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CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
ENGENHARIA DE AQUICULTURA
2022
NATAL, RN
Bárbara Fernanda Tomé Silva
2022
NATAL, RN
BARBARA FERNANDA TOMÉ SILVA
Aprovada em 08/02/2022
BANCA EXAMINADORA
A toda minha família pelo apoio, ajuda e motivação, aos amigos que forneceram acolhimento
e muitas alegrias, aos colegas de curso, funcionários do Departamento de Oceanografia e
Limnologia pelo carinho e todo corpo docente da UFRN, cada docente com sua historia,
conhecimento e sabedoria, foram de suma importância durante toda a graduação.
Sinto muito, me perdoe, te amo e EU SOU muito grata por todos os caminhos que me fizeram
chegar nesse aqui e agora.
RESUMO
Este estudo é baseado em uma revisão bibliográfica que discute e apresenta, com base
em pesquisas realizadas em diversas bases de dados de artigos científicos publicados, livros,
teses de doutorado e dissertações de mestrado, o potencial de uso das macroalgas na nutrição
animal, com foco na espécie de camarão marinho Litopenaeus vannamei. Ao longo do
trabalho são abordados assuntos como, histórico das algas marinhas em ração animal,
panorama da carcinicultura e características da espécie abordada, incorporação das
macroalgas na ração, valor nutricional, composição química, uso como suplemento e
nutracêutico, digestibilidade, e os efeitos das macroalgas sobre as propriedades organolépticas
dos animais.
Figura 1. Macroalgas marinhas (A) Ulva lactuca, (B) Laminaria ochroleuca, (C) Porphyra
pertusa. Fonte algaebase................................................................................................... 6
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 6
2 OBJETIVO .............................................................................................................. 9
3 METODOLOGIA ................................................................................................. 10
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 11
4.1 Aquicultura – Carcinicultura .......................................................................... 11
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 24
6
1 INTRODUÇÃO
Figura 1. Macroalgas marinhas (A) Ulva lactuca, (B) Laminaria ochroleuca, (C) Porphyra
pertusa. Fonte algaebase
celeiros, e existem relatos de macroalgas sendo preservadas como silagem e usadas como
alimento de inverno para ovelhas e gado no início dos anos 1900 (EVANS & CRITCHLEY,
2014; MAKKAR et al., 2016). A Noruega foi pioneira no uso comercial de macroalgas em
ração animal, com início da produção em 1930 (MELAND e REBOURS, 2012).
O valor nutricional atribuído as macroalgas torna-as particularmente apropriado por
serem usadas na alimentação animal (terrestre e aquático). Recentemente, foram realizados
diversos estudos sobre o uso de macroalgas como ingrediente para a alimentação de animais
aquáticos. Esses estudos têm mostrado as algas como potencial substituto para fontes
convencionais de proteína alimentar, além de trazer benefícios à saúde animal incluindo a
prevenção de algumas doenças (MORAIS et al. 2020).
As dietas comercialmente formuladas representam a maior proporção dos custos de
produção na aquicultura (NAYLOR et al., 2009). Além disso, a redução contínua na produção
de farinha e óleo de peixes, oriundos da pesca, juntamente com a crescente demanda por
dietas, tem contribuído para o aumento geral nos custos de ração (SHEPHERD & JACKSON,
2013). Consequentemente, tanto as instituições de pesquisa quanto os fabricantes de ração
estão buscando novas fontes econômicas e ambientalmente sustentáveis de materiais
alimentares como substitutos para esses ingredientes. Em última análise, para que essas
alternativas de substituição de ingredientes de ração sejam aceitas, elas devem manter o
crescimento e a qualidade geral de saúde/sobrevivência dos animais cultivados, ao mesmo
tempo em que atendem às expectativas do produtor e do consumidor (WAN et al. 2019).
A inclusão de algas como suplemento dietético para camarão tem sido bem estudada
(MORAIS et al. 2020). No contexto da aquicultura, os efeitos da inclusão de macroalgas na
ração resultaram em melhor desempenho, incluindo melhor qualidade do produto animal
(CRUZ-SUÁREZ et al. 2009). Para ser mais específico, a produção comercial de camarões
representa uma das áreas de aquicultura que mais crescem no mundo (FAO, 2018). Em escala
mundial, a produção de camarão alcançou, em 2018, cerca de 4,5 milhões de toneladas.
