Você está na página 1de 201

Processo Administrativo

Ambiental na Prática

Cláudio Farenzena

3ª EDIÇÃO - E-BOOK - 2021


SOBRE O AUTOR
Cláudio Farenzena é advogado especialista em Direito Ambiental pela

Universidade Federal do Paraná - UFPR, sócio fundador do escritório


Farenzena Advocacia Ambiental com sede em Florianópolis e filial em

Brasília, voltada a Tribunais Superiores. Atua exclusivamente na área

jurídica ambiental com destaque em processos administrativos


ambientais (esfera administrativa), ações anulatórias de auto de
infração ambiental e defesa em ações civis públicas de reparação

ou indenização por dano ambiental (esfera cível) e defesa em


ações penais por crimes ambientais (esfera criminal).
AVISOS LEGAIS

Você concorda que não irá copiar, redistribuir ou explorar


comercialmente, qualquer parte deste livro, total
ou parcial, sem a permissão do autor.

E-BOOK

Processo Administrativo Ambiental na Prática


3º Edição. 2021

Copyright © Todos os direitos reservados.


Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo
para as presentes e futuras gerações.

Art. 225, Constituição Federal de 1988


Voltar ao Sumário

Sumário

1. Conversa inicial .......................................................................................... 8


2. Conceitos....................................................................................................11
3. Infração ambiental .................................................................................... 16
3.1. Poder de Polícia...................................................................... 17
3.2. O auto de infração ambiental .................................................. 18
3.2.1. Auto de infração e termo de embargo........................19
3.3. Requisitos do auto de infração ambiental ............................... 21
3.4. Competência para lavrar o auto de infração ........................... 23
3.5. Competência para julgar o auto de infração............................ 24
3.6. Como consultar embargo e auto de infração do IBAMA.......... 25
3.7. Portal do autuado do IBAMA ................................................... 27
3.8. Como consultar embargo e auto de infração do ICMBio ......... 28
3.9. Acessar processo administrativo do IBAMA e do ICMBio ....... 30
4. Infração administrativa no âmbito dos Estados e Municípios .............. 36
5. Tríplice responsabilidade......................................................................... 39
5.1. A responsabilidade administrativa é subjetiva ......................... 40
5.2. O nexo causal deve ser demonstrado ..................................... 41
6. Princípio do in dubio pro reo no processo administrativo.................... 43
7. Princípio da insignificância na infração administrativa......................... 46
8. Tutela antecipada em sede administrativa ............................................. 48
9. Motivação per relationem ou aliundem ................................................... 51
10. Absolvição penal pode ser usada no processo administrativo ............ 54
11. Redução do valor da multa ambiental..................................................... 57
12. Agravamento da multa ambiental por reincidência é ilegal .................. 60
12.1. Momento do agravamento da penalidade ............................... 63
13. Principais Leis de Direito Ambiental ....................................................... 65
13.1. Art. 225, da Constituição Federal ............................................ 65
13.2. Lei 9.605/1998 ........................................................................ 65

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 3


Voltar ao Sumário

13.3. Decreto 6.514/2008................................................................. 66


13.4. Lei 6.938/1981 ........................................................................ 66
13.5. Lei 12.651/12 .......................................................................... 67
13.6. Lei 11.428/2006 ...................................................................... 68
13.7. Lei 9.784/1999 ........................................................................ 69
14. Sanções administrativas .......................................................................... 71
14.1. Advertência ............................................................................. 72
14.2. Multa simples .......................................................................... 73
14.3. Multa diária ............................................................................. 75
14.4. Apreensão .............................................................................. 76
14.5. Destruição ou inutilização do produto ..................................... 79
14.6. Suspensão de venda e fabricação do produto ........................ 80
14.7. Embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas ........ 80
14.8. Demolição de obra .................................................................. 82
14.9. Suspensão parcial ou total das atividades .............................. 84
14.10. Restritiva de direitos................................................................ 84
15. Aplicação da pena, atenuantes e agravantes ......................................... 86
16. Reincidência ............................................................................................. 90
17. Espécies de Prescrição ............................................................................ 92
17.1. Prescrição da pretensão punitiva ............................................ 93
17.2. Prescrição intercorrente .......................................................... 93
17.3. Prescrição intercorrente da pretensão punitiva ....................... 94
17.4. Prescrição da pena de multa................................................... 95
17.5. Prescrição executória.............................................................. 96
17.6. Prescrição intercorrente na execução fiscal de multa ............. 97
18. Tabela da prescrição ................................................................................ 99
19. Princípios que regem o processo administrativo ambiental ............... 104
19.1. Princípio do devido processo legal ........................................ 104
19.2. Princípio da razoável duração do processo .......................... 104
19.3. Princípio da legalidade .......................................................... 105
19.4. Princípio da finalidade ........................................................... 106

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 4


Voltar ao Sumário

19.5. Princípio da impessoalidade ................................................. 106


19.6. Princípio da moralidade ........................................................ 107
19.7. Princípio da eficiência ........................................................... 108
19.8. Princípio da publicidade ........................................................ 108
19.9. Princípio da motivação .......................................................... 109
19.10. Princípio do contraditório e da ampla defesa ........................ 110
19.11. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade ..................... 110
19.12. Princípio do in dubio pro reo ................................................. 111
19.13. Princípio da insignificância .................................................... 112
20. Fases do processo administrativo ........................................................ 114
20.1. Atos preparatórios na fiscalização ambiental ........................ 116
20.2. Lavratura do auto de infração ambiental ............................... 117
20.2.1. Indicação multa aberta...........................................119
20.2.2. Circunstâncias majorante e atenuantes.................120
20.2.3. Notificação do autuado...........................................122
20.3. Audiência de conciliação ambiental ...................................... 124
20.3.1. Opções do autuado após a audiência....................129
20.4. Defesa administrativa............................................................ 130
20.5. Fase instrutória ..................................................................... 132
20.6. Julgamento em 1ª instância .................................................. 134
20.6.1. Agravamento da multa por reincidência.................136
20.7. Recurso administrativo.......................................................... 137
20.7.1. Pedido revisional e extinção da punibilidade..........139
21. Conversão da multa ............................................................................... 142
22. Fase pós processual .............................................................................. 146
23. Juros e correção monetária da multa ................................................... 149
24. O que acontece se o infrator não pagar a multa ambiental ................. 152
25. Vícios sanáveis e insanáveis ................................................................. 155
25.1. Defesa direta e indireta ......................................................... 156
25.2. Causas de anulação, nulidade e redução ............................. 157
25.2.1.Ofensa a princípios da Administração......................157

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 5


Voltar ao Sumário

25.2.2. Incompetência ....................................................... 157


25.2.3. Ilegitimidade .......................................................... 157
25.2.4. Finalidade .............................................................. 158
25.2.5. Forma .................................................................... 158
25.2.6. Motivo ou causa......................................................158
25.2.7. Objeto ou conteúdo .............................................. 158
25.2.8. Ausência de motivação da decisão.........................158
25.2.9. Multa com base em portaria e resolução................159
25.2.10. Ausência de autoria...............................................159
25.2.11. Cerceamento de defesa........................................159
25.2.12. Atipicidade da conduta..........................................159
25.2.13. Ausência de intimação..........................................159
25.2.14. Prescrição da pretensão punitiva..........................160
25.2.15. Prescrição intercorrente........................................160
25.2.16. Prescrição intercorrente da pretensão..................160
25.2.17. Auto por ocupante de cargo comissionado...........160
25.2.18. Modificação do fato...............................................160
25.2.19. Erro ao notificar prazo de recurso.........................161
25.2.20. Intimação do autuado por edital............................161
25.2.21. Não indicação do dispositivo violado.....................161
25.2.22. Ausência da base de cálculo.................................161
25.2.23. Ausência de descrição da infração........................161
25.2.24. Auto que descreve conduta diversa.......................162
25.2.25. Descrição genérica no auto de infração.................162
25.2.26. Ausência dos elementos da infração.....................162
25.2.27. Multa ambiental aberta..........................................162
25.2.28. Ilegalidade no agravamento de multa....................162
26. A esfera judicial ...................................................................................... 164
27. Resumo do processo e orientações gerais .......................................... 167
28. Infrações ambientais - Decreto 6.514/08 ............................................... 170

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 6


Voltar ao Sumário

#1
Conversa inicial

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 7


Voltar ao Sumário

1. Conversa inicial
Cada vez mais os órgãos ambientais têm aprimorado os métodos
de fiscalização, lavrando autos de infração ambiental e embargos no local da
infração e até mesmo em laboratórios de sensoriamento remoto através de imagens
de satélites de alta resolução e software de cruzamento de informações com dados
do Governo Federal, CAR, INPE PRODES, DETER, dentre outros, com o objetivo
de prevenir ou imputar responsabilidades ou obrigações administrativas na
ocorrência de danos ambientais ou no descumprimento de legislação ambiental.

O auto de infração ambiental lavrado pelas autoridades ambientais,


seja in loco ou remotamente (através de imagens de satélite), é entregue ao infrator
pessoalmente, quando possível, enviado por carta com aviso de recebimento
(Correios), ou, publicado em Diário Oficial, quando não for possível localizar o
infrator, instaurando-se o competente processo administrativo pelo qual poderá o
autuado exercer seu direito ao contraditório e à ampla defesa, ou pagar a multa.

Ocorre que, muitas vezes, o valor da multa e até mesmo outras


sanções administrativas eventualmente impostas, são desproporcionais,
desarrazoadas e por vezes, até ilegais.

Em qualquer dos casos, o autuado deve estar amparado técnica e


juridicamente, com estratégias de defesa bem elaboradas, até porque, a maioria das
infrações administrativas também são consideradas crimes ambientais e ilícitos
civis imprescritíveis, recomendando-se cautela na elaboração da defesa para se
antecipar a eventual ação penal ou de obrigação de reparar ou indenizar o dano na
esfera cível.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 8


Voltar ao Sumário

Entretanto, é comum que as estratégias de defesa e a própria


legislação sejam ignoradas pelo autuado ou até mesmo por profissionais que não
possuem conhecimento específico, o que pode implicar no agravamento da
situação. Na prática forense já nos deparamos com situações prescritas e até ilegais,
que por desconhecimento do autuado, ensejaram a aplicação de severas sanções
administrativas, as quais cumpridas indevidamente.

Pensando nisso, elaboramos o e-Book Processo Administrativo


Ambiental na Prática, 3ª Edição, com o objetivo de apresentar o processo
administrativo ambiental em âmbito federal e as matérias que o envolvem, por vezes
complexas ou até desconhecidas, o que demonstra a importância de o autuado estar
amparado, preferencialmente, por um Advogado especialista em Direito Ambiental,
ou, outro profissional qualificado na área, a quem caberá uma escorreita análise
técnica e jurídica do caso.

Convém ressaltar, que no processo administrativo ambiental há


peculiaridades que muitas vezes somente um profissional qualificado seria capaz de
constatar e argumentar, a exemplo da ocorrência da prescrição da pretensão
punitiva na modalidade intercorrente ou da prescrição da pena de multa, ou ainda,
se o nexo de causalidade entre a conduta e o dano foi suficientemente demonstrado
pele agente ambiental.

Essas questões e muitas outras, são abordadas neste e-Book a


partir de conhecimentos teóricos e da prática forense do sócio fundador do escritório
Farenzena Advocacia Ambiental, Cláudio Farenzena, tais como, conceitos, auto de
infração ambiental e o respectivo processo administrativo, competências, infrações
administrativas, princípios, responsabilidade, direitos do autuado, teses de defesa,
redução do valor da multa, prazos, conversão da multa e muito mais.

Boa leitura!

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 9


Voltar ao Sumário

#2
Conceitos

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 10


Voltar ao Sumário

2. Conceitos
Absolvição: declaração de improcedência da acusação formulada contra o
autuado, exarada por autoridade competente;

Audiência de conciliação ambiental: ato da conciliação ambiental com vistas a


explanar ao autuado as razões de fato e de direito que ensejaram a lavratura do auto
de infração, e apresentação das soluções legais possíveis para encerrar o processo,
tais como, desconto para pagamento, parcelamento e conversão da multa em
serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

Auto de infração ambiental: documento destinado à descrição clara e objetiva da


infração administrativa ambiental constatada, no qual constam a indicação dos
dispositivos legais e regulamentares infringidos e a sanção cabível;

Autoridade hierarquicamente superior: agente público oficialmente designado


para exercer hierarquia técnica ou administrativa sobre determinada unidade ou
equipe de servidores, possuindo as competências de coordenar, aprovar,
convalidar, revisar e anular atos praticados por agentes públicos a ele subordinados,
nos termos do regulamento interno do órgão ambiental;

Atividades de subsistência: atividades exercidas diretamente pelos integrantes de


família em situação de vulnerabilidade social decorrente de seu nível de renda,
educação, saúde ou localização geográfica, admitida a ajuda eventual de terceiros,
que sejam indispensáveis ao seu sustento e desenvolvimento socioeconômico.

Conversão de multas ambientais: procedimento especial que substitui a obrigação


de pagar a multa ambiental por serviços de preservação, melhoria e recuperação da
qualidade do meio ambiente.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 11


Voltar ao Sumário

Decisão de primeira instância: decisão decorrente do julgamento do auto de


infração, com a aplicação ou não das penalidades cabíveis, contra a qual caberá
recurso hierárquico;

Decisão revisional: decisão proferida, a qualquer tempo, a pedido do autuado ou


de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de
justificar a inadequação da sanção aplicada.

Decisão de segunda instância: decisão do julgamento do recurso hierárquico;

Declaração de nulidade: decisão que reconhece a existência de vício que torna


nulo ato administrativo;

Declaração de regularidade: decisão sobre medida administrativa cautelar,


exarada pela autoridade hierarquicamente superior da unidade administrativa
ambiental federal do local da infração, mediante análise da documentação que visa
comprovar a regularização da área, obra ou atividade pelo interessado;

Equipe de Instrução - EI: equipe de servidores do órgão ambiental federal autuante


responsável pela instrução do processo e elaboração de proposta de julgamento do
auto de infração, em primeira instância, e pela elaboração de proposta de julgamento
do recurso, em segunda instância;

Fiscalização ambiental: exercício do poder de polícia administrativa, pelo qual a


Administração Pública, em razão do interesse público, limita ou disciplina liberdade
ou interesse e a prática de ato ou abstenção de fato, mediante procedimentos
próprios, para garantia do cumprimento da legislação em vigor, através da realização
de atos e procedimentos de fiscalização que podem ou não resultar na aplicação de
sanção administrativa ambiental, visando a proteção de bens ambientais e a
melhoria da qualidade ambiental;

Formulários próprios: termos lavrados em decorrência da aplicação de medidas


administrativas cautelares, tais como termo de embargo e interdição, termo de
suspensão, termo de apreensão, termo de depósito, termo de destruição, termo de

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 12


Voltar ao Sumário

demolição, termo de doação, termo de soltura de animais e termo de entrega de


animais silvestres;

Medida administrativa cautelar: medida de urgência adotada pelo agente


ambiental em caráter preventivo, no ato da fiscalização ou em momento posterior,
para cessar a infração ambiental caracterizada, independentemente da lavratura de
auto de infração, mantida até análise e decisão da autoridade competente;

Multa aberta: multa cujo valor fixado em lei ou regulamento consiste em um


intervalo discricionário a ser definido durante o processo de apuração da infração;

Multa consolidada: valor da multa consolidado pela autoridade competente, que


pode contemplar circunstâncias majorantes, atenuantes, reincidência e demais
adequações eventualmente cabíveis;

Multa fechada: multa cujo valor é previamente fixado em lei ou regulamento, com
base unicamente em unidade de medida, de acordo com o objeto jurídico lesado;

Multa indicada: valor da multa indicado pelo agente ambiental federal no auto de
infração, sujeito à confirmação posterior;

Núcleo de Conciliação Ambiental - Nucam: núcleo que integra a estrutura do


órgão ambiental federal autuante, responsável pela condução do processo
administrativo na fase de conciliação ambiental;

Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre


degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição
original.

Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre


degradada o mais próximo possível da sua condição original.

Reincidência: cometimento de nova infração ambiental pelo mesmo infrator, no


período de cinco anos, contados da lavratura de auto de infração anterior

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 13


Voltar ao Sumário

devidamente confirmado pela autoridade julgadora de primeira instância


administrativa, circunstância essa que leva ao agravamento da nova penalidade;

Relatório de fiscalização: documento administrativo que formaliza a propositura de


processo administrativo ambiental sancionatório, de caráter preparatório ou
concomitante ao auto de infração, contra o autuado pela prática de infração
ambiental.

Sanção administrativa: pena legalmente imposta para evitar ou punir a prática de


conduta que viola as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e
recuperação do meio ambiente, aplicada ao autuado quando do julgamento do auto
de infração pela autoridade julgadora competente;

Termo de notificação: documento que formaliza medidas adotadas pelo agente


ambiental, que têm como propósito obter informações e esclarecimentos e requisitar
documentos acerca do objeto da ação fiscalizatória, relatar a impossibilidade ou
recusa de nomeação de depositário de bem apreendido ou exigir do administrado
providências que visam à regularização, correção ou adoção de ações de controle
para cessar degradação ambiental;

Trânsito em julgado administrativo: momento processual em que a decisão da


autoridade julgadora competente se torna imutável e definitiva em âmbito
administrativo.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 14


Voltar ao Sumário

#3
Infração ambiental

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 15


Voltar ao Sumário

3. Infração ambiental
A Lei Federal 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, embora conhecida
popular e imprecisamente por Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente, trata de
maneira simultânea e em partes diferentes do seu texto, de infrações penais e
infrações administrativas, ou seja, não é exclusivamente penal, aplicando-se,
sobretudo, os Capítulos I, II e III à responsabilização administrativa, no que for
compatível.

No campo das infrações administrativas, o legislador apenas


estabeleceu condutas genéricas consideradas ilegais, bem como o rol e limites das
sanções previstas, de modo que, a especificação de cada infração administrativa foi
regulamentada pelo Decreto 6.514 de 22 de julho de 2008.

De forma legalmente adequada, embora genérica, o artigo 70 da


Lei 9.605/98 prevê, como infração administrativa ambiental, “toda ação ou omissão
que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do
meio ambiente”.

É o que basta para, com a complementação do Decreto 6.514/08


cumprir o princípio da legalidade, que, no Direito Administrativo, não pode ser
interpretado mais rigorosamente que no Direito Penal, campo em que se admitem
tipos abertos e até em branco.

As infrações ambientais podem resultar em sanções


administrativas ─ que como a própria expressão já indica, devem ser impostas pela
Administração Pública ─, as quais são autônomas e distintas das sanções criminais
cominadas à mesma conduta, estando respaldada no poder de polícia ambiental.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 16


Voltar ao Sumário

3.1. Poder de Polícia


A Constituição Federal de 1988 prevê que as condutas e as
atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados,
impondo ao Poder Público a obrigação de defender e preservar o meio ambiente,
por meio de ações preventivas ou por ações repressivas (multa administrativa,
embargos, apreensão, etc.).

Assim, o poder de polícia ambiental pode e deve ser exercido por


todos os entes da Federação, pois se trata de competência comum, prevista na
Constituição Federal. É dizer que, a fiscalização das atividades nocivas ao meio
ambiente concede aos agentes ambientais federal, estadual ou municipal
designados para essa atividade, interesse jurídico suficiente para exercer seu poder
de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado em área cuja competência
seja de um município ou de um estado.

Cumpre mencionar, que a Lei Complementar 140/2011 ─ onde


definidas legalmente a atuação supletiva e subsidiária dos entes federativos ─,
legitimou o exercício do poder de polícia ambiental por qualquer dos entes
federativos com atribuição comum de fiscalização, fornecendo solução para
eventual sobreposição de autuações, ou seja, a prevalência do auto de infração
ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou
autorização.

É preciso lembrar que os autos de infração lavrados por fiscais


competentes para o exercício da função gozam da presunção de veracidade e
legitimidade, de modo que a sua desconstituição exige, do suposto infrator, a
apresentação de substanciosos elementos de prova capazes de afastar a presunção
gerada pelo documento público.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 17


Voltar ao Sumário

No entanto, o poder de polícia não subtrai ao agente autuante, a


atribuição, o dever correlato de cumprimento, em sua plenitude, da legislação de
regência, sobretudo, no preenchimento dos requisitos para lavrar o auto de infração,
como veremos detalhadamente mais adiante.

3.2. O auto de infração


ambiental
O auto de infração ambiental está previsto nos artigos 70 a 76 da
Lei Federal 9.605/98, e pode ser lavrado por agentes ambientais designados para
atividades de fiscalização, contra pessoas físicas ou jurídicas, que, por meio de uma
ação ou omissão, violem as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e
recuperação do meio ambiente.

Trata-se de um documento público formal, atualmente lavrado por


meio eletrônico, com a identificação do autuado; a descrição da infração
administrativa constatada; a indicação dos dispositivos legais e regulamentares
infringidos; a imposição de sanções e a aplicação de medidas administrativas
cautelares, tais como:

i. advertência;
ii. multa simples;
iii. multa diária;
iv. apreensão dos animais produtos e subprodutos da fauna e
flora e demais produtos e subprodutos objeto da infração,
instrumentos, petrechos, equipamentos, veículos e
embarcações de qualquer natureza utilizados na infração;
v. destruição ou inutilização do produto;
vi. suspensão de venda e fabricação do produto;

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 18


Voltar ao Sumário

vii. embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;


viii. demolição de obra;
ix. suspensão parcial ou total das atividades, e,
x. restritiva de direitos.

É o auto de infração que inaugura o processo administrativo


destinado à apuração da infração ambiental, assegurado o direito ao contraditório e
ampla defesa, oportunidade na qual o autuado pode pagar a multa, oferecer defesa
ou, requerer a conversão da multa em serviços de preservação, melhoria e
recuperação da qualidade do meio ambiente, esta, quando cabível, pois nem todas
as infrações administrativas são passíveis de conversão.

Dois pontos merecem destaque:

 O primeiro, é que a ocorrência de dano ambiental não é


exigida para a lavratura do auto de infração ambiental,
bastando que o infrator, por ação ou omissão infrinja a
legislação ambiental.
 E o segundo, é que cópia do auto de infração, acompanhado
de toda documentação pertinente, inclusive com o histórico
de infrações do autuado é encaminhada para o Ministério
Público apurar eventual crime ambiental e/ou ilícito civil.

3.2.1. Auto de infração e


termo de embargo

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 19


Voltar ao Sumário

O auto de infração ambiental em âmbito federal é um documento


formal lavrado por meio eletrônico pelo IBAMA e por algumas unidades do ICMBio.
Outras unidades ainda utilizam o formulário impresso, até a implementação total do
sistema.

O auto de infração, quando eletrônico, é lavrado a partir de um


aplicativo instalado no celular do próprio agente ambiental, conhecido como AI-e (ou
Auto de Infração Eletrônico), assim como os termos de aplicação de medidas
administrativas cautelares, tais como, termo de embargo e interdição, termo de
suspensão, termo de apreensão, termo de depósito, termo de destruição, termo de
demolição, termo de doação, termo de soltura de animais, termo de entrega de
animais silvestres e termo de entrega voluntária.

Através do aplicativo AI-e, é possível que o agente ambiental


realize a coleta de evidências, faça a emissão de advertências, notificações, multas
e termos.

Ele também é capaz de gerar as ações de fiscalização baseadas


nas ordens de fiscalização para cumprimento das operações realizadas em campo,
e pode funcionar online e off-line, mas quando conectado à internet, realiza a
sincronização entre o aparelho e as bases corporativas.

Após lavrado, o agente ambiental pode imprimir o auto de infração


ambiental e outros termos (se houver) in loco, a partir de uma impressora portátil, e
os entregar ao autuado, ou, se não for possível, os envia por carta com aviso de
recebimento ou outro meio válido que assegure a sua ciência.

O auto de infração eletrônico e termo de embargo do IBAMA tem o


seguinte formato:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 20


Voltar ao Sumário

3.3. Requisitos do auto de


infração ambiental

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 21


Voltar ao Sumário

O auto de infração ambiental deve conter os requisitos mínimos de


validade, tais como, ser lavrado em formulário próprio, com a identificação do
autuado, a descrição clara e objetiva das infrações administrativas constatadas e
a indicação dos dispositivos legais e regulamentares infringidos, não devendo conter
emendas ou rasuras que comprometam sua validade.

Também deve conter a descrição das circunstâncias que levaram


à constatação da infração ambiental e à identificação da autoria, que se baseia na
demonstração da relação da infração administrativa com a conduta do autuado,
comissiva ou omissiva, e o seu elemento subjetivo, além do registro da situação
por fotografias, vídeos, mapas, termos de declaração ou outros meios de prova, os
critérios utilizados para fixação da multa, a identificação do dano ambiental e dos
responsáveis pela reparação e quaisquer outras informações consideradas
relevantes para a caracterização da responsabilidade administrativa, a qual veremos
adiante, é subjetiva.

Especificamente no caso de áreas irregularmente desmatadas


ou queimadas, o agente ambiental autuante deve colher todas as provas possíveis
de autoria e materialidade no ato da fiscalização, bem como da extensão do dano,
podendo se apoiar em documentos, fotos e dados de localização, incluindo as
coordenadas geográficas da área para posterior georreferenciamento.

Mas nem sempre é possível ao agente ambiental colher todos os


dados necessários à lavratura do auto de infração em campo. Desse modo, o auto
pode ser complementado a posteriori, desde que não implique modificação do fato
descrito no documento de autuação.

O preenchimento dos requisitos para lavrar o auto de infração é


fundamental, porquanto deve ser assegurado ao infrator ambiental o devido
processo legal, com direito ao contraditório e à ampla defesa, com meios e recursos
a ela inerentes, conforme expressamente previsto na Constituição Federal, na Lei

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 22


Voltar ao Sumário

9.605/98 (artigo 70, parágrafo 4º) e Lei 9.784/99 (artigo 2º), de modo que, a
descrição que omite informações importantes para o pleno exercício do direito de
defesa é considerada vício formal e insanável que conduz à nulidade do auto.

3.4. Competência para lavrar


o auto de infração
As autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental
e instaurar processo administrativo são os funcionários de órgãos ambientais
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para
as atividades de fiscalização por ato normativo ou portaria.

É o caso dos analistas e técnicos ambientais de que trata a Lei


10.410/02 ─ norma especial que cria e disciplina a carreira de especialista em meio
ambiente, dos quadros do Ministério do Meio Ambiente, do IBAMA e do ICMBio ─,
que atribuiu especialmente ao cargo de analista ambiental a prática da fiscalização,
no exercício do poder de polícia ambiental, bem como, aos técnicos ambientais,
estes últimos, porém, sob a condição de ser precedida por ato de designação próprio
da autoridade ambiental à qual esteja vinculado, o que normalmente é feito através
de portaria.

Importante frisar que o IBAMA pode celebrar convênios com os


Estados, Municípios e o Distrito Federal, para que estes possam exercer atividade
de fiscalização ambiental, através de suas policias e demais servidores, desde que
designados para esse fim.

Recentemente um autuado procurou nosso escritório indagando


sobre a (im)possibilidade de o Corpo de Bombeiros Militar lavrar autos de infração
ambiental no Estado do Mato Grosso.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 23


Voltar ao Sumário

Pois bem. Os Bombeiros Militares do Mato Grosso estão


autorizados a lavrar autos em circunstâncias que envolvam queimadas ilegais,
incêndios florestais e transporte de produtos perigosos, tóxicos ou nocivos à saúde
humana, desde 30 de outubro de 2019, quando aquele Estado alterou o seu Código
Florestal para incluí-los como autoridade competente para aqueles atos. Na prática,
ao atender ocorrências de incêndio em zonas rurais e verificando indícios de
incêndio criminoso, os bombeiros têm lavrado autos de infração ambiental.

Em suma, qualquer funcionário de órgãos ambientais integrantes


do SISNAMA, desde que designados para as atividades de fiscalização, mesmo
que por portaria, são competentes para lavrar auto de infração e instaurar processo
administrativo.

3.5. Competência para julgar


o auto de infração
Em âmbito federal, uma equipe de instrução, composta por
servidores do órgão ambiental autuante é a responsável por instruir, preparar e
relatar processos de apuração de infrações ambientais, inclusive pedidos de revisão
de sanções, para serem submetidos a julgamento pelas autoridades de primeira e
segunda instâncias administrativas.

