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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
ENGENHARIA DE AQUICULTURA

Bárbara Fernanda Tomé Silva

Revisão sobre o uso de macroalgas na nutrição do camarão branco


Litopenaeus vannamei

2022
NATAL, RN
Bárbara Fernanda Tomé Silva

Revisão sobre o uso de macroalgas na nutrição do camarão branco


Litopenaeus vannamei

Trabalho de Conclusão do Curso de


Graduação em Engenharia de Aquicultura da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como requisito para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia de Aquicultura.

Profa. Orientadora: Dra. Eliane Marinho-Soriano

2022
NATAL, RN
BARBARA FERNANDA TOMÉ SILVA

REVISÃO SOBRE O USO DE MACROALGAS NA NUTRIÇÃO DO CAMARÃO BRANCO


Litopenaeus vannamei

Silva, Barbara Fernanda Tomé.


Revisão sobre o uso de macroalgas na nutrição do camarão
branco Litopenaeus vannamei / Barbara Fernanda Tome Silva. -
2022.
32 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Biociências, Graduação em Engenharia de
Aquicultura. Natal/RN, 2022.
Orientadora: Profa. Dra. Eliane Marinho Soriano.

1. Macroalgas - Monografia. 2. Composição química -


Monografia. 3. Ração - Monografia. 4. Camarão Litopenaeus
vannamei - Monografia. I. Soriano, Eliane Marinho. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSCB CDU 639.64

Aprovada em 08/02/2022

BANCA EXAMINADORA

Dra. Eliane Marinho Soriano


Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Dra. Marcella Araújo do Amaral Carneiro


Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Dr. Deusimar Freire Brasil


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
AGRADECIMENTOS

A toda minha família pelo apoio, ajuda e motivação, aos amigos que forneceram acolhimento
e muitas alegrias, aos colegas de curso, funcionários do Departamento de Oceanografia e
Limnologia pelo carinho e todo corpo docente da UFRN, cada docente com sua historia,
conhecimento e sabedoria, foram de suma importância durante toda a graduação.

Aos colegas do Laboratório de Macroalgas por partilhar as experiências, conhecimento e pela


paciência. Em especial a minha orientadora Dra. Eliane Marinho Soriano, digna de todo
respeito e admiração, uma mulher incrível e inspiradora, minha eterna gratidão pelo carinho,
compreensão, dedicação e apoio.

Sinto muito, me perdoe, te amo e EU SOU muito grata por todos os caminhos que me fizeram
chegar nesse aqui e agora.
RESUMO

Este estudo é baseado em uma revisão bibliográfica que discute e apresenta, com base
em pesquisas realizadas em diversas bases de dados de artigos científicos publicados, livros,
teses de doutorado e dissertações de mestrado, o potencial de uso das macroalgas na nutrição
animal, com foco na espécie de camarão marinho Litopenaeus vannamei. Ao longo do
trabalho são abordados assuntos como, histórico das algas marinhas em ração animal,
panorama da carcinicultura e características da espécie abordada, incorporação das
macroalgas na ração, valor nutricional, composição química, uso como suplemento e
nutracêutico, digestibilidade, e os efeitos das macroalgas sobre as propriedades organolépticas
dos animais.

Palavras-Chaves: Macroalgas, Composição Química, Ração, Camarão Litopenaeus


vannamei.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Macroalgas marinhas (A) Ulva lactuca, (B) Laminaria ochroleuca, (C) Porphyra
pertusa. Fonte algaebase................................................................................................... 6

Figura 2. Produção de camarão por região....................................................................... 8

Figura 3: Litopenaus vannamei (Boone, 1931)................................................................ 11


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 6
2 OBJETIVO .............................................................................................................. 9
3 METODOLOGIA ................................................................................................. 10
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 11
4.1 Aquicultura – Carcinicultura .......................................................................... 11

4.2 Espécie Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) ................................................. 11

4.3 Uso das macroalgas em dietas de animais aquáticos ..................................... 12

4.4 Incorporação de macroalgas na ração ............................................................ 13

4.4.1 Substituto proteico ..................................................................................... 13

4.5 Valor nutricional das macroalgas ................................................................... 14

4.6 Composição química ......................................................................................... 15

4.6.1 Proteínas ..................................................................................................... 15

4.6.2 Polissacarídeos ........................................................................................... 15

4.6.3 Lipídios – ácidos graxos essenciais ........................................................... 18

4.6.4 Compostos bioativos .................................................................................. 18

4.6.5 Minerais ...................................................................................................... 19

4.6.6 Vitaminas .................................................................................................... 20

4.7 Uso como suplemento prébiotico e nutracêutico ............................................ 20

4.8 Digestibilidade ................................................................................................... 22

4.9 Efeito das macroalgas nas propriedades organolépticas do animal ............ 23

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 24
6

1 INTRODUÇÃO

As macroalgas estão presentes em todos os oceanos do planeta desde zonas tropicais a


polares. Elas vivem fixadas em substratos ou flutuando livremente na superfície dos oceanos.
As comunidades de macroalgas são controladas por diversos fatores ambientais como
disponibilidade de luz, salinidade, substrato e temperatura, esta última é a principal variável
ambiental que influencia na sua distribuição (MARINHO-SORIANO, 2013). Elas podem ser
classificadas baseando-se na presença de pigmentos específicos (clorofilas, carotenoides e
ficobiliproteinas), identificando-as como fazendo parte dos filos: Chlorophyta (algas verdes),
Ochrophyta (algas marrons) ou Rhodophyta (algas vermelhas) (fig. 1). Os diferentes
pigmentos estão relacionados com a sua distribuição no ambiente e a disponibilidade de
luminosidade para realizar a fotossíntese. Elas são organismos diversos fisiologicamente, e
por estarem expostas as mudanças de maré, herbivoria ou radiações ultravioletas, necessitam
desenvolver mecanismos de adaptação, que resultam na produção de metabólitos bioativos
(MARINHO-SORIANO & CARNEIRO, 2021).

