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FORTALEZA
2013
PLÁCIDO SOARES DE MOURA
FORTALEZA
2013
PLÁCIDO SOARES DE MOURA
APROVADA EM 29/07/2013.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Prof. Dr. Wladimir Ronald Lobo Farias (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
______________________________________________
Profa. Dra. Erivânia Gomes Teixeira
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
______________________________________________
Prof. Dr. Glacio Souza Araújo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)
À Rita de Cássia Soares de Moura,
(In Memorian)
AGRADECIMENTOS
Marine shrimp production is dominated by the pacific white shrimp Litopenaeus vannamei,
which is the species most successful internationally. Aquaculture is, most often, vulnerable to
changes in environmental conditions, that may have negative impacts on production. Most
aquaculture ventures perform improper disposal of their effluents, without any treatment,
causing harm to the environment. This study aim to evaluate the growth performance of post-
larvae of Litopenaeus vannamei cultured in water originating from a effluent treated by the
cyanobacterium Spirulina platensis in the presence or absence of probiotics. The experiment
was conducted in a shrimp farm located in Beberibe - CE, which was developed in two
phases: one in covered area and another in the external environment within a period of 50
days. The experiment consisted of three treatments with five replicates each. In treatment 1,
the water used followed the routine preparation management of pre-nurseries with the
addition of bacteria of the genus Bacillus. The treatment 2 had the water of the effluent of the
shrimp nursery tank, treated with S. platensis. The treatment 3 had the effluent treated with
the addition of bacteria. Maximum percentage of removals above 99% were achieved for
TAN and PO4- and NO3- in cultivation of S. platensis in effluent. In the treatments tested were
detected differences of 5% statistical significance of T2 and T3 compared to T1, with higher
concentration of NAT and NH3 in the treated effluent. The higher survival was found in T2
(93%) followed by 89% in the other treatments. The highest average weight was found in T1
with 45 mg followed by T2 (42.6) and T3 (41.6), however no significant differences were
detected in any of the zootechnical parameters tested. In view of what has been exposed here,
it follows that the cultivation of marine shrimp post-larvae in effluent water treated with S.
platensis, in the presence or absence of probiotics, is a viable alternative for the marine
shrimp production.
1 INTRODUÇÃO. ...................................................................................................... 13
2 OBJETIVOS. .......................................................................................................... 18
2.1 Objetivo geral. .......................................................................................................... 18
2.2 Objetivos específicos. ............................................................................................... 18
3 MATERIAIS E MÉTODOS. .................................................................................... 19
3.1 Spirulina platensis. ................................................................................................... 19
3.1.1 Aquisição da microalga. ........................................................................................... 19
3.1.2 Obtenção do meio orgânico. ..................................................................................... 20
3.1.3 Aclimatação da microalga. ....................................................................................... 20
3.1.4 Cultivo da microalga em laboratório. ...................................................................... 21
3.1.5 Cultivo da microalga em área aberta. ...................................................................... 23
3.2 Camarão branco Litopenaeus vannamei. .................................................................. 24
3.2.1 Aquisição das pós-larvas. ......................................................................................... 24
3.2.2 Aclimatação das pós-larvas. ..................................................................................... 24
3.3 Desenho experimental. .............................................................................................. 25
3.3.1 Estocagem das pós-larvas. ........................................................................................ 26
3.3.2 Alimentação das pós-larvas. ..................................................................................... 27
3.3.3 Manutenção da qualidade de água. .......................................................................... 29
3.3.4 Manejo de adição de probiótico e melaço. ............................................................... 29
3.3.5 Monitoramento dos Fatores Abióticos. ..................................................................... 30
3.3.6 Avaliação qualitativa da comunidade fitoplanctônica. ............................................ 30
3.3.7 Desempenho zootécnico das pós-larvas. .................................................................. 31
3.3.8 Análise estatística. .................................................................................................... 33
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES. ........................................................................... 34
4.1 Cultivo de Spirulina platensis em efluente de pré-berçário. ..................................... 34
4.1.1 Aclimatação da microalga ao efluente. .................................................................... 34
4.1.2 Cultivo da microalga em laboratório com efluente do pré-berçário. ....................... 34
4.1.3 Tratamento de efluentes de pré-berçário na área externa. ....................................... 37
4.2 Cultivo do camarão branco Litopenaeus vannamei. ................................................. 39
4.2.1 Monitoramento dos fatores abióticos nas unidades experimentais. ......................... 39
4.2.2 Avaliação qualitativa da comunidade fitoplanctônica nas unidades experimentais.. 44
4.2.3 Desempenho zootécnico das pós-larvas de Litopenaeus vannamei. ........................ 46
5 CONCLUSÕES. ...................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS. ....................................................................................................... 49
13
1 INTRODUÇÃO
Dentre os estados da federação, o Ceará vem se destacando nos últimos três anos na
produção de camarão marinho. Em 2012, foram produzidas cerca de 35.000 toneladas,
gerando uma receita de aproximadamente US$ 240 milhões e um aumento de 20% em relação
ao ano anterior (INFOPESCA, 2013).