À equipe de instrução não é competente para emitir a decisão final,


mas tão somente elabora um relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das
fases do procedimento e formula uma proposta de decisão, objetivamente
justificada, encaminhando o processo à autoridade julgadora competente de
primeira instância.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 24


Voltar ao Sumário

Essa autoridade julgadora é o Coordenador Regional, no âmbito


do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico
Mendes, e, o Superintendente Estadual, no âmbito do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.

Já o julgamento do recurso hierárquico compete ao Presidente


do órgão ambiental federal autuante, ou seja, Presidente do IBAMA ou do ICMBIo.

Importante destacar que há somente duas instâncias no processo


administrativo ambiental federal após a revogação do inciso III do artigo 8º da Lei
6.938/81, de modo que, o CONAMA não detém mais competência para decidir,
como terceira e última instância administrativa em grau de recurso, ou seja, o artigo
130 do Decreto 6.514/08 foi tacitamente revogado.

3.6. Como consultar um


embargo ou auto de
infração ambiental do
IBAMA
Para consultar um auto de infração lavrado pelo IBAMA, o
interessado pode acessar a página de consulta de dados sobre autos de infração no
portal do Ibama aqui1 pelo navegador Mozilla Firefox. A página que irá abrir conterá
um formulário de pesquisa tanto para autos de infração como para embargos.

1 https://servicos.ibama.gov.br/ctf/publico/areasembargadas/ConsultaPublicaAreasEmbargadas.php

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 25


Voltar ao Sumário

A consulta é muito simples. Basta marcar no campo “Consulta


Pública”, o item “Embargos” ou “Autuações Ambientais”, e em seguida, preencher
os parâmetros com os dados do autuado ou os dados da infração. A página para
consulta de embargos é assim:

Ainda em relação a embargos, é possível obter uma certidão de


embargos informando o número do CPF ou do CNPJ. Se não houver embargos, a
certidão será emitida como “nada consta”. Isso é importante em negócios de compra
e venda de áreas, onde tanto o comprador como o vendedor podem se certificar da
inexistência de embargos e assim evitar futuros incômodos.

Também é possível ter acesso ao mapa interativo geral de áreas,


obras ou atividades embargadas ou realizar o download da lista completa de
embargos que é atualizada com frequência.

Já ao clicar em “Autuações Ambientais”, a página de consulta será


a seguinte:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 26


Voltar ao Sumário

Em qualquer dos casos, com um simples clique, é possível gerar


um arquivo com os resultados da busca em PDF ou XLS.

3.7. Portal do autuado do


IBAMA
A consulta de autos de infração e embargos vista anteriormente é
pública e não permite acesso a documentos mais específicos. Por isso, o IBAMA
disponibiliza ainda, o Portal do Autuado, assim desenhado:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 27


Voltar ao Sumário

Através do Portal do Autuado (acesse aqui2), o cidadão tem acesso


as certidões negativas de débito e embargos, caso não conste na base de dados do
órgão qualquer pendência ou infração vinculada ao CPF/CNPJ consultado.

Para aqueles que constem autos de infração, o autuado pode


visualizar os detalhes da infração, permitir acesso do seu advogado (caso tenha),
reagendar a data da audiência para conciliação, realizar o autoatendimento de
conciliação e acompanhar todos as fases do processo, caso a decisão seja seguir
para análise e julgamento.

É possível ainda, realizar o atendimento remoto para antecipar a


audiência de conciliação; conversar pelo chat com um analista do IBAMA; requerer
a conversão ou pagamento da multa; visualizar o auto de infração e o seu
detalhamento completo, além de acessar o relatório de fiscalização, termos próprios,
ata da audiência e termos da conciliação.

3.8. Como consultar um


embargo ou auto de
infração do ICMBio
O ICMBio ainda não possui uma plataforma de consulta pública de
autos de infração como a do IBAMA, mas segundo informações de servidores, uma
plataforma estaria em criação, porém, sem data de disponibilização ao público.

Desse modo, a única forma de consulta de autos do ICMBio é


através do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), que explicaremos no

2 https://portalautuado.ibama.gov.br/login

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 28


Voltar ao Sumário

capítulo seguinte. Por outro lado, os dados referentes às áreas embargadas são
disponibilizados no próprio site do ICMBio aqui3, no campo “Áreas Embargadas”:

O cidadão pode fazer o download das áreas embargadas em


arquivo XLS ou KMZ. Este último, é um formato criado para armazenar dados
geográficos e conteúdo associado com o Google Earth. O arquivo KMZ
disponibilizado pelo ICMBio é público e atualizado com frequência, e mostra todas
as áreas embargadas do país pelo órgão da seguinte forma:

O mapa é interativo e bastante útil. Para saber como carregar um


arquivo KMZ no Google Earth acesse aqui4.

3 https://www.gov.br/icmbio/pt-br/servicos/geoprocessamento/mapa-tematico-e-dados-geoestatisticos-das-unidades-
de-conservacao-federais/mapa-tematico-e-dados-geoestatisticos-das-unidades-de-conservacao-federais
4 https://support.google.com/earth/answer/7365595?co=GENIE.Platform%3DAndroid&hl=pt-BR

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 29


Voltar ao Sumário

3.9. Acessar processo


administrativo do
IBAMA e do ICMBio
Após lavrado o auto de infração ambiental, seja pelo IBAMA ou
ICMBio, é instaurado o competente processo administrativo que tramita no Sistema
Eletrônico de Informações (SEI). No caso do IBAMA, o Portal do Autuado permite
acesso a algumas informações e movimentações, inclusive, ao número do processo
do SEI para vista integral de todos os documentos.

O SEI é um sistema totalmente eletrônico de gestão de processos


e outros documentos utilizados pelo IBAMA e ICMBio, visando maior celeridade,
economicidade, transparência e segurança na tramitação de processos, permitindo
dois tipos de consulta: uma pública, e outra mais restrita, que depende de prévio
cadastro e aprovação. Vamos explicar melhor.

A consulta pública é muito simples. Basta possuir o número do


processo administrativo instaurado a partir da lavratura de auto de infração, porém,
não será possível acessar a íntegra dos documentos. A página para consulta é igual
tanto no ICMBio como no IBAMA, alterando a url de acesso. A página é assim:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 30


Voltar ao Sumário

Para acessar a consulta pública a partir do número do processo


administrativo que tramita no IBAMA clique aqui5 e do ICMBio aqui6.

Também é possível que o autuado ou seu advogado realize um


cadastro no SEI. Vale mencionar que, apesar de o IBAMA e ICMBio se utilizarem da
mesma ferramenta (SEI), assim como vários outros órgãos (ambientais ou não), os
sistemas são próprios de cada órgão, ou seja, os cadastros devem ser realizados
de forma individual em cada um deles.

Exemplificando, se uma mesma pessoa for autuada pelo IBAMA e


também pelo ICMBio, serão instaurados dois processos administrativos que
tramitarão em seus respectivos sistemas, e para acessá-los, o usuário terá que fazer
dois cadastros, um em cada órgão.

Prosseguindo, o usuário, seja ele o autuado, procurador ou


interessado, pode acessar a íntegra do processo administrativo mediante login e
senha. Esse usuário é chamado de “usuário externo”, o qual possui
responsabilidade pelas operações realizadas no sistema e, caso sejam efetuadas
indevidamente, as ações poderão ser passíveis de apuração civil, penal e
administrativa.

Para logar na página de Acesso do Usuário Externo do SEI e ter


acesso ao processo administrativo ambiental, é necessário realizar o cadastro como
Usuário Externo na página inicial do sistema em “clique aqui se você ainda não está
cadastrado” (no IBAMA aqui e no ICMBio aqui), e então preencher o seguinte
formulário:

5https://sei.ibama.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_processo_pesquisar.php?acao_externa=protocolo_pesquis

ar&acao_origem_externa=protocolo_pesquisar&id_orgao_acesso_externo=0
6https://sei.icmbio.gov.br/sei/modulos/pesquisa/md_pesq_processo_pesquisar.php?acao_externa=protocolo_pesqui

sar&acao_origem_externa=protocolo_pesquisar&id_orgao_acesso_externo=0

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 31


Voltar ao Sumário

Após preencher o formulário, o usuário recebe um e-mail com as


instruções, e, para ativação do cadastro, deve comparecer pessoalmente em uma
das unidades do órgão para apresentação do documento de identidade, CPF e
comprovante de residência, ou encaminhá-los para um e-mail direto ao órgão. Essas
informações estão no próprio e-mail que será enviado automaticamente pelo órgão
após o preenchimento do formulário.

Após ativação do cadastro, o Usuário Externo pode fazer login no


SEI e acessar à íntegra dos processos administrativos, desde que solicite acesso a
eles. Esse acesso é concedido quando existir documentos restritos no processo e,
por isso, não sejam acessíveis na pesquisa pública vista anteriormente, ou quando
o usuário externo necessita acompanhar o andamento do processo do qual é
interessado ou procurador legal.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 32


Voltar ao Sumário

Depois de logado, é aberta a tela inicial, intitulada “Controle de


Acessos Externos”, onde o Usuário Externo pode visualizar a lista de processos que
lhe tenha sido concedido acesso externo, assinar documento e acessar as demais
funcionalidades na coluna da esquerda. Abaixo, a imagem do SEI após fazer login:

Com dissemos linhas atrás, o SEI é uma ferramenta de processo


eletrônico muito útil, e desde meados de 2020, permite ao usuário solicitar acesso
aos processos administrativos direto do seu computador, sem sair de casa ou do
escritório, mediante o peticionamento intercorrente.

Também é possível peticionar outros documentos, como defesa


administrativa, recurso, laudos complementares, etc. Para isso, basta clicar em
“Peticionamento”, depois em “Intercorrente”, digitar o número do processo
administrativo e fazer o upload dos documentos:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 33


Voltar ao Sumário

Não há necessidade de imprimir e assinar os documentos, basta


clicar em “Peticionar”, digitar a mesma senha de acesso ao SEI que o documento
será assinado digitalmente. Daí a importância de nunca compartilhar a senha com
terceiros.

Uma observação importante, é que ao solicitar acesso pela primeira


vez mediante peticionamento intercorrente, o sistema concede acesso automático a
toda documentação inserida pelo usuário externo, porém, o acesso ao conteúdo
integral do processo depende de liberação pela unidade/área responsável pelo
processo.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 34


Voltar ao Sumário

#4
Infração ambiental
nos Estados e
Municípios

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 35


Voltar ao Sumário

4. Infração administrativa
no âmbito dos Estados
e Municípios
Na repartição constitucional de competências referentes à defesa e
proteção do meio ambiente, o constituinte de 1988 atribuiu a todos os entes
federados competência comum para proteger os documentos, as obras e outros
bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais
notáveis e os sítios arqueológicos; proteger o meio ambiente e combater a poluição
em qualquer de suas formas e preservar as florestas, a fauna e a flora.

Conferiu-se à União, aos Estados e ao Distrito Federal competência


concorrente para legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição; proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico e responsabilidade por dano ao meio ambiente, a bens e direitos de
valor artístico, histórico, turístico e paisagístico.

Embora não expresso pela Constituição Federal, os Municípios


também são competentes para legislar sobre o meio ambiente em concorrência com
a União, Estados e Distrito Federal, no limite do seu interesse local e desde que tal
regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes
federados.

Sendo assim, os Estados e Municípios, para adequação aos


procedimentos de fiscalização ambiental, podem estabelecer normas próprias para
apuração de infrações administrativas ambientais por condutas e atividades lesivas

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 36


Voltar ao Sumário

ao meio ambiente, além de instrumentalizar o devido processo legal para apuração


das responsabilidades por infrações ambientais, com imposição das sanções, a
defesa, o sistema recursal e a execução administrativa de multas ambientais.

Todavia, a aplicação de sanções administrativas decorrente do


exercício do poder de polícia, somente se torna legítima quando o ato praticado pelo
administrado estiver previamente definido pela lei como infração administrativa.

É dizer, somente a lei pode estabelecer conduta típica ensejadora


de sanção. Contudo, admite-se que as infrações ambientais estejam previstas em
atos infralegais, tais como, decretos, portarias e resoluções, desde que a lei faça a
indicação.

Se não houver tal indicação, haverá violação ao princípio da


legalidade quando a conduta considerada como infração ambiental e a respectiva
sanção se encontrarem fundadas de forma exclusiva em atos infralegais, quando
deveriam constar na lei em sentido formal e material.

Logo, ao receber um auto de infração ambiental lavrado por


autoridades ambientais estaduais ou municipais, necessário analisar a validade da
norma para efeito de fundamentar a aplicação de penalidade administrativa, estando
condenadas todas as penalidades oriundas de atos normativos que não se
constituam em lei em sentido formal ou que contenham em seu bojo a indicação de
que a tipicidade engloba diplomas infralegais.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 37


Voltar ao Sumário

#5
Responsabilidade
ambiental

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 38


Voltar ao Sumário

5. Tríplice responsabilidade
O sistema constitucional brasileiro optou expressamente pela
tríplice responsabilidade ambiental, nas esferas administrativa, civil e criminal,
efetivada com a promulgação da Lei 9.605/98 que, repetindo o comando
constitucional (artigo 3°), disciplinou e instituiu não apenas os crimes ambientais,
mas também as infrações administrativas ambientais.

Na prática, significa que os causadores de danos ambientais,


pessoas físicas e jurídicas, poderão ser punidos de forma independente nas esferas
administrativa, cível e penal, sem que isso configure violação ao princípio do non bis
idem, ou seja, o autuado pode ser punido mais de uma vez pela mesma conduta,
desde que em outra esfera. Vamos explicar melhor.

Na esfera administrativa, o infrator está sujeito as sanções de


advertência, multa simples, multa diária, apreensão dos animais, produtos e
subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de
qualquer natureza utilizados na infração, destruição ou inutilização do produto,
suspensão de venda e fabricação do produto, embargo de obra ou atividade,
demolição de obra, suspensão parcial ou total de atividades e restritiva de direitos.

Já na esfera cível, o infrator pode ser demandado,


independentemente da existência de culpa, a indenizar e/ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade ou conduta, o
que geralmente acontece através de ação civil pública proposta pelos legitimados.
Aqui, um ponto que merece destaque é que o degradador pode ser condenado tanto
a reparação ou restauração do dano ambiental, como ao pagamento de
indenização, ou ainda, nas duas ao mesmo tempo.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 39


Voltar ao Sumário

E por fim, o infrator que, de qualquer forma, concorrer para a prática


da infração, prevista em lei como crime ambiental, inclusive o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o
preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de
outrem, não impeçam a sua prática, quando poderiam agir para evitá-la, poderão
ser réus em processo na esfera penal, cujo órgão acusador será o Ministério Público
(Federal ou Estadual).

Do que foi dito, conclui-se que, as infrações ao meio ambiente


podem ter repercussão nas três esferas; que a sua apuração não é realizada pelo
mesmo órgão; possuem consequências jurídicas diversas; e, estão submetidas a
regime jurídico específico, embora se verifiquem alguns pontos em comum.

5.1. A responsabilidade
administrativa é subjetiva
Como visto, a Constituição Federal prevê a tríplice
responsabilidade ambiental, pela qual o causador de danos ambientais está sujeito
à responsabilização administrativa, cível e penal, de modo independente e
simultâneo. Na esfera cível, a responsabilidade por danos ambientais é objetiva, ou
seja, se o Ministério Público propuser uma ação contra determinado transgressor,
ele não precisará provar a culpa ou dolo do réu.

Já para a aplicação de penalidades administrativas que resulta


do poder de polícia dos órgãos ambientais, exige-se a comprovação do dolo ou
culpa, por força da teoria da culpabilidade, ou seja, deverá ser comprovado o
elemento subjetivo do transgressor, além da demonstração do nexo causal entre a
conduta e o dano.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 40


Voltar ao Sumário

Desse modo, se não ficar demonstrado que o autuado tenha


efetivamente praticado o ato ilícito descrito no auto de infração, além do nexo entre
a conduta e o dano, não há que se falar em responsabilidade administrativa.

5.2. O nexo causal deve ser


demonstrado
Como visto, a responsabilidade administrativa por dano ambiental
é subjetiva, de modo que, a autoridade competente pela fiscalização e lavratura do
auto de infração deve comprovar a relação entre a conduta do alegado transgressor
e o dano efetivamente causado.

Essa comprovação é realizada através de uma operação


denominada “nexo”, que nada mais é do que a união entre dois ou mais elementos
que geraram um acontecimento, aqui compreendido como um dano, ou seja, como
e de que forma a conduta do alegado transgressor contribuiu para o dano ambiental.

Há infrações administrativas, que para sua configuração, a própria


lei ─ neste caso o Código Florestal de 2012 ─ exige expressamente o
estabelecimento de nexo causal para apuração da responsabilidade pela
infração, a exemplo da infração de fazer uso de fogo sem autorização.

É bem verdade que muitas vezes não se consegue comprovar o


nexo de causalidade a fim de estabelecer a ligação da conduta do agente com o
dano. Tal fato, pois, não autoriza a lavratura de auto de infração ambiental, seja por
“achismo”, “convicção pessoal”, ou porque o transgressor é o proprietário ou
possuidor do local, bens ou animais objetos da infração.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 41


Voltar ao Sumário

#6
Princípio do in
dubio pro reo

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 42


Voltar ao Sumário

6. Aplicação do princípio
do in dubio pro reo no
processo administrativo
Temos defendido a aplicação do princípio do in dubio pro reo em
matéria administrativa ambiental, pelo fato de que as sanções administrativas são
resultados do poder de polícia do Estado.

À propósito, a própria Constituição Federal de 1988 cuidou de


assegurar aos litigantes em processo administrativo, e aos acusados em geral, o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, sem fazer
qualquer diferenciação em relação ao processo judicial.

Ao assegurar aos “acusados em geral” todos os meios e recursos


ao exercício do contraditório e da ampla defesa, entendemos que a Constituição
Federal autorizou a aplicação do princípio do in dubio pro reo em âmbito
administrativo, o qual deve ser utilizado no momento da valoração das provas, de
modo que, se há dúvida quanto a autoria e materialidade da infração, ou indícios
que amparem a versão da defesa, a decisão tem que favorecer o autuado.

Não se desconhece que os atos administrativos gozam de


presunção de veracidade e legitimidade, mas o poder de polícia não subtrai ao
órgão público responsável pela fiscalização ambiental, a atribuição, o dever correlato
de cumprimento, em sua plenitude, da legislação de regência para fins de
responsabilização administrativa.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 43


Voltar ao Sumário

Ademais, o ius puniendi do Estado é único, de modo que, a


aplicação dos princípios penais e processuais penais garantistas e limitadores
devem ser estendidos também, ao direito administrativo sancionador, porque as
infrações administrativas se diferenciam das penais tão somente em relação à
autoridade que as aplica.

Logo, se ao final do processo administrativo não restar


demonstrado suficientemente como e de que forma o autuado concorreu para a
infração ambiental ou presente indícios que corroboram a versão que for
apresentada pela defesa, deve-se afastar a imposição de penalidade mediante
aplicação do princípio in dubio pro reo, pois ao agente público não lhe é dado poder
de impor sanções por “convicções pessoais”, “achismo” ou meras “conjecturas” de
que o cidadão tenha violado as normas ambientais.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 44


Voltar ao Sumário

#7
Princípio da
insignificância

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 45


Voltar ao Sumário

7. Princípio da
insignificância
O princípio da insignificância, de aplicação excepcional, tem lugar,
notadamente, no direito penal, para afastar a tipicidade material, tornando o
comportamento atípico quando o dano causado ao bem jurídico protegido pela
norma for desprezível, tornando desproporcional a pena cominada.

Referido princípio surge como instrumento de interpretação


restritiva aplicável não apenas na seara criminal, mas a todo direito sancionador
como é o direito administrativo, no sentido de excluir ou afastar a própria tipicidade
administrativa nas infrações de violação mínima e assegurar que a intervenção
administrativa somente ocorra nos casos de lesão de certa gravidade.

A jurisprudência é bastante conflituosa em relação à sua aplicação


no direito ambiental, sobretudo em crimes ambientais, mas temos defendido sua
aplicação extensiva as infrações administrativas, quando preenchidos os requisitos
já assinalados pelo Supremo Tribunal Federal – STF, quais sejam:

 mínima ofensividade da conduta do agente;


 ausência de periculosidade social da ação;
 reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e,
 relativa inexpressividade da lesão jurídica.

Ao nosso ver, cabe aplicar o princípio da insignificância em matéria


administrativa ambiental, quando, mediante juízo de ponderação, verificar-se que
o dano ambiental foi incapaz de comprometer o meio ambiente e a imposição de
sanção administrativa se afiguraria desproporcional e desarrazoada.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 46


Voltar ao Sumário

#8
Tutela antecipada
no processo
administrativo
Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 47
Voltar ao Sumário

8. Tutela antecipada em
sede administrativa
Temos defendido que, em processos administrativos ambientais,
sobretudo em âmbito federal, é cabível a aplicação de tutela de urgência com
fundamento no artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015 ─ dentre outros
dispositivos ─, por força do artigo 157 do mesmo diploma, que prevê expressamente
a possibilidade de aplicação subsidiária e supletiva das suas normas aos processos
administrativos.

Isso porque, a Constituição Federal de 1988 assegura a todos os


litigantes em processo administrativo os princípios constitucionais do contraditório e
da ampla defesa, com todos os meios e recursos a ela inerentes.

No que diz respeito aos processos “administrativos”, o artigo 15


possibilitou a ampliação da interpretação diante de omissão da lei em sede
administrativa.

Não é ocioso observar, que o Código de Processo Civil de 2015


contém diversos enunciados normativos que reproduzem disposições
constitucionais ou se destinam a concretizá-las, explicitando-as melhor e tendo uma
importante função retórica de contribuir para sua aplicação mais efetiva e adequada.

E essas normas constitucionais são aplicáveis a qualquer


processo judicial ou administrativo, pois o devido processo legal, a ampla defesa

7Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições
deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 48


Voltar ao Sumário

e o contraditório são inerentes não apenas ao processo judicial, mas também ao


processo administrativo (artigo 5º, LIV e LV, Constituição Federal).

Não se pode admitir que um processo administrativo seja


desprovido de garantias fundamentais constitucionais. Aliás, seria
inconstitucional qualquer lei que afastasse, em processo administrativo, garantias
da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal.

O artigo 15, portanto, é claro em admitir aplicação supletiva e


subsidiária das normas do Código de Processo Civil na ausência de normas
específicas sobre processo administrativo. Não há afronta à independência das
esferas (civil e administrativa) uma vez que a norma poderá ser aplicada, em caso
de inexistência de lei disciplinadora do tema.

Em âmbito administrativo, as normas e regulamentos federais


aplicáveis em matéria ambiental são omissas quanto a possibilidade de concessão
de tutela antecipada ou de urgência.

Por isso, temos defendido o cabimento de pedidos liminares em


sede administrativa, em conformidade com o Código de Processual Civil de 2015,
quando houverem elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 49


Voltar ao Sumário

#9
Motivação das
decisões
administrativas

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 50


Voltar ao Sumário

9. A motivação per
relationem ou aliundem
nas decisões
administrativas
É certo que as decisões das autoridades julgadoras proferidas em
processos administrativos instaurados para apuração de infração ambiental devem
ser sempre motivadas, pois se trata de princípio de observância obrigatória pela
Administração Pública, que compreende a exposição dos motivos, da finalidade do
ato e da relação de causalidade entre os motivos e o ato, em vista de sua finalidade
própria, bem como dos demais fatores que possam ter influído em sua legalidade e
oportunidade.

A motivação dos atos administrativos é princípio constitucional


implícito, que decorre da interpretação do art. 93, inciso X, da Constituição Federal,
uma vez que não seria razoável exigir a motivação apenas das decisões
administrativas dos Tribunais.

Surge assim, verdadeira garantia do administrado contra o arbítrio


da Administração Pública, deixando claro que a discricionariedade não se confunde
com arbitrariedade, sendo, portanto, sempre obrigatório à autoridade ambiental,
explicitar, de forma clara, suficiente e coerente, o fundamento legal, o fático e a
finalidade do ato administrativo. No entanto, a autoridade ambiental, ao julgar um
auto de infração ambiental, pode adotar o parecer jurídico ou outras decisões como
forma de decidir.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 51


Voltar ao Sumário

Com efeito, não se exige que a motivação do ato seja sempre


contextual, ou seja, que tenha sido registrada no mesmo documento em que se
encontra o ato motivado, sendo perfeitamente possível a motivação “aliunde” ou “per
relationem“, manifestada em local distinto, consistindo em declaração de
concordância com fundamentos de informações, decisões ou pareceres anteriores,
que neste caso, serão parte integrante do ato.

Assim, tratando-se de motivação per relationem, impõe-se ao


agente público, quando faz remissão a elementos de fundamentação
existentes aliunde ou constantes de outra peça, demonstrar a efetiva existência do
documento consubstanciador da exposição das razões de fato e de direito que
justificariam o ato decisório praticado.

Tal técnica é comum no julgamento de auto de infração ambiental,


onde a autoridade ambiental julgadora, adota como forma de decidir, fundamentos
lançados em pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão
parte integrante do ato.

Vale destacar, que motivação e motivo não se confundem, na


medida em que aquela é a exposição do motivo, ou seja, a demonstração, por escrito
de que os pressupostos de fato realmente existiram. E este, a situação de fato e
fundamento que autorizam a prática do ato, constituindo requisito discricionário
porque pode abrigar margem de liberdade outorgada por lei a autoridade ambiental.

Assim, a decisão julgadora sempre deverá ser motivada, podendo


adotar outros documentos ou se limitar a citá-los, e tal fato não acarretará nulidade
no processo administrativo, desde que, tais documentos efetivamente explicitem a
motivação necessária dos atos administrativos, de forma clara, suficiente e coerente,
o fundamento legal, o fático e a finalidade do ato administrativo.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 52


Voltar ao Sumário

#10
Absolvição na
esfera penal

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 53


Voltar ao Sumário

10. Absolvição penal pode


ser usada no processo
administrativo
Apesar da independência das esferas, a Administração Pública
(órgão ambiental autuante) estará vinculada a eventual decisão do juízo criminal,
quando houver absolvição do infrator com base nos incisos I e IV do artigo 386 do
Código de Processo Penal - CPP, assim redigidos:

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte


dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal.

Na prática, quando o autuado, réu em ação penal pelo mesmo


crime ambiental objeto da infração administrativa, é absolvido com fundamento
naqueles dois incisos, poderá se utilizar da sentença absolutória para requerer o
arquivamento do auto de infração ambiental e do respectivo processo
administrativo.

Por outro lado, se a sentença declarar extinta a punibilidade do


infrator com fundamento nos incisos II, III, V, VI e VII do artigo 3868, não haverá

8Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I – [...]; II - não
haver prova da existência do fato; III - não constituir o fato infração penal; IV – [...]; V – não existir prova de ter o réu
concorrido para a infração penal; VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts.
20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua
existência; VII – não existir prova suficiente para a condenação.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 54


Voltar ao Sumário

repercussão na esfera administrativa, porque a sentença será meramente


declaratória.

A diferença entre sentença absolutória e sentença declaratória


de extinção da punibilidade, é que naquela, o juiz reconhece categoricamente a
inexistência do fato ou de que o réu não concorreu para a infração penal, enquanto
nessa, o juiz reconhece a existência da infração ambiental, mas não confere ao
Estado o poder de punir, como por exemplo, quando faltarem provas suficientes para
o decreto condenatório.

Importante salientar que a punição administrativa não depende de


processo criminal a que se sujeite o infrator pelo mesmo fato, nem impõe
à Administração Pública que aguarde o trânsito em julgado dos demais processos.

Assim, pode o autuado se utilizar da sentença de absolvição para


requerer o arquivamento do auto de infração e do processo administrativo sem
qualquer imposição de penalidade.

No entanto, se já houve a aplicação de sanção administrativa e


sobrevêm decreto absolutório na esfera penal fundado nos referidos incisos I e
IV, observado o prazo prescricional, o autuado poderá requerer judicialmente a
desconstituição da punição.