Figura 1. Macroalgas marinhas (A) Ulva lactuca, (B) Laminaria ochroleuca, (C) Porphyra
pertusa. Fonte algaebase

As macroalgas vêm sendo utilizadas pelas populações costeiras há milênios para


alimentação dos animais, conforme registrado no livro Bellum Africanum de 45 A.C, os
gregos alimentavam seus rebanhos com macroalgas em tempos de escassez (EVANS &
CRITCHLEY, 2014). Durante a primeira guerra mundial, o exército francês utilizou algas
secas para alimentar os cavalos quando havia penúria de ração (ANIS et al., 2017). Na
Escócia é culturalmente comum os animais pastarem pela costa, onde ovelhas e o gado
consomem diferentes espécies de algas (FLEURENCE, 2016). Os islandeses frente à escassez
de forragem comum em determinadas épocas do ano, colocavam os animais, ovelhas, cavalos
e o gado para pastar na praia, onde se alimentavam das macroalgas durante 6 a 8 semanas por
ano e até 18 semanas em alguns casos. As algas eram coletadas, secadas e armazenadas em
7

celeiros, e existem relatos de macroalgas sendo preservadas como silagem e usadas como
alimento de inverno para ovelhas e gado no início dos anos 1900 (EVANS & CRITCHLEY,
2014; MAKKAR et al., 2016). A Noruega foi pioneira no uso comercial de macroalgas em
ração animal, com início da produção em 1930 (MELAND e REBOURS, 2012).
O valor nutricional atribuído as macroalgas torna-as particularmente apropriado por
serem usadas na alimentação animal (terrestre e aquático). Recentemente, foram realizados
diversos estudos sobre o uso de macroalgas como ingrediente para a alimentação de animais
aquáticos. Esses estudos têm mostrado as algas como potencial substituto para fontes
convencionais de proteína alimentar, além de trazer benefícios à saúde animal incluindo a
prevenção de algumas doenças (MORAIS et al. 2020).
As dietas comercialmente formuladas representam a maior proporção dos custos de
produção na aquicultura (NAYLOR et al., 2009). Além disso, a redução contínua na produção
de farinha e óleo de peixes, oriundos da pesca, juntamente com a crescente demanda por
dietas, tem contribuído para o aumento geral nos custos de ração (SHEPHERD & JACKSON,
2013). Consequentemente, tanto as instituições de pesquisa quanto os fabricantes de ração
estão buscando novas fontes econômicas e ambientalmente sustentáveis de materiais
alimentares como substitutos para esses ingredientes. Em última análise, para que essas
alternativas de substituição de ingredientes de ração sejam aceitas, elas devem manter o
crescimento e a qualidade geral de saúde/sobrevivência dos animais cultivados, ao mesmo
tempo em que atendem às expectativas do produtor e do consumidor (WAN et al. 2019).
A inclusão de algas como suplemento dietético para camarão tem sido bem estudada
(MORAIS et al. 2020). No contexto da aquicultura, os efeitos da inclusão de macroalgas na
ração resultaram em melhor desempenho, incluindo melhor qualidade do produto animal
(CRUZ-SUÁREZ et al. 2009). Para ser mais específico, a produção comercial de camarões
representa uma das áreas de aquicultura que mais crescem no mundo (FAO, 2018). Em escala
mundial, a produção de camarão alcançou, em 2018, cerca de 4,5 milhões de toneladas.
Atualmente os camarões marinhos representam o segundo principal grupo de espécies
exportadas em termos de valor econômico e se estabelece como importante fonte de renda em
vários países em desenvolvimento da Ásia e América Latina. Na carcinicultura, o Litopenaeus
vannamei é a espécie de camarão mais cultivada e a terceira espécie mais consumida no
mundo (FAO, 2018). A produção de camarão em 2021 em nível global alcançou um aumento
de 8%, enquanto o crescimento de mais de 5% está previsto para 2022 – mostrando uma
história muito positiva para o setor de camarão (fig.1).
8

Figura 2. Produção de camarão por região. Fonte: FAO (2019) GOAL – Global aquaculture
Production Survey and Forecast (2021).

O cultivo de camarão requer o fornecimento de nutrientes via suplementação de dietas


balanceadas. As rações representam a maior proporção dos custos de produção na
carcinicultura e a sua otimização nutricional é importante por razões biológicas, ambientais,
sanitárias e econômicas, sendo necessária para o desenvolvimento de uma aquicultura
sustentável. Com a intensificação dos cultivos na carcinicultura houve a ocorrência de
enfermidades infecciosas transmissíveis e não transmissíveis (ABDEL-RAHIM et al. 2021).
As algas marinhas são ricas em metabólitos (pigmentos, carotenóides, florotaninos, ácidos
graxos poliinsaturados, ágar, alginato e carragenana) e minerais (iodo, zinco, sódio, cálcio,
manganês, ferro, selênio), e por esse motivo, é considerada uma fonte natural de aditivos que
podem substituir o uso de antibióticos em vários animais (MACARTAIN et al., 2007; DE
QUIRÓS et al., 2010; TABARSA et al. 2012; KUMAR et al., 2014; RODRIGUES et al.,
2015).
Uma das formas de se utilizar compostos bioativos nos cultivos de camarões é por
meio da adição na dieta. Para as algas marinhas serem úteis e aceitas como um ingrediente
substituto ou como suplemento na formulação de rações, deve manter o crescimento e saúde,
sobrevivência geral e filé de qualidade do organismo cultivado. Neste trabalho os estudos
sobre os efeitos da inclusão de algas marinhas em rações do camarão Litopenaeus vannamei
foram revisados.
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2 OBJETIVO

O presente estudo teve como objetivo avaliar o uso de macroalgas em dietas do camarão
Litopenaeus vannamei. Nesta revisão foram analisados o potencial das macroalgas e seus
efeitos sobre as taxas de crescimento, eficiência alimentar, saúde dos animais e qualidade
organolépticas do camarão.
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3 METODOLOGIA

O presente estudo foi estabelecido através de uma revisão bibliográfica, executado no


período de junho de 2021 a dezembro de 2021. Para isso, foi elaborada a escolha e definição
do tema a ser abordado, a problemática e os objetivos propostos. Em seguida, uma ampla
leitura a partir de algumas bases de dados como: Periódicos CAPES, Repositório das
Universidades e Google Acadêmico, sem restrição de data de publicação, nas línguas inglesas
e portuguesa. Na pesquisa, foram consultados artigos originais de pesquisa e de revisão, teses,
livros e revistas sobre o tema. As referências utilizadas foram avaliadas segundo a sua
relevância e atualidade, preferindo as que apresentaram tópicos diretamente relacionados com
o assunto.
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4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Aquicultura – Carcinicultura

