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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE BIOLOGIA
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA MARINHA

DANIEL VEREZA SEGALOT

BEM-ESTAR E COMPORTAMENTO DE PEIXES ORNAMENTAIS COM ÊNFASE


EM Betta splendens

NITERÓI/RJ
2023
DANIEL VEREZA SEGALOT

BEM-ESTAR E COMPORTAMENTO DE PEIXES ORNAMENTAIS COM ÊNFASE


EM Betta splendens

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de
Graduação em Ciências Biológicas
da Universidade Federal
Fluminense, como requisito
parcial à obtenção do título de
Bacharel em Ciências Biológicas.

Orientadores: Dr. Róberson Sakabe - MZO/UFF


Dra. Elisabete Barbarino -GBM/UFF

NITERÓI/RJ
2023

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DANIEL VEREZA SEGALOT

BEM-ESTAR E COMPORTAMENTO DE PEIXES ORNAMENTAIS COM ÊNFASE


EM Betta splendens

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de
Graduação em Ciências Biológicas
da Universidade Federal
Fluminense, como requisito
parcial à obtenção do título de
Bacharel em Ciências Biológicas.

Aprovada em _______ de _____.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________
Dr. Roberson Sakabe - Universidade Federal Fluminense
(Presidente)

___________________________________________________________________
Dr. Cassiano Monteiro Neto - Universidade Federal Fluminense
(Membro Titular)

___________________________________________________________________
Dr. Tailan Moretti Mattos - Universidade Federal Fluminense
(Membro Titular)

___________________________________________________________________
Dra. Andressa da Silva Formigoni - Universidade Federal Fluminense
(Membro Suplente)

NITERÓI/RJ
2023

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer à minha família, principalmente ao meu pai Leandro


e minha mãe Lilian, por sempre estarem do meu lado, independentemente do que
aconteça, por mais difícil que seja o momento, sei que posso contar com eles, e aos
meus avós por sempre estarem fazendo tudo o possível para me auxiliar nessa
trajetória na minha vida.

Preciso muito agradecer a todos os meus amigos, porque sem eles, essa trajetória
com certeza seria extremamente complicada para mim, essa amizade incondicional
que todos eles têm por mim é um grande pilar que eu carrego na minha vida.

Gostaria também de agradecer à minha namorada Isabella, que sempre me apoiou


em tudo que eu faço, sou muito grato por tê-la na minha vida.

Além disso, também gostaria de agradecer aos professores que passaram pela
minha vida e despertaram ainda mais o desejo que eu tinha de seguir o caminho da
biologia para minha vida, sempre enriquecendo meu conhecimento e meu processo
de aprendizado.

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1. Resumo

Considerado dentre os organismos mais utilizados como animais de estimação, os


peixes ornamentais estão entre os mais empregados em todo o mundo,
compreendendo mais de 100 países que os comercializam. Cerca de 4.000
espécies de água doce e 1.400 espécies de água marinha, movimentam um
mercado que pode render aproximadamente 15 bilhões de dólares ao ano. O cultivo
desses organismos é realizado de diversas maneiras, podendo ser em aquários,
caixas d’água, tanques de alvenaria, até em viveiros de terra escavados. É um
grande desafio para os produtores de peixes ornamentais darem a devida atenção
que os animais necessitam, além disso, para os aquaristas, existe pouquíssima
informação sobre as espécies de peixes separadamente e como devem ser os
cuidados para com cada uma delas. Dentre os fatores que são comumente
estudados e que influenciam a produção desses peixes e garantem bem-estar,
podemos citar, a qualidade da água, tais como o nível de pH, a quantidade de algas
e bactérias presentes, a quantidade de espaços de esconderijo para os animais se
sentirem seguros, nutrição dos animais, presença de predadores, e diversos outros
fatores que alteram tanto o bem-estar quanto o comportamento de cada animal. O
Betta splendens é uma das espécies mais comercializadas no cenário mundial e
devido à grande importância desse animal no meio da aquicultura ornamental, e a
limitada quantidade de informações mediante ao tema sobre os cuidados com esses
peixes. O trabalho realizado busca abordar temas como nutrição adequada para os
Betta splendens, estresse nesses animais e fatores de qualidade da água, para
suprir a necessidade da quantidade limitada de informações disponíveis mediante os
assuntos.

Palavras-chave: aquariofilia, piscicultura ornamental, estresse, doenças, cuidados.

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2. Abstract

Considered among the most commonly used organisms as pets, ornamental fish are
among the most widely traded worldwide, encompassing over 100 countries involved
in their commercialization. Around 4,000 species of freshwater and 1,400 species of
marine fish make up a market that can generate approximately $15 billion annually.
The cultivation of these organisms is carried out in various ways, ranging from
aquariums, water tanks, masonry tanks, to excavated land ponds. Providing the
necessary attention that these animals require is a major challenge for ornamental
fish producers. Additionally, for aquarium enthusiasts, there is very little information
available about individual fish species and how to care for each one. Among the
commonly studied factors that influence the production and ensure the well-being of
these fish, we can mention water quality, such as pH levels, the amount of algae and
bacteria present, the availability of hiding spaces for the animals to feel secure,
animal nutrition, the presence of predators, and various other factors that can affect
both the well-being and behavior of each animal. Betta splendens, also known as
Betta, is one of the most widely traded species globally in the ornamental
aquaculture industry. Due to the significant importance of this animal in the world of
ornamental fish farming, there is a lack of comprehensive information regarding the
care of these fish. The conducted work aims to address crucial topics such as proper
nutrition for Betta splendens, stress in these animals, and water quality factors. Its
primary goal is to fulfill the need for the limited amount of information currently
available on these subjects, ensuring the well-being and health of this species in their
captive environments.

Key-words: aquarium fish, ornamental fish, stress, diseases, care.

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Lista de figuras

Figura 01 à 04 - Poecilia sphenops, Betta splendens, Xiphophorus maculatus e


Symphysodon aequifasciatus.

Figura 05 e 06 - Amphiprion ocellaris e Paracanthurus hepatus

Figura 07 - Efeitos primários e secundários relacionados ao estresse

Figura 08 - Interpretação de alguns efeitos do estresse no balanço osmótico.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 8
1.1 - Principais espécies de água doce................................................................................ 9
1.2 - Principais espécies de água salgada......................................................................... 11
1.3 - Importância do estudo de bem-estar em peixes....................................................... 11
1.4 - Características da espécie Betta splendens............................................................. 12
1.5 - Fisiologia do Betta splendens.................................................................................... 13
1.6 - Filogenia do Betta splendens..................................................................................... 13
1.7 - Reprodução do Betta splendens................................................................................ 14
1.8 - Comportamento da espécie Betta splendens........................................................... 15
1.9 - Cuidados com a espécie Betta splendens.................................................................16
2. JUSTIFICATIVA................................................................................................................. 18
3. OBJETIVOS....................................................................................................................... 19
3.1 OBJETIVO GERAL..........................................................................................................19
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................19
4. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................21
5.1 - Nutrição.........................................................................................................................21
5.2 - Estresse........................................................................................................................ 22
5.3 - Qualidade da água....................................................................................................... 25
5.3.1 - pH (Potencial Hidrogeniônico).................................................................................26
5.3.2 - Amônia....................................................................................................................... 27
5.3.3 - Oxigênio dissolvido.................................................................................................. 28
5.3.4 - Temperatura............................................................................................................... 29
5.3.5 - Salinidade.................................................................................................................. 30
5.4 - Sistemas de produção................................................................................................. 31
5.4.1 - Sistema extensivo..................................................................................................... 31
5.4.2 - Sistema Semi-intensivo............................................................................................ 32
5.4.3 - Sistema Intensivo......................................................................................................33
5.4.4 - Sistema Super Intensivo...........................................................................................33
5.5 - Doenças........................................................................................................................ 34
5.5.1 - Principais parasitos de Peixes Ornamentais..........................................................35
5.5.1.1 - Ichthyophthirius multifiliis.................................................................................... 35
5.5.1.2 - Tricodinídeos.......................................................................................................... 35
5.5.1.3 - Monogenea............................................................................................................. 36
5.5.1.4 - Digenea................................................................................................................... 37
5.5.1.5 - Nematoda................................................................................................................ 37
6. CONCLUSÃO.................................................................................................................... 39
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................40

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1. INTRODUÇÃO

A aquariofilia mundial é uma prática que envolve a manutenção de aquários,


seja fazendo parte de um hobby pessoal ou para fins comerciais (FROESE et al.,
2017). A criação de ambientes aquáticos em tanques ou aquários, para abrigar
peixes, plantas e outros organismos aquáticos, é uma responsabilidade fundamental
de todo aquarista, com o objetivo de garantir que os animais vivam bem e de forma
saudável (BRANCO et al., 2018).
Dentre os animais que ocupam um papel essencial na aquariofilia,
destacam-se os peixes ornamentais, conhecidos por sua diversidade de cores e
padrões e amplamente apreciados como animais de estimação aquáticos (RASINES
et al., 2019). Estima-se que existam cerca de 4.000 espécies de peixes de água
doce e 1.400 espécies de peixes marinhos comercializados para uso em aquários
(ROBERTSON et al., 2017). A seleção cuidadosa de espécies adequadas é de
extrema importância, levando em consideração as necessidades específicas de
cada peixe ornamental, incluindo as condições ambientais, compatibilidade com
outros habitantes do aquário e a disponibilidade de espaço adequado para que
possam prosperar.
O manejo adequado da aquariofilia é de extrema importância para o
bem-estar dos peixes e demais organismos aquáticos. Cuidados adequados
garantem um ambiente saudável, reduzindo o estresse, doenças e taxas de
mortalidade. Ao fornecer condições de água adequadas, alimentação adequada e
um habitat estimulante, os aquaristas contribuem para o bem-estar geral e a
felicidade de seus animais aquáticos. A aquariofilia responsável promove a
conservação, a educação e a apreciação da vida aquática, fomentando uma
compreensão mais profunda e uma conexão com esses organismos.
O debate sobre o bem-estar animal é bastante diversificado e multidisciplinar.
O início dessa discussão ocorreu devido ao estado de empatia que os seres
humanos desenvolveram em cima de outras espécies presentes no planeta terra,
onde ocorreu uma preocupação principalmente com animais de produções
intensivas que eram mais simples de serem estudados, pois o acesso a eles era
sem complicações (BROOM & MOLENTO, 2004).
Uma definição de bem-estar animal foi dada como o estado de harmonia
entre o organismo e seu ambiente, caracterizado por condições físicas e fisiológicas
ótimas e uma qualidade de vida bastante confortável aos animais (SOUZA, 2005).
Segundo Pandorf et. al (2006) “O bem-estar pode ser medido por métodos
científicos e deve ser independente de quaisquer considerações éticas, culturais ou
religiosas. São usados vários indicadores para aferir o bem-estar de um animal,
como o dano físico, a dor, o medo, o comportamento, a redução de defesas do
sistema imunológico e a incidência de doenças, sendo o conceito das cinco
liberdades as mais aplicáveis para se avaliar o bem-estar animal.”
O conceito das cinco liberdades fala sobre os pilares do bem-estar animal,
onde podem ser citadas: a liberdade fisiológica (animal livre de fome e sede), a