A estiagem, que dura longos períodos na região Nordeste, sempre foi um grande
problema para sua população desde a época da colonização (CAMPOS; STUDART, 2001).
No Ceará, este problema sempre foi sinônimo de perdas na agricultura, falta de abastecimento
de água, miséria e êxodo rural (XAVIER, 2001). Em períodos de estiagem prolongada as
temperaturas são bastante elevadas modificando o estado de agitação de moléculas e a pressão
de vapor da água tornando a sua evaporação mais rápida e intensa (COSTA; MELO;
FERREIRA, 2006). No caso do camarão marinho L. vannamei, o aumento da taxa de
evaporação e conseqüente elevação da salinidade podem afetar o mecanismo de defesa do
animal, facilitando o aparecimento de doenças (LIMA, 2011).
Águas residuais provenientes da aquicultura são frequentemente descarregadas para
córregos e rios e através de correntes ou marés, este efluente pode ser utilizado por outros
empreendimentos aquícolas a jusante (BUNTING, 2006). A maioria dos empreendimentos
aquícolas realizam descarte inadequado de seus efluentes e, além disso, o monitoramento é
realizado apenas por um acompanhamento da qualidade de água utilizada e descartada pelos
cultivos, não havendo nenhuma ação para seu tratamento causando impacto ao meio ambiente
(GURJÃO, 2004).
Os efluentes da aquicultura geralmente possuem elevadas concentrações de material
orgânico em suspensão e nutrientes dissolvidos, principalmente nitrogênio e fósforo, que são
resultados dos restos de alimento fornecido na forma de ração, excreção dos animais,
biomassa de microalgas e fertilizantes, que criam um potencial para a eutrofização das águas
receptoras (BURFORD e GILBERT, 1999; JACKSON et al., 2003).
São inúmeras as técnicas de tratamento e ou reaproveitamento de água (LEITÃO et
al., 2011), que podem ser aplicadas isoladamente ou em conjunto, dentre elas podemos citar:
a sedimentação e oxigenação da matéria orgânica (MOTA; AQUINO; SANTOS, 2007),
cultivo de macrófitas aquáticas (DINIZ et al., 2005; TRAVAINI-LIMA e SIPAÚBA -
TAVARES, 2012), macroalgas (ROCHA; SOUZA JÚNIOR; FARIAS, 2008), microalgas
(MEZZOMO et al., 2010) e vegetais por aquaponia (VILLARROEL; ALVARIÑO; DURAN,
2011), além do uso de filtragem física, química, e biológica (SAMPAIO; TESSER;
WASIELESKY JÚNIOR, 2010), bem como o cultivo de organismos filtradores (RAMOS;
VINATEA; COSTA, 2008)
15
são liberados de volta para a água. Além disso, as elevadas concentrações de microalgas
podem causar depleção de oxigênio dissolvido durante a noite, devido às altas taxas de
respiração. Portanto, em sistemas aquícolas, as microalgas devem ter todas as seguintes
características: (1) células de algas devem ser coletadas por filtração simples, (2) fácil cultivo,
(3) tolerar ampla variação de salinidade, e (4) ser um produto rentável (CHUNTAPA;
POWTONGSOOK; MENASVETA, 2003).