Atualmente os camarões marinhos representam o segundo principal grupo de espécies
exportadas em termos de valor econômico e se estabelece como importante fonte de renda em
vários países em desenvolvimento da Ásia e América Latina. Na carcinicultura, o Litopenaeus
vannamei é a espécie de camarão mais cultivada e a terceira espécie mais consumida no
mundo (FAO, 2018). A produção de camarão em 2021 em nível global alcançou um aumento
de 8%, enquanto o crescimento de mais de 5% está previsto para 2022 – mostrando uma
história muito positiva para o setor de camarão (fig.1).
8
Figura 2. Produção de camarão por região. Fonte: FAO (2019) GOAL – Global aquaculture
Production Survey and Forecast (2021).
2 OBJETIVO
O presente estudo teve como objetivo avaliar o uso de macroalgas em dietas do camarão
Litopenaeus vannamei. Nesta revisão foram analisados o potencial das macroalgas e seus
efeitos sobre as taxas de crescimento, eficiência alimentar, saúde dos animais e qualidade
organolépticas do camarão.
10
3 METODOLOGIA
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A carcinicultura é a atividade que vem ganhando cada vez mais proporção econômica
em relação às atividades aquícolas. Em escala mundial, a produção de camarão alcançou, em
2018, cerca de 4,5 milhões de toneladas. Atualmente os camarões marinhos representam o
segundo principal grupo de espécies exportadas em termos de valor econômico e se estabelece
como importante fonte de renda em vários países em desenvolvimento da Ásia e América
latina. Na carcinicultura, o Litopenaeus vannamei é a espécie de camarão mais cultivada e a
terceira espécie mais consumida no mundo (FAO 2018).
O Brasil segue sendo um dos principais produtores de camarão da América do Sul, em
2019 a produção oficial do L. vannamei foi de 54 mil toneladas (IBGE, 2020). A região
Nordeste do país é responsável pela maior parte da produção nacional com volume escoado
acima de 90% do total produzido (IBGE, 2020).
no oceano aberto, enquanto as pós-larvas migram para a costa para passar seus estágios
juvenis. Estuários, baias ou outros habitats costeiros servem de berçários naturais para as pós-
larvas e juvenis desta espécie. Ao atingir sua fase juvenil o L. vannamei migra para o alto mar
a procura de águas mais profundas (70m), (FAO, 2018). Essa espécie é reconhecida como
osmoreguladora, sendo considerada eurihalina, tolerando rápidas e amplas flutuações na
salinidade (0,5 – 40 PSU).
Conhecido como camarão branco do pacifico o L. vannamei é uma espécie exótica na
costa brasileira, onívoro, com habito alimentar detritívoro, se alimenta de qualquer tipo de
matéria orgânica disponível. Os crustáceos utilizam a proteína como principal fonte de
energia obtida na cadeia alimentar aquática. Essa cadeia trófica apresenta baixos níveis de
carboidratos e excesso de lipídios e proteínas, levando a utilização desses nutrientes como
fonte de energia no ambiente natural (GUILLAUME, 1999).
Grande parte do sucesso do L. vannamei na carcinicultura mundial está justamente
relacionada às suas características biológicas e zootécnicas, tais como: grande tolerância às
variações e à extremos de salinidade; suportar bem elevadas densidades de cultivo; apresenta
rápido ganho de peso, mesmo com níveis relativamente baixos de proteína na sua dieta.
saúde do consumidor (MACARTAIN et al., 2007; HOLDT & KRAAN, 2011; IBAÑEZ &
CIFUENTES, 2013).
A composição química das algas marinhas variam em função dos fatores ambientais,
incluindo temperatura da água, salinidade, luz, disponibilidade de nutrientes, minerais,
distribuição geográfica e estação do ano (MARINHO-SORIANO et al., 2006). Diferentes
autores mostraram que a composição química das algas marinhas podem variar com as
espécies, maturidade, habitat e condições ambientais (BURTIN, 2003; ORTIZ J et al., 2006 ).
Zhang et al., (2012) analisaram cepas geneticamente diferentes da mesma espécie Porphyra
yezoensis e coletadas em diferentes locais, e verificaram que podem exibir diferentes
características adaptativas para cada ambiente no que diz respeito aos conteúdos de ficobilina
e clorofila.
4.6.1 Proteínas
4.6.2 Polissacarídeos
farmacêutico. É encontrada nas algas pardas e em maior quantidade nas folhas da Laminaria.
