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1.

Introdução ao estudo da Biologia Celular e Molecular


O estudo do universo biológico mostra que a evolução produziu uma imensa diversidade de
formas vivas. Existem quatro milhões de espécies de animais, vegetais, fungos, protozoários
e bactérias, cujos comportamentos, morfologia e funções diferem uns dos outros. Todos os
organismos vivos são constituídos de células – pequenas unidades envolvidas por membrana
e preenchidas por uma solução aquosa de agentes químicos, dotadas com uma extraordinária
capacidade de criar cópias de si mesmas pelo crescimento e posterior divisão. Portanto, célula
é a unidade estrutural da vida, extremamente complexa, dinâmica e econômica.

Biologia celular, também denominada de citologia, é o ramo da biologia responsável


pelo estudo das células. As células são as unidades básicas estruturais e funcionais dos
organismos. Assim, a biologia celular estuda a parte estrutural delas bem como suas funções.
O estudo das células tem avançado à medida que surgem novas tecnologias.

A biologia celular, pelo estudo da estrutura e do funcionamento das células, assim como da
interação entre elas, permite maior compreensão do funcionamento dos organismos. A
biologia celular actua de forma integrada a outros ramos do conhecimento, como
bioquímica, genética e imunologia, o que contribui para um avanço nas mais diversas áreas
de atuação, como a medicina.

1.1. Desenvolvimento histórico da Biologia Celular e Molecular


No ano de 1930, os cientistas alemães Matthias Jakob Schleiden e Theodor Schwann
propuseram a teoria celular, na qual afirmam que a célula é a unidade básica estrutural e
funcional de todos os seres vivos, e que todas as células originam-se de células preexistentes.
Muitos autores consideram esse fato como o marco do nascimento da biologia celular.

Entretanto, muitos anos antes, outros pesquisadores também realizaram importantes


estudos nessa área e que merecem destaque, como é o caso do estudo de Robert Hooke, que,
no ano de 1665, publicou o primeiro trabalho usando a microscopia como uma ferramenta de
análise do material biológico.

É importante destacar que Hooke foi quem utilizou primeiramente o termo


“célula”, dando esse nome aos espaços vazios que observava em um material de cortiça. O
que Hooke observava, na verdade, eram as paredes celulares de células, estando elas mortas;
por isso, o espaço vazio. No entanto, tempos depois, descobriu-se que aqueles espaços vazios
continham material vivo, e a célula passou a ser considerada uma estrutura viva.
Além de Hooke, podemos destacar Antonie van Leeuwenhoek, pesquisador holandês,
que relatou a descoberta dos protozoários, no ano de 1674; além da descoberta dos
glóbulos vermelhos sanguíneos em peixes, anfíbios e alguns mamíferos, como o ser humano,
em 1675; também desenvolveu uma série de microscópios e lentes especiais, entre outras
contribuições.

O primeiro organelo celular descrita foi o núcleo celular. Alguns autores creditam essa
descrição ao pesquisador botânico Robert Brown, que visualizou o núcleo de células de
orquídeas no ano de 1836. Entretanto, outros autores creditam essa descoberta ao pesquisador
Antonie van Leeuwenhoek, que já havia visualizado o núcleo em hemácias de salmão
(diferentemente das hemácias em mamíferos, nos salmões elas são nucleadas), em seus
trabalhos realizados no século XVII.

Inúmeros outros cientistas fizeram grandes contribuições para a biologia celular, e, à medida
que novas tecnologias surgem, novas descobertas são realizadas e colaboram para o
desenvolvimento dessa área. O desenvolvimento da microscopia, por exemplo, trouxe
considerável avanço para a biologia celular.

Em suma a história da célula está relacionada com o avanço da microscopia. Destacam-se


Aristóteles, Paracelsus quando referiram que “todos os animais e plantas, por mais complexos
que sejam, são constituídos por poucos elementos que se repetem em cada um deles”.

 A invenção do microscópio: final do século XVI Hans Janssen e seu filho Zacharias
Janssen (fabricantes de óculos), mais tarde, Robert Hooke (1635-1703), 1665:
descobriu as células e usou pela primeira vez o termo “célula”.
 Leeuvenhoek (1632-1723) em 1674 observação de células livres;
 Eduard Strasburger, 1880: fez os primeiros desenhos de células em divisão (célula
ciliada de flor de Tradescantia);
 Flemming, 1880 descreveu o mecanismo da mitose;
 Brown, 1831 - descoberta do núcleo.
 Schleiden, 1838 (estrutura dos tecidos vegetais) Schwann, 1839 (estrutura dos tecidos
animais) contribuíram com a “Teoria Celular” referindo que todos os organismos são
compostos por uma ou mais células e, a célula é unidade estrutural da