A carcinicultura é a atividade que vem ganhando cada vez mais proporção econômica
em relação às atividades aquícolas. Em escala mundial, a produção de camarão alcançou, em
2018, cerca de 4,5 milhões de toneladas. Atualmente os camarões marinhos representam o
segundo principal grupo de espécies exportadas em termos de valor econômico e se estabelece
como importante fonte de renda em vários países em desenvolvimento da Ásia e América
latina. Na carcinicultura, o Litopenaeus vannamei é a espécie de camarão mais cultivada e a
terceira espécie mais consumida no mundo (FAO 2018).
O Brasil segue sendo um dos principais produtores de camarão da América do Sul, em
2019 a produção oficial do L. vannamei foi de 54 mil toneladas (IBGE, 2020). A região
Nordeste do país é responsável pela maior parte da produção nacional com volume escoado
acima de 90% do total produzido (IBGE, 2020).

4.2 Espécie Litopenaeus vannamei (Boone, 1931)

Figura 3. Litopenaeus vannamei (Boone, 1931). Fonte


(http://www.fao.org/fishery/culturedspecies/Penaeus_vannamei/en
acesso: 09/09/2021).

O camarão L. vannamei pertencente à ordem Decapoda e a família Peneaeidae é nativo


da costa do Pacífico oriental. Ele se encontra distribuído desde o Peru (região de Tumbes) até
o México (região de Sonora), em áreas onde as temperaturas da água são normalmente > 20 °
C ao longo do ano. Nas suas fases iniciais de desenvolvimento o L. vannamei vive em habitats
marinhos tropicais com características marinhas (30-40 PSU). Os adultos vivem e desovam
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no oceano aberto, enquanto as pós-larvas migram para a costa para passar seus estágios
juvenis. Estuários, baias ou outros habitats costeiros servem de berçários naturais para as pós-
larvas e juvenis desta espécie. Ao atingir sua fase juvenil o L. vannamei migra para o alto mar
a procura de águas mais profundas (70m), (FAO, 2018). Essa espécie é reconhecida como
osmoreguladora, sendo considerada eurihalina, tolerando rápidas e amplas flutuações na
salinidade (0,5 – 40 PSU).
Conhecido como camarão branco do pacifico o L. vannamei é uma espécie exótica na
costa brasileira, onívoro, com habito alimentar detritívoro, se alimenta de qualquer tipo de
matéria orgânica disponível. Os crustáceos utilizam a proteína como principal fonte de
energia obtida na cadeia alimentar aquática. Essa cadeia trófica apresenta baixos níveis de
carboidratos e excesso de lipídios e proteínas, levando a utilização desses nutrientes como
fonte de energia no ambiente natural (GUILLAUME, 1999).
Grande parte do sucesso do L. vannamei na carcinicultura mundial está justamente
relacionada às suas características biológicas e zootécnicas, tais como: grande tolerância às
variações e à extremos de salinidade; suportar bem elevadas densidades de cultivo; apresenta
rápido ganho de peso, mesmo com níveis relativamente baixos de proteína na sua dieta.

4.3 Uso das macroalgas em dietas de animais aquáticos

Com o continuo crescimento e intensificação dos cultivos aquícolas, a demanda por


farinha de peixe também cresce, mostrando que a sua substituição por fontes alternativas de
proteína é a medida essencial para aumentar a sustentabilidade na aquicultura (TEVES &
RAGAZA, 2016). A ração é uma das maiores despesas para os produtores de camarão
(AKIYAMA et al., 1992; SARAC et al., 1993). A produção de baixo custo tem como objetivo
as plantas como a principal alternativa ao uso de farinha e óleo de peixe em alimentos
aquáticos (GATLIN III et al., 2007; NAYLOR et al., 2009). O uso das macroalgas como um
ingrediente na formulação de rações animais se torna uma opção promissora, uma vez que
elas podem fornecer energia, minerais e proteínas para a dieta animal e tem potencial como
fonte alternativa na suplementação de prébioticos para organismos aquáticos cultiváveis.
As algas marinhas são também usadas como agentes aglutinantes em rações para
camarões (CEVA, 2005). A inclusão de algas em formulações de rações tem resultado na
melhoria da qualidade do pellet (hidroestabilidade, capacidade de retenção de água e textura),
resultando em maior consumo de ração e maior eficiência alimentar (CRUZ SUÁREZ, 2008).
O cultivo de camarão requer o fornecimento de nutrientes pela suplementação de
dietas balanceadas. Conforme exigência da espécie cultivada, as rações representam a maior
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proporção dos custos de produção na carcinicultura e a sua otimização nutricional, se faz


necessária, tanto pela parte ambiental e sanitária, quanto pelo viés econômico, estabelecendo
assim, uma atividade mais sustentável.

4.4 Incorporação de macroalgas na ração

As macroalgas são incorporadas na ração em forma de farelo/farinha ou extrato, os


estudos são feitos principalmente com o intuito de substituir fontes proteicas e ou suplementar
nutracêuticos e prebióticos na dieta dos organismos. Diversos trabalhos relataram que a
inclusão de farinha de algas marinhas melhora o crescimento, o consumo de ração e a
eficiência da proteína em níveis baixos de inclusão (<10%) (CRUZ-SUÁREZ et al., 2008;
MARINHO-SORIANO et al., 2007).