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liberdade ambiental (animal sem desconforto), liberdade sanitária (animal livre de
dor, ferimentos ou doenças), liberdade comportamental (animal livre para expressar
seu comportamento normal) e liberdade psicológica (animal livre de medo e
angústia) (GUIMARÃES et.al., 2018).
Os diagnósticos realizados para averiguar a presença das cinco liberdades
geralmente podem ser as respostas fisiológicas, comportamentais e condições
sanitárias observadas destes organismos (SOUZA, 2005).
Apesar do estudo ser focado na espécie Betta splendens, é muito válido uma
breve apresentação de outras espécies de peixes ornamentais, com algumas figuras
para ilustrar algumas delas, visto que cada uma delas é de extrema importância no
meio da aquicultura ornamental e muitos dos cuidados que são necessários para um
organismo específico, pode ser aplicado em outras espécies também.
Algumas das espécies mais comercializadas de peixes ornamentais são
facilmente cultivadas em cativeiro e ambientes controlados. Podendo ser criadas
tanto em água doce, assim como em água salgada, dependendo da espécie de
eleição.

1.1 - Principais espécies de água doce

Dentre os peixes de água doce mais comercializados, destacam-se as


famílias Characidae, Cichlidae, Cyprinidae, Poeciliidae, Callichthyidae e Loricariidae.
Segundo Arce e Boyd (1975), a família Characidae abriga peixes onívoros de
pequeno porte, conhecidos por seu comportamento calmo e pela preferência por
viver em grandes cardumes. Exemplos notáveis desta família incluem os Neons
(Paracheirodon innesi), Neons cardinais (Paracheirodon axelrodi), Tetra (geralmente
referindo-se ao peixe da família Characidae, gênero Tetra, mas há muitas espécies
diferentes no gênero Tetra, como o Tetra Negro - Hyphessobrycon herbertaxelrodi) e
Mato-Grosso (Hyphessobrycon eques).
Por outro lado, a família Cichlidae é composta por espécies territorialistas,
nativas da África e das Américas. Conforme Balasubramanian, Peter e Arul (2017),
esses peixes são apreciados por sua aparência vistosa, embora seu manejo seja
mais desafiador. Oscar (Astronotus ocellatus), Acará bandeira (Pterophyllum
scalare) e Acará Disco (Symphysodon aequifasciatus) são exemplos proeminentes
de ciclídeos amplamente conhecidos no mundo aquarista.
Os ciprinídeos, da família Cyprinidae, são originários da Ásia e Europa.
Baldisserotto (2009) destaca que essas espécies apresentam uma resistência
acentuada a situações de estresse e são reconhecidas por sua facilidade de
reprodução em cativeiro. Carpas (Cyprinus carpio), Kinguios (Carassius auratus),
Labeo (Labeo rohita), Paulistinha (Danio rerio) são exemplos notáveis de peixes
pertencentes a essa família.
No que diz respeito aos poecilídeos, da família Poeciliidae, eles são
originários das Américas e possuem notável resistência a doenças e variações de

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temperatura. Segundo Baldisserotto, Lock e Gonçalves (2019), essas espécies são
facilmente reproduzidas em cativeiro, destacando-se por serem ovovivíparas.
Guppys (Poecilia reticulata), Espada (Xiphophorus hellerii), Platis (Xiphophorus
maculatus) e Molinésias (Poecilia sphenops) são exemplos representativos de
poecilídeos populares entre os aquaristas.
Quanto aos caliquídeos, da família Callichthyidae, esses peixes são
conhecidos por sua natureza dócil e padrões distintos no corpo. Conforme Branson
(2007), eles são frequentemente observados próximos ao substrato e utilizam seus
barbilhões para explorar o ambiente e procurar por alimentos. Corydora (Corydoras
paleatus) é um exemplo proeminente de peixe caliquídeo.
Por fim, os loricarídeos, da família Loricariidae, são nativos e possuem alta
demanda de exportação para outros países. Segundo Boeger e Vianna (2006),
esses peixes de hábitos noturnos são caracterizados por seu costume bentônico.
Diversas espécies de Cascudo estão entre os representantes mais conhecidos
desta família.

Figuras de 01 à 04 - Poecilia sphenops, Betta splendens, Xiphophorus


maculatus e Symphysodon aequifasciatus.

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1.2 - Principais espécies de água salgada

De acordo com Vargas, Torres e Arenas (2015), os peixes de água salgada


são altamente demandados pelos aquaristas, porém, sua manutenção requer um
custo mais elevado, o que faz com que a procura por espécies de água doce seja
ainda maior.
As espécies marinhas apresentam uma alta diversidade de famílias, sendo as
principais mais comercializadas as famílias Pomacentridae, Grammatidae e
Pomacanthidae.
Conforme mencionado por Wright, D'Abramo e Quintero (2016), os peixes da
família Pomacentridae, como os peixes-palhaço, são encontrados habitando recifes
de corais entre um e quinze metros de profundidade geralmente.
Os Grammatidae são uma família bastante valorizada no mercado,
principalmente o Gramma brasiliensis, de acordo com Wright, D'Abramo e Quintero
(2018). No entanto, a reprodução desses animais em ambiente de cativeiro ainda é
um desafio aos produtores, mas atualmente existem estudos buscando conhecer
melhor a espécie e promover a sua reprodução no cultivo.
Zuanon, Salaro e Furuya (2011) destacam que a família Pomacanthidae,
também comumente encontrada próxima de recifes de coral, é conhecida por seus
peixes vistosos, como o Peixe Anjo (Pterophyllum scalare), que apresentam listras
laterais coloridas, pontos por todo o corpo, entre outras características que chamam
a atenção de aquaristas.

Figuras 05 e 06 - Amphiprion ocellaris e Paracanthurus hepatus.

1.3 - Importância do estudo de bem-estar em peixes

Os peixes são organismos que possuem uma utilização bastante variada na


vida das pessoas, seja na pesca, na aquicultura, na investigação científica e até
mesmo como animais ornamentais. Visto que existe essa ampla utilização, a
preocupação com o bem-estar durante o processo de produção faz-se necessária,
mas para o caso desses animais, ainda está bem nos seus primórdios se
comparados com outras espécies que são comercializadas. Como esse tópico sobre

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os cuidados sobre peixes ainda está incipiente, isso gera problemas como a
ausência de capítulos sobre esses animais em livros-textos importantes na área de
bem-estar animal (ROLLIN, 1995; FRASER & BROOM, 1996; BENSON & ROLLIN,
2004; VAARST et al., 2004).
Ao longo dos anos esse cenário de poucas publicações e informações sobre
cuidados com peixes vêm se alterando aos poucos com um aumento no número de
informações, publicações, relatórios e livros dedicados ao tema (LYMBERY, 2002;
ERICKSON, 2003; BRANSON, 2007; PEDRAZZANI et al., 2007).

1.4 - Características da espécie Betta splendens

O Betta splendens, é uma espécie de água doce altamente comercializada


em âmbito global (VARGAS, TORRES & ARENAS, 2015). Pertence à família
Osphronemidae (ÜNLÜ et al., 2021). Essa espécie é nativa do continente asiático,
proveniente de países como Tailândia, Vietnã e Camboja, podendo ser facilmente
encontrada em lagos, águas rasas, lagoas, riachos e arrozais (VARGAS, TORRES &
ARENAS, 2015).
O dimorfismo sexual da espécie é bastante aparente, onde os machos
apresentam cores bastante vibrantes e formatos de caudas mais exuberantes,
enquanto as fêmeas não possuem tais características, podendo ser vistas como
"menos chamativas" (VARGAS, TORRES & ARENAS, 2015). Por isso, dentro de
uma loja de aquarismo, é muito mais fácil encontrar peixes betta machos que
fêmeas. Além disso, os machos são territorialistas, o que não torna recomendado
colocar outros peixes junto com eles em um mesmo aquário (VARGAS, TORRES &
ARENAS, 2015).
Em termos de dieta desses animais, eles são uma espécie onívora, se
alimentando tanto de pequenos organismos, incluindo pequenos crustáceos, larvas
de insetos, vermes, quanto de plantas (VARGAS, TORRES & ARENAS, 2015).
Portanto, uma ração adequada para eles deve suprir essa necessidade da espécie
de uma alimentação variada (VARGAS, TORRES & ARENAS, 2015).
Por serem peixes de fácil manutenção e apresentarem uma resistência mais
desenvolvida para estarem num ambiente de aquário, esses animais são
frequentemente criados em cativeiro (VARGAS, TORRES & ARENAS, 2015). E por
chamarem atenção por suas cores vibrantes, podem participar de diversas
competições onde são avaliadas geralmente a forma do animal, as cores, as
nadadeiras, se o animal está saudável, o tamanho entre outras características que
podem mudar de acordo com os critérios da competição (VARGAS, TORRES &
ARENAS, 2015).