Spirulina platensis é uma cianobactéria muito estudada especialmente para tratamento
de águas residuais, tanto em monocultivos intensivos (TANTICHAROEN; BUNNAG;
VONSHAK, 1993; PHANG et al., 2000), quanto em cultivo consorciados (CHUNTAPA;
POWTONGSOOK; MENASVETA, 2003). Desde 2000 anos atrás, espécies de Arthrospira
(Spirulina) têm sido usados como alimento já que os seus metabólitos, tais como proteínas,
ácidos graxos, esteróides, carotenóides, ficocolóides (ágar, carragena, e alginato), lectinas,
ácidos aminados, compostos halogenados, e policetidos são de enorme potencial
biotecnológico (CARDOZO et al., 2007; JENSEN; GINSBERG; DRAPEAU, 2001),
podendo esta ser utilizadas na alimentação humana ou animal.
Devido a seu elevado valor nutricional, a Spirulina platensis tem sido utilizada
experimentalmente na aquicultura com sucesso na suplementação de dietas de peixes e
camarões em diversas fases da cadeia produtiva (JAIME-CEBALLOS et al., 2006; DERNER
et al., 2006; SILVA NETO et al., 2008; MOREIRA et al., 2010).
As espécies de Bacillus constituem um grupo de bactérias muito utilizadas na
aquicultura na forma de probióticos. Estas bactérias são gram-positivas formadoras de esporos
e produzem uma vasta quantidade de compostos antagônicos (MORIARTY, 1998).
Segundo Avnmelech (1999), as bactérias e outros microorganismos utilizam
carboidratos, açucares ou celulose como alimento para gerar energia e se multiplicar
produzindo proteínas microbianas. Os potenciais benefícios dos probióticos na aquicultura
incluem melhoria da qualidade da água, da nutrição de espécies hospedeiras através da
produção de enzimas digestivas suplementares, menor incidência de doenças, maior
sobrevivência e melhor resposta imunológica (BOYD; MASSAAUT, 1999; VERSCHUERE
et al., 2000). Assim, o uso dos probióticos na cultura de organismos aquáticos vem
aumentando com a demanda por práticas ambientalmente mais sustentáveis da aquicultura
(GATESOUPE, 1999)
Na natureza, a maioria das microalgas e cianobactérias são encontradas em associação
com outros microrganismos aeróbios ou anaeróbios, como bactérias. Estes conjuntos
bacterianos são conhecidos por influenciar o desenvolvimento ou diminuição da proliferação
18
2 OBJETIVOS
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Onde,
Sf = Salinidade final após a mistura (g L-1) (salinidade desejada)
Si = Salinidade do inoculo (g L-1)
Vi = Volume do inoculo (g L-1)
Sm = Salinidade do meio (g L-1)
Vm= Volume do meio (g L-1) (volume a ser adicionado)
Onde,
R% = porcentagem de remoção;
Cetrat = concentração de nutriente no efluente tratado
Ce = concentração de nutriente no efluente de carcinicultura.
O volume de efluente a ser adicionado também foi calculado a fim de se obter uma
absorbância mínima de 0,100 e assim manter a mesma densidade óptica inicial em cada
cultivo. Este procedimento foi realizado através da equação 3 adaptada de Sipaúba-Tavares e
Rocha, (2003).
Onde,
Vm = volume de meio (efluente adicionado) (L);
Vi = volume de inoculo (L)
Di – densidade óptica do cultivo (DO680nm).
Df – densidade óptica desejada (DO680nm);
A agitação do cultivo foi realizada por fluxo de ar constante, regulado com uma
válvula de ar, em baixa intensidade (50 L/min), desviado de um compressor radial (15 CV –
22 m³/min) utilizado para aeração dos pré-berçários.
