: COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. O Estado e a proteção do consumidor. Brasília: Coutinho, 2016.

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Os primeiros (interesses difusos) abrangem interesses transindividuais, de natureza indi-


visível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.
Assim, são características dessa espécie de direitos: a indivisibilidade do objeto, a existência
de vínculo decorrente de uma situação de fato em comum (a qual liga os titulares) e a inde-
terminabilidade dos titulares.
Já os interesses coletivos stricto sensu abrangem os transindividuais, de natureza in-
divisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base. São características dessa categoria de direitos:
a indivisibilidade do objeto, a existência de uma relação jurídica em comum (relação jurídica
base) e a determinabilidade dos titulares
Por fim, tem-se os denominados interesses individuais homogêneos, que são aqueles
decorrentes de origem comum. Em relação a eles, tem-se como características principais
a divisibilidade do objeto e a origem comum (decorrem de uma situação fática ou jurídica
em comum).
O meio ambiente é considerado um bem jurídico de titularidade transindividual, merecen-
do tutela jurídica específica.

3.1. Da Proteção do Meio Ambiente em Juízo

Tendo em vista as atribuições do poder público no que se refere à proteção do meio am-
biente, inúmeras são as ações judiciais nas quais o advogado público deve intervir. Desse
modo, a impetração de ações constitucionais (tais como Mandado de Segurança, ação Popu-
lar, ação de desapropriação) dentre outras fazem parte do dia a dia deste profissional, razão
pela qual seu aprofundamento em relação aos aspectos processuais e constitucionais a elas
inerentes torna-se extremamente importante.60
Ademais, a tutela coletiva do direito ao meio ambiente será exercida quando se tratar de
interesses ou direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos.
Do mesmo modo, tratando-se de um interesse transindividual, a proteção do meio am-
biente por meio de ações civis públicas também é uma medida constante nessa área.

60
MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. São Paulo: Saraiva, 2016.

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3.2. Da Lei de Ação Civil Pública

A lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, disciplina a ação civil pública de responsabilidade


por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências.
Assim, regem-se pelas disposições da referida lei, sem prejuízo da ação popular, as ações
de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: l - ao meio-ambiente; ll - ao
consumidor; III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagísti-
co; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo61; V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística. VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.62
e VIII – ao patrimônio público e social. 63

3.3 Do Inquérito Civil

O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar64,
de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no
prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.65

3.4 Coisa Julgada em Sede de Direitos Transindividuais

Com relação aos direitos difusos, tem-se que, excetuando-se a hipótese na qual o pedido
seja julgado improcedente por insuficiência de provas, a sentença terá eficácia erga omnes,
ou seja: terá aplicação em relação a todos os demais indivíduos. Permitiu, ainda, a lei, que, na
hipótese do pedido ser julgado improcedente por insuficiência de provas, qualquer legitimado
possa intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova.
Tratando-se de direito coletivo, a sentença fará coisa julgada ultra partes, mas limitada-
mente ao grupo, categoria ou classe. Contudo, na hipótese do pedido ser julgado improceden-
61
Incluído pela Lei n. 8.078 de 1990
62
Incluído pela Lei n. 12.966, de 2014
63
Art. 1º da lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985.
64
Obs.: Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação, hipótese em que a ação
poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.
65
Art. 8º, § 1º, da lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985 (LACP).

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te por insuficiência de provas, qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico
fundamento valendo-se de nova prova
Por fim, tratando-se de direito individual homogêneo, a lei estabeleceu que apenas no
caso de procedência do pedido a sentença fará coisa julgada erga omnes. Tal regra visa bene-
ficiar todas as vítimas e seus sucessores. Nesta hipótese, contudo, em caso de improcedên-
cia do pedido, os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes
poderão propor ação de indenização a título individual.
Importante frisar, ainda, que os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I (direitos
difusos) e II (direitos coletivos) não prejudicarão interesses e direitos individuais dos inte-
grantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
Do mesmo modo, registre-se que os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, com-
binado com o art. 13 da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de in-
denização por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista
neste código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que
poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.9

3.5. Legitimidade para Propositura da ACP

Segundo estabelece o art. 5º da LACP, têm legitimidade para propor a ação principal e a
ação cautelar: I - o Ministério Público66; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade
de economia mista; e V - a associação que, concomitantemente, preencha os dois requisitos
previstos na lei67.
Obs.: O requisito da pré-constituição (exigido no caso das associações) poderá ser dis-
pensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou ca-
racterística do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido68.
66
Obs.: O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.
67
Requisitos: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; e b) inclua, entre suas finalidades
institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre
concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.
68
Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990.

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Do arquivamento do inquérito civil. Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas


as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil,
promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
fundamentadamente.69
Para o adequado controle das atividades desempenhadas pelo Ministério Público, os au-
tos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se
incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.70
Pela mesma razão, tem-se que até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério
Público, seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as associações
legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do in-
quérito ou anexados às peças de informação.
A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Supe-
rior do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento.
Independência funcional e não homologação do arquivamento do inquérito civil. Deixando
o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação71.

3.6. Termo de Ajustamento de Conduta

O termo de ajustamento de conduta constitui-se como um meio alternativo de solução


extrajudicial de conflitos.
Sobre o tema, a lei n. 9.469, de 10 de julho de 1997 elenca, em seu art. 4º-A, uma série de
elementos que deverão constar no termo de ajustamento de conduta, a fim de prevenir ou ter-
minar litígios nas hipóteses que envolvam interesse público da União, suas autarquias e fun-
dações. Assim, termo de ajustamento de conduta o deverá conter: a descrição das obrigações
assumidas, o prazo e o modo para o cumprimento das obrigações, a forma de fiscalização

69
Art. 9º da lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985 (LACP).
70
Art. 9º, § 1º, da lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985 (LACP).
71
Registre-se que constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000
(mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, a recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos
indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.

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da sua observância, os fundamentos de fato e de direito; e a previsão de multa ou de sanção


administrativa, no caso de seu descumprimento.
Tal termo será firmado pela Advocacia-Geral da União, podendo ela solicitar aos órgãos
e entidades públicas federais manifestação sobre a viabilidade técnica, operacional e finan-
ceira das obrigações a serem assumidas em termo de ajustamento de conduta, cabendo ao
Advogado-Geral da União a decisão final quanto à sua celebração.
A lei de ação civil pública (lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985) sofreu alterações decorren-
tes do Código de Defesa do Consumidor (Lei nª 8.078, de 11.9.1990). Assim, nos termos da
redação atual do art. 5º, § 6º, da citada lei, os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante
cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.

3.7. Medidas Cautelares e a Eficácia Instrumental das Tutelas


Mandamentais em Matéria Ambiental

A lei de ação civil pública estabelece que, na ação que tenha por objeto o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade
devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de comina-
ção de multa diária72 (astreinte), se esta for suficiente ou compatível, independentemente de
requerimento do autor.73 Do mesmo modo, poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou
sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.74 Trata-se de dispositivo criado com o
objetivo de garantir a efetiva proteção do direito lesado ou ameaçado de lesão.
Contudo, a mesma lei também estabeleceu que, a requerimento de pessoa jurídica de
direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à eco-
nomia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo

72
Registre-se que a multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável
ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento, cf.: art. 12. § 2º, da lei n. 7.347,
de 24 de julho de 1985.
73
Art. 11 da lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985 (LACP).
74
Art. 12 da lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985 (LACP).

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recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo


para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.
Da tutela mandamental
Com base na teoria quinaria das ações, denomina-se como “mandamental” a ação que
tenha por objetivo principal a busca de uma ordem do juízo para que se faça ou deixe de fazer
alguma coisa, de acordo com o sentido da pretensão deduzida.
Na área ambiental e urbanística tal tutela possui especial importância, tendo em vista a
natureza dos bens jurídicos protegidos e as consequência advindas de sua violação. Isso
porque, por meio da ação mandamental, o juiz ordena o cumprimento da decisão utilizando
mecanismos coercitivos (tais como a multa por tempo de atraso), exercendo seu poder de
imperium.” Tem-se, portanto, uma prevalência das tutelas preventivas em relação às tute-
las ressarcitórias.
Antecipação da tutela mandamental. Do mesmo modo, o CDC estabelece que, sendo re-
levante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
Da tutela inibitória
De início registre-se que a sentença inibitória pode ter natureza mandamental ou executi-
va lato sensu, variando conforme a peculiaridade do direito material.75
A tutela inibitória ambiental está prevista no art. 11 da Lei n. 7.347/1985, e, consoante
ensina MARINONI, é uma tutela específica, pois objetiva conservar a integridade do direito,
visto que, na área ambiental, alguns direitos não podem ser reparados e outros não podem ser
adequadamente tutelados por meio da técnica ressarcitória.
Assim, a sentença inibitória consiste, basicamente, em uma “ordem de cumprimento de uma
obrigação de fazer, não fazer ou de entrega de coisa dirigida ao réu, sob pena de submissão à
efetivação das sanções relacionadas às medidas coercitivas, ou ainda à adoção de medidas
sub-rogatórias que concedam ao autor o resultado prático equivalente ao adimplemento.”76

75
A principal diferença entre ação mandamental e executiva reside no fato de que, na ação mandamental, o juiz se utiliza de
meios coercitivos destinados ao cumprimento da obrigação, ao passo que, na executiva, os meios são sub-rogatórios, ou
seja, é o próprio juízo que faz cumprir a sua ordem, independentemente da vontade do réu.
76
SPADONI, Joaquim Felipe. Ação inibitória: a ação preventiva prevista no art. 461 do CPC. 2. ed. São Paulo: RT, 2007, p. 120.

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3.8. Fundo de Proteção dos Interesses Difusos e Coletivos

Segundo estabelece o art. 13 da LACP, havendo condenação em dinheiro, a indenização


pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos
Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da co-
munidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.
Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação
étnica nos termos do disposto no art. 1º da LACP, a prestação em dinheiro reverterá diretamente
ao fundo de proteção dos interesses difusos e coletivos e será utilizada para ações de promoção
da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial,
na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais
ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente.

3.9. Ação Popular Ambiental

Legitimidade ativa. Segundo estabelece o artigo 5º, LXXIII da CRFB qualquer cidadão é
parte legitima para propor Ação Popular.77
Pressuposto. O mesmo inciso ainda estabelece como pressuposto para a propositura da
ação popular a ocorrência de um ato lesivo contra o meio ambiente ou outro interesse difuso.
Consoante ensina NAKAMAURA78, o povo é um dos principais instrumentos de controle
da Administração Pública. Assim, caso verificada alguma irregularidade, qualquer cidadão
é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência (art. 5º LXXIII).
Legitimidade passiva. Consoante estabelece o art. 6º da Lei 4.717/65 a Ação Popular po-
derá ser proposta contra as pessoas públicas ou privadas e todas as entidades previstas no
artigo 1º da referida lei, além das autoridades, funcionários ou administradores que houverem

77
Para maiores detalhes, vide artigo 1º da Lei 4.717/65
78
NAKAMURA, André Luis dos Santos; COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. Direito Administrativo. São Paulo: Coutinho,
2017.

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autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tenham
dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.

3.10. Mandado de Segurança Ambiental

Segundo estabelece nossa Constituição Federal, em seu art. 5º, LXIX, “conceder-se-á
mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas cor-
pus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”.
Do mesmo modo, o direito ao meio ambiente equilibrado constitui-se, inequivocamente,
como um direito líquido e certo. Assim, Havendo prova (suficiente) da ilegalidade ou abuso
de poder (que se firma) é possível a apreciação pelo juiz para a concessão ou denegação da
segurança (julgamento de mérito).
Do mandado de segurança coletivo
O mandado de segurança coletivo tem como objetivo a preservação (caráter preventivo)
ou reparação (caráter repressivo) de interesses transindividuais79,
Legitimidade ativa. Segundo estabelece o art. 5º, LXX, da CRFB, o mandado de segurança
coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacio-
nal; ou b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou asso-
ciados.80 Trata-se de um rol exemplificativo, na medida em que o Ministério Público também

79
Segundo estabelece o art. 21, parágrafo único da lei 12.016/2009, os direitos protegidos pelo mandado de segurança
coletivo podem ser: I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de
que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou
situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. Contudo, para a doutrina majo-
ritária, tal limitação é inconstitucional, por violar o disposto no art. 5, XXXV da CRFB.
80
conforme determina o art 21 da Lei 12.016/2009 o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político
com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finali-
dade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associa-
dos, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

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possui legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo, por força do inciso III e §
1º. do art. 129 da Constituição Federal.
Legitimidade passiva. No tocante ao polo passivo tem-se que o Mandado de segurança
será proposto contra autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
buições do Poder público quando estes por ato de ilegalidade ou abuso de poder ofenderem
direito líquido e certo.
Regulamentação legal. Em nível infraconstitucional a matéria encontra-se regulamentada
pela lei n. 12.016, de 7 de agosto de 2009.
Sentença e efeitos. A sentença pleiteada por esta via será sempre mandamental e, sendo
procedente o pedido, a decisão terá efeito erga omnes81.

3.11. Mandado de Injunção Ambiental

Trata-se de instrumento previsto no art. 5º, LXXI, da CRFB como mecanismo processual
utilizado para garantir o exercício dos direitos fundamentais dos cidadãos82.
Requisitos. Para sua impetração exige-se a presença de dois requisitos, quais sejam:
a omissão legislativa e o impedimento do exercício regular de uma garantia constitucional
acerca da liberdade, ou prerrogativas inerentes a nacionalidade, soberania e cidadania.
Objetivo: Sua finalidade é a proteção de direitos e liberdades, individuais ou coletivas, e
das prerrogativas ligadas à nacionalidade, soberania e cidadania
Legitimidade ativa. Qualquer pessoa (física ou jurídica) nacional ou estrangeira residente
no país, titular do direito que está sendo obstado pela falta de regulamentação de uma nor-
ma constitucional sem aplicabilidade imediata, referente ao exercício de direitos e liberdades
constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania possui legi-
timidade para seu ajuizamento. Inclua-se, ainda, o Ministério Público, os sindicatos,83

81
Por força do estabelecido no art. 22 da lei 12.016/2009 há quem defenda que a sentença fará coisa julgada limitadamente
aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. Contudo, dadas as características do bem ambiental,
tal limitação será de difícil ocorrência na prática.
82
Art. 5º, LXXI, CRFB: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.
83
SANTOS, Lara Cíntia De Oliveira. A eficácia do mandado de injunção na atual constituição federal e o pensamento juris-
prudencial sobre o assunto http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=7161

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Legitimidade passiva. o Mandado de Injunção deverá ser impetrado contra o ente que
detém o poder-dever de regulamentar a matéria objeto do Mandado de Injunção, mas encon-
tra-se omissa.
uma das suas diferenças entre o Mandado de Injunção e a ação de inconstitucionalidade
por omissão é que, no Mandado de Injunção não há julgamento da lei em tese, mas sim num
referido caso concreto, em que a falta de norma regulamentadora inviabilize um destes direi-
tos e liberdades constitucionais.

3.12. Ação Declaratória de Inconstitucionalidade em Matéria


Ambiental

A Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIN encontra-se prevista no art. 102, I, a, da


CRFB.
Segundo estabelece o referido diploma normativo, compete ao Supremo Tribunal Federal
processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato nor-
mativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato norma-
tivo federal84.
Legitimados. Segundo estabelece nossa Constituição (art. 103) podem propor a ação di-
reta de inconstitucionalidade: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa
da Câmara dos Deputados, a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legisla-
tiva do Distrito Federal, o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal, o Pro-
curador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partido
político com representação no Congresso Nacional ou confederação sindical ou entidade de
classe de âmbito nacional.85
Procedimento. Seu procedimento está estabelecido na Lei n. 9.868/1999, a qual faz menção
aos legitimados para propositura da ação, requisitos da petição inicial, providências cabíveis, etc.

84
Tratando-se de arguição de inconstitucionalidade de lei estadual ou municipal perante a Constituição Estadual, a compe-
tência originária será dos Tribunais de Justiça de cada Estado (CF, art. 125, § 2º).
85
No mesmo sentido, veja-se: art. 2º da Lei n. 9.868/1999.