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1.5 - Fisiologia do Betta splendens

Em questões fisiológicas, o Betta é um peixe que se difere dos demais,


possuindo adaptações notáveis que conferem a essa espécie uma vida bastante
confortável no ambiente aquático.
O labirinto é uma das adaptações mais importantes que o Betta apresenta.
Esse é um órgão respiratório que confere ao animal poder respirar ar atmosférico.
Segundo Nati (2021) o labirinto é formado por uma série de estruturas como o osso
supra branquial, a câmara branquial, a epiglote e a câmara do labirinto. Isso faz com
que esses peixes possam respirar fora da água em momentos em que o ambiente
está apresentando um nível de oxigenação mais baixo, ou também em ambientes
em que o fluxo de água é menor. Por isso, na maioria das lojas de animais é
possível ver os Bettas dentro de aquários pequenos e sem a presença de uma
bomba ou filtro para ajudar na circulação do oxigênio.
Além desse órgão especial, o peixe apresenta como a maioria dos outros,
uma bexiga natatória que lhes permite ajustar sua densidade em relação à água e
flutuar para regiões mais profundas ou mais rasas. De acordo com Dabrowski
(2016), a bexiga natatória é formada por duas camadas musculares que permitem
que o peixe controle sua flutuabilidade e profundidade na água.
Quanto à anatomia externa, a boca do Betta é voltada para a parte de cima
do seu corpo, podendo dizer que ela possui uma posição superior, adaptada para
ingerir alimentos vindos da superfície ou que estão acima dele na coluna d’água.
Segundo Vargas (2015) a boca do peixe betta é adaptada para capturar presas e
possui dentes afiados para cortar carne.
Uma adaptação bastante interessante apresentada por esses animais
também é a presença de células cromatóforas que lhes permite uma mudança de
cor dependendo dos estímulos encontrados por ele no ambiente. De acordo com
Rojas et.al, (2018), essas células apresentam um controle pelo sistema nervoso
autônomo do peixe e são estimuladas por hormônios como melatonina e dopamina.

1.6 - Filogenia do Betta splendens

Betta splendens pertence à família Osphronemidae, que é uma família de


peixes tropicais de água doce encontrados principalmente no sudeste da Ásia. De
acordo com Tan & Ng (2005), a família Osphronemidae é composta por cerca de 110
espécies, que estão divididas em três subfamílias: Macropodusinae, Belontiinae e
Osphronemidae.
Os peixes Betta estão incluídos na subfamília Osphronemidae, juntamente
com outros gêneros como Trichogaster, Colisa e Pseudosphromenus. Segundo Tan
& Ng (2005), os peixes Osphronemidae são amplamente distribuídos em toda a Ásia
tropical e têm uma longa história evolutiva.

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Uma análise filogenética recente de Osphronemidae foi realizada por Ünlü et
al. (2021) usando sequências de DNA mitocondrial e nuclear. Esta análise mostrou
que o gênero Betta está fortemente relacionado com outros gêneros de
Osphronemidae, como Trichogaster e Colisa. Além disso, os resultados sugeriram
que os peixes Betta estão mais intimamente relacionados com espécies de
Trichogaster do que com espécies de Colisa.
Outro estudo de filogenia realizado por Rüber et al. (2004) utilizou sequências
de DNA mitocondrial para investigar as relações evolutivas entre diferentes espécies
de Osphronemidae. Este estudo confirmou que Betta splendens está intimamente
relacionado com outras espécies de Betta, como Betta taeniata e Betta patoti, e
também mostrou que o gênero Betta é monofilético.
Em resumo, os peixes betta estão incluídos na família Osphronemidae e
pertencem à subfamília Osphronemidae. Estudos filogenéticos recentes sugerem
que Betta splendens está intimamente relacionado com outras espécies de Betta e
também com espécies de Trichogaster.

1.7 - Reprodução do Betta splendens

A reprodução do Betta splendens é um processo bastante complexo e


envolve várias etapas. Os machos são conhecidos por construir ninhos de bolhas,
que são estruturas feitas de bolhas de ar que o peixe cria na superfície da água. As
fêmeas depositam seus ovos nesses ninhos, e os machos cuidam dos ovos e dos
alevinos até que possam nadar sozinhos.
De acordo com Soares et al. (2017), a reprodução do Betta splendens é
influenciada por fatores ambientais, como temperatura, qualidade da água e
fotoperíodo. Os autores relatam que a temperatura ideal para a reprodução é de
cerca de 26°C, e que o fotoperíodo de 12 horas de luz e 12 horas de escuro, que
estimula a produção de hormônios gonadotróficos.
Segundo Balasubramanian et al. (2017), a construção do ninho de bolhas
pelos machos é um comportamento importante na reprodução do Betta splendens.
Os autores relatam que os machos constroem ninhos de bolhas em locais
protegidos, como embaixo de folhas ou raízes de plantas, para proteger os ovos e
alevinos. Além disso, os machos usam sinais visuais e químicos para atrair as
fêmeas para seus ninhos.
Ainda segundo estes pesquisadores, os machos são responsáveis por cuidar
dos ovos e dos alevinos até que possam nadar sozinhos. Durante esse período, os
machos mantêm os ovos e alevinos no ninho, ventilando as bolhas de ar para
mantê-los oxigenados e removendo quaisquer ovos que não tenham sido
fertilizados.
Em resumo, a reprodução do Betta splendens envolve a construção de
ninhos de bolhas pelos machos, a deposição de ovos pelas fêmeas e o cuidado
parental dos ovos e alevinos pelos machos.

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1.8 - Comportamento da espécie Betta splendens

O peixe betta (Betta splendens) é uma espécie de água doce que pertence à
família Osphronemidae, é um animal muito conhecido pela sua coloração
exuberante. Apesar de apresentar nadadeiras longas e cores chamativas, o
comportamento desse animal também é um fator que chama muita atenção. Por
conta de sua beleza e fácil manutenção em aquários, esse peixe tornou-se uma das
espécies mais populares entre os aquaristas.
Esse peixe é conhecido por apresentar um comportamento territorial e
agressivo, principalmente os machos da espécie. Um confronto resulta num
comportamento de luta diferenciado, onde os machos expandem suas nadadeiras,
arqueiam o corpo e exibem as cores intensas para causar intimidação em seus
oponentes. Essa exibição de comportamento agressivo é onde o nome popular
"peixe de briga" se origina. No entanto, é importante ressaltar que, quando mantidos
em condições adequadas e espaço suficiente, os bettas podem ser animais calmos
e pacíficos.
Por outro lado, as bettas fêmeas têm um comportamento social diferente.
Embora também possam ser territoriais, elas geralmente são menos agressivas em
comparação aos machos. No entanto, é importante observar que as bettas fêmeas
podem se tornar agressivas quando são mantidas em um espaço muito pequeno ou
quando há competição por recursos limitados, como abrigos ou alimentos. Em geral,
as bettas fêmeas podem ser mantidas juntas em grupos chamados de "sororidades"
em um aquário adequado, com espaço e esconderijos suficientes para cada
indivíduo (FLEMING et al., 2017).
Portanto, além de sua aparência deslumbrante, o comportamento territorial,
agressivo em machos e a habilidade de construir ninhos de bolhas são
características distintivas do peixe betta, tornando-o um animal fascinante para se
observar em aquários.
Um comportamento natural desse organismo, assim como a maioria dos
organismos aquáticos, é influenciado por fatores como nutrição, pH, salinidade,
qualidade da água e saúde do peixe em geral. Uma nutrição adequada desempenha
um papel crucial no desenvolvimento, tanto na questão do crescimento, quanto na
questão de saúde, fazendo com que o sistema imunológico do animal se desenvolva
de maneira mais adequada. De acordo com estudos, uma dieta com alimentos
vivos, como larvas e dáfnias, além de alimentos secos específicos para bettas, é
fundamental para garantir um bem-estar e o comportamento normal do peixe
(WRIGHT et al., 2018).
O pH é um dos fatores mais importantes para considerar ao criar bettas.
Esses peixes costumam estar adaptados a ambientes com variações de pH entre
6,5 e 7,5, ou seja, ambientes com o pH relativamente neutro, podendo se tornar
levemente ácido ou básico. Variações significativas no pH podem afetar

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negativamente o comportamento do betta, levando a estresse e até mesmo
agressividade (HOGAN et al., 2020). Portanto, é recomendado monitorar
regularmente o pH da água e fazer os ajustes necessários para manter um ambiente
estável para os peixes.
A salinidade da água também desempenha um papel na saúde e
comportamento dos bettas. Embora esses peixes sejam geralmente encontrados em
água doce, eles possuem uma capacidade moderada de tolerar salinidades
levemente aumentadas. No entanto, níveis excessivos de salinidade podem resultar
em estresse e problemas de saúde, como danos nas brânquias (WRIGHT et al.,
2016). Portanto, é essencial manter a salinidade da água em níveis adequados para
garantir o bem-estar dos Bettas.
Outro fator que tem um impacto significativo na qualidade de vida e
comportamento do Betta é a qualidade geral da água. Água suja e mal filtrada pode
levar a condições estressantes para os peixes e aumentar o risco de doenças. É
recomendado realizar trocas parciais de água regularmente, remover detritos e
manter um sistema de filtragem eficiente para garantir uma boa qualidade da água
(HOGAN et al., 2021).

1.9 - Cuidados com a espécie Betta splendens

A espécie Betta splendens é bastante conhecida por ser extremamente


resistente e por possuir um órgão especial chamado labirinto, que permite que ele
respire oxigênio diretamente do ar (NATI, BELLAMY & BADEN, 2021).
Diferentemente da maioria dos outros peixes, que absorvem oxigênio dissolvido na
água através das brânquias, o Betta splendens é capaz de retirar oxigênio do ar
devido a esse órgão (NATI, BELLAMY & BADEN, 2021). Essa característica faz com
que muitas pessoas pensem que o peixe pode ser mantido em qualquer tipo de
ambiente, mesmo que falte espaço para uma vida saudável (NATI, BELLAMY &
BADEN, 2021).
A seguir, apresentam-se alguns cuidados necessários para garantir a saúde e
longevidade desses animais.
Tamanho adequado do aquário: É recomendado um aquário com capacidade
mínima de 12 a 20 litros de água limpa e uma temperatura variando entre 24-28 °C
(International Betta Congress, IBC, 2022).
Alimentação balanceada: O Betta splendens é uma espécie onívora, portanto,
é necessário fornecer uma dieta que inclua alimentos como larvas de mosquito,
dáfnias, artêmias e ração específica para Bettas, em pequenas porções ao longo do
dia (International Betta Congress, IBC, 2022).
Trocas parciais de água (TPAs): Assim como para a maioria dos peixes, é
importante realizar trocas parciais de água regularmente para manter um ambiente
adequado para o peixe (International Betta Congress, IBC, 2022).