Após a inoculação, a cultura externa permaneceu sob influência das condições naturais
de temperatura a iluminação.
24
Para a aclimatação das pós-larvas foi utilizada uma caixa d’água de fibra de vidro com
um volume útil de 1000 L, preenchida com água dos canais de abastecimento com salinidade
45, a água foi desinfetada previamente utilizando hipoclorito de cálcio ( Ca(ClO)2) com 65%
de cloro ativo na concentração de 2,5 ppm. Antes da introdução das pós-larvas, a água clorada
foi submetida a uma forte aeração por 48 horas para a total eliminação do cloro residual.
A aclimatação foi realizada na fazenda logo após a chegada das pós-larvas. Para isso,
os sacos de polietileno ainda lacrados foram colocados na caixa de 1.000 L por um período de
20 minutos para evitar choque térmico. Em seguida, os três sacos foram abertos e a
25
Onde,
BE = Biomassa estocada
Nrep = nº de animais por repetição
Pa = Peso da amostra (g)
Naa = nº de animais da amostra
Dessa forma, a densidade de estocagem inicial foi de 28,31 pós-larvas/L e o cultivo foi
realizado durante 15 dias.
27
Os animais foram alimentados com duas dietas comerciais, ofertadas a cada duas
horas, de 1:00 à 23:00 h. A dieta 1 consistia em uma ração comercial em pó indicada para
crescimento na fase de pós-larva e a dieta 2 uma ração comercial com granulometria inferior a
1 mm indicada para aumentar a resistência das pós-larvas em momentos de estresse como
variações ambientais bruscas ou doenças. A dieta 2 foi ofertada durante os dias de
experimento 1, 2, 14 e 15 nas proporções de 100, 50, 50 e 100% dos tratos diários, sendo que
nos dias 2 e 14 ela foi intercalada com a dieta 1. Nos demais dias de experimento, a dieta 2 foi
ofertada apenas nos horários de 7:00 e 9:00 horas, por serem as horas imediatamente
consecutivas as de maior elevação de temperatura. As quantidades de alimento foram
ofertadas com base em uma tabela de arraçoamento (TABELA 2) em que foi considerado um
ganho de peso diário de 0,002 g e uma sobrevivência de 100%. Assim, a taxa de arraçoamento
foi de 57, 31, 26, 21, 19, 17, 16, 15, 14, 13, 13, 12, 12, 11 e 11% da biomassa para os 15 dias.
Tabela 2 – Quantidades diárias, dieta utilizada e horários de alimentação das pós-larvas de Litopenaeus
vannamei durante o período experimental *.
Tabela 3 – Composição das rações utilizadas no experimento, níveis de garantia e enriquecimento por
quilograma de produto.
Quantidade/Kg
Componentes
Dieta 1 Dieta 2
Umidade (máx) 130 g 100 g
Proteína Bruta (mín) 400 g 400 g
Extrato Etéreo (mín) 80 g 60 g
Fibra Bruta (máx) 45 g 30 g
Matéria Mineral (máx) 125 g 150 g
Cálcio (mín – máx) 18 – 28 g 10g
Fósforo (mín) 12,5 g 10g
Fosfolipídeos (mín) - 20g
HUFA, n-3 (mín) - 10g
Mix de Imunoestimulante (mín) - 50g
Vitamina A (mín) 4.000 UI 100.000 UI
Vitamina D3 (mín) 2.200 UI 16.000 UI
Vitamina E (mín) 150 UI 5.000 UI
Vitamina K3 (mín) 10 mg -
Vitamina B1 (mín) 20 mg -
Vitamina B2 (mín) 25 mg -
Vitamina B6 (mín) 25 mg -
Vitamina B12 (mín) 20 mcg -
Vitamina B (Complexo) (mín) - 470 mg
Niacina (mín) 100 mg -
Pantotenato de Cálcio (mín) 100 mg -
Ácido Fólico (mín) 10 mg -
Biotina (mín) 0,4 mg -
Vitamina C (mín) 150 mg 10.000 mg
Cloreto de Colina (mín) 1500 mg 3.500 mg
Sódio (mín) 2.000 mg -
Ferro (mín) 10 mg -
Cobre (mín) 20 mg -
Magnésio (min) 1.500 mg -
Manganês (mín) 20 mg -
Zinco (mín) 100 mg -
Cobalto (mín) 2 mg -
Iodo (mín) 0,5 mg -
Selênio (mín) 0,2 mg -
Colesterol 100 mg -
Betaína 3000 mg -
Inositol 100 mg -
Fonte: Rótulo dos Produtos.