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Na seara ambiental várias são as ações relacionadas à declaração de inconstitucionali-


dade de leis que violam o direito ao meio ambiente.86
Observe-se, entretanto, que o STF tem entendimento no sentido de não admitir a proposi-
tura de ação direta de inconstitucionalidade para impugnar Resolução do CONAMA, ato nor-
mativo regulamentar e não autônomo, de natureza secundária. O parâmetro de análise dessa
espécie de ato é a lei regulamentada e não a Constituição.87
Efeitos da ação. Declarada a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo federal ou es-
tadual, a decisão terá efeito ex tunc e erga omnes, desfazendo, desde sua origem, o ato decla-
rado inconstitucional, juntamente com todas as consequências dele derivadas, uma vez que
os atos inconstitucionais são nulos.88

4. Princípios Gerais de Direito Ambiental

Nas precisas palavras de Miguel Reale princípios são “enunciações normativas de valor
genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a
sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas”.89
Tendo em vista o disposto em nossa Constituição Federal, bem como os diversos tra-
tados internacionais dos quais o Brasil é signatário, torna-se possível extrair diversos prin-
cípios relacionados à tutela do meio ambiente, os quais passam a ser apresentados nos
tópicos a seguir.90

86
Citem-se, como exemplos, ADIns relacionadas ao novo código florestal, sistema de unidades de conservação, etc.
87
AgrReg. na ADIN 3.074. Relator: Min. Teori Zavascki
88
Obs.: Entretanto, o art. 27 da lei 9.868/99, estatui que, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional inte-
resse social, poderá o STF, por 2/3 de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. (modulação dos efeitos da ADIn.)
89
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 300
90
Para maiores detalhes, cf. COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. Proteção jurídica do meio ambiente: o papel da admi-
nistração pública na preservação dos direitos da personalidade. Maringá: Cesumar, 2009. Cf. também: COUTINHO, Nilton
Carlos de Almeida; FRANZOI, Sandro Marcelo Paris; FILIPPI, Juliana Cristina Lopes. Intervenção estatal ambiental: licen-
ciamento ambiental e a Lei n. 140/2011. In: LAZARI, Rafael; FRANZÉ, Luis Henrique. Estado e indivíduo: estudos sobre
intervencionismo estatal. Curitiba: CRV, 2015.

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4.1. Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado e Sadia


Qualidade de Vida

Foi o primeiro princípio previsto na declaração de Estocolmo e proclama que “o homem


tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida ade-
quadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar
de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as ge-
rações presentes e futuras91”.
Segundo Luís Roberto Gomes92, o ambiente ecologicamente equilibrado traduz-se em um
desdobramento da proteção do direito à vida, uma vez que: “a salvaguarda das condições
ambientais adequadas à vida depende logicamente da proteção dos valores ambientais”.
Tal princípio foi reafirmado pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Segundo deliberado naquela oportu-
nidade, “os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sus-
tentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza93”.
Para Paulo Affonso Leme Machado94, há nessa hipótese, a existência do Princípio do di-
reito à sadia qualidade de vida. Aduz o autor: “não basta viver ou conservar a vida. É justo
buscar e conseguir a ‘qualidade de vida’ ”.

4.2. Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental

O princípio da natureza pública da proteção ambiental fundamenta-se no fato de que, em


razão do meio ambiente constituir-se como um bem de uso comum do povo, sua proteção
ambiental deve ser feita visando o bem-estar da coletividade.

91
Princípios extraídos da biblioteca virtual de direitos humanos da Universidade de São Paulo. Disponível em http://www.
direitoshumanos.usp.br/counter/Onu/ Confere_cupula/texto/ texto_1.html (tradução livre).
92
GOMES, Luis Roberto. Princípios fundamentais de proteção ao meio ambiente. In revista de direito ambiental, n. 16, ano 4
out/dez.1999, p. 172.
93
Princípio 1 da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992.
94
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, p.46.

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Ademais, segundo Lise Vieira da Costa Tupiassa95, “o meio ambiente é um bem que per-
tence à coletividade e não integra o patrimônio disponível do Estado”.
O princípio da natureza pública da proteção ambiental foi expressamente previsto na
Constituição Federal de 1988, a qual estabeleceu que o meio ambiente se constitui como
“bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”. Tal princípio, assim como
outros, a serem vistos oportunamente, fundamenta a obrigatoriedade da intervenção do Esta-
do, eis que se trata de direito relacionado ao interesse público.
Para vários autores, poder-se-ia falar na existência de um princípio da obrigatoriedade da
intervenção estatal.96 Logo, quando se fala em proteção ambiental, há que se ter em mente
a indisponibilidade de tal interesse, bem como a supremacia do interesse público se consti-
tuem como fatores orientadores dessa proteção.
Paulo Affonso Leme Machado97, destaca que, segundo essa visão, o Poder Público passa
a figurar não como proprietário dos bens ambientais, mas, sim, como gestor de tais bens.
Deste modo, eficiência e prestação de contas passam a fazer parte dessa nova forma de ges-
tão ambiental. O mesmo autor ainda relembra que, segundo dispõe a Declaração de Johan-
nesburgo: “para conseguirmos nossos objetivos de desenvolvimento sustentado temos ne-
cessidade de instituições internacionais e multilaterais mais efetivas, democráticas e que
prestem contas”98
Luiz Roberto Gomes99, por sua vez, associa a obrigatoriedade da intervenção estatal ao
princípio da indisponibilidade do interesse público. Para ele, “trata-se de corolário do princípio
da indisponibilidade do interesse púbico na proteção do meio ambiente”.
A intervenção estatal também foi expressamente prevista pela Declaração de Estocolmo
sobre o Meio Ambiente Humano, conforme se depreende da leitura do princípio:
95
TUPIASSA, Lise Vieira da Costa. O direito ambiental e seus princípios informativos. In: Revista de Direito Ambiental. Ano 8,
abr/jun. 2003, n. 30, p. 173
96
Neste sentido, veja-se: PAZZAGLINI FILHO, Marino. Princípios constitucionais reguladores da administração pública:
Agentes Públicos. Discricionariedade Administrativa. Extensão da Atuação do Ministério Público e do Controle do Poder
Judiciário. E ainda: CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional: teoria do Estado e da Constituição. Direito Cons-
titucional Positivo.
97
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, p. 105
98
To archieve our goals of sustainable development, we need more effective, democratic and accountable international and
multilateral institutions
99
GOMES, Luiz Roberto. Princípios constitucionais de proteção ao meio ambiente. Revista de direito ambiental, p. 175.

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Deve-se confiar às instituições nacionais competentes a tarefa de planejar, administrar ou contro-


lar a utilização dos recursos ambientais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio
ambiente.

Ante todo o exposto há de se concluir que, por se tratar de um bem de uso comum do
povo (art. 225 da CF), o meio ambiente ecologicamente equilibrado não se inscreve entre os
bens suscetíveis de disponibilidade pelo Estado, de tal forma que a proteção ambiental deve
procurar assegurar a qualidade de vida e saúde de toda a sociedade, sobrepondo-se a inte-
resses individuais. A natureza pública de tal direito fundamenta e justifica a atuação estatal
na defesa do meio ambiente.

4.3. Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder Público


Ao Estado foi atribuído o dever de proteger o meio ambiente. Para tanto, deve ele fiscalizar
e orientar os cidadãos quanto aos seus limites para a adequada utilização do meio ambiente,
o que é feito por meio das polícias administrativas.
O princípio do controle do poluidor pelo Poder Público possibilita a realização de interven-
ções estatais visando a manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais, de
modo a possibilitar sua utilização nacional e disponibilidade permanente. Encontra-se pre-
visto em nosso ordenamento jurídico, por meio do art. 225, § 1º, V, da Constituição Federal,
o qual estabelece que é da incumbência do poder público “controlar a produção, comerciali-
zação e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente”.
Aqui, novamente, visualiza-se a presença do interesse público em relação ao meio am-
biente e à qualidade de vida, uma vez que incumbe aos governantes o dever de controlar to-
dos os tipos de poluição ambiental, utilizando-se do seu poder de polícia. Por meio de órgãos
e entidades públicas que limitem ou disciplinem o exercício dos direitos individuais com o
objetivo de assegurar o bem-estar da coletividade.
Do mesmo modo, a natureza pública dos bens jurídicos em discussão justifica a atuação
do poder público em defesa do meio ambiente.

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Destaque-se, ainda, que a fixação dos limites é fundamental para que a Administração
possa exercer o poder de polícia dentro da legalidade. Assim, uma vez estabelecidos tais
limites, pode o poder público aplicar, coercitivamente, as medidas necessárias para que
se evite, ou se minimize, a poluição e a degradação ambientais. Deste modo, sempre que
houver risco para a preservação do meio ambiente, deve o poder público intervir, de modo
a garantir a adequada proteção do meio ambiente e sua utilização de forma racional, em
benefício da sociedade.
Ao Estado cumpre o papel de disciplinar e restringir o direito dos indivíduos a fim de pos-
sibilitar a proteção efetiva do meio ambiente e, consequentemente, garantindo-se a manuten-
ção da vida em sociedade, com saúde e qualidade.

4.4. Princípio da Consideração da Variável Ambiental no Processo


Decisório de Políticas de Desenvolvimento

O princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de


desenvolvimento foi previsto pela Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e De-
senvolvimento, a qual estabeleceu que “a avaliação do impacto ambiental, como instrumento
nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas que possam vir a ter impacto ne-
gativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de uma decisão de autoridade
nacional competente100”.
Em decorrência desse princípio, sempre que a Administração Pública tenha que se posi-
cionar acerca de determinada política de desenvolvimento, deverá analisar o impacto desta
política em relação ao meio ambiente.
Tal análise, contudo, não se aplica apenas ao setor público, mas, também à iniciativa pri-
vada. A observância desse princípio constitui-se como meio eficaz para impedir ou, pelo me-
nos, minimizar as lesões causadas ao meio ambiente, permitindo que as ações estatais e
também particulares se coadunem com o desenvolvimento ecologicamente sustentável.

100
Princípio 17 da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

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Para isso, contudo, é necessário que exista uma política voltada para a gestão ambiental.
E quando se fala em políticas públicas, está-se, na verdade, tratando de ações do Estado em
prol da coletividade, dentro das quais se encontra a proteção ambiental.
Conclui-se, muito embora o desenvolvimento seja um objetivo perseguido por todas as
sociedades, deve ele ocorrer levando-se em conta os riscos e danos causados ao meio am-
biente, o qual também deve ser protegido.

4.5. Princípio da Participação Comunitária

A participação da sociedade na proteção ambiental também foi prevista na atual Cons-


tituição Federal, a qual estabeleceu que o dever de defender e preservar o meio ambiente
compete tanto ao Poder Público quanto à coletividade. No mesmo sentido foi a orientação
seguida pela Declaração do Rio de Janeiro101, a qual procurou assegurar a participação de
todos os cidadãos interessados nas questões ambientais.
Com base em tal princípio tem-se que é direito da comunidade participar na formulação e
execução de políticas ambientais e na tomada de decisões que tragam repercussões na área.
Desse modo, empreendimentos potencialmente poluentes ou que possam causar danos ao
meio ambiente deverão ser apresentados previamente às populações a serem atingidas, pos-
sibilitando-lhes a participação no processo decisório.
A inclusão do princípio da participação comunitária em nosso ordenamento jurídico vem
reforçar o mandamento constitucional segundo o qual impõe-se a todos a defesa e preserva-
ção do meio ambiente, ou seja: na busca de soluções para os problemas ambientais deve-se
estimular a cooperação entre o Estado e a sociedade, por meio da participação dos diversos
grupos sociais existentes, na busca de soluções para os problemas ambientais.
Destaque-se, ainda, que este princípio também se encontra relacionado ao da publicidade
dos atos da Administração Pública, eis que, para que haja a adequada participação do parti-
cular na busca de soluções para os problemas ambientais, deve ela ter acesso a informações
(excetuando-se nas hipóteses em que razões de segurança nacional a impedirem). O princí-
pio da publicidade, entretanto, este será objeto de análise em item específico.

101
Princípio 10 da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

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Por fim há que se notar que a participação da sociedade na proteção do meio ambiente
exige acesso à informação e educação ambiental. Igualmente, a sociedade pode buscar auxí-
lio junto aos poderes executivo, legislativo e judiciário, mas, para isso, é necessário, conheci-
mento e conscientização ambiental.

4.6. Princípio do Poluidor Pagador

Segundo Édis Milaré102, o princípio do poluidor pagador baseia-se na teoria segundo a


qual os agentes econômicos devem levar em consideração o custo resultante dos danos am-
bientais no momento de se elaborar os custos da produção. Deste modo, tal princípio visa
impedir que a sociedade arque com os custos (financeiros e ambientais) decorrentes da ex-
ploração ambiental realizada por um poluidor identificável, que auferiu lucros com a atividade
econômica por ele exercida.
O princípio do poluidor pagador foi incorporado ao texto constitucional por meio do art.
225, § 3º, o qual estabeleceu que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados. Contudo, na visão de GERENT, tal princípio pode ser
visualizado nos arts. 170, VI; 225, §1º, V; §2º e §3º de nossa Constituição Federal.103
No que tange à responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos am-
bientais, nossos tribunais já se manifestaram no sentido de que tal responsabilização “advém
de uma escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao meio
ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial104”.
Maria Alexandra de Sousa Aragão105 afirma que os poluidores devem suportar também
todos os custos das medidas públicas de reposição da qualidade do ambiente perdida, ou
com o auxílio econômico às vítimas, além dos custos administrativos conexos. Segundo ela,

102
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente, p. 142.
103
GERENT, Juliana. Direito ambiental e a teoria econômica neoclássica – valoração do bem ambiental. In: Revista Jurídica
Cesumar. Maringá: Centro Universitário de Maringá p, 284.
104
REsp 610114 / RN. RECURSO ESPECIAL 2003/0210087-0. Relator(a): Ministro GILSON DIPP. Órgão Julgador: T5 - QUINTA
TURMA. Data do Julgamento: 17/11/2005 Data da Publicação/Fonte. DJ 19/12/2005 p. 463.
105
ARAGÃO, Maria Alexandra de Sousa. O Princípio do Nível Elevado de Proteção e a Renovação Ecológica do Direito do
Ambiente e dos Resíduos, p. 185.

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o princípio do poluidor-pagador é um princípio normativo de caráter econômico, mas que, en-


tretanto, deve ser considerado uma regra de bom senso econômico, jurídico e político.
No que se refere à intervenção concretizadora do Poder Público, torna-se fundamental
que este estabeleça o conteúdo, a extensão e os limites das obrigações dos poluidores.
Uma observação que precisa ficar clara refere-se ao fato de que, segundo o princípio do
poluidor pagador, este deve suportar os custos das medidas de proteção do meio ambiente
e, também, procurar corrigir e eliminar as fontes poluidoras, sendo possível afirmar-se que
tal princípio possui uma função preventiva, reparatória e, também, educativa. Assim, uma vez
ocorrido o dano, deve o poluidor responsabilizar-se pela reparação do mesmo.

4.7. Princípio da Reparação

O princípio da reparação foi expressamente previsto como 13º princípio da Conferência


das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro
em 1992 e decorre diretamente do princípio da prevenção e, também, do princípio do polui-
dor pagador.
Neste aspecto, destaca-se a importância da atividade legiferante dos Estados em rela-
ção à responsabilidade do causador do dano e à indenização das vítimas. Assim, segundo
estabelecido no princípio 13 da referida Declaração “os Estados devem desenvolver legis-
lação nacional relativa à responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros
danos ambientais”. Tal orientação foi adotada pela Constituição de 1988, a qual estabeleceu
que “aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente de-
gradado” e “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar
os danos causados”.
Com base nesse princípio, aquele que causar lesão a bens ambientais deve ser responsa-
bilizado por seus atos, reparando ou indenizando os danos causados.
O princípio da reparação obteve maior efetividade em decorrência da adoção da teoria da
responsabilidade objetiva. Neste sentido, veja-se:

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3. A adoção pela lei da responsabilidade civil objetiva, significou apreciável avanço no combate à
devastação do meio ambiente, uma vez que, sob esse sistema, não se leva em conta, subjetiva-
mente, a conduta do causador do dano, mas a ocorrência do resultado prejudicial ao homem e ao
ambiente. Assim sendo, para que se observe a obrigatoriedade da reparação do dano é suficiente,
apenas, que se demonstre o nexo causal entre a lesão infligida ao meio ambiente e a ação ou omis-
são do responsável pelo dano106.

A adoção da responsabilidade objetiva demonstra o quanto a preocupação com o aspecto


ambiental tem adquirido importância na atualidade, suscitando medidas de severa sanção e
responsabilização, seja ela causada de forma direta ou indireta.

4.8. Princípio da Precaução


O princípio da precaução tem como fundamento o fato de que, em razão da dificuldade
em se reconstituir uma área que tenha sofrido um dano ambiental, deve-se evitar, ao máximo,
que o dano chegue a ocorrer. Isso porque, em geral, a grande maioria dos danos causados ao
meio ambiente são irreparáveis.
É esta, aliás, a orientação traçada pela Declaração do Rio, a qual estabelece que quando
houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis devem ser tomadas medidas eficazes e eco-
nomicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. (Princípio 15).
O vocábulo advém do verbo precaver (do latim prae = antes e cavere = tomar cuidado). Tal
princípio tem como objetivo impedir o dano ambiental, ainda que sua ocorrência futura seja
incerta, ou seja, sua aplicação deriva do fato de não se saber, ao certo, quais as consequên-
cias e reflexos que determinada conduta poderá gerar ao meio ambiente, por incerteza ou
imprevisibilidade.
Em trabalho específico sobre o tema Ana Gouveia e Freitas Martins107 defende que a imple-
mentação do princípio da precaução gira em torno de sete ideias fundamentais, quais sejam:
• A de que perante a ameaça de danos sérios ao meio ambiente, ainda que não existam
provas científicas que estabeleçam um nexo causal entre uma atividade e os seus efei-
tos, devem ser tomadas as medidas necessárias para impedir a sua ocorrência.