16
Qualidade da água: A qualidade da água deve ser monitorada regularmente
através de testes específicos de pH, amônia, nitrito, nitrato e temperatura. Esses
parâmetros são fundamentais para garantir a qualidade de vida do animal
(International Betta Congress, IBC, 2022).
Monitoramento sanitário: É essencial estar atento ao aparecimento de
doenças que possam afetar a saúde do Betta. Qualquer sinal clínico, como perda de
apetite, apatia, manchas brancas ou vermelhas no corpo ou nadadeiras rasgadas,
deve ser avaliado e tratado imediatamente (International Betta Congress, IBC,
2022).
Essas medidas são importantes para proporcionar um ambiente adequado e
saudável para o Betta splendens dentro do aquário (International Betta Congress,
IBC, 2022).

17
2. JUSTIFICATIVA

Devido a um grande número de reservas hídricas presentes no país, o Brasil


é um dos países com um potencial enorme para aquicultura, apresentando um clima
muito favorável para uma grande variedade de espécies aquáticas de importância
econômica. Embora apresente ótimas condições, o Brasil tem uma produção
aquícola pequena, ficando atrás de grandes potências mundiais, como China, Índia,
Vietnã e Indonésia (FAO, 2012).
Com o conhecimento do grande potencial apresentado pelo Brasil no
mercado mundial de aquicultura e a baixa diversidade de informações a respeito do
manejo correto relacionado a peixes ornamentais o presente trabalho está sendo
criado para que os interessados, possam encontrar e sanar suas dúvidas em um
único trabalho feito com o intuito de reunir informações fidedignas de múltiplas
publicações, facilitando assim, o pesquisador.
Assim, com essa reunião de diversos estudos em um único lugar, é possível
uma melhor compreensão da importância dos estudos envolvendo o comportamento
e o bem-estar animal dos peixes ornamentais, auxiliando na diminuição do estresse,
uma melhor criação, melhor manutenção dos animais em lojas de aquarismo, em
criações e em residências, aumentando assim a longevidade e qualidade de vida
dos organismos envolvidos.

18
3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo geral a realização de uma revisão


bibliográfica, sobre o comportamento e o bem-estar de peixes ornamentais focando
principalmente na espécie Betta splendens, que é regularmente encontrada para
comercialização em lojas de aquariofilia.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

➢ Apresentar os métodos de criação de peixes ornamentais e como fatores


externos podem alterar uma produção ou um aquário;

➢ Fazer uma levantamento das principais informações a respeito do peixe Betta


splendens, facilitando o acesso aos conteúdos para os aquariofilistas;

➢ Coletar informações sobre a espécie de peixe que mais aparece no mercado


para situar sobre os cuidados que se devem ter com este animal;

➢ Analisar e discutir os fatores que influenciam a qualidade de vida e


comportamento da espécie estudada.

19
4. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho realizado foi baseado em uma pesquisa bibliográfica, utilizando


fontes secundárias, como livros, artigos, revistas, relatórios de pesquisa, entre
outras fontes, para a obtenção de dados e informações, visto que, todos os acervos
utilizados para a pesquisa são de acesso público e utilizam publicações disponíveis
em meio eletrônico, como monografias, trabalhos científicos, artigos e teses. A
coleta de dados para interpretação é subjetiva, ou seja, não requisitou métodos nem
técnicas estatísticas para caracterizar os sujeitos da pesquisa.
O levantamento das informações foi realizado através de publicações
disponibilizadas no meio eletrônico, o qual através do campo de pesquisa na
homepage https://scholar.google.com.br/?hl=pt, do Google Acadêmico, sendo as
palavras chave utilizadas para encontrar as publicações que tivessem informações
de relevância com o tema: “aquicultura”, “peixes ornamentais”, “principais espécies
de peixes ornamentais”, “produção de peixes ornamentais”, “temperatura e
metabolismo de peixes”, “bem-estar animal”, “bem-estar de peixes ornamentais”,
“estresse em peixes ornamentais”, “principais doenças de peixes ornamentais”,
“sistemas de produção na piscicultura”,”Betta splendens", “impactos econômicos da
aquicultura”, “nutrição de peixes ornamentais” e “qualidade da água em criações de
peixes ornamentais”.
Os resultados dentro das pesquisas realizadas variaram entre 10.000 a
500.000 resultados encontrados até o momento da última pesquisa. E para que
houvesse uma seleção de alguma das publicações os títulos e resumos foram
analisados e confiabilidade da fonte checada.
Essa metodologia foi feita com o intuito de expor de forma técnica como a
pesquisa foi iniciada, desenvolvida, organizada e finalizada.

20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme evidenciado por especialistas no campo da aquariofilia, os


procedimentos destinados a assegurar o bem-estar e a qualidade de vida dos peixes
ornamentais têm sido objeto de uma contínua e progressiva evolução ao longo dos
anos. Além disso, novas abordagens e tecnologias emergentes têm sido adotadas,
para garantir um ambiente saudável e equilibrado para essas preciosas espécies
aquáticas, resultando em uma melhoria significativa na criação e manutenção
responsável de peixes ornamentais ao longo do tempo. Para que possa ocorrer um
entendimento completo sobre como cuidar desses animais, faz-se necessário uma
análise minuciosa de diversos fatores que vão influenciar positivamente no
crescimento e manutenção dos organismos, para garantir sucesso de sobrevivência
num aquário e sucesso financeiro numa produção. Alguns dos fatores que podem
ser citados como extremamente necessários para uma manutenção correta dos
peixes são a nutrição adequada, o estresse gerado aos animais, a qualidade da
água em que estão vivendo e o controle de doenças. Cada um desses fatores deve
ser estudado dentro de uma produção para não ocorrer perdas desnecessárias e
não alterar a homeostase dos animais envolvidos.

5.1 - Nutrição

Existem desafios significativos quando se trata da nutrição do Betta


splendens. Poucos estudos foram realizados sobre as necessidades nutricionais
específicas desta espécie, o que dificulta o conhecimento aprofundado sobre sua
alimentação adequada. Devido à falta de pesquisas direcionadas aos peixes
ornamentais, é comum assumir que eles requerem os mesmos nutrientes que os
peixes criados para consumo humano. Assim, os dados obtidos a partir de estudos
com outros peixes são extrapolados para estimar os requisitos nutricionais dos
peixes Betta (ZUANON et al., 2011).
De acordo com Salaro et al. (2003), uma alimentação adequada é essencial
para expressar o potencial de crescimento e reprodução dos animais. Uma dieta
equilibrada permite que os peixes Betta resistam a condições adversas, como
captura, transporte e estresse, além de minimizar a ocorrência de doenças e a
mortalidade. Portanto, para manter os animais saudáveis, é importante conhecer
suas características anatômicas e fisiológicas, compreender a qualidade dos
alimentos disponíveis e determinar a quantidade e a frequência adequadas de
alimentação. Uma vez que as exigências nutricionais do Betta são estabelecidas,
torna-se mais fácil definir estratégias de manejo alimentar e nutricional para essa
espécie (ZUANON et al., 2011).

21
Atualmente, as rações utilizadas por produtores de peixes ornamentais são
as mesmas usadas na criação de peixes destinados ao consumo humano. Isso
ocorre porque essas rações são significativamente mais baratas, podendo custar de
10 a 60 vezes menos do que as rações convencionais desenvolvidas
especificamente para peixes de aquário (TAMARU & AKO, 2000). No entanto, essa
abordagem pode resultar em inadequação nutricional na produção de peixes Betta,
uma vez que os níveis de carotenóides presentes nas rações comerciais são
insuficientes para atender às necessidades desses peixes (ZUANON et al., 2011).
As rações utilizadas na alimentação dos peixes devem ser apresentadas em
forma de pellets, levando em consideração o tamanho da boca do animal, para
evitar complicações durante a alimentação. Geralmente, essas rações possuem
teores protéicos mais elevados do que o necessário para a maioria das fases de
desenvolvimento do Betta, com exceção da fase larval. No entanto, um excesso de
proteína pode prejudicar o crescimento dos animais, pois apenas uma parte da
proteína da dieta é utilizada na síntese proteica, enquanto os aminoácidos restantes
são deaminados. Esse processo de deaminação requer um alto gasto energético, o
que pode reduzir o crescimento dos peixes (JAMES & SAMPATH, 2003). Além
disso, níveis elevados de proteína na dieta podem causar problemas ambientais,
como a eutrofização da água nos tanques de produção e aumento dos custos de
produção.
As rações com composição química mais adequada para os peixes Betta
geralmente não são formuladas em pellets compatíveis com o tamanho da boca dos
animais, o que exige a trituração do alimento para que possam ingeri-lo. Esse
processo resulta na ingestão apenas dos grãos de tamanho médio, enquanto os
resíduos em pó não são aproveitados, o que leva ao desperdício alimentar,
diminuição da margem de lucro e impacto ambiental negativo.
Portanto, é necessário desenvolver uma abordagem nutricional mais
diversificada para os animais, proporcionando-lhes proteínas, lipídios, vitaminas e
minerais adequados para seu crescimento, manutenção e reprodução (ZUANON et
al., 2011).

5.2 - Estresse

Os efeitos do estresse no peixe Betta splendens são de grande importância


para compreender como essa espécie é afetada em situações estressantes. Os
estudos a serem apresentados nesse tópico têm abordado esse tema, fornecendo
insights sobre os impactos do estresse nesses animais.
De acordo com o estudo de Wright, D'Abramo e Quintero (2016), o estresse
pode desencadear uma série de respostas fisiológicas e comportamentais nos
peixes Betta splendens. Eles observaram que o estresse pode afetar negativamente
o balanço osmótico desses peixes, comprometendo sua capacidade de regular a
osmolaridade interna.