4.4.1 Substituto proteico

A farinha de peixe é o principal ingrediente proteico constituinte das dietas dos


camarões, rica em aminoácidos essenciais e ácidos graxos insaturados. O uso de rações com
essa formulação foi fundamentada por resultados laboratoriais, demostrando que o conteúdo
ideal na dieta está entre 35 a 46% (GUILLAUME, 1997).
Nesse contexto, estudos são feitos para averiguar a eficiência das macroalgas como
substituto proteico a farinha de peixe. Marinho-Soriano et al., (2007) avaliando a macroalga
Gracilaria cervicornis como fonte proteica na dieta do camarão Litopenaeus vannamei,
verificou que a inclusão de 50% de macroalgas na ração comercial foi satisfatória, sem afetar
o crescimento e sobrevivência dos organismos. Cruz-Suarez et al., (2009) testaram a inclusão
de 33 g kg-¹ de farinha de algas marinhas (marrom - Macrocystis pyrifera e Ascophyllum
nodosum e verde – Ulva clathrata) na alimentação de L. vannamei e observaram menor taxa
de conversão alimentar e maior peso final em camarões alimentados com farelo de Ulva.
As rodófitas Hypnea cervicornis e Cryptonemia crenulata foram utilizadas com a adição de
até 30% de proteínas brutas em dietas experimentais, o estudo constatou que dietas com maior
teor de algas exibiram melhor taxa de conversão alimentar, além de não ter comprometido a
biomassa final, ganho de biomassa, taxa de crescimento específico e sobrevivência (DA
SILVA & BARBOSA, 2009). Hafezieh et al., (2014) verificaram que a adição parcial de até
15% da macroalga Sargassum illicifolium em dietas balanceadas de L.vannamei foi benéfica
para os animais, sem prejuízos no crescimento e sobrevivência, além de proporcionar um
menor taxa de conversão alimentar.
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Rodríguez-González et al., (2014) observaram que podem substituir de forma parcial


as dietas balanceadas, com inclusão de 5% da farinha de Ulva lactuca e 15% farinha de
Gracilaria parvispora como fonte proteica sem interferir no crescimento e peso final.
Cárdenas, et al., (2015) avaliaram diferentes níveis de farinha de algas verdes e marrons em
dietas experimentais para camarões L. vannamei utilizando sistema de recirculação de água
(RAS). Ele observou que a inclusão de 4 e 8% de farinha marrom e verde na ração comercial
para camarões melhorou o crescimento e a sobrevivência de juvenis de L. vannamei em
sistemas de RAS.
Qiu et al., (2018) realizaram um ensaio de crescimento utilizando a farinha da
macroalga Ulva sp. como substituta da farinha de peixe na formulação de ração do camarão L.
vannamei com diferentes níveis de inclusão e relatou que pode ser incluído na dieta em até
6,35% para substituir 2% de farinha de peixe sem resultar em redução de crescimento. Omont
et al., (2019) avaliaram três extratos de algas marinhas (Ulva lactuca, Eisenia sp. e Porphyra
sp.) na inclusão na dieta do L. vannamei, substituindo a soja e o farelo de trigo em três níveis
de inclusão. Eles relataram que todos os extratos tiveram efeitos positivos no ganho de peso,
no crescimento e no consumo de ração. A espécie Ulva lactuca se destacou, atingindo os
maiores índices com inclusão de 15% e na maioria dos casos. Além disso, o nível de inclusão
de 5% de todos extratos testados resultou em um aumento das atividades enzimáticas.

4.5 Valor nutricional das macroalgas

As macroalgas são uma fonte abundante de nutrientes. Em geral são ricas em


proteínas, fonte de polissacarídeos, possuem ácidos graxos essenciais e uma série de
compostos bioativos, ricas também em minerais (Ca, Mg, Na, Fe, Cu, I, K, P, Zn, Mn) e
vitaminas (A, C, D, E e todas do complexo B), que atuam como suplementos nutricionais para
camarões (MACARTAIN et al., 2007; DE QUIRÓS et al., 2010; TABARSA et al. 2012;
KUMAR et al., 2014; RODRIGUES et al., 2015).
No geral as algas marinhas possuem um elevado teor de proteínas que pode chegar até
47% do seu peso seco. As algas vermelhas e verdes apresentam os maiores níveis de proteínas
(10-47% de seu peso seco) e as marrons apresentam níveis inferiores variando de (3 a 15% do
peso seco). Na grande maioria dos casos contém todos os aminoácidos essenciais e em boa
quantidade. O teor lipídico das macroalgas é baixo e os polissacarídeos também estão
presentes em grandes quantidades. As algas podem conter de 33 a 50% do seu peso seco em
fibras, tanto solúvel, como insolúvel. Sendo consideradas boa qualidade e benéficas para a
15

saúde do consumidor (MACARTAIN et al., 2007; HOLDT & KRAAN, 2011; IBAÑEZ &
CIFUENTES, 2013).

4.6 Composição química

A composição química das algas marinhas variam em função dos fatores ambientais,
incluindo temperatura da água, salinidade, luz, disponibilidade de nutrientes, minerais,
distribuição geográfica e estação do ano (MARINHO-SORIANO et al., 2006). Diferentes
autores mostraram que a composição química das algas marinhas podem variar com as
espécies, maturidade, habitat e condições ambientais (BURTIN, 2003; ORTIZ J et al., 2006 ).
Zhang et al., (2012) analisaram cepas geneticamente diferentes da mesma espécie Porphyra
yezoensis e coletadas em diferentes locais, e verificaram que podem exibir diferentes
características adaptativas para cada ambiente no que diz respeito aos conteúdos de ficobilina
e clorofila.

4.6.1 Proteínas

A quantidade de proteínas nas macroalgas varia conforme a espécie e condições


ambientais, mas comparando entre os diferentes grupos, as algas vermelhas e verdes
apresentam os maiores teores. A maioria das macroalgas contém todos os aminoácidos
essenciais e em boas quantidades (MACARTAIN et al., 2007). Além de possuírem os
aminoácidos essenciais, algumas espécies apresentam proteínas com o potencial bioativo,
como por exemplo as lectinas, ficobiliproteinas e aminoácidos do tipo micosporina (MAAs).
(STENGEL et al., 2011).
As lectinas são encontradas em diversos organismos, se apresentam como uma
proteína ligante de carboidrato e desempenham diversas funções importantes para o
metabolismo. As lectinas extraídas das macroalgas já apresentaram eficiência como atividades
antibacterianas, anti-inflamatórias, citotóxicas, anti-HIV e antibiótica. Os aminoácidos do tipo
micosporina são utilizados para a proteção contra a intensa exposição solar na pele e de outros
materiais biológicos, além de poderem atuar como antioxidante. (STENGEL et al., 2011).