106
REsp 578797/RS. Recurso Especial 2003/0162662-0. Rel.: Ministro Luiz Fux. Órgão Julgador: T1 - Primeira Turma. Data do
Julgamento: 05/08/2004. Data da Publicação/Fonte: DJ 20/09/2004 p. 196. LEXSTJ vol. 183 p. 161. RNDJ vol. 60 p. 92.
107
MARTINS, Ana Gouveia e Freitas. O principio da precaução no direito do Ambiente, p. 54-60.

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• A da necessidade acerca da inversão do ônus da prova, cabendo àquele que pretender


exercer uma atividade que a Administração julgue potencialmente danosa ao meio am-
biente, que demonstre que os riscos a ela associados são aceitáveis.
• In dubio pro ambiente, ou seja: o conflito entre interesses econômicos e interesses am-
bientais deve ser decidido em prol do ambiente.
• A de que a sujeição ao desenvolvimento deve respeitar os limites de tolerância ambien-
tal, de modo a proteger os sistemas ecológicos
• A de exigência de desenvolvimento e introdução das melhores técnicas disponíveis, de
modo a possibilitar a redução da poluição e da lesão ao meio ambiente.
• A da preservação de áreas e reservas naturais e a proteção de espécies
• Promoção e desenvolvimento da investigação científica e realização de estudos com-
pletos e exaustivos sobre os efeitos e os riscos potenciais decorrentes de uma deter-
minada atividade.

Sérgio Ribeiro Cavalcante108 ressalta que o princípio da precaução ambiental na Adminis-


tração Pública se caracteriza por um sistema de estudos, devendo ser utilizado para ativida-
des que possam causar significativo impacto adverso ao meio ambiente.
Para Ana Gouveia e Freitas Martins109 “o princípio da precaução deve ser assumido como
um princípio jurídico-político orientador da política ambiental”, constituindo-se como um im-
portante argumento para a atuação estatal na hipótese de inexistência de comprovação cien-
tífica acerca do potencial de degradação em relação a determinado empreendimento ou obra.
Nestas hipóteses, o princípio da precaução justifica-se em razão da relevância dos bens ju-
rídicos tutelados, de tal forma que qualquer ameaça (ainda que não comprovada) em relação
a tais bens deve ser combatida antes que possa vir a causar algum dano, razão pela qual a
atuação estatal, com vistas à proteção do meio ambiente, há de ser exigida.
Ao lado do princípio da precaução, encontra-se, também, o princípio da prevenção.

108
CAVALCANTE, Sérgio Ribeiro. Princípio da Precaução Ambiental: uma diretriz política, constitucional, administrativa e
jurisdicional nas presunções científicas, p. 87.
109
MARTINS, Ana Gouveia e Freitas. O princípio da precaução no direito do Ambiente, p. 93.

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4.9. Princípio da Prevenção

A prevenção relaciona-se à ideia da existência de um perigo antevisto e comprovado, o


qual deve ser evitado. Na prevenção o nexo causal entre a conduta e o dano ambiental encon-
tra-se cientificamente comprovado ou é facilmente previsível.
Segundo Vicente Gomes da Silva110, tal princípio foi inserido na Declaração do Rio/92,
como o de número 15, devendo ele ser observado pelos Estados, de acordo com suas ca-
pacidades.
Apesar de muitos autores utilizarem as expressões como sinônimas, o princípio da pre-
venção não se confunde com o princípio da precaução.
Com base nesta característica, Édis Milaré traça o principal fato diferenciador do princípio
da precaução para o princípio da prevenção. Segundo o citado autor a prevenção trata de
riscos ou impactos já conhecidos pela ciência, ao passo que a precaução se destina a gerir
riscos ou impactos desconhecidos111.
Para AMOY112, o princípio da prevenção refere-se ao perigo concreto, enquanto o da
precaução refere-se ao perigo abstrato. No princípio da prevenção as consequências de de-
terminado ato são previamente conhecidas, devendo, portanto, ser evitadas. Já no princípio
da precaução, a proteção decorre do fato de não se saber quais danos poderão ser cau-
sados ao meio ambiente. A diferença entre tais princípios também é apontada para Tiago
Fensterseifer113 para quem o princípio da prevenção traria consigo a ideia de conhecimento
completo acerca dos efeitos de determinada intervenção no meio ambiente, ao passo que,
o princípio da precaução possuiria um universo maior, por procurar atuar na proteção de
um bem jurídico ambiental sobre o qual ainda não se sabe, com exatidão, quais serão as
consequências danosas que podem vir a lhe ocorrer. Porém, não são todos os autores que
fazem essa diferenciação.

110
SILVA, Vicente Gomes da. Legislação ambiental comentada, p. 26.
111
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente, p. 142.
112
AMOY, Rodrigo de Almeida. A proteção do direito fundamental ao meio ambiente no direito interno e internacional. Dispo-
nível em: <http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/anais/bh/ rodrigo_de_almeida_amoy.pdf > Acesso: 21 dez. 2008.
113
FENSTERSEIFER, Tiago. Direitos fundamentais e proteção do ambiente: A dimensão ecológica da dignidade humana, p.
81-82.

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A aplicação do princípio da prevenção (bem como do princípio da precaução) permite que


a Administração Pública se antecipe à lesão ambiental e realize condutas atinentes à preven-
ção do dano, permitindo uma maior efetividade na proteção ao meio ambiente.
“In dubio pro ambiente”. Registre-se, finalmente, que, com a adoção de tais princípios in-
verte-se o ônus da prova, cabendo ao empreendedor o dever de demonstrar que a atividade
por ele almejada não apresenta risco ambiental.
Diferenças entre ambos os princípios:
O princípio da precaução trabalha dentro de uma lógica de insegurança científica, ao pas-
so que a prevenção dentro da lógica de segurança científica. No princípio da precaução o
risco e as consequências do ato são desconhecidos; no princípio da prevenção as consequ-
ências são conhecidas.

4.10. Da Função Social da Propriedade

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabelece, no capítulo dos direitos e garantias


fundamentais (artigo 5º, XXII) o direito de propriedade e, no inciso seguinte, determina que
esta cumprirá a sua função social. Na sequência (inciso XXIV), estabelece procedimentos
para desapropriação, mediante prévia e justa indenização114.
Observe-se ainda que o princípio da função social da propriedade é reiterado nos arts.
170, inciso III e 186, incisos I a IV, da Carta Republicana, segundo os quais a função social da
propriedade rural é cumprida quando atender, além de outros requisitos, ao da utilização ade-
quada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente. Nesse sentido, ao
Poder Público incumbe o cumprimento do que dispõem os incisos I a IV, do § 1º, do art. 225.

4.11. Princípio da Função Socioambiental da Propriedade

Conforme mencionado, a CRFB garante o direito à propriedade privada (art. 5º, XXII), dei-
xando claro, entretanto, que a propriedade deverá atender a sua função social (art. 5º, XXIII).

114
Sobre o tema, cf. NAKAMURA, André Luiz dos Santos. A Justa e Prévia Indenização na Desapropriação. Rio de Janeiro,
LUMEN JURIS, 2013.

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Com base em tal regra, João Lopes Guimarães Junior115, ensina que a função social da pro-
priedade refere-se ao “dever do proprietário de atender a finalidades relacionadas a interes-
ses protegidos por lei”.
O meio ambiente possui inequívoca função social, eis que, por meio dele, possibilita-se
uma melhoria na qualidade de vida de toda a população, destacando-se, ainda que o art. 170
da Constituição Federal elenca a propriedade privada e sua função social como princípios da
ordem econômica.
Jean Jacques Erenberg116 explicita que, ao contrário do que se poderia imaginar, a adoção
do princípio da função social da propriedade não possui um viés socialista, de tal forma que
sua existência pode ser justificada dentro de um regime capitalista, no qual a função social da
propriedade constitui-se como um princípio da atividade econômica e um direito fundamental
do ser humano.
Para Saint-Clair Honorato Santos117 o direito de propriedade “não pode mais ser enten-
dido com um caráter absoluto; deve ter em cota a função social da propriedade visando ao
bem-estar de todos”.
Patrícia Faga Iglecias Lemos118 partilha do mesmo entendimento, esclarecendo que o di-
reito de propriedade evoluiu muito, “afastando-se da concepção individualista e aproximan-
do-se de uma concepção social”.
Para a citada autora, “essa nova concepção envolve, além do aspecto social, a proteção
do meio ambiente como interesse difuso”
Relembre-se ainda que, segundo o disposto no artigo 182 da Constituição Federal “a polí-
tica de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes”.

115
GUIMARÃES JUNIOR, João Lopes. Função social da propriedade. In. Revista direito ambiental, ano, 08, jan/mar/2003, n.
29, p. 124.
116
ERENBERG, Jean Jacques. Função social da propriedade urbana, p. 164.
117
SANTOS, Saint-Clair Honorato. Direito ambiental: unidades de conservação. Limitações administrativas, p.143.
118
LEMOS, Patrícia Faga Iglecias. Responsabilidade civil do proprietário diante do bem sócio ambiental. Tese de doutorado.
Faculdade de Direito da USP, p. 165.

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Consoante a doutrina HARADA119, a propriedade privada encontra-se vinculada à finalida-


de perseguida por aqueles princípios, isto é, “assegurar a todos a existência digna, conforme
os ditames da justiça social”.
No que tange à propriedade rural Olavo Acyr de Lima Rocha120 relembra ainda, que o arti-
go 2º, § 1º, da Lei n. 4504/1964, dispõe que a propriedade desempenhará integralmente sua
função social quando simultaneamente:
• favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim
como de suas famílias;
• mantém níveis satisfatórios de produtividade;
• assegura a conservação dos recursos naturais;
• observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que
a possuem e a cultivem.

O artigo 170 da Constituição Federal elenca a propriedade privada e a função social da


propriedade como princípios da ordem econômica.
Discorrendo acerca da função social da propriedade rural, o autor destacou entre os re-
quisitos a serem observados pelo proprietário do imóvel a utilização adequada dos recursos
naturais disponíveis e preservação do meio ambiente (art. 186, II da CF e art. 9º, II da Lei n.
8.629, de 25 de fevereiro de 1993). Deste modo, o proprietário deverá respeitar as caracterís-
ticas próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, na medida adequada
à manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da saúde e qualidade de vida das co-
munidades vizinhas121.
Deste modo, a função social somente será cumprida quando houver, entre outros fatores,
a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.
Feitas tais considerações conclui-se que a propriedade privada, além de possuir uma fun-
ção social deve, também, desempenhar uma função ambiental, o que significa dizer que o
direito à propriedade não pode ser utilizado como justificativa para a realização de danos ao
meio ambiente.
119
HARADA, Kiyoshi. Desapropriação: Doutrina e Prática, Prática, p. 8
120
ROCHA, Olavo Acyr de Lima. A desapropriação no direito agrário, p. 82
121
COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. Da desapropriação para fins de reforma agrária enquanto instrumento limitador do
direito de propriedade e implementador da função social da propriedade. In: Revista de direito e política. FIGUEIREDO, Gui-
lherme José Purvin e MEDAUAR, Odete (coord.) Volume 16 – Janeiro a abril. 2008, ano V, p. 93

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4.12. Princípio do Direito ao Desenvolvimento Sustentável

Segundo José Adércio Leite Sampaio o desenvolvimento sustentável “consiste no uso ra-
cional e equilibrado dos recursos naturais, de forma a atender às necessidades das gerações
presentes, sem prejudicar o seu emprego pelas gerações futuras 122”.
No plano internacional, traduz-se, nas palavras de Chris Wold123, no direito dos Estados-
-membros usarem seus recursos de acordo com suas próprias políticas nacionais. Deste
modo, compete a cada Estado, individualmente, e segundo o poder conferido por meio de sua
soberania, formular e implementar sua política de proteção ao meio ambiente.
Do mesmo modo, “o direito ao desenvolvimento articula-se como um direito fundamental
que os Estados têm o dever de proteger124”.
Tal princípio foi explicitado por meio dos princípios 3125 e 4126 da Declaração do Rio de
Janeiro/92.
Segundo Paulo Affonso Leme Machado127 tal princípio foi acolhido por nossa Constitui-
ção Federal ao ter imposto à coletividade e ao poder púbico o dever de preservar o meio am-
biente para as presentes e futuras gerações.
Segundo Welber Barral e Gustavo Assed Ferreira128, “desenvolvimento sustentável é o de-
senvolvimento que responde às necessidades do presente sem comprometer as possibilida-
des das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades”.
Sobre o tema, o colendo STJ já se manifestou no sentido de que “o confronto entre o di-
reito ao desenvolvimento e os princípios do direito ambiental deve receber solução em prol do
último, haja vista a finalidade que este tem de preservar a qualidade da vida humana na face
da terra. O seu objetivo central é proteger patrimônio pertencente às presentes e futuras ge-
122
SAMPAIO, José Adércio Leite, et. al. Princípios de direito ambiental, p. 47.
123
Idem, p. 10.
124
Ibidem, p. 11.
125
PRINCÍPIO 3 - O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as
necessidades de gerações presentes e futuras.
126
PRINCÍPIO 4 - Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante do pro-
cesso de desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste.
127
Art. 225, caput da Constituição Federal de 1988.
128
BARRAL, Welber; FERREIRA, Gustavo Assed. Direito ambiental e desenvolvimento In: Direito ambiental e desenvolvi-
mento, p. 13.

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rações”129. E ainda: “Os recursos naturais devem ser utilizados com equilíbrio e preservados
em intenção da boa qualidade de vida das gerações vindouras”130.
Por fim, Luiz Roberto Gomes131 entende que o princípio do desenvolvimento sustentá-
vel se encontra consagrado em nossa Constituição Federal, a qual obriga a coletividade a
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, por ser essencial à sadia
qualidade de vida.

4.13. Princípio da Cooperação entre os Povos


Desde a Conferência de Estocolmo já se encontrava premente a necessidade do livre in-
tercâmbio e do mútuo auxílio entre os países, a fim de facilitar a solução dos problemas am-
bientais. Com esse intuito, foi formulado o princípio de n. 20, o qual defendia o fomento do
livre intercâmbio de informações e experiências científicas entre os países, a fim de facilitar
a solução dos problemas ambientais. Do mesmo modo, defendeu que a tecnologia ambiental
deve ser colocada a serviço dos países em desenvolvimento. Para Édis Milaré, a Declaração
sobre o Ambiente Humano foi o principal documento resultante daquela Conferência132.
Hoje, tal princípio encontra-se consagrado em nosso texto constitucional ao estabelecer
a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade como um dos princípios a se-
rem observados nas relações internacionais. (cf. art. 4º, IX da CRFB).
Do mesmo modo, a já mencionada Declaração do Rio incluiu entre seus princípios que:

Os Estados, de conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de Direito Inter-
nacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias polí-
ticas de meio ambiente e desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob
sua jurisdição ou controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas
além dos limites da jurisdição nacional. (Princípio 2).

A inserção de tal princípio nas Constituições dos países possui uma importância funda-
mental a fim de possibilitar a defesa do meio ambiente. Isso porque, em geral, as agressões

129
Processo REsp 588022 / SC. Recurso Especial. 2003/0159754-5. Relator(a): Ministro José Delgado. Órgão Julgador: T1 - Pri-
meira Turma. Data do Julgamento: 17/02/2004. Data da Publicação/Fonte: DJ 05/04/2004 p. 217. LEXSTJ vol. 178, p. 174.
130
RMS n. 18.301/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de 03/10/2005
131
GOMES, Luiz Roberto. Princípios constitucionais de proteção ao meio ambiente. Revista de direito ambiental, p. 179.
132
Neste sentido, vide artigo 4º, IX da Constituição Federal.

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ao meio ambiente não se restringem apenas a um país, podendo trazer graves prejuízos e
problemas para as populações de países vizinhos e, até mesmo, distantes daquele no qual o
dano tenha ocorrido.
Ora, a poluição, a diminuição das reservas de recursos naturais, o aumento da temperatu-
ra, o desmatamento, entre outros, trazem transtornos à população em geral, razão pela qual
se faz necessária a adoção de medidas que permitam a união entre os países no combate à
toda e qualquer agressão ao meio ambiente.
Tal princípio visa permitir o livre intercâmbio de experiências científicas e do mútuo auxílio
tecnológico e financeiro entre os países, a fim de facilitar a solução dos problemas ambientais.