Resta claro, portanto, a importância de o autuado buscar na esfera


penal ─ quando a infração também constituir crime ─, sua absolvição pelos
incisos I e IV, pois somente assim será possível anular o auto de infração e
consequentemente as sanções administrativas, tais como multas e embargos.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 55


Voltar ao Sumário

#11
Redução do valor
da multa

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 56


Voltar ao Sumário

11. Redução do valor da


multa ambiental
As multas ambientais são aplicadas de acordo com a extensão do
dano, observada a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente, além da verificação
dos antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse
ambiental e sua situação econômica, podendo variar entre o valor mínimo de R$
50,00 e o máximo de R$ 50.000.000,00, conforme expressa previsão legal do artigo
75 da Lei 9.605/98.

No entanto, referida lei não tipifica cada uma das condutas


infracionais ao meio ambiental, mas apenas define, genericamente, a infração
administrativa como violação às leis de proteção ambiental. É o que basta para, com
a complementação do Decreto regulamentador 6.514/08, cumprir o princípio da
legalidade e servir de fundamento para que os agentes ambientais autuem quem
violar a norma ambiental.

Contudo, quando o Decreto 6.514/08 dispõe sobre o valor das


multas ambientais fechadas e abertas vai além do conteúdo da lei, violando o
princípio da legalidade. É dizer, o valor de uma multa ambiental deve ter o mínimo
de R$ 50,00 e o máximo de R$ 50.000.000,00, não cabendo ao aludido decreto
estabelecer valores para cada infração.

Desse modo, as autoridades ambientais ao aplicar multas


administrativas, devem obedecer aos princípios da legalidade, da razoabilidade e da
proporcionalidade, em observância ao estabelecido na lei.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 57


Voltar ao Sumário

Exemplificando, a autuação de destruir ou danificar florestas ou


qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, objeto de
especial preservação, sem autorização ou licença da autoridade ambiental
competente, elencada no Decreto 6.514/08, prevê como multa o valor de R$
5.000,00 por hectare ou fração.

Ocorre que a escolha da modalidade e do quantum de penalidade


aplicável não é ato de livre-arbítrio da autoridade administrativa, tão pouco obra
de decreto do executivo. Assim, em consonância com o princípio da
individualização da pena ─ plenamente aplicável aos processos administrativos por
força da sua natureza sancionadora ─, o julgador deve levar em consideração as
circunstâncias de cada caso concreto, conforme determina a Lei.

Assim, o citado artigo 50 do Decreto 6.514/08, que usamos como


exemplo, deve ser interpretado à luz da Constituição Federal, como se fixasse
o máximo de R$ 5.000,00 por hectare, e como mínimo, deve ser tomado o valor
mínimo previsto na Lei 9.605/98, ou seja, R$ 50,00 por hectare, isso, pois, para
preservar não só o princípio da individualização da pena, como o princípio da
legalidade.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 58


Voltar ao Sumário

#12
Agravamento do
valor da multa

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 59


Voltar ao Sumário

12. Agravamento da multa


ambiental por
reincidência é ilegal
O agravamento de multas ambientais está previsto no artigo 11 do
Decreto 6.514/08, que dispôs sobre infrações e sanções administrativas relativas ao
meio ambiente, conforme estabelecido pela Lei Federal 9.605/98.

Art. 11. O cometimento de nova infração ambiental pelo mesmo


infrator, no período de cinco anos, contados da lavratura de auto de
infração anterior devidamente confirmado no julgamento de que
trata o art. 124, implica:

I - aplicação da multa em triplo, no caso de cometimento da


mesma infração; ou

II - aplicação da multa em dobro, no caso de cometimento de


infração distinta.

Tal agravamento da multa por reincidência é aplicado no momento


do julgamento do auto de infração ambiental, desde que assegurado ao autuado o
direito de se manifestar sobre o agravamento. No entanto, temos defendido a
ilegalidade do agravamento da multa ambiental por reincidência, ante a
inexistência de previsão em lei.

Isso porque, os artigos 70, 71 e 72 da Lei Federal 9.605/98 preveem


que condutas lesivas ao meio ambiente poderão ser reprimidas por meio de sanções
específicas e, portanto, é a base legal para autuações.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 60


Voltar ao Sumário

Logo após a publicação da Lei 9.605/98, foi editado o Decreto


Federal 3.179/99, revogado pelo Decreto 6.514/08, e que regulamentaram o artigo
70 da Lei n. 9.605/98, descrevendo ainda, quais seriam as condutas que mereceriam
reprimenda por parte da Administração Pública, inovando no ordenamento jurídico
ao prever o instituto do agravamento da multa, cujo objetivo é auxiliar e garantir a
eficácia e efetividade da aplicação das sanções ambientais.

Assim, não obstante o intuito de maximização da proteção do meio


ambiente, pela previsão de instrumentos de agravamento da sanção administrativa,
temos defendido que ambos os Decreto extrapolaram os limites de sua
competência ao inserir disposição sancionatória não prevista previamente pelo
Poder Legislativo Federal, notadamente pela Lei Federal n. 9.605/1998, a qual não
previu qualquer modalidade de agravamento da multa ambiental.

Assim, se não há na Lei n. 9.605/98 a possibilidade de agravamento


das penalidades lá tipificadas, mero Decreto com o fim de regulamentar a aplicação
da Lei evidentemente não pode ir além, até porque, conforme assegurado no art. 5º,
inciso II, da Constituição Federal, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei”. Trata- se da expressão escrita de um dos
mais importantes princípios de nosso ordenamento jurídico, o Princípio da
Legalidade.

Diante desse princípio constitucional, entendemos que o Poder


Executivo não pode impor aos administrados obrigações ou mesmo sanções que
não estejam delimitadas na própria lei.

Ou seja, a Administração Pública não tem competência para inovar


no mundo jurídico criando obrigações e/ou disposições mediante normas
administrativas (no caso, Decreto). Só quem pode fazê-lo é o Poder Legislativo, por
meio de lei em sentido estrito.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 61


Voltar ao Sumário

À propósito, o art. 84, IV, da Constituição Federal, ao se referir à


competência do Presidente da República para a expedição de decretos e
regulamentos, esclarece que essa prerrogativa se destina à "fiel execução" das leis.

O art. 37 da Constituição Federal, por sua vez, estabelece que a


administração pública direta e indireta será submetida a determinados princípios –
e não é por acaso que o primeiro deles, referido no caput desse dispositivo, é
justamente o princípio da legalidade.

Esses preceitos constitucionais, de fato, visam impedir a


concretização de pretensões do Executivo no sentido de disciplinar, ele próprio e
segundo critérios arbitrários, a liberdade e a propriedade dos administrados, por
meio da imposição de sanções ou penas pecuniárias fundamentadas em meros
decretos ou outros atos regulatórios.

Só por lei se disciplina liberdade e propriedade; só por lei se


impõem penas e sanções; e, finalmente, só para cumprir dispositivos legais é que o
Executivo pode expedir decretos.

A possibilidade de prever que uma multa já aplicada tenha seu valor


dobrado ou ainda triplicado ao longo do processo administrativo sancionatório com
base em mera determinação administrativa – dada a relevância do assunto – só
poderia ser introduzida no ordenamento jurídico por lei em sentido estrito, pois se
trata de verdadeira sanção.

A despeito da louvável tentativa da previsão de instrumento de


agravamento da sanção ambiental como meio de maximizar a proteção ao meio
ambiente, tal modificação do preceito sancionatório, notadamente da alteração dos
limites das multas ambientais previstas em lei, não encontra respaldo no
ordenamento jurídico pátrio.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 62


Voltar ao Sumário

12.1. Momento do agravamento


da penalidade
Ainda que todos os argumentos quanto ao vício de legalidade
sejam desprezados, a aplicação do procedimento previsto no artigo 11 do Decreto
6.514/08 veda a possibilidade de majoração da sanção após o julgamento da
infração passível de agravamento.

Na prática, temos observado o agravamento da multa ambiental por


reincidência em sede de julgamento de recurso hierárquico, em contrariedade com
o que dispõe o próprio Decreto 6.514/2008, padecendo de vício, porquanto a análise
do agravamento deve ocorrer em momento anterior ao julgamento da defesa
administrativa, ou seja, em primeira instância.

Isto é, tal agravamento da multa ambiental por reincidência deve


ser analisado pela autoridade ambiental no bojo do procedimento da nova infração,
que, por sua vez, deve estar instruído de cópia do auto de infração ambiental anterior
e cópia do julgamento que o confirmou.

O Decreto n. 6.514/08 não deixa a menor margem de dúvida de que


é a decisão de primeira instância que gera a preclusão da análise a respeito de
eventual agravamento da penalidade, ainda, ressalte-se, que tal seja ilegal, como
temos defendido.

O agravamento de sanção ambiental administrativa após o seu


julgamento viola o próprio Decreto 6.514/08, ou seja, julgado o auto de infração
ambiental e interposto o competente recurso, não há mais que se falar em
agravamento da multa ambiental por reincidência.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 63


Voltar ao Sumário

#13
Legislação
ambiental

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 64


Voltar ao Sumário

13. Principais Leis de


Direito Ambiental

13.1. Art. 225, da


Constituição Federal
O artigo 225 da Constituição Federal consagra a proteção ao meio
ambiente, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Além disso, estabelece, em seu § 3º, que as condutas e atividades


consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.

No caso de infração ambiental, preveem a Lei 9.605/98 e o Decreto


6.514/08, dentre outras cominações, a aplicação de multa e apreensão dos produtos
e instrumentos da infração administrativa ou do crime ambiental, enquanto a
reparação civil está prevista na Lei 6.938/81.

13.2. Lei 9.605/1998


A Lei Federal 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, embora conhecida
popular e imprecisamente por Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente, não tipifica
cada uma das condutas infracionais administrativas contrárias ao direito ambiental,
mas apenas define, genericamente, a infração administrativa como violação às leis

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 65


Voltar ao Sumário

de proteção ambiental, ou seja, não é exclusivamente penal, aplicando, sobretudo


os Capítulos I, II e III à responsabilização administrativa, no que for compatível.

É o que basta para, com a complementação do Decreto


regulamentador cumprir o princípio da legalidade e servir de fundamento para que
os agentes ambientais autuem quem violar a norma ambiental.

13.3. Decreto 6.514/2008


Os ilícitos administrativos e as respectivas sanções encontram seu
fundamento legal nos artigos 70, 72 e 75 da Lei 9.605/98, que prevê os denominados
tipos infracionais abertos, os quais demandam a edição de outros atos normativos
para a descrição das sanções aplicáveis às condutas lesivas ao meio ambiente.

Para isso, foi expedido o Decreto 6.514, em 22 de julho de 2008,


que regulamenta o comando da lei ordinária, a fim de garantir o interesse público
de defesa do meio ambiente, dispondo sobre as infrações e sanções administrativas
ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração
destas infrações, e dá outras providências.

13.4. Lei 6.938/1981


A Lei Federal 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente - PNMA, promulgada em de 31 de agosto de 1981, é considerada um
marco regulatório para a legislação ambiental brasileira, que além instituir o Sistema
Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, definiu objetivo à preservação, melhoria
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, enumerando princípios a serem

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 66


Voltar ao Sumário

atendidos e criando conceitos, tais como, “poluição” e “poluidor”, termos comuns


que comumente são mencionados em autos de infração.

É da PNMA que se extrai a diferença entre responsabilidade


objetiva e subjetiva para fins de responsabilização por danos ambientais, bem
como, o conceito de meio ambiente que estendeu a proteção jurídica a todos os
elementos da natureza de forma interativa e integral, consagrando-se com a
Constituição Federal de 1988 enquanto direito difuso pertencente à categoria dos
direitos fundamentais, atribuindo-lhe configuração jurídica diferenciada ao classificá-
lo, no artigo 225, como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida.

13.5. Lei 12.651/12


A Lei Federal 12.651, de 25 de maio de 2012, o famoso Código
Florestal Brasileiro de 2012, aplicável tanto em áreas rurais como urbanas, é a lei
que institui normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação
Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração florestal, o suprimento de
matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e
prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros
para o alcance de seus objetivos.

Merece destaque no Código Florestal, a caracterização das áreas


de preservação permanente, as famosas APPs, nas quais somente se admite
intervenção ou sua supressão nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social
ou de baixo impacto ambiental. A violação a esta parte da norma representa hoje, a
maior parte das infrações ambientais administrativas em centros urbanos.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 67


Voltar ao Sumário

Uma curiosidade sobre o Código Florestal de 2012, é sobre a data


de 22 de julho de 2008, mencionada 23 vezes no seu texto, a qual é utilizada,
basicamente, como parâmetro para estabelecer um regime de proteção transitória
para situações ocorridas até referida data.

Pois bem. Tal data, é da entrada em vigor do Decreto 6.514, de 22


de julho de 2008, que regulamentou a Lei 9.605/98 e disciplinou também o processo
administrativo, bem como as infrações administrativas ambientais federais,
inclusive, regulamentou o §3º do artigo 225.

13.6. Lei 11.428/2006


A Lei 11.428, de 22 de dezembro de 2006, regulamenta pelo
Decreto 6.660/08, dispõe sobre a utilização, conservação, regeneração e proteção
da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica.

É o único bioma brasileiro que possui um regime jurídico


próprio, regulamentando o § 4º, do artigo 225 da Constituição Federal, que diz, ser
a Mata Atlântica patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei,
dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais.

Curiosamente, o termo “Patrimônio Nacional” do qual faz parte


o Bioma Mata Atlântica, foi inserido pelo constituinte de 1988 em resposta a líderes
políticos mundiais que já naquela época, se referiam a Amazônia como propriedade
mundial, ou seja, é mera proclamação de defesa de interesses do Brasil diante
de eventuais ingerências estrangeiras, não podendo se confundir patrimônio
nacional com bem da União.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 68


Voltar ao Sumário

O corte, a supressão e a exploração de vegetação no Bioma Mata


Atlântica é bastante restritivo, e por vezes, até vedado, podendo ser realizado de
maneira diferenciada, conforme se trate de vegetação primária ou secundária, nesta
última levando-se em conta o estágio de regeneração, e bem por isso, é outra
infração administrativa corriqueira na prática.

13.7. Lei 9.784/1999


A Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999 não é legislação ambiental,
mas regula e orienta o processo administrativo em âmbito federal, inclusive o
ambiental, impondo a Administração Pública obediência estrita aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência,
conforme expressa o próprio Decreto 6.514/08.

Na lei, merece destaque o artigo 50, que impõe à Administração


Pública o dever de motivar os atos administrativos, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses do
administrado, cuja violação conduz a anulação do ato.

Ou seja, as decisões administrativas de imposição de penalidade,


ainda que cautelares, devem ser devidamente motivadas, de forma explícita, clara
e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos
de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso,
serão parte integrante do ato, o que importa em motivação per relationem ou aliunde.

No entanto, já esclarecemos no nosso blog, que a adoção de


parecer jurídico ou outras decisões como forma de decidir (motivar) não pode ser
genérica ou padronizada, o que é comum na prática forense.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 69


Voltar ao Sumário

#14
Sanções
administrativas

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 70


Voltar ao Sumário

14. Sanções
administrativas
As sanções administrativas são penas prevista na Lei 9.605/95 para
punir a prática de conduta que viola as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente, regulamentadas pelo Decreto
6.514/08. São indicadas pelo agente ambiental ao lavrar o auto de infração e ao final
do processo administrativo, podem ser aplicadas ao autuado quando do julgamento
pela autoridade julgadora competente.

Sobreleva notar, que o agente ambiental apenas indica a sanção


que na sua interpretação é a que melhor se enquadra no momento, instaurando-se
o processo administrativo por meio do qual pode a autoridade julgadora, em decisão
motivada, de ofício ou a requerimento do interessado, minora, mantém ou majora o
valor da multa e demais sanções, respeitados os limites estabelecidos na legislação.

O artigo 72 da Lei 9.605/98 e o artigo 3º do Decreto 6.514/08 não


estabelecem ordem de prioridade para aplicação de penalidades em
decorrência da prática de infrações administrativas ambientais, variando a incidência
conforme a gravidade da infração, nos termos do artigo 6º da Lei 9.605/98 e artigo
4º do Decreto 6.514/08.

Antes de adentrarmos nas sanções em espécie, repise-se que, a


responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva e não admite que
terceiros respondam por ofensas ambientais praticadas por outrem, ou seja, as
sanções administrativas que veremos a seguir, somente podem ser aplicadas para
o verdadeiro transgressor, comprovando-se ainda, o dolo ou culpa, além da
demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 71


Voltar ao Sumário

14.1. Advertência
A sanção de advertência pode ser aplicada para as infrações
administrativas de menor lesividade ao meio ambiente, assim consideradas aquelas
em que a multa máxima cominada não ultrapasse o valor de R$ 1.000,00, ou que,
no caso de multa por unidade de medida, não exceda o valor referido.

Neste caso, o agente autuante que constate a existência de


irregularidades a serem sanadas, lavra o auto de infração com a indicação da
sanção de advertência, ocasião em que estabelecerá prazo para que o infrator sane
tais irregularidades.

Após, o agente ambiental certifica o ocorrido nos autos do processo


administrativo instaurado por ocasião da lavratura do auto de infração e dá
seguimento às demais fases do processo, nas quais é garantido ao autuado o direito
ao contraditório e à ampla defesa, ocasião em que, tratando-se de multa simples
inferior a R$ 1.000,00, pode-se requerer à autoridade julgadora sua conversão para
advertência. Mas sua concessão não é obrigatória, e sim, discricionária.

Aqui um ponto de total atenção. Se autoridade julgadora autorizar


a conversão da multa em advertência, o autuado deixa de ser primário,
circunstâncias que acarreta no agravamento da pena se o infrator cometer uma nova
infração no período de 5 anos, contados da lavratura de auto de infração anterior
devidamente confirmado em julgamento, implicando em aplicação da multa em
triplo, no caso de cometimento da mesma infração, ou aplicação da multa em dobro,
no caso de cometimento de infração distinta.

É importante ressaltar que, a sanção de advertência não exclui a


aplicação de outras sanções, como por exemplo, suspensão de atividades ou
perdimento de bens, e no caso de o infrator já ter sido beneficiado no período de até

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 72


Voltar ao Sumário

3 anos antes, contados do julgamento da defesa da última advertência ou de outra


penalidade aplicada, não se aplica nova sanção de advertência.

Uma dúvida muito comum e levada com frequência aos tribunais,


equivocadamente, é se o agente ambiental deve aplicar a sanção de advertência
antes de aplicar a multa ou outra sanção. A resposta é não! Inclusive, o Superior
Tribunal de Justiça – STJ reiteradamente tem afirmado que para a validade da
aplicação das multas administrativas ambientais não há obrigatoriedade da prévia
imposição de advertência.

14.2. Multa simples


A multa simples é indicada pelo agente ambiental por ocasião da
lavratura do auto de infração e aplicada pela autoridade quando do julgamento, com
base na unidade, hectare, metro cúbico, quilograma, metro de carvão-mdc, estéreo,
metro quadrado, dúzia, estipe, cento, milheiros ou outra medida pertinente, de
acordo com o objeto jurídico lesado.

Os valores das multas estão previstos na Lei 9.605/98, sendo o


mínimo de R$ 50,00 e o máximo de R$ 50.000.000,00, enquanto o Decreto
regulamentador 6.514/08 tratou de estabelecer os valores para cada infração,
definindo-os como multas abertas e fechadas, o que adiantamos, é ilegal, conforme
veremos Capítulo 17.

A multa pode ser aplicada isolada ou cumulativamente com as


demais sanções, observando-se a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da
infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; os
antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse
ambiental; e a situação econômica do infrator.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 73


Voltar ao Sumário

No caso de cometimento de nova infração ambiental pelo mesmo


infrator, no período de 5 anos, contados da lavratura de auto de infração anterior
devidamente confirmado no julgamento, a multa será elevada ao triplo, no caso de
cometimento da mesma infração ou ao dobro, no caso de cometimento de infração
distinta.

O referido agravamento é apurado no procedimento da nova


infração, do qual se faz constar, por cópia, o auto de infração anterior e o julgamento
que o confirmou, notificando o autuado para que se manifeste sobre o agravamento
da penalidade no prazo de 10 dias para então ser julgado.

Ainda sobre o valor da multa, destacamos que, como visto


anteriormente, o poder de polícia ambiental pode e deve ser exercido por todos os
entes da Federação, mas na hipótese da incidência de dois autos de infração
possuidores do mesmo objeto e contexto, deve prevalecer o auto de infração
lavrado pelo órgão que detém a competência para o licenciamento ou autorização
ambiental.

Mas aí surge a dúvida quanto ao pagamento da multa, se para o


órgão federal ou para o órgão estadual/municipal autuante? Nesse caso, o
pagamento da multa por infração ambiental imposta pelos Estados, Municípios ou
Distrito Federal substituirá a aplicação de multa pelo órgão federal, se em
decorrência do mesmo fato, respeitados os limites estabelecidos no Decreto
6.514/08.

É bom frisar que somente o efetivo pagamento da multa é


considerado para efeito da substituição, não sendo admitida para esta finalidade a
celebração de termo de compromisso de ajustamento de conduta ou outra forma de
compromisso de regularização da infração ou composição de dano, exceto se deste
também participar o órgão ambiental federal.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 74


Voltar ao Sumário

14.3. Multa diária


A multa diária é aplicada sempre que o cometimento da infração se
prolongar no tempo, não podendo ser inferior a R$ 50,00, nem superior a 10% do
valor da multa simples máxima cominada para a infração.

Assim, constatada uma infração que se prolonga no tempo, o


agente autuante lavra o auto de infração, indicando o valor da multa-dia ou multa
diária, que somente deixará de ser aplicada a partir da data em que o autuado
apresentar ao órgão ambiental documentos que comprovem a regularização da
situação que deu causa à lavratura do auto de infração, ou, da celebração de termo
de compromisso de reparação ou cessação dos danos.

Caso o agente autuante ou a autoridade competente verifique que


a situação que deu causa à lavratura do auto de infração não foi regularizada, a
multa diária volta a ser imposta desde a data em que deixou de ser aplicada,
notificando o autuado de sua imposição, sem prejuízo da adoção de outras sanções.

Ao julgar o auto de infração pelo qual foi imposta a multa diária, a


autoridade ambiental, em caso de procedência da autuação, confirma ou modifica o
valor da multa-dia, e decide o período de sua aplicação, consolidando o montante
devido pelo autuado para posterior execução.

Para definir o valor da multa diária, o agente ambiental deve


observar a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; os antecedentes do
infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental e a situação
econômica do infrator, podendo, por ocasião do julgamento, ser elevada ao triplo,
no caso de cometimento da mesma infração ou ao dobro, no caso de cometimento
de infração distinta.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 75


Voltar ao Sumário

14.4. Apreensão
As infrações administrativas são punidas com a sanção de
apreensão de animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, produtos e
subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos
e embarcações de qualquer natureza que fizerem parte ou foram utilizados na
prática da infração. Neste caso, é lavrado o auto de infração e o respectivo termo
de apreensão, instaurando-se o processo administrativo.

O termo de apreensão deve descrever o bem com exatidão, bem


como suas características, estado de conservação e demais elementos que o
distingam; as condições de armazenamento e eventuais riscos de perecimento; a
estimativa de seu valor pecuniário com base no seu valor de mercado, sempre que
possível; as circunstâncias que o relacionam com a infração; informação de eventual
alteração ou adaptação para a prática de infrações ambientais, além de registro
fotográfico do bem e do local de armazenamento.

Feito isso, os bens apreendidos podem ficar, até o julgamento do


processo administrativo, sob a guarda do órgão ou entidade responsável pela
fiscalização, órgãos e entidades de caráter ambiental, beneficente, científico,
cultural, educacional, hospitalar, penal e militar, ou em casos excepcionais, com o
fiel depositário, que pode ser, inclusive, o próprio autuado, desde que a posse
dos bens ou animais não traga risco de utilização em novas infrações.

No caso dos animais da fauna silvestre, após a apreensão, a


autoridade ambiental os liberta em seu hábitat ou os entrega a jardins zoológicos,
fundações, entidades de caráter cientifico, centros de triagem, criadouros regulares
ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos
habilitados, podendo, respeitados os regulamentos vigentes, serem entregues em
guarda doméstica provisória, inclusive, ao próprio autuado.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 76


Voltar ao Sumário

Se o animal apreendido for doméstico ou exótico e tiver sido


encontrado no interior de unidade de conservação de proteção integral, em área de
preservação permanente ou quando impedir a regeneração natural de vegetação
em área cujo corte não tenha sido autorizado, desde que, em todos os casos, tenha
havido prévio embargo, poderão ser vendidos ou doados mediante decisão
motivada da autoridade ambiental, sempre que sua guarda ou venda forem inviáveis
econômica ou operacionalmente.

Quanto as madeiras sob risco iminente de perecimento, assim


consideradas aquelas que estejam acondicionadas a céu aberto ou que não
puderem ser guardadas ou depositadas em locais próprios, sob vigilância, ou ainda
quando inviável o transporte e guarda, atestados pelo agente ambiental no
documento de apreensão, são avaliadas e doadas.

Os produtos perecíveis também são doados a órgãos e entidades


públicas de caráter científico, cultural, educacional, hospitalar, penal, militar e social,
bem como para outras entidades sem fins lucrativos de caráter beneficente.

Cumpre destacar que, se o bem apreendido é vendido ou doado


durante o processo administrativo e ao final sobrevir anulação, cancelamento ou
revogação da apreensão, o órgão ou a entidade ambiental deve restituir o bem no
estado em que se encontra ou, na impossibilidade de fazê-lo, deve indenizar o
proprietário pelo valor de avaliação consignado no termo de apreensão. Daí a
importância de no momento da lavratura do termo de apreensão, verificar se a
avaliação consignada é condizente com o valor do bem.

Como visto, os bens utilizados na prática de infração ambiental que


são apreendidos exigem uma destinação, muitas vezes imediata. Passemos agora,
à aplicação da sanção em análise pós julgamento.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 77


Voltar ao Sumário

Transcorrida a fase processual e sobrevindo decisão


irrecorrível que confirma o auto de infração, os bens e animais apreendidos que
ainda não tenham sido objeto da destinação, não mais retornarão ao infrator.

Os animais domésticos e exóticos são doados ou vendidos,


enquanto os animais da fauna silvestre são libertados em seu hábitat ou entregues
a jardins zoológicos, fundações, centros de triagem, criadouros regulares ou
entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos
habilitados.

As madeiras são doadas a órgãos ou entidades públicas, vendidas


ou utilizadas pela administração quando houver necessidade, conforme decisão
motivada da autoridade competente.

Os produtos perecíveis são doados, ao passo que, os produtos e


subprodutos da fauna não perecíveis são destruídos ou doados a instituições
científicas, culturais ou educacionais.

Já os instrumentos utilizados na prática da infração podem ser


destruídos, utilizados pela administração quando houver necessidade, doados ou
vendidos.

Demais instrumentos apreendidos utilizados na prática da


infração, como petrechos, equipamentos, veículos e embarcações, podem ser
destruídos, doados, vendidos ou utilizados pela administração quando houver
necessidade, desde que em decisão motivada da autoridade ambiental. As vendas
são realizadas através de leilão público.

Tratando-se de substâncias ou produto tóxico, perigoso ou


nocivo à saúde humana ou ao meio ambiente, são adotadas medidas previamente
determinadas pelo órgão competente e correrão a expensas do infrator.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 78


Voltar ao Sumário

14.5. Destruição ou
inutilização do produto
Constatada a infração ambiental, o agente ambiental, no uso do seu
poder de polícia, pode adotar a medidas administrativa de destruição ou
inutilização de produtos, subprodutos e instrumentos utilizados na prática da
infração para evitar o seu uso e aproveitamento indevido nas situações em que o
transporte e a guarda forem inviáveis em face das circunstâncias.

Tal medida é adotada ainda, quando referidos bens possam expor


o meio ambiente a riscos significativos ou comprometer a segurança da população
e dos agentes públicos envolvidos na fiscalização. Também são destruídos os
produtos e subprodutos da fauna não perecíveis.

Para tanto, é lavrado um o termo de destruição ou de


inutilização, instruído com elementos que identifiquem as condições anteriores e
posteriores à ação, bem como a avaliação dos bens destruídos.

É parte integrante do termo, um relatório que expõe as


circunstâncias que justificam a destruição ou inutilização, subscrito por no mínimo
dois servidores do órgão ambiental autuante, além de registro fotográfico do produto,
subproduto, veículo, embarcação ou instrumento e de sua destruição.