4.6.2 Polissacarídeos

Essas macromoléculas estão presentes em grandes quantidades nas macroalgas. Seus


polímeros são utilizados como espessante, gelificante e emulsificante. Pelos vários tipos de
aplicação, apresenta um alto valor comercial, com o mercado bem estabelecido na indústria
farmacêutica e de alimentos (HOLDT & KRAAN 2011; VASCONCELOS et al., 2015).
16

Os polímeros mais utilizados são os ficocoloides: ágar, carragenana e alginato, mas


outros polímeros estão sendo estudados como fucanas, laminarina, ulvana e porfiranas.
(HOLDT & KRAAN 2011; STENGEL et al., 2011; VASCONCELOS et al., 2015). Os
cultivos de algas marinhas são voltados principalmente para obtenção desses compostos. Os
ficocolóides podem desempenhar diversas atividades biológicas (KADAM et al., 2013).
O ágar ou agarana são polissacarídeos compostos por duas frações principais: a
agaropectina, polímero sulfatado e agarose, polímero neutro, com propriedades gelificante,
espessante e estabilizante. (HOLDT & KRAAN 2011; VASCONCELOS et al., 2015). A
carragenana é um polissacarídeo sulfatado de cadeia linear extraído de alguns grupos de
macroalgas vermelhas (Rhodophyta). A carragenana é solúvel em água e formam soluções
com alta viscosidade, fornecendo estabilidade em diversos tipos de pH. É classificada em três
formas gerais: kappa, iota e lambda, apresenta propriedades bioativas com efeitos
antioxidantes, antitumorais, antivirais, microbicidas, anticoagulante, hipoglicêmica
(MCHUGH et al., 2003; HOLDT & KRAAN 2011; VASCONCELOS et al., 2015).
Mariot et al., (2021) adicionaram carragenana na dieta do L. vannamei e verificaram o
aumento da resistência ao vírus da síndrome da mancha branca (WSSV) sem alterar o
desempenho de crescimento e estresse nos animais. Eles também observaram que o
incremento de 1,5% na dieta aumentou parâmetros imunológicos e de cepas bacterianas
específicas no intestino, trazendo novas evidências sobre a relação da microbiota intestinal
com a resposta imune e resistência à infecção viral em camarões.
Os alginatos são extraídos das macroalgas pardas. As espécies mais utilizadas são
Saccharina Undaria, Laminaria, Ecklonia, Lessonia, Macrocystis, Sargassum spp.,
Ascophyllum nodosum e Fucus vesiculosus. Este composto está disponível de duas formas,
como ácido (ácidos algínicos) e como sal (alginato de sódio). (MCHUGH et al., 2003;
HOLDT & KRAAN 2011; STENGEL et al., 2011; VASCONCELOS et al., 2015). Seus
extratos são muito utilizados pela indústria de alimentos, têxtil, papel, cosmética,
principalmente farmacêutica e biotecnológica. Conforme estudos realizados, são importantes
para a saúde humana e animal, podem levar a diminuição do colesterol e desempenham papel
importante como fibra dietética, além de desempenhar uma série de bioatividade com funções
anticancerígena, anti-hipertensiva, antibacteriana, antisséptica, anti-obesidade, antidiabética,
anti-ulcerosa, antitóxica, (HOLDT & KRAAN 2011).
Yudiati et al., (2016) adicionaram alginato de Sargassum siliquosum na dieta de L.
vannamei e observaram o aumento da imunidade inata, bem como a expressão de genes
relacionados ao sistema imunológico. A Laminarina apresenta potencial para uso medicinal e
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farmacêutico. É encontrada nas algas pardas e em maior quantidade nas folhas da Laminaria.
Nas algas ela exerce a função de reserva alimentar. Estudos verificaram que esse composto
pode atuar em diferentes espécies de animais como um antiviral, anticoagulante, antitumoral,
fibra dietética, substrato para bactérias probióticas e reduzir níveis de colesterol, pressão
sistólica e ativador do sistema imune (STENGEL et al., 2011; HOLDT & KRAAN 2011).
Os Fucoidanos estão presentes em grandes quantidades nas macroalgas marrons. É
ampla a quantidade de estudos relacionados às atividades terapêuticas dos fucoidanos em
diferentes seres vivos, demonstrando atividades antitumorais, antivirais, antibacterianas, anti-
inflamatórias, imunomoduladoras, de proteção contra radiação, osteoartrite, úlceras gástricas,
danos oxidativos e até mesmo atuando como promotor de crescimento e na regeneração óssea
(BALBOA et al., 2013; WU et al., 2016). Schleder et al., (2017) utilizaram as macroalgas
Sargassum filipendula e Undaria pinnatifida como aditivo alimentar para o camarão L.
vannamei e verificaram que as algas marrons (ricas em fucoidanos) proporcionaram efeitos
fisiológicos benéficos aos camarões, sendo o mais importante, a melhora imunológica na
resposta contra o WSSV, a resistência à variação térmica que constitui um importante gatilho
para surtos de enfermidades com a espécie S. filipendula. O estudo realizado por Salehpour et
al., (2021) demonstraram o efeito nutracêutico da macroalga Cystoseira trinodis na dieta do
L. vannamei com diferentes níveis de inclusão, concluindo que todas as concentrações
utilizadas foram benéficas, com o melhor resultado para 0,4%, sendo um bom
imunoestimulante natural para melhorar o desempenho de crescimento e controlar o vírus da
mancha branca (WSSV).
Ulvana é extraída das algas verdes, principalmente das espécies de Ulva. Forma um
gel e esse composto é carregado de polieletrólitos sulfatados, composto principalmente de
ramnose, ácido urônico, glicose e xilose (HOLDT & KRAAN 2011). Esse
heteropolissacarídeo da parede celular representa 9 a 36% de biomassa em peso seco
de Ulva sp (HAMED et al., 2015). Esses compostos regulam as funções imunológicas e
atuam como antioxidantes e antibióticos (USOV, 2011). Um alto nível deste polissacarídeo
sulfatado em Ulva sp. revela sua atividade anticoagulante, antiviral, antiinflamatória, anti-
hiperlipidêmica, imunomoduladora e anticâncer (PEREIRA, 2018).
Dietas alimentares suplementadas com ulvana de Enteromorpha intestinalis (= Ulva
intestinalis) resultaram em aumento significativo o ganho de proteína nos camarões em
comparação com aqueles alimentados com a dieta sem suplementação ulvana (SERRANO JR.
& DECLARADOR, 2014). O estudo realizado com Ulva rigida (AKBARY &
18

