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Resumo das aulas de Biologia Celular e Molecular 1º Ano | 2022

Brochura da
cadeira de
Biologia
Celular e
Molecular

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 1


Resumo das aulas de Biologia Celular e Molecular 1º Ano | 2022

Introdução à Biologia Celular e Molecular

Citologia, ou biologia celular, é a ciência que estuda os vários sistemas celulares, a maneira
como as células são reguladas e a compreensão do funcionamento de suas estruturas. A
construção dos microscópios óticos foi um passo decisivo para a descoberta das células, e
acredita-se que o primeiro tenha sido inventado em 1592, por Jeiniere da Cruz e seu pai,
Zacharias Jansen, dois holandeses fabricantes de Óculos. Tudo indica, porém, que o
primeiro a fazer observações microscópicas de materiais biológicos foi o holandês Antonie
van Leeuwenhoek (1632-1723). O Microscópio simples com apenas uma lente, construído
por Leeuwenhoek, foi aprimorado por Robert Hooke em 1665, ganhando mais uma lente.

A partir dos estudos de Hooke em biologia, publicados em um livro intitulado Micrographia


(1665), que analisou cortes finos de cortiça obtidos da casca do sobreiro, verificou que estes
eram constituídos por pequenas cavidades poliédricas (no latim, cella), as quais foram
denominadas células. Estes compartimentos representavam as paredes das células vegetais
mortas. Em 1838, o botânico alemão Matthias Schleiden descreveu que a célula era a
unidade básica de todas as plantas e, mais tarde, em 1839, o zoólogo alemão Theodor
Schwann chegou a mesma conclusão para os animais. Com base nestes conhecimentos,
elaborou-se a teoria celular que foi proposta por Schleiden e Schwann. Posteriormente, a
associação de técnicas de coloração e de citoquímica foi capaz de revelar as estruturas e a
fisiologia das células.

O grande avanço no conhecimento da biologia celular, sem dúvida, foi a invenção dos
microscópios eletrónicos em 1931, por dois engenheiros alemães Ernst Ruska e Max Knoll, o
que possibilitou a visualização dos organelos celulares em grande detalhe.

A célula é uma unidade funcional que estabelece interação entre seus componentes, sob o
aspecto fisiológico, biossintético e reprodutivo. A dinâmica celular para a manutenção da
vida é regida por um processo de auto-manutenção, que compreende a modificação de
estruturas, a substituição de componentes, de tal forma articulada que garanta a sua
organização estrutural e funcional.
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Células procarióticas e eucarióticas


A divergência entre procariontes e eucariontes deve ter ocorrido após serem estabelecidos
os mecanismos de replicação e transcrição do ácido desoxirribonucleico (DNA), a tradução,
o sistema de codões e os metabolismos energéticos e biossintéticos.

O principal critério de distinção entre estes grupos é a sua organização celular. As células
procarióticas (do latim pro = primeiro e cárion =˙núcleo) são relativamente simples e se
caracterizam por não apresentarem membrana, segmentando os ácidos nucleicos (DNA) e
ribonucleicos (ARN) do citoplasma. Além disso, algumas destas células apresentam uma
membrana plasmática circundada externamente pela parede celular. As células eucarióticas
(do latim eu - verdadeiro e carion - núcleo) constituem o tipo celular da constituição dos
fungos, protozoários, animais e plantas.

Estruturalmente, são células mais complexas, ricas em membranas que formam


compartimentos, ou seja, uma diviso de funções metabólicas entre os organelos
citoplasmáticos e o núcleo, circundado pelo envoltório nuclear, onde está contido todo seu
material genético. Para os eucariontes, a comparti mentalização de atividades celulares em
organelos circundadas por membranas fosfolipídicas foi decisiva para a homeostase celular.

Os componentes das células eucarióticas compreendem: a membrana citoplasmática, o


citoplasma, o núcleo, o retículo endoplasmático, o complexo de Golgh, os lisossomas, as
mitocôndrias, os peroxissomas, as inclusões lipídicas, o glicogénio, o citoesqueleto, os
centríolos, o centrossomo, os cloroplastos (encontrados em vegetais) e a parede celular,
sendo esta ˙ultima encontrada em fungos e vegetais. As características morfológicas e
fisiológicas das principais estruturas encontradas nas células eucarióticas serão
apresentadas a seguir.

Teoria Celular
No século XIX generalizou-se a noção de que todos os organismos são constituídos por uma
ou mais células, a chamada Teoria Celular (CÉSAR e SEZAR, 2005). A Teoria Celular
admite que, apesar das diferenças quanto à forma e à função, todos os seres vivos têm em
comum o fato de serem constituídos por células.
História
A Teoria Celular foi criada por Robert Hooke em 1665. Ela estabelece a célula como a
unidade morfofisiológica dos seres vivos, ou seja, a célula é a unidade básica da vida.

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No final da década de 1830, dois cientistas alemães, Matthias Jakob Schleiden, ex-advogado
que abandonou a profissão para estudar a estrutura e fisiologia das plantas, determinando
também que todas as plantas apresentavam organização celular, e Theodor Schwann,
médico dedicado ao estudo da anatomia dos animais, estendeu a teoria de Matthias aos
animais, formulando a hipótese de que todos os seres vivos são constituídos por células,
construindo a base da teoria celular.
Todos os seres vivos são constituídos por células, com exceção dos vírus.

Importância
A teoria celular, foi uma das mais importantes generalizações da história da biologia. Ficou
claro que, apesar das diferenças quanto à forma e função, todos os seres vivos têm em
comum o facto de serem formados por células. Portanto, para a plena compreensão do
fenómeno da vida, é preciso conhecer as células.
O entusiasmo pela teoria celular também levou os biólogos à investigação sobre a origem
das células vivas.
Alguns acreditavam que as células se formavam espontaneamente, a partir da aglomeração
de determinados tipos de substâncias, enquanto outros se opunham a essa ideia, afirmando
que uma célula somente podia originar-se de outra célula pré-existente.

A teoria celular foi "o alicerce" para todo o desenvolvimento do estudo biológico. Graças a tal
teoria foi possível chegarmos a uma conclusão mais facilmente através de muitos
experimentos e teses, desfazendo o até então "empirismo" e pondo em prática o "método
científico".
Toda célula se origina de uma outra célula pré-existente. Sendo que elas fazem a
reprodução assexuada.
A principal importância é que é na célula que se desenvolve o material genético, o DNA e o
RNA.

Principais ideias
A Teoria Celular tem três ideias principais:
 Todos seres vivos, são formados por células e pelos seus produtos. Portanto, as
células são as unidades morfológicas dos seres vivos;
 As atividades fundamentais que caracterizam a vida ocorrem dentro da célula.
Portanto, as células são as unidades funcionais ou fisiológicas dos seres vivos

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 Novas células formam-se pela reprodução de outras células preexistentes, por meio
da divisão celular.

Esta última ideia foi uma conclusão do alemão Rudolph Virchow em 1855. Ele resumiu esta
ideia numa frase em latim, que se tornou muito famosa: "Omnis cellula ex cellula". A ideia de
Virchow foi apoiada, em 1878, pelo biólogo Walther Flemming, quem descreveu a ricos
detalhes o processo de reprodução celular.

De acordo com o cientista de Schwann (1810-1882), toda a célula se origina de outra pré-
existente, todos os seres vivos têm organização celular: alguns são formados por uma única
célula: outros por milhões delas. Já a teoria celular atual diz que nem todos os seres vivos
possuem organização celular, os vírus por exemplo, não possuem tal organização, sendo,
portanto, acelulares.

Níveis de organização

Em organismos unicelulares, a única célula executa todas as funções da vida. Ela funciona
de forma independente.
No entanto, muitos organismos unicelulares e multicelulares tem vários níveis de
organização dentro deles.
As células individuais podem executar funções específicas e também trabalhar juntos para o
bem de todo o organismo.
As células se tornam dependentes um das outras.
Organismos multicelulares têm as seguintes 5 níveis de organização que vão desde a
mais simples ao mais complexo:
NÍVEL 1 – Células
São a unidade básica da estrutura e função nos seres vivos. Pode servir uma função
específica dentro do organismo Exemplos- células sanguíneas, células nervosas, células
ósseas, etc.

NÍVEL 2 – tecidos
Composto de células que são semelhantes em estrutura e função e que trabalham juntos
para realizar uma atividade específica Exemplos – sangue, nervoso, ossos, etc. Os seres
humanos têm 4 tecidos básicos: conectivo, epitelial, musculares e nervosas.

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Nível 3 – Órgãos
Composta de tecidos que trabalham juntos para executar uma atividade específica
Exemplos – coração, cérebro, pele, etc.

Nível 4 – Sistemas de Órgãos


Grupos de dois ou mais tecidos que funcionam em conjunto para efetuar uma função
específica para o organismo. Exemplos – sistema circulatório, sistema nervoso, sistema
esquelético, etc. O corpo humano tem 11 sistemas de órgãos – circulatório, digestivo,
endócrino, excretores (urinário), imunológico (linfáticos), tegumentar, muscular, nervoso,
reprodutivo, respiratório, e esqueléticos.

NÍVEL 5 – Organismos
Seres vivos inteiros que podem realizar todos os processos básicos da vida. O que significa
que pode ter em materiais, liberar energia a partir de alimentos, resíduos de lançamento,
crescer, respondem ao ambiente, e se reproduzir. Normalmente fez-se de sistemas de
órgãos, mas um organismo pode ser constituído por apenas uma célula, tal como bactérias
ou protistas. Exemplos – bactérias, ameba, cogumelo, girassol, humano.

Os níveis de organização na ordem correta, em seguida, são: células -> Tecidos ->
Órgãos -> sistemas de órgãos -> ORGANISMOS

Organização Celular – Componentes


Organização celular refere-se aos componentes de uma célula e como estas peças
individuais estão dispostas dentro da célula. As células são os menores níveis de
organização dos organismos vivos.

As células são divididas em vários compartimentos, cada um com uma estrutura


característica, composição bioquímica e função.
Estes compartimentos são chamados organelas. Eles são delimitados por membranas
compostas por bicamadas de fosfolípidos e um número de proteínas especializadas para
cada tipo de organelo.

Todas as células eucarióticas têm um núcleo rodeado por um invólucro nuclear e uma
membrana de plasma que faz fronteira com toda a célula.
A maioria das células eucarióticas também têm retículo endoplasmático, um aparelho de
Golgi, lisossomos, mitocôndria e peroxissomos.