22
Os estudos realizados em cima do tema “estresse” vêm sendo adotados
desde a década de setenta. Em ambiente natural, a resposta ao estresse pode
aparecer em peixes como uma capacidade que esses animais possuem de mobilizar
reservas energéticas para poder evitar ou vencer situações que os ameacem. Esses
meios são aplicados também na piscicultura intensiva, pois o estresse está presente
de forma frequente na vida desses animais, e isso pode vir a afetar o desempenho
da produção, prejudicando a saúde dos animais e aumentando a chance do
aparecimento de algum tipo de doença (OLIVEIRA & CYRINO, 2015).
Na piscicultura intensiva, o estresse animal pode variar bastante, podendo ser
proveniente das práticas de manejo que estão sendo implementadas sobre os
organismos, como por exemplo, a manipulação dos animais, o emprego de alta
densidade de estocagem, o transporte, interações biológicas, a qualidade da água, a
nutrição que está sendo provida, entre outros. O conhecimento da causa que gera
estresse nos animais pode ser bastante útil na melhoria de técnicas já utilizadas e
na implementação de novas, para que o sucesso do cultivo seja aumentado
(OLIVEIRA & CYRINO, 2015).
A Síndrome de Adaptação Geral (SAG) é o que desencadeia uma resposta
fisiológica do organismo em relação a um estímulo externo que causou estresse no
mesmo, onde essa síndrome é dividida em três partes: primária, secundária e
terciária (CARMICHAEL et al., 1984; MOYLE & CECH, 1998; STAURNES et al.,
1994). A SAG se inicia com a chamada resposta neuroendócrina (primária), que é
caracterizada por um aumento bastante significativo dos hormônios corticosteróides
e a concentração de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), estimulando uma
hidrólise das reservas de glicogênio que o animal apresenta em seu fígado,
provocando um aumento dos níveis de glicose no sangue, uma diminuição da
proteína muscular, aumento do batimento cardíaco, que é um marco para o início da
resposta secundária (OLIVEIRA & CYRINO, 2015). Segundo Mazeaud et. al (1977)
“Os corticosteróides estimulam um aumento da permeabilidade da membrana
celular. A resposta terciária é marcada pela diminuição da resistência dos peixes às
doenças, pois ocorre uma diminuição no número de leucócitos, ocorrendo
linfocitopenia (diminuição do número de linfócitos) e neutrofilia (aumento do número
de neutrófilos circulantes)”. As relações dos efeitos da SAG estão resumidas na
Figura 07.

23
Figura 07. O esquema ilustra os efeitos principais e secundários do estresse
em peixes. (Mazeaud et al., 1977).

Em peixes que estão sofrendo com altos níveis de estresse, já foi


comprovado que sua taxa de crescimento pode ser alterada devido ao alto nível de
cortisol que os animais apresentam no sangue, onde esse mesmo aumento do
hormônio pode acarretar uma maior suscetibilidade a doenças e anulação dos
processos reprodutivos (STRANGE et al., 1977).
Segundo Hew (1989) “O hormônio do crescimento (HC) está envolvido no
desenvolvimento do organismo, pois aumenta o apetite e a taxa de eficiência da
conversão alimentar. Porém, a secreção deste hormônio pela glândula pituitária é
inibida em peixes sob condições de estresse, fenômeno este, demonstrado em truta
arco-íris (Oncorhynchus mykiss), que em 24 h de confinamento apresentou
diminuição do nível do HC no plasma.”
Efeitos inibitórios de crescimento também podem aparecer através do
estresse por diminuição de níveis plasmáticos dos hormônios T3 e T4, resultado de
uma alteração do estado nutricional devido à redução da ingestão de alimentos
induzida por estresse influenciado pelo cortisol (CARNEIRO & URBINATI, 1999).

24
De acordo com Oliveira & Amp; Cyrino (2015), outro fator que é influenciado
por esse problema é a perda ou ganho de água do animal através da taxa de
“embebição” ou “diurese”, que pode ser descrita pela ação do hormônio adrenalina
influenciando nas funções branquiais, onde pode resultar numa maior
permeabilidade da membrana a água, conforme apresentado na Figura 08.

Figura 08. Interpretação de alguns efeitos do estresse no balanço osmótico.


Adaptado de Mazeaud et al. (1977).

25
5.3 - Qualidade da água

A qualidade da água desempenha um papel fundamental na saúde e


bem-estar do peixe Betta splendens. Diversos estudos têm investigado os efeitos da
qualidade da água sobre essa espécie, fornecendo informações valiosas para o
manejo adequado desses animais.

5.3.1 - pH (Potencial Hidrogeniônico)

Segundo Hogan, Hanaee e McCullough (2020), a variação do pH da água


pode afetar o comportamento e a fisiologia do peixe Betta splendens. Eles
observaram que a exposição a níveis extremos de pH pode levar ao estresse e
afetar negativamente o desempenho e a saúde desses peixes.
Para que ocorra um melhor entendimento dos organismos que estão sendo
estudados e preparados para comercialização, faz-se necessários estudos mais
aprofundados dos requisitos que os mesmos vão precisar para estar adequados
com o ambiente que será provido. No caso de peixes ornamentais, um dos fatores
mais importantes para seus cuidados, se não for o mais importante, é a qualidade
da água em que os animais serão criados desde seu nascimento, até terem idade
para serem comercializados.
Para que a homeostase dos peixes não seja quebrada, fatores como as
concentrações de oxigênio, dióxido de carbono, nitrogênio dissolvido, salinidade, pH,
taxa de circulação de água, temperatura e quantidade de luz no sistema são fatores
mais críticos para manutenção e bem-estar de um recinto. Contudo para que o
ambiente esteja apropriado, deve ser estudada a espécie que vai ser colocada e o
espaço disponível (PEDRAZZANI, 2007).
A alcalinidade presente na água também pode influenciar de forma positiva
ou negativa no crescimento dos peixes. Já foram observados em estudos que o
aumento da sobrevivência de peixes em lagos que sofreram processo de calagem,
mas esses estudos foram realizados com peixes de corte como Tilapia aurea (ARCE
& BOYD, 1975), Salmo trutta (BROWN & LYNAM, 1981), S. gairdneri (KRETSER &
COLQUHOUN, 1984), Salmo salar (WHITE; WATT; SCOTT, 1984) e Perca fluviatilis
(ERIKSSON & TENGELIN, 1987). Segundo Eriksson et.al. (1983) “Em lagos, cujos
estoques de peixes decresceram muito devido à pesca, a calagem pode restaurá-los
rapidamente com o efeito positivo do aumento da alcalinidade sobre o crescimento e
a reprodução.” Essas características têm sido apresentadas mais frequentemente
nos primeiros estágios de vida, principalmente aos alevinos que são mais sensíveis
à acidez (ERIKSSON et al., 1983; GUNN & KELLER, 1984; ROSSELAND &
SKOGHEIM, 1984). Mesmo com essas informações, também foi observado que
houve uma mortalidade de peixes relacionada com a calagem, que devido a elevada

26
concentração de metais na água, pode vir a ocorrer uma precipitação de hidróxidos
nas brânquias, levando os animais a morte por estresse nos sistemas de
osmorregulação e ventilação (BENGTSSON; DICKSON; NYBERG, 1980).
A manutenção do pH adequado é crucial para garantir a saúde e o bem-estar
dos Betta splendens, também conhecidos como peixes Betta. O pH da água em que
vivem desempenha um papel fundamental em seu ambiente e pode afetar
diretamente seu sistema fisiológico.
O pH ideal para os Betta splendens é ligeiramente ácido, geralmente variando
entre 6,5 e 7,5. Valores de pH fora dessa faixa podem causar estresse e impactar
negativamente a saúde e o comportamento desses peixes. Portanto, é essencial
monitorar e ajustar o pH da água do aquário onde os Bettas estão alojados.
Existem várias maneiras de controlar e ajustar o pH da água para atender às
necessidades dos Bettas. A utilização de soluções tampão específicas para aquários
de água doce pode ser uma opção eficaz. Essas soluções ajudam a estabilizar o pH,
garantindo que permaneça dentro da faixa ideal para os Bettas.
O pH da água do mar foi medido pela primeira vez no século XIX, e por
muitos anos após essa primeira medição, era visto como um parâmetro químico de
rotina pelas principais campanhas oceanográficas (RAMOS E SILVA, 2011).
Um físico-químico sueco chamado Sorensen propôs que o símbolo pH (potencial
hidrogeniônico) teria a seguinte definição “pH é o logaritmo decimal do inverso da
concentração do íon hidrogênio”. Com essa definição, é possível entender que:

[H+] > 10^7 – meio ácido


[H+] = 10^7 – meio neutro
[H+] < 10^7 – meio básico

Por meio desses estudos realizados, foi possível entender como ocorre o
funcionamento do pH, que é uma vertente de extrema importância na aquicultura,
com essas pesquisas, produtores de peixes ornamentais e aquaristas têm a
possibilidade de tornar a água mais ácida ou mais alcalina para adequar a espécie
de peixe cultivada a uma vida mais saudável e de maior rendimento.

5.3.2 - Amônia

A relação de Betta splendens com a amônia na água é uma questão


essencial para garantir o bem-estar e a saúde desses peixes ornamentais. A amônia
é um subproduto do metabolismo dos peixes e da decomposição de matéria
orgânica no ambiente aquático, e sua concentração pode ser prejudicial aos peixes,
especialmente quando presente na forma não ionizada.
Nesse sentido, é fundamental manter a concentração de amônia não ionizada
na água abaixo dos níveis críticos para a espécie. Conforme mencionado no texto,

27
recomenda-se que a concentração de amônia não ionizada não exceda 0,05 mg/l
para peixes tropicais, como o Betta splendens (KUBITZA, 1998).
Caso a exposição dos peixes a concentrações de amônia ultrapasse esses
limites, pode haver uma série de efeitos adversos, tais como redução no
crescimento e baixa eficiência alimentar. Portanto, monitorar regularmente os níveis
de amônia na água e tomar medidas para mantê-los dentro dos padrões adequados
é essencial para garantir a sobrevivência e o bem-estar dos peixes.
Além disso, o pH da água também influencia a concentração de amônia não
ionizada. Águas com pH neutro ou ligeiramente ácido, na faixa de 6,0 a 7,0, são
mais propícias a manter baixos níveis de amônia não ionizada. Por isso, é
importante monitorar e ajustar o pH da água para proporcionar um ambiente
saudável aos peixes (KUBITZA, 1998).
Considerando que a quantidade de amônia excretada pelos peixes está
relacionada à quantidade de proteína consumida, é relevante controlar a quantidade
de proteína bruta presente nas rações fornecidas aos peixes. A compreensão dessa
relação entre a proteína e a produção de amônia é crucial para evitar acúmulos
excessivos de amônia na água e garantir a saúde dos peixes ornamentais
(KUBITZA, 1998).