29
Foram realizadas trocas parciais de 20% do volume total de água a cada 48 horas de
cultivo em todas as unidades experimentais e os restos de ração e fezes concentrados no fundo
das caixas removidos por sifonagem. O volume reposto foi oriundo de três caixas d’água de
fibra de vidro (500 L) reservadas para as trocas, uma com água salgada oriunda dos canais de
abastecimento (T1) e as demais com a água de cultivo de S. platensis (T2 e T3).
Durante a troca parcial de água nos tratamentos 2 e 3 foi utilizado o efluente tratado
pela cultura de S. platensis, sendo que o volume necessário para a troca foi filtrado na manta
acrílica e adicionado aos respectivos tratamentos, enquanto a biomassa de S. platensis
concentrada na manta acrílica foi devolvida para a cultura da microalga.
O experimento foi conduzido sem descarte de água nos tratamentos 2 e 3. Dessa
forma, o volume retirado de cada tratamento durante as trocas parciais de água foi colocado
em repouso em dois recipientes de 70 L, por 1 hora e, em seguida, foi decantado e adicionado
novamente ao cultivo de S. platensis.
Antes das trocas parciais de água, a salinidade de cada unidade experimental foi
mensurada, a fim de se manter a salinidade constante em 50, sendo adicionada a cada troca
parcial água com salinidade 0, para compensar a evaporação natural.
O probiótico comercial utilizado no experimento (T1 e T3) era composto por bactérias
heterotróficas das espécies Bacillus subtilis e Bacillus licheiniformis na concentração de 5,0 x
1010 UFC/g. A adição do produto foi realizada na concentração de 2 ppm, antes da estocagem
e a cada 48 horas, após as trocas parciais de água.
Para favorecer a comunidade heterotrófica foi adicionado melaço como fonte de
carbono (C), considerando-se uma concentração de 40% de C. A massa a ser adicionada foi
obtida a partir da concentração de nitrogênio amoniacal total (NAT) sendo utilizada uma
relação de 6C:1N conforme sugerido por Avinimelech (1999) e Samocha et al. (2007).
As concentrações de nitrogênio amoniacal total (NAT) foram mensuradas após as
trocas parciais de água e o procedimento de adição de melaço tinha como objetivo manter as
concentrações de NAT abaixo de 1 mg L-1.
30
GPD = Gp / Δt (6)
Onde,
GPD = Ganho de peso diário (g dia-1)
Δt = variação de tempo (dias)
ICA = Bt / Gp (9)
Onde,
ICA = Indice de conversão alimentar aparente
Bt = Biomassa total de alimento ofertada (g)
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
carbono; Fase exponencial (2) em que a densidade celular aumenta rapidamente em função do
tempo,sendo a taxa de crescimento dependente principalmente da espécie cultivada,
intensidade de luz e temperatura;A fase de declínio (3), na qual a divisão celular diminui pela
limitação dos nutrientes, luz, pH, dióxido de carbono ou outros fatores físicos e químicos; A
fase estacionária (4) quando a taxa de crescimento e mortalidade estão equilibradas, o que
resulta numa densidade de células relativamente constante; Fase de morte (5) cuja qualidade
da água se deteriora e os nutrientes são esgotados para um nível incapaz de sustentar o
crescimento, a densidade celular diminui rapidamente e a cultura entra em colapso.