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As células vegetais possuem cloroplastos para a fotossíntese para além das organelas que
ambos eles e possuem células animais. Estes organelos são suspensas numa matriz
citoplásmica gellike composta por três tipos de polímeros de proteína chamados filamentos
de actina, microtúbulos e filamentos intermédios.

Além de manter a célula em conjunto, os filamentos de actina e microtúbulos atuam como


faixas para vários tipos diferentes de proteínas do motor que são responsáveis pela
motilidade celular e organelos movimentos dentro do citoplasma.

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Todas as células animais contêm quatro componentes básicos.


O exterior de uma célula é conhecida como a membrana do plasma. Dentro desta camada
de uma substância semelhante a líquido chamado citoplasma, que contém todos os outros
componentes celulares. Os outros dois componentes primários de uma célula são ADN e
ribossomas. Moléculas de DNA segurar a informação genética, enquanto os ribossomas são
os locais primários para a síntese de proteínas.
As células podem ou não podem conter um núcleo. Se este componente está incluído, em
seguida, a célula é uma célula chamada eucariótica. As células procarióticas, por outro lado,
não contêm um núcleo.

PROCARIOTOS X EUCARIOTOS

Desenho representando uma célula eucariótica animal típica

A microscopia eletrônica demonstrou que existem fundamentalmente duas classes de


células: as procarióticas, cujo material genético não está separado do citoplasma por uma
membrana e as eucarióticas, com um núcleo bem individualizado e delimitado pelo envoltório
nuclear. Embora a complexidade nuclear seja utilizada para dar nome as duas classes de
células, há outras diferenças importantes entre procariontes e eucariontes.

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Do ponto de vista evolutivo (ver origem das células no capítulo anterior), considera-se que os
procariontes são ancestrais dos eucariontes. Os procariontes surgiram há cerca de 3 bilhões
de anos ao passo que os eucariontes há 1 bilhão de anos. E apesar das diferenças entre as
células eucarióticas e procarióticas, existem semelhanças importantes em sua organização
molecular e em sua função. Por exemplo, veremos que todos os organismos vivos utilizam o
mesmo código genético e uma maquinaria similar para a síntese de proteínas.

As células procarióticas caracterizam-se pela probreza de membranas, que nelas quase se


reduzem à membrana plasmática. Os seres vivos que têm células procarióticas
compreendem as bactérias e as cianofíceas ou algas azuis.

As células eucarióticas, por definição e em contraste com as células procarióticas, possuem


um núcleo (caryon, em Grego) que contém a maioria do DNA celular envolvido por uma
dupla camada lipídica. O DNA é assim mantido num compartimento separado dos outros
componentes celulares que se situam num citoplasma, onde a maioria das reações
metabólicas ocorrem. No citoplasma, no entanto, organelas distintas podem ser
reconhecidas. Dentre elas, duas são proeminentes, os cloroplastos (nas células vegetais) e
as mitocôndrias (animais e vegetais), envoltas numa bicamada de membrana que é distinta
da membrana nuclear. Ambas as organelas possivelmente têm origem simbiótica.

Apesar de possuírem uma estrutura relativamente simples, as células procarióticas


são bioquimicamente versáteis e diversas: por exemplo todas as principais
metabólicas são encontradas em bactérias, incluindo os três processos para obtenção
de energia: glicólise, respiração e fotossíntese.

Quadro comparativo entre procariontes e eucariontes:


Procariontes Eucariontes
Envoltório extracelular: cápsula e parede Envoltório extracelular: glicocálix
bacteriana (proteínas e glicosaminoglicanos)(glicoproteínas, glicolipídios e
proteoglicanas) ou parede celular (celulose e
pectina)
Abundância de moléculas de Membrana plasmática constituída por
lipopolissacarídeo na membrana plasmática, fosfolipídios, colesterol, glicolipídios,
que conferem proteção como a resistência glicoproteínas e proteoglicanas
às enzimas hidrolíticas e aos sais biliares
das bactérias entéricas
Ausência de organelas membranosas Presença de organelas membranosas

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Moléculas da cadeia respiratória presentes Moléculas da cadeia respiratória situadas na


na membrana interna da membrana membrana interna das mitocôndrias
plasmática
Nucleoide: ausência de envoltório nuclear, Núcleo: presença de envoltório nuclear,
DNA circular, não associado a proteínas moléculas de DNA lineares, associadas a
histônicas e que não se condensa em histonas e que se condensam em
cromossomos cromossomos no momento da divisão
Presença de filamentos circulares de DNA Não há plasmídeos
extracromossômicos (plasmídeos)
Ribossomos livres; coeficiente de Ribossomos livres ou associados ao retículo
sedimentação do ribossomo: 70S endoplasmático; coeficiente de
(subunidades ribossômicas: 50S+30S) sedimentação do ribossomo: 80S
(subunidades ribossômicas: 60S+40S)
Não há separação entre os processos de Há separação entre os processos de
duplicação de DNA (replicação), síntese de replicação e transcrição, que ocorrem no
RNA a partir do DNA (transcrição) e síntese núcleo, e a tradução, que acontece no
de proteínas a partir do RNA (tradução) citoplasma
Ausência de citoesqueleto Presença de citoesqueleto
Não realizam endocitose e exocitose Realizam endocitose e exocitose
Frequentemente partem da superfície Não há fímbrias e, naquelas células com
prolongamentos filamentosos: os flagelos e flagelo, a sua constituição envolve a
as fímbrias. Os flagelos são estruturas polimerização da proteína tubulina
rígidas, constituídas por três espirais da
polimerização da proteína flagelina e com
um gancho na ponta, que servem para a
movimentação da bactéria ao encontro de
nutrientes ou afastando-se de substâncias
tóxicas. As fímbrias são mais curtas e mais
finas que os flagelos e promovem a
aderência das bactérias às células
hospedeiras ou a transferência de DNA
entre duas bactérias durante a conjugação
Fissão Mitose ou meiose

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 9


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Visão geral da célula


Diversidade celular e complexidade
As células são a unidade fundamental da vida. Isso quer dizer que, com a exceção dos vírus,
todos os organismos vivos são compostos por elas. Nesse sentido, podemos classificar
os seres vivos pela sua constituição celular ou complexidade estrutural, existindo os
unicelulares e os pluricelulares. Os organismos unicelulares são todos aqueles que são
compostos por uma única célula, enquanto os pluricelulares, aqueles formados por mais de
uma. Com relação a seu tamanho, existem células bem pequenas que são visíveis apenas
ao microscópio, como bactérias e protozoários, e células gigantes visíveis a olho nu,
como fibras musculares e algumas algas.

Assim como acontece com o tamanho, as células se apresentam em diversas formas:


retangulares, esféricas, estreladas, entre outras. Isso ocorre porque a forma é um reflexo da
função celular exercida, por exemplo, as fibras musculares são afiladas e longas, o que é
adequado ao caráter contrátil das mesmas. Entre os diversos tamanhos e formas celulares,
basicamente, existem apenas duas classes de células: as procariontes, nas quais o material
genético não é separado do citoplasma, e as eucariontes, cujo núcleo é bem delimitado por
um envoltório nuclear denominado carioteca. Em resumo, pode-se dizer que a diferença
entre as classes reside na complexidade das células.

As células procariontes têm poucas membranas, em geral, apenas a que delimita o


organismo, denominada de membrana plasmática. Os seres vivos que possuem esse tipo de
célula são chamados de procariotas e o grupo representativo dessa classe é o das bactérias.
Já as células eucariontes são mais complexas e ricas em membranas, existindo duas
regiões bem individualizadas, o núcleo e o citoplasma. Assim, os portadores dessa classe de
células são denominados eucariotas, existindo diversos representantes desse grupo, como
animais e plantas, por exemplo.

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1.2. Organização estrutural


Estrutura de uma célula procariótica (Protócitos)

Célula Eucariótica (Eucíto) Animal Célula Eucariótica (Eucíto) Vegetal

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 11


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Organização geral dos Protócitos e Eucítos

Organização geral dos Protócitos


Existem alguns ingredientes-chave que uma célula precisa para ser uma célula,
independentemente de ela ser procariótica ou eucariótica. Todas as células compartilham
quatro componentes principais:
 A membrana plasmática é o revestimento externo que separa o interior da célula do
ambiente ao seu redor.
 O Citoplasma consiste de um citosol gelatinoso no interior da célula, mais as
estruturas celulares suspensas nele. Nos eucariontes, citoplasma significa
especificamente a região fora do núcleo, mas dentro da membrana plasmática.
 O DNA é o material genético da célula.
 Os Ribossomas são máquinas moleculares que sintetizam as proteínas.

Um procarionte é um organismo simples, unicelular, sem núcleo ou organelas limitadas por


membrana. A maior parte do DNA dos procariontes encontra-se em uma região central da
célula chamada nucleoide e normalmente consiste de um único grande laço chamado um
cromossomo circular. Outros componentes da célula procariótica são:

 A parede celular - Entretanto, a maioria das bactérias são circunscritas por uma
parede celular rígida feita de peptidoglicano, um polímero composto de carboidratos
ligados e pequenas proteínas. A parede celular fornece uma camada extra de
proteção, ajuda a célula a manter sua forma e previne a desidratação.
 A cápsula - Muitas bactérias possuem também uma camada externa de carboidratos
chamada de cápsula. A cápsula é pegajosa e ajuda a célula a se aderir às
superfícies em seu meio.
 Os flagelos - Algumas bactérias também possuem estruturas especializadas
encontradas na superfície da célula que ajudam-nas a se mover, aderir a superfícies
ou mesmo trocar material genético com outras bactérias. Por exemplo,
os flagelos são estruturas como um chicote que atuam como motores rotatórios que
ajudam as bactérias a se mover.
 As fímbrias - As fímbrias são estruturas em forma de cabelo, numerosas, que são
usadas para fixação nas células hospedeiras e outras superfícies.
 Pili - As bactérias também podem possuir estruturas em forma de bastão conhecidas
como pili, que podem ser de diferentes tipos. Por exemplo, alguns tipos de pili

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permitem a transferência de moléculas de DNA de uma bactéria para outra,


enquanto que outros estão envolvidos na locomoção bacteriana — ajudando a
bactéria se mover.

Organização geral dos Eucítos

Membrana plasmática: é o invólucro que mantém a integridade celular, separa o meio


intracelular do meio extra celular e é a principal responsável pelo controlo das trocas entre a
célula e o seu meio ambiente, quer se trate de um meio líquido ou de outras células. A
membrana permite a passagem de algumas substâncias mais facilmente que outras. Esta
importantíssima propriedade é chamada de permeabilidade selectiva da membrana.