5.3.3 - Oxigênio dissolvido

Segundo Kubitza (1998) “O oxigênio é essencial à vida dos organismos


aquáticos e baixas concentrações de oxigênio dissolvido na água podem causar
atraso no crescimento, redução na eficiência alimentar dos peixes, aumento na
incidência de doenças e na mortalidade dos peixes, resultando em sensível redução
na produtividade dos sistemas aquaculturais. Entender os fatores que afetam a
dinâmica do oxigênio nos sistemas de produção é fundamental para o manejo
econômico da produção de peixes”.
Numa produção, o recomendável é que o suprimento de oxigênio através da
água de abastecimento seja proporcional ao fluxo da água disponível para
renovação. Se o fluxo de água for muito alto, maior será o fornecimento de oxigênio,
podendo aumentar a biomassa de animais que será sustentada. A taxa de
renovação da água possui uma recomendação que o fluxo não passe uma
velocidade superior à de 0,25 m/s, para que não ocorra um gasto energético vindo
da população de peixes para vencer a correnteza e conseguir se manter num
mesmo lugar (KUBITZA, 1998).
De acordo com Kubitza (1998), é crucial compreender os níveis saudáveis de
oxigênio dissolvido na água para o bem-estar do Betta splendens em um ambiente
de cativeiro. Essa espécie possui uma tolerância única a níveis mais baixos de
oxigênio dissolvido, graças ao seu órgão labirinto, que lhes permite respirar oxigênio

28
diretamente da atmosfera. Para os Betta splendens, os níveis ideais de oxigênio
dissolvido na água estão geralmente em torno de 5 a 7 mg/L (SOUZA, 2010).
No entanto, uma redução drástica nos níveis de oxigênio dissolvido pode ter sérias
consequências para a saúde desses peixes ornamentais. A falta de oxigênio pode
levar a problemas de estresse, dificuldades respiratórias e até mesmo a morte dos
Betta splendens (FRANKEL, 2009). Em situações em que os níveis de oxigênio na
água caem drasticamente, o órgão labirinto pode não ser capaz de suprir a
demanda de oxigênio, causando sufocamento e desconforto para os peixes.
Mantendo os níveis de oxigênio dissolvido dentro das faixas adequadas, os
aquaristas podem garantir um ambiente saudável e propício para o bem-estar dos
Betta splendens. Isso pode ser alcançado por meio de uma adequada troca gasosa,
circulação adequada de água e a manutenção de um espaço bem ventilado para
permitir que esses peixes utilizem eficientemente o órgão labirinto e respirem o
oxigênio disponível na superfície da água.

5.3.4 - Temperatura

Outro parâmetro de extrema importância no desenvolvimento de peixes


ornamentais que está intrinsecamente relacionada com a qualidade do ambiente em
que estão localizados é a temperatura da água. Organismos como peixes são
ectotérmicos (pecilotérmicos), ou seja, a flutuação de temperatura do ambiente
externo está diretamente relacionada com a variação internamente desses animais,
o que pode causar grande impacto em seu desenvolvimento, caso este parâmetro
físico esteja fora da faixa de conforto para a espécie. Enquanto a água estiver mais
fria, o metabolismo é reduzido, já num calor mais intenso, ocorre maior crescimento
desses organismos já que seus sistemas orgânicos se encontram mais acelerados.
No entanto, temperaturas extremas podem levar a mortalidade dos animais e afetar
drasticamente uma produção ou um aquário.
Segundo Baldisserotto (2009) “Uma forma de avaliar a temperatura ideal para
uma determinada espécie é através da relação entre o desempenho zootécnico e o
consumo alimentar. É importante notar que o maior crescimento ocorre devido ao
aumento do metabolismo dos animais causado pelas temperaturas mais quentes.
No entanto, quando os peixes são expostos a temperaturas muito altas, o
crescimento dos animais pode parar.”
Estudos realizados com alevinos (larvas) de Bijupirá (Rachycentron canadum)
em temperaturas de 23°C; 27°C; 31°C e 35°C observou-se que ocorreram alguns
efeitos secundários na conversão alimentar aparente e eficiência proteica e
energética. Com o aumento gradual da temperatura, foi possível observar que a
medida que se aproximava de 31°C a eficiência nutricional dos animais melhorava,
mas a partir do momento em que foi chegando próximo de 35°C, observou-se uma
piora na conversão alimentar aparente, retenção de proteínas e eficiência energética
(SUN et al., 2006).

29
Em outro experimento, Santos et.al (2017) utilizando alevinos de pacu
(Piaractus mesopotamicus) avaliaram o desempenho desses animais utilizando
temperaturas de 24°C; 28°C e 32°C, onde durante o período mais frio de 24°C foi
visto o menor desempenho e a pior conversão alimentar. A medida que ocorreu um
aumento do calor para 28°C e 32°C não ocorreu diferença nas taxas de crescimento
específicas e nem nas taxas de conversão alimentar, esses resultados fizeram com
que pudessem ser realizadas melhorias adicionais nas taxas de conversão alimentar
para peixes criados em faixas de temperatura entre 28°C e 32°C.

5.3.5 - Salinidade

A salinidade é uma propriedade fundamental para o cultivo de Betta


splendens, pois influencia diretamente seu ambiente e bem-estar. Entender a
salinidade da água é essencial para fornecer condições ideais para esses peixes
ornamentais.
Embora à primeira vista pareça ser um assunto bastante simples na área da
biologia, ela quase saiu de uso, e para chegar na definição da salinidade que nós
possuímos hoje em dia, isso levou por volta de um século, quase sendo abolida
nesse meio tempo. Então é importante dizer que a salinidade é uma área que se
desenvolveu como suporte para a biologia.
A salinidade é fundamental para o cultivo de Bettas splendens. A definição da
salinidade passou por várias etapas ao longo do tempo. A ICES desempenhou um
papel importante nessa definição. No século XIX, Knudsen, Forchhammer e
Sorensen definiram a salinidade como a quantidade total de sais inorgânicos
dissolvidos em 1 kg de água do mar. Porém, essa definição inicial apresentava
problemas relacionados ao tempo de aquecimento e à perda de componentes
voláteis (RAMOS E SILVA, 2011).
Em 1902, Knudsen formou uma nova comissão que encontrou uma nova
relação entre salinidade e clorinidade, com base no componente cloro. Essa relação
foi chamada de "Relação antiga". Porém, essa relação linear apresentava
limitações, e posteriormente, no ano de 1961, foi encontrada uma nova relação entre
salinidade, clorinidade e condutividade elétrica (RAMOS E SILVA, 2011).
A nova relação salinidade-clorinidade relaciona a clorinidade com a
condutividade elétrica da água do mar. A salinidade pode ser calculada a partir da
clorinidade usando a fórmula S = 1,80655 x Cl (RAMOS E SILVA, 2011).
Em um estudo conduzido por Zuanon et al. (2009), o objetivo foi avaliar a
tolerância de Betta splendens à salinidade da água por meio de um experimento
cuidadosamente delineado. Os pesquisadores utilizaram fêmeas adultas da espécie,
as quais foram alojadas individualmente em aquários mantidos em uma estufa
incubadora, sob condições controladas de temperatura, fixadas a 26 ± 0,2 ºC, e
fotoperíodo de 12 horas.
Para avaliar a tolerância à salinidade, o experimento contou com seis
concentrações de sal na água, sendo elas 0, 3, 6, 9, 12 e 15 g de sal comum por

30
litro de água. Cada concentração foi replicada cinco vezes, com um peixe por
repetição, totalizando trinta aquários no experimento.
Os peixes foram alimentados diariamente até a saciedade, com ração
comercial apropriada para a espécie, e o consumo diário de ração e a sobrevivência
dos peixes foram mensurados a cada 12 horas. Dessa forma, os pesquisadores
conseguiram acompanhar as respostas dos Bettas em diferentes níveis de
salinidade ao longo do tempo.
Os resultados do experimento mostraram que a tolerância do Betta splendens
à salinidade da água variou conforme as concentrações de sal testadas. O tempo
médio de sobrevivência foi significativamente menor na salinidade de 15 g/L,
sugerindo uma menor adaptação dos peixes a essa concentração mais elevada de
sal. A salinidade letal mediana-96 horas estimada foi de 11,88 g/L, indicando que a
maioria dos peixes não sobreviveu em concentrações de sal acima desse valor. Por
outro lado, a salinidade máxima de sobrevivência foi observada entre 6 e 7 g/L,
mostrando que os peixes conseguiram sobreviver bem nessa faixa de concentração.
A salinidade letal mediana foi calculada em 9,35 g/L.
Além disso, os pesquisadores também observaram uma interação
significativa entre as salinidades da água e o tempo de alimentação dos peixes,
indicando que a salinidade pode influenciar o comportamento alimentar desses
animais.
O experimento demonstrou que o Betta splendens, uma espécie de água
doce, possui uma alta tolerância à salinidade da água, desde que dentro de níveis
moderados. Concentrações elevadas de sal podem afetar negativamente sua
sobrevivência e bem-estar, reforçando a importância de monitorar e manter os níveis
adequados de salinidade em aquários ou sistemas de criação desses peixes
ornamentais.
Essas evoluções nas relações entre salinidade e clorinidade foram
importantes para entender e medir a salinidade da água do mar, fornecendo
informações essenciais para o cultivo adequado dos Bettas.

5.4 - Sistemas de produção

Sobre os sistemas de produção de peixes ornamentais, pode ser dito que


eles são divididos em quatro diferentes categorias, o sistema extensivo,
semi-intensivo, o intensivo e o super-intensivo. Cada um desses sistemas trabalha
utilizando os recursos disponíveis, diferentes densidades de estocagem, espécies
de peixes ornamentais e manejo de produção diferenciada. É importante trazer uma
breve explicação sobre os sistemas de produção existentes e as espécies mais
comumente utilizadas em cada um, para fins de conhecimento geral.