Como podemos observar na curva de crescimento de S. platensis (Figura 4), entre os
dias 1 e 2 do cultivo em laboratório houve uma pequena elevação de 0,012 na densidade
óptica da cultura em relação ao tempo, caracterizando a fase de indução. A partir do segundo
dia de cultivo, a cultura entrou na fase exponencial que durou até o quinto dia de cultivo,
quando atingiu a densidade máxima. Em seguida, a cultura entrou na fase de morte observada
até o sétimo dia de cultivo quando a densidade óptica diminuiu em 0,062 em relação ao quinto
dia. No entanto, a absorbância da cultura, no 8º dia, se estabilizou, evidenciando uma leve
recuperação supostamente pela nova disposição de N e P ocasionado pela mortalidade do dia
anterior ou pelo aumento de compostos dissolvidos gerados pela lise celular.
Figura 5 – Perfil de redução de nitrogênio amoniacal total, nitrito, nitrato e fósforo reativo total durante o
tratamento de efluentes do pré-berçário em laboratório.
37
Tabela 5 – Concentrações dos compostos nitrogenados e fosfatados durante o tratamento de efluentes do pré-
berçário com Spirulina platensis, percentual de redução e limite normativo*.
Concentração (mg L -1)
Parâmetro
Inicial Final Redução (%) Limite**
NAT 1,250 ± 0,183 0,006 ± 0,000 99,5 0,400
Nitrito 0,039 ± 0,000 0,033 ± 0,000 16,7 0,070
Nitrato 0,208 ± 0,124 0,022 ± 0,000 89,4 0,400
Ortofosfato 2,404 ± 0,594 0,017 ± 0,000 99,3 -
Fósforo Reativo 0,784 ± 0,194 0,006 ± 0,000 99,3 -
*Concentrações (médias ± desvio padrão), percentuais de redução e concentrações limite normatizadas.
**Padrões de qualidade de águas salinas (acima de 35 partes) de classe 1 que podem ser destinadas: à recreação
de contato primário, proteção das comunidades aquáticas, aqüicultura e atividade de pesca de acordo com a
Resolução n° 357/2005 do CONAMA (BRASIL, 2005).
39
Tabela 6 – Concentrações de oxigênio dissolvido durante o cultivo de Litopenaeus vannamei nos tratamentos
testados*.
*Média e desvio padrão das concentrações de oxigênio dissolvido durante os 15 dias de cultivo, por tratamento e
período do dia. A omissão de letras indica a ausência de diferenças significativas entre as médias pela análise de
variância a 5% de probabilidade quando testadas por linhas. Valores máximos e mínimos entre parênteses.
temperatura foi um fator bastante estressante para as pós-larvas, pois diariamente devido à
alta insolação da região os valores ultrapassaram a faixa entre de 26 e 30 ºC considerada
confortável para a os organismos aquáticos tropicais (BOYD; TUKER, 1998).
Tabela 7 – Valores de temperatura (°C) durante o cultivo de Litopenaeus vannamei nos tratamentos testados*.
Temperatura (°C)
Tratamentos
Manhã Tarde Noite Diário
*Média e desvio padrão das temperaturas durante os 15 dias de cultivo, por tratamento, período do dia e por um
ciclo diário. A omissão de letras indica a ausência de diferenças significativas entre as médias pela análise de
variância a 5% de probabilidade quando testadas por linhas. Valores máximos e mínimos entre parênteses.
Tabela 8 – Valores de potencial hidrogeniônico durante o cultivo de Litopenaeus vannamei nos tratamentos
testados*.
pH
Tratamentos
Manhã Tarde Diário
8,12 ± 0,18 8,60 ± 0,17 8,36 ± 0,30
T1
(7,88 – 8,55) (8,29 – 9,00) (7,88 – 9,00)
8,12 ± 0,14 8,60 ± 0,28 8,34 ± 0,32
T2
(7,86 – 8,44) (8,23 – 9,27) (7,86 – 9,27)
8,11 ± 0,14 8,53 ± 0,28 8,32 ± 0,31
T3
(7,69 – 8,40) (8,10 – 9,23) (7,69 – 9,23)
*Média e desvio padrão dos pH durante os 15 dias de cultivo, por tratamento, período do dia e por um ciclo
diário. A omissão de letras indica a ausência de diferenças significativas entre as médias pela análise de
variância a 5% de probabilidade quando testadas por linhas. Valores máximos e mínimos entre parênteses.