4.14. Princípio da Informação

O princípio da informação permite que toda pessoa obtenha do Estado informações rela-
tivas ao meio ambiente. Assim, qualquer interessado pode participar em questões relativas à
defesa e/ou proteção do meio ambiente133.
O direito à informação ambiental se justifica em razão do direito conferido a todos os
cidadãos de viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Tal direito se encontra
previsto na lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, a qual permite que qualquer pessoa legi-
timamente interessada tenha acesso aos resultados das análises efetuadas pelos órgãos
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, bem como das respectivas
fundamentações.
O meio ambiente constitui-se como um direito fundamental, pertencente a toda socieda-
de, de tal modo que, devem os cidadãos ter acesso a todas as informações relacionadas à
proteção desse bem jurídico.
O princípio da informação objetiva fazer com que toda a sociedade tenha conhecimento
acerca da exata situação ambiental, abrangendo tanto a sua preservação quanto a sua de-

133
Neste aspecto, lembre-se que a lei de ação civil pública (lei n. 7.347/85) permite que associações, obedecidas as exigên-
cias legais, promovam ações de prevenção e reparação de atos lesivos ao meio ambiente

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gradação. O acesso às informações relativas ao meio ambiente foi previsto pela Declaração
do Rio em seu Princípio 10134.
Recorde-se, ainda, que a informação ambiental é um pré-requisito para que determina-
da comunidade tenha condições de se manifestar acerca de determinado evento ambiental.
Por esta razão, Paulo Affonso Leme Machado135 destaca que a informação ambiental deve
ser transmitida de forma a possibilitar tempo suficiente para que os interessados possam
analisar a matéria e agir em defesa de seus direitos, procurando a Administração Pública ou
mesmo o Judiciário.

4.15. Princípio do Usuário-Pagador

O princípio do usuário-pagador deriva do fato de que, em razão dos recursos ambientais


serem escassos, a apropriação deles, por parte de determinada(s) pessoa(s) – física(s) ou
jurídica(s) - gera o dever de oferecer à coletividade o direito a uma compensação. Isto ocorre
porque a produção e o consumo desses recursos podem gerar sua degradação ou escassez
e a utilização gratuita de tais recursos ambientais proporciona um enriquecimento ilícito para
aquele usuário.
Aliás, no julgamento da ADI 3378/DF136 o STF asseverou-se que o princípio do usuário-
-pagador se constitui como um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade so-
cial pelos custos ambientais derivados da atividade econômica.

134
Princípio 10. A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos
os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio
ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas
em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e esti-
mular a conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado o
acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.
135
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, p. 94.
136
Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI 3378 / DF - Distrito Federal. Relator(a): Min. Carlos Britto. Julgamento:
09/04/2008. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Publicação: DJe-112 DIVULG 19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008. EMENT VOL-
02324-02 PP-00242

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Segundo o magistério de Paulo Bessa Antunes137, o fundamento de tal princípio reside no


fato de que a sociedade não pode sustentar o ônus financeiro e ambiental de atividades que
trarão retorno econômico individualizado.
Já Para Paulo Affonso Leme Machado138, o princípio do usuário-pagador significa que o
utilizador do recurso deve suportar os custos necessários à utilização do recurso, bem como
os custos advindos desta utilização. Para ele, tal princípio englobaria o princípio do poluidor
pagador, ou seja, O princípio do usuário-pagador seria gênero e o princípio do poluidor-paga-
dor, espécie.
Como se vê, diversos são os princípios apresentados pela doutrina em decorrência da
análise do texto constitucional e dos tratados internacionais inerentes a matéria.
Em estudo acerca do sistema constitucional brasileiro, Kildare Gonçalves Carvalho139 vi-
sualiza na Constituição de 1988 os seguintes princípios: princípio da obrigatoriedade da in-
tervenção estatal (caput e §1º); princípio da prevenção e precaução (caput e §1º, IV); princípio
da informação e da notificação ambiental (caput e §1º, VI); princípio da educação ambiental
(caput e §1º, VI); princípio da participação (caput); princípio do poluidor pagador (§3º); princí-
pio da responsabilidade da pessoa física e jurídica (§3º); princípio da soberania dos Estados
para estabelecer sua política ambiental e de desenvolvimento com cooperação internacional
§1º); princípio da eliminação de modos de produção e consumo e da política demográfica
adequada; e princípio do desenvolvimento sustentado (caput).
Tais princípios devem ser observados conjuntamente, a fim de propiciar a adequada pro-
teção ao meio ambiente, em benefício de toda sociedade.
Os princípios acima descritos e outros relacionados à atuação da Administração Pública
justificam e orientam a intervenção estatal na área ambiental, destacando-se que tais princí-
pios devem ser observados conjuntamente, a fim de propiciar a adequada proteção ao meio
ambiente, em benefício de toda sociedade.

137
ANTUNES, Paulo Bessa. Direito Ambiental, p. 32.
138
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, p. 63.
139
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional: teoria do Estado e da Constituição. Direito Constitucional Posi-
tivo, p. 753.

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5. Repartição Constitucional de Competências

5.1. Federalismo de Cooperação

O atual sistema federativo brasileiro, divide o País em três esferas administrativas: Fede-
ral, Estadual e Municipal140 tendo a Constituição Federal estabelecido um rol de repartição de
competências.
Ao tratar da organização político-administrativa da República Federativa do Brasil nossa
Constituição explicitou que todos os entes componentes da Federação são autônomos, divi-
dindo entre eles seus bens, competências e atribuições.
A divisão do país em diferentes esferas administrativas deve-se, dentre outros fatores,
em razão da sua dimensão territorial, abrangendo uma diversidade enorme de regiões e bio-
mas141, havendo a necessidade de se criar mecanismos que permitam uma atuação pontual,
local ou regional.

5.2. Do Princípio da Predominância do Interesse

De acordo com José Afonso da Silva a repartição de competência entre as entidades com-
ponentes do Estado Federal é regida pelo princípio da predominância do interesse, segundo o
qual caberão à União as matérias e questões de predominante interesse geral ou nacional, ao
passo que os Estados cuidarão das matérias e assuntos de predominante interesse regional;
por fim, caberá aos Municípios conhecer os assuntos de interesse local.142
Assim, a repartição de competências foi efetuada pela Constituição Federal utilizando
como base o princípio da predominância do interesse.

5.3. Da Competência Material Ambiental


A competência exclusiva da União e a comum dos demais entes federativos compreen-
dem a competência material ou administrativa
140
Registre-se ainda, a existência de uma esfera Distrital, pertencente ao Distrito Federal, o qual acumula as competências
municipais e estaduais.
141
Biomas brasileiros: Amazônia; Cerrado; Caatinga; Mata Atlântica; Pantanal; e Pampa.
142
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 1993. p.418

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No art. 23 da CRFB encontramos as competências administrativas comuns da União, Es-


tados, Distrito Federal e Municípios. Observe-se que, na competência comum todos os entes
federados podem exercê-la em pé de igualdade, sem todavia, excluir a do outro, haja vista
tratar-se de competência cumulativa.
Do mesmo modo, por se tratar de competência comum, é possível que os entes públicos
celebrem acordos de cooperação a fim de bem executar suas tarefas. Para tanto, exige-se a
criação de leis complementares que venham a fixar normas para a cooperação entre os entes
públicos, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.143
A competência material comum vem expressamente prevista nos incisos III, IV, VI e VII do
art. 23 da Constituição. Já a competência exclusiva da União encontra-se prevista no art. 21.

5.4. Da Competência Legislativa Ambiental


No âmbito legislativo, tem-se que a repartição de competências foi dividida entre os entes
componentes da Federação da seguinte forma: À União foram elencados os temas sobre os
quais exercerá ela a competência legislativa, cabendo aos estados a denominada competên-
cia residual ou remanescente; por fim, aos municípios foi atribuída a competência para legis-
lar sobre assuntos de interesse local.144
Sobre o tema, FIORILO subdivide a competência legislativa em: a) exclusiva145 b) privati-
va146; c) concorrente147; e d) suplementar148.
No tocante à competência concorrente na área ambiental, nossa Constituição permitiu à
União, Estados e Distrito Federal, legislarem sobre:

143
Vide art. 23, parágrafo único, com a redação dada pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006
144
TAVARES, André ramos. Curso de Direito Constitucional. Saraiva: São Paulo, 2012, p. 1153-1154
145
Competência exclusiva: é aquela atribuída a um ente com a exclusão dos demais, sendo certo que esta competência é
indelegável. É prevista no artigo 25, §§ 1º e 2º da Constituição Federal.
146
A competência privativa é estabelecida em favor de uma entidade, todavia, passível de delegação e suplementação da
competência. É prevista pelo artigo 22, da CRFB.
147
A denominada competência concorrente ou cumulativa é aquela que pode ser exercida tanto pela União, quanto pelos
Estados-membros, pelo Distrito Federal, concomitantemente. Encontra-se prevista no art. 24 da Constituição Federale
se caracteriza pela possibilidade de tais entes disporem sobre o mesmo assunto ou matéria, sendo que à União caberá
legislar sobre normas gerais.
148
A competência suplementar refere-se à competência dos municípios para legislarem sobre normas de conteúdo de prin-
cípios e normas gerais ou que supram a ausência ou omissão destas.

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I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;


VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artís-
tico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

Importante destacar que no tocante à competência legislativa concorrente, a competên-


cia da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais, podendo o Estados e o Distrito Federal
suplementá-las.
Caso inexista lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência le-
gislativa plena, para atender a suas peculiaridades; e, na hipótese de superveniência de lei
federal sobre normas gerais, haverá suspensão da eficácia da lei estadual ou distrital, no que
lhe for contrário.149
Da competência legislativa dos municípios na área ambiental. Não obstante o disposto no
art. 24 da CRFB, têm-se entendido que o município possui competência legislativa suplemen-
tar na área ambiental, caso esteja caracterizado o interesse local. Contudo, tal competência
deve ser exercida de forma suplementar e nos limites do referido interesse local, em harmonia
com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados acerca do tema.150

6. Responsabilidade por Danos Ambientais

Consoante estabelece o art. 225 § 3º da Constituição Federal, as condutas e atividades


consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídi-
cas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.
Assim, tem-se que foi adotada a teoria da responsabilidade objetiva em matéria ambien-
tal, ou seja, independentemente de culpa e pelo simples fato da atividade1.
A responsabilização decorrente de atos e omissões relacionados a questões ambientais
funda-se no princípio da responsabilização. Segundo tal princípio o poluidor deverá respon-
der por condutas praticadas em detrimento da preservação do meio ambiente.
149
Art. 24 § 3º e § 4º da CRFB.
150
Sobre o tema, veja-se: RExt 586.224, de relatoria do Min. Luiz Fux.

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Tal responsabilização pode se dar no âmbito civil, penal ou administrativo e tem como
objetivo desestimular a prática de condutas prejudiciais ao bem jurídico ambiental, além de
impedir que os prejuízos advindos da ocorrência de danos ambientais venham a ser suporta-
dos por toda a coletividade.
Sobre o tema, observe-se que a jurisprudência do STJ está firmada no sentido da viabi-
lidade, no âmbito da Lei n. 7.347/1985 e da Lei n. 6.938/1981, de cumulação de obrigações
de fazer, de não fazer e de indenizar. Isso porque, nas demandas ambientais (por força dos
princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum) admite-se a condenação do réu,
simultânea e agregadamente, em obrigação de fazer, não fazer e indenizar. Caracteriza-se,
portanto, como típica obrigação cumulativa ou conjuntiva.151

6.1. Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil constitui-se como um dos temas mais instigantes na órbita ju-
rídica. Isso porque, cotidianamente, o ser humano pratica atos e omissões que podem trazer
consequências danosas para outras pessoas. Nessas hipóteses, surge a discussão acerca
da possibilidade (ou não) de se atribuir a uma pessoa (ou ente) a responsabilidade por algum
dano sofrido, bem como os limites da indenização subsequente.152
Segundo estabelece o código civil, a regra geral é a de que aquele que, por ação ou omis-
são voluntária, negligência ou imprudência, viole direito e cause dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito153 (art. 186). Trata-se, portanto, de responsabilidade
com base na existência de culpa por parte do agente.

151
Neste sentido, veja-se: REsp 1198727/MG e REsp 1.145.083/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin; REsp 1.178.294/MG,
Rel. Ministro Mauro Campbell Marques; AgRg nos EDcl no Ag 1.156.486/PR, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima; REsp
1.120.117/AC, Rel. Ministra Eliana Calmon; REsp 1.090.968/SP, Rel. Ministro Luiz Fux; REsp 605.323/MG, Rel. Ministro
José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Teori Albino Zavascki; REsp 625.249/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, entre outros.
152
Sobre o tema, cf. COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. O essencial nas procuradorias: advocacia pública em nível federal,
estadual, distrital e municipal. Brasília: Edição do Autor, 2017.
153
Do mesmo modo, também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

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Contudo, em razão da relevância do bem jurídico ambiental, doutrina e jurisprudência tem


entendido que o dano ao meio ambiente rege-se pela aplicação da teoria do risco integral (art.
14, §1º da Lei n. 6.938/1981)154.
Assim, a responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental (independentemente da
existência de culpa) constitui-se como um mecanismo jurídico destinado a dar maior efetivi-
dade na proteção desse direito.
Aliás, observe-se que, segundo a lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, a Política Nacional
do Meio Ambiente visará à imposição, ao poluidor ou ao predador, da obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados, ficando o mesmo obrigado, independentemente da exis-
tência de culpa, de indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade.
Em que pese não haja unanimidade neste aspecto, entende-se que a responsabilidade por
danos ambientais é objetiva e solidária, sendo certo que a obrigação de indenizar os prejuízos
causados pelo dano ambiental, independem da demonstração de culpa.
Características do dano ambiental.
Em que pese as possibilidades existentes no caso concreto, a doutrina costuma men-
cionar que o dano ambiental possui características próprias, a saber: ampla dirpersão das
vítimas (na medida em que se, em geral, afeta um número indeterminado de pessoas - dano
difuso); a difícil reparabilidade de tais danos (decorrente da dificuldade de se retornar ao sta-
tus quo); e a dificuldade de valoração do ano ambiental.
Deste modo, é possível afirmar-se que, em razão das características acima mencionadas,
bem como em decorrência dos princípios atinentes ao direito ambiental, a responsabilidade
civil nessa área do direito encontra-se sujeita a um regime jurídico próprio e específico (fun-
dado nas normas do artigo 225, § 3º, da CRFB e do artigo 14, §1º, da Lei 6.938/1981).155

154
“Sem obstar a aplicação das penalidades neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência da culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade” – (art. 14, §1º da Lei
n. 6938/81)
155
Neste sentido: BENJAMIN, Antônio Herman V. Responsabilidade civil pelo dano ambiental. Revista de Direito Ambiental.
São Paulo, n. 9, p. 5-52; MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Participação, processo civil e defesa do meio ambiente. São Paulo:
Letras Jurídicas, 2011, p. 44

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Outro fator que contribui para a adoção da responsabilidade objetiva reside na indivisibili-
dade do dano ambiental, no seu caráter transfronteiriço e na pluralidade de agentes poluido-
res, que também contribui para dificultar o retorno ao status quo ante (reductio ad pristinum
statum) do bem lesado.

6.2. Responsabilidade Penal

A depender da gravidade da conduta praticada, a lei previu a possibilidade de responsabi-


lização penal, de pessoas físicas e pessoas jurídicas.
Especificamente em relação às sanções penais e administrativas derivadas de condutas
e atividades lesivas ao meio ambiente, estas foram regulamentadas por meio da lei n. 9.605,
de 12 de fevereiro de 1998.
De início, observe-se que a lei prevê a punição daquele que, de qualquer forma, concorre
para a prática dos crimes previstos nela, bem como do diretor, do administrador, do membro
de conselho e de órgão técnico, do auditor, do gerente, do preposto ou do mandatário de pes-
soa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixa de impedir a sua prática,
quando podia agir para evitá-la.
Responsabilidade penal da pessoa jurídica. Sobre o tema, a CRFB inovou ao prever a pos-
sibilidade de responsabilização da pessoa jurídica156. Assim, as pessoas jurídicas também
serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto na referida
Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Contudo, é
importante observar que a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas
físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.157

156
A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha política, como
forma não apenas de punição das condutas lesivas ao meio ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e
especial. (neste sentido, cf. REsp 610114 / RN e REsp 564960.
157
Registre-se que as pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas tanto no âmbito penal quanto no administrativo e civil
quando a infração cometida resultar de decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no
interesse ou benefício de sua entidade, destacando-se, ainda, que a responsabilização da pessoa jurídica não exclui a
responsabilidade das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. (RHC 64219/MS).