Núcleo: é geralmente o maior organelo da célula, funcionando como centro de controlo da


célula, contém o ADN e é limitado pela membrana nuclear.

Mitocôndrias: estão envolvidas em processos de obtenção de energia por parte da célula,


são a sede de importantes fenómenos respiratórios.

Cloroplastos: são organelos que possuem dupla membrana e estruturas lamelares


mergulhadas no estroma, é nos cloroplastos que ocorre a fotossíntese.

Vacúolos: são organelos de tamanho variável, rodeados por uma membrana, podem
armazenar gases, pigmentos, açúcares, proteínas ou outras substâncias, participa no
equilíbrio hídrico da célula.

Parede celular: confere e envolve as células conferindo-lhes protecção, rigidez e


resistência.
Centríolos: intervêm na formação do fuso acromático na divisão celular.
Retículo endoplasmático: consiste num sistema de sáculos, vesículas e interligados onde
se circulam materiais produzidos pela célula. Pode ser liso (agranular) ou rugoso (granular).
Este último está ligado ao núcleo e coberto por ribossomas e envolvido na síntese de
proteínas. O retículo endoplasmático liso está associado à produção de lípidos e hormonas.

Aparelho ou complexo de Golgi: tem como funções a acumulação e o transporte de


proteínas, intervém em fenómenos de secreção.

Lisossoma: organito onde ocorre a decomposição de moléculas e estruturas celulares.


Ribossomas: responsável por uma etapa da síntese proteica por vezes associadas ao
retículo endoplasmático.

Citosqueleto: responsável pela forma da célula consiste numa rede de fibras intercruzadas.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 1


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1. Origem e Evolução das células


1.1. Origem dos primeiros seres vivos
Com base em estudos, as primeiras células surgiram na terra há 3,5 bilhões de anos, no
começo do período pré-cambriano. A hipótese é que componentes da atmosfera primitiva,
composta por amônia (NH3), metano (CH4), água (H2O), gás hidrogênio (H2) e gás carbônico
(CO2) sofreram influência de descargas elétricas oriundas de tempestades frequentes, dos
raios ultravioletas e do calor. Com isso, os componentes combinaram-se formando as
primeiras moléculas orgânicas. Tais moléculas teriam se aglomerado, formando aglomerados
protéicos e, assim, dado origem às primeiras formas de vida primitivas, que se alimentavam
dos compostos carbônicos inorgânicos presentes nos aglomerados, ou seja, seriam
heterotróficos (hetero = diferente; trofo = alimento). A partir do metabolismo desses
aglomerados, formaram-se novos compostos.

Os primeiros seres primitivos teriam sido anaeróbios, já que ainda não existia oxigênio na
atmosfera. Outra característica é que esses seres teriam a capacidade de se auto reproduzir,
mantendo sua individualidade, ou seja, seu DNA. Mecanismos evolutivos favoreceram o
surgimento de organismos autotróficos, que utilizavam o gás carbônico, água e energia do sol
para produzir seu próprio alimento. Com isso, estes produziram oxigênio liberado na atmosfera
durante o processo da fotossíntese, possibilitando o aparecimento de seres cada vez mais
diversificados, complexos e pluricelulares.

Os primeiros seres vivos seriam: Simples; Unicelulares; Heterotróficos;


Fermentadores; Anaeróbicos

1.2. Células procarióticas e Eucarióticas


a) Procariontes
Provavelmente as primeiras células eram muito simples, sem núcleo, nem organelas
membranosas: células procarióticas (grego: pro = anterior, antes + karyon = núcleo). Há
muitas incertezas quando viajamos para trás no tempo evolucionário, talvez tudo que podemos
estar certos é de que, em um ponto na história da terra (provavelmente a 3 bilhões anos atrás),
as células surgiram com a capacidade de armazenar uma receita para fazer proteínas e RNA
e uma terceira molécula, DNA.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 2


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Os primeiros seres vivos eram provavelmente muito simples e assemelhava-se aos


procariontes actuais (seres unicelulares de estruturas mais simples, com material genético livre
no citoplasma, sem um núcleo individualizado).

Acredita-se que os procariontes não evoluíram compartimentos membranosos originados por


invaginação como nos eucariotas. Essas células já possuem DNA na forma de um anel
associado a proteínas básicas, sobretudo, por serem desprovidos de cariomembrana, faz com
que o ADN fique disperso no citoplasma. Como organelo, possuem apenas ribossomas. A este
grupo, pertencem as bactérias e as cianobactérias.

As primeiras formas de vida foram os seres unicelulares procariontes. O registo fóssil indicanos
que as primeiras formas de vida terão surgido há cerca de 4 000 Milhões de anos. No entanto,
as primeiras células nucleadas só terão aparecido há 1 500 Milhões de anos., ou seja, 2. 500
Milhões de anos depois dos primeiros procarióticos.

A característica principal das células procariotas é:


 Falta de alguns organelos como, plastídios, complexo de Golgi, retículo
endoplasmático;

 A ausência da carióteca (membrana do núcleo) separando o núcleo celular;


 São organismos unicelulares;
 Pequeno tamanho;

As células procarióticas ou protociótas são relativamente simples (comparativamente às


eucarióticas) e são as que se encontram nas bactérias e cianófitas ("algas" azuis ou
cianobactérias). Os procariontes apresentam metabolismos muito diversificados, o que é
refletido na sua capacidade de colonização de diferentes ambientes, tais como tratos
digestivos de animais, ambientes vulcânico. Apesar de não possuírem organelos celulares,
podem conduzir seus processos metabólicos na membrana celular.

b) Células Eucariontes

Depois com o passar do tempo, surgiram os seres Eucariontes (indivíduos que possuem
estruturas celulares mais complexas, com material genético separado do citoplasma por uma
membrana nuclear, formando um núcleo verdadeiro).

Acredita-se que esse tipo de célula surgiu a partir das células procriastes por intermédio de
determinados processos, enquanto outras chamadas de organelos celulares, como a

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 3


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mitocôndria e cloroplasto, surgiram a partir da invasão e consequente permanência de


bactérias no interior das células primitivas.
As células eucarióticas só vieram a aparecer bem mais tarde, há cerca de 3 bilhões de anos.
A maioria dos animais e plantas a que estamos habituados são dotados desse tipo de células.
É altamente provável que tais células tenham surgido por um processo de aperfeiçoamento
contínuo das células procariontes, o que chamamos de endossimbiose. O Surgimento das
células mais complexas as eucarióticas, são defendidas por duas teorias:  Teoria da
invaginação da membrana ou autogénica;  Teoria da endossimbiose.

As células eucarióticas, mais complexas estruturalmente que as primeiras células


procarióticas, tinham núcleo individualizado pela membrana nuclear e possuíam também
diversas organelas (retículo endoplasmático liso e rugoso, ribossomos etc.), que até então
eram ausentes nas suas precursoras.

1.2.1. Teoria endossimbiótica e Autogénica


Os primeiros seres vivos possuíam uma organização muito simples, eram procariontes (pro =
primitivo; cario = núcleo). O processo evolutivo a partir dessas células mais simples originou
células de organização mais complexas, chamadas de eucariontes (eu = Verdadeiro).

Uma das hipóteses mais aceitas para o processo evolutivo das células eucariontes defende
que as células procariontes teriam englobado células bacterianas determinando uma relação
ecológica chamada de simbiose, pela qual a célula fornece proteção do meio externo e
nutriente e o microrganismo favorece maior rendimento e aproveitamento energético através
do processo de respiração celular, sendo assim mutuamente vantajosa. Diante disso, as
mitocôndrias e cloroplastos são organelos supostamente derivadas desta associação

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 4


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(FIGURA abaixo).

A hipótese de endossimbiose foi formulada pela microbiologista americana Lynn Margulis em


1981, no livro “Symbiosis in CellEvolution”. As mitocôndrias possuem dupla membrana, assim
como muitas bactérias, e a membrana interna das mitocôndrias não são similares à membrana
citoplasmática das células. As mitocôndrias e cloroplastos também possuem seu próprio DNA
em forma circular - assim como as bactérias - e sua própria síntese de proteínas, que não
interferem na atividade da síntese nuclear. Além disso, os ribossomos dessas organelas
encontradas nas células eucariontes são semelhantes aos ribossomos nas células
procariontes, favorecendo assim a ideia da teoria da endossimbiose.

Apesar de aceita pela comunidade científica, algumas questões ainda são levantadas com
relação à hipótese endossimbiótica, pois experimentos mostraram que essas organelas não
sobreviveriam fora da célula e que algumas proteínas codificadas pelo DNA nuclear são
essenciais para o funcionamento das mitocôndrias e dos cloroplastos. No entanto, essa
associação, ao longo de milhares de anos, poderia ter ocasionado uma associação
dependente que sofreram uma coevolução com as células.

1.2.2. Teoria autogénica


Já a teoria autogénica afirma que os organelos membranosos das células eucariontes com
excepção da mitocôndria e cloroplasto, teriam surgido pela invaginação da membrana e sua
soltura, formando assim o núcleo, os Retículos, Complexo de Golgi, etc.

Segundo a hipótese autogénica os seres eucariontes são o resultado de uma evolução gradual
dos seres procariontes. A célula procarionte inicial apresentava invaginações da membrana
plasmática e algumas destas invaginações terão sofrido especializações nas suas funções,

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dando origem a novos sistemas endomembranares. Uma dessas invaginações terá cercado
o material genético, DNA, o que terá dado origem ao núcleo individualizado. Alguns
fragmentos de DNA teriam posteriormente abandonado o núcleo e originado as mitocôndrias
e cloroplastos, ao serem alojados noutros sistemas membranares no interior da célula.
Segundo esta hipótese todo o DNA presente na célula tem uma origem comum.

Esta hipótese é apoiada pelo facto das membranas intracelulares das células eucarióticas
actuais manterem a mesma assimetria da membrana plasmática: a face voltada para o
interior das estruturas intracelulares é semelhante à face externa da membrana plasmática e
a face das estruturas intracelulares voltada para o citosol é semelhante à face interna da
membrana plasmática. Mas a suposta origem comum do material genético do núcleo e dos
organelos não é corroborada pelas observações, o DNA presente nas mitocôndria e nos
cloroplasto revelam uma estrutura muito mais próxima do DNA das bactérias (procariontes) do
que do DNA nuclear.
Visão geral da célula

Diversidade celular e complexidade

Organização geral das células procariontes

Bactérias - São microorganismos constituídos por uma célula, sem núcleo celular e
nenhum tipo de compartimentalização interna por membranas, estando ausentes
várias outras organelas, como as mitocôndrias, o complexo de Golgi e o fuso mitótico.