Tratamentos
Parâmetros
T1 T2 T3
*Média e desvio padrão das concentrações dos compostos durante os 15 dias de cultivo, por tratamento no
período matinal. Médias seguidas de letras iguais não diferiram entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade quando testadas por colunas.
para criação de juvenis da espécie detectou como um nível seguro de 6,52 e 7,09 mg L-1 de
-1
amônia total e 0,29 e 0,13 mg L de amônia tóxica para juvenis de 0,99 e 3,8 g
respectivamente. Os valores médios encontrados para NAT em todos os tratamentos foram
inferiores aos estabelecidos para o bom desenvolvimento de pós-larvas de L. vannamei
enquanto que nas concentrações máximas encontradas para este parâmetro, 0,92 (T1), 1,13
(T2) e 1,37 mg L-1 (T3) apenas no tratamento 3 em duas análises pontuais superou o valor
indicado de 1,22 mg L-1.
Frías-Espericueta, Harfush-Melendez e Páez-Osuna (2000) no experimento
supracitado expuseram as pós-larvas durante 96 horas em uma concentração de 5 mg L-1 de
N-Amoniacal sem observar nenhuma mortalidade, no entanto segundo os mesmos autores as
concentrações de N-Amoniacal devem ser reduzidas a níveis não estressantes em que não seja
inibida a alimentação nem o crescimento dos animais.
Por outro lado, os valores médios para a amônia não ionizada, nos tratamentos 2 e 3
0,06 e 0,07 mg L-1 respectivamente estavam ligeiramente superiores ao indicado pelos
autores (0,048 mg L-1), enquanto que no tratamento 1 a média encontrada foi de 0,02 mg L-1.
Os demais parâmetros não diferiram estatisticamente entre os tratamentos testados.
A concentração média de nitritos estava abaixo de 0,3 mg L-1 em todos os
tratamentos, estando este composto em concentrações ideais para o cultivo de animais
aquáticos (BOYD; TUKER, 1998). Em águas salinas as elevadas concentração de íons
cloreto, competem com o nitrito pelos receptores localizados nas células branquiais dos
camarões, reduzindo a absorção do nitrito tornando este composto menos nocivo aos animais
(KUBITZA, 2003). Os nitratos devem variar entre 0,2 e 10 mg L-1 (BOYD; TUKER, 1998) e
os valores encontrados em todos os tratamentos estavam pouco abaixo dessa faixa.
A concentração média de ortofosfato se mostrou bem acima do considerado ideal por
Boyd e Tuker (1998), que definem a concentração máxima de 0,2 mg L-1 para viveiros de
aqüicultura. Estes compostos não foram reduzidos provavelmente pela ausência de uma maior
quantidade de organismos assimiladores, pois a concentração de S. platensis estava muito
baixa pelo consumo do zooplâncton e das pós-larvas.
Em tanques e viveiros de aqüicultura é esperada uma concentração elevada ortofosfato
devido a mineralização da matéria orgânica oriunda das rações pelas bactérias, no entanto o
valor máximo 0,2 mg L-1 citado, leva em consideração ambientes naturais em que uma
quantidade superior de ortofosfato, favoreceria a eutrofização aumentado o consumo de
oxigênio durante a noite e estratificando termicamente a água durante o dia (SÁ, 2012), fato
43
Figura 7 – Concentrações de amônia não-ionizada durante o cultivo de pós-larvas de Litopenaeus vannamei nos
tratamentos testados*.