AMINIKHOEI, 2018), mostrou que a incorporação de ulvanas na dieta aumentava o


crescimento e a atividade antioxidante, melhorando a imunidade do L. vannamei.
A porfirina está presente em espécies de Porphyra. Esses compostos se assemelham
quimicamente ao ágar, possui fibras dietéticas de boa qualidade e apresenta alta bioatividade
(HOLDT & KRAAN 2011). Dietas elaboradas com a macroalga Porphyra haitanensis
aumentaram o desempenho de crescimento e a imunidade e reduz o estresse oxidativo do L.
vannamei (NIU et al., 2018).

4.6.3 Lipídios – ácidos graxos essenciais

As macroalgas são uma rica fonte de ácidos graxos, principalmente os poli-insaturados


(PUFAs) como o eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenóico (DHA). As espécies do grupo
de macroalgas pardas (Ochrophyta) e vermelhas (Rhodophyta) são fontes desses ácidos
graxos poli-insaturados. Esses importantes PUFAs estão diretamente relacionados com a
proteção cardiovascular, anti-inflamatória e anticancerígena. Os níveis e proporções com
relação aos ácidos graxos variam dependendo da espécie, origem geográfica e de diversos
fatores abióticos (HOLDT & KRAAN 2011; BARBOSA et al., 2014). Através de um estudo
feito por Holdt & Kraan (2011) foi observado que as macroalgas do gênero Palmaria e
Sargassum apresentam a melhor proporção de ômega 3 e 6 e os maiores teores de lipídios
totais, comparando a outros gêneros. Os gêneros Gracilaria, Ulva e Fucus, apresentaram os
maiores teores de ácido oleico.

4.6.4 Compostos bioativos

As macroalgas possuem diversos metabólicos secundários que são chamados também


de compostos bioativos, dentre eles estão os esteróis, compostos fenólicos, compostos
halogenados e os pigmentos (carotenoides, fucoxantina, clorofilas e as ficobiliproteínas). Os
esteróis ocorrem naturalmente nas macroalgas e pode variar dependendo da espécie. Sua
função é semelhante à exercida pelo colesterol em seres superiores. As macroalgas marrons
do gênero Undaria e Laminaria possuem boas quantidades de fucosterol, esterol que se
inserido na dieta de animais e humanos apresenta diminuição da concentração de colesterol
(HOLDT & KRAAN 2011).
Compostos fenólicos estão envolvidos em mecanismos de proteção química contra
fatores bióticos, estresse abiótico e contaminação por metais (STENGEL et al., 2011). Os
polifenóis presentes nas algas são ácidos fenólicos, taninos, flavonoides, catequinas e
florotaninos. Em geral algas pardas contêm quantidades mais elevadas de florotaninos e de
19

floroglucinol, apresentam bioatividade, como por exemplo, antioxidante, antibiótica,


antidiabética, antiviral, anti-inflamatória, antiproliferativa (KADAM et al., 2013). Como
apresentado por Holdt & Kraan (2011) em sua revisão, as algas pardas Sargassum, Fucus e
Ascophylum nodosum apresentam fortes efeitos antioxidantes, pois contêm em sua
composição esses compostos em abundância.
Compostos Halogenados são metabólitos primários e secundários, encontrados nas
algas vermelhas e marrons. Eles desempenham atividades como antibacteriano, antitumoral,
antimicrobiana, anti-viral, anti-cancerígena e citotóxica. A macroalga do gênero Laurencia
possui destaque por apresentar produtos notáveis de compostos halogenados (CARDOZO et
al., 2007).
As principais classes de pigmentos encontradas em algas marinhas são os
carotenoides, clorofilas e ficobiliproteínas (PANGESTUTI & KIM, 2011). Os carotenoides
são pigmentos presentes em todas as algas. Eles possuem uma série de atividades biológicas,
benéficas a saúde e atua contra uma série de doenças, se destacando por sua capacidade
antioxidante (HOLDT & KRAAN 2011; STENGEL et al., 2011; BARBOSA et al., 2014). A
fucoxantina, presente nas algas marrons é um dos carotenoides mais abundantes (KADAM et
al., 2013). As clorofilas a e b são encontradas em todas as algas. Quando convertida em
feofitina, pirofeofitina e feoforbida, mostram efeito antimutagênico e podem desempenhar um
papel significativo na prevenção do câncer (HOLDT & KRAAN 2011).
As ficobiliproteínas são encontradas nas macroalgas vermelhas (Rhodophyta). Elas
atuam nas algas como pigmentos acessórios e são utilizadas como corantes naturais em
alimentos, cosméticos e marcadores fluorescentes. Apresentam propriedades antioxidantes na
prevenção de diversas doenças, atuando principalmente contra o envelhecimento precoce
(HOLDT & KRAAN, 2011; STENGEL et al., 2011; BARBOSA et al., 2014).

4.6.5 Minerais

As algas marinhas são conhecidas como uma boa fonte de vários elementos como Ca,
Mg, Na, P e K ou oligoelementos como Zn, I ou Mn (RODRIGUES et al., 2015). Essa
riqueza elementar está relacionada à sua capacidade de reter compostos inorgânicos do
ambiente aquoso, sendo responsável por até 36% da matéria seca em algumas espécies
(LORDAN et al., 2011). A generalização nutricional sobre o conteúdo de minerais das
macroalgas é complicada por causa das grandes variações sazonais, geográficas e
taxonômicas nos conteúdos de minerais.
20

Vários autores relatam a necessidade de estudos sobre toxicocinética de metais


pesados nas macrolagas e medidas legislativas para garantir o monitoramento e a rotulagem
dos produtos alimentares para proteção contra o excesso de ingestão de sal, iodo e metais
pesados, como arsênio (As), alumínio (Al), cádmio (Cd), chumbo (Pb), rubídio (Rb), silício
(Si), estrôncio (Sr) e estanho (Sn ) (JARVIS et al., 2015; CHEN et al., 2018). Embora as
concentrações de metais pesados nas algas marinhas estejam geralmente abaixo dos níveis
tóxicos, a bioacumulação de arsênio e chumbo é o principal risco na colheita de algas
marinhas nativas (CABRITA et al., 2018).