31
5.4.1 - Sistema extensivo

O sistema extensivo é o que apresenta um manejo mais barato e o intensivo


tem a sua disponibilidade recursos mais tecnológicos para manter o bem-estar da
produção, entretanto, os mais recomendados para manutenção de uma produção de
peixes ornamentais são o semi-intensivo e o intensivo. O momento de escolha do
sistema a ser utilizado é uma decisão muito importante, pois a partir desta, o
produtor escolherá as espécies a serem comercializadas, a densidade de
estocagem e o manejo alimentar que será adotado (SALARO & SOUTO, 2003).
Para produção de peixes ornamentais, geralmente são utilizados tanques e
viveiros com volume pequeno, onde os mesmos podem ser de diferentes tipos,
como os escavados, os de alvenaria ou até mesmo uma estrutura coberta por uma
lona plástica (ZUANON et. al., 2011).
Algumas espécies muito comuns de serem utilizadas nesse tipo de sistema
são Molinésia (Poecilia sphenops), Guppy (Poecilia reticulata), Platy (Xiphophorus
maculatus), Espada (Xiphophorus hellerii) e Colisa (Trichogaster sp.).

5.4.2 - Sistema Semi-intensivo

Neste tipo de sistema de criação, são utilizados químicos e alguns


fertilizantes inorgânicos, essas substâncias fornecem nutrientes para que possa
ocorrer uma produção de alimentos vivos compostos tanto de fitoplâncton como
zooplâncton, tornando melhor o rendimento de reprodução, pigmentação e produção
dos animais envolvidos (FERNANDO et al., 1991; KRUGER et al., 2001; RIBEIRO et
al., 2008; MANDAL et al., 2010).
A utilização desses materiais de adubação para gerar uma fonte de alimento
natural aos peixes também possui um lado negativo, visto que, o volume dos
viveiros e tanques que os animais são localizados pode ser relativamente baixo,
gerando rapidamente um declínio da qualidade da água e podendo vir a ser a causa
de estresse, que pode reduzir drasticamente o crescimento, saúde e bem-estar das
espécies envolvidas (ZUANON et. al., 2011).
Segundo Zuanon (2011) “A utilização de viveiros de pequeno volume ainda
dificulta a realização de re-adubações, em função das rápidas flutuações na
qualidade da água (pH, amônia, alcalinidade etc) e consequente diminuição na
disponibilidade de alimentos vivos. Para se obter a continuidade da produção de fito
e zooplâncton, é necessária a preparação de outro viveiro, para onde os peixes são
transferidos. Esse processo é chamado pelos piscicultores de “tombar o tanque”.
Durante esse procedimento, também são realizadas a triagem dos peixes,
separação dos alevinos das matrizes e classificação dos jovens por tamanho. Este
manejo evita o canibalismo e aumenta a uniformidade dos lotes.”

32
A utilização de um sistema semi-intensivo pode apresentar um rendimento
que varia bastante devido a uma taxa de sobrevivência dos alevinos que varia muito
devido a um menor controle da qualidade da água que os animais vivem e a
quantidade e qualidade do alimento, que gera estresse aos peixes, gerando uma
maior taxa de doenças e mortalidade.
Algumas espécies muito comuns de serem utilizadas nesse tipo de sistema
são Betta splendens, Danio rerio, Barbus sp., Paracheirodon innesi e Paracheirodon
axelrodi.

5.4.3 - Sistema Intensivo

Quando é pensado num sistema intensivo, pode-se dizer que existe um maior
controle da produção envolvida, principalmente a respeito da qualidade da água,
densidade de estocagem e qualidade das rações utilizadas. Dentro deste tipo de
produção, podem ser vistos tanques de estocagem melhores preparados, com redes
em volta para que evite a entrada de potenciais predadores que podem causar
problemas futuros. Em alguns casos, onde pode haver uma variação brusca de
temperatura durante o ano, é possível observar que alguns tanques são cobertos
com estufas, para auxiliar na regulação de calor, permitindo que os alevinos possam
ser obtidos durante o ano inteiro, gerando um lucro mais evidente ao produtor
(ZUANON et. al., 2011).
Segundo Halachmi (2006) “Neste sistema ocorre renovação da água,
geralmente acima de 10% do volume total do tanque por dia, o que permite maior
adensamento dos peixes. Os peixes podem ser cultivados em sistemas com
renovação contínua ou recirculação da água. Nos sistemas de recirculação de água,
é necessária a utilização de filtros mecânicos, biológicos e ultravioleta. Os sistemas
de recirculação de água necessitam de menos de 10% da água e da área utilizada
pelo sistema semi-intensivo para produção de determinada quantidade de peixes,
permitindo a utilização de áreas urbanas para criação, e consequente diminuição
dos custos com o transporte dos peixes.”
Um dos diferenciais desse tipo de produção é também a alimentação
envolvida, onde os animais recebem rações comerciais, utilizadas pelos aquaristas,
mas os peixes em fase larval possuem uma dieta a base de alimentos
vivos,diminuindo os riscos de comprometer a qualidade da água com adubações e
fertilizantes, além disso, são criados em locais distintos dos demais peixes. Alguns
exemplos de alimentos vivos utilizados em uma produção intensiva podem ser
Paramecium sp. (infusório), Rotifera sp. (rotifera), Anguilula silusiae (microverme),
náuplios de Daphnia sp. (dáfnia) e principalmente náuplios de Artemia salina
(artêmia) (ZUANON et. al., 2011).
Algumas espécies muito comuns de serem utilizadas nesse tipo de sistema
são Kinguio (Carassius auratus), Discus (Symphysodon sp.), Peixe-anjo

33
(Pterophyllum sp.) e Ciclídeos Mbuna (Gêneros: Pseudotropheus, Labidochromis,
Melanochromis, etc.).

5.4.4 - Sistema Super Intensivo

Nesse tipo de sistema ocorre uma alta densidade populacional de peixes,


com um controle muito rígido do ambiente, utilizando rações de melhor qualidade,
controle dos parâmetros físicos e químicos, sistemas integrados de purificação e
recirculação da água. Os custos por unidade de peso são mais elevados no sistema
extensivo devido a despesas adicionais, como ração de qualidade superior,
consumo de energia elétrica, investimentos em equipamentos e monitoramento da
qualidade da água e saúde dos peixes. Como resultado, esse sistema é mais
adequado para espécies de peixes de alto valor agregado (SILVA & IVAN, 2007).
Esses sistemas têm uma característica marcante que é a alta densidade de
peixes, onde são produzidos animais em larga escala visando maximizar a eficiência
e a produtividade.
Algumas espécies muito comuns de serem utilizadas nesse tipo de sistema
são killfish (Aphyosemion sp.), Gourami (Trichogaster sp.) e Tetra-fantasma negro
(Hyphessobrycon megalopterus).

5.5 - Doenças

Com a grande diversificação da piscicultura em território brasileiro, adquirir


conhecimentos mais difundidos sobre métodos mais eficientes de cuidados com os
animais que farão parte da produção. Assim, estudos sobre a ictiopatologia
tornaram-se mais comuns, para que pudessem ser passados conhecimentos sobre
tratamento de respectivas doenças envolvendo peixes (LEITE, 1999). As doenças
em peixes podem ser de diversas etiologias desde as infecciosas como as
parasitárias, bacterianas, fúngicas e virais assim como as não infecciosas
relacionadas ao ambiente e também nutricionais.O aparecimento de doenças em um
cultivo de peixes ornamentais influencia diretamente no animal, uma vez que, o
agente patogênico depende de maneira fisiológica e biológica do hospedeiro que
está habitando, onde este pode ser do tipo oportunista (que se aproveita de
determinado momento do desenvolvimento do peixe, para se desenvolver e
propagar-se) ou obrigatório (quando utiliza pelo menos um hospedeiro para concluir
seu ciclo de vida) (PORTZ et al., 2013; TORANZO et al., 2004).
Os sinais clínicos apresentados pelos Betta splendens para a distinção entre
as doenças existentes podem ser diversos e indicativos de problemas de saúde.
Estudos realizados por Tavares-Dias (1999) observaram que os sinais de doenças
em Bettas podem incluir intensa produção de muco nas brânquias e superfícies do
corpo, apatia, hemorragias no corpo, brânquias ou órgãos internos, nadadeiras

34
erodidas, opacidade ocular, aglomeração na entrada da água ou na superfície da
água por dificuldade respiratória, prurido e mudança de comportamento causada por
irritação estimulada por ectoparasitos.
O confinamento dos peixes em aquários, como observado por Diniz e
Honorato (2012), pode levar ao aparecimento de doenças. O ambiente restrito do
aquário, juntamente com o estresse causado pelas condições do cativeiro, pode
enfraquecer o sistema imunológico dos Bettas, tornando-os mais suscetíveis a
microrganismos patogênicos (LIMA et al., 2006; VAZ et al., 2007). O estresse
resultante das condições de confinamento pode comprometer a resposta
imunológica desses peixes ornamentais e aumentar o risco de infecções e doenças.

5.5.1 - Principais parasitos de Peixes Ornamentais

5.5.1.1 - Ichthyophthirius multifiliis

Segundo Portz et.al. (2013) “Este protozoário ciliado ectoparasito obrigatório


de peixes, denominado “ictio”, pode ser encontrado no tegumento e nas brânquias
de peixes de água doce. É o agente causador da ictiofitiríase ou doença dos pontos
brancos, devido aos sinais clínicos característicos, uma vez que os peixes
acometidos apresentam inúmeros nódulos arredondados de cor branca, com cerca
de 0,1 a 2,0 mm de diâmetro.”
Em alguns casos, esses parasitas podem se difundir de maneira
descontrolada, formando mucosas sobre as brânquias e o epitélio, onde até em
alguns casos pode gerar hemorragias na pele, nadadeiras e brânquias (CHANDA et
al., 2011; TAVARES-DIAS, LEMOS e MARTINS, 2010; PÁDUA et al., 2012). Um
parasito comum que aparece em diversos locais do mundo, capaz de causar muitos
danos a peixes cultivados em água doce, podendo até acarretar numa taxa de
mortalidade de 100% da produção (PORTZ et al., 2013). Mesmo sendo um parasito
cosmopolita, tem preferência por locais com variações bruscas de temperatura ou
má qualidade da água (MARTINS et al., 2015).
Apenas um hospedeiro é necessário, para que este protozoário consiga
completar seu ciclo de vida, apresentando então um ciclo de vida direto (IWASHITA
& MACIEL, 2013).
Clinicamente, pode ser identificado por causar uma variedade de pontos
brancos na superfície do corpo, nadadeiras e brânquias do hospedeiro. À medida
que o estágio da doença avança, é possível a observação de sinais como
hemorragias, podendo gerar infecções secundárias, como fúngicas e bacterianas,
além de anorexia, falta de ar, emagrecimento e produção excessiva de muco
(LUQUE, 2004).