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Desconsideração da personalidade jurídica. A desconsideração da personalidade jurídi-


ca foi uma medida expressamente inserida no âmbito do direito ambiental. Assim, em con-
sonância com as legislações mais desenvolvidas, tem-se que poderá ser desconsiderada a
pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados à qualidade do meio ambiente.158
Sanções aplicáveis às pessoas jurídicas. Em razão de sua natureza as pessoas jurídicas
ficarão sujeitas às seguintes sanções: multa, penas restritivas de direitos (suspensão parcial
ou total de atividades, interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade e proibi-
ção de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doa-
ções) e prestação de serviços à comunidade (custeio de programas e de projetos ambientais;
execução de obras de recuperação de áreas degradadas; manutenção de espaços públicos;
contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas).
Dosimetria das sanções. No que tange à aplicação da pena deverão ser observados: I - a
gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde
pública e para o meio ambiente; II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da
legislação de interesse ambiental; e III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
Dos crimes contra o meio ambiente. A lei 9.605/98 previu uma série de crimes contra o
meio ambiente. Dentre eles destaquem-se os crimes contra a fauna, os crimes contra a flora,
a poluição, os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural e os crimes contra
a administração ambiental.

6.3. Responsabilidade Administrativa


A atuação dos entes federativos em sede de persecução administrativa encontra funda-
mento constitucional nos arts. 23, VI, e 225, §3º da CRFB.
Do mesmo modo, tal atuação encontra amparo no poder de autotutela da Administra-
ção Pública.

158
Cf. Art. 4º da lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

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Sanções. Segundo estabelece o art. 72 da Lei 9.605/98, as infrações administrativas159


estão sujeitas às seguintes penalidades: advertência; multa simples; multa diária; apreensão
dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamen-
tos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; destruição ou inutilização do pro-
duto; suspensão de venda e fabricação do produto; embargo de obra ou atividade; demolição
de obra160; suspensão parcial ou total de atividades; e pena restritiva de direitos.
Decreto n. 6.514, de 22 de julho de 2008.
O decreto n. 6.514, de 22 de julho de 2008 (tendo em vista o disposto no Capítulo VI da Lei
no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998) foi criado com o objetivo de dispor sobre as infrações e
sanções administrativas ao meio ambiente, além de estabelecer o processo administrativo
federal para apuração de tais infrações.

7. Tutela Administrativa do Meio Ambiente


Em seu sentido orgânico/subjetivo a expressão “Administração Pública” abrange os ór-
gãos e as pessoas jurídicas instituídos pelo Estado com o objetivo de fazer a gestão de certas
áreas consideradas estratégicas ou relacionadas ao interesse público. Abrange, portanto, to-
dos os órgãos que desempenham as atividades administrativas do ente público.
Tais atividades, por sua vez, são praticadas por meio de atos administrativos e, para o
desempenho dessa atividade, foram atribuídas à Administração uma serie de garantias, prer-
rogativas e obrigações.
No âmbito do direito ambiental, diversos são os atos praticados pela Administração Púbi-
ca relacionados à proteção e defesa desse bem jurídico, podendo-se citar como exemplos a
concessão de licenças ambientais, a aplicação de multas e sanções, etc.

7.1. Dos Atos Administrativos

159
Considera-se infração administrativa ambiental, toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promo-
ção, proteção e recuperação do meio ambiente, nos termos descritos no decreto n. 6.514, de 22 de julho de 2008.
160
Sobre o tema nossos tribunais já se manifestaram, inclusive, no sentido de que “à luz do princípio da autoexecutoriedade
dos atos administrativos, que dispensa ordem judicial para sua plena eficácia, a demolição de construção pode ser orde-
nada diretamente pela Administração, desde que precedida de regular processo.” Sobre o tema, cf.: REsp 1457851/RN –
Rel.: Min. Herman Benjamin

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Segundo ensina OLIVEIRA, o ato administrativo configura-se como um ato jurídico, unila-
teral e com caráter decisório, praticado no exercício de uma atividade administrativa pública,
destinada a produzir efeitos jurídicos numa situação individual e concreta, com observância
do regime jurídico administrativo.161
Tem como atributos a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade.
Para a validade dos atos administrativos exige-se a presença de cinco requisitos de vali-
dade, a saber: competência, forma, finalidade, motivo e objeto.
Nesta linha, o art. 2º da Lei n. 4.717/1965 (Lei de Ação Popular) estabelece que são nulos
os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e)
desvio de finalidade.

7.2. Dos Poderes Administrativos

A CRFB estabelece, de forma clara, que o Estado tem o dever de atuar na defesa e pre-
servação do meio ambiente. E, para fazer valer tais disposições normativas, a Administração
Pública pratica inúmeros atos administrativos, os quais encontram-se cercados de certos
atributos, sem os quais, as finalidades que direcionam sua atuação restariam prejudicadas.
Do mesmo modo, foram-lhe conferidos poderes a fim de permitir que esta desempenhe a
contento o papel para o qual fora ela criada, qual seja: a satisfação do interesse público.
Segundo ensina a doutrina, os principais poderes conferidos à Administração Pública são:
poder hierárquico, poder normativo (ou regulamentar); poder discricionário; poder vinculado
e poder de polícia.
Poder disciplinar
O poder disciplinar, consoante assevera, CAETANO, tem sua origem e razão de ser no inte-
resse e na necessidade de aperfeiçoamento progressivo do serviço público.162
Em decorrência da previsão de disciplina interna, de formas de condutas aos que se
mantém vinculados à Administração Pública, surge o poder de fiscalizar a regularidade dos
161
OLIVEIRA. José Carlos de. In: NAKAMURA, André; COUTINHO, Nilton Carlos de Almeida. (org.) Direito Administrativo. Bra-
sília: Coutinho, 2017.
162
CAETANO, Marcelo, Do Poder Disciplinar, Lisboa, 1932, p. 25.

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comportamentos exigidos e esperados, de apurar eventuais desvios e, se for o caso, com


respeito às cláusulas constitucionais da ampla defesa e do contraditório, aplicar as san-
ções correspondentes.
Assim, por meio do poder disciplinar, a Administração Pública apura infrações e aplica
sanções aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa.163
Trata-se de faculdade a ela atribuída, no sentido de punir internamente as infrações funcio-
nais de seus servidores.
Poder hierárquico
O poder hierárquico deriva da necessidade de se organizar a Administração Pública e
justifica-se por diversos fatores. Um deles relaciona-se à complexidade e magnitude da es-
trutura administrativa, exigindo a existência de uma unidade coesa, uma única identidade
organizacional. Tem, portanto, função organizacional, sendo voltado para a estruturação das
entidades e dos órgãos públicos.
Assim, por meio do poder hierárquico, a Administração Púbica organiza e distribui as fun-
ções de seus órgãos, estabelecendo a relação de subordinação existente entre os servidores
do quadro de pessoal.
Poder normativo (ou regulamentar)
O poder regulamentar constitui-se como um poder inerente e privativo do Chefe do Execu-
tivo, a fim de que este possa explicar, ou detalhar a lei para sua correta execução, bem como
expedir decretos autônomos sobre matéria de sua competência ainda não disciplinada por lei.
Na lição de Miguel Reale, atos normativos “originários se dizem os emanados de um órgão
estatal em virtude de competência própria, outorgada imediata e diretamente pela Constitui-
ção, para edição de regras instituidoras de direito novo”164.
Poder discricionário
A discricionariedade na atuação da Administração Pública implica na concessão, por lei,
de margem de liberdade para atuação dos agentes públicos que, diante das circunstâncias
específicas do caso concreto, poderão agir segundo critérios de conveniência e oportunidade,

163
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, São Paulo: Átlas, 29ª edição, 2016, pág. 95.
164
REALE, Miguel. Revogação e anulamento do ato administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1980, p. 12.

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escolhendo uma, entre as diversas possibilidades de atuação.165 Assim, nestas hipóteses,


o administrador público tem a faculdade para, nos limites previstos pela lei, adotar, no caso
concreto, a solução mais adequada para satisfazer o interesse público.
Poder vinculado
O poder vinculado tem como fundamento o princípio da legalidade, o qual exige da Ad-
ministração a obediência estrita aos termos da lei. Diferencia-se do poder discricionário em
razão da inexistência de margem de liberdade para a prática destes atos. Assim, se no poder
discricionário o administrador pratica o ato administrativo movido por juízo de conveniência
e oportunidade, no ato vinculado essa margem de liberdade inexiste.
Tratando-se de poder vinculado a lei estabelece todos os elementos, pressupostos ou
requisitos para a prática do ato, não havendo qualquer liberdade de escolha para o agente.
Poder de Polícia
Consoante ensinam ALONSO e BERNARDI, poder de polícia “é a faculdade de que dispõe
a administração para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos
individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado”. Trata-se de um mecanismo
de frenagem, posto à disposição da Administração Pública, a fim de conter os abusos do
direito individual.
Sobre o tema, observe-se a existência de um conceito legal, descrito no artigo 78 do CTN166.
Assim, poder de polícia, a Administração Pública condiciona a liberdade e a propriedade dos
indivíduos, ajustando-as aos interesses públicos e coletivos a serem tutelados pelo Estado.
Atributos. O poder de polícia tem atributos específicos e peculiares ao seu exercício. São
eles: discricionariedade; auto executoriedade; coercibilidade; atividade negativa (um não fa-
zer do ‘administrado’) e indelegabilidade.
Responsabilização. Registre-se, por oportuno, que a omissão do exercício do poder de
polícia administrativa pela autoridade competente pode - a depender da situação fática -
165
ALONSO, Ricardo Pinha; BERNARDI, Renato. Poderes da Administração. In: Nakamura Andre; COUTINHO, Nilton. Direito
Administrativo. Brasília: Coutinho, 2017.
166
Considera-se poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene,
à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais
ou coletivos.

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configurar infração administrativa (nos termos do §3º do art. 70, da Lei n. 9.605/1998) e/ou
ato de improbidade administrativa (nos termos do art. 11, II, da Lei n. 8.429/1992) ensejando
a corresponsabilidade e, até mesmo, a perda do cargo do servidor omisso.

7.3. Do Controle dos Atos Administrativos


Segundo ensina a doutrina, os atos da Administração Pública encontram-se sujeitos a um
controle interno e externo.
Denomina-se controle interno aquele realizado pela própria Administração. Nessa linha, a
Administração Pública pode ANULAR seus atos, quando ILEGAIS; e poder REVOGAR seus atos
quando forem INCOVENIENTES ou INOPORTUNOS ao interesse público.
Por sua vez, denomina-se controle externo, aquele realizado por ente que não integram a
Administração Pública.
Especificamente em relação ao controle externo realizado pelo poder judiciário, esclare-
ça-se que este pode apenas ANULAR atos administrativos considerados ilegais. Tal anulação
pode ocorrer por meio da propositura de ação popular, mandado de segurança, ou outra me-
dida judicial cabível no caso concreto.
Sobre o tema, a súmula 473 do STF estabelece: “A Administração pode anular seus pró-
prios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los por motivos e conveniência e oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos e ressalvadas em todos os casos, a apreciação judicial”.

7.4. Tombamento
Conforme mencionado no início deste livro167, as características históricas e culturais de
determinada sociedade constituem o chamado meio ambiente cultural. Assim, inserem-se
nessa modalidade, o desenvolvimento histórico de um povo, bem como suas raízes étnicas,
seu patrimônio genético, seus valores morais, éticos, religiosos, etc.
Para sua proteção, a Administração tem à sua disposição o instituto jurídico do tomba-
mento. Assim, tem-se que o tombamento é uma forma de intervenção do Estado na proprie-
dade privada, na qual o Estado institui regime jurídico diferenciado na propriedade (privada ou
167
Para maiores detalhes, cf. capítulo 2.3 da presente obra

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pública) com o objetivo de proteger interesses históricos, artísticos, paisagísticos e culturais,


impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. Constitui-se como um proce-
dimento administrativo, regulado por lei.
Dentre os dispositivos legais, destacam-se o Decreto-Lei n.. 25 de 30 de novembro de
1937 (que ordena a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional) e a lei n. 3.924 de 26
de julho de 1961 (que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos).

7.5. Da Gestão Ambiental

Área diretamente relacionado à proteção do meio ambiente refere-se à gestão ambiental.


Consoante ensina a doutrina, a gestão ambiental constitui-se como a área da ciência que
tem como campo de estudo a administração e o exercício de atividades econômicas e sociais,
voltadas para a utilização racional dos recursos naturais, (incluindo fontes de energia, reno-
váveis ou não).
Desse modo, a gestão ambiental tem por objetivo fundamental organizar as atividades
humanas (econômicas, industriais, sociais etc.) de modo a gerar o menor impacto ambiental
possível. Para isso faz-se necessário a escolha (e utilização) das melhores técnicas de produ-
ção, uso, descarte de artigos ou insumos, redução de consumo e de geração de poluentes, etc.
Dentro dos objetivos da presente obra, faz-se necessário destacar a importância do co-
nhecimento da legislação ambiental para o adequado desempenho das atividades profissio-
nais por parte do gestor (público ou privado).
Além da dimensão ecológica, a proteção do meio ambiente também traz consequências
econômicas, legais, sociais e políticas, razão pela qual planejamento e gestão constituem-se
como ações importantes para sua proteção.
A propósito, o planejamento ambiental territorial encontra-se diretamente relacionado
com o desenvolvimento regional e, também, com o desenvolvimento do País. Assim, o plane-
jamento constitui-se como um instrumento de regulação das tendências de distribuição de
atividades produtivas e equipamentos, diante de objetivos estratégicos claramente definidos.

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Observe-se, ainda, que as ações de gestão em matéria ambiental podem ser realizadas
por instituições públicas e privadas comprometidas com a utilização racional e sustentável
dos recursos ambientais.
Assim, ações na área de educação ambiental, utilização de recursos hídricos, coleta sele-
tiva, reciclagem, utilização de fontes alternativas de energia (tais como a energia solar, eólica,
etc.) são fundamentais para que possamos, de fato, contribuir para a proteção do meio am-
biente, segundo estabelece nossa Constituição Federal.
LEI COMPLEMENTAR N. 140, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2011

Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Cons-
tituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção
das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer
de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de
agosto de 1981.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sancio-


no a seguinte Lei Complementar:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta Lei Complementar fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e
do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercí-
cio da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção
do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das
florestas, da fauna e da flora.
Art. 2º Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:
I – licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a licenciar ativi-
dades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental;

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II – atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo ori-
ginariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar;
III – atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho
das atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federati-
vo originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, no exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:
I – proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promo-
vendo gestão descentralizada, democrática e eficiente;
II – garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio
ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução
das desigualdades sociais e regionais;
III – harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atua-
ção entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atua-
ção administrativa eficiente;
IV – garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as pecu-
liaridades regionais e locais.

CAPÍTULO II
DOS INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO

Art. 4º Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de
cooperação institucional:
I – consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;
II – convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com ór-
gãos e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal;
III – Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite
do Distrito Federal;
IV – fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;
V – delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos pre-
vistos nesta Lei Complementar;

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Introdução ao Direito Ambiental
Nilton Coutinho

VI – delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, res-


peitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar.
§ 1º Os instrumentos mencionados no inciso II do caput podem ser firmados com prazo
indeterminado.
§ 2º A Comissão Tripartite Nacional será formada, paritariamente, por representantes dos
Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo
de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.
§ 3º As Comissões Tripartites Estaduais serão formadas, paritariamente, por represen-
tantes dos Poderes Executivos da União, dos Estados e dos Municípios, com o objetivo de
fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federativos.
§ 4º A Comissão Bipartite do Distrito Federal será formada, paritariamente, por represen-
tantes dos Poderes Executivos da União e do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a
gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre esses entes federativos.
§ 5º As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite do Distrito Federal terão sua organi-
zação e funcionamento regidos pelos respectivos regimentos internos.
Art. 5º O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações admi-
nistrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da dele-
gação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem
delegadas e de conselho de meio ambiente.
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto
no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em
número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas.