4.6.6 Vitaminas

O conteúdo de vitaminas nas macroalgas, tipos e concentrações variam de acordo com


a espécie e os diferentes fatores ambientais pelo qual ela foi exposta. Hernández-Carmona et
al., (2009) fizeram a quantificação mensal das concentrações de vitaminas C, B2 , B1 e A
em Eisenia arborea ao longo de um período de 12 meses. Eles observaram que as
concentrações variam de acordo com as estações do ano. Em geral as algas marinhas contêm
vitaminas hidrossolúveis e lipossolúveis, dentre elas estão as vitaminas A, B(b1, b2, b3, b6,
b8, b9 e b12), C e E (MACARTAIN et al., 2007).

4.7 Uso como suplemento prébiotico e nutracêutico

Conforme abordado anteriormente, o surgimento de enfermidades nos cultivos,


principalmente as virais, se tornou um desafio para conseguir o sucesso na carcinicultura.
Nesse sentido, o estudo de substâncias bioativas naturais vem como suporte para minimizar o
efeito das doenças e aumentando a resistência natural dos animais. Isto contribui com a
diminuição o uso de agentes químicos terapêuticos, como os antibióticos sintéticos, que com
seu uso excessivo tem causado efeitos negativos. Dentre eles podemos citar a eliminação da
flora microbiana normal do intestino do camarão, contaminação de resíduos na carne do
animal e ambiente, induzindo o surgimento de micro-organismos resistentes e potencial risco
a saúde pública (CANTELLI et al., 2012; WELLS et al., 2017).
Com isso as macroalgas se tornaram interessantes para a aplicação como
imunoestimulantes na aquicultura em forma de farinha ou extrato, uma vez que são fáceis de
preparar, baratos e têm poucos efeitos colaterais em animais aquáticos e no meio ambiente
(THANIGAIVEL et al., 2016). Ulvaceae e Caulerpaceae (algas verdes); Sargassaceae (algas
marrons); e Gracilariaceae , Gelidiaceae e Hypneaceae (algas vermelhas) são as famílias de
21

algas marinhas mais usadas como imunoestimulantes na aquicultura (HAFEZIEH et al. 2014;
THANIGAIVEL et al., 2016).
Cheng et al., (2005) utilizaram alginato de sódio (extraído de algas marrons) na dieta
do L. vannamei como suplemento em diferentes concentrações (0,5, 1% e 2% g kg −1) e
testou os indivíduos contra Vibrio alginolyticus. Eles concluíram que a administração
dietética de alginato de sódio a 2,0 g kg-¹ aumentou a capacidade imunológica do camarão
branco L. vannamei e sua resistência contra V. alginolyticus. Kitikiew et al., (2013) utilizaram
dietas contendo fucoidana extraída de algas marrons e descobriram que acrescentando 1,0 e
2,0 g por quilo de ração, o camarão L. vannamei aumentava sua imunocompetência, bem
como maior taxa de sobrevivência frente o Vibrio alginolyticus. Akbary et al., (2018) testaram
o efeito de extratos de Ulva rigida sobre o crescimento, como antioxidante, resposta imune e
resistência de camarões, Litopenaeus vannamei contra Photobacterium damselae. Eles
sugeriram que a incorporação dos polissacarídeos solúveis em água em doses de 1,5 g/kg
melhora o crescimento, aumenta a atividade antioxidante e as respostas imunológicas no
camarão.
Sudaryono et al., (2018) usaram diferentes níveis da farinha de Sargassum
cristaefolium na dieta de juvenis de L. vannamei. As dietas teste afetaram significativamente
(P <0,05) o consumo de ração, a taxa de conversão alimentar e a taxa de eficiência proteica.
Este resultado indica que o suplemento dietético de 2% da farinha de S. cristaefolium (20 g /
kg de ração) pode aumentar a eficiência de utilização da ração em até 62% ou reduzir a taxa
de conversão alimentar em até 38% sem qualquer efeito adverso no desempenho de
crescimento.
Yu et al., (2016) testaram o efeito de diferentes taxas de inclusão de farinha de
Gracilaria lemaneiformis na dieta de juvenis do L. vannamei sobre o crescimento, parâmetros
hepatologicos e estresse salino. Os resultados indicaram que a inclusão de 2 a 3% da farinha
de G. lemaneiformis pode melhorar o desempenho de crescimento, resposta imune não
específica e resistência ao estresse salino de juvenis de L. vannamei, sendo uma excelente
fonte de suplementação. Akbary et al., (2020) examinaram o efeito da macroalga Jania
adhaerens como suplemento dietético em diferentes níveis de inclusão na ração. Eles
analisaram o desempenho do crescimento e digestão (quimiotripsina, tripsina, protease, lipase
e αAmilase), além das atividades antioxidantes frente infecção por Photobacterium damselae.
Eles concluíram que a inclusão de J. adhaerens em doses de 1,0g a 1,5g / kg melhora o
crescimento, a atividade antioxidante, aumenta as enzimas digestivas e a imunidade do
camarão L. vannamei contra a infecção por P. damselae.
22

Niu et al., (2018) testaram diferentes níveis de inclusão (1 a 6%) da macroalga


Porphyra haitanensis na dieta do Litopenaeus vannamei sob condições normais de cultivo e
depois submeteu os camarões ao vírus da síndrome da mancha branca. Neste estudo, eles
concluíram que a P. haitanensis pode melhorar o desempenho de crescimento, capacidade
antioxidante e alterar o número total de bactérias ou diversidade microbiana de L. vannamei,
além disso, reduz o estresse oxidativo e a depressão imunológica provocada pelo estresse de
injeção do vírus da síndrome da mancha branca.
Jahromi et al., (2021) utilizaram a macroalga Sargassum cristaefolium e concluíram
que pode ser utilizada com segurança na dieta do L. vannamei sem prejuízos no desempenho
de crescimento, com efeitos positivos nos parâmetros bioquímicos, hematologia e histologia
do hepatopâncreas. A parede do intestino serve como linha de frente para a defesa do camarão
e os estudos indicam que a suplementação com macroalgas geram efeitos positivos na
composição da microbiota intestinal, na digestão, aumentando a imunidade dos animais e
desempenho de crescimento (SILVEIRA et al., 2016).