*Média das concentrações de amônia não ionizada (NH 3) a cada dois dias de cultivo, por tratamento no período
matinal.
A primeira coleta de microalgas foi realizada antes da estocagem das pós-larvas, foram
identificadas na água do T1 (água limpa) diversos gêneros de diatomáceas, e dinoflagelados;
no tratamento 2 foram identificadas além da Spirulina algumas outras microalgas de interesse
como Chaetoceros que estava abundante na. A composição do tratamento 3 foi a mesma do
tratamento 2 devido a origem comum da água de cultivo proveniente dos berçários
A segunda coleta foi realizada aos 8 dias de experimento, sendo identificadas
Nannoclhoropsis sp. e Chaetoceoros sp. além da permanência dos dinoflagelados na água do
T1. Na água do T2 a abundancia de Chaetoceoros permaneceu, com igual resultado no
tratamento 3.
Na terceira coleta, aos 15 dias de cultivo, foram identificadas na água do T1
Nannoclhoropsis sp. e Tetraselmis sp. da divisão chorophyta, além de algumas cianofíceas,
enquanto no T2 foi observada uma abundancia de Tetraselmis sp e no T3 de Chaetoceoros sp.
Barbieri Júnior e Ostrensky Neto (2001) descrevem algumas das espécies de
microalgas mais utilizadas em laboratórios de produção de pós-larvas de camarões marinhos,
entre elas Nannochloropisis oculata, Tetraselmis sp., Chaetoceros gracilis e Thalasiosira sp.
45
Segundo os mesmos autores as microalgas do gênero Chaetoceros são as mais utilizadas pela
fácil reprodução e riqueza em ácidos graxos polinsaturados.
As espécies identificadas nas unidades experimentais estão descritas na Tabela 10.
Tabela 10 – Composição qualitativa da comunidade fitoplânctônica nas unidades experimentais durante o ciclo
de cultivo*.
T1 T2 T3
Divisão Gênero
C1 C2 C3 C1 C2 C3 C1 C2 C3
Nannoclhoropsis sp. - x x - - - - - -
CHLOROPHYTA
Tetraselmis sp. - - x - x x* - x x
Amphiprora sp. x - - x - x x - -
Amphora sp. - x - - - - - - -
Chaetoceros sp. - x x x* x* x x* x* x*
Cyclotella sp. x - - - - - - - -
Eunotia sp. x - - x - - x - -
CHRYSOPHYTA
Gyrosigma sp. x - - - - - - - -
Naviculla sp. x - - - - - - - -
Nitzschia sp. x x x x x - x x x
Synedra sp. x - - - - - - - -
Thalassiosira sp. x - - - - - - - -
Bacularia sp. - x x - - x - - x
Geitlerinema sp. - - x - x - - x -
CYANOPHYTA
Pseudanabaena sp. - x x x x x x x -
Spirulina sp. - - - x x x x x x
Chalamydomonas sp. x x x - - x - x x
EUGLENOPHYTA
Chilomonas sp. - - - x - - x - -
Peridinium sp.1 x* x* - - - - - - -
PHYRROHYTA
Peridinium sp.2 x* x* - - - - - - -
* (x) organismo identificado na amostra; (x*) organismo abundante na amostra; (-) organismo não identificado
na amostra
46
Tabela 11– Parâmetros zootécnicos de pós-larvas de Litopenaeus vannamei durante o ciclo de cultivo nos
tratamentos testados*.
Tratamentos
Parâmetros
T1 T2 T3
Ganho de peso diário (mg dia-1) 2,82 ± 0,46 2,66 ± 0,47 2,60 ± 0,25
Taxa de crescimento espec.(% g dia-1) 18,66 ± 1,01 18,28 ± 1,06 18,18 ± 0,61
*Média e desvio padrão dos parâmetros zootécnicos, por tratamento testado. A omissão de letras indica a
ausência de diferenças significativas entre as médias pela análise de variância a 5% de probabilidade quando
testadas por colunas.
48
5 CONCLUSÕES
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