CAPÍTULO III
DAS AÇÕES DE COOPERAÇÃO

Art. 6º As ações de cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-


nicípios deverão ser desenvolvidas de modo a atingir os objetivos previstos no art. 3º e
a garantir o desenvolvimento sustentável, harmonizando e integrando todas as políticas
governamentais.
Art. 7º São ações administrativas da União:

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Introdução ao Direito Ambiental
Nilton Coutinho

I – formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a Política Nacional do Meio


Ambiente;
II – exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;
III – promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente nos âmbitos na-
cional e internacional;
IV – promover a integração de programas e ações de órgãos e entidades da administra-
ção pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, relacionados à pro-
teção e à gestão ambiental;
V – articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio à Política Nacional do
Meio Ambiente;
VI – promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à
gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;
VII – promover a articulação da Política Nacional do Meio Ambiente com as de Recursos
Hídricos, Desenvolvimento Regional, Ordenamento Territorial e outras;
VIII – organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e entidades da administração
pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o Sistema Nacional de Informação
sobre Meio Ambiente (Sinima);
IX – elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional;
X – definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;
XI – promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscien-
tização pública para a proteção do meio ambiente;
XII – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substân-
cias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;
XIII – exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para
licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida à União;
XIV – promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona
econômica exclusiva;

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Introdução ao Direito Ambiental
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c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;


d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, ex-
ceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do
Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme dis-
posto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor ma-
terial radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas
formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição
da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Na-
cional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e
natureza da atividade ou empreendimento; Regulamento
XV – aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:
a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação ins-
tituídas pela União, exceto em APAs; e
b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União;
XVI – elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e de
espécies sobre-explotadas no território nacional, mediante laudos e estudos técnico-científi-
cos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ;
XVII – controlar a introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras que
possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas;
XVIII – aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em ecos-
sistemas naturais frágeis ou protegidos;
XIX – controlar a exportação de componentes da biodiversidade brasileira na forma de es-
pécimes silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes ou produtos deles derivados;
XX – controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas;
XXI – proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação prevista no inciso XVI;
XXII – exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacional ou regional;

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XXIII – gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado,


respeitadas as atribuições setoriais;
XXIV – exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de produtos perigosos; e
XXV – exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual, fluvial ou terrestre,
de produtos perigosos.
Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda
concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição
da União exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder Exe-
cutivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de
um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios
de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento. Regulamento
Art. 8º São ações administrativas dos Estados:
I – executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Nacional do Meio Ambiente e
demais políticas nacionais relacionadas à proteção ambiental;
II – exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;
III – formular, executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Estadual de Meio
Ambiente;
IV – promover, no âmbito estadual, a integração de programas e ações de órgãos e enti-
dades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
relacionados à proteção e à gestão ambiental;
V – articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional
e Estadual de Meio Ambiente;
VI – promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à
gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;
VII – organizar e manter, com a colaboração dos órgãos municipais competentes, o Sis-
tema Estadual de Informações sobre Meio Ambiente;
VIII – prestar informações à União para a formação e atualização do Sinima;
IX – elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em conformidade com os zo-
neamentos de âmbito nacional e regional;

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X – definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;


XI – promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscien-
tização pública para a proteção do meio ambiente;
XII – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substân-
cias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;
XIII – exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para
licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida aos Estados;
XIV – promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizado-
res de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º;
XV – promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados
ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de
Proteção Ambiental (APAs);
XVI – aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:
a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto em Áreas
de Proteção Ambiental (APAs);
b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do art. 7º; e
c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado;
XVII – elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção no res-
pectivo território, mediante laudos e estudos técnico-científicos, fomentando as atividades
que conservem essas espécies in situ;
XVIII – controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas destinadas à im-
plantação de criadouros e à pesquisa científica, ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7º;
XIX – aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre;
XX – exercer o controle ambiental da pesca em âmbito estadual; e
XXI – exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de produtos perigosos,
ressalvado o disposto no inciso XXV do art. 7º.
Art. 9º São ações administrativas dos Municípios:
I – executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, as Políticas Nacional e Estadual de Meio
Ambiente e demais políticas nacionais e estaduais relacionadas à proteção do meio ambiente;

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II – exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições;


III – formular, executar e fazer cumprir a Política Municipal de Meio Ambiente;
IV – promover, no Município, a integração de programas e ações de órgãos e entidades
da administração pública federal, estadual e municipal, relacionados à proteção e à gestão
ambiental;
V – articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas Nacional,
Estadual e Municipal de Meio Ambiente;
VI – promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção e à
gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;
VII – organizar e manter o Sistema Municipal de Informações sobre Meio Ambiente;
VIII – prestar informações aos Estados e à União para a formação e atualização dos Sis-
temas Estadual e Nacional de Informações sobre Meio Ambiente;
IX – elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais;
X – definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos;
XI – promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscien-
tização pública para a proteção do meio ambiente;
XII – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substân-
cias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei;
XIII – exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja atribuição para
licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida ao Município;
XIV – observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Com-
plementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios
de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas
de Proteção Ambiental (APAs);
XV – observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Com-
plementar, aprovar:

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a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em flo-


restas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em
Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e
b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em empre-
endimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.
Art. 10. São ações administrativas do Distrito Federal as previstas nos arts. 8º e 9º.
Art. 11. A lei poderá estabelecer regras próprias para atribuições relativas à autoriza-
ção de manejo e supressão de vegetação, considerada a sua caracterização como vegetação
primária ou secundária em diferentes estágios de regeneração, assim como a existência de
espécies da flora ou da fauna ameaçadas de extinção.
Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utiliza-
dores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental, e para autorização de supressão e manejo de vege-
tação, o critério do ente federativo instituidor da unidade de conservação não será aplicado às
Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
Parágrafo único. A definição do ente federativo responsável pelo licenciamento e autoriza-
ção a que se refere o caput, no caso das APAs, seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”, “b”,
“e”, “f” e “h” do inciso XIV do art. 7º, no inciso XIV do art. 8º e na alínea “a” do inciso XIV do art. 9º.
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmen-
te, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos ter-
mos desta Lei Complementar.
§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsá-
vel pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedi-
mentos do licenciamento ambiental.
§ 2º A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo
ente federativo licenciador.
§ 3º Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços afins de-
vem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a complexidade do serviço prestado
pelo ente federativo.

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Art. 14. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação
dos processos de licenciamento.
§ 1º As exigências de complementação oriundas da análise do empreendimento ou ativi-
dade devem ser comunicadas pela autoridade licenciadora de uma única vez ao empreende-
dor, ressalvadas aquelas decorrentes de fatos novos.
§ 2º As exigências de complementação de informações, documentos ou estudos feitas
pela autoridade licenciadora suspendem o prazo de aprovação, que continua a fluir após o
seu atendimento integral pelo empreendedor.
§ 3º O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença ambiental, não im-
plica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela dependa ou decorra, mas instaura
a competência supletiva referida no art. 15.
§ 4º A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de
120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença,
ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental
competente.
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas
de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
I – inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou
no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distri-
tais até a sua criação;
II – inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município,
o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e
III – inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e
no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um
daqueles entes federativos.
Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos entes federativos dar-se-á por meio de apoio
técnico, científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo de outras formas de cooperação.
Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente originariamente detentor
da atribuição nos termos desta Lei Complementar.

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Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o


caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar pro-
cesso administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo
empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.
§ 1º Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental decorrente
de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencial-
mente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do
exercício de seu poder de polícia.
§ 2º Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o
ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la,
fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as pro-
vidências cabíveis.
§ 3º O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da
atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva
ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambien-
tal em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atri-
buição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.

CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 18. Esta Lei Complementar aplica-se apenas aos processos de licenciamento e auto-
rização ambiental iniciados a partir de sua vigência.
§ 1º Na hipótese de que trata a alínea “h” do inciso XIV do art. 7º, a aplicação desta Lei
Complementar dar-se-á a partir da entrada em vigor do ato previsto no referido dispositivo.
§ 2º Na hipótese de que trata a alínea “a” do inciso XIV do art. 9º, a aplicação desta Lei
Complementar dar-se-á a partir da edição da decisão do respectivo Conselho Estadual.
§ 3º Enquanto não forem estabelecidas as tipologias de que tratam os §§ 1º e 2º deste
artigo, os processos de licenciamento e autorização ambiental serão conduzidos conforme a
legislação em vigor.

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Art. 19. O manejo e a supressão de vegetação em situações ou áreas não previstas nesta
Lei Complementar dar-se-ão nos termos da legislação em vigor.
Art. 20. O art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a vigorar com a seguin-
te redação:
“Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e ati-
vidades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capa-
zes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamen-
to ambiental.
§ 1º Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publi-
cados no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande circulação, ou em
meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental competente.
§ 2º (Revogado).
§ 3º (Revogado).
§ 4º (Revogado).” (NR)
Art. 21. Revogam-se os §§ 2º, 3º e 4º do art. 10 e o § 1º do art. 11 da Lei no 6.938, de 31
de agosto de 1981.Art. 22. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 8 de dezembro de 2011; 190º da Independência e 123º da República.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - IV - PRIMEIRA FASE/2011) O inci-
so VII do §1º do art. 225 da Constituição da República prevê a proteção da fauna e da flora,
vedadas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, enquanto que o §1º do
art. 231 do referido texto constitucional estabelece que são terras indígenas as habitadas
por eles em caráter permanente e que podem ser utilizadas por esses povos, desde que ne-
cessárias ao seu bem-estar e à sua reprodução física e cultural. A esse respeito, assinale a
alternativa correta.
a) Os indígenas têm o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nas terras
ocupadas em caráter permanente por eles e, portanto, podem explorá-las, sem necessidade
de licenciamento ambiental.
b) Os indígenas podem suprimir vegetação de mata atlântica sem autorização do órgão am-
biental competente porque são usufrutuários das terras que habitam.
c) A exploração dos recursos florestais em terras indígenas somente poderá ser realizada
pelas comunidades indígenas em regime de manejo florestal sustentável, para atender à sua
subsistência, respeitado o Código Florestal.
d) Os indígenas são proprietários das terras que ocupam em caráter permanente, mas devem
explorá-las segundo as normas ambientais estabelecidas na Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente e do Código Florestal.

Questão 2 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII - PRIMEIRA FASE/2012) Um sho-


pping center, que possui cerca de 250 lojas e estacionamento para dois mil veículos, foi cons-
truído há doze anos sobre um antigo aterro sanitário e, desde sua inauguração, sofre com a
decomposição de material orgânico do subsolo, havendo emissão diária de gás metano, em
níveis considerados perigosos à saúde humana, podendo causar explosões. Em razão do
caso exposto, assinale a alternativa correta:
a) Como o shopping foi construído há mais de cinco anos, a obrigação de elaborar estudo
prévio de impacto ambiental e de se submeter a licenciamento já prescreveu. Assim o empre-
endimento poderá continuar funcionando.

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b) A licença de operação ambiental tem prazo de validade de dez anos. Logo o shopping já
cumpriu com suas obrigações referentes ao licenciamento e ao estudo prévio de impacto
ambiental, e poderá continuar com suas atividades regularmente.
c) A decomposição de material orgânico continua ocorrendo, e é considerada perigosa à saúde
humana e ao meio ambiente. Logo, o shopping center em questão poderá ser obrigado pelo órgão
ambiental competente a adotar medidas para promover a dispersão do gás metano, de forma a
minimizar ou anular os riscos ambientais, mesmo que já possua licença de operação válida.
d) Caso o shopping center possua licença de operação válida, não poderá ser obrigado pelo
órgão ambiental competente, no caso exposto, a adotar novas medidas para a dispersão do
gás metano. Apenas no momento da renovação de sua licença de operação poderá ser obri-
gado a adquirir novo equipamento para tal fim.

Questão 3 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - IX - PRIMEIRA FASE/2012) A Lei


Complementar n. 140 de 2011 fixou normas para a cooperação entre os entes da federação
nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas ao meio
ambiente. Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta.
a) Compete à União aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações
sucessoras em Áreas de Preservação Ambientais - APAs.
b) Compete aos Estados e ao Distrito Federal controlar a introdução no País de espécies exó-
ticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies
nativas.
c) Compete aos municípios gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicio-
nal associado, respeitadas as atribuições setoriais.
d) Compete à União aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora
em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos.

Questão 4 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - IX - PRIMEIRA FASE/2012) A res-


peito da responsabilidade administrativa federal por danos ambientais, regulamentada pelo
Decreto n. 6.514/08 e alterado pelo Decreto 6.686/08, assinale a afirmativa correta.
a) A demolição de obra só poderá ser aplicada em edificações não residenciais e sua execu-
ção deverá ocorrer às custas do infrator.

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b) A demolição de obra é medida excepcional e só poderá ser aplicada em situações de fla-


grante ilegalidade e em edificações com menos de dez anos.
c) A demolição de obra, em respeito ao direito fundamental à moradia, só poderá ser aplicada
em construções residenciais erguidas em unidades de conservação e outros espaços am-
bientalmente protegidos e as custas para a sua realização correrão por conta do infrator.
d) A demolição de obra ou construção com fins residenciais ou comerciais, em razão do prin-
cípio da defesa do meio ambiente, dar-se-á nos casos em que a ausência da demolição im-
porta em iminente risco de agravamento do dano ambiental e as custas para sua realização
correrão por conta do infrator.

Questão 5 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - X - PRIMEIRA FASE/2013) Na pers-


pectiva da tutela do direito difuso ao meio ambiente, o ordenamento constitucional exigiu o
estudo de impacto ambiental para instalação e desenvolvimento de certas atividades. Nessa
perspectiva, o estudo prévio de impacto ambiental está concretizado no princípio
a) da precaução.
b) da prevenção.
c) da vedação ao retrocesso.
d) do poluidor-pagador.

Questão 6 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XI - PRIMEIRA FASE/2013) Técnicos


do IBAMA, autarquia federal, verificaram que determinada unidade industrial, licenciada pelo
Estado no qual está localizada, está causando degradação ambiental significativa, vindo a
lavrar auto de infração pelos danos cometidos.
Sobre o caso apresentado e aplicando as regras de licenciamento e fiscalização ambiental
previstas na Lei Complementar n. 140/2011, assinale a afirmativa correta.
a) Há irregularidade no licenciamento ambiental, uma vez que em se tratando de atividade que
cause degradação ambiental significativa, o mesmo deveria ser realizado pela União.
b) É ilegal a fiscalização realizada pelo IBAMA, que só pode exercer poder de polícia de ativi-
dades licenciadas pela União, em sendo a atividade regularmente licenciada pelo Estado.
c) É possível a fiscalização do IBAMA o qual pode, inclusive, lavrar auto de infração, que, po-
rém, não prevalecerá caso o órgão estadual de fiscalização também lavre auto de infração.

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d) Cabe somente à União, no exercício da competência de fiscalização, adotar medidas para


evitar danos ambientais iminentes, comunicando imediatamente ao órgão competente, em
sendo a atividade licenciada pelo Estado.

Questão 7 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XI - PRIMEIRA FASE/2013) Em de-


terminado Estado da federação é proposta emenda à Constituição, no sentido de submeter
todos os Relatório de Impacto Ambiental à comissão permanente da Assembleia Legislativa.
Com relação ao caso proposto, assinale a afirmativa correta.
a) Os Relatórios e os Estudos de Impacto Ambiental são realizados exclusivamente pela
União, de modo que a Assembleia Legislativa não é competente para analisar os Relatórios.
b) A análise e a aprovação de atividade potencialmente causadora de risco ambiental são
consubstanciadas no poder de polícia, não sendo possível a análise do Relatório de Impacto
Ambiental pelo Poder Legislativo.
c) A emenda é constitucional, desde que de iniciativa parlamentar, uma vez que incumbe ao
Poder Legislativo a direção superior da Administração Pública, incluindo a análise e a aprova-
ção de atividades potencialmente poluidoras.
d) A emenda é constitucional, desde que seja de iniciativa do Governador do Estado, que
detém competência privativa para iniciativa de emendas sobre organização administrativa,
judiciária, tributária e ambiental do Estado.

Questão 8 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - PRIMEIRA FASE/2013) O estado


Y pretende melhorar a qualidade do ar e da água em certa região que compõe o seu território,
a qual é abrangida por quatro municípios.
Considerando o caso, assinale a alternativa que indica a medida que o estado Y deve adotar.
a) Instituir Região Metropolitana por meio de lei ordinária, a qual retiraria as competências
dos referidos municípios para disciplinar as matérias.
b) Por iniciativa da Assembleia Estadual, editar lei definindo a região composta pelos municí-
pios como área de preservação permanente, estabelecendo padrões ambientais mínimos, de
acordo com o plano de manejo.

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c) Editar lei complementar, de iniciativa do Governador do estado, a qual imporá níveis de


qualidade a serem obedecidos pelos municípios, sob controle e fiscalização do órgão am-
biental estadual.
d) Incentivar os municípios que atingirem as metas ambientais estipuladas em lei estadu-
al, por meio de distribuição de parte do ICMS arrecadado, nos limites constitucionalmente
autorizados.

Questão 9 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIV - PRIMEIRA FASE/2014) Kellen,


empreendedora individual, obtém, junto ao órgão municipal, licença de instalação de uma
fábrica de calçados.
A respeito da hipótese formulada, assinale a afirmativa correta.
a) A licença não é válida, uma vez que os municípios têm competência para a análise de estu-
dos de impacto ambiental, mas não para a concessão de licença ambiental.
b) Com a licença de instalação obtida, a fábrica de calçados poderá iniciar suas atividades de
produção, gerando direito adquirido pelo prazo mencionado na licença expedida pelo município.
c) A licença é válida, porém não há impedimento que um Estado e a União expeçam licenças
relativas ao mesmo empreendimento, caso entendam que haja impacto de âmbito regional e
nacional, respectivamente.
d) Para o início da produção de calçados, é imprescindível a obtenção de licença de operação,
sendo concedida após a verificação do cumprimento dos requisitos previstos nas licenças
anteriores.