Nas algas ela exerce a função de reserva alimentar. Estudos verificaram que esse composto
pode atuar em diferentes espécies de animais como um antiviral, anticoagulante, antitumoral,
fibra dietética, substrato para bactérias probióticas e reduzir níveis de colesterol, pressão
sistólica e ativador do sistema imune (STENGEL et al., 2011; HOLDT & KRAAN 2011).
Os Fucoidanos estão presentes em grandes quantidades nas macroalgas marrons. É
ampla a quantidade de estudos relacionados às atividades terapêuticas dos fucoidanos em
diferentes seres vivos, demonstrando atividades antitumorais, antivirais, antibacterianas, anti-
inflamatórias, imunomoduladoras, de proteção contra radiação, osteoartrite, úlceras gástricas,
danos oxidativos e até mesmo atuando como promotor de crescimento e na regeneração óssea
(BALBOA et al., 2013; WU et al., 2016). Schleder et al., (2017) utilizaram as macroalgas
Sargassum filipendula e Undaria pinnatifida como aditivo alimentar para o camarão L.
vannamei e verificaram que as algas marrons (ricas em fucoidanos) proporcionaram efeitos
fisiológicos benéficos aos camarões, sendo o mais importante, a melhora imunológica na
resposta contra o WSSV, a resistência à variação térmica que constitui um importante gatilho
para surtos de enfermidades com a espécie S. filipendula. O estudo realizado por Salehpour et
al., (2021) demonstraram o efeito nutracêutico da macroalga Cystoseira trinodis na dieta do
L. vannamei com diferentes níveis de inclusão, concluindo que todas as concentrações
utilizadas foram benéficas, com o melhor resultado para 0,4%, sendo um bom
imunoestimulante natural para melhorar o desempenho de crescimento e controlar o vírus da
mancha branca (WSSV).
Ulvana é extraída das algas verdes, principalmente das espécies de Ulva. Forma um
gel e esse composto é carregado de polieletrólitos sulfatados, composto principalmente de
ramnose, ácido urônico, glicose e xilose (HOLDT & KRAAN 2011). Esse
heteropolissacarídeo da parede celular representa 9 a 36% de biomassa em peso seco
de Ulva sp (HAMED et al., 2015). Esses compostos regulam as funções imunológicas e
atuam como antioxidantes e antibióticos (USOV, 2011). Um alto nível deste polissacarídeo
sulfatado em Ulva sp. revela sua atividade anticoagulante, antiviral, antiinflamatória, anti-
hiperlipidêmica, imunomoduladora e anticâncer (PEREIRA, 2018).
Dietas alimentares suplementadas com ulvana de Enteromorpha intestinalis (= Ulva
intestinalis) resultaram em aumento significativo o ganho de proteína nos camarões em
comparação com aqueles alimentados com a dieta sem suplementação ulvana (SERRANO JR.
& DECLARADOR, 2014). O estudo realizado com Ulva rigida (AKBARY &
18
4.6.5 Minerais
As algas marinhas são conhecidas como uma boa fonte de vários elementos como Ca,
Mg, Na, P e K ou oligoelementos como Zn, I ou Mn (RODRIGUES et al., 2015). Essa
riqueza elementar está relacionada à sua capacidade de reter compostos inorgânicos do
ambiente aquoso, sendo responsável por até 36% da matéria seca em algumas espécies
(LORDAN et al., 2011). A generalização nutricional sobre o conteúdo de minerais das
macroalgas é complicada por causa das grandes variações sazonais, geográficas e
taxonômicas nos conteúdos de minerais.
20
4.6.6 Vitaminas
algas marinhas mais usadas como imunoestimulantes na aquicultura (HAFEZIEH et al. 2014;
THANIGAIVEL et al., 2016).
Cheng et al., (2005) utilizaram alginato de sódio (extraído de algas marrons) na dieta
do L. vannamei como suplemento em diferentes concentrações (0,5, 1% e 2% g kg −1) e
testou os indivíduos contra Vibrio alginolyticus. Eles concluíram que a administração
dietética de alginato de sódio a 2,0 g kg-¹ aumentou a capacidade imunológica do camarão
branco L. vannamei e sua resistência contra V. alginolyticus. Kitikiew et al., (2013) utilizaram
dietas contendo fucoidana extraída de algas marrons e descobriram que acrescentando 1,0 e
2,0 g por quilo de ração, o camarão L. vannamei aumentava sua imunocompetência, bem
como maior taxa de sobrevivência frente o Vibrio alginolyticus. Akbary et al., (2018) testaram
o efeito de extratos de Ulva rigida sobre o crescimento, como antioxidante, resposta imune e
resistência de camarões, Litopenaeus vannamei contra Photobacterium damselae. Eles
sugeriram que a incorporação dos polissacarídeos solúveis em água em doses de 1,5 g/kg
melhora o crescimento, aumenta a atividade antioxidante e as respostas imunológicas no
camarão.