As bactérias constituem os menores seres vivos, com dimensões máximas tipicamente


da ordem dos 0,5 a 1mm. Esse tamanho reduzido, acredita-se, deve-se ao fato de não
possuírem compartimentos membranosos.

Esses microrganismos possuem as estruturas celulares mais simples, porém, em


termos bioquímicos, são os seres mais diversos e inventivos que existem na natureza.
A maioria das bactérias reproduz-se rapidamente, por cissiparidade, também chamada
de divisão simples ou bipartição.

As bactérias podem ser encontradas numa ampla diversidade de nichos ecológicos, de


lama quente de origem vulcânica ao interior de outros organismos vivos. Por
apresentarem uma grande variedade de diferentes metabolismos, as bactérias podem
ser divididas em: fototróficas, quando obtêm a energia na forma de luz para a
fotossíntese; e quimiotróficas, quando obtêm energia pela oxidação de compostos
químicos.

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Neste segundo grupo, se o doador de energia for um composto inorgânico, tal como
água, sulfureto de hidrogênio ou amônia, é considerado quimiolitotrófico. Quando o
composto é orgânico, tal como açúcar, aminoácidos ou hidrocarbonetos, é considerado
quimiorganotrófico. Outros requisitos nutricionais das bactérias incluem nitrogênio,
enxofre, fósforo, vitaminas e elementos metálicos como sódio, potássio, cálcio,
magnésio, manganês, ferro, zinco, cobalto, cobre e níquel.

No que diz respeito à sua reação ao oxigênio, a maioria das bactérias podem ser
colocadas em três grupos: aeróbicas — que podem crescer apenas na presença de
oxigênio; anaeróbicas — que podem crescer apenas na ausência de oxigênio; e
anaeróbicas facultativas — que podem crescer tanto na presença como na ausência
de oxigênio.

Muitas bactérias vivem em ambientes que são considerados extremos para o homem e
são, por isso, denominadas extremófilas, como por exemplo: termófilas — que vivem
em fontes termais; halófilas — que vivem em lagos salgados; acidófilas e alcalinófilas
— que vivem em ambientes ácidos ou alcalinos; psicrófilas — que vivem nos glaciares.
As bactérias se constituem nos seres mais numerosos existentes.

Vários tipos de bactérias contêm como componentes de sua estrutura, ou liberam para
o meio de cultura, substâncias tóxicas, que recebem o nome de endotoxinas e
exotoxinas.

As bactérias são tipicamente esféricas (cocos), em forma de bastonetes (bacilo), em


forma de vírgula (vibrião) e espiraladas (espirilo). Quanto ao grau de agregação
(formação de colônias), os cocos são agrupados: aos pares (diplococos), dispostos em
fileiras

(estreptococos) e com uma forma desorganizada de agrupamento (estafilococos), de


forma cúbica, formado por 4 ou 8 cocos simetricamente (sarcina). (Figura 1).

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Estrutura celular das bactérias

A estrutura celular bacteriana é a de uma célula procariótica, sem organelas


envolvidas por membrana, tais como mitocôndrias ou cloroplastos. Nelas, geralmente,
a única membrana presente é membrana plasmática. Além disso, não possuem um
núcleo rodeado por uma cariomembrana e não têm o DNA organizado em verdadeiros
cromossomos, como os das células eucariontes.

A célula da bactéria é delimitada por uma membrana plasmática em torno da qual se


encontra uma espessa e rígida camada, a parede bacteriana. Por fora da parede, pode
ocorrer uma terceira camada, viscosa, que, em algumas espécies, é espessa,
constituindo a cápsula.

A membrana plasmática das bactérias é uma estrutura lipoprotéica que serve como
barreira para os elementos presentes no meio circundante. Nela se situam as
moléculas receptoras, as proteínas relacionadas com o transporte transmembrana e as
moléculas da cadeia respiratória análogas à existente na membrana das mitocôndrias
das células eucariontes.

Às vezes, a membrana plasmática sofre invaginações, designadas de mesossomas,


que nunca dela se libertam. A função destas pode estar relacionada com a divisão
celular ou com a produção de energia.

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A parede celular bacteriana é uma estrutura rígida que recobre a membrana
citoplasmática, confere forma às bactérias e serve como proteção mecânica.

De acordo com a constituição da parede celular, as bactérias podem ser divididas em


dois grandes grupos: Gram-positivas e Gram-negativas. A parede das células gram-
positivas é formada de uma espessa camada de peptidoglicanas. Já a parede das
células gram-negativas é mais complexa, sendo formada de dentro para fora de uma
camada de peptidoglicanas, mais delgada do que as bactérias gram-positivas; uma
camada de lipoproteínas; a membrana externa, de estrutura trilaminar, como as das
demais membranas celulares e a camada de lipopolissacarídeos.

A cápsula é uma camada viscosa, externa à parede celular, que está presente em
muitas bactérias. A cápsula é geralmente de natureza polissacarídica, apesar de
existirem cápsulas constituídas de proteínas. Ela constituem um dos antígenos de
superfície das bactérias e está relacionada com a virulência da bactéria, uma vez que
a cápsula confere resistência à fagocitose.

Existem dois tipos de prolongamentos observados na superfície das bactérias: os


flagelos e as fímbrias. O flagelo bacteriano é um tubo oco, móvel, composto pela
protéica flagelina, que roda como uma hélice; a rotação movimenta as células através
do meio. Bactérias que apresentam um único flagelo são denominadas monotríquias e
bactérias com inúmeros flagelos são denominadas peritríquias. Via de regra, bacilos e
espirilos podem ser flagelados, enquanto cocos, em geral, não o são.

As fímbrias ou pili são estruturas curtas e finas, de natureza protéica, que muitas
bactérias gram-negativas apresentam em sua superfície. Não estão relacionadas com
a mobilidade e sim com a capacidade de adesão. Outro tipo de fímbria é fímbria
sexual, que é necessária para que a bactéria possa transferir material genético no
processo denominado conjugação.

O citoplasma das células bactérias delimita um único compartimento que contem


pequenos granulos citoplasmaticos, os ribossomos.
Os ribossomos sao constituidos por rRNA e proteinas; possuem uma subunidade
maior e outra menor. Os ribossomos estão contidos em polissomos e neles acontece a
síntese proteica. O citoplasma também contem agua, ions, outros tipos de RNAs,
proteínas estruturais e enzimaticas, diversas moléculas pequenas etc.
O nucleoide não e um verdadeiro núcleo, já que não está delimitado do resto da
célula por membrana. O nucleotídeo e formado por um filamento circular de DNA,
localizado próximo ou mesmo ligado a membrana plasmatica. Consiste em uma única
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grande molecula de DNA com proteínas associadas. E possível, as vezes, evidenciar
mais de um cromossomo numa bactéria em fase de crescimento, uma vez que a sua
divisão precede a divisão celular.
O cromossomo bacteriano contém todas as informações necessárias a sobrevivência
da célula e capaz de autorreplicarão.
Além do DNA do nucleotídeo, algumas bactérias contem também outros filamentos
circulares de DNA, extra cromossomicos e muito pequenos, denominados de
plasmideos. Os plasmideos são moléculas autônomas, isto e, são capazes de
autoduplicacao independente da replicação do cromossomo e podem existir em
número variável no citoplasma bacteriano. São comumente trocadas na “r produção
sexual” entre bactérias. Os plasmideos tem genes para a própria replicação e genes
que protegem a célula contra os antibioticos. Todavia, não são essenciais para a vida
da bactéria.
Utilizando-se técnicas de engenharia genética, e possível isolar os plasmideos, inserir-
lhes fragmentos específicos de DNA (genes) e então transplanta-los a outras
bactérias.
Organização geral das células eucariontes
As células eucariontes são muito maiores que as células procariontes, frequentemente
tendo um volume celular, no mínimo, mil vezes maior.
A organização interna das células eucariontes é complexa. Nela, duas partes estão
morfologicamente bem definidas — o citoplas ma e o núcleo. O núcleo constitui um
compartimento limitado por um envoltório nuclear e o citoplasma é envolto pela
membrana plasmática. No citoplasma, uma variedade de organelas envolvidas por
membrana estão presentes, como retículo endoplasmático, complexo de Golgi,
lisossomos, peroxissomos, cloroplastos e mitocôndrias.
Esses sistemas de endomembranas formam compartimentos que separam os diversos
processos metabólicos, graças ao direcionamento das moléculas absorvidas e às
diferenças enzimáticas entre as membranas dos vários compartimentos. Preenchendo
o espaço entre essas organelas, encontra-se a matriz citoplasmática ou citosol. Além
disso, as células eucariontes têm outro nível de organização interna - o citoesqueleto,
responsável pelos movimentos e pela forma das células.

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Organização geral dos Protócitos e Eucítos

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Membrana Plasmática
A membrana plasmática, também chamada de membrana celular ou plasmalema, é
uma estrutura que delimita a célula, separando o meio intracelular do meio externo. Ela
atua delimitando e mantendo a integridade da célula e como uma barreira seletiva,
permitindo que apenas algumas substâncias entrem, como oxigênio e nutrientes, e outras
saiam, como os resíduos.
Apresenta em sua constituição proteínas, lipídios, entre outras substâncias. O modelo que
representa a estrutura da membrana plasmática é denominado de mosaico fluido.
Toda célula viva é revestida por uma finíssima película com cerca de 5 nanômetros de
espessura, a membrana plasmática, que delimita o espaço celular interno, isolando-o do
ambiente ao redor.

Função da membrana plasmática


A membrana plasmática desempenha diversas funções importantes na célula, como:

• Delimita a célula, separando seu meio interno do ambiente externo;


• Protege a célula contra a ação de diversos agentes;
• Controla as substâncias que entram e saem da célula;
• Detecta sinais do meio externo;
• Em células vegetais, coordena a síntese e o agrupamento das microfibrilas da
parede celular.

Composição química da membrana plasmática


A membrana plasmática é uma estrutura com cerca de 6 a 10 nm de espessura e apresenta
em sua constituição diversas moléculas de proteínas inseridas em uma camada dupla
(bicamada) constituída por fosfolipídeos. A forma como é constituída a bicamada lipídica e
como estão distribuídas as proteínas nessa bicamada permitiu a proposição do que se
chama de modelo do mosaico fluido.

Além de proteínas e lipídeos, a membrana plasmática também apresenta em sua


constituição cadeias de carboidratos. Essas cadeias encontram-se ligadas às proteínas ou
lipídios presentes na superfície externa da membrana, formando glicoproteínas e
glicolipídios, respectivamente.

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O conjunto formado por glicoproteínas e glicolípidios presentes na membrana é denominado


de glicocálix ou glicocálice. Nas membranas, podem ser encontrados também esteroides,
como o colesterol, presente em células animais, diminuindo sua fluidez e aumentando sua
estabilidade.

Estrutura molecular (Modelos hipotéticos)

Modelo do mosaico fluido


Proposto por S. Jonathan Singer e Garth L. Nicholson no ano de 1972, o modelo
denominado de mosaico fluido busca explicar a estrutura da membrana plasmática, a qual
se assemelha a um mosaico formado por proteínas que se encontram inseridas em um
fluido de lipídios.
A membrana plasmática apresenta uma bicamada lipídica formada por fosfolipídios, que
são moléculas anfipáticas, ou seja, possuem uma parte hidrofílica (apresenta afinidade
com a água), denominada “cabeça”, ligada a duas “caudas”, hidrofóbicas (apresentam
aversão à água).
A bicamada lipídica apresenta a parte hidrofílica das moléculas lipídicas em contato com a
água presente no exterior e interior da célula, enquanto as partes hidrofóbicas encontram-se
em contato umas com as outras. As moléculas lipídicas encontram-se em constante
deslocamento, por isso esse modelo é chamado de fluido.
Na bicamada lipídica, estão inseridas inúmeras proteínas, com as mais diversas funções,
formando uma estrutura semelhante a um mosaico. As proteínas também são moléculas

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anfipáticas, assim, sua parte hidrofílica fica em contato com a região aquosa. Algumas
apresentam, inclusive, um canal hidrofílico para a passagem de substâncias hidrofílicas.
Algumas proteínas encontram-se parcialmente imersas, assim, apenas uma parte encontra-
se exposta para a parte extracelular ou para a parte interna (citosol). Há proteínas que
atravessam totalmente a membrana, de um lado a outro, sendo denominadas de proteínas
transmembrana. Algumas proteínas inseridas na bicamada lipídica podem deslocar-se
lateralmente por ela. Para saber mais sobre esse modelo, acesse: Modelo do mosaico
fluido.

Fluidez, receptores de membranas e glicocálix

A membrana celular é responsável pela manutenção de uma substância do


meio intracelular, que é diferente do meio extracelular, e pela recepção de nutrientes e
sinais químicos do meio extracelular. Para o funcionamento normal e regular das células,
deve haver a seleção das substâncias que entram e o impedimento da entrada de partículas
indesejáveis, ou ainda, a eliminação das que se encontram no citoplasma. Por ser o
componente celular mais externo e possuir receptores específicos, a membrana tem a
capacidade de reconhecer outras células e diversos tipos de moléculas, como hormônios.

As membranas celulares possuem mecanismos de adesão, de vedação do espaço


intercelular e de comunicação entre as células. Os microvilos ou microvilosidades são muito
frequentes e aumentam a superfície celular.

Não confundir a membrana celular com a parede celular (das células vegetais, por
exemplo), que tem uma função principalmente de proteção mecânica da célula. Devido à
membrana citoplasmática não ser muito forte, as plantas possuem a parede celular, que é
mais resistente.

A membrana celular é uma camada fina e altamente estruturada


de moléculas de lípidos e proteínas, organizadas de forma a manter o potencial eléctrico da
célula e a controlar o que entra e sai da célula (permeabilidade selectiva da membrana). Sua
estrutura só vagamente pode ser verificada com um microscópio de transmissão eletrónica.
Muitas vezes, esta membrana contém proteínas receptoras de moléculas específicas,
os Receptores de membrana, que servem para regular o comportamento da célula e,
nos organismos multicelulares, a sua organização em tecidos (ou em colónias).

Por outro lado, a membrana celular não é, nem um corpo rígido, nem homogêneo – é muitas
vezes descrita como um fluido bidimensional e tem a capacidade de mudar de forma
e invaginar-se para o interior da célula, formando alguns dos seus organelos.

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A matriz fosfolipídica da membrana foi pela primeira vez postulada em 1825 por Gorter e
Grendal; no entanto, só em 1895, Charles Overton deu força a esta teoria,tendo observado
que a membrana celular apenas deixava passar algumas substâncias, todas lipossolúveis.

Superfície Celular
As especializações estáveis mais frequentes da superfície celular são os microvilos,
os estereocílios, os cílios, os flagelos, as invaginações basais (labirinto basal) e as
interdigitações (laterais e/ou basais). Outras especializações de superfície celular
têm ocorrência mais restrita, como as microcristas (microplicas ou micropregas) e
aquelas associadas às funções sensoriais (quinocílios, estereocílios sensoriais),
entre outras.
a) Microvilosidades
São projeções da membrana plasmática freqüentemente digitiformes, ou seja, em forma de
dedo de luva. São especializações do tipo estável ou permanente na superfície das células.
Morfologias bulbares e clavadas (em forma de clava) são mais incomuns e de ocorrência
restrita entre as espécies, ou associadas a um determinado momento funcional da célula.
Estas projeções são sustentadas por citoesqueleto polimerizado por proteína actina, os
microfilamentos. Sua ocorrência é predominantemente apical nas células epiteliais, mas
podem, eventualmente, ocorrer nas regiões laterais de células polarizadas.
As microvilosidades ampliam a superfície da membrana plasmática aumentando sua
eficiência para as trocas com a cavidade ou o meio extracelular.

b) Cílios
Os cílios são especializações celulares, comumente mais longas e de maior calibre que as
microvilosidades, com ocorrência entre vertebrados, invertebrados e protozoários. Para os
protozoários, o batimento rítmico e contínuo dos cílios de sua superfície celular auxiliam na
captura do alimento e permite ao indivíduo deslocar-se no meio fluido. Nos vertebrados e
invertebrados os cílios surgem como projeções da superfície apical de epitélios com
ocorrência em quase todos os sistemas destes organismos.

Essas projeções apicais são estáveis, sendo preenchidas e sustentadas por um complexo
arranjo de microtúbulos (MT) e várias proteínas associadas, formando o
chamado axonema do cílio. Este pode ser descrito pela fórmula [9(2)+2], onde se interpreta
que o axonema é composto por nove pares de MT formando um cilindro periférico, aderido a
membrana plasmática que reveste o cílio, acrescido de um par de MT no centro deste
cilindro. A interação e deslizamento entre os pares de MT do cilindro externo e o par central,
em presença de ATP, causa torção e flexão do axonema, produzindo o batimento ciliar.

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c) Flagelo (Eucarionte)
O flagelo tem ocorrência restrita nos vertebrados, sendo uma projeção típica dos gametas
masculinos. É, frequentemente, também nominado cauda do espermatozoide.
A descrição morfológica que se segue refere-se ao flagelo dos mamíferos, pois há variação
estrutural do axonema nas diferentes espécies e nas suas associações como, por exemplo,
microtúbulos adicionais, a ocorrência de amplas expansões da membrana plasmática do
cílio formando uma membrana ondulante que auxilia no deslocamento gameta em meio
fluido, até formas amebóides de gametas, desprovidos de flagelo.

Glicocálix
O glicocálice é uma região rica em carboidratos considerada por muitos autores como uma
extensão da membrana plasmática.
Ele varia muito de célula para célula e forma uma espécie de emaranhado, uma vez que os
glicídios que formam as glicoproteínas, glicolipídios e proteoglicanos entrelaçam-se e
formam uma espécie de camada protetora.
O glicocálice apresenta diversas funções importantes para a célula, sendo uma delas a
proteção contra lesões de natureza química e mecânica. Esses carboidratos também evitam
ligações indesejáveis com outras células e ajudam na movimentação graças à sua
capacidade de adsorver água.
Outra função extremamente importante do glicocálice é o reconhecimento entre células e a
adesão celular, que permite que as células unam-se umas às outras e também a outras
moléculas. Dentre as glicoproteínas presentes no glicocálice que ajudam na união das
células, destacam-se a fibronectina, vinculina e laminina.

Além das funções citadas, devemos lembrar que o glicocálice das hemácias determina
os grupos sanguíneos (A, B, AB ou O), uma vez que esses glicídios funcionam como
marcadores de determinados tipos de célula. O reconhecimento do tipo sanguíneo é
fundamental para a realização de transfusões e para o tratamento de alguns problemas
imunológicos.

Observe a presença do glicocálice na membrana plasmática

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O glicocálix, presente na maioria das células animais e também em certos protozoários, é


uma malha de moléculas filamentosas entrelaçadas que envolve externamente a membrana
plasmática. Ele protege a célula e cria um microambiente propício para seu funcionamento.
Os principais componentes do glicocálix são glicolipídios (glicídios associados a lipídios) e
glicoproteínas (glicídios associados a proteínas)

Proteínas de superfície e Doenças relacionadas

As proteínas são as principais fontes de energia e os principais componentes funcionais das


membranas celulares. A maioria das proteínas da membrana celular está mergulhada na
dupla camada fosfolipídica, interrompendo sua continuidade, são as proteínas integrais.
Outras, as proteínas periféricas, estão aderentes às extremidades de proteínas integrais.
Algumas proteínas atuam no transporte de substâncias para dentro ou para fora da célula.
Entre estas, encontram-se glicoproteínas (proteínas ligadas a carboidratos). Algumas destas
proteínas formam conexões, os fibronexos, entre o citoplasma e macromoléculas da matriz
extracelular. Os grupos sanguíneos A-B-O, M-N e Rh, bem como fatores HLA,
são antígenos da superfície externa da membrana.

Algumas doenças podem atingir a membrana celular. Essas doenças podem ser muito
perigosas e agressivas e todas têm origens genéticas. São doenças que trabalham contra
as proteínas do corpo, que são essenciais para os canais iônicos e para os receptores do
interior da membrana. As doenças que atingem a membrana plasmática atrapalham as
funções das células. Uma dessas doenças é a fibrose cística, ou mucoviscidose. Essa
doença genética hereditária é caracterizada por uma alteração autossômica recessiva. Isso
quer dizer que acontece a ausência de uma sequência de três nucleotídeos no cromossomo
de número 7 dos seres humanos.

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Essa doença resulta num distúrbio da síntese de uma proteína inserida na bicamada
lipoproteica celular, na membrana plasmática. O problema afeta a capacidade de transporte
de água e sais minerais em tecidos orgânicos das vias respiratórias. Essa doença afeta o
funcionamento metabólico das glândulas exócrinas. Os sintomas são secreção e fluido
viscoso nas vias aéreas, dificuldade da passagem de ar pelos pulmões, infecções crônicas
no aparelho respiratório e problemas no aparelho digestório e reprodutor. O tratamento da
fibrose cística é feito com suplementação de enzimas pancreáticas, reposição de vitaminas,
antibióticos e exercícios respiratórios fisioterápicos.

FISIOLOGIA DA MEMBRANA - TIPOS DE TRANSPORTE


Certas substâncias atravessam a membrana espontaneamente da região onde a substância
está mais concentrada para a de menor concentração. Nesse tipo de transporte através da
membrana, denominado transporte passivo, não há gasto de energia. Outras substâncias
são incapazes de atravessar a membrana a menos que a célula atue ativamente em sua
absorção ou expulsão, bombeando-as para dentro ou para fora do citoplasma; com isso, a
célula gasta energia. Esse processo é denominado transporte ativo.

Transporte Passivo: Difusão


As partículas materiais (átomos, moléculas, íons etc.) estão em constante movimentação,
principalmente quando em soluções gasosas e líquidas. Em razão dessa movimentação
contínua, as partículas tendem sempre a se espalhar, predominantemente da região em que
estão mais concentradas (em quantidade relativamente maior) para regiões em que sua
concentração é menor. Esse fenômeno é denominado difusão.

Uma vez que as células têm em seu interior uma solução – o citosol – e soluções aquosas
em seu redor, certas substâncias podem entrar na célula ou sair dela espontaneamente por
um processo chamado de difusão simples. As condições necessárias para que as
partículas de uma substância entrem ou saiam da célula por difusão são que a membrana
seja permeável a elas e que haja diferença na concentração da substância dentro e fora da
célula. A entrada de gás oxigênio (O2) em nossas células, por exemplo, ocorre por difusão
simples. Como as células estão sempre consumindo O2 em sua respiração, a concentração
desse gás no meio celular interno é baixa. Por outro lado, no líquido que banha as células,
proveniente do sangue, a concentração de O2 é relativamente mais alta, pois esse gás é
continuamente absorvido pelo sangue que passa pelos pulmões. Como a membrana
plasmática é permeável às moléculas de O2, ele simplesmente se difunde para dentro das
células.

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Muitas substâncias entram na célula e saem dela com a ajuda de proteínas componentes da
membrana. Algumas dessas proteínas formam canais pelos quais moléculas de água,
certos tipos de íons e pequenas moléculas hidrofílicas se deslocam. Outras transportam
moléculas específicas, capturando-as fora ou dentro da célula e liberando-as na face
oposta. Esse transporte facilitado por proteínas da membrana e que não gasta energia da
célula para ocorrer é denominado difusão facilitada
Transporte passivo: osmose
Osmose é um caso especial de difusão em que apenas a água, o solvente das soluções
biológicas, se difunde através de uma membrana semipermeável. O citoplasma é uma
solução aquosa, em que a água é o solvente e as moléculas dissolvidas
(glicídios, proteínas, sais etc.) são os solutos.

Se uma célula é colocada em água pura, a concentração externa desse solvente é maior
que no interior da célula, em que a água divide o espaço com as moléculas de soluto.
Consequentemente, a água tende a se difundir em maior quantidade para o interior celular,
o que faz a célula inchar. Apenas a água se difunde, pois, sendo a membrana plasmática
semipermeável, ela impede ou dificulta a passagem da maioria dos solutos.
Se uma célula é colocada em uma solução altamente concentrada em solutos, maior que
sua concentração interna, haverá relativamente mais solvente (água) dentro da célula que
fora, e a tendência é haver maior difusão de água de dentro para fora da célula que no
sentido inverso, fazendo-a murchar.

Quando se comparam duas soluções quanto às concentrações em solutos, diz-se que a


mais concentrada é hipertônica em relação à outra; esta, em contrapartida, é denominada
hipotônica. Quando duas soluções têm concentração equivalente de solutos, elas são
denominadas isotônicas. Para que ocorra osmose, deve haver sempre uma solução
hipotônica e outra hipertônica separadas por uma membrana semipermeável.

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Comportamento de uma célula animal (hemácia) e de uma célula vegetal em soluções de


diferentes concentrações. Em solução isotônica (coluna central) não ocorre alteração do
volume celular. Em solução hipotônica (coluna da esquerda), as células absorvem água e
incham – ficam túrgidas.
Em solução hipertônica (coluna da direita), as células perdem água e murcham – ficam
plasmolisadas. Em solução fortemente hipotônica, células animais tendem a estourar, ao
passo que as células vegetais, sendo protegidas pela parede celulósica, incham até certo
ponto, mas não estouram.

Transporte ativo: bomba de sódio-potássio


As células vivas mantêm, em seu interior, moléculas e iões em concentrações diferentes das
encontradas no meio externo. As células humanas, por exemplo, mantêm uma concentração
interna de iões de potássio (K+) cerca de 20 a 40 vezes maior que a concentração existente
no meio extracelular (o sangue e os fluidos que banham as células). Por outro lado, a
concentração de iões de sódio (Na+) no interior das células humanas mantém-se cerca de 8
a 12 vezes menor que a concentração do meio externo.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 9


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Para manter tais diferenças, contrariando a tendência da difusão, a célula gasta energia. Na
membrana plasmática há proteínas transportadoras que agem como “bombas” de iões,
capturando ininterruptamente iões de sódio (Na+) no citoplasma e transportando-os para
fora da célula. Na face externa da membrana, essas proteínas capturam iões de potássio
(K+) do meio e os transportam para o citoplasma. Esse bombeamento contínuo é conhecido
como bomba de sódio-potássio.

Endocitose e exocitose
Além do transporte passivo e do transporte ativo, certas substâncias entram nas células
transportadas e saem delas por meio de bolsas membranosas. Utilizam- se os termos
endocitose e exocitose, respectivamente, para os processos de entrada e de saída de
substâncias na célula intermediados por bolsas membranosas de transporte.
Endocitose
Endocitose é o processo em que partículas são capturadas por invaginações da membrana
plasmática e englobadas em bolsas, que passam a fazer parte do citoplasma.
Os citologistas costumam distinguir dois tipos de endocitose: fagocitose e pinocitose.

Fagocitose é o processo em que a célula engloba partículas de tamanho relativamente


grande por meio de expansões citoplasmáticas denominadas pseudópodes; eles “abraçam”
a partícula a ser englobada, envolvendo-a totalmente em uma bolsa membranosa, que se
desprende da membrana celular e passa a fazer parte do citoplasma, recebendo o nome de
fagossomo. A fagocitose é o processo pelo qual certos organismos unicelulares
(protozoários, por exemplo) se alimentam.

Pinocitose é um processo em que a célula engloba líquidos e pequenas partículas por meio
da invaginação da membrana celular, a qual forma um canal no citoplasma; esse canal
estrangula-se nas bordas e libera uma pequena bolsa membranosa que contém o material
englobado, o pinossomo. A pinocitose ocorre em praticamente todos os tipos de célula.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 10


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Exocitose
Muitas células são capazes de eliminar substâncias por meio de bolsas formadas pela
membrana, processo denominado exocitose. As substâncias a serem eliminadas são
previamente acumuladas em bolsas membranosas, as quais se aproximam da membrana
plasmática e fundem-se a ela, expelindo seu conteúdo para o exterior da célula. A exocitose
é utilizada por certas células para eliminar restos da digestão intracelular. Células
glandulares utilizam a exocitose para eliminar produtos úteis ao organismo, processo
denominado secreção celular.

Mecanismo transmembranar
No solo, a água move-se predominantemente por fluxo em massa (gradiente de potencial
mátrico) embora a difusão (gradiente de concentração) possa também ser verificada. No
entanto, quando a água atinge a superfície da raiz, a natureza do transporte torna-se mais
complexa. Da epiderme até a endoderme, a água pode seguir três vias distintas:

✓ Via apoplasto – a água move-se continuamente na região das paredes celulares e


nos espaços intercelulares até a endoderme.
✓ Via simplasto – o simplasto consiste de uma rede contínua de citoplasmas de
células interconectados pelos plasmodesmas. Neste caso, a água move-se de célula
em célula, através dos plasmodesmas.
✓ Via transmembranar – neste caso, a água move-se de célula em célula cruzando a
membrana plasmática e podendo cruzar, também, a membrana do vacúolo
(tonoplasto). O transporte de água através das membranas pode ocorrer pela
bicamada fosfolipídica ou através de canais. As proteínas que formam canais para o
transporte de água são chamadas de AQUAPORINAS.

Na endoderme, o movimento de água através do apoplasto pode ser obstruído pelas estrias
de Caspary. Estas consistem de deposição de uma substância hidrofóbica, conhecida como
suberina, nas paredes radiais das células da endoderme. Esta suberina age como uma
barreira ao movimento de água e de iões. A entrada de água no cilindro central se dá, então,
via simplasto ou pela via transmembranar.

Especializações de membranas: tipos e importância


Em algumas células, a membrana plasmática apresenta modificações ligadas a uma
especialização de função. Algumas dessas diferenciações são bem conhecidas nas células
da superfície interna do intestino.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 11


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Microvilosidades: São dobras na membrana plasmática na superfície das células


intestinais que aumentam a superfície de contato e, consequentemente, aumentam a
absorção de nutrientes.

Desmossomos: São estruturas formadas pelas membranas de duas células adjacentes.


Aumentam a adesão entre as células, formando um revestimento contínuo.
Interdigitações: São dobras nas membranas plasmáticas limítrofes de duas células. Como
os desmossomos, estão relacionadas ao grau de adesão das células.

Interdigitações: Os processos de contraposição dos desmossomos se resultam em


interdigitações. Acontecem nas células epiteliais.

Cutículas: Uma camada fina que reveste a parte externa da membrana. Tendo um
importante papel de associar as células para a formação dos tecidos. Tem uma composição
glicoproteica.

Cimentos intercelulares: Os cimentos é o que chamamos de complexos unitivos. Eles têm


o papel de desenvolver a ligação entre as células, não permitindo que outras substâncias
atravessem em suas lacunas.

Propriedades da membrana
A membrana plasmática é invisível ao microscópio óptico comum, porém sua presença já
havia sido proposta pelos citologistas muito antes do surgimento do microscópio eletrônico.
Mesmo hoje ainda restam ser esclarecidas muitas dúvidas a seu respeito.

A membrana celular é composta de fosfolipídios e proteínas, assim como todas as


membranas que fazem parte das estruturas membranosas da célula, tais como: retículos,
lisossomos, mitocôndrias, plastos, etc. Ela apresenta certa elasticidade e permeabilidade
seletiva, isto é, para certos tipos de moléculas ela é permeável e para outras ela é
impermeável.
Todas as membrana biológicas são constituídas por uma dupla camada lipídica
aproximadamente (45%) e proteína (55%) é altamente higroscópica, seletivamente
permeável (controla e entrada e saída de substâncias), possui poros, tem sistema para
transporte ativo de iões, e diversas enzimas encravadas na dupla camada lipídica, que
exercem várias funções.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 12


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MATRIZ CITOPLASMÁTICA E SEUS CONSTITUINTES


Citoplasma (composição e propriedades)

Nas células eucariontes, o citoplasma preenche todo interior da célula delimitada pela
membrana plasmática, enquanto nas células procariontes, ele fica no espaço entre a
membrana plasmática e o núcleo da célula.

Na verdade o citoplasma, palavra que vem do grego Kytos (vaso) e Plassos (molde) é
apenas o espaço onde está contido um material de aspecto gelatinoso formado
basicamente de água, cerca de 80% de sua totalidade, e outros componentes, tais
como: proteínas, diversos iões, sais minerais, açúcares, aminoácidos e alguns
nutrientes, e não o material em si.

A este material damos o nome de citosol, mas também pode ser chamado de
hialoplasma, citossol ou ainda matriz citoplasmática ou citoplasma fundamental, todos
estes termos referem-se ao mesmo material.

O citoplasma de cada célula varia de acordo com cada espécie, como também com o
tecido do qual a célula faz parte, podendo ser dividido, de acordo com a densidade do
citosol: em ectoplasma, mais denso e localizado na região mais externa da célula; ou
endoplasma, menos denso, mais fluido, e que fica na região mais interna da célula.
Também sabe-se que o citoplasma da célula procarionte é bem mais complexo se

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 13


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comparado as células eucariontes, onde encontramos um sistema de membranas,


citoesqueleto e diversas organelas.

Principais organelas citoplasmáticas e suas funções


As organelas podem ser entendidas como minúsculos órgãos contidos no citoplasma
das células que desempenham atividades distintas e específicas, as quais são vitais
para manutenção da vida nas células, pois desempenham funções de respiração,
nutrição, secreção, dentre outras.
De forma resumida e por ordem alfabética, as principais organelas e suas funções
são:
Complexo de Golgi – também pode ser chamado de Aparelho de Golgi ou
apenas Golgi, processa lipídeos e proteínas, além de separar moléculas para
serem secretadas;
Lisossomos – possuem tamanhos variados e estrutura esférica, sendo
responsáveis pela digestão intracelular;
Mitocôndrias – com formato variando do oval ao esférico, são consideradas
as usinas da célula, pois sua principal função é fornecer energia através do
processamento de glicose e oxigênio;
Peroxissomos – Comumente são esféricos e tem por função oxidar ácidos
graxos para sintetizar o colesterol e para uso na respiração da célula;
Retículo Endoplasmático Liso – caracterizado por ser formado por uma rede
de membranas conectadas em forma de tubos, tem como principais funções
sintetizar lipídeos e hormônios, armazenagem de cálcio e desintoxicação da
célula;
Retículo Endoplasmático Rugoso (ou Granular) – possui forma semelhante
ao do Retículo Endoplasmático Liso, mas com Polirribossomos aderidos na
membrana externa. Tem como principal função a síntese proteica.

Além dessas organelas, ainda podemos encontrar outras como as Inclusões Lipídicas,
envolvidas no metabolismo dos lipídeos; os Glicogênios, que armazenam glicose nos
animais; o Citoesqueleto, responsável por movimentos coordenados ou por dar forma
às células; os Centríolos, que ajudam na divisão da célula e os Cloroplastos,
presentes nos vegetais e responsáveis pela fotossíntese, dentre outras.

Endomembranas
Retículo Endoplasmático (RE)

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 2


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O citoplasma das células eucariontes contém inúmeras bolsas e tubos cujas paredes
têm uma organização semelhante a da membrana plasmática.

Essas estruturas membranosas formam uma complexa rede de canais interligados,


conhecida pelo nome de retículo endoplasmático. Pode-se distinguir dois tipos de
retículo: rugoso (ou granular) e liso (ou agranular).

Retículo endoplasmático rugoso (RER) e liso (REL)


O retículo endoplasmático rugoso (RER), também chamado de ergastoplasma, é
formado por sacos achatados, cujas membranas têm aspecto verrugoso devido à
presença de grânulos – os ribossomos – aderidos à sua superfície externa (voltada
para o citosol).
Já o retículo endoplasmático liso (REL) é formado por estruturas membranosas
tubulares, sem ribossomos aderidos, e, portanto, de superfície lisa.

Os dois tipos de retículo estão interligados e a transição entre eles é gradual. Se


observarmos o retículo endoplasmático partindo do retículo rugoso em direção ao liso,
vemos as bolsas se tornarem menores e a quantidade de ribossomos aderidos
diminuir progressivamente, até deixar de existir.

Funções do retículo endoplasmático


O retículo endoplasmático atua como uma rede de distribuição de substâncias no
interior da célula. No líquido existente dentro de suas bolsas e tubos, diversos tipos de
substâncias se deslocam sem se misturar com o citosol.
Produção de lipídios

Uma importante função de retículo endoplasmático liso é a produção de lipídios.


A lecitina e o colesterol, por exemplo, os principais componentes lipídicos de todas

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 3


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as membranas celulares são produzidos no REL. Outros tipos de lipídios produzidos


no retículo liso são os hormônios esteroides, entre os quais estão a testosterona e
os estrógeno, hormônios sexuais produzidos nas células das gônadas de animais
vertebrados.
Desintoxicação
O retículo endoplasmático liso também participa dos processos de desintoxicação do
organismo. Nas células do fígado, o REL, absorve substâncias tóxicas, modificando-as
ou destruindo-as, de modo a não causarem danos ao organismo. É a atuação do
retículo das células hepáticas que permite eliminar parte do álcool, medicamentos e
outras substâncias potencialmente nocivas que ingerimos.
Armazenamento de substâncias
Dentro das bolsas do retículo liso também pode haver armazenamento de
substâncias. Os vacúolos das células vegetais, por exemplo, são bolsas membranosas
derivadas do retículo que crescem pelo acúmulo de soluções aquosas ali
armazenadas.
Produção de proteínas
O retículo endoplasmático rugoso, graças à presença dos ribossomos, é responsável
por boa parte da produção de proteínas da célula. As proteínas fabricadas nos
ribossomos do RER penetram nas bolsas e se deslocam em direção ao aparelho de
Golgi, passando pelos estreitos e tortuosos canais do retículo endoplasmático liso.

APARELHO DE GOLGI
A denominação complexo ou aparelho de Golgi é uma homenagem ao citologista
italiano Camilo Golgi, que, em 1898, descobriu essa estrutura citoplasmática.
Ao verificar que certas regiões com citoplasma celular se coravam por sais de ósmio
de prata, Golgi imaginou que ali deveria existir algum tipo de estrutura, posteriormente
confirmada pela microscopia eletrônica.

O aparelho de Golgi está presente em praticamente todas as células eucariontes, e


consiste de bolsas membranosas achatadas, empilhadas como pratos. Cada uma
dessas pilhas recebe o nome de dictiossomo. Nas células animais, os dictiossomos
geralmente se encontram reunidos em um único local, próximo ao núcleo. Nas células
vegetais, geralmente há vários dictiossomos espalhados pelo citoplasma.

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Funções do aparelho de Golgi


O aparelho de Golgi atua como centro de armazenamento, transformação,
empacotamento e remessa de substâncias na célula. Muitas das substâncias que
passam pelo aparelho de Golgi serão eliminadas da célula, indo atuar em diferentes
partes do organismo. É o que ocorre, por exemplo, com as enzimas
digestivas produzidas e eliminadas pelas células de diversos órgãos (estômago,
intestino, pâncreas etc.). Outras substâncias, tais como o muco que lubrifica as
superfícies internas do nosso corpo, também são processadas e eliminadas pelo
aparelho de Golgi. Assim, o principal papel dessa estrutura citoplasmática é a
eliminação de substâncias que atuam fora da célula, processo genericamente
denominado secreção celular.
Secreção de enzimas digestivas
As enzimas digestivas do pâncreas, por exemplo, são produzidas no RER e levadas
até as bolsas do aparelho de Golgi, onde são empacotadas em pequenas bolsas, que
se desprendem dos dictiossomos e se acumulam em um dos pólos da célula
pancreática. Quando chega o sinal de que há alimento para ser digerido, as bolsas
cheias de enzimas se deslocam até a membrana plasmática, fundem-se com ela e
eliminam seu conteúdo para o meio exterior.
A produção de enzimas digestivas pelo pâncreas é apenas um entre muitos exemplos
do papel do aparelho de Golgi nos processos de secreção celular. Praticamente todas
as células do corpo sintetizam e secretam uma grande variedade de proteínas que
atuam fora delas.

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Estruturas vesiculares:
Lisossomas
Lisossomas são bolsas membranosas repletas de enzimas digestivas capazes de
digerir uma variedade de substâncias orgânicas. Uma célula animal pode conter
centenas de lisossomas. Esses organelos possuem mais de 80 tipos de enzimas,
como nucleases (digerem DNA e RNA), proteases (digerem proteínas), polissacarases
(digerem polissacarídeos), lipases (digerem lipídios) etc.

Os lisossomas são produzidos a partir de bolsas liberadas como brotos do complexo


golgiense. Assim que se desprendem, as bolsas com enzimas são denominadas
lisossomas primários, por não terem ainda iniciado sua atividade de digestão
intracelular.

Funções heterofágica e autofágica dos lisossomos

Os lisossomos podem atuar de duas maneiras.


✓ digerindo material capturado do exterior por fagocitose ou por pinocitose,
exercendo função heterofágica;
✓ digerindo partes desgastadas da própria célula, exercendo função autofágica.
A função heterofágica dos lisossomos refere-se a digestão de substancias
provenientes de fora da célula, capturadas por fagocitose ou por pinocitose. Os
lisossomos primários fundem-se aos fagossomas ou pinossomas, originando
lisossomos secundários, também chamados de vacúolos heterofagicos. As
enzimas lisossomicas atuam sobre as substancias capturadas, reduzindo-as a

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moléculas de menor tamanho, processo denominado digestão intracelular. As


moléculas resultantes da digestão são capazes de atravessar a membrana do
vacúolo heterofílico e ir para o citosol, onde serão utilizadas como matéria-
prima ou fonte de energia para os processos celulares. Materiais
eventualmente não digeridos permanecem dentro do vacúolo; em certo
momento, ele se aproxima da membrana celular, fundindo-se a ela e
eliminando os resíduos para fora da célula, processo de exocitose chamado de
clasmocitose, ou defecação celular.

A função autofágica dos lisossomos refere-se a digestão de materiais ou partes da


própria célula. No processo de digestão autofágica, a estrutura celular a ser digerida
e envolvida por membranas do reticulo e acaba contida em uma bolsa membranosa
denominada autofagossomo; este une-se a lisossomos primários, originando
lisossomos secundários, nesse caso chamados de vacúolos autofágicos (figura 1).
As células podem realizar a digestão autofágica quando são privadas de alimento ou
para eliminar partes celulares desgastadas e reaproveitar alguns componentes.
Em células nervosas do cérebro, por exemplo, que surgem na fase embrionária de
nossa vida e nunca são substituídas, a autofagia e um processo de extrema
importância: todos os componentes celulares, exceto os genes, são reciclados a cada
mês.

Em células do fígado, há reciclagem completa dos componentes não genéticos a cada


semana. Assim, a autofagia e um mecanismo por meio do qual as células mantem sua
“juventude”.

O esquema na pagina anterior mostra as diferentes maneiras de se formar um


lisossoma secundário. Na parte esquerda do esquema, esta representada a função

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 7


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autofágica; parte central e a direita, a função heterofagica. Apesar dessas funções


terem sido ilustradas no mesmo esquema, elas podem ocorrer independentemente.

Peroxissomas e glioxissomas

Peroxissomas são organelos membranosas com cerca de 0,2 jm a 1 jm de diâmetro,


presentes no citoplasma de células animais e de muitas células vegetais.
Sua principal função e a utilização de ácidos graxos para a síntese de colesterol e de
outros compostos; os ácidos graxos também são utilizados na respiração celular, para
a obtenção de energia.
Os peroxissomas são particularmente abundantes em células do rim e do fígado;
neste último chegam a constituir ate 2% do volume celular. Os peroxissomas oxidam
substâncias toxicas absorvidas do sangue (como o álcool, por exemplo),
transformando-as em produtos não tóxicos. Peroxissomas participam também na
produção dos ácidos biliares no fígado.

Peroxissomas são bolsas membranosas que contêm alguns tipos de enzimas


digestivas. Sua semelhança com os lisossomos fez com que fossem
confundidos com eles até bem pouco tempo. Entretanto, hoje se sabe que os
peroxissomas diferem dos lisossomos principalmente quanto ao tipo de
enzimas que possuem. Os peroxissomas, além de conterem enzimas que
degradam gorduras e aminoácidos, têm também grandes quantidades da
enzima catalase.

A catalase converte o peróxido de hidrogênio, popularmente conhecida como água


oxigenada (H2O2), e água e gás oxigênio. A água oxigenada se forma normalmente
durante a degradação de gorduras e de aminoácidos, mas, em grande quantidade,
pode causar lesões à célula.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 8


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2 H2O2 + Enzima Catalase → 2 H2O + O2

Apesar das descobertas recentes envolvendo os peroxissomas, a função dessas


organelos no metabolismo celular ainda é pouco conhecida. Entre outras funções,
acredita-se que participem dos processos de desintoxicação da célula.

Glioxissomas

Em vegetais, as células das folhas e das sementes em germinação possuem


peroxissomas especiais, conhecidos como glioxissomas. Nas células das folhas,
essas estruturas atuam em algumas reações do processo de fotossíntese,
relacionadas à fixação do gás carbônico. Nas sementes, essas organelos são
importantes na transformação de ácidos graxos em substâncias de menor
tamanho, que acabarão sendo convertidas em glicose e utilizadas pelo embrião em
germinação.

Organelos Transdutores de energia:


Mitocôndrias
Mitocôndrias são organelos citoplasmáticos alongadas, com forma de bastonete e
cerca de 2 µm de comprimento por 0,5 µm de diâmetro, presentes em praticamente
todas as células eucarióticas. Seu número na célula varia de dezenas a centenas,
dependendo do tipo celular. E no interior das mitocôndrias que ocorre a respiração
celular, o principal processo de obtenção de energia dos seres vivos.

As mitocôndrias são delimitadas por duas membranas lipoproteínas. A membrana


externa e lisa e semelhante as demais membranas celulares, ao passo que a
membrana interna, alem de apresentar uma composição química diferenciada, tem
dobras e pregas denominadas cristas mitocondriais, que se projetam para o interior
da organelo. O espaço interno da mitocôndria e preenchido por um liquido viscoso, a
matriz mitocondrial, que contem DNA, RNA, diversas enzimas e ribossomas. Os
ribossomas mitocondriais, porem, são menores que os ribossomas citoplasmáticos,
assemelhando-se mais a ribossomas de células procarióticas.

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A mitocôndria foi representada com uma parte cortada e retirada para visualizar seus
componentes internos.
Micrografia de uma mitocôndria parcialmente cortada, entre tubos e bolsas
membranosos do citoplasma, vista ao microscópio eletrónico de varredura, colorizada
artificialmente (aumento 7 58.500 #).

Novas mitocôndrias surgem exclusivamente por Auto duplicação de mitocôndrias pré-


existentes. Quando uma célula se divide em duas células-filhas, cada uma delas
recebe aproximadamente metade do número de mitocôndrias da célula-mãe. A
medida que as células-filhas crescem, suas mitocôndrias se Auto duplicam,
restabelecendo o numero original.
A complexidade das mitocôndrias, o fato de elas possuírem DNA, sua capacidade de
Auto duplicação e a semelhança genética e bioquímica com certas bactérias sugerem
que elas sejam descendentes de antigos seres procarióticos que um dia se instalaram
no citoplasma de células eucarióticas primitivas. Essa explicação para a origem
evolutiva das mitocôndrias (e também dos plastos) e conhecida como teoria
endossimbiótica ou endossimbiogênese.

Cloroplastos e outros plastídeos

Plastos são organelos citoplasmáticos presentes apenas em células de plantas e de


algas. Podem ser de três tipos básicos: leucoplastos (incolores), cromoplastos
(amarelos ou vermelhos) e cloroplastos (verdes). Os leucoplastos estão presentes
em certas raízes e caules tuberosos e sua função e armazenar amido. Os
cromoplastos são responsáveis pelas cores de certos frutos, de certas flores, das
folhas que se tornam amareladas ou avermelhadas no outono e de algumas raízes,

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 10


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como a cenoura. Sua função ainda não e bem conhecida. Os cloroplastos ocorrem
em células das partes iluminadas dos vegetais e são responsáveis pelo processo de
fotossíntese. Sua cor verde deve-se a presença do pigmento clorofila.
Todos os tipos de plasto originam-se de pequenas bolsas incolores, os proplastos,
presentes nas células embrionárias das plantas. Tanto os proplastos quanto certos
tipos de plastos já maduros são capazes de Auto duplicação. Alem disso, um tipo de
plasto pode se transformar em outro.

Os biólogos acreditam que, assim como as mitocôndrias, os plastos também surgiram


por um processo de endossimbiose, em que bactérias fotossintetizantes foram
englobadas por primitivas células eucarióticas, ancestrais das algas e das plantas. As
bactérias teriam estabelecido uma associação mutualística com as células eucarióticas
hospedeiras dando origem aos plastos.

Cloroplastos
Um cloroplasto típico tem forma de lentilha alongada, com cerca de 4 μm de
comprimento por 1 µm a 2 µm de espessura. A maioria dos cloroplastos tem duas
membranas lipoproteínas envolventes e um complexo membranoso interno formado
por pequenas bolsas discoidais achatadas, empilhadas e interligadas, chamadas de
tilacoides. O espaço entre os tilacoides e preenchido por um fluido, o estroma, no qual
há enzimas, DNA e RNA, alem de ribossomas semelhantes aos das células
bacterianas.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 11


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Em baixo, representação de um cloroplasto visto por transparência e com uma parte


removida, para mostrar sua estrutura interna. Mais acima, a esquerda, detalhe dos
tilacoides.

Ribossomas
Ribossomas, são pequenas estruturas em forma de grânulos que estão presentes
nas células procariontes e eucariontes. Eles são fundamentais para o crescimento, a
regeneração celular e o controle metabólico.
A função dos ribossomas é auxiliar na produção e na síntese das proteínas nas
células. Além dele, participam desse processo as moléculas de DNA e RNA.

Os ribossomas reúnem diversos aminoácidos durante a síntese proteica através de


uma ligação química chamada de ligação peptídica.

Estrutura e composição dos Ribossomas

Representação dos ribossomas no núcleo célula.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 12


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A estrutura dos ribossomas assemelha-se a um grânulo, por isso possui uma forma
arredondada. É formado por moléculas de RNA ribossómico dobrado, associado às
proteínas. Assim, são formados por proteínas (mais de 80 tipos) e ácido ribonucleico
(RNA).

Eles estão presentes em grande parte no citoplasma (ribossomas livres). No entanto,


podem ser encontrados nas mitocôndrias, nos cloroplastos e no retículo
endoplasmático. Quando associados à superfície dos retículos endoplasmáticos, eles
formam os retículos endoplasmáticos rugosos (ou granulares).

Citoesqueleto

Uma diferença marcante entre células procarióticas e eucarióticas e que as


eucarióticas são dotadas de citoesqueleto, uma complexa estrutura intracelular
constituída por finíssimos tubos e filamentos proteicos.
O citoesqueleto desempenha diversas funções:
✓ Define a forma da célula e organiza sua estrutura interna;
✓ Permite a adesão da célula a células vizinhas e a superfícies extracelulares;
✓ Possibilita o deslocamento de materiais pelo interior da célula.

Alem disso, o citoesqueleto e responsável por diversos tipos de movimento que uma
célula eucariótica e capaz de realizar, como o movimento ameboide, a contração
muscular, a movimentação dos cromossomos durante as divisões celulares e os
movimentos de cílios e flagelos.

Os finíssimos tubos proteicos do citoesqueleto, chamados de microtúbulos, medem


cerca de 28 µm de diâmetro externo por 14 µm de diâmetro interno e podem atingir ate
alguns micrómetros de comprimento. Suas paredes são constituídas por moléculas da
proteína tubulina (veja figura 13). Outros componentes do citoesqueleto são finíssimos
fios da proteína queratina, a mesma substancia que forma nossas unhas e cabelos, e
fios das proteínas actina e miosina, principais constituintes das células musculares.

Elaborado por: Balduíno Milton Aleixo 13

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