O termo de avaliação é fundamental, porque assim como visto na


medida administrativa de apreensão, é lavrado o auto de infração e instaurado o
processo administrativo, e sobrevindo decisão de cancelamento, dada a
impossibilidade de restituição, o proprietário será indenizado pelo valor de avaliação
consignado no termo de apreensão.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 79


Voltar ao Sumário

14.6. Suspensão de venda e


fabricação do produto
A medida administrativa de suspensão de venda ou fabricação
de produto constitui medida que visa a evitar a colocação no mercado de produtos
e subprodutos oriundos de infração administrativa ao meio ambiente ou que tenha
como objetivo interromper o uso contínuo de matéria-prima e subprodutos de origem
ilegal.

Trata-se de medida administrativas cautelar, dotada de


autoexecutoriedade, a qual é formalizada em termo próprio, por meio eletrônico e
vinculado ao processo instaurado em razão da emissão do auto de infração
ambiental, com a descrição detalhada dos produtos cuja venda ou fabricação foi
suspensa.

14.7. Embargo de obra ou


atividade e suas
respectivas áreas
A sanção administrativa de embargo de obra ou atividade e suas
respectivas áreas tem por objetivo impedir a continuidade do dano ambiental,
propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à recuperação da área
degradada, devendo restringir-se exclusivamente ao local onde efetivamente se
caracterizou a infração ambiental, não alcançando as demais atividades realizadas
em áreas não embargadas da propriedade ou posse ou não correlacionadas com a
infração.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 80


Voltar ao Sumário

É importante destacar que, ao impor o embargo, o agente ambiental


deve colher todas as provas possíveis de autoria e materialidade, bem como da
extensão do dano, apoiando-se em documentos, fotos e dados de localização,
incluindo as coordenadas geográficas da área embargada, que deverão constar do
respectivo auto de infração para posterior georreferenciamento.

Quando se tratar de áreas desmatadas ou queimadas de forma


irregular, quaisquer obras ou atividades nelas localizadas ou desenvolvidas são
embargadas, exceto as de subsistência ou se a infração ocorrer fora da área de
preservação permanente ou reserva legal, salvo quando se tratar de desmatamento
não autorizado de mata nativa.

O descumprimento total ou parcial de embargo, além de gerar multa


ambiental que pode variar de R$ 1.000,00 a R$ 1.000.000,00, acarreta na aplicação
cumulativa de suspensão da atividade que originou a infração e da venda de
produtos ou subprodutos criados ou produzidos na área ou local objeto do embargo
infringido, e cancelamento de registros, licenças ou autorizações de funcionamento
da atividade econômica junto aos órgãos ambientais e de fiscalização.

Além disso, o descumprimento ou violação do embargo é


comunicado pela autoridade competente ao Ministério Público, no prazo
máximo de setenta e duas horas, para que seja apurado o cometimento do crime
de desobediência previsto no artigo 330 do Código Penal.

Imposto o embargo, o órgão ambiental também promove a


divulgação dos dados do imóvel rural, da área ou local embargado e do respectivo
titular em lista oficial, especificando o exato local da área embargada e informando
se o auto de infração se encontra julgado ou pendente de julgamento.

Nos casos em que o responsável pela infração administrativa ou o


detentor do imóvel onde foi praticada a infração for indeterminado, desconhecido ou

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 81


Voltar ao Sumário

de domicílio indefinido, realiza-se notificação da lavratura do termo de embargo


mediante a publicação de seu extrato no Diário Oficial da União.

Já se o responsável pela infração administrativa ou o detentor do


imóvel onde foi praticada a infração possua domicílio indefinido, o órgão ambiental
também realiza a notificação da lavratura do termo de embargo mediante a
publicação em Diário Oficial, com a divulgação dos dados da área ou local
embargado, seu respectivo titular e situação do auto de infração em lista oficial em
seu sítio eletrônico, resguardados os dados protegidos por legislação específica,
podendo inclusive, a pedido de qualquer interessado, emitir certidão em que conste
a atividade, a obra e a parte da área do imóvel que são objetos do embargo.

O embargo pode ser revogado mediante comprovação da


regularidade ambiental; quando não estiverem9 indicando permanência reiterada de
não obediência às prescrições legais ou regulamentares relativas ao meio ambiente,
ou, quando adotadas medidas efetivas à regularização, assim consideradas pela
autoridade competente em decisão fundamentada. Do contrário, a revogação do
embargo é indeferida, ocasião em que a autoridade ambiental aponta o passivo
ambiental da área, possibilitando a regularização.

14.8. Demolição de obra


A sanção de demolição de obra é uma medida administrativa que
pode ser aplicada pela autoridade ambiental quando verificado que a construção
está em desacordo ou se não atendida à legislação ambiental, de modo que não
seja passível de regularização.

9Lei 9.605/98, Art. 72: [...]. § 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto,
a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 82


Voltar ao Sumário

Assim como em todas as outras medidas administrativas, é lavrado


o auto de infração e instaurado o processo administrativo, assegurado ao autuado o
contraditório e ampla defesa.

Mas, tratando-se de obra, edificação ou construção não habitada e


utilizada diretamente para o cometimento de infração ambiental que implica risco
iminente de agravamento do dano ambiental ou de graves riscos à saúde, o agente
ambiental pode, excepcionalmente, no ato da fiscalização, aplicar medida
administrativa cautelar de demolição.

Neste caso, a demolição pode ser realizada pelo agente ambiental,


por quem este autorizar ou pelo próprio infrator, sendo formalizada em termo próprio,
com a descrição detalhada da obra, edificação ou construção e a estimativa de seu
custo, além de relatório que exponha as circunstâncias que justificam a demolição,
subscrito por no mínimo dois servidores do órgão que realizou a fiscalização e
registro fotográfico da obra, edificação ou construção e de sua demolição.

Já a demolição administrativa cautelar de edificações habitadas


que sejam a única residência de seus habitantes é vedada até o trânsito em
julgado do processo administrativo, ocasião em que será concedido prazo para o
infrator demolir, e caso este não o faça, o órgão ambiental o fará, notificando-o com
os documentos das despesas para que restitua os cofres públicos no prazo de 20
dias, em valor atualizado.

Há somente um caso em que não se aplica a sanção de


demolição. Isso pode ocorrer quando, mediante laudo técnico, for comprovado que
o desfazimento poderá trazer piores impactos ambientais que sua manutenção,
caso em que a autoridade ambiental, mediante decisão fundamentada, deverá, sem
prejuízo das demais sanções cabíveis, impor as medidas necessárias à cessação e
mitigação do dano ambiental.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 83


Voltar ao Sumário

14.9. Suspensão parcial ou


total das atividades
Constatada a infração ambiental, o agente ambiental, no exercício
exclusivo de seu poder de polícia, lavra o auto de infração e pode aplicar a medida
administrativa de suspensão parcial ou total das atividades.

Trata-se de uma medida preventiva, aplicada com o objetivo de


impedir a continuidade de processos produtivos que estejam operando em
desacordo com a legislação ambiental ou normas técnicas específicas, promovendo
danos ao meio ambiente, e somente deixará de ser aplicada a partir de decisão da
autoridade ambiental, com base em documentos que comprovem a regularização.

14.10. Restritiva de direitos


As sanções restritivas de direito aplicáveis às pessoas físicas ou
jurídicas consistem em suspensão de registro, licença ou autorização; cancelamento
de registro, licença ou autorização; perda ou restrição de incentivos e benefícios
fiscais; perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito; e, proibição de contratar com a administração
pública.

O período de validade da sanção restritiva de direitos é fixado pela


autoridade ao fim do processo administrativo, e pode ter o prazo máximo de 01
ano, exceto para a penalidade de proibição de contratar com a Administração
Pública, cujo prazo máximo é de 03 anos. Porém, a regularização da conduta que
deu origem ao auto de infração extingue a sanção aplicada, independentemente de
prazo.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 84


Voltar ao Sumário

#15
Aplicação da pena,
atenuantes e
agravantes

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 85


Voltar ao Sumário

15. Aplicação da pena,


atenuantes e
agravantes
Como visto, as infrações administrativas podem ser punidas
com advertência, multa simples, multa diária, apreensão dos animais, produtos e
subprodutos da fauna e flora e demais produtos e subprodutos objeto da infração,
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados
na infração, destruição ou inutilização do produto, suspensão de venda e fabricação
do produto, embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas, demolição de
obra, suspensão parcial ou total das atividades, e, restritiva de direitos, de forma
isolada ou cumulativa.

Contudo, para a aplicação das referidas sanções, o agente


ambiental deve observar alguns critérios estabelecidos em lei, tais como, a
gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências
para a saúde pública e para o meio ambiente, os antecedentes do infrator quanto
ao cumprimento da legislação de interesse ambiental e a situação econômica do
infrator, no caso de multa, as quais dependem de confirmação da autoridade
julgadora.

O agente ambiental também deve indicar, por ocasião da lavratura


do auto de infração e da elaboração do relatório de fiscalização, as circunstâncias
majorantes e atenuantes relacionadas à infração, cuja existência é analisada pela
autoridade julgadora ao apreciar a proporcionalidade e a razoabilidade do valor da
multa indicada, mesmo que não alegada pelo autuado em sua defesa.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 86


Voltar ao Sumário

Vale destacar, que as circunstâncias majorantes e atenuantes


indicadas pelo agente ambiental podem ser afastadas se incabíveis ou se ausente
a justificativa de sua aplicação.

São circunstâncias que atenuam a sanção administrativa:

 o baixo grau de instrução ou escolaridade do autuado;


 arrependimento eficaz do autuado, manifestado pela
espontânea reparação do dano, limitação significativa da
degradação ambiental causada ou apresentação de denúncia
espontânea;
 comunicação prévia pelo autuado do perigo iminente de
degradação ambiental; e,
 colaboração com a fiscalização, assim entendida aquela em
que não oferecer resistência nem obstar o livre acesso às
dependências, instalações ou locais de ocorrência da infração,
além da apresentação de documentos ou informações no prazo
estabelecido.

Se reconhecida uma ou mais circunstância atenuantes a autoridade


julgadora deve, em decisão motivada, reduzir o valor da multa em até 50%, não
podendo ser inferior ao valor mínimo cominado para a infração, quando a multa for
aberta, nem ao valor mínimo unitário cominado para a infração, quando a multa for
determinada com base em unidade de medida.

As circunstâncias majorantes também indicadas pelo agente


ambiental no ato da fiscalização e em seu relatório de fiscalização, podem ser
mantidas ou excluídas quando do julgamento. As agravantes consistem em:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 87


Voltar ao Sumário

 obter vantagem pecuniária;


 coagir outrem para a execução material da infração;
 concorrer para danos à propriedade alheia;
 atingir áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime
especial de uso; em período de defeso à fauna;
 em domingos ou feriados;
 à noite;
 em épocas de seca ou inundações;
 com o emprego de métodos cruéis no manejo de animais;
 mediante fraude ou abuso de confiança;
 mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização
ambiental;
 no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente,
por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
 facilitada por funcionário público no exercício de suas funções;
e,
 no exercício de atividades econômicas financiadas direta ou
indiretamente por verbas públicas.

A existência de circunstâncias majorantes autoriza a autoridade


julgadora a aumentar, desde que justificadamente, o valor da multa, em até 50%.
Na fase recursal, a majoração da sanção decorrente de circunstância que não tenha
sido apreciada quando do julgamento em primeira instância é vedada.

Importante destacar que, tratando-se de multas fechadas, ou seja,


aquelas cujo valor é previamente fixado com base em unidade de medida, de acordo
com o objeto jurídico lesado, a aplicação de majorantes e atenuantes é proibida.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 88


Voltar ao Sumário

#16
Reincidência

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 89


Voltar ao Sumário

16. Reincidência
A reincidência no processo administrativo ambiental ocorre quando
o infrator comete nova infração no período de 05 anos, contados da lavratura de
auto de infração anterior devidamente confirmado no julgamento em primeira
instância, o qual é verificado antes do julgamento da nova infração.

Esse ponto requer atenção especial. Basta que o auto de infração


tenha sido confirmado por ocasião do julgamento da defesa administrativa para que
seja utilizado como fundamento para aplicação da reincidência, ainda que tenha sido
interposto recurso ou que este esteja pendente de julgamento.

A reincidência pode ser específica, se o cometimento da nova


infração ambiental é contra o mesmo bem jurídico, ocasião em que será aplicada
multa em triplo, ou, genérica, se o cometimento da nova infração ambiental é
contra bem jurídico diferente, caso em que a multa aplicada será em dobro.

O agravamento por reincidência é aplicado no momento do


julgamento do auto de infração mediante certificação nos autos, e pode, inclusive,
provir de autos de infração confirmados por outros órgãos integrantes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA.

Tal agravamento será apurado no procedimento da nova infração,


no qual é juntado o auto de infração anterior e o julgamento que o confirmou,
notificando o autuado para que se manifeste sobre ele no prazo de 10 dias.
Importante destacar que, se o autuado não for intimado para se manifestar, a
aplicação da reincidência que impõe agravamento da penalidade será nula.

Temos defendido, porém, que o agravamento da multa ambiental


por reincidência é ilegal, conforme expusemos no Capítulo 12.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 90


Voltar ao Sumário

#17
Prescrição

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 91


Voltar ao Sumário

17. Espécies de Prescrição


A prescrição no processo administrativo ambiental conduz ao
arquivamento dos autos, sem a imposição de penalidade, ressalvada, porém, a
hipótese de obrigação de reparar o dano ambiental.

Os prazos prescricionais podem ser resumidos assim:

PRAZOS PRESCRICIONAIS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL


Prescrição da pretensão punitiva 5 anos*
Prescrição intercorrente 3 anos
Prescrição da pretensão punitiva intercorrente 5 anos*
Prescrição da pena de multa 2 anos
Prescrição executória 5 anos
Prescrição intercorrente na execução fiscal 6 anos
*Exceto se a infração também constituir crime ambiental.

Já as causas interruptivas da prescrição, que quando incidem,


extingue o tempo prescricional já contabilizado e inicia-se sua contagem do zero,
podem ser assim resumidas:

CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO


Pelo recebimento do auto de infração ou pela cientificação do infrator por
qualquer outro meio, inclusive por edital;
Por qualquer ato inequívoco da administração que importe apuração do fato;
Pela decisão condenatória recorrível

Na prática forense, temos defendido a existência de cinco espécies


de prescrição incidentes no processo administrativo e para cobrança da multa
ambiental consolidada. Vamos falar de cada uma delas.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 92


Voltar ao Sumário

17.1. Prescrição da pretensão


punitiva
O prazo prescricional para o exercício da ação punitiva dos órgãos
ambientais federais, no exercício do poder de polícia, é regulado pela Lei 9.873/99,
a qual prescreve que é de 5 anos, contados da data da prática do ato, ou, no caso
de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado, o prazo
objetivando apurar a prática de infrações contra o meio ambiente, salvo se a infração
também constituir crime ambiental.

Diferentemente do que muitas pessoas acreditam, a prescrição


não se interrompe pela mera lavratura do auto de infração, mas sim, pelo
recebimento do auto pelo autuado ou pela cientificação do infrator por qualquer outro
meio, inclusive por edital.

Isso significa que, o prazo de 5 anos para a Administração Pública


apurar a prática de infrações ambientais, compreende a data da prática do ato, ou,
no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado,
até a efetiva ciência do autuado.

Tal cientificação pode ocorrer pessoalmente, por seu representante


legal, por carta registrada com aviso de recebimento ou por edital, se estiver o
infrator autuado em lugar incerto, não sabido ou se não for localizado no endereço.

17.2. Prescrição intercorrente


O Decreto 6.514/08 reproduz o texto da Lei 9.873/99, dispondo que
incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de infração paralisado
por mais de 3 anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos devem ser

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 93


Voltar ao Sumário

arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo


da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação.

A prescrição intercorrente, decorre da inércia da Administração


Pública em impulsionar o processo administrativo após instaurado, que somente é
interrompida através de atos que impliquem verdadeira impulsão do
procedimento administrativo instaurado para apurar e punir infrações
administrativas.

Insta salientar que a prescrição intercorrente se diferencia da


prescrição da pretensão punitiva vista anteriormente, porquanto esta decorre da
incúria do agente em materializar sua pretensão dentro do prazo limite fixado em lei,
seja quinquenal ou aquele regido pela lei penal quando a infração também constituir
crime ambiental, enquanto aquela, decorre da inércia do órgão ambiental.

17.3. Prescrição da pretensão


punitiva na modalidade
intercorrente
Temos convencionado chamar de prescrição da pretensão
punitiva na modalidade intercorrente quando, entre a data da notificação do
autuado, ainda que por edital, e a aplicação da penalidade cabível, transcorrer mais
de 5 anos ou, se a infração também constituir crime ambiental, o prazo previsto
no do artigo 109 do Código Penal.

Assim, considerando que o autuado já tenha sido notificado, ainda


que por edital, a prescrição somente se interrompe por qualquer ato inequívoco
da administração que importe apuração do fato, assim considerados aqueles que
impliquem instrução do processo, ou, pela decisão condenatória recorrível.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 94


Voltar ao Sumário

Apesar de nomenclatura quase idêntica com aquela vista


anteriormente, a prescrição da pretensão punitiva ocorre entre a data da prática
do ato, ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que esta tiver
cessado, até a efetiva ciência do autuado, enquanto a prescrição da pretensão
punitiva na modalidade intercorrente se dá entre a efetiva ciência do autuado e a
data da imposição da penalidade administrativa, observadas as causas interruptivas.

Trata-se de uma causa de prescrição quase que inutilizada na


porquanto desconhecida, e por vezes, reconhecida equivocadamente. Na prática
forense, já nos deparamos com situações prescritas, pois o lapso prescricional
aplicável era de 2 anos.

17.4. Prescrição da pena de


multa
Outra prescrição complexa e tímida no processo administrativo
ambiental, cuja aplicação temos defendido, é a prescrição da pena de multa
quando, entre a data da notificação do autuado e a decisão condenatória recorrível
transcorrer o prazo de 2 anos, conforme expressa previsão do artigo 114, inciso I,
do Código Penal, o qual prevê prescrição da pena de multa em 2 anos quando esta
for a única cominada ou aplicada.

Não se desconhece a independência entre as esferas


administrativa e penal. No entanto, o exercício da ação punitiva da Administração
Pública Federal é regulado pela Lei 9.873/99, de modo que, se a conduta imputada
também constituir crime ambiental, os prazos prescricionais a serem observados
são os da lei penal, inclusive para a multa administrativa.

Assim, sobrevindo decisão da autoridade julgadora ao final do


procedimento administrativo que impõe única e exclusivamente a penalidade de

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 95


Voltar ao Sumário

multa pecuniária ─ simples ou diária ─, observa-se se, entre a data da notificação


do autuado, ainda que por edital, e a decisão administrativa condenatória
transcorreu lapso temporal superior a 2 anos, observada as causas interruptivas. Se
sim, estará prescrita a pena de multa, não podendo ensejar nenhuma cobrança.

Aqui, dois pontos merecem destaque. Primeiro, é que a infração


administrativa obrigatoriamente também deve ser considerada crime ambiental.
Segundo, é que a pena de multa deve ter sido aplicada isoladamente.

17.5. Prescrição executória


Por fim, há a prescrição executória que surge da Lei 9.876/99, cujo
prazo prescricional é de 5 anos, contados do dia seguinte ao inadimplemento da
obrigação, a qual temos defendido que incide sobre todas as sanções aplicáveis as
infrações administrativas, e não apenas à penalidade de multa. Neste caso, não se
cogita os prazos prescricionais da lei penal quando a infração também constituir
crime, porque se trata de cobrança de crédito não-tributário com regramento
específico.

É bom relembrar que as infrações administrativas são punidas com


as sanções de advertência, multa simples, multa diária, apreensão dos animais,
produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou
veículos de qualquer natureza utilizados na infração, destruição ou inutilização do
produto, suspensão de venda e fabricação do produto, embargo de obra ou
atividade, demolição de obra, suspensão parcial ou total de atividades e restritiva de
direitos.

Entendemos que todas as sanções possuem prazo de prescrição


idêntico ao da ação de execução fiscal que objetiva a cobrança de multa ambiental,
assim como o marco inicial para a contagem do prazo prescricional, que deve ser

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 96


Voltar ao Sumário

aquele assinalado na decisão final proferida pela autoridade julgadora, o qual não
necessariamente será o mesmo da multa.

É que, a hipótese de sanção de demolição, por exemplo, decorre


do poder de polícia, ou seja, uma sanção imposta pelo Estado para punir o infrator
de modo que não se pode cogitar imprescritibilidade. Trata-se, pois, de uma “pena”,
e por isso, sua a execução se sujeita aos prazos prescricionais, assim como para a
cobrança de multa, subsistindo ao órgão autuante, se legitimado, a propositura de
ação civil pública para reparação ou restauração do dano, esta sim imprescritível,
conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral.

Dito isto, enquanto não encerrar o processo administrativo de


imposição da penalidade, não corre o prazo prescricional, pois o crédito ou a
obrigação ainda não estão definitivamente constituídos e, por isso, não são
passíveis de execução.

17.6. Prescrição intercorrente


na execução fiscal de
multa ambiental
Apesar de fugir um pouco do tema proposto no e-Book, decidimos
trazer mais uma espécie de prescrição, que ocorre durante a execução fiscal de
multa ambiental, que nada mais é do que um processo movido pela Fazenda
Pública, que, após frustradas tentativas de recuperação do crédito na via
administrativa, inscreve o devedor em dívida ativa e busca pela via judicial, compelir
o contribuinte inadimplente ao pagamento do crédito devido.

Como já mencionamos linhas atrás, as multas ambientais possuem


natureza não tributária, e por isso, para fins de cobrança, obedecem ao prazo
previsto no Decreto 20.910/32, de modo que, a execução da multa por infração

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 97


Voltar ao Sumário

ambiental prescreve em 5 anos, contados do término do processo administrativo de


apuração da infração e constituição da dívida.

Ou seja, se entre a constituição definitiva do crédito não tributário -


que coincide com o trânsito em julgado do processo administrativo que desencadeou
na aplicação da multa ambiental - e a propositura da execução fiscal respectiva
decorrer o prazo superior a 5 anos, a dívida estará prescrita, não podendo ensejar
cobrança.

Todavia, se a execução fiscal for proposta dentro do quinquênio,


não há mais incidência da prescrição executória, mas sim, da prescrição
intercorrente, pois certo é, que nenhuma execução fiscal pode ser eternizada.
Justamente por isso, tratou-se de estabelecer um prazo para que fossem localizados
o devedor ou encontrados bens sobre os quais pudessem recair a penhora.

Assim, logo após a primeira tentativa frustrada de citação do


devedor ou de localização de bens penhoráveis, o magistrado deve suspender a
execução pelo prazo de 1 ano. Tal prazo tem início automaticamente na data da
ciência da Fazenda Pública, ou seja, o que importa para o início do prazo
prescricional, é a efetiva ciência da Fazenda Pública sobre a inexistência de bens
penhoráveis ou não localização do devedor.

E, uma vez ciente, havendo ou não manifestação da Fazenda


Pública, findo o prazo de 1 ano de suspensão, inicia-se automaticamente o prazo
prescricional intercorrente, de 5 anos. Logo, transcorrido o prazo prescricional e
constatada a falta de movimentação da Fazenda Pública, deve ser reconhecida a
prescrição intercorrente, independente de decisão prévia sobre a suspensão da
execução.

Por fim, importante destacar que o crédito de natureza não


tributária, decorrente de multa administrativa ambiental aplicada por força do

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 98


Voltar ao Sumário

exercício do poder de polícia, conquanto seja exigível por intermédio de execução


fiscal nos termos da Lei 6.830/80, não atrai a incidência das normas tributárias
previstas no Código Tributário Nacional - CTN.

18. Tabela da prescrição


Como vimos, existem diferentes tipos de prescrição, e quando o
fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a prescrição
reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal. Mas há infrações administrativas que
não configuram crimes ambientais, caso em que o prazo da ação punitiva da
Administração Pública será quinquenal.

Contudo, atente-se que há hipóteses de alteração do prazo


prescricional da pretensão punitiva, como, ser o agente menor de 21 anos na data
do fato ou ser o agente maior de 70 anos na data da decisão administrativa, ocasião
em que os prazos acima deverão ser contados pela metade.

Na prática forense, é comum que se compute tão somente o prazo


quinquenal na pretensão punitiva, porém, temos visto com frequência, processos
administrativos sendo arquivados quando o prazo prescricional era de 8 anos para
lavrar o auto de infração, enquanto outros, foram julgados procedentes mesmo
tendo incidido a prescrição de 3 anos.

A tabela que elaboramos a seguir contém os prazos


prescricionais aplicáveis no processo administrativo para fins da pretensão
punitiva da Administração, inclusive na modalidade intercorrente, com a devida
correspondência entre infrações administrativas e os respectivos crimes
ambientais, quando assim forem consideradas, ao passo que, se não constituírem
crime, a prescrição, como visto, será de 5 anos.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 99


Voltar ao Sumário

TABELA DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS


CORRESPONDÊNCIA
Pena máxima Prazo da prescrição da
Infração Crimes prevista para o pretensão punitiva, inclusive
Administrativa Ambientais tipo penal na modalidade intercorrente
Decreto 6.514 Lei 9.605/98
Art. 24 Art. 29 1 ano 4 anos
Art. 25 Art. 31 1 ano 4 anos
Art. 26 Art. 30 3 anos 8 anos
Art. 27 Art. 29 1 ano 4 anos
Art. 28* - - -
Art. 29** Art. 32 1 ano 4 anos
Art. 29** Art. 32, § 1º 5 anos 12 anos
Art. 30* - - -
Art. 31* - - -
Art. 32* - - -
Art. 33* - - -
Art. 34 Art. 33 3 anos 8 anos
Art. 35 Art. 34 3 anos 8 anos
Art. 36 Art. 35 5 anos 12 anos
Art. 37 * - - -
Art. 39 Art. 33 3 anos 8 anos
Art. 40 Art. 34 3 anos 8 anos
Art. 43 Art. 38 3 anos 8 anos
Art. 44 Art. 39 3 anos 8 anos
Art. 45 Art. 44 1 ano 4 anos
Art. 46 Art. 45 2 anos 4 anos
Art. 47 Art. 46 1 ano 4 anos
Art. 48 Art. 48 1 ano 4 anos
Art. 49** Art. 50 1 ano 4 anos
Art. 49** Art. 38 3 anos 8 anos
Art. 49, § 1º Art. 38-A 3 anos 8 anos

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 100


Voltar ao Sumário

Art. 50** Art. 50 1 ano 4 anos


Art. 50** Art. 38 3 anos 8 anos
Art. 50, § 1º Art. 38-A 3 anos 8 anos
Art. 51* - - -
Art. 51-A* - - -
Art. 52* - - -
Art. 53* - - -
Art. 54* - - -
Art. 55* - - -
Art. 56 Art. 49 1 ano 4 anos
Art. 57 Art. 51 1 ano 4 anos
Art. 58* - - -
Art. 59 Art. 42 3 anos 8 anos
Art. 60 Art. 41 4 anos 8 anos
Art. 61 Art. 54 4 anos 8 anos
Art. 62 Art. 54 4 anos 8 anos
Art. 63 Art. 55 1 ano 4 anos
Art. 64 Art. 56 4 anos 8 anos
Art. 65* - - -
Art. 66 Art. 60 6 meses 3 anos
Art. 67 Art. 61 4 anos 8 anos
Art. 68* - - -
Art. 69* - - -
Art. 70* - - -
Art. 71-A Art. 56 4 anos 8 anos
Art. 72 Art. 62 3 anos 8 anos
Art. 73 Art. 63 3 anos 8 anos
Art. 74 Art. 64 1 ano 4 anos
Art. 75 Art. 65 1 ano 4 anos
Art. 76* - - -
Art. 77 Art. 69 3 anos 8 anos
Art. 78 Art. 69 3 anos 8 anos
Art. 79* - - -
Art. 80* - - -

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 101


Voltar ao Sumário

Art. 81* - - -
Art. 82 Art. 66 3 anos 8 anos
Art. 83 Art. 68 3 anos 8 anos
Art. 84** Art. 31 1 ano 4 anos
Art. 84** Art. 40 c/c 40-A 5 anos 12 anos
Art. 85 Art. 40 c/c 40-A 5 anos 12 anos
Art. 86 Art. 40 c/c 40-A 5 anos 12 anos
Art. 87 Art. 40 c/c 40-A 5 anos 12 anos
Art. 88* - - -
Art. 89 Art. 40 c/c 40-A 5 anos 12 anos
Art. 90 Art. 40 c/c 40-A 5 anos 12 anos
Art. 91 Art. 40 c/c 40-A 5 anos 12 anos
Art. 92 Art. 52 1 ano 4 anos

* Infrações administrativas que não configuram crimes ambientais, computando-se o prazo


quinquenal para fins de prescrição, nos termos do art. 1º da Lei 9.873/99.