35
Com o aparecimento da infecção, os hospedeiros tornam-se mais agitados, e
os animais tentam esfregar-se no substrato ou nas paredes próximas, causando
lesões e em casos mais extremos, hemorragias.

5.5.1.2 - Tricodinídeos

Assim como o ictio, esses organismos são protozoários ciliados, encontrados


na superfície do corpo e brânquias de peixes de cultivo, mas nesse caso, eles
podem aparecer tanto em animais de água doce quanto de água salgada, onde
algumas espécies desse tipo de parasito podem ser também endoparasitas achados
em intestinos e bexigas urinárias (PORTZ et al., 2013). Com um formato de sino
achatado, podem medir de 20 a 180 µm de diâmetro, e no centro do corpo desses
organismos há um disco adesivo formado por uma coroa de dentículos, que ajudam
o mesmo a se prender em superfícies (PAVANELLI; EIRAS; TAKEMOTO, 2008).
Apresentam um ciclo de vida direto, reproduzindo-se por fissão binária, e seu
método de transmissão é por contato direto, água contaminada ou utensílios
utilizados nas produções de peixes (MARTINS et al., 2015).
Podem ser encontrados de maneira natural em tanques de aquicultura, mas
quando ocorre um excesso de material orgânico em decomposição, pode acabar
ocorrendo um aumento populacional drástico desse microrganismo, aumentando em
níveis alarmantes a chance de infecção (PALM & DOBBERSTEIN, 1999).
Ao serem infectados, os peixes começam a sentir falta de ar, forçando-os a
subir a superfície da água, além disso, podem apresentar uma camada fina
cinzenta-azulada na superfície dos corpos, junto a uma produção excessiva de
muco. Caso a infecção já esteja bastante espalhada, os parasitos provocam lesões
nos filamentos branquiais e tegumentos do hospedeiro (IWASHITA & MACIEL, 2013;
ONAKA et al., 2009). Esses organismos são descritos como os que mais acometem
a saúde populacional de peixes a nível mundial (JERÔNIMO et al., 2012).

5.5.1.3 - Monogenea

Em sua grande maioria são ectoparasitos que podem ser encontrados


habitando as brânquias e superfície do corpo de seus hospedeiros, mas no caso de
alguns desses organismos, podem ser localizados na bexiga natatória, vesícula
biliar, sistema urinário e estômago de alguns peixes (BOEGER & VIANNA, 2006;
COHEN, 2013). Assim como os Tricodinídeos, esses organismos possuem um
aparelho de fixação localizado na parte posterior do seu corpo, que é constituído por
ganchos, barras e âncoras, utilizados para fixação no hospedeiro (IWASHITA &
MACIEL, 2013; JERÔNIMO et al., 2011).
Como em grande maioria são ectoparasitos, podem causar irritações na pele
e brânquias dos hospedeiros, alterando o comportamento dos peixes infectados,

36
que nadam de forma desorientada e chocando-se contra paredes como uma
tentativa de livrar-se dos parasitos, podendo assim gerar ferimentos que abrem
portas para infecções secundárias (MARTINS & ROMERO, 1996; PORTZ et al.,
2013).
Segundo Pavanelli, Eiras e Takemoto (2008) “Quando adultos, os
monogenóides apresentam o formato do corpo alongado, ovoidal ou circular,
medindo cerca de 1 mm a 3 cm. São parasitos hermafroditas e apresentam o ciclo
de vida monoxênico, pelo qual reproduzem-se rapidamente. Infestações massivas
geralmente estão relacionadas ao alto adensamento de peixes em sistemas de
cultivo, contribuindo com uma condição ótima para sua proliferação.”
O método de transmissão se dá por contato direto entre os animais, ou
contato indireto através de substrato ou correntes de água (BUCHMANN &
LINDENSTROM, 2002; TAKEMOTO et al., 2004).

5.5.1.4 - Digenea

Também conhecidos como vermes em formato de folha, tanto em forma larval


como adulta, são conhecidos por aparecerem parasitando peixes. Em sua fase
adulta normalmente são encontrados dentro do intestino, mas também podem ser
encontrados, às vezes, em cavidades viscerais, interior de órgãos como vesícula
biliar, sistema circulatório e tecido subcutâneo, podendo ser classificados como
endoparasitas. A fase larval se caracteriza por cistos em diversas regiões como
musculatura, sistema nervoso, gônadas, olhos e dentre outros (PORTZ et al., 2013).
Diferentemente das outras espécies citadas, possuem um ciclo de vida
indireto, tendo moluscos como hospedeiros intermediários, depois passando para os
peixes futuramente ao longo de seu desenvolvimento (THATCHER, 2006).
Segundo Portz (2013) “Exibem quase sempre duas ventosas, a anterior
apresentando a boca, e outra, o acetábulo ou ventosa ventral, localizado na região
ventral. Podem atingir menos de 1 mm até vários centímetros de comprimento com
formato do corpo achatado e ovoidal. Quase todas as espécies de digenéticos que
acometem peixes de água doce são hermafroditas. Apesar de existir grande número
de espécies que parasitam peixes, os digenéticos parecem não determinar, de um
modo geral, prejuízos importantes para peixes de cultivo ou aquários.”
Ao entrar nas vias do sistema circulatório, pode ocorrer uma obstrução da
corrente sanguínea branquial, gerando necrose tecidual que acarreta numa
dificuldade respiratória do hospedeiro, além de perfuração do tecido branquial,
resultando em hemorragia extensa (PAVANELLI, EIRAS e TAKEMOTO, 2008).

37
5.5.1.5 - Nematoda

Esse grupo envolve metazoários, triploblásticos, pseudocelomados, com


sistema digestório completo. Possuem um corpo fusiforme de formato cilíndrico e
cutículas bem desenvolvidas. O dimorfismo sexual é uma característica desses
organismos, visto que a fêmea é maior que o macho e possui uma cauda simples,
enquanto a cauda masculina é recurvada ou espiralada, variando o número de
papilas genitais. São comuns de escolherem animais de água doce como seus
hospedeiros e são encontrados parasitando qualquer órgão, tanto em fase adulta
como em fase larval. Larvas são comuns de serem encontradas encistadas em
regiões musculares, fígado, superfícies viscerais, intestino e cavidades viscerais. A
maioria das espécies possui um desenvolvimento indireto, utilizando invertebrados
como hospedeiros intermediários, e seus hospedeiros definitivos podem variar entre
peixes, aves, e alguns casos, humanos (PAVANELLI; EIRAS; TAKEMOTO, 2008).
Os danos causados por esses parasitas dependem do órgão parasitado e do
quanto o agente patogênico se espalhou pelo hospedeiro. Geralmente ocorrem
edemas, necrose, inflamação localizada e formação de granulomas, sendo possível
também observar em alguns casos obstrução intestinal (IWASHITA e MACIEL, 2013;
TAKEMOTO et al., 2004).

38
6. CONCLUSÃO

Em conclusão, o comportamento e o bem-estar de peixes Betta splendens


são temas importantes que vêm ganhando cada vez mais atenção no meio científico
e na sociedade em geral. Os bettas são animais fascinantes, que possuem uma
ampla variedade de comportamentos e demonstram uma grande capacidade de
adaptação a diferentes condições ambientais.
No entanto, é preciso destacar que a criação inadequada dos bettas pode
levar a problemas de saúde e comportamento, como o estresse agudo e/ou crônico
e a agressividade excessiva. Por isso, é fundamental que os criadores e
proprietários de bettas estejam conscientes dos cuidados necessários para manter
esses animais saudáveis e felizes em seus aquários.
Entre as medidas que podem ser adotadas para garantir o bem-estar dos
bettas, destacam-se a escolha adequada do aquário e dos equipamentos, o
fornecimento de uma alimentação balanceada e variada, a manutenção regular do
aquário e da qualidade da água, a observação e monitoramento constante da saúde
e comportamento dos peixes, e a convivência compatível com outros peixes
compartilhando o mesmo espaço, neste caso as fêmeas.
Uma outra questão relevante sobre o comportamento e bem-estar dos peixes
Betta splendens é a necessidade de promover um ambiente enriquecido e
estimulante para esses animais. Os bettas são animais curiosos e ativos, que
apresentam comportamentos naturais como a exploração do ambiente, a construção
de ninhos de bolhas e o estabelecimento de hierarquias sociais.
Por isso, é importante que o aquário dos bettas contenha elementos que
possam promover esses comportamentos naturais, como plantas vivas, tocas,
esconderijos e outros objetos de decoração que possam servir como estímulos para
os peixes. Além disso, é recomendável variar a disposição desses elementos no
aquário periodicamente, a fim de evitar a monotonia e oferecer novos desafios aos
bettas.
A revisão bibliográfica realizada neste projeto proporcionou uma compilação
abrangente de informações sobre o comportamento e o bem-estar dos peixes
ornamentais com ênfase na espécie Betta splendens, visando fornecer orientações
práticas para aqueles envolvidos na criação e cuidado desses peixes ornamentais.
Ao analisar os objetivos específicos, foi possível apresentar os métodos de criação
de peixes ornamentais e discutir como fatores externos podem influenciar a
produção e o ambiente do aquário. Além disso, foram coletadas informações
relevantes sobre o Betta splendens, uma das principais espécies de peixes
ornamentais comercializadas no aquariofilia de água doce, para fornecer diretrizes
específicas sobre os cuidados necessários. A análise dos fatores que influenciam a
qualidade de vida e o comportamento dos bettas destacou a importância do manejo
adequado, incluindo o fornecimento de um ambiente enriquecido, a atenção à saúde
e a interação com os proprietários. Essas informações são fundamentais para
promover o bem-estar e a qualidade de vida dos bettas, além de incentivar a criação

39
responsável e a conscientização sobre o tratamento ético dos animais. Desta forma
este projeto buscou fazer um levantamento bibliográfico sobre os peixes
ornamentais, dentre eles o Betta splendens de forma a contribuir para promoção ao
o acesso sobre os principais conhecimentos relevantes destes buscando
conscientizar uma produção e/ou uma aquariofilia mais responsável e voltados ao
bem estar dos peixes ornamentais.

40
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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