Questão 10 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XV - TIPO 1 – BRANCA/2014) No


curso de obra pública, a Administração Pública causa dano em local compreendido por área
de preservação permanente. Sobre o caso apresentado, assinale a opção que indica de quem
é a responsabilidade ambiental.
a) Em se tratando de área de preservação permanente, que legalmente é de domínio público,
o ente só responde pelos danos ambientais nos casos de atuação com dolo ou culpa grave.
b) Em se tratando de área de preservação permanente, a Administração Pública responderá
de forma objetiva pelos danos causados ao meio ambiente, independentemente das respon-
sabilidades administrativa e penal

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c) Em se tratando de dano ambiental cometido dentro de área de preservação permanente,


a Administração Pública não tem responsabilidade, sob pena de confusão, recaindo sobre
o agente público causador do dano, independentemente das responsabilidades administra-
tiva e penal.
d) Trata-se de caso de responsabilidade subjetiva solidária de todos aqueles que contribuí-
ram para a prática do dano, inclusive do agente público que determinou a prática do ato.

Questão 11 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XV - TIPO 1 – BRANCA/2014) Antes


de dar início à instalação de unidade industrial de produção de roupas no Município X, Julio
Cesar consulta seu advogado acerca dos procedimentos prévios ao começo da construção e
produção. Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta.
a) Caso a unidade industrial esteja localizada em terras indígenas, ela não poderá ser instalado
b) Caso a unidade industrial esteja localizada e desenvolvida em dois estados da federação,
ambos terão competência para o licenciamento ambiental
c) Caso inserida em qualquer Unidade de Conservação, a competência para o licenciamento
será do IBAMA.
d) Caso o impacto seja de âmbito local, a competência para o licenciamento ambiental será
do Município

Questão 12 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XVII - PRIMEIRA FASE/2015) O Mu-


nicípio Z deseja implementar política pública ambiental, no sentido de combater a poluição
das vias públicas. Sobre as competências ambientais distribuídas pela Constituição, assinale
a afirmativa correta.
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm competência material ambiental comum,
devendo leis complementares fixar normas de cooperação entre os entes.
b) Em relação à competência material ambiental, em não sendo exercida pela União e nem
pelo Estado, o Município pode exercê-la plenamente.
c) O Município só pode exercer sua competência material ambiental nos limites das normas
estaduais sobre o tema.
d) O Município não tem competência material em direito ambiental, por falta de previsão cons-
titucional, podendo, porém, praticar atos por delegação da União ou do Estado.

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Questão 13 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XXI - PRIMEIRA FASE/2016) A so-


ciedade empresária Xique-Xique S.A. pretende instalar uma unidade industrial metalúrgica de
grande porte em uma determinada cidade. Ela possui outras unidades industriais do mesmo
porte em outras localidades.
Sobre o licenciamento ambiental dessa iniciativa, assinale a afirmativa correta.
a) Como a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte e da
mesma natureza, não será necessário outro licenciamento ambiental para a nova atividade
utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora.
b) Para uma nova atividade industrial utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou poten-
cialmente poluidora, é necessária a obtenção da licença ambiental, por meio do procedimento
administrativo denominado licenciamento ambiental.
c) Se a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte, poderá
ser exigido outro licenciamento ambiental para a nova atividade utilizadora de recursos am-
bientais, se efetiva ou potencialmente poluidora, mas será dispensada a realização de qual-
quer estudo ambiental, inclusive o de impacto ambiental, no processo de licenciamento.
d) A sociedade empresária só necessitará do alvará da prefeitura municipal autorizando seu
funcionamento, sendo incabível a exigência de licenciamento ambiental para atividades de
metalurgia.

Questão 14 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XXV - PRIMEIRA FASE/2018) Confi-


gurada a violação aos dispositivos da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
especificamente sobre a restauração e recuperação de ecossistema degradado, o Estado Z
promove ação civil pública em face de Josemar, causador do dano.
Em sua defesa judicial, Josemar não nega a degradação, mas alega o direito subjetivo de
celebração de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com a possibilidade de transacionar
sobre o conteúdo das normas sobre restauração e recuperação.
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
a) Josemar não possui direito subjetivo à celebração do TAC, que, caso celebrado, não pode
dispor sobre o conteúdo da norma violada, mas sobre a forma de seu cumprimento.

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b) O TAC não pode ser celebrado, uma vez que a ação civil pública foi proposta pelo Estado, e
não pelo Ministério Público.
c) Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC, sob pena de violação ao princípio da
isonomia, mas sem que haja possibilidade de flexibilizar o conteúdo das normas violadas.
d) Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC nos termos pretendidos, valendo o termo
como título executivo extrajudicial, apto a extinguir a ação civil pública por perda de objeto.

Questão 15 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XXVII - PRIMEIRA FASE/2018) A


União construiu uma usina nuclear para fins de geração de energia elétrica. A fim de mi-
nimizar os riscos de acidentes relacionados à utilização do urânio, foram empregados, no
empreendimento, os mais modernos e seguros equipamentos. Do mesmo modo, o pessoal
designado para trabalhar na usina recebeu todos os treinamentos exigidos nas legislações
brasileira e internacional.
Entretanto, em decorrência de uma intensa, imprevisível e excepcional chuva que caiu na re-
gião, parte da usina ficou alagada. Isso gerou superaquecimento nas instalações, fato que
culminou na liberação de um pequeno volume de gases radioativos armazenados, causando
náuseas e vômitos na população que mora próxima à usina.
Com base na situação narrada, assinale a afirmativa correta.
a) A União não pode ser responsabilizada pelos danos causados à população, tendo em vista
a ausência de culpa (responsabilidade subjetiva) por parte do Poder Público.
b) Em razão de as chuvas constituírem um evento imprevisível e excepcional, não se cogita a
responsabilidade da União pelos danos causados à população.
c) A União pode ser responsabilizada pelas consequências advindas do vazamento de gases
radioativos, independentemente de culpa, pois a responsabilidade é objetiva.
d) A União não pode ser responsabilizada pelos danos causados à população, dado competir
aos Estados a exploração dos serviços e das instalações nucleares, cabendo a eles a respon-
sabilidade pelos danos.

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GABARITO
1. c
2. c
3. d
4. a
5. b
6. c
7. b
8. d
9. d
10. b
11. d
12. a
13. b
14. a
15. c

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - IV - PRIMEIRA FASE/2011) O inciso
VII do §1º do art. 225 da Constituição da República prevê a proteção da fauna e da flora, veda-
das as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, enquanto que o §1º do art. 231
do referido texto constitucional estabelece que são terras indígenas as habitadas por eles em
caráter permanente e que podem ser utilizadas por esses povos, desde que necessárias ao seu
bem-estar e à sua reprodução física e cultural. A esse respeito, assinale a alternativa correta.
a) Os indígenas têm o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nas terras
ocupadas em caráter permanente por eles e, portanto, podem explorá-las, sem necessidade
de licenciamento ambiental.
b) Os indígenas podem suprimir vegetação de mata atlântica sem autorização do órgão am-
biental competente porque são usufrutuários das terras que habitam.
c) A exploração dos recursos florestais em terras indígenas somente poderá ser realizada
pelas comunidades indígenas em regime de manejo florestal sustentável, para atender à sua
subsistência, respeitado o Código Florestal.
d) Os indígenas são proprietários das terras que ocupam em caráter permanente, mas devem
explorá-las segundo as normas ambientais estabelecidas na Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente e do Código Florestal.

Letra c.

 Obs.: QUESTÃO FEITA SOB A ÉGIDE DO CODIGO FLORESTAL REVOGADO


a) e b) Erradas. Fundamento: Devemos lembrar que apesar de os índios terem o direito de
usufruto mencionado (art.231, p.2 CF), eles não possuem imunidades ao cumprimento das
leis, não podendo portanto, deixar de realizar o licenciamento ambiental, quando no caso este
for necessário
c) Certa, conforme art.3-A L.4.771/65 - Código Florestal revogado
d) Errada, pois a propriedade das terras tradicionalmente ocupadas pelos indios pertence à
União (art.20, XI, CF)

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Questão 2 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII - PRIMEIRA FASE/2012) Um sho-


pping center, que possui cerca de 250 lojas e estacionamento para dois mil veículos, foi cons-
truído há doze anos sobre um antigo aterro sanitário e, desde sua inauguração, sofre com a
decomposição de material orgânico do subsolo, havendo emissão diária de gás metano, em
níveis considerados perigosos à saúde humana, podendo causar explosões. Em razão do
caso exposto, assinale a alternativa correta:
a) Como o shopping foi construído há mais de cinco anos, a obrigação de elaborar estudo
prévio de impacto ambiental e de se submeter a licenciamento já prescreveu. Assim o empre-
endimento poderá continuar funcionando.
b) A licença de operação ambiental tem prazo de validade de dez anos. Logo o shopping já
cumpriu com suas obrigações referentes ao licenciamento e ao estudo prévio de impacto
ambiental, e poderá continuar com suas atividades regularmente.
c) A decomposição de material orgânico continua ocorrendo, e é considerada perigosa à saúde
humana e ao meio ambiente. Logo, o shopping center em questão poderá ser obrigado pelo órgão
ambiental competente a adotar medidas para promover a dispersão do gás metano, de forma a
minimizar ou anular os riscos ambientais, mesmo que já possua licença de operação válida.
d) Caso o shopping center possua licença de operação válida, não poderá ser obrigado pelo
órgão ambiental competente, no caso exposto, a adotar novas medidas para a dispersão do
gás metano. Apenas no momento da renovação de sua licença de operação poderá ser obri-
gado a adquirir novo equipamento para tal fim.

Letra c.
Vide Resolução n. 237/1997 - CONAMA

Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:


II – Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as
condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreen-
dedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou ativi-
dades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou
aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.
Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes
licenças:
(...)

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III – Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a veri-
ficação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação.
Como se pode observar, possuir Licença de Operação não é carta branca para proceder como bem
entender. A licença de operação, como espécie de licença ambiental, ainda impõe a obediência a
condições e medidas de controle ambiental, logo pode-se entender, que mesmo possuindo licença,
qualquer órgão continuará sendo fiscalizado e deverá cumprir determinações de órgão ambientais.
Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condi-
cionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida,
quando ocorrer:
I – Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.
II – Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença.
III – superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

Questão 3 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - IX - PRIMEIRA FASE/2012) A Lei


Complementar n. 140 de 2011 fixou normas para a cooperação entre os entes da federação
nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas ao meio
ambiente. Sobre esse tema, assinale a afirmativa correta.
a) Compete à União aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações
sucessoras em Áreas de Preservação Ambientais - APAs.
b) Compete aos Estados e ao Distrito Federal controlar a introdução no País de espécies
exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e es-
pécies nativas.
c) Compete aos municípios gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicio-
nal associado, respeitadas as atribuições setoriais.
d) Compete à União aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora
em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos.

Letra d.
a) Errada. Vide art. 7º São ações administrativas da União:

XV – aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em: a)


florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de conservação instituídas pela
União, exceto em APAs; e

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b) Errada. Vide art. 7º São ações administrativas da União: XVII - controlar a introdução no
País de espécies exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas,
habitats e espécies nativas;
c) Errada. Vide: art. 7º São ações administrativas da União: XXIII - gerir o patrimônio genético
e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais;
 ) Certa. Vide art. 7º São ações administrativas da União: XVIII - aprovar a liberação de exem-
d
plares de espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos;

Questão 4 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - IX - PRIMEIRA FASE/2012) A res-


peito da responsabilidade administrativa federal por danos ambientais, regulamentada pelo
Decreto n. 6.514/08 e alterado pelo Decreto 6.686/08, assinale a afirmativa correta.
a) A demolição de obra só poderá ser aplicada em edificações não residenciais e sua execu-
ção deverá ocorrer às custas do infrator.
b) A demolição de obra é medida excepcional e só poderá ser aplicada em situações de fla-
grante ilegalidade e em edificações com menos de dez anos.
c) A demolição de obra, em respeito ao direito fundamental à moradia, só poderá ser aplicada
em construções residenciais erguidas em unidades de conservação e outros espaços am-
bientalmente protegidos e as custas para a sua realização correrão por conta do infrator.
d) A demolição de obra ou construção com fins residenciais ou comerciais, em razão do prin-
cípio da defesa do meio ambiente, dar-se-á nos casos em que a ausência da demolição im-
porta em iminente risco de agravamento do dano ambiental e as custas para sua realização
correrão por conta do infrator.

Letra a.
VIDE artigo 112 do Decreto n. 6.514 de 22 de Julho de 2008

Art. 112. A demolição de obra, edificação ou construção não habitada e utilizada diretamente para
a infração ambiental dar-se-á excepcionalmente no ato da fiscalização nos casos em que se cons-
tatar que a ausência da demolição importa em iminente risco de agravamento do dano ambiental
ou de graves riscos à saúde.
§ 1º A demolição poderá ser feita pelo agente autuante, por quem este autorizar ou pelo próprio
infrator e deverá ser devidamente descrita e documentada, inclusive com fotografias.
§ 2º As despesas para a realização da demolição correrão às custas do infrator.
§ 3º A demolição de que trata o caput não será realizada em edificações residenciais.

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Questão 5 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - X - PRIMEIRA FASE/2013) Na pers-


pectiva da tutela do direito difuso ao meio ambiente, o ordenamento constitucional exigiu o
estudo de impacto ambiental para instalação e desenvolvimento de certas atividades. Nessa
perspectiva, o estudo prévio de impacto ambiental está concretizado no princípio
a) da precaução.
b) da prevenção.
c) da vedação ao retrocesso.
d) do poluidor-pagador.

Letra b.
a) P. da precaução. Esse princípio não se confunde com a prevenção. Esse princípio bus-
ca proteger o risco desconhecido, visa o risco incerto. O perigo é abstrato, hipotético.
b) P. da prevenção. Trata das medidas que devem ser adotadas para evitar lesões ao meio am-
biente. Realização de atos antes da ocorrência de qualquer dano. Para tornar uma prevenção
uma realidade, deve ser realizada uma política de educação ambiental. O perigo é concreto.
c) Princípio da vedação ao retrocesso: impede, em tema de direitos fundamentais de caráter
social, que sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela forma-
ção social em que ele vive
d) P. do poluidor pagador. O agente, ao implementar suas atividades, deve levar em conside-
ração os ônus e custos de sua atuação. Os custos devem ser internalizados. Não é possível
degradar o meio ambiente e pagar por isso. O agente deve arcar com os custos de preven-
ção. Analisar os ônus ambientais para que ele seja transferido a coletividade. A ideia é PA-
GAR para NÃO poluir.

PRECAUÇÃO = O perigo não é conhecido, é impreciso ou incomprovado cientificamente.


PREVENÇÃO = O perigo já é conhecido, é preciso e comprovado cientificamente.

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Estado no qual está localizada, está causando degradação ambiental significativa, vindo a
lavrar auto de infração pelos danos cometidos.
Sobre o caso apresentado e aplicando as regras de licenciamento e fiscalização ambiental
previstas na Lei Complementar n. 140/2011, assinale a afirmativa correta.
a) Há irregularidade no licenciamento ambiental, uma vez que em se tratando de atividade que
cause degradação ambiental significativa, o mesmo deveria ser realizado pela União.
b) É ilegal a fiscalização realizada pelo IBAMA, que só pode exercer poder de polícia de ativi-
dades licenciadas pela União, em sendo a atividade regularmente licenciada pelo Estado.
c) É possível a fiscalização do IBAMA o qual pode, inclusive, lavrar auto de infração, que, po-
rém, não prevalecerá caso o órgão estadual de fiscalização também lavre auto de infração.
d) Cabe somente à União, no exercício da competência de fiscalização, adotar medidas para
evitar danos ambientais iminentes, comunicando imediatamente ao órgão competente, em
sendo a atividade licenciada pelo Estado.

Letra c.:
Vide Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo
administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio
Ambiente - É possível a fiscalização do IBAMA o qual pode, inclusive, lavrar auto de infração, que,
porém, não prevalecerá caso o órgão estadual de fiscalização também lavre auto
de infração. designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias
dos Portos, do Ministério da Marinha.