** Infrações administrativas que configuram diferentes crimes, a depender do bem jurídico


lesado.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 102


Voltar ao Sumário

#19
Princípios

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 103


Voltar ao Sumário

19. Princípios que regem o


processo administrativo
ambiental

19.1. Princípio do devido


processo legal
A Constituição Federal de 1988 consagra a todos os cidadãos
brasileiros e estrangeiros residentes no país, o devido processo legal, ao passo
que, a Lei 9.784/99, que rege o processo administrativo no âmbito federal,
estabelece normas básicas a serem cumpridas pelo Administração Pública visando,
em especial, à proteção dos direitos dos administrados.

Logo, cabe à autoridade ambiental zelar pela boa condução do


processo administrativo, a fim de que os administrados e interessados não corram
o risco de serem prejudicados. Do contrário, a ofensa ao princípio do devido
processo legal conduz a necessária anulação do ato administrativo.

19.2. Princípio da razoável


duração do processo
A injustificada demora no trâmite e na decisão do procedimento
administrativo ambiental configura violação ao princípio da razoável duração do
processo conforme artigos 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal, afrontando,

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 104


Voltar ao Sumário

também, os prazos estabelecidos pelas demais normas ambientais que regem a


matéria.

Cabe à administração pública respeitar o princípio da razoável


duração do processo, e o prazo previsto tanto na Lei 9.605/98 para julgar o auto
de infração, não podendo ela cogitar a falta de estrutura administrativa, seja material
ou pessoal, como argumento que justifique a demora da prestação de um serviço
público.

Apesar de o desrespeito ao prazo para julgamento do auto de


infração constituir mera irregularidade formal, incapaz de gerar a nulidade do
procedimento administrativo, o autuado está autorizado a formular
requerimentos para que seu processo seja julgado dentro do prazo legal e razoável,
o que é imprescindível, sobretudo nos casos em que um bem foi apreendido e está
sob a guarda da Administração, ou nos casos de embargo de obra ou atividade ou
área.

19.3. Princípio da legalidade


O princípio da legalidade, um dos pilares do Estado Democrático
de Direito, está contido no artigo 5º, inciso II, e artigo 37 da Constituição Federal, de
modo a limitar a atuação da Administração Pública a estrita observância da lei. É
dizer, toda e qualquer atuação administrativa deve estar prevista em lei.

No caso dos atos administrativos que impõe sanções ao autuado,


é vedado à Administração conceder direitos, criar obrigações ou impor vedações,
muito menos aplicar sanção e multas ambientais não previstas em Lei.

Cabe à Administração Pública respeitar o princípio da legalidade,


segundo o qual só poderá ser exercida quando estiver em conformidade com a lei,

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 105


Voltar ao Sumário

e todo ato que não possuir embasamento legal, é ilícito, podendo, assim como a
violação a qualquer princípio, ser revisto no âmbito judiciário.

19.4. Princípio da finalidade


O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato
visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de
competência. Trata-se de vício insanável, ou seja, não comporta convalidação.

Hely Lopes Meirelles10 explica que o princípio da finalidade veda é


a prática de ato administrativo sem interesse público ou conveniência para a
Administração, visando unicamente a satisfazer interesses privados, por favoritismo
ou perseguição dos agentes governamentais, sob a forma de desvio de finalidade.
Esse desvio de conduta dos agentes públicos constitui uma das mais insidiosas
modalidades de abuso de poder.

19.5. Princípio da
impessoalidade
O princípio da impessoalidade representa a ideia de que o
tratamento a ser dado pela administração nas relações mantidas com os
administrados deve se ater ao conteúdo normativo da relação jurídica estabelecida,
vedando-se com isso, que do ato administrativo decorra favorecimentos espúrios,
perseguições injustificadas, ou qualquer outro tipo de conduta que implique, ao final,
a influência de um juízo subjetivo incompatível ao ato.

10 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2001.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 106


Voltar ao Sumário

O princípio da impessoalidade deve ser conjugado com os demais


princípios constitucionais, notadamente com o princípio da isonomia, segundo o
qual, somente haverá igualdade quando o tratamento dispensado entre indivíduos
em idêntica situação for igual, havendo, por outro lado, flagrante desigualdade se o
tratamento for igual a indivíduos em situações desiguais.

José Afonso da Silva11 defende a neutralidade da atividade


administrativa, que só se orienta no sentido da realização do interesse público.

A violação ao princípio da impessoalidade requer a comprovação


de que o ato administrativo fora realizado com a finalidade de favorecer alguém,
seja o responsável pelo ato ou terceiros.

19.6. Princípio da moralidade


O princípio da moralidade exige que a Administração Pública e seus
agentes atuem com decoro no desempenho de suas atividades, sobretudo, no
exercício do poder polícia, sem se aproveitar de seus poderes, nem favorecer ou
prejudicar os administrados.

Os atos administrativos que buscam perseguir e reprimir os


administrados violam o princípio da moralidade administrativa pelo qual a
Administração é regida, pois referido princípio exige que a conduta da autoridade
ambiental seja pautada na transparência, na clareza, na certeza, de modo a evitar
surpresas ao autuado, devendo sempre, buscar o bem comum, protegendo os
interesses da coletividade.

11 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 6ª ed. São Paulo: Malheiros. 2008. p. 335.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 107


Voltar ao Sumário

A moralidade administrativa não se confunde com a moralidade


comum, ligando-se a ideia de função pública, interesse do povo e de bem comum.
Moralidade administrativa está, portanto, ligada ao conceito de bom administrador,
o qual, necessariamente, deve zelar pela correção de atitudes.

19.7. Princípio da eficiência


O princípio da eficiência, um dos preceitos norteadores da atividade
administrativa, consiste na otimização dos atos administrativos, ou seja, deve-se
esperar o melhor desempenho possível na atuação dos agentes públicos, bem
como, alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público, e por estar
expressamente previsto no artigo 37 da Constituição Federal, sua observância é
obrigatória, devendo nortear a Administração e o serviço público.

19.8. Princípio da publicidade


O caput do artigo 37 da Constituição Federal, elenca o princípio da
publicidade como regra aos atos estatais, somente se excluindo aqueles cujo sigilo,
pela natureza da informação, comporta e deve ser mantida sob proteção.

Referido princípio obriga a Administração Pública a dar publicidade


de seus atos administrativos para possibilitar que os administrados tenham
conhecimento de todas as suas atuações e decisões, além de garantir que a atuação
daquela seja transparente, representando efetivo requisito de eficácia e de
moralidade, além de constituir um dos pressupostos fundamentais do Estado
Democrático de Direito.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 108


Voltar ao Sumário

19.9. Princípio da motivação


O princípio da motivação impõe à Administração Pública o dever de
indicar os fundamentos de fato e de direito de suas decisões, estendendo-se sua
obrigatoriedade a qualquer tipo de ato, para permitir o controle da legalidade e
impedir arbitrariedades.

A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo


consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, nestes casos, serão parte integrante do
ato.

Com efeito, a decisão deve refletir os motivos reais que a justificam


penetrar no exame da situação, sendo vedada a utilização de conceitos
genéricos utilizáveis em qualquer outra decisão similar, ou até mesmo, limitar-se a
repetir os dispositivos violados.

Dirley da Cunha Júnior12 ensina que, em razão do princípio da


motivação, toda decisão administrativa deve ser fundamentada em razões de fato
ou de direito suficientes a ensejá-la. É necessário, assim, motivá-las, enunciado as
circunstâncias fáticas ou jurídicas sobre as quais se arrima o ato decisório. Motivar
não significa mencionar que a situação fática se enquadra à norma hipotética. É
necessário demonstrar e expor porquê e de que modo a situação concreta se
coaduna à previsão legal.

12 CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Administrativo. Salvador: Juspodivm, 7ª. ed. 2009, p. 529/530.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 109


Voltar ao Sumário

19.10. Princípio do contraditório


e da ampla defesa
A Constituição Federal assegura aos litigantes em processo
administrativo e acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Acusado, para fins de
conceituação, compreende todo aquele passível de sanção que possa resultar em
restrição do seu direito.

Não se coaduna com os princípios do contraditório e da ampla


defesa, a apuração da infração sem que o autuado seja notificado para exercitar sua
defesa no âmbito administrativo, uma vez que os meios e recursos de defesa se
constituem como garantias fundamentais do cidadão, erigindo, assim, a observância
do devido processo legal como pressuposto para a eficácia de qualquer decisão
administrativa.

19.11. Princípio da
razoabilidade e
proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade, pela sua estreita ligação com os
conceitos de justiça, equidade, bom-senso, moderação e da justa medida,
materializa eficaz instrumento da exegese jurídica, em especial para o desate das
situações de colisão entre valores constitucionais que guardam a mesma valência.

Os atos administrativos devem ser informados pelos princípios da


razoabilidade e da proporcionalidade, como bem explica o Ministro Luís Roberto

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 110


Voltar ao Sumário

Barroso13 ao dizer que o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade, termos


aqui empregados de modo fungível, não está expresso na Constituição, mas tem
seu fundamento na ideia de devido processo legal substantivo e na de justiça. Trata-
se de um valioso instrumento de proteção dos direitos fundamentais e do interesse
público, por permitir o controle de discricionariedade dos atos do Poder Público e
por funcionar como a medida com que uma norma deve ser interpretada no caso
concreto para a melhor realização do fim constitucional nela embutido ou decorrente
do sistema.

19.12. Princípio do in dubio


pro reo
Com visto anteriormente, a Constituição Federal de 1988 assegura
aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, não
diferenciando os “acusados” para fins de processo administrativo ou judicial.

O princípio do in dubio pro reo é cabível no momento da valoração


das provas para imposição de penalidade, de modo que, se há dúvida, a decisão
tem que favorecer o autuado, mesmo diante da presunção de veracidade e
legalidade dos atos administrativos que gozam de certa presunção de veracidade e
legitimidade.

Até porque, as sanções administrativas que neguem, limitem ou


afetem direitos ou interesses do administrado não podem ser impostas sem prova
conclusiva, convicções pessoais ou certezas subjetivas.

13 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e Aplicação da Constituição Paulo: Saraiva, 7ª. ed., 2009, p. 374/375

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 111


Voltar ao Sumário

19.13. Princípio da
insignificância
O princípio da insignificância, de aplicação excepcional,
comumente aplicado na esfera penal, é instrumento que afasta a tipicidade material,
tornando o comportamento atípico quando o dano causado ao bem jurídico
protegido pela norma for desprezível, tornando desproporcional a pena cominada,
remanescendo a tipicidade formal.

Temos defendido sua aplicação em sede de processo


administrativo quando presentes os requisitos já consagrados pela jurisprudência,
quais sejam, a mínima ofensividade da conduta do agente, ausência de
periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
e relativa inexpressividade da lesão jurídica.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 112


Voltar ao Sumário

#20
Fases processuais

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 113


Voltar ao Sumário

20. Fases do processo


administrativo
As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo
próprio, instaurado de ofício a partir da lavratura do auto de infração ambiental,
assegurado ao autuado o direito ao contraditório e à ampla defesa, além da
observância aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, publicidade, segurança jurídica, interesse público,
impessoalidade, boa-fé e eficiência.

No processo administrativo também devem ser observados,


dentre outros, os critérios de atuação conforme a Lei e o Direito; atendimento a fins
de interesse geral; objetividade no atendimento do interesse público; atuação
segundo padrões éticos de probidade; decoro e boa-fé; adequação entre meios e
fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; indicação
dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; observância das
formalidades essenciais à garantia dos direitos do autuado; garantia à apresentação
de alegações finais; à produção de provas e à interposição de recursos; e,
interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento
do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

O autuado ainda tem o direito, sem prejuízo de outros que lhe sejam
assegurados, de ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de
interessado; ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 114


Voltar ao Sumário

conhecer as decisões proferidas; formular alegações e apresentar documentos


antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; e,
fazer-se assistir, facultativamente, por advogado.

E também possui deveres, como expor os fatos conforme a


verdade, proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé, não agir de modo temerário,
e prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento
dos fatos.

Os prazos do processo administrativo, como regra geral, são


contados a partir da notificação pessoal do autuado ou de seu representante legal,
por via postal com aviso de recebimento, por edital ou qualquer outro meio disponível
que assegure a certeza da ciência do autuado. Os prazos são os seguintes:

PRAZOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL


PREVISÃO LEGAL
ATO PRAZO
Decreto 6.514/08
Defesa administrativa 20 dias artigos 113 e 97-A
Alegações finais 10 dias artigo 122
Recurso hierárquico 20 dias artigo 127
Pagamento da multa 5 dias artigo 126

Vale destacar que no processo administrativo ambiental federal há


somente duas esferas. A primeira é composta pelo Núcleo de Conciliação
Ambiental da unidade administrativa onde se originou o auto de infração,
responsável pela condução do processo administrativo na fase de conciliação
ambiental. Também compõe a primeira esfera, a Equipe de Instrução a qual é
responsável pela instrução do processo e elaboração de proposta de julgamento do
auto de infração que é encaminhada para decisão da autoridade julgadora de
primeira instância.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 115


Voltar ao Sumário

Já a segunda esfera ─ para a qual são encaminhados os recursos


administrativos interpostos contra decisão da autoridade de primeira instância ─,
também é composta por integrantes da Equipe de Instrução, os quais elaboram
proposta de julgamento do recurso, cabendo a autoridade superior a decisão final
(segunda instância).

Nos tópicos seguintes, explicaremos detalhadamente cada fase do


processo administrativo federal, desde a autuação até a execução das sanções ou
extinção do processo.

20.1. Atos preparatórios na


fiscalização ambiental
A fiscalização ambiental tem objetivo de prevenir ou imputar
responsabilidades ou obrigações administrativas na ocorrência de danos ambientais
ou no descumprimento de legislação ambiental, mediante ações de fiscalização;
solicitação de documentos, inclusive ao administrado, e certidões expedidas por
órgãos da administração pública; elaboração de relatório de ações e laudos
técnicos; ou, elaboração de relatório de fiscalização.

O órgão ambiental também pode notificar o administrado se houver


incerteza quanto à autoria, à materialidade ou ao nexo causal acerca de dano
ambiental ou ao descumprimento de legislação ambiental, requerendo a
apresentação de informações e documentos que contribuam para sua identificação
e comprovação; quando da impossibilidade ou recusa de nomeação de depositário,
para comunicação da proibição de remoção ou alteração dos bens apreendidos até
que sejam colocados sob a guarda do órgão ambiental competente, confiados em
depósito ou destinados; e ainda, se houver necessidade de adoção de providências

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 116


Voltar ao Sumário

especificadas pelo agente ambiental no momento da ação fiscalizatória ou


posteriormente, para seu atendimento.

Na hipótese de o administrado ser notificado e posteriormente ficar


comprovado que não foram constatadas irregularidades, infrações ou danos
ambientais, os atos preparatórios realizados são arquivados imediatamente após a
elaboração do respectivo relatório de ações lavrado pelo agente ambiental. Situação
diversa ocorre na hipótese de constatação de infração administrativa, como veremos
a seguir.

20.2. Lavratura do auto de


infração ambiental
Realizada a fiscalização ambiental e constatada a ocorrência de
infração administrativa ambiental, o agente ambiental de fiscalização que elaborou
o relatório de fiscalização lavra o auto de infração, em termo próprio e por meio
eletrônico, com a identificação do autuado, a descrição clara e objetiva da infração
administrativa constatada e a indicação dos respectivos dispositivos legais e
regulamentares infringidos e a sanção cabível.

Por ocasião da lavratura do auto de infração ambiental, o agente


de fiscalização impõe as sanções necessárias e formalizando a aplicação de
medidas administrativas cautelares, tais como, advertência; multa simples; multa
diária; apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora e demais
produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, equipamentos,
veículos e embarcações de qualquer natureza utilizados na infração; destruição ou
inutilização do produto ou bem; suspensão de venda e fabricação do produto;
embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas; demolição de obra;
suspensão parcial ou total das atividades; e, restritiva de direitos.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 117


Voltar ao Sumário

Como se vê, o relatório de fiscalização pode ser um ato


preparatório para a lavratura do auto de infração na esfera federal, e deve conter
a descrição das circunstâncias que levaram à constatação da infração ambiental e
à identificação da autoria; o nexo de causalidade entre a situação infracional apurada
e a conduta do infrator identificado, comissiva ou omissiva; o registro dos meios de
prova, evidências materiais, documentais ou testemunhais coletadas, aptos à
demonstração das elementares do tipo infracional cometido e à dosimetria da
sanção; os critérios e a dosimetria utilizados para a fixação da multa; a identificação
clara e objetiva do dano ambiental; as circunstâncias agravantes e atenuantes; e
todos e quaisquer outros elementos considerados relevantes para a caracterização
da responsabilidade administrativa.

Em ato subsequente a lavratura do auto de infração ambiental, o


agente o encaminhará à autoridade hierarquicamente superior para,
sucessivamente, sanear e instaurar o processo administrativo de apuração de
infração ambiental, ocasião em que poderá apontar pendências, erros, vícios ou a
necessidade de produção de informações ou documentos complementares,
solicitando ao agente autuante, caso necessário, que faça as correções e
complementações necessárias.

Atendidas ou não as correções e complementações requeridas, a


autoridade superior, se entender que é caso de continuidade do processo
administrativo, o encaminha para o chefe da unidade da unidade administrativa
ambiental federal do local da infração que será o responsável pela realização da
notificação do autuado, e em seguida, envia o processo ao Nucam para o início da
fase de conciliação ambiental.

Vale observar, que após a abertura do processo administrativo, o


chefe da unidade administrativa envia cópia dos autos para comunicação do
Ministério Público e demais órgãos acerca da infração constatada. Assim, se o

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 118


Voltar ao Sumário

Ministério Público entender que a infração configura crime ambiental, oferece


a denúncia contra o infrator, e, ainda, pode ajuizar uma ação civil pública para
reparação e indenização pelos danos ambientais. Essa tríplice responsabilidade
decorre da Constituição Federal e não configura violação ao princípio do non bis in
idem, ou seja, que ninguém pode ser julgado mais do que uma vez pela prática.

Por fim, importante destacar que a análise do relatório de


fiscalização é de suma importância para elaboração da defesa prévia, pois é nele
que constam (ou devem constar) todas as informações necessárias para contrapor
os argumentos que levaram o agente de fiscalização ambiental a lavrar a atuação.
Por isso, é importante que o autuado tenha conhecimento de todas essas
informações e possa contrapô-las no seu pleno exercício de defesa.

20.2.1. Indicação do valor da


multa aberta
Como vimos, ao lavrar o auto de infração cabe ao agente autuante
indicar as sanções aplicáveis, tal como o valor da multa aberta – que como visto
no Capítulo 11 deve obedecer ao mínimo previsto na Lei 9.605/98, o que na
prática não acontece –, o qual deve observar a gravidade dos fatos, considerando
os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e o meio
ambiente e a capacidade econômica do infrator.

A gravidade dos fatos considera os motivos da infração, se


intencional (quando evidenciada a intenção do autuado em praticar a conduta, por
ação ou omissão) ou não intencional (quando não evidenciada a intenção do
autuado), bem como, as consequências para a saúde pública e para o meio
ambiente.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 119


Voltar ao Sumário

Quanto a capacidade econômica do infrator, a indicação do valor


da multa considera, na hipótese de infrator pessoa jurídica de direito privado, a sua
receita bruta anual, segundo os critérios para fixação e cobrança da Taxa de
Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, previstos no art. 17-D da Lei 6.938/81
(Lei da Política Nacional do Meio Ambiente). Já se o infrator for pessoa física,
considera-se para fins de indicação de multa, o seu patrimônio bruto ou os
rendimentos anuais constantes da Declaração de Imposto de Renda, considerando
esta de baixa capacidade econômica quando a renda mensal seja inferior ou igual a
dois salários mínimos.

Caso o agente autuante não disponha de informações para realizar


a classificação da capacidade econômica do autuado, pode fazê-lo com base na
capacidade aparente verificada no momento da autuação, sendo permitido ao
autuado requerer a reclassificação da sua capacidade econômica mediante
comprovação documental, por ocasião da defesa.

20.2.2. Circunstâncias majorante


e atenuantes
As circunstâncias majorantes e atenuantes relacionadas à infração
são indicadas pelo agente de fiscalização no ato da lavratura do auto de infração e
da elaboração do relatório de fiscalização, as quais serão apreciadas pela Equipe
de Instrução e a autoridade julgadora, ainda que não indicadas pelo agente
autuante, e podem ser afastadas quando incabíveis ou desacompanhadas de
justificativa detalhada para sua aplicação.

São consideradas como circunstâncias atenuantes, o baixo grau de


instrução ou escolaridade do autuado; o arrependimento eficaz do autuado,
manifestado pela espontânea reparação do dano, limitação significativa da

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 120


Voltar ao Sumário

degradação ambiental causada ou apresentação de denúncia espontânea; a


comunicação prévia pelo autuado do perigo iminente de degradação ambiental; e, a
colaboração com a fiscalização, esta caracterizada pelo não oferecimento de
resistência e o livre acesso às dependências, instalações ou locais de ocorrência da
infração, bem como, a apresentação de documentos ou informações no prazo
estabelecido.

Assim, quando indicada a existência de circunstâncias


atenuantes, a autoridade julgadora reduz o valor da multa, em percentuais que
podem variar em até 50%, e quando indicada a existência de mais de uma
circunstância atenuante, será aplicada aquela de maior percentual de redução, e
não poderá ser inferior ao valor mínimo cominado para a infração, quando a multa
for aberta; e ao valor mínimo unitário cominado para a infração, quando a multa for
determinada com base em unidade de medida.

Por outro lado, há as circunstâncias majorantes, como, praticar a


infração para obter vantagem pecuniária; ter coagindo outrem para a execução
material da infração; concorrer para danos à propriedade alheia; atingir áreas
sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; em período de defeso
à fauna; em domingos ou feriados; à noite; em épocas de seca ou inundações; com
o emprego de métodos cruéis no manejo de animais; mediante fraude ou abuso de
confiança; mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização
ambiental; no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas
públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; facilitada por funcionário público no
exercício de suas funções; e, no exercício de atividades econômicas financiadas
direta ou indiretamente por verbas públicas.

A existência de circunstâncias majorantes causa o aumento do


valor da multa, em percentuais que podem chegar em até 50%, e quando houver

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 121


Voltar ao Sumário

mais de uma majorante, será aplicada aquela de maior percentual de aumento, e


não poderá ser superior ao valor máximo da multa cominado para a infração.

Importante destacar que é vedado majorar ou atenua multas


fechadas, bem como, majorar, na fase recursal, sanção decorrente de circunstância
que não tenha sido apreciada quando do julgamento do auto de infração.

20.2.3. Notificação do autuado


Após a lavratura do auto de infração, o autuado deve ser notificado
através de meios que assegurem sua inequívoca ciência, assim como de todas as
fases do processo, sob pena de gerar a nulidade ou anulabilidade do auto de
infração, dos atos subsequentes ou do próprio processo administrativo.

Entendemos que os meios de notificação devem seguir uma


obrigatória e necessária ordem cronológica, de modo que a notificação editalícia
somente pode ocorrer após exauridas todas as tentativas de localizar o autuado.
Inclusive, eventuais tentativas de notificação infrutíferas devem ser registradas e
fundamentadas no próprio processo administrativo.

A notificação do autuado, com exceção da notificação pessoal,


cabe ao superior hierárquico máximo da unidade administrativa ambiental federal, e
deve ser realizada em até 5 dias, após o recebimento do processo administrativo na
unidade. Eventuais tentativas de notificação infrutíferas devem ser sempre
registradas no processo. A seguir, vamos detalhar as formas de notificação.

A primeira notificação é pessoal, que pode ocorrer após a


lavratura do auto na presença do infrator ou, realizada por um agente ambiental,
desde que não comprometa as atividades da equipe de fiscalização. Importante
destacar, que mesmo diante da recusa em assinar o auto e seus acessórios ─ fato

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 122


Voltar ao Sumário

que é certificado pelo agente ambiental na presença de duas testemunhas ─, o


agente o entrega ao autuado, iniciando-se a contagem do prazo para o oferecimento
de defesa, a qual sobrestada até a realização da audiência de conciliação.

Já a notificação por via postal com aviso de recebimento, é


realizada quando não for possível a notificação pessoal, e é considerada válida
quando a sua devolução indicar a recusa do recebimento pelo autuado. Também
será válida, se recebida no mesmo endereço do autuado; por funcionário da portaria
responsável pelo recebimento de correspondência nos condomínios edilícios ou
loteamentos com controle de acesso; ou, quando enviada para o endereço
atualizado da pessoa jurídica.

Lado outro, se constada a devolução da notificação enviada por via


postal com aviso de recebimento porque o autuado se mudou ou seu endereço é
desconhecido, o órgão ambiental autuante realiza consulta na base de dados em
que tiver acesso e o notifica novamente no novo endereço encontrado.

Se inexitosas, o órgão ambiental pode tentar notificar o sócio, no


caso de o autuado ser a pessoa jurídica, e, inclusive, o advogado, desde que conste
nos autos procuração com outorga de poderes específicos para recebimento de
notificações.

Mas se ainda assim não for possível notificar o autuado, à


autoridade ambiental cabe proceder a notificação por edital como última instância,
em caráter excepcional, desde que fique demonstrado nos autos de forma cabal o
desconhecimento do local em que se encontra o autuado ou se este é estrangeiro
não residente e sem representante constituído no país.

Também há a possibilidade de substituir a intimação pessoal ou por


via postal com aviso de recebimento por intimação eletrônica quando houver

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 123


Voltar ao Sumário

concordância expressa do autuado e tecnologia disponível que confirme o seu


recebimento.

Importante destacar que o autuado pode indicar, a qualquer tempo,


no curso do processo, o endereço eletrônico para receber notificações, desde que
haja concordância expressa e tecnologia disponível que confirme o seu
recebimento, bem como, endereços alternativos para recebimento de
correspondências e endereço do seu procurador com poderes específicos para
recebimento de notificações.

Em qualquer dos casos, ao receber a notificação se iniciam os


prazos para a práticas dos atos processuais, cuja perda acarreta na preclusão
para sua prática e, inclusive, na revelia. Especificamente quanto à primeira defesa
(prévia ou administrativa), o prazo fica sobrestado até a data de realização da
audiência de conciliação ambiental, como veremos no próximo capítulo.

Uma observação muito importante, é que o acesso do autuado ou


de seu procurador legalmente constituído aos autos do processo administrativo
federal ambiental eletrônico é considerado comparecimento espontâneo do infrator,
dispensando a sua notificação e iniciando o prazo para oferecimento de defesa.

20.3. Audiência de conciliação


ambiental
A audiência de conciliação na seara administrativa ambiental foi
introduzida por alterações no Decreto 6.514/08, precisamente em 11 de abril de
2019, e tem como diretrizes e princípios, a informalidade e oralidade, mediante o
uso de linguagem clara, que facilite a compreensão do autuado; a imparcialidade da
equipe de condução de audiência de conciliação, garantida pela presidência do ato

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 124


Voltar ao Sumário

por servidor efetivo que não pertence aos quadros do órgão ambiental autuante;
respeito à livre autonomia do autuado, que possui liberdade para manifestar sua
vontade de conciliar; economia processual e celeridade, à vista de seu objetivo de
buscar o encerramento do processo em seu início, sempre que possível; e decisão
informada, garantida pelo conteúdo obrigatório do termo de conciliação ambiental.

Em sede federal, a audiência de conciliação ambiental é conduzida


pelo Núcleo de Conciliação Ambiental - Nucam e o seu objetivo é encerrar o
processo administrativo relativo à apuração da infração, não cabendo nela a
produção de provas pelo autuado, ressalvada as pré-constituídas.