4.8 Digestibilidade

Em estudos nutricionais os ensaios de digestibilidade das rações são utilizados com o


objetivo de determinar o valor nutricional de um alimento em relação à digestão e absorção no
trato gastrointestinal da espécie alvo (KÖPRÜCÜ & ÖZDEMIR, 2005) e assim ser
metabolizado para promover a saúde e bem estar dos camarões.
No geral foi observado que a inclusão de altos níveis de macroalgas >20% na ração
resultou em baixa digestibilidade e consequente baixa no crescimento dos organismos. Em
contrapartida, baixos níveis de inclusão <5% agem como prébiotico, favorecem a microbiota
intestinal aumentando a digestão e imunidade dos camarões. Experimentos anteriores sugerem
que essa baixa digestibilidade pode ser atribuída aos níveis e tipos dos polissacarídeos
complexos encontrados nas algas marinhas (HOLDT & KRAAN, 2011).
Trabalhos são feitos para minimizar os efeitos antinutricionais encontrados nas
macroalgas e melhorar a disponibilidade dos seus nutrientes, por meio de tratamentos
enzimáticos, físicos e fermentativos. Marrion et al., (2003) utilizaram uma combinação de
tratamentos, físico (liofilização e exposição a 110 ° C) e fermentação com micróbio
Trichoderma pseudokoningii na macroalga Palmaria palmata que tem baixa digestibilidade
de proteínas quando não é tratada e relataram que a proteína in vitro a digestibilidade
aumentou quase quatro vezes.
23

Omont et al., (2021) avaliaram o uso de diferentes níveis de inclusão de macroalgas


(Ulva lactuca e Eisenia sp.) pré-digeridas (digestão enzimática e fermentação anaeróbia)
como substituto a farinha de peixe e trigo, eles relataram que as algas marinhas Eisenia sp. e
U. lactuca são ingredientes funcionais e eficazes, com uma inclusão de até 20% na ração de
camarão, alto potencial como substituto parcial da farinha de peixe e intensificador da
atividade enzimática digestiva com modificações favoráveis na microbiota intestinal em L.
vannamei. Além de o ingrediente se encontrar livre de fatores anti-nutricionais, precisa
também apresentar propriedades organolépticas como textura, odor, e sabor (SUDARYONO
et. al., 1995).

4.9 Efeito das macroalgas nas propriedades organolépticas do animal

As propriedades organolépticas são apreciadas pelos sentidos (cor, cheiro e sabor), sua
textura e capacidade de conservação. A pigmentação alaranjada do camarão é um dos
principais atributos sensoriais no critério de compra do consumidor e tem impacto
significativo no seu valor de mercado. As moléculas responsáveis por essa coloração são os
carotenoides, no ambiente natural os animais adquirem através da cadeia trófica, mas nos
ambientes de cultivo precisam ser suplementados na ração.
As macroalgas são um dos organismos da cadeia trófica dos camarões que possuem
carotenoides em sua composição. As algas marrons são ricas em carotenoides, como a
fucoxantina, clorofilas, βcaroteno e xantofilas violaxantina, (BURTIN, 2003;
DHARGALKAR e KAVLEKAR, 2004). As algas verdes, como Ulva sp., Ulva clathrata e
Chaetoniorpha torta, possuem clorofila α e β, β-caroteno, luteína, violaxantina,
antheraxantina, zeaxantina e neoxantina (DHARGALKAR e KAVLEKAR, 2004; BURTIN,
2003) e as algas vermelhas contêm ficoeritrina vermelha e ficocianina azul, β-caroteno e α-
caroteno e seus derivados diidroxilados: zeaxantina e luteína (BURTIN, 2003).
Cruz-Suárez et al., (2008) mostrou que camarões alimentados com dietas
suplementadas com 3,3% da farinha de Ulva clathrata tiveram resultados superiores na
pigmentação em comparação com camarões alimentados com Macrocystis e Ascophyllum.
Em outro estudo, Cruz-suárez et al., (2009) afirmaram que a farinha de U. clathrata (33 g/kg)
melhorou o crescimento e a pigmentação corporal em L. vannamei.
A adição de carotenoides nas rações melhora a aparência e também o valor nutritivo
dos camarões, tornando este produto mais atrativo ao consumidor. Hafezieh et al., (2017)
verificou que a dieta com maior teor de algas marinhas Sargassum ilicifolium 15% na ração
do L. vannamei apresentou não apenas os melhores desempenhos de crescimento, taxa de
24

sobrevivência, maior pigmentação e diminuição do nível de colesterol no camarão, mas


também possui a melhor propriedade aglutinante para a confecção de pellets de camarão.

5 CONCLUSÃO

As macroalgas marinhas ou derivados de algas podem ser de grande interesse para o


uso em formulações de ração de camarão, uma vez que não são apenas altamente nutritivas,
mas também extremamente versáteis, tornando-as compatíveis com muitos alimentos já
consumidos globalmente. Os estudos têm mostrado que o uso de macroalgas em ração para
camarão pode melhorar a performance do crescimento, eficiência alimentar, resistência à
doenças, redução do estresse e sensível melhoria nas propriedades organolépticas dos animais.
Em comparação com outros ingredientes de ração elaborados para animais aquáticos
(aquafeed), as algas marinhas não são apenas um suprimento de nutrientes, mas também, são
uma boa fonte para compostos bioativos que podem beneficiar a saúde dos animais
cultivados. Embora a biomassa dos bancos naturais de macroalgas não possam garantir uma
fonte confiável e segura de matéria prima quanto a qualidade nutricional devido as variações
sazonais e risco de poluição, a biomassa pode ser obtida através do cultivo sustentável de
macroalgas com melhorias de tecnologias já existentes.

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