Sudaryono et al., (2018) usaram diferentes níveis da farinha de Sargassum
cristaefolium na dieta de juvenis de L. vannamei. As dietas teste afetaram significativamente
(P <0,05) o consumo de ração, a taxa de conversão alimentar e a taxa de eficiência proteica.
Este resultado indica que o suplemento dietético de 2% da farinha de S. cristaefolium (20 g /
kg de ração) pode aumentar a eficiência de utilização da ração em até 62% ou reduzir a taxa
de conversão alimentar em até 38% sem qualquer efeito adverso no desempenho de
crescimento.
Yu et al., (2016) testaram o efeito de diferentes taxas de inclusão de farinha de
Gracilaria lemaneiformis na dieta de juvenis do L. vannamei sobre o crescimento, parâmetros
hepatologicos e estresse salino. Os resultados indicaram que a inclusão de 2 a 3% da farinha
de G. lemaneiformis pode melhorar o desempenho de crescimento, resposta imune não
específica e resistência ao estresse salino de juvenis de L. vannamei, sendo uma excelente
fonte de suplementação. Akbary et al., (2020) examinaram o efeito da macroalga Jania
adhaerens como suplemento dietético em diferentes níveis de inclusão na ração. Eles
analisaram o desempenho do crescimento e digestão (quimiotripsina, tripsina, protease, lipase
e αAmilase), além das atividades antioxidantes frente infecção por Photobacterium damselae.
Eles concluíram que a inclusão de J. adhaerens em doses de 1,0g a 1,5g / kg melhora o
crescimento, a atividade antioxidante, aumenta as enzimas digestivas e a imunidade do
camarão L. vannamei contra a infecção por P. damselae.
22
4.8 Digestibilidade
As propriedades organolépticas são apreciadas pelos sentidos (cor, cheiro e sabor), sua
textura e capacidade de conservação. A pigmentação alaranjada do camarão é um dos
principais atributos sensoriais no critério de compra do consumidor e tem impacto
significativo no seu valor de mercado. As moléculas responsáveis por essa coloração são os
carotenoides, no ambiente natural os animais adquirem através da cadeia trófica, mas nos
ambientes de cultivo precisam ser suplementados na ração.
As macroalgas são um dos organismos da cadeia trófica dos camarões que possuem
carotenoides em sua composição. As algas marrons são ricas em carotenoides, como a
fucoxantina, clorofilas, βcaroteno e xantofilas violaxantina, (BURTIN, 2003;
DHARGALKAR e KAVLEKAR, 2004). As algas verdes, como Ulva sp., Ulva clathrata e
Chaetoniorpha torta, possuem clorofila α e β, β-caroteno, luteína, violaxantina,
antheraxantina, zeaxantina e neoxantina (DHARGALKAR e KAVLEKAR, 2004; BURTIN,
2003) e as algas vermelhas contêm ficoeritrina vermelha e ficocianina azul, β-caroteno e α-
caroteno e seus derivados diidroxilados: zeaxantina e luteína (BURTIN, 2003).
Cruz-Suárez et al., (2008) mostrou que camarões alimentados com dietas
suplementadas com 3,3% da farinha de Ulva clathrata tiveram resultados superiores na
pigmentação em comparação com camarões alimentados com Macrocystis e Ascophyllum.
Em outro estudo, Cruz-suárez et al., (2009) afirmaram que a farinha de U. clathrata (33 g/kg)
melhorou o crescimento e a pigmentação corporal em L. vannamei.
A adição de carotenoides nas rações melhora a aparência e também o valor nutritivo
dos camarões, tornando este produto mais atrativo ao consumidor. Hafezieh et al., (2017)
verificou que a dieta com maior teor de algas marinhas Sargassum ilicifolium 15% na ração
do L. vannamei apresentou não apenas os melhores desempenhos de crescimento, taxa de
24
5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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