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ESTRUTURA DE POPULAÇÕES

E MANEJO SUSTENTÁVEL DE
FAUNA NA NATUREZA EM
SEMILIBERDADE
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ESTRUTURA DE POPULAÇÕES E MANEJO


SUSTENTÁVEL DE FAUNA NA NATUREZA EM
SEMILIBERDADE
ESTRUTURA DE POPULAÇÕES
CONCEITOS
DEFININDO UM INDIVÍDUO: ORGANISMOS UNITÁRIOS E MODULARES
Diferentes formas de conceituar o termo população podem ser encontradas nos livros didáticos. Esta varia-
ção, em geral, depende da área de formação de cada autor. Assim, podemos conceituar populações como:
“aquela em que apresenta indivíduos de uma mesma espécie dentro de uma dada área, ou, aquela que está sob
investigação”.
As fronteiras de uma população podem ser: naturais, em função dos limites geográficos de um hábitat; ou defi-
nida arbitrariamente pelo pesquisador. Contar o número de organismos de uma população nem sempre é uma
tarefa fácil. Comumente, consideramos um ser vivo como um indivíduo ou espécime. Ambos os termos podem
ser empregados.
Aqui, faremos uso do termo indivíduo. Os indivíduos de uma população podem ser classificados de duas formas.
Os organismos podem ser unitários ou modulares. Os organismos conhecidos como unitários são caracterizados
por um indivíduo bem definido. Mas o que vem a ser de fato um organismo bem definido? O que caracteriza um
indivíduo unitário? Um organismo unitário é aquele que é possível de ser contado sem nenhuma dúvida. Em
geral, as partes do seu corpo são numericamente definidas, não havendo variação. Por exemplo, uma floresta
pegou fogo na sua região. Você foi designado para investigar o tamanho da população de um mamífero qualquer
morto. Ao sair para contar esses animais, você teria condições de definir quantos indivíduos tinham na área
apenas pela contagem do número de crânios. Por outro lado, os organismos conhecidos como modulares são
mais difíceis de serem estabelecidos. Vá a essa mesma floresta, e a partir do número de ramos ou troncos de
uma dada espécie de planta, defina quantas eram! Isto não é possível, pois um indivíduo de uma planta poderia
ter o número variável de troncos e ramos. Várias plantas emitem troncos que saem do solo, que na verdade são
ramos. Assim, elas poderão existir como “genets” (indivíduo original) e “módulos” (derivados do original).

Fonte: Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/Livro_4/1-Ecologia_de_Populacoes_e_Comunidades.


pdf

A população está sob a constante influência de vários fatores. Dentre eles, podemos citar os nascimen-
tos e mortes, além dos movimentos realizados pelos organismos. O número de indivíduos de uma população
irá variar em função da disponibilidade de alimento, predadores, locais para a reprodução, além de vários
fatores ecológicos dentro do habitat.
A estrutura populacional de uma espécie, isto é, o conjunto de suas características genéticas e demo-
gráficas, é resultado da ação e das interações de uma série de mecanismos evolutivos e ecológicos.
Os processos ligados ao número de nascimentos, mortes e movimentos dos animais variam em relação
às interações dos indivíduos com os seus ambientes.
estrutura de populações e manejo sustentável de fauna na natureza em semiliberdade 3

Os processos populacionais têm grande participação em diferentes aspectos da evolução das espé-
cies. Esses processos estão em íntima relação com mecanismos de seleção natural, atuando também na
regulação da estrutura das comunidades e no funcionamento dos ecossistemas.
Densidade de populações, sendo definido como o número de indivíduos em uma determinada área,
ou seja, é o tamanho da população em relação a alguma unidade de espaço. Geralmente é avaliada e expressa
como o número de indivíduos ou a biomassa da população por unidade de área e de volume.
Quatro fatores influenciam a densidade:

IMIGRAÇÃO: NÚMERO DE INDIVÍDUOS QUE, VINDOS DE OUTRAS


ÁREAS, ENTRAM NA POPULAÇÃO;
EMIGRAÇÃO: NÚMERO DE INDIVÍDUOS QUE SAEM DA POPULA-
ÇÃO;
NATALIDADE: NÚMERO DE INDIVÍDUOS QUE NASCEM POR UNI-
DADE DE TEMPO;
MORTALIDADE: NÚMERO DE INDIVÍDUOS QUE MORREM.
Os padrões de dispersão das espécies — ou padrões de distribuição — referem-se a como os
indivíduos de uma população estão distribuídos no espaço em um eterminado momento.
Os organismos individuais que compõem uma população podem estar espaçados mais ou menos
igualitariamente, dispersos aleatoriamente sem nenhum padrão previsível ou aglomerados em grupos.