Sobre as demais questões:


a) Errada, pois compete à União fazer o licenciamento ambiental nos casos previstos no art.
7º, XIV, da Lei Complementar n. 140/2011 e o simples fato de uma degradação ambiental
ser significativa não está previsto no dispositivo em questão como hipótese de competência
federal; vale lembrar que, em caso de impacto local (conforme definido em resoluções dos
Conselhos Estaduais do Meio Ambiente), a competência é do Município (art. 9º, XIV, da LC
n. 140/2011), nos casos previstos no art. 7º, XIV, da LC n. 140/2011, da União e, nos demais

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casos, a competência para o licenciamento ambiental é dos Estados (art. 8º, XIV, da LC n.
140/2011);
b) Errada,; normalmente o ente que tiver promovido o licenciamento ambiental é quem vai fa-
zer a fiscalização, o poder de polícia, para apurar as infrações à legislação ambiental no local
(art. 17, caput, da LC n. 140/11); porém, tal regra “não impede o exercício pelos entes federati-
vos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades
efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação
ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha
a atribuição de licenciamento ou autorização” para o caso (art. 17, p. 3º, da LC n. 140/2011);
c) Certa (art. 17, p. 3º, da LC n. 140/2011), lembrando que o IBAMA é autarquia criada pela
União para atuar nesse segmento;
d) Errada,, pois nesse tipo de caso (iminência de dano ambiental), o próprio ente federativo
que tiver conhecimento do fato (no caso, a União) deverá determinar as providências para
evitá-la, cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as
providências cabíveis (art. 17, p. 2º, da LC n. 140/2011).

Questão 7 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XI - PRIMEIRA FASE/2013) Em de-


terminado Estado da federação é proposta emenda à Constituição, no sentido de submeter
todos os Relatório de Impacto Ambiental à comissão permanente da Assembleia Legislativa.
Com relação ao caso proposto, assinale a afirmativa correta.
a) Os Relatórios e os Estudos de Impacto Ambiental são realizados exclusivamente pela
União, de modo que a Assembleia Legislativa não é competente para analisar os Relatórios.
b) A análise e a aprovação de atividade potencialmente causadora de risco ambiental são
consubstanciadas no poder de polícia, não sendo possível a análise do Relatório de Impacto
Ambiental pelo Poder Legislativo.
c) A emenda é constitucional, desde que de iniciativa parlamentar, uma vez que incumbe ao
Poder Legislativo a direção superior da Administração Pública, incluindo a análise e a aprova-
ção de atividades potencialmente poluidoras.

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d) A emenda é constitucional, desde que seja de iniciativa do Governador do Estado, que


detém competência privativa para iniciativa de emendas sobre organização administrativa,
judiciária, tributária e ambiental do Estado.

Letra b.
O SISNAMA é um conjunto articulado de órgãos, entidades, regras e práticas responsáveis
pela proteção e pela melhoria da qualidade ambiental, estruturando-se por meio dos seguin-
tes níveis político-administrativos: Órgãos Seccionais – De caráter executivo, essa instância
é composta por órgãos e entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e
projetos, assim como pelo controle e fiscalização de atividades degradadoras do meio am-
biente. São, em geral, as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente.
Para maiores detalhes, vide Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998

Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNA-
MA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabe-
lecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados
a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas
ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabeleci-
mentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente
poluidores.

Questão 8 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - PRIMEIRA FASE/2013) O estado


Y pretende melhorar a qualidade do ar e da água em certa região que compõe o seu território,
a qual é abrangida por quatro municípios.
Considerando o caso, assinale a alternativa que indica a medida que o estado Y deve adotar.
a) Instituir Região Metropolitana por meio de lei ordinária, a qual retiraria as competências
dos referidos municípios para disciplinar as matérias.
b) Por iniciativa da Assembleia Estadual, editar lei definindo a região composta pelos municí-
pios como área de preservação permanente, estabelecendo padrões ambientais mínimos, de
acordo com o plano de manejo.
c) Editar lei complementar, de iniciativa do Governador do estado, a qual imporá níveis de
qualidade a serem obedecidos pelos municípios, sob controle e fiscalização do órgão am-
biental estadual.

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d) Incentivar os municípios que atingirem as metas ambientais estipuladas em lei estadu-


al, por meio de distribuição de parte do ICMS arrecadado, nos limites constitucionalmente
autorizados.

Letra d.
Conforme art. 158, parágrafo único, II, da CF.

Art. 158. Pertencem aos Municípios:


(...)
IV – vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação.
Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV,
serão creditadas conforme os seguintes critérios:
I – três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação
de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios;
II – até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal.

Sobre as demais alternativas:


a) Errada, exige-se Lei Complementar para a instituição, não por simples lei ordinária; Os
ecossistemas são considerados patrimônio nacional, art. 25,§ 3º da CF.
b) Errada, pois não há previsão para que o Estado-Membro possa instituir APP composta por
município, envolvendo o território completo desses entes.
c) Errada, os Estados-Membros podem legislar sobre meio ambiente (art. 24 da CF), não se
exige a LC para o exercício dessa competência.

Questão 9 (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIV - PRIMEIRA FASE/2014) Kellen,


empreendedora individual, obtém, junto ao órgão municipal, licença de instalação de uma
fábrica de calçados.
A respeito da hipótese formulada, assinale a afirmativa correta.
a) A licença não é válida, uma vez que os municípios têm competência para a análise de estu-
dos de impacto ambiental, mas não para a concessão de licença ambiental.
b) Com a licença de instalação obtida, a fábrica de calçados poderá iniciar suas atividades de
produção, gerando direito adquirido pelo prazo mencionado na licença expedida pelo município.

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c) A licença é válida, porém não há impedimento que um Estado e a União expeçam licenças
relativas ao mesmo empreendimento, caso entendam que haja impacto de âmbito regional e
nacional, respectivamente.
d) Para o início da produção de calçados, é imprescindível a obtenção de licença de ope-
ração, sendo concedida após a verificação do cumprimento dos requisitos previstos nas
licenças anteriores.

Letra d.
a) Errada, O Município tem competência para concessão de licença ambiental, conforme a Lei
complementar n. 140/2011:

Art. 9º São ações administrativas dos Municípios:


XIV – observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar,
promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos: a) que causem ou pos-
sam causar impacto ambiental de âmbito local, (...)

b) Errada, pois a maioria da doutrina e da jurisprudência entende impossível a alegação de


direito adquirido contra o meio ambiente. Além disso, a licença de instalação não permite o
início das atividades operativas da empresa.
c) Errada, pois Estado e União não devem expedir licenças sobre o mesmo empreendimento:

Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por


um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei
Complementar.
§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela
licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do li-
cenciamento ambiental.

d) Certa, Resolução Conama n. 237/1997 - Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua com-
petência de controle, expedirá as seguintes licenças:

I – Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou


atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabe-
lecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua
implementação;
II – Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo
com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as me-
didas de controle ambiental e demais condicionantes da qual constituem motivo determinante;

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III – Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a veri-
ficação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle
ambiental e condicionantes determinados para a operação.

Questão 10 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XV - TIPO 1 – BRANCA/2014) No


curso de obra pública, a Administração Pública causa dano em local compreendido por área
de preservação permanente. Sobre o caso apresentado, assinale a opção que indica de quem
é a responsabilidade ambiental.
a) Em se tratando de área de preservação permanente, que legalmente é de domínio público,
o ente só responde pelos danos ambientais nos casos de atuação com dolo ou culpa grave.
b) Em se tratando de área de preservação permanente, a Administração Pública responderá
de forma objetiva pelos danos causados ao meio ambiente, independentemente das respon-
sabilidades administrativa e penal
c) Em se tratando de dano ambiental cometido dentro de área de preservação permanente, a Ad-
ministração Pública não tem responsabilidade, sob pena de confusão, recaindo sobre o agente
público causador do dano, independentemente das responsabilidades administrativa e penal.
d) Trata-se de caso de responsabilidade subjetiva solidária de todos aqueles que contribuí-
ram para a prática do dano, inclusive do agente público que determinou a prática do ato.

Letra b.
Vide art. 14. § 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causa-
dos ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União
e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por
danos causados ao meio ambiente.

Questão 11 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XV - TIPO 1 – BRANCA/2014) Antes


de dar início à instalação de unidade industrial de produção de roupas no Município X, Julio
Cesar consulta seu advogado acerca dos procedimentos prévios ao começo da construção e
produção. Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta.

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a) Caso a unidade industrial esteja localizada em terras indígenas, ela não poderá ser
instalado
b) Caso a unidade industrial esteja localizada e desenvolvida em dois estados da federação,
ambos terão competência para o licenciamento ambiental
c) Caso inserida em qualquer Unidade de Conservação, a competência para o licenciamento
será do IBAMA.
d) Caso o impacto seja de âmbito local, a competência para o licenciamento ambiental será
do Município

Letra d.
a) Errada. Pode sim, mas deve ser feito dois licenciamentos, um pela União, por meio da Fu-
nai, e outro pelo ente federativo em questão (dependendo da preponderância de interesses +
titularidade do bem). => posicionamento STJ.
b) Errada. Nesse caso a competência será do IBAMA (art. 7º, XIV, e, da LC n. 140/2011 e art.
4º da Res. CONAMA 237).
c) Errada. Nesse caso a competência seria do Instituto Chico Mendes. Vide também LC
140/2011, art. 7º, XIV, d; art. 8º, XV; e art. 9º, XIV, b; e arts. 4º, 5º e 6º da Res. CONAMA 237.
d) Certa. Nesse caso a competência seria do Município.

Art. 9º: São ações administrativas dos Municípios:


XIV – observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar,
promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida
pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, po-
tencial poluidor e natureza da atividade; ou
b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em empreendimen-
tos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.

Para maiores detalhes, veja: LEI COMPLEMENTAR N. 140, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2011, a


qual fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23
da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum rela-
tivas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate

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à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e


altera a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Questão 12 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XVII - PRIMEIRA FASE/2015) O Mu-


nicípio Z deseja implementar política pública ambiental, no sentido de combater a poluição
das vias públicas. Sobre as competências ambientais distribuídas pela Constituição, assinale
a afirmativa correta.
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm competência material ambiental comum,
devendo leis complementares fixar normas de cooperação entre os entes.
b) Em relação à competência material ambiental, em não sendo exercida pela União e nem
pelo Estado, o Município pode exercê-la plenamente.
c) O Município só pode exercer sua competência material ambiental nos limites das normas
estaduais sobre o tema.
d) O Município não tem competência material em direito ambiental, por falta de previsão cons-
titucional, podendo, porém, praticar atos por delegação da União ou do Estado.

Letra a.
a) Certa, nos termos do art. 23 da CRFB: É competência comum da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas;
b) Errada. Na verdade trata-se de competência concorrente, mas os municípios não podem
legislar na falta da lei. Na competência concorrente ela é sempre legislativa e a união fica com
as normas gerais e os estados com as normas específicas. Na omissão da norma geral da
união, o estado assume a competência plena, ou seja, normas gerais e específicas. Caso, pos-
teriormente, a União edite a lei federal contendo a norma geral, as leis estaduais tornam-se
suspensas na parte em que lhe for contrária (suspende e não revoga). Mas de qualquer forma
os municípios não têm essas prerrogativas.
c) Errada. A competência material ambiental é comum a todos os entes.
d) Errada. O Município também possui competência material em direito ambiental. Vide art.
23 d CRFB.

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art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I – zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patri-
mônio público;
II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de de-
ficiência;
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os mo-
numentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor
histórico, artístico ou cultural;
V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 85, de 2015)
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e
de saneamento básico;
X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração so-
cial dos setores desfavorecidos;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de re-
cursos hídricos e minerais em seus territórios;
XII – estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

Questão 13 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XXI - PRIMEIRA FASE/2016) A so-


ciedade empresária Xique-Xique S.A. pretende instalar uma unidade industrial metalúrgica de
grande porte em uma determinada cidade. Ela possui outras unidades industriais do mesmo
porte em outras localidades.
Sobre o licenciamento ambiental dessa iniciativa, assinale a afirmativa correta.
a) Como a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte e da
mesma natureza, não será necessário outro licenciamento ambiental para a nova atividade
utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora.
b) Para uma nova atividade industrial utilizadora de recursos ambientais, se efetiva ou poten-
cialmente poluidora, é necessária a obtenção da licença ambiental, por meio do procedimento
administrativo denominado licenciamento ambiental.
c) Se a sociedade empresária já possui outras unidades industriais do mesmo porte, poderá
ser exigido outro licenciamento ambiental para a nova atividade utilizadora de recursos am-

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bientais, se efetiva ou potencialmente poluidora, mas será dispensada a realização de qual-


quer estudo ambiental, inclusive o de impacto ambiental, no processo de licenciamento.
d) A sociedade empresária só necessitará do alvará da prefeitura municipal autorizando
seu funcionamento, sendo incabível a exigência de licenciamento ambiental para ativida-
des de metalurgia.

Letra b.
VIDE: Resolução CONAMA n. 1/1986:

Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de


impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do
IBAMA e em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais
como:
XII – Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquími-
cos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos);

Artigo 225, IV, Parágrafo 1º, CF.


Sobre as demais alternativas:
a) Errada, pois é necessário outro licenciamento ambiental para a nova atividade utilizadora
de recursos ambientais, se efetiva ou potencialmente poluidora.
c) Errada, pois a sociedade empresária não estará dispensada da realização de outros estu-
dos ambientais que se façam necessários, inclusive o de impacto ambiental, no processo de
licenciamento.
d
 ) Errada, pois é possível a exigência de licenciamento ambiental para atividades de metalurgia.

Questão 14 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XXV - PRIMEIRA FASE/2018) Confi-


gurada a violação aos dispositivos da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
especificamente sobre a restauração e recuperação de ecossistema degradado, o Estado Z
promove ação civil pública em face de Josemar, causador do dano.
Em sua defesa judicial, Josemar não nega a degradação, mas alega o direito subjetivo de
celebração de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com a possibilidade de transacionar
sobre o conteúdo das normas sobre restauração e recuperação.
Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.

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a) Josemar não possui direito subjetivo à celebração do TAC, que, caso celebrado, não pode
dispor sobre o conteúdo da norma violada, mas sobre a forma de seu cumprimento.
b) O TAC não pode ser celebrado, uma vez que a ação civil pública foi proposta pelo Estado, e
não pelo Ministério Público.
c) Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC, sob pena de violação ao princípio da
isonomia, mas sem que haja possibilidade de flexibilizar o conteúdo das normas violadas.
d) Josemar possui direito subjetivo a celebrar o TAC nos termos pretendidos, valendo o termo
como título executivo extrajudicial, apto a extinguir a ação civil pública por perda de objeto.

Letra a.
a) Certa. Nos termos da Lei da Ação Civil Pública (Lei n. 7.347/1985), art. 5º § 6º “Os órgãos
públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
conduta às exigências legais,” mediante cominações, que terá eficácia de título executivo ex-
trajudicial. Ou seja, os órgãos públicos podem tomar dos interessados o compromisso, mas
não é algo obrigatório (depende do caso concreto). Além disso, não se pode dispor sobre o
conteúdo protetivo de norma ambiental, sendo que o TAC deve ajustar a conduta às exigên-
cias legais.
b) Errada. Todos os órgãos públicos legitimados para a propositura de ACP podem tomar dos
interessados o compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais (Lei no
7.347/1985, art. 5º § 6º)
c) Errada. Não há direito subjetivo à celebração de TAC (Lei no 7.347/1985, art. 5º § 6º)
d) Errada. Não há direito subjetivo à celebração de TAC (Lei no 7.347/1985, art. 5º § 6º)

Questão 15 (FGV/OAB EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XXVII - PRIMEIRA FASE/2018) A


União construiu uma usina nuclear para fins de geração de energia elétrica. A fim de mi-
nimizar os riscos de acidentes relacionados à utilização do urânio, foram empregados, no
empreendimento, os mais modernos e seguros equipamentos. Do mesmo modo, o pessoal
designado para trabalhar na usina recebeu todos os treinamentos exigidos nas legislações
brasileira e internacional.

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Entretanto, em decorrência de uma intensa, imprevisível e excepcional chuva que caiu na re-
gião, parte da usina ficou alagada. Isso gerou superaquecimento nas instalações, fato que
culminou na liberação de um pequeno volume de gases radioativos armazenados, causando
náuseas e vômitos na população que mora próxima à usina.
Com base na situação narrada, assinale a afirmativa correta.
a) A União não pode ser responsabilizada pelos danos causados à população, tendo em vista
a ausência de culpa (responsabilidade subjetiva) por parte do Poder Público.
b) Em razão de as chuvas constituírem um evento imprevisível e excepcional, não se cogita a
responsabilidade da União pelos danos causados à população.
c) A União pode ser responsabilizada pelas consequências advindas do vazamento de gases
radioativos, independentemente de culpa, pois a responsabilidade é objetiva.
d) A União não pode ser responsabilizada pelos danos causados à população, dado competir
aos Estados a exploração dos serviços e das instalações nucleares, cabendo a eles a respon-
sabilidade pelos danos.

Letra c.
O art.21, XXIII, “d” da CF/1988 estabelece que “a responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa”. Logo, temos responsabilidade objetiva da União.

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