O autuado que possui interesse em participar de audiência de


conciliação ambiental precisa comparecer à unidade do órgão ambiental indicada
na notificação, na data e horário agendados. O não comparecimento em até 15
minutos após a abertura da audiência é considerado como ausência de interesse
em conciliar e automaticamente se inicia o prazo para oferecer defesa contra o
auto de infração, salvo se justificar sua ausência.

O agendamento da audiência de conciliação é automático e pode


ocorrer no mínimo 30 dias após a autuação, para a qual o autuado é notificado pela
própria unidade administrativa responsável pela ação de fiscalização, que como
visto no capítulo anterior, pode ser no momento da lavratura do auto de infração se
estiver presente, pessoalmente ou por meio de seu representante legal, e caso se
recuse a dar ciência do auto, o agente ambiental certifica o ocorrido e subscreve na
presença de duas testemunhas.

Se não for esse o caso, o autuado será notificado do agendamento


com antecedência mínima de 5 dias por via postal com aviso de recebimento,
quando se evadir ou estiver ausente, e, em último lugar, por edital, observando-
se as hipóteses já descritas na fase vista anteriormente (notificação do autuado).

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 125


Voltar ao Sumário

Aqui um ponto de bastante atenção. Quando o autuado é notificado


do agendamento da audiência de conciliação ambiental por via postal com aviso de
recebimento ou por edital, deve manifestar sua concordância expressa com a
realização do ato, por meio eletrônico, mediante petição escrita dirigida ao órgão
ambiental, até o dia útil anterior à data agendada para a audiência.

Neste mesmo prazo, o autuado pode manifestar a sua preferência


pela realização da audiência de conciliação ambiental na modalidade presencial, a
ocorrer na mesma data e horário agendados. Contudo, na hipótese de ausência da
manifestação até o dia útil anterior à data agendada, a audiência fica dispensada,
iniciando-se o prazo para o oferecimento da defesa, independentemente de nova
intimação.

A audiência de conciliação ambiental somente pode ser


reagendada, se o autuado justificar sua ausência, mediante apresentação de prova
documental, previamente ou até 2 dias após a data da audiência. Também haverá
reagendamentos se a antecedência mínima de 5 dias para notificação do autuado
não for observada; se houver necessidade de manifestação ou instrução documental
complementar do agente autuante, indispensável à audiência; ou ainda, no caso de
necessidade de unificação da audiência de conciliação ambiental de autuações
conexas ou impossibilidade de realização por problemas técnicos ou operacionais.

Insta salientar que o Nucam, em até 2 dias após protocolo da


ausência justificada do autuado, deve proferir decisão irrecorrível e notificará o
autuado do deferimento da justificativa e da nova data da audiência de conciliação
ambiental ou do indeferimento da justificativa, constando ainda, a informação de que
o seu não comparecimento à audiência de conciliação ambiental será interpretado
como ausência de interesse em conciliar e automaticamente dará início ao prazo
para oferecimento de defesa, ou da devolução do prazo para oferecimento de

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 126


Voltar ao Sumário

defesa, contado da data em que for notificado, na hipótese de decisão posterior à


data da audiência de conciliação ambiental.

Contudo, o autuado pode previamente à realização da audiência,


optar eletronicamente por uma das soluções legais possíveis para encerrar o
processo, ou então, renunciar ao direito de participar dela até a data agendada
para sua realização, mediante ou manifestação pessoal do infrator, certificada
pelo agente de fiscalização, no ato da lavratura do auto de infração, ou, declaração
escrita, momento em que se inicia a fluência do prazo para oferecimento da defesa.

A realização da audiência de conciliação ambiental também é


dispensada se o autuado se recusar-se a dar ciência do auto de infração, mediante
certificação subscrita por duas testemunhas ou evadir-se para evitar o recebimento
da notificação do auto de infração.

Na audiência de conciliação ambiental, o autuado poderá


comparecer pessoalmente; representado ou acompanhado por procurador,
advogado ou defensor público constituído por meio de procuração pública ou
particular com poderes específicos para participar do ato e optar por uma das
soluções legais possíveis para encerrar o processo; ou acompanhado por pessoa
de sua escolha.

No caso das pessoas jurídicas autuadas, o comparecimento


pessoal se dá por meio de representante legal ou preposto munido de carta de
preposição com poderes específicos para participar do ato e optar por uma das
soluções legais possíveis para encerrar o processo.

A audiência é pública e aberta a pessoas que desejarem


assisti-la, porém, sem direito a voz, ressalvadas as hipóteses legais de sigilo. A
audiência também pode ser realizada por meio eletrônico para viabilizar a presença
do autuado com dificuldade de comparecimento, por enfermidade ou outra

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 127


Voltar ao Sumário

circunstância pessoal previamente comprovada, além de realização de audiência


complementar. Em qualquer dos casos, deve haver a concordância do autuado.

Independente do meio de sua realização, a audiência de


conciliação ambiental será reduzida a termo, certificando-se que foram explanadas
ao autuado as razões de fato e de direito que ensejaram a lavratura do auto de
infração, e de que foram apresentadas as soluções possíveis para encerrar o
processo, bem como, a manifestação do autuado sobre o interesse na conciliação.

O interesse do autuado em conciliar deve indicar a solução legal


por ele escolhida para encerrar o processo e os compromissos assumidos para o
seu cumprimento; a declaração de desistência de impugnar judicial e
administrativamente a autuação e de renúncia a quaisquer alegações de direito
sobre as quais se fundamentariam as referidas impugnações; além da assunção da
obrigação de protocolar pedido de extinção do processo com resolução do mérito
em eventuais ações judiciais propostas. Vê-se que, aceitar a conciliação não exclui
a obrigação de reparar eventual dano ambiental.

Se ausente o interesse em conciliar, o termo é lavrado para


atestar a ciência do autuado quando ao início do prazo para oferecimento de defesa
contra o auto de infração, e ainda, da decisão de homologação de eventual opção
feita pelo autuado, decisão fundamentada acerca de eventuais questões de ordem
pública, e, as providências a serem adotadas, conforme a manifestação do autuado.

Em qualquer dos casos, o termo de conciliação ambiental deve ser


lido para o autuado, que receberá uma cópia e poderá solicitar esclarecimentos
finais sobre o seu teor, de forma oral. O termo também é publicado no sítio eletrônico
do órgão ambiental autuante, no prazo de 10 dias, contado da data da realização da
audiência.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 128


Voltar ao Sumário

O termo firmado pelo autuado, seja de renúncia ou aceitação da


conciliação, possui natureza de título executivo extrajudicial e o seu
descumprimento pode acarretar em execução judicial imediata.

Concluída a audiência, os autos são encaminhados, na hipótese de


sucesso da conciliação ambiental, aos setores do órgão ambiental federal
autuante responsáveis pelo acompanhamento do cumprimento da opção feita pelo
autuado para reparação do dano ambiental e atividades a serem regularizadas. Já
na hipótese de insucesso os autos são remetidos ao setor responsável pela
instrução do processo administrativo.

Concluindo, a fluência do prazo para oferecer defesa fica suspenso


pelo agendamento da audiência de conciliação ambiental e o seu curso se inicia da
data de sua realização, porém, tal suspensão não prejudica a eficácia das medidas
administrativas cautelares eventualmente aplicadas, tais como embargos e
apreensões.

20.3.1. Opções do autuado


após a audiência de
conciliação
Ultrapassada a conciliação ambiental sem êxito em conciliar, o
autuado ainda pode optar por uma das soluções legais para encerrar o
processo, tais como, o desconto para pagamento da multa, parcelamento ou
conversão da multa em serviços de preservação, melhoria e recuperação da
qualidade do meio ambiente, conforme programa instituído no artigo 139 do Decreto
6.514/08.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 129


Voltar ao Sumário

Neste caso, não haverá audiência de conciliação e o


requerimento deve ser formulado eletronicamente, podendo ser substituído por
escrito quando, a pedido do autuado, mediante protocolo de petição ou
comparecimento à unidade do órgão ambiental federal autuante, ou a critério do
órgão ambiental federal autuante, quando indisponível a tecnologia adequada.

A opção do autuado, posterior a audiência, é analisada pelo setor


do órgão ambiental federal autuante responsável pelo seu acompanhamento,
podendo ser concedido desconto de 50%, quando o requerimento for apresentado
até a decisão de primeira instância, ou, 40%, quando o requerimento for apresentado
até a decisão de segunda instância.

20.4. Defesa administrativa


O autuado, que pode ser representado por advogado ou procurador
legalmente constituído, tem o direito de oferecer defesa ─ também chamada de
defesa prévia ou administrativa ─ contra o auto de infração, no prazo de 20 dias,
contados da data da ciência da autuação, cuja fluência do prazo fica suspensa pelo
agendamento da audiência de conciliação ambiental e o seu curso só inicia a contar
da data de sua realização.

A defesa deve ser formulada por escrito e deverá conter os fatos e


fundamentos jurídicos que contrariem o disposto no auto de infração e termos que
o acompanham, bem como, a especificação das provas que o autuado pretende
produzir a seu favor, devidamente justificadas, as quais somente podem ser
recusadas pela autoridade julgadora se ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
protelatórias, mediante decisão fundamentada.

O autuado pode protocolizar a defesa em qualquer unidade


administrativa do órgão ambiental que promoveu a autuação, que a

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 130


Voltar ao Sumário

encaminhará imediatamente à unidade responsável, podendo, inclusive, anexar


documentos, requerer diligências, perícias e fazer alegações referentes à matéria
objeto do processo, desde que não formulados fora do prazo, caso em que podem
ser desentranhados dos autos conforme decisão da autoridade ambiental
competente.

Caso a defesa oferecida apresente alguma irregularidade formal,


como por exemplo, ausência de assinatura ou de procuração outorgada a
representante, o autuado será notificado para saná-la no prazo de 15 (quinze) dias,
sob pena de não conhecimento.

Por outro lado, a defesa não será conhecida nas hipóteses de


oferecimento fora do prazo, por quem não era legitimado ou perante órgão ou
entidade ambiental incompetente.

Em relação ao infrator revel, ou seja, aquele que não apresentou


defesa alguma ─ mesmo regularmente notificado para a prática do ato ─, lhe é dado
o direito de intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que
se encontrar, não havendo qualquer impedimento legal, nem mesmo para a
interposição de recurso hierárquico, caso não precluso.

Ressalte-se que a revelia não afasta a instrução probatória dos


autos, sendo lícito ao infrator juntar documentos e pareceres, diligências e perícias,
bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo, desde que
realizadas antes da tomada da decisão.

Merece destaque, que a defesa pode ser parcial, na hipótese de


conciliação ambiental com discordância do autuado com uma ou mais medidas
administrativas cautelares e sanções aplicadas

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 131


Voltar ao Sumário

Vale ressaltar, que os atos administrativos gozam de presunção de


veracidade e legitimidade, cabendo ao autuado desconstituí-los mediante a
produção de prova inequívoca em contrário. Não basta, para sustentar a
invalidade do auto de infração, simples argumentos ou elementos incapazes de
derruir aquilo que constatado pelo agente ambiental no ato da fiscalização, tenha
sido ela in loco ou remota.

20.5. Fase instrutória


Ultrapassado o prazo para a apresentação da defesa, que como
visto anteriormente, inicia-se na data de realização da audiência de conciliação
ambiental ou de sua renúncia, o integrante da Equipe de Instrução analisa as razões
de fato e de direito que ensejaram a lavratura do auto de infração e elabora um
relatório apontando os elementos que evidenciam a autoria e a materialidade da
infração; a eventual existência de vícios sanáveis ou insanáveis; o correto
enquadramento da conduta ao tipo infracional; as razões de acolhimento ou rejeição
dos argumentos apresentados na defesa; e a proporcionalidade e razoabilidade do
valor da multa indicada.

Vale destacar, que ao autuado cabe a prova dos fatos que tenha
alegado, e quando se tratar de perícias, diligências ou outras que tenha requerido,
deverão ser produzidas às suas expensas, no prazo concedido pela autoridade
julgadora, exceto na hipótese de se encontrarem em poder do órgão responsável
pela fiscalização e autuação.

O autuado pode solicitar vistoria técnica para constatação da


existência de dano ambiental, sua abrangência e relevância, desde que o faça
com base em dados e informações consistentes, que contrariem elementos de fato
ou de direito relacionados à autuação;

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 132


Voltar ao Sumário

Também poderá requerer a oitiva de testemunhas, com a


indicação clara de sua contribuição para infirmar elementos de fato ou de direito
relacionados à autuação e o compromisso de apresentá-las no local, dia e hora
designados, e ainda, requerer perícia, cujo deferimento está condicionado ao
oferecimento de defesa prévia de laudo técnico que contrarie elementos de fato ou
de direito relacionados à autuação e da demonstração de que não há outro meio de
prova capaz de dirimir a dúvida existente.

As solicitações de produção de provas requeridas pelo autuado


podem ser recusadas pela autoridade julgadora, mediante decisão fundamentada,
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.

À autoridade julgadora cabe, caso necessário, requisitar a


produção de provas necessárias à sua convicção, bem como, parecer técnico a ser
elaborado no prazo máximo de 10 dias ─ salvo as situações devidamente
justificadas ─, ou contradita do agente autuante, no prazo de 5 dias, contados a
partir do recebimento do processo.

Para complementar, oferecida ou não a defesa administrativa, a


equipe de instrução analisa as razões de fato e de direito que ensejaram a lavratura
do auto de infração e elabora um relatório, apontando os elementos que evidenciam
a autoria e a materialidade da infração; a eventual existência de vícios sanáveis ou
insanáveis; o correto enquadramento da conduta ao tipo infracional; as razões de
acolhimento ou rejeição dos argumentos apresentados na defesa, além da
proporcionalidade e razoabilidade do valor da multa indicada.

O agente que lavrou o auto de infração, se instado, elabora a


contradita, assim compreendidas as informações e esclarecimentos prestados pelo
agente autuante necessárias à elucidação dos fatos que originaram o auto de
infração, ou das razões alegadas pelo autuado, facultado àquele, nesta fase, opinar
pelo acolhimento parcial ou total da defesa, ou no caso em que se verifique a

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 133


Voltar ao Sumário

necessidade de manifestação ou instrução documental complementar, com


especificação do ponto a ser esclarecido ou mais bem instruído.

Quando houver controvérsia jurídica ou dúvida relevante, o órgão


jurídico ligado ao órgão ambiental autuante é instado a emitir parecer fundamentado
para a motivação da decisão da autoridade julgadora. Referida consulta não pode
ser realizada para apreciar questões de fato, técnicas ou de caráter administrativo.

Encerrada a instrução, os autos do processo administrativo são


encaminhados à autoridade julgadora que notificará o autuado por via postal com
aviso de recebimento ou por outro meio válido que assegure a certeza de sua
ciência, para fins de apresentação de alegações finais no prazo de 10 dias, para
em seguida, os autos serem remetidos para julgamento.

20.6. Julgamento em 1ª
instância
Finda a instrução, a autoridade julgadora decide sobre a aplicação
das penalidades, no prazo de 30 dias, proferindo decisão de julgamento do auto de
infração, em primeira instância, mediante acolhimento total ou parcial, rejeição
ou complementação da proposta elaborada pela equipe técnica, que será parte
integrante do ato decisório. Se o acolhimento da proposta for parcial, rejeitado ou
complementado, deve ser detalhadamente fundamentado pela própria autoridade.

Impende destacar que a decisão não se vincula às sanções


aplicadas pelo agente autuante, ou ao valor da multa, podendo, em decisão
motivada, de ofício ou a requerimento do interessado, minorar, manter ou majorar o
seu valor, respeitados os limites estabelecidos na legislação ambiental.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 134


Voltar ao Sumário

Por seguinte, julgado e homologado o auto de infração, o autuado


é notificado por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que
assegure a certeza de sua ciência para pagar a multa no prazo de 5 dias, com
redução de 30% aplicável sobre o montante total acrescida correção desde a
lavratura do auto e juros a partir do inadimplemento.

Também constará na notificação, de que o valor da multa será


definitivamente constituído e incluído no cadastro informativo de créditos não
quitados do setor público federal, o famoso “Cadin”, caso não haja pagamento ou
interposição de recurso hierárquico no prazo de 20 dias.

O autuado também pode interpor recurso caso a decisão da


autoridade julgadora reconheça a nulidade do auto de infração, ocasião em que
também será notificado do prazo, e advertindo da possibilidade de restabelecimento
do auto de infração em decisão de segunda instância, caso eventualmente sejam
acolhidos os argumentos do agente autuante ou da unidade administrativa
responsável pela ação de fiscalização.

O recurso não tem efeito suspensivo, exceto na hipótese de justo


receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação, poderá a autoridade recorrida ou a
imediatamente superior, de ofício ou a pedido do recorrente, conceder efeito
suspensivo ao recurso.

Importante mencionar que quando a autoridade julgadora decidir


pela readequação ou redução em mais de 50% do valor da multa indicada, ou se a
decisão extinguir o processo, readequá-lo ou reduzir a sanção sobre o auto de
infração, cujo valor indicado tenha sido igual ou superior a 500 mil reais, deve
recorrer de ofício à autoridade superior mediante declaração na própria decisão.

Por outro lado, a autoridade ambiental não pode recorrer de ofício


contra decisão de declaração de nulidade do auto de infração, quando houver

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 135


Voltar ao Sumário

assinatura de termo de compromisso de conversão de multa ─ ainda que a decisão


tenha reduzido o valor da multa indicada ─, e nas hipóteses que extinguem a
punibilidade, tais como, reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva, morte
do autuado antes do trânsito em julgado administrativo, retratação do autuado, nos
casos admitidos e anistia.

Com efeito, muitos autuados equivocadamente alegam nulidade do


auto de infração por extrapolação do prazo de 30 dias para julgamento. No
entanto, a inobservância do prazo para julgamento não torna nula a decisão da
autoridade julgadora, nem mesmo o processo administrativo, mormente nas
situações em que não houver prejuízo ao autuado.

20.6.1. Agravamento da multa


por reincidência
Temos defendido que o agravamento da multa por reincidência é
ilegal, ante a inexistência de previsão em lei. Mas na prática, órgãos ambientais
utilizam o Decreto 6.514/08 para agravar o valor de multa ambiental quando
verificada a reincidência. Tal fato, porém, pode ser discutido na esfera judicial. E já
que é aplicado, importante mencionarmos aqui.

Pois bem. O agravamento por reincidência é aplicado no momento


do julgamento do auto de infração, considerando autos de infração já julgados com
sanção pecuniária que foi paga; está sob parcelamento; ou, que foi convertida em
serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

Quando houver mais de um auto de infração julgado, o


agravamento é realizado sobre o auto de infração que gerar uma maior elevação do
valor da multa, se diferentes; ou, sobre apenas um auto de infração, se iguais,

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 136


Voltar ao Sumário

podendo ser utilizados autos de infração confirmados por outros órgãos integrantes
do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).

A reincidência pode ser específica, assim considerado o


cometimento da mesma infração, ocasião em que a multa aplicada será elevada ao
triplo; ou, genérica, no caso de cometimento de infração distinta, cuja multa aplicada
será em dobro.

20.7. Recurso administrativo


O recurso administrativo ─ também conhecido como recurso à
autoridade superior ou hierárquico ─ cabe contra decisão de primeira instância, no
prazo de 20 dias, contado da data de ciência do autuado, e deve ser dirigido à
autoridade julgadora que proferiu a decisão, a qual poderá reconsiderá-la no
prazo de 5 dias, contado da data de recebimento dos autos, ou encaminhá-los à
autoridade superior.

Para ser admitido, o recurso deve preencher todos os requisitos,


tais como, indicação do órgão ambiental e da autoridade a que se dirige,
identificação do recorrente ou de seu representante, indicação do número do auto
de infração e do respectivo processo, endereço do recorrente, inclusive eletrônico,
ou indicação de endereço para recebimento de notificações; formulação de pedido,
exposição dos fatos e seus fundamentos, e, data e assinatura do recorrente ou do
Advogado representante.

Se não preencher os requisitos ou for interposto fora do prazo,


perante órgão incompetente, por quem não seja legitimado, depois de exaurida a
instância administrativa ou com o objetivo de discutir a multa após a assinatura de
termo de compromisso de conversão ou de parcelamento, o recurso não será
conhecido.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 137


Voltar ao Sumário

Admitido o recurso, a equipe de instrução de segunda instância


analisa as razões de fato e de direito que ensejaram a lavratura do auto de infração
e elaboram um relatório apontando os elementos que evidenciam a autoria e a
materialidade da infração, a eventual existência de vícios sanáveis ou insanáveis, o
correto enquadramento da conduta ao tipo infracional, as razões de acolhimento ou
rejeição dos argumentos apresentados no recurso, e, a proporcionalidade e
razoabilidade do valor da multa indicada.

Antes da elaboração do referido relatório, é possível,


excepcionalmente, que a equipe de instrução determine a produção de provas ou a
realização de diligências. Também é possível que o relatório da equipe de instrução
de segunda instância aponte a necessidade de aumento do valor da multa, caso em
que o autuado que interpôs o recurso será notificado para oferecer impugnação,
no prazo de 10 dias.

Em qualquer dos casos, a equipe de instrução formula uma


proposta de decisão objetivamente justificada, de confirmação ou modificação da
decisão recorrida, permitido o aumento do valor da multa, e encaminha o processo
para a autoridade julgadora competente, a qual profere decisão de julgamento do
recurso, em segunda instância, mediante acolhimento total ou parcial, rejeição ou
complementação da referida proposta, que será parte integrante do ato decisório.
Assim como na primeira instância, se o acolhimento não for total, a autoridade
julgadora deve detalhar os fundamentados da sua decisão.

Julgado o recurso, o autuado será notificado, por via postal com


aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a certeza de sua ciência,
para pagar a multa no prazo de 5 dias, advertido de que o valor da multa será
definitivamente constituído e incluído no Cadastro Informativo de créditos não
quitados do setor público federal - Cadin, caso não haja pagamento, e em seguida

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 138


Voltar ao Sumário

remetido à Procuradoria-Geral Federal para inscrição em dívida ativa e cobrança


judicial.

Importante destacar que, apesar de o Decreto 6.514/08 prever que


da decisão proferida pela autoridade superior caberá recurso ao CONAMA, no
prazo de 20 dias, há somente duas instâncias no processo administrativo
ambiental federal após a revogação do inciso III do artigo 8º da Lei 6.938/81, de
modo que, o CONAMA não detém mais competência para decidir, como terceira e
última instância administrativa em grau de recurso.

20.7.1. Pedido revisional e extinção


da punibilidade
Como visto anteriormente, do julgamento em segunda instância
não cabe mais nenhum recurso. No entanto, pode o autuado pleitear a revisão
administrativa, desde que seja fundada em fatos novos ou circunstâncias
relevantes suscetíveis de justificar a inadequação das sanções aplicadas.

Neste caso, o pedido revisional é autuado em processo


administrativo apartado, vinculado ao processo do auto de infração, competindo à
autoridade julgadora que proferiu o último julgamento a apreciação da revisão,
vedado o agravamento da pena.

Na prática, se a decisão que impôs a sanção foi da autoridade de


primeira instância e o autuado não interpôs recurso, acarretando no trânsito em
julgado do processo, caberá a esta a revisão. Já se houve recurso, o pedido
revisional deve ser dirigido à autoridade que decidiu em segunda instância.

O pedido de revisão pode ser realizado a qualquer tempo. No


entanto, se ultrapassados mais de 120 dias da ciência do julgamento definitivo pelo

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 139


Voltar ao Sumário

autuado, o pedido só será avaliado após manifestação do órgão de execução da


Procuradoria-Geral Federal.

É claro que o autuado pode, ao invés de pedir a revisão, ou no caso


desta ser negada ou indeferida, socorrer-se às vias judiciais com objetivo de
derruir o auto de infração contra si lavrado, inclusive com pedidos liminares para
suspender as penalidades eventualmente impostas, até porque, às autoridades
ambientais cabe o cumprimento das suas decisões e justamente por isso, têm
advertido os autuados que o não cumprimento das obrigações que impuser pode
acarretar multa de R$ 1.000,00 a R$ 1.000.000,00, nos termos do artigo 80 do
Decreto 6.514/0814.

Uma vez suspensas por ordem judicial, as obrigações somente


terão eficácia após o trânsito em julgado do processo judicial, ou seja, após o
esgotamento de todos os recursos, ou se revogadas durante o curso dele.

Por fim, insta salientar que há causas que extinguem a


punibilidade na esfera administrativa, tal como a prescrição da pretensão punitiva;
a morte do autuado antes do trânsito em julgado administrativo, comprovada por
certidão de óbito; a retratação do autuado, nos casos admitidos; e, a anistia. Nestes
casos, não cabe recurso de ofício, pedido de revisão, nem gera reincidência.

Contudo, ainda que seja extinta a punibilidade do infrator,


remanesce à obrigação de reparar o dano na esfera cível. Em casos de
desmatamento por exemplo, essa obrigação, lembre-se, imprescritível, será tanto
do antigo como do atual proprietário, por força de sua natureza propter rem.

14
Art. 80. Deixar de atender a exigências legais ou regulamentares quando devidamente notificado pela autoridade
ambiental competente no prazo concedido, visando à regularização, correção ou adoção de medidas de controle para
cessar a degradação ambiental: Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 140


Voltar ao Sumário

#21
Conversão da
multa

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 141


Voltar ao Sumário

21. Conversão da multa


A conversão de multa ambiental é a substituição de multa simples
por serviços de preservação, conservação da natureza, melhoria e recuperação da
qualidade do meio ambiente, e pode ser requerida em três momentos específicos:

1. na audiência de conciliação ambiental, ocasião em que será concedido


desconto de 60% sobre o valor da multa consolidada;

2. à autoridade julgadora, até a decisão de primeira instância, cujo desconto


é de 50% sobre o valor da multa consolidada; ou,

3. à autoridade superior, até a decisão de segunda instância, com desconto


de 40% também sobre o valor da multa consolidada.

São considerados serviços de preservação, melhoria e


recuperação da qualidade do meio ambiente, as ações, as atividades e as obras
incluídas em projetos com, no mínimo, um dos seguintes objetivos:

I. recuperação: de áreas degradadas para conservação da


biodiversidade e conservação e melhoria da qualidade do
meio ambiente; de processos ecológicos essenciais; c) de
vegetação nativa para proteção, e, de áreas de recarga de
aquíferos;
II. proteção e manejo de espécies da flora nativa e da fauna
silvestre;
III. monitoramento da qualidade do meio ambiente e
desenvolvimento de indicadores ambientais;
IV. mitigação ou adaptação às mudanças do clima;

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 142


Voltar ao Sumário

V. manutenção de espaços públicos que tenham como objetivo


a conservação, a proteção e a recuperação de espécies da
flora nativa ou da fauna silvestre e de áreas verdes urbanas
destinadas à proteção dos recursos hídricos;
VI. educação ambiental;
VII. promoção da regularização fundiária de unidades de
conservação;
VIII. saneamento básico;
IX. garantia da sobrevivência de espécies da flora nativa e da
fauna silvestre mantidos pelo órgão ou pela entidade federal
emissora da multa; ou
X. implantação, gestão, monitoramento e proteção de unidades
de conservação.

Requerida a conversão, a autoridade julgadora ou a autoridade


superior consideram as peculiaridades do caso concreto, os antecedentes do infrator
e o efeito dissuasório da multa ambiental, podem, em decisão motivada, deferir ou
não o pedido de conversão formulado pelo autuado. Se deferido o pedido, o
autuado irá executar um projeto para conversão da multa ambiental, que pode ser
na modalidade direta ou indireta.

Na modalidade direta, o autuado presta o serviço diretamente,


elaborando, apresentando e executando, por meios próprios, projeto que contemple
serviço de conservação, preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio
ambiente.

Na modalidade indireta, o autuado deve aderir a projeto ou parte


do projeto, chamado de cota-parte, que contemple serviço de conservação,
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 143


Voltar ao Sumário

Escolhida modalidade, o autuado e a autoridade ambiental


celebram o termo de compromisso, estabelecendo os termos da vinculação do
autuado ao objeto da conversão de multa, suspendendo a exigibilidade da multa
aplicada, e implicando na renúncia ao direito de recorrer administrativamente.

Entretanto, a celebração do termo de compromisso não põe fim ao


processo administrativo e o órgão ambiental irá monitorar e avaliar, a qualquer
tempo, o cumprimento das obrigações pactuadas. Dessa forma, a efetiva conversão
da multa se concretizará somente após a conclusão da execução do projeto, e a sua
comprovação pelo autuado, que ficará pendente de aprovação.

Em caso de descumprimento do termo de compromisso, o


autuado será inscrito em dívida ativa para cobrança da multa resultante do auto de
infração em seu valor integral, acrescido dos consectários legais incidentes, além de
ser executado judicialmente para cumprimento do dever de reparar os danos
provocados ao meio ambiente, tendo em vista seu caráter de título executivo
extrajudicial.

Por outro lado, se o pedido de conversão da multa ambiental for


indeferido, caberá recurso à autoridade julgadora ou autoridade superior,
dependendo da fase em que foi requerida a conversão. Entretanto, o autuado poderá
ingressar com uma ação judicial para que um juiz decida sobre o pedido.

Como visto, a conversão da multa ambiental em serviços de


melhoria e preservação do meio ambiente provoca um desconto no valor da multa.
Mas não se trata de uma benesse, porque tal “desconto” deve ser aplicado pelo
autuado para execução do projeto, seja na modalidade direta ou indireta.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 144


Voltar ao Sumário

#22
Fase pós
processual

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 145


Voltar ao Sumário

22. Fase pós processual


Na hipótese de homologação do auto de infração em primeira ou
julgado improvido o recurso em segunda instância administrativa, o autuado será
notificado por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que
assegure a certeza de sua ciência, para pagar a multa no prazo de 5 dias, o que
acarretará no arquivamento do processo, desde que não existam outras sanções
administrativas.

Mas, na mesma ocasião, o autuado é advertido que, caso não


efetue o pagamento, o valor da multa será incluído no cadastro informativo de
créditos não quitados do setor público federal - Cadin, e os autos remetidos à
Procuradoria-Geral Federal para inscrição em dívida ativa e posterior execução
judicial.

É nesse momento, antes de o débito ser inscrito em dívida ativa,


que o autuado pode requerer ao próprio órgão autuante, o parcelamento da
multa em até 60 parcelas mensais, cujo valor mínimo de cada parcela não poderá
ser inferior a R$ 50,00, quando o devedor for pessoa física, nem inferior a R$ 200,00,
se pessoa jurídica.

O parcelamento suspende a exigibilidade da multa e sua


consequente inscrição junto ao Cadin, enquanto devidamente cumprido, sendo
firmado em termo de compromisso de parcelamento que constitui confissão de
dívida para a exigência do valor da multa em caso de descumprimento.

Importante destacar que a falta de pagamento de duas parcelas,


consecutivas ou não, ou de uma parcela, estando pagas todas as demais, implica

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 146


Voltar ao Sumário

em na rescisão do parcelamento e sua imediata cobrança, admitindo-se um único


reparcelamento, desde que o devedor recolha 20% do total do débito.

Vale esclarecer ainda, que se a multa for inscrita em dívida ativa, o


devedor deve requerer o parcelamento ou pagamento integral ao órgão de
execução da Procuradoria-Geral Federal – PGF.

Após a execução integral das sanções aplicadas e a inscrição do


débito em dívida ativa, os autos são arquivados, mantendo-se um registro no
sistema para efeito de eventual caracterização de agravamento por reincidência.

Após definitivamente constituído o auto de infração, qualquer


pedido do autuado visando desconstituir ou modificar o julgamento é considerado
pedido de revisão, como já explicamos no capítulo anterior.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 147


Voltar ao Sumário

#23
Juros e correção
monetária da multa

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 148


Voltar ao Sumário

23. Juros e correção


monetária da multa
No âmbito dos processos administrativos sancionadores, a
obrigação de pagar a multa surge com a aplicação da sanção pecuniária ao autuado,
e com ela, os juros de mora e atualização monetária que são devidos, inclusive,
durante o trâmite do processo administrativo ambiental, por se tratarem de
consectários legais da condenação principal.

A questão que geralmente causa dúvidas, no entanto, é a data


inicial para incidência dos juros e da correção monetária, a qual não
necessariamente coincide.

Os juros sobre o valor da multa, por sua vez, incidem a partir do


dia subsequente ao vencimento do prazo assinalado para pagamento da multa, que
é de 20 dias contados da ciência do autuado. Contudo, como já explicamos nos
capítulos anteriores, o prazo para pagamento da multa e oferecimento de defesa
fica sobrestado até a data da realização da audiência de conciliação ambiental.

Dessa forma, realizada a audiência de conciliação ambiental, com


a presença ou não do autuado, inicia-se o prazo de 20 dias para oferecimento da
defesa contra o auto de infração ou pagamento da multa. Transcorrido o prazo de
seu vencimento, incidirão os juros.

Já a correção monetária incide sobre o valor da multa desde a


data da lavratura do auto de infração ambiental até o efetivo pagamento, sem
prejuízo da aplicação de juros de mora e demais encargos conforme previstos em
lei, conforme preceitua o artigo 133 do Decreto 6.514/08.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 149


Voltar ao Sumário

Com efeito, a apresentação de defesa ou a interposição de recurso


administrativo, dilatando o trânsito em julgado, na seara administrativa, apenas têm
o efeito de prolongar a suspensão da exigibilidade do crédito, mas não afastam a
incidência dos juros e correção monetária, se ao final do processo a sanção de
multa for mantida.

Por fim, fazemos uma importante ressalva. Nos casos em que o


infrator não contribuiu, em momento algum, para a demora no julgamento da sua
defesa ou recurso administrativo, e consequente, para a finalização do processo
administrativo, a correção monetária e os juros de mora devem ser minorados.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 150


Voltar ao Sumário

#24
Efeitos do não
pagamento da
multa

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 151


Voltar ao Sumário

24. O que acontece se o


infrator não pagar a
multa ambiental
Essa é uma das principais dúvidas do autuado. Na hipótese de
homologação do auto de infração ambiental em primeira instância ou julgado
improvido o recurso hierárquico, o autuado será notificado por via postal com aviso
de recebimento ou outro meio válido que assegure a certeza de sua ciência, para
pagar a multa em um determinado prazo, geralmente de 5 dias.

Efetuado o pagamento da multa ambiental pelo autuado, o


processo administrativo será arquivado, desde que não existam outras sanções
administrativas. Em se tratando de multas ambientais aplicadas pelo IBAMA, quando
notificado, o autuado também é advertido que, caso não efetue o pagamento, o
valor da multa será incluído no cadastro informativo de créditos não quitados do
setor público federal – Cadin.

E ainda, fica advertido que, não efetuado o pagamento da multa


ambiental, os autos serão remetidos à Procuradoria-Geral Federal para inscrição em
dívida ativa e posterior execução judicial para cobrança da multa ambiental. O
procedimento segue o mesmo roteiro quando as multas ambientais forem aplicadas
por órgão ambientais Estaduais e Municipais, sendo os débitos inscritos em suas
repartições e cobradas por seus respectivos corpos jurídicos.

Em alguns Estados, as dívidas oriundas de infrações ambientais


não pagas até o vencimento, e após inscritas em dívida ativa, são encaminhadas
aos cartórios de protesto, objetivando agilidade na cobrança da multa. Com o

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 152


Voltar ao Sumário

protesto do valor da multa ambiental, o infrator, pessoa física ou jurídica, pode não
conseguir empréstimos, financiamentos, crediários e outras operações bancárias.

Neste caso, havendo o protesto e não concordando com o débito


originado da multa, ou ainda, em casos de inscrição no Cadin, o autuado pode
ajuizar a competente ação para suspender os efeitos do protesto ou inscrição e
buscar a nulidade ou anulação do auto de infração ambiental e seu respectivo
processo administrativo ambiental.

O autuado também pode requerer o parcelamento da multa


ambiental. Todavia, é importante que o autuado solicite o parcelamento antes de o
débito ser inscrito em dívida ativa, o que deve fazer ao próprio órgão autuante, assim
como em âmbito estadual e municipal. Em qualquer dos casos, o parcelamento,
enquanto devidamente cumprido, suspende a exigibilidade da multa ambiental,
protesto ou inscrição no Cadin, constituindo-se confissão de dívida para a exigência
do valor da multa em caso de descumprimento.

Após inscritas em dívida ativa de multas federais, o devedor deve


requerer o parcelamento ou pagamento integral ao órgão de execução da
Procuradoria-Geral Federal – PGF. Da mesma forma, os Estados contam com as
Procuradorias Gerais Estaduais e os Municípios com as Procuradorias Gerais
Municipais, que dentre tantas outras atribuições, são as responsáveis por cobrar,
inclusive judicialmente, os créditos de suas respectivas Fazendas Públicas.

Em resumo, após transitado em julgado o processo administrativo


ambiental, o autuado é notificado para pagamento do valor consolidado da multa, e
não o fazendo, será inscrito em dívida ativa, podendo ser protestado, e,
posteriormente, cobrado judicialmente. Caso não concorde com a aplicação da
multa, o autuado/infrator pode ajuizar a competente ação judicial para
desconstituir o auto de infração ambiental ou seu processo administrativo.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 153


Voltar ao Sumário

#25
Vício sanável e
vício insanável

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 154


Voltar ao Sumário

25. Vícios sanáveis e


insanáveis
Os vícios de um auto de infração ambiental são divididos em vício
insanável e vício sanável, que nada mais são do que falhas cometidas pela
Administração Pública na lavratura do auto e que acarretam na sua anulação ou
nulidade, cujos efeitos são os mesmos: o arquivamento dos autos do processo
administrativo sem imposição de sanções, mas sempre mediante
pronunciamento do órgão jurídico que atua junto à respectiva unidade administrativa
da entidade responsável pela autuação.

Se o auto de infração apresentar vício sanável, como por exemplo,


erro no enquadramento legal da infração ou referência inexata do ano de publicação
de uma lei, pode, a qualquer tempo, ser convalidado de ofício pela autoridade
julgadora, desde que não tenha causado prejuízo ao autuado.

Se tal constatação de vício decorra da alegação do autuado, o


procedimento será anulado a partir da fase processual em que o vício foi
produzido, reabrindo-se novo prazo para defesa ou prática de qualquer outro ato
necessário, aproveitando-se os atos regularmente produzidos até então.

Por outro lado, se o auto de infração contiver vício insanável, ou


seja, aquele cuja a correção da autuação implica modificação do fato descrito no
auto de infração, deverá ser declarado nulo pela autoridade julgadora competente,
e consequentemente arquivado.

Tal modificação do fato descrito no auto de infração (vício


insanável), implica, por exemplo, quando houver a alteração da infração

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 155


Voltar ao Sumário

administrativa ambiental imputada ao autuado durante o processo administrativo,


diferenciando-se do erro no enquadramento (vício sanável), conquanto este apenas
inobservou o correto dispositivo a ser indicado, mas descreveu a conduta
adequadamente.

A importância de verificar a existência de vícios sanáveis ou


insanáveis está ligada diretamente à garantia constitucional do pleno exercício do
contraditório e à ampla defesa, pois, cediço, o autuado somente poderá exercer sua
defesa de forma justa e adequada, se souber com precisão e segurança, qual a
conduta que lhe é imputada.

Desse modo, caso o auto de infração ambiental contenha vício


insanável, deverá ser declarado nulo, e eventuais sanções administrativas já
aplicadas, tais como, embargo suspensão de atividades ou apreensão de bens ou
animais, não poderão ser exigidas, pois se tratam de medidas acessórias ao auto
de infração que sucumbem com ele.

25.1. Defesa direta e indireta


Há duas formas de o autuado se defender em um processo
administrativo ambiental: direta ou indiretamente.

A primeira é a defesa direta, na qual o autuado comprova que não


houve dano ou que a conduta é atípica. Atípica, por exemplo, é quando o autuado
possui a competente licença para desmatamento, porém, é sofre a autuação. Neste
caso, apresentada a licença ao órgão que lavrou o auto de infração ambiental, há
de ser reconhecida a atipicidade da conduta e consequente arquivamento do auto.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 156


Voltar ao Sumário

A segunda, é a defesa indireta - acrescente-se uma pitada ardilosa


-, na qual o autuado busca desconstituir o auto de infração por vícios no auto de
infração ambiental e no processo administrativo.

25.2. Causas de anulação,


nulidade e redução
Vícios quando da lavratura do auto de infração ambiental ou
durante o processo administrativo são comuns, podendo causar a anulação (vício
sanável), nulidade dos atos administrativos (vício insanável) e até mesmo a redução
do valor da multa. Na prática, destacamos os mais comuns:

25.2.1. Ofensa aos princípios da Administração


Pública
O direito administrativo ambiental é solidificado sobre os princípios,
de modo que qualquer ato administrativo que se desencontre de deles será
necessariamente inválido.

25.2.2. Incompetência
É caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais
do agente que o praticou, porém pode ser convalidado se o agente competente
assim o declarar.

25.2.3. Ilegitimidade
É nulo o auto de infração ambiental lavrado contra terceiro, pois a
responsabilidade administrativa é exclusiva do infrator, não sendo possível a
aplicação de nenhuma sanção a terceiros que não tenham concorrido para o dano
ambiental.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 157


Voltar ao Sumário

25.2.4. Finalidade
O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato
visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de
competência (não aceita convalidação, sendo insanável).

25.2.5. Forma
O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta
ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato (admite
convalidação, considerando a gravidade ou não do vício, sendo sanável).

25.2.6. Motivo ou causa


A inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou
direito, em que se fundamentou o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente
inadequada ao resultado obtido (insanável).

25.2.7. Objeto ou conteúdo


A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa
em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo (insanável).

25.2.8. Ausência de motivação da decisão


A autoridade ambiental deve demonstrar em sua decisão
sancionadora, que os pressupostos do auto de infração realmente existiram,
tornando-se necessária ao ato administrativo para assegurar o pleno exercício do
direito do contraditório e da ampla defesa, com observância do devido processo
legal, como garantias constitucionalmente consagradas.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 158


Voltar ao Sumário

25.2.9. Multa aplicada com base em portaria,


resolução ou decreto
Somente a lei pode estabelecer sanção administrativa, estando
condenadas todas as penalidades oriundas de atos normativos que não se
constituam em lei em sentido formal.

25.2.10. Ausência de autoria


A responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva, ou seja,
exige demonstração de que a conduta foi cometida pelo infrator, além de prova do
nexo causal entre o comportamento e o dano.

25.2.11. Cerceamento de defesa


O julgamento de um auto de infração ambiental sem a observância
plena dos direitos do autuado, representa cerceamento de defesa e ofensa aos
princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo
legal.

25.2.12. Atipicidade da conduta


É necessário que a conduta do infrator seja juridicamente relevante,
a fim de ter lesionado o bem jurídico tutelado, ao passo que, condutas consideradas
irrelevantes ou insignificantes, não são capazes de materializar o fato típico,
afastando a lesividade e tornando o fato atípico.

25.2.13. Ausência de intimação para


apresentação de alegações finais
É um direito do autuado previsto em lei e sua ausência caracteriza
a nulidade do auto de infração.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 159


Voltar ao Sumário

25.2.14. Prescrição da pretensão punitiva


Prescreve em 05 anos ou no prazo previsto na lei penal quando a
infração também constituir crime ambiental, contados da data da prática do ato ou,
em sendo infração permanente, do dia em que tiver cessado, a ação da
administração para apurar a prática dos atos infracionais ambientais.

25.2.15. Prescrição intercorrente


Incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de
infração paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho;

25.2.16. Prescrição da pretensão punitiva na


modalidade intercorrente
Ocorre no prazo de 5 anos ou no prazo previsto na lei penal quando
a infração administrativa também constituir crime ambiental, após instaurado o
processo administrativo, se ausente qualquer ato inequívoco da administração que
importe apuração do fato.

25.2.17. Auto de infração ambiental lavrado por


ocupante de cargo comissionado
Não sendo titular de função ou cargo público investido por concurso
público, o ocupante de cargo comissionado não detém competência ou atribuição
para lavrar auto de infração ambiental;

25.2.18. Modificação do fato


Haverá nulidade do auto a modificação do fato descrito pelo agente
ambiental no auto de infração, não passível de convalidação.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 160


Voltar ao Sumário

25.2.19. Erro ao notificar prazo de recurso


Não basta publicar a decisão final de um processo administrativo
no Diário Oficial, é preciso também enviar a intimação com o prazo recursal para o
endereço do interessado, sob pena de violação das garantias do devido processo
legal e da ampla defesa.

25.2.20. Intimação do autuado por edital


Constitui exceção à regra, somente cabível quando frustrada a
notificação por via postal com aviso de recebimento, pessoal ou quando o autuado
estiver em lugar incerto e não sabido, sob pena de acarretar nulidade do processo
administrativo.

25.2.21. Não indicação do dispositivo violado


O auto de infração deve indica os respectivos dispositivos legais e
regulamentares infringidos.

25.2.22. Ausência da base de cálculo


A ausência de descrição dos parâmetros ou da base de cálculo
utilizada para a dosimetria da multa configura nulidade.

25.2.23. Ausência de descrição clara e objetiva


da infração
O auto de infração deve conter a descrição clara e objetiva das
infrações administrativas constatadas, não devendo conter emendas ou rasuras, sob
pena de comprometer sua validade.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 161


Voltar ao Sumário

25.2.24. Auto de infração que descreve conduta


diversa
O auto de infração que descreve conduta não condizente com a
norma identificada como transgredida não possui validade e carece de anulação,
pois dificulta o direito à ampla defesa e ofende ao contraditório.

25.2.25. Descrição genérica no auto de infração


É insubsistente o auto de infração que descreve a condutas
infracional de forma genérica, sem a adequada individualização da irregularidade
perpetrada, na medida em que viola os preceitos constitucionais do contraditório e
ampla defesa, ao inviabilizar a possibilidade do particular exercer o seu direito de
defesa.

25.2.26. Ausência dos elementos da infração


Se os elementos essenciais à configuração da infração
administrativa não se encontram presentes como prevê a legislação, não se pode
tipificar a conduta, configurando, portanto, a nulidade do auto de infração.

25.2.27. Multa ambiental aberta


O valor da multa ambienta deve obedecer o mínimo de R$ 50,00 e
o máximo de R$ 50.000.000,00, conforme expressa previsão do artigo 75 da Lei
9.605/98, por força do princípio da legalidade, afigurando-se ilegal os valores
previstos no Decreto 6.514/08.

25.2.28. Ilegalidade no agravamento de multa


O agravamento da multa por reincidência previsto no Decreto
6.514/08 é ilegal, ante a inexistência de previsão na Lei Federal 9.605/08.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 162


Voltar ao Sumário

#26
A esfera judicial

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 163


Voltar ao Sumário

26. A esfera judicial


É pacífico na jurisprudência o entendimento no sentido de que,
muito embora o Poder Judiciário não possa adentrar no mérito do ato administrativo,
isto é, proceder a incursão no mérito e rever os critérios de avaliação, pode e deve
proceder ao exame de sua legalidade, em perfeita consonância ao que dispõe o art.
5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988, ao assegurar que a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

É dizer, não cabe ao Judiciário se imiscuir em questões de


conveniência, oportunidade e justiça na aplicação da penalidade, mas é seu dever
revisar o ato administrativo sempre que detectado o descabimento da sanção ou
irregularidades que suprimiram direitos e garantias do autuado.

Dito isto, após receber a notificação da lavratura de auto de infração


ambiental e instauração do processo administrativo, o autuado pode (i) apresentar
defesa administrativa ou pagar a multa, ou, (ii) ingressar com uma ação judicial
buscando a desconstituição do auto. Aqui vale lembrar, que não se exige o
esgotamento da via administrativa para propositura da demanda judicial.

Pois bem. Estrategicamente, sugerimos esgotar a via


administrativa (primeira e segunda instância), e somente então, caso seja mantida
e imposta a penalidade administrativa, buscar a tutela jurisdicional.

Essa estratégia, em um primeiro momento está ligada aos elevados


custos de um processo judicial. Caso o autuado não seja beneficiário da justiça
gratuita, terá que arcar com as custas iniciais do processo, além de outras despesas
que podem surgir durante o trâmite processual, tais como, perícia, diligências,
custas complementares, etc.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 164


Voltar ao Sumário

E, se ao final, sobrevir sentença de improcedência, o autuado ainda


será condenado ao pagamento de honorários sucumbenciais, devidos pela parte
sucumbente (quem perde) ao advogado da parte vencedora, neste caso, geralmente
à Procuradoria da Fazenda Pública.

Caso opte por recorrer, o autuado também deverá recolher o


“preparo”, ou seja, custas recursais, e aqueles honorários sucumbenciais, caso seja
mantida a sentença, serão majorados.

Justamente por isso, recomenda-se o esgotamento da esfera


administrativa, para somente então, caso seja mantido o auto de infração, ingressar
com a ação judicial cabível, até porque, muitas vezes, as teses defensivas para
judicialização logo após a autuação são frágeis e até por vezes inconcebíveis. É aí
que entra uma estratégia ardilosa: a defesa indireta.

Temos convencionado chamar de “defesa indireta” o esgotamento


de todas as defesas e recursos na esfera administrativa, aguardando que a
Administração Pública cometa um equívoco para que se declare a nulidade ou
anulabilidade do processo administrativo.

No entanto, se constatado ter o processo administrativo


transcorrido regularmente, com estrita observância às garantias do devido processo
legal, não será possível eventual correção judicial. Vale ressaltar que, a revisão das
provas do processo administrativo não pode sofrer intervenção do Poder Judiciário,
sob pena de violação ao princípio da separação dos poderes, por representar
evidente análise do mérito administrativo.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 165


Voltar ao Sumário

#27
Orientações gerais
ao autuado

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 166


Voltar ao Sumário

27. Resumo do processo e


orientações gerais
O processo administrativo federal para apuração de infrações
ambientais e aplicação das respectivas sanções e medidas acautelatórias é
disciplinado, principalmente, pelas Leis 9.605/98 e 9.784/99, pelo Decreto 6.514/08
e pela Instrução Normativa Conjunta MMA/Ibama/ICMBio 01/2021.

Após lavratura do auto de infração, o autuado pode participar da


audiência de conciliação ambiental, em data e horário agendados, com a
finalidade de encerrar o processo, e caso exitosa a conciliação, deve optar pelo
pagamento, parcelamento ou conversão da multa em serviços de preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental. Caso não possa participar da
audiência, deve apresentar justificativa de sua ausência, acompanhada da
respectiva prova, no prazo de dois dias, contado da data agendada para a audiência.

O insucesso na audiência de conciliação ou o não comparecimento


do autuado a ela dá início ao prazo de 20 dias para apresentação da defesa.
Nesse mesmo prazo, o autuado pode pagar a multa com o desconto de 30%.

Ao apresentar defesa, o autuado deve demonstrar, através de


documentos hábeis, as suas alegações para desconstituir ou demonstrar que a
infração não existiu, podendo requerer a produção de provas, justificando-as e
demonstrando a sua necessidade para o esclarecimento dos fatos, mas as
impertinentes, desnecessárias ou protelatórias podem ser indeferidas.

Encerrada a fase de produção de provas, o autuado é notificado


para se manifestar em alegações finais, no prazo de 10 dias, por via postal com
aviso de recebimento ou por outro meio válido que assegure a certeza.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 167


Voltar ao Sumário

Após o prazo de apresentação da defesa, e antes do trânsito em


julgado, o autuado pode requerer, a qualquer momento, o pagamento da multa
com 30% de desconto, inclusive para fins de parcelamento.

O autuado também pode optar, antes do julgamento definitivo,


inclusive por meio eletrônico, pelo pagamento, parcelamento ou conversão da multa
em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio
ambiente, com desconto de 60%, 50% ou 40%, a depender do momento do pedido.

No caso de insucesso da conciliação, independentemente da


apresentação de defesa ou do pagamento da multa, o auto de infração será julgado
em primeira instância. Dessa decisão cabe recurso no prazo de 20 dias.

Após o julgamento definitivo do auto de infração, o pagamento de


multa pode ser realizado no prazo de 5 dias com desconto de 30%. Após esse prazo
não cabe mais o desconto e o débito é inscrito no CADIN após 75 dias do trânsito
em julgado administrativo. Após a inscrição em dívida ativa, a concessão do
parcelamento cabe à Procuradoria-Geral Federal - PGF.

Tendo sido realizada apreensão de produtos, subprodutos,


instrumentos e veículos, estes são destinados conforme decisão da autoridade
competente do órgão ambiental. Caso o autuado seja designado depositário dos
bens, deve guardá-los em perfeito estado, não podendo fazer uso, salvo o uso lícito
de veículos e embarcações pelo próprio autuado. Ao ser notificado para apresentá-
los ao órgão autuante, o autuado deve fazê-lo imediatamente. No caso de veículos,
há comunicação ao Detran para o bloqueio da transferência.

Havendo aplicação de pena de demolição ou tratando-se de


apreensão de substâncias ou produtos tóxicos, perigosos ou nocivos à saúde
humana ou ao meio ambiente, o autuado deve arcar com os custos das medidas a
serem adotadas.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 168


Voltar ao Sumário

Tendo a área ou atividade e seus respectivos locais sido


embargados, o autuado deve cumprir o embargo, não podendo realizar qualquer
atividade sem prévia e expressa autorização do órgão ambiental autuante. O mesmo
se aplica à suspensão de venda ou fabricação de produto e à suspensão parcial ou
total de atividade.

O não cumprimento destas medidas administrativas implica em


crime de desobediência e o cometimento de nova infração que ensejará a
lavratura de novo auto de infração e a prática de nova infração ambiental pelo
mesmo infrator, no período de 5 anos, implica no agravamento da multa, que será
aplicada em dobro ou triplo.

Registrando-se a ocorrência de danos ambientais a serem


recuperados, o autuado deve promover a reparação ou regularização no órgão
ambiental responsável pelo licenciamento da atividade ou do empreendimento, sob
pena de ser demandado na via judicial para cumprimento da obrigação e ser autuado
por deixar de atender a exigências legais ou regulamentares quando devidamente
notificado pela autoridade ambiental competente no prazo concedido.

Se o local de residência do autuado não for atendido por serviço


regular dos Correios, as intimações relativas ao processo de apuração de infração
ambiental poderão ser realizadas por edital, salvo se ele indicar, no ato do
recebimento da sua via do auto de infração, endereço atendido pelo serviço regular
dos Correios ou endereço eletrônico, no qual possa ser notificado.

O autuado, seus advogados e terceiros têm assegurado o direito


de acesso aos autos do processo administrativo federal ambiental eletrônico,
que será disponibilizado pelo órgão ambiental federal autuante por meio da
concessão de acesso externo ao sistema de informações SEI.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 169


Voltar ao Sumário

#28
Infrações
administrativas

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 170


Voltar ao Sumário

28. Infrações ambientais -


Decreto 6.514/08
Das Infrações Contra a Fauna

Art. 24. Matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar, utilizar espécimes da fauna
silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou
autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Multa de:

I - R$ 500,00 (quinhentos reais) por indivíduo de espécie não constante de listas


oficiais de risco ou ameaça de extinção;

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais
de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da Convenção de Comércio
Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de
Extinção - CITES.

§ 1o As multas serão aplicadas em dobro se a infração for praticada com finalidade


de obter vantagem pecuniária.

§ 2o Na impossibilidade de aplicação do critério de unidade por espécime para a


fixação da multa, aplicar-se-á o valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por quilograma
ou fração.

§ 3o Incorre nas mesmas multas:

I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo


com a obtida;

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 171


Voltar ao Sumário

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; ou

III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou
depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa
ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de
criadouros não autorizados, sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade ambiental competente ou em desacordo com a obtida.

§ 4o No caso de guarda doméstica de espécime silvestre não considerada


ameaçada de extinção, pode a autoridade competente, considerando as
circunstâncias, deixar de aplicar a multa, em analogia ao disposto no § 2o do art. 29
da Lei no 9.605, de 1998.

§ 5o No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar


de aplicar as sanções previstas neste Decreto, quando o agente espontaneamente
entregar os animais ao órgão ambiental competente.

§ 6o Caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscalizatório esteja em


desacordo com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o agente
autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da fiscalização.

§ 7o São espécimes da fauna silvestre, para os efeitos deste Decreto, todos os


organismos incluídos no reino animal, pertencentes às espécies nativas, migratórias
e quaisquer outras não exóticas, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte
de seu ciclo original de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro ou
em águas jurisdicionais brasileiras.

§ 8o A coleta de material destinado a fins científicos somente é considerada


infração, nos termos deste artigo, quando se caracterizar, pelo seu resultado, como
danosa ao meio ambiente.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 172


Voltar ao Sumário

§ 9o A autoridade julgadora poderá, considerando a natureza dos animais, em razão


de seu pequeno porte, aplicar multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
100.000,00 (cem mil reais) quando a contagem individual for de difícil execução ou
quando, nesta situação, ocorrendo a contagem individual, a multa final restar
desproporcional em relação à gravidade da infração e a capacidade econômica do
infrator.

Art. 25. Introduzir espécime animal silvestre, nativo ou exótico, no País ou


fora de sua área de distribuição natural, sem parecer técnico oficial favorável
e licença expedida pela autoridade ambiental competente, quando
exigível:

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de:

I - R$ 200,00 (duzentos reais), por indivíduo de espécie não constante em listas


oficiais de espécies em risco ou ameaçadas de extinção;

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais
de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da CITES.

§ 1o Entende-se por introdução de espécime animal no País, além do ato de


ingresso nas fronteiras nacionais, a guarda e manutenção continuada a qualquer
tempo.

§ 2o Incorre nas mesmas penas quem reintroduz na natureza espécime da fauna


silvestre sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade
ambiental competente, quando exigível.

Art. 26. Exportar peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem


autorização da autoridade competente:

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo de:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 173


Voltar ao Sumário

I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade não constante em listas oficiais de


espécies em risco ou ameaçadas de extinção; ou

II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade constante de listas oficiais de fauna
brasileira ameaçada de extinção, inclusive da CITES.

Parágrafo único. Caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscalizatório


esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o
agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da
fiscalização.

Art. 27. Praticar caça profissional no País:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com acréscimo de:

I - R$ 500,00 (quinhentos reais), por indivíduo capturado; ou

II - R$ 10.000,00 (dez mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais
de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da CITES.

Art. 28. Comercializar produtos, instrumentos e objetos que impliquem a


caça, perseguição, destruição ou apanha de espécimes da fauna silvestre:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), com acréscimo de R$ 200,00 (duzentos reais), por
unidade excedente.

Art. 29. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais) por indivíduo.

Art. 30. Molestar de forma intencional qualquer espécie de cetáceo, pinípede


ou sirênio em águas jurisdicionais brasileiras:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 174


Voltar ao Sumário

Multa de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

Art. 31. Deixar, o jardim zoológico e os criadouros autorizados, de ter o livro


de registro do acervo faunístico ou mantê-lo de forma irregular:

Multa de R$ 500,00 a R$ 5.000,00 (mil reais).

Parágrafo único. Incorre na mesma multa quem deixa de manter registro de acervo
faunístico e movimentação de plantel em sistemas informatizados de controle de
fauna ou fornece dados inconsistentes ou fraudados.

Art. 32. Deixar, o comerciante, de apresentar declaração de estoque e valores


oriundos de comércio de animais silvestres:

Multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Art. 33. Explorar ou fazer uso comercial de imagem de animal silvestre


mantido irregularmente em cativeiro ou em situação de abuso ou maus-tratos:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica ao uso de imagem para fins
jornalísticos, informativos, acadêmicos, de pesquisas científicas e educacionais.

Art. 34. Causar degradação em viveiros, açudes ou estação de aqüicultura de


domínio público:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Art. 35. Pescar em período ou local no qual a pesca seja proibida:

Multa de R$ 700,00 (setecentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), com


acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais), por quilo ou fração do produto da pescaria, ou
por espécime quando se tratar de produto de pesca para uso ornamental.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 175


Voltar ao Sumário

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:

I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos


inferiores aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas ou mediante a utilização de


aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da


coleta, apanha e pesca proibida;

IV - transporta, conserva, beneficia, descaracteriza, industrializa ou comercializa


pescados ou produtos originados da pesca, sem comprovante de origem ou
autorização do órgão competente;

V - captura, extrai, coleta, transporta, comercializa ou exporta espécimes de


espécies ornamentais oriundos da pesca, sem autorização do órgão competente ou
em desacordo com a obtida; e

VI - deixa de apresentar declaração de estoque.

Art. 36. Pescar mediante a utilização de explosivos ou substâncias que, em


contato com a água, produzam efeitos semelhantes, ou substâncias tóxicas,
ou ainda, por outro meio proibido pela autoridade competente:

Multa de R$ 700,00 (setecentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), com


acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais), por quilo ou fração do produto da pescaria.

Art. 37. Exercer a pesca sem prévio cadastro, inscrição, autorização, licença,
permissão ou registro do órgão competente, ou em desacordo com o obtido:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 176


Voltar ao Sumário

Multa de R$ 300,00 (trezentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), com acréscimo
de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou fração do produto da pesca, ou por espécime
quando se tratar de produto de pesca para ornamentação.

Parágrafo único. Caso a quantidade ou espécie constatada no ato fiscalizatório


esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade ambiental competente, o
agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do objeto da
fiscalização.

Art. 38. Importar ou exportar quaisquer espécies aquáticas, em qualquer estágio


de desenvolvimento, bem como introduzir espécies nativas, exóticas ou não
autóctones em águas jurisdicionais brasileiras, sem autorização ou licença do
órgão competente, ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), com
acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou fração do produto da pescaria, ou
por espécime quando se tratar de espécies aquáticas, oriundas de produto de pesca
para ornamentação.

§ 1o Incorre na mesma multa quem introduzir espécies nativas ou exóticas em


águas jurisdicionais brasileiras, sem autorização do órgão competente, ou em
desacordo com a obtida.

§ 2o A multa de que trata o caput será aplicada em dobro se houver dano ou


destruição de recife de coral.

Art. 39. Explorar campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, bem


como recifes de coral sem autorização do órgão ambiental competente ou em
desacordo com a obtida:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), com


acréscimo de R$ 20,00 (vinte reais) por quilo ou espécime do produto.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 177


Voltar ao Sumário

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:

I - utiliza, comercializa ou armazena invertebrados aquáticos, algas, ou recifes de


coral ou subprodutos destes sem autorização do órgão competente ou em
desacordo com a obtida; e

II - fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de


moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 40. A comercialização do produto da pesca de que trata esta Subseção


agravará a penalidade da respectiva infração quando esta incidir
sobre espécies sobreexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação, conforme
regulamento do órgão ambiental competente, com o acréscimo de:

I - R$ 40,00 (quarenta reais) por quilo ou fração do produto da pesca de espécie


constante das listas oficiais brasileiras de espécies ameaçadas de sobreexplotação;
ou

II - R$ 60,00 (sessenta reais) por quilo ou fração do produto da pesca de espécie


constante das listas oficiais brasileiras de espécies sobreexplotadas.

Art. 41. Deixar, os comandantes de embarcações destinadas à pesca, de


preencher e entregar, ao fim de cada viagem ou semanalmente, os mapas
fornecidos pelo órgão competente:

Multa: R$ 1.000,00 (mil reais).

Art. 42. Para os efeitos deste Decreto, considera-se pesca todo ato tendente a
extrair, retirar, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos
dos peixes, crustáceos, moluscos aquáticos e vegetais hidróbios suscetíveis
ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de
extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 178


Voltar ao Sumário

Parágrafo único. Entende-se por ato tendente à pesca aquele em que o infrator
esteja munido, equipado ou armado com petrechos de pesca, na área de pesca ou
dirigindo-se a ela.

Das Infrações Contra a Flora

Art. 43. Destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural


ou utilizá-las com infringência das normas de proteção em área considerada
de preservação permanente, sem autorização do órgão competente, quando
exigível, ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por
hectare ou fração.

Art. 44. Cortar árvores em área considerada de preservação permanente ou


cuja espécie seja especialmente protegida, sem permissão da autoridade
competente:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por hectare
ou fração, ou R$ 500,00 (quinhentos reais) por árvore, metro cúbico ou fração.

Art. 45. Extrair de florestas de domínio público ou áreas de preservação


permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de
minerais:

Multa simples de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais)
por hectare ou fração.

Art. 46. Transformar madeira oriunda de floresta ou demais formas de


vegetação nativa em carvão, para fins industriais, energéticos ou para
qualquer outra exploração, econômica ou não, sem licença ou em desacordo
com as determinações legais:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 179


Voltar ao Sumário

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por metro cúbico de carvão-mdc.

Art. 47. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira


serrada ou em tora, lenha, carvão ou outros produtos de origem vegetal, sem
exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade
competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final
beneficiamento:

Multa de R$ 300,00 (trezentos reais) por unidade, estéreo, quilo, mdc ou metro
cúbico aferido pelo método geométrico.

§ 1o Incorre nas mesmas multas quem vende, expõe à venda, tem em depósito,
transporta ou guarda madeira, lenha, carvão ou outros produtos de origem vegetal,
sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada
pela autoridade competente ou em desacordo com a obtida.

§ 2o Considera-se licença válida para todo o tempo da viagem ou do


armazenamento aquela cuja autenticidade seja confirmada pelos sistemas de
controle eletrônico oficiais, inclusive no que diz respeito à quantidade e espécie
autorizada para transporte e armazenamento.

§ 3o Nas infrações de transporte, caso a quantidade ou espécie constatada no ato


fiscalizatório esteja em desacordo com o autorizado pela autoridade ambiental
competente, o agente autuante promoverá a autuação considerando a totalidade do
objeto da fiscalização.

§ 4o Para as demais infrações previstas neste artigo, o agente autuante promoverá


a autuação considerando o volume integral de madeira, lenha, carvão ou outros
produtos de origem vegetal que não guarde correspondência com aquele autorizado
pela autoridade ambiental competente, em razão da quantidade ou
espécie.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 180


Voltar ao Sumário

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas ou demais


formas de vegetação nativa em unidades de conservação ou outras áreas
especialmente protegidas, quando couber, área de preservação permanente,
reserva legal ou demais locais cuja regeneração tenha sido indicada pela
autoridade ambiental competente:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por hectare ou fração.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica para o uso permitido das áreas
de preservação permanente.

Art. 49. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa,


objeto de especial preservação, não passíveis de autorização para exploração
ou supressão:

Multa de R$ 6.000,00 (seis mil reis) por hectare ou fração.

Parágrafo único. A multa será acrescida de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou
fração quando a situação prevista no caput se der em detrimento de vegetação
primária ou secundária no estágio avançado ou médio de regeneração do bioma
Mata Atlântica.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou


de espécies nativas plantadas, objeto de especial preservação, sem
autorização ou licença da autoridade ambiental competente:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração.

§ 1o A multa será acrescida de R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou fração


quando a situação prevista no caput se der em detrimento de vegetação secundária
no estágio inicial de regeneração do bioma Mata Atlântica.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 181


Voltar ao Sumário

§ 2o Para os fins dispostos no art. 49 e no caput deste artigo, são consideradas de


especial preservação as florestas e demais formas de vegetação nativa que tenham
regime jurídico próprio e especial de conservação ou preservação definido pela
legislação.

Art. 51. Destruir, desmatar, danificar ou explorar floresta ou qualquer tipo de


vegetação nativa ou de espécies nativas plantadas, em área de reserva legal
ou servidão florestal, de domínio público ou privado, sem autorização prévia
do órgão ambiental competente ou em desacordo com a concedida:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração.

Art. 51-A. Executar manejo florestal sem autorização prévia do órgão


ambiental competente, sem observar os requisitos técnicos estabelecidos em
PMFS ou em desacordo com a autorização concedida:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou fração.

Art. 52. Desmatar, a corte raso, florestas ou demais formações nativas, fora
da reserva legal, sem autorização da autoridade competente:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) por hectare ou fração.

Art. 53. Explorar ou danificar floresta ou qualquer tipo de vegetação nativa ou


de espécies nativas plantadas, localizada fora de área de reserva legal
averbada, de domínio público ou privado, sem aprovação prévia do órgão
ambiental competente ou em desacordo com a concedida:

Multa de R$ 300,00 (trezentos reais), por hectare ou fração, ou por unidade, estéreo,
quilo, mdc ou metro cúbico.

Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem deixa de cumprir a reposição
florestal obrigatória.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 182


Voltar ao Sumário

Art. 54. Adquirir, intermediar, transportar ou comercializar produto ou


subproduto de origem animal ou vegetal produzido sobre área objeto de
embargo:

Multa de R$ R$ 500,00 (quinhentos reais) por quilograma ou unidade.

Parágrafo único. A aplicação do disposto neste artigo dependerá de prévia


divulgação dos dados do imóvel rural, da área ou local embargado e do respectivo
titular de que trata o § 1o do art. 18 e estará limitada à área onde efetivamente
ocorreu o ilícito.

Art. 55. Deixar de averbar a reserva legal:

Penalidade de advertência e multa diária de R$ 50,00 (cinqüenta reais) a R$ 500,00


(quinhentos reais) por hectare ou fração da área de reserva legal.

§ 1o O autuado será advertido para que, no prazo de cento e oitenta dias, apresente
termo de compromisso de regularização da reserva legal na forma das alternativas
previstas na Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965..

§ 2o Durante o período previsto no § 1o, a multa diária será suspensa.

§ 3o Caso o autuado não apresente o termo de compromisso previsto no § 1o nos


cento e vinte dias assinalados, deverá a autoridade ambiental cobrar a multa diária
desde o dia da lavratura do auto de infração, na forma estipulada neste
Decreto.

§ 4o As sanções previstas neste artigo não serão aplicadas quando o prazo previsto
não for cumprido por culpa imputável exclusivamente ao órgão ambiental.

§ 5o O proprietário ou possuidor terá prazo de cento e vinte dias para averbar a


localização, compensação ou desoneração da reserva legal, contados da emissão

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 183


Voltar ao Sumário

dos documentos por parte do órgão ambiental competente ou instituição


habilitada.

§ 6º No prazo a que se refere o § 5º, as sanções previstas neste artigo não serão
aplicadas.

Art. 56. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio,
plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada
alheia:

Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$1.000,00 (mil reais) por unidade ou metro
quadrado.

Art. 57. Comercializar, portar ou utilizar em floresta ou demais formas de


vegetação, motosserra sem licença ou registro da autoridade ambiental
competente:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por unidade.

Art. 58. Fazer uso de fogo em áreas agropastoris sem autorização do órgão
competente ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por hectare ou fração.

Art. 59. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
qualquer tipo de assentamento humano:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), por unidade.

Art. 60. As sanções administrativas previstas nesta Subseção serão


aumentadas pela metade quando:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 184


Voltar ao Sumário

I - ressalvados os casos previstos nos arts. 46 e 58, a infração for consumada


mediante uso de fogo ou provocação de incêndio; e

II - a vegetação destruída, danificada, utilizada ou explorada contiver espécies


ameaçadas de extinção, constantes de lista oficial.

Art. 60-A. Nas hipóteses previstas nos arts. 50, 51, 52 e 53, em se tratando de
espécies nativas plantadas, a autorização de corte poderá ser substituída pelo
protocolo do pedido junto ao órgão ambiental competente, caso em que este
será instado pelo agente ambiental a fazer as necessárias verificações quanto
à real origem do material.

Das Infrações Relativas à Poluição

e outras Infrações Ambientais

Art. 61. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade
de animais ou a destruição significativa da biodiversidade:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de


reais).

Parágrafo único. As multas e demais penalidades de que trata o caput serão


aplicadas após laudo técnico elaborado pelo órgão ambiental competente,
identificando a dimensão do dano decorrente da infração e em conformidade com a
gradação do impacto.

Art. 62. Incorre nas mesmas multas do art. 61 quem:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para ocupação humana;

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 185


Voltar ao Sumário

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea,


dos habitantes das áreas afetadas ou que provoque, de forma recorrente,
significativo desconforto respiratório ou olfativo devidamente atestado pelo agente
autuante;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento


público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias pelo lançamento de substâncias,


efluentes, carreamento de materiais ou uso indevido dos recursos naturais;

V - lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óleos ou substâncias


oleosas em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou atos normativos;

VI - deixar, aquele que tem obrigação, de dar destinação ambientalmente adequada


a produtos, subprodutos, embalagens, resíduos ou substâncias quando assim
determinar a lei ou ato normativo;

VII - deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de


precaução ou contenção em caso de risco ou de dano ambiental grave ou
irreversível; e

VIII - provocar pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais o


perecimento de espécimes da biodiversidade.

IX - lançar resíduos sólidos ou rejeitos em praias, no mar ou quaisquer recursos


hídricos;

X - lançar resíduos sólidos ou rejeitos in natura a céu aberto, excetuados os


resíduos de mineração;

XI - queimar resíduos sólidos ou rejeitos a céu aberto ou em recipientes, instalações


e equipamentos não licenciados para a atividade;

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 186


Voltar ao Sumário

XII - descumprir obrigação prevista no sistema de logística reversa implantado nos


termos da Lei no 12.305, de 2010, consoante as responsabilidades específicas
estabelecidas para o referido sistema;

XIII - deixar de segregar resíduos sólidos na forma estabelecida para a coleta


seletiva, quando a referida coleta for instituída pelo titular do serviço público de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;

XIV - destinar resíduos sólidos urbanos à recuperação energética em


desconformidade com o § 1o do art. 9o da Lei no 12.305, de 2010, e respectivo
regulamento;

XV - deixar de manter atualizadas e disponíveis ao órgão municipal competente e a


outras autoridades informações completas sobre a realização das ações do sistema
de logística reversa sobre sua responsabilidade;

XVI - não manter atualizadas e disponíveis ao órgão municipal competente, ao


órgão licenciador do SISNAMA e a outras autoridades, informações completas sobre
a implementação e a operacionalização do plano de gerenciamento de resíduos
sólidos sob sua responsabilidade; e

XVII - deixar de atender às regras sobre registro, gerenciamento e informação


previstos no § 2º do art. 39 da Lei nº 12.305, de 2010.

§ 1o As multas de que tratam os incisos I a XI deste artigo serão aplicadas após


laudo de constatação.

§ 2o Os consumidores que descumprirem as respectivas obrigações previstas nos


sistemas de logística reversa e de coleta seletiva estarão sujeitos à penalidade de
advertência.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 187


Voltar ao Sumário

§ 3o No caso de reincidência no cometimento da infração prevista no § 2o, poderá ser


aplicada a penalidade de multa, no valor de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$ 500,00
(quinhentos reais).

§ 4o A multa simples a que se refere o § 3o pode ser convertida em serviços de


preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

§ 5o Não estão compreendidas na infração do inciso IX as atividades de


deslocamento de material do leito de corpos d’água por meio de dragagem,
devidamente licenciado ou aprovado.

§ 6o As bacias de decantação de resíduos ou rejeitos industriais ou de mineração,


devidamente licenciadas pelo órgão competente do SISNAMA, não são
consideradas corpos hídricos para efeitos do disposto no inciso IX.

Parágrafo único. As multas de que trata este artigo e demais penalidades serão
aplicadas após laudo de constatação.

Art. 63. Executar pesquisa, lavra ou extração de minerais sem a competente


autorização, permissão, concessão ou licença da autoridade ambiental
competente ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), por
hectare ou fração.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem deixa de recuperar a área
pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença,
concessão ou determinação do órgão ambiental competente.

Art. 64. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar,


fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou
substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente,

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 188


Voltar ao Sumário

em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou em seus


regulamentos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

§ 1o Incorre nas mesmas penas quem abandona os produtos ou substâncias


referidas no caput, descarta de forma irregular ou os utiliza em desacordo com as
normas de segurança.

§ 2o Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a multa é aumentada


ao quíntuplo.

Art. 65. Deixar, o fabricante de veículos ou motores, de cumprir os requisitos


de garantia ao atendimento dos limites vigentes de emissão de poluentes
atmosféricos e de ruído, durante os prazos e quilometragens previstos na
legislação:

Multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar


estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos
ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença
ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a
licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos
pertinentes:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:

I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabelecimento, obra ou


serviço sujeito a licenciamento ambiental localizado em unidade de conservação ou

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 189


Voltar ao Sumário

em sua zona de amortecimento, ou em áreas de proteção de mananciais legalmente


estabelecidas, sem anuência do respectivo órgão gestor; e

II - deixa de atender a condicionantes estabelecidas na licença ambiental.

Art. 67. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à
fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais).

Art. 68. Conduzir, permitir ou autorizar a condução de veículo automotor em


desacordo com os limites e exigências ambientais previstos na legislação:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Art. 69. Importar ou comercializar veículo automotor sem Licença para Uso da
Configuração de Veículos ou Motor - LCVM expedida pela autoridade
competente:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) e


correção de todas as unidades de veículo ou motor que sofrerem alterações.

Art. 70. Importar pneu usado ou reformado em desacordo com a legislação:

Multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais), por unidade.

§ 1o Incorre na mesma multa quem comercializa, transporta, armazena, guarda ou


mantém em depósito pneu usado ou reformado, importado nessas condições.

§ 2o Ficam isentas do pagamento da multa a que se refere este artigo as importações


de pneumáticos reformados classificados nas NCM 4012.1100, 4012.1200, 4012.1300
e 4012.1900, procedentes dos Estados Partes do MERCOSUL, ao amparo do Acordo
de Complementação Econômica no 18.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 190


Voltar ao Sumário

Art. 71. Alterar ou promover a conversão de qualquer item em veículos ou


motores novos ou usados que provoque alterações nos limites e exigências
ambientais previstas na legislação:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), por veículo, e
correção da irregularidade.

Art. 71-A. Importar resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem como os


resíduos sólidos cujas características causem dano ao meio ambiente, à
saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que para tratamento,
reforma, reuso, reutilização ou recuperação:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de


reais).

Das Infrações Contra o Ordenamento Urbano

e o Patrimônio Cultural

Art. 72. Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; ou

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar


protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Art. 73. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente


protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor
paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso,
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 191


Voltar ao Sumário

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

Art. 74. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno,


assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico,
turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou
monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo
com a concedida:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 75. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação alheia ou
monumento urbano:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).

Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada, a multa


é aplicada em dobro.

Das Infrações Administrativas Contra

a Administração Ambiental

Art. 76. Deixar de inscrever-se no Cadastro Técnico Federal de que trata


o art.17 da Lei 6.938, de 1981:

Multa de:

I - R$ 50,00 (cinqüenta reais), se pessoa física;

II - R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), se microempresa;

III - R$ 900,00 (novecentos reais), se empresa de pequeno porte;

IV - R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), se empresa de médio porte; e

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 192


Voltar ao Sumário

V - R$ 9.000,00 (nove mil reais), se empresa de grande porte.

Art. 77. Obstar ou dificultar a ação do Poder Público no exercício de atividades de


fiscalização ambiental:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 78. Obstar ou dificultar a ação do órgão ambiental, ou de terceiro por ele
encarregado, na coleta de dados para a execução de georreferenciamento de
imóveis rurais para fins de fiscalização:

Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (trezentos reais) por hectare do imóvel.

Art. 79. Descumprir embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 80. Deixar de atender a exigências legais ou regulamentares quando


devidamente notificado pela autoridade ambiental competente no prazo
concedido, visando à regularização, correção ou adoção de medidas de
controle para cessar a degradação ambiental:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Art. 81. Deixar de apresentar relatórios ou informações ambientais nos prazos


exigidos pela legislação ou, quando aplicável, naquele determinado pela
autoridade ambiental:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 82. Elaborar ou apresentar informação, estudo, laudo ou relatório


ambiental total ou parcialmente falso, enganoso ou omisso, seja nos sistemas
oficiais de controle, seja no licenciamento, na concessão florestal ou em
qualquer outro procedimento administrativo ambiental:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 193


Voltar ao Sumário

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de


reais).

Art. 83. Deixar de cumprir compensação ambiental determinada por lei, na


forma e no prazo exigidos pela autoridade ambiental:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Das Infrações Cometidas Exclusivamente

em Unidades de Conservação

Art. 84. Introduzir em unidade de conservação espécies alóctones:

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de proteção ambiental, as


florestas nacionais, as reservas extrativistas e as reservas de desenvolvimento
sustentável, bem como os animais e plantas necessários à administração e às
atividades das demais categorias de unidades de conservação, de acordo com o
que se dispuser em regulamento e no plano de manejo da unidade.

§ 2o Nas áreas particulares localizadas em refúgios de vida silvestre, monumentos


naturais e reservas particulares do patrimônio natural podem ser criados animais
domésticos e cultivadas plantas considerados compatíveis com as finalidades da
unidade, de acordo com o que dispuser o seu plano de manejo.

Art. 85. Violar as limitações administrativas provisórias impostas às


atividades efetiva ou potencialmente causadoras de degradação ambiental nas
áreas delimitadas para realização de estudos com vistas à criação de unidade
de conservação:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 194


Voltar ao Sumário

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de


reais).

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem explora a corte raso a floresta
ou outras formas de vegetação nativa nas áreas definidas no caput.

Art. 86. Realizar pesquisa científica, envolvendo ou não coleta de material


biológico, em unidade de conservação sem a devida autorização, quando esta
for exigível:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

§ 1o A multa será aplicada em dobro caso as atividades de pesquisa coloquem em


risco demográfico as espécies integrantes dos ecossistemas protegidos.

§ 2o Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de proteção ambiental e


reservas particulares do patrimônio natural, quando as atividades de pesquisa
científica não envolverem a coleta de material biológico.

Art. 87. Explorar comercialmente produtos ou subprodutos não madeireiros,


ou ainda serviços obtidos ou desenvolvidos a partir de recursos naturais,
biológicos, cênicos ou culturais em unidade de conservação sem autorização
ou permissão do órgão gestor da unidade ou em desacordo com a obtida,
quando esta for exigível:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de proteção


ambiental e reservas particulares do patrimônio natural.

Art. 88. Explorar ou fazer uso comercial de imagem de unidade de


conservação sem autorização do órgão gestor da unidade ou em desacordo
com a recebida:

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 195


Voltar ao Sumário

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo as áreas de proteção


ambiental e reservas particulares do patrimônio natural.

Art. 89. Realizar liberação planejada ou cultivo de organismos geneticamente


modificados em áreas de proteção ambiental, ou zonas de amortecimento das
demais categorias de unidades de conservação, em desacordo com o
estabelecido em seus respectivos planos de manejo, regulamentos ou
recomendações da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio:

Multa R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

§ 1o A multa será aumentada ao triplo se o ato ocorrer no interior de unidade de


conservação de proteção integral.

§ 2o A multa será aumentado ao quádruplo se o organismo geneticamente


modificado, liberado ou cultivado irregularmente em unidade de conservação,
possuir na área ancestral direto ou parente silvestre ou se representar risco à
biodiversidade.

§ 3o O Poder Executivo estabelecerá os limites para o plantio de organismos


geneticamente modificados nas áreas que circundam as unidades de conservação
até que seja fixada sua zona de amortecimento e aprovado o seu respectivo plano
de manejo.

Art. 90. Realizar quaisquer atividades ou adotar conduta em desacordo com


os objetivos da unidade de conservação, o seu plano de manejo e
regulamentos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 196


Voltar ao Sumário

Art. 91. Causar dano à unidade de conservação:

Multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 92. Penetrar em unidade de conservação conduzindo substâncias ou


instrumentos próprios para caça, pesca ou para exploração de produtos ou
subprodutos florestais e minerais, sem licença da autoridade competente,
quando esta for exigível:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem penetrar em unidade de


conservação cuja visitação pública ou permanência sejam vedadas pelas normas
aplicáveis ou ocorram em desacordo com a licença da autoridade competente.

Cláudio Farenzena | Advogado especialista em Direito Ambiental 197


SANTA CATARINA
Av. Eng. Max de Souza, 906, Coqueiros
Florianópolis/SC, CEP 88.080-000

DISTRITO FEDERAL
Av. SGAN, 915, Módulo G, SGAN, Asa Norte
Brasília/DF, CEP 70.790-156

Telefone e WhatsApp Business


(48) 3211-8488

www.advambiental.com.br
contato@advambiental.com.br
Processo Administrativo Ambiental na Prática
3º Edição. 2021

Copyright © Todos os direitos reservados.

Você também pode gostar