MANEJO DE SUSTENTÁVEL DE FAUNA


CONCEITO
Podemos compreender o conceito de manejo em termos do grau de influência humana num sistema
ecológico. Há ações humanas que incidem no controle de fatores como o favorecimento de nascimentos em
uma população ou, por outro lado, o controle do número de mortes. Todo cuidado deve ser tomado quando
se pretende manejar populações de uma espécie.
O manejo sustentável de fauna é a intervenção humana de forma sistemática, visando manter e recu-
perar populações silvestres em cativeiro para diminuir a pressão de retirada de espécies da natureza, ofer-
tando à sociedade animais com origem legal, dentro do princípio da sustentabilidade. O Manejo de fauna em
cativeiro é a intervenção humana de forma sistemática, visando manter e recuperar populações silvestres
em cativeiro para diminuir a pressão de retirada de espécies da natureza, ofertando à sociedade animais
com origem legal, dentro do princípio da sustentabilidade
O processo de tomada de decisões acerca da conservação e manejo da nossa fauna silvestre tem tido
como base dois preceitos fundamentais: a suficiência da biologia e a autoridade do especialista.
Os organismos individuais que compõem uma população podem estar espaçados mais ou menos
igualitariamente, dispersos aleatoriamente sem nenhum padrão previsível ou aglomerados em grupos.
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PRINCÍPIOS DE MANEJO SUSTENTÁVEL


O crescimento de uma população é determinado pela sua relação com os recursos do qual necessita.
Esta relação muitas vezes está intimamente ligada à disponibilidade de alimento, mas também está rela-
cionada a outros recursos necessários como abrigo, local de acasalamento, parceiro para acasalar, espaço,
corpos d’água etc.
Atividades de manejo geralmente implicam na alteração da taxa de crescimento (ou tamanho) popu-
lacional, seja aumentando-o (manejo para a conservação ou exploração) seja reduzindo-o (manejo para
controle).
Quando os recursos necessários para o crescimento de uma população encontram-se em disponibi-
lidade ilimitada (teoricamente), ela pode crescer indefinidamente em sua taxa intrínseca de crescimento
populacional. Porém, quando há competição entre indivíduos pelo uso dos recursos necessários para esta
população ela cresce até atingir o nível em que os recursos passam a ser limitantes para o seu crescimento
e, estabiliza neste nível.
Esta interrupção no crescimento populacional é causada pelo aumento da mortalidade ou pelo decrés-
cimo da natalidade (ou ambos) com o aumento da densidade populacional. As causas dessas mudanças são
chamadas de fatores dependentes de densidade. Quando os recursos limitantes são consumíveis, o tamanho
populacional tende a crescer e decrescer variando com a disponibilidade deste recurso.
A técnica mais simples que se pode ser utilizada para se alcançar o manejo sustentável de uma espé-
cie, caso esteja sendo manejada para controle ou produção, é a remoção de parte da população no mesmo
percentual de sua taxa de crescimento.

EXEMPLO: SE UMA POPULAÇÃO DE 200 INDIVÍDUOS CRESCE PARA 240


EM UM ANO (CRESCEU 20%), EXTRAI-SE 40 ANIMAIS (20%) DESSA
POPULAÇÃO.
Pode-se concluir que, quanto maior é a taxa de crescimento de uma população, maior o percentual
da mesma que se pode explorar. Uma população deve ser estimulada a crescer caso aumente-se o volume
de recursos essenciais disponíveis para os animais.
A forma mais fácil de aumentar a disponibilidade de recursos para cada indivíduo é a remoção de
uma parcela dessa população. Cada indivíduo que permanece na população passa a ter mais recursos a
seu dispor e a consequência é o aumento da fertilidade e redução na mortalidade, especialmente em jovens.
Também podemos concluir que, quanto menor for o tamanho populacional, maior será o volume de
recursos disponíveis para cada indivíduo e maior será a taxa de crescimento populacional. Portanto, maior
será a taxa de exploração sustentável possível de submeter essa população. Assim, população pequena
cresce muito e pode ser submetida a uma alta taxa de exploração. O inverso também é verdadeiro.
Entretanto, não é interessante explorar muito de uma população pequena, nem pouco de uma popu-
lação grande. Em ambos os casos a produção é pequena. A produção máxima sustentável (PMS) de uma
população encontra-se em um ponto intermediário entre estes dois extremos.
Também é importante perceber que, para se obter uma determinada produção sustentável (dada em
número de animais abatidos), existem dois possíveis tamanhos de população (fora a PMS).

EXEMPLO: UMA PEQUENA POPULAÇÃO DE 100 ANIMAIS, QUE


APRESENTA UMA ALTA TAXA DE CRESCIMENTO DE 50% PRODUZIRÁ
OS MESMOS 50 ANIMAIS QUE UMA POPULAÇÃO DE 1000 ANIMAIS, QUE
estrutura de populações e manejo sustentável de fauna na natureza em semiliberdade 5

APRESENTA UMA BAIXA TAXA DE CRESCIMENTO DE 5%.


Ainda que seja a maneira mais fácil e confiável de se explorar uma população de uma maneira sus-
tentável, a utilização da taxa de crescimento populacional como única ferramenta para a escolha da taxa
de abate, pode levar à subexploração desta população.
Por outro lado, explorar uma população na sua PMS é muito arriscado e pode levar a população à extin-
ção, caso o ambiente não esteja construído no seu máximo de produção ou algum erro tenha sido cometido
no cálculo do tamanho populacional.
Geralmente, é mais confiável de se explorar uma população a uma taxa de abate fora da PMS. Uma
margem de 25% é recomendável.
Levando-se em consideração que existem dois tamanhos populacionais possíveis para se atingir uma
mesma produção sustentável, é recomendável o uso do tamanho superior. Manter a população a números
mais elevados reduz o risco de a população ser levada à extinção, bem como facilita a captura dos animais.

UTILIZANDO O EXEMPLO ANTERIOR, É BEM MAIS FÁCIL CAPTURAR 50


ANIMAIS DE UMA POPULAÇÃO DE 1000 DO QUE DE UMA POPULAÇÃO DE
100.
Uma população que não vem sendo explorada há muitos anos e que se encontra estável apresenta
uma taxa de crescimento igual a zero. A menos que essa população seja estimulada a crescer, ela não pode
ser explorada. Como já foi visto, a melhor maneira de estimular uma população a crescer é remover uma
parcela dessa população, isso é conhecido por “redução de capital”. Após a remoção, a população volta
a crescer. Portanto, para populações que apresentam crescimento zero é necessário, primeiro, aplicar
uma redução de capital para estimulá-la a crescer e, só então, passar a manejá-la de maneira sustentável.
É importante perceber que a exploração sustentável de uma população animal tem objetivos con-
trastantes com o manejo de uma população-problema. A exploração sustentável visa a maximização da
produção animal que é representada em números de animais extraídos da população. Para tal, ela busca o
aumento do crescimento populacional a um nível que maximize o número de animais produzidos por uma
dada população.
Por outro lado, o manejo da população problema visa a redução do dano por ela causado. Os objetivos
técnicos do manejo da população problema devem ser explicitados clara e adequadamente. O sucesso de
sua implementação tem que ser medido como percentual da redução do dano causado pela espécie e não,
em termos do número de animais extraídos da população-problema.
O manejo da população-problema pode ser necessário para populações que se encontre fora de seu
sistema normal ou fora do seu tamanho desejável.

INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA Nº 07 (30/04/2015)


Institui e normatiza as categorias de uso e manejo da fauna silvestre em cativeiro, e define,
no âmbito do IBAMA, os procedimentos autorizativos para as categorias estabelecidas.
Art. 1º Instituir e normatizar as categorias de uso e manejo da fauna silvestre em cativeiro,
visando atender às finalidades socioculturais, de pesquisa científica, de conservação, de
exposição, de manutenção, de criação, de reprodução, de comercialização, de abate e de
beneficiamento de produtos e subprodutos, constantes do Cadastro Técnico Federal de Ati-
vidades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Naturais - CTF
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[...]
Art. 3º Ficam estabelecidas exclusivamente as seguintes categorias uso e manejo da fauna
silvestre em cativeiro para fins desta Instrução Normativa:
Centro de Triagem de fauna silveste;
Centro de Reabilitação de Fauna Silvestre;
Comerciante de animais vivos da fauna silvestre;
Comerciante de partes produtos ou subprodutos da fauna;
Criadouro científico para fins de conservação;
Criadouro científico para fins de pesquisa;
Criadouro comercial;
Mantenedouro da fauna silvestre;
Matadouro, abatedouro e frigorífico;
Jardim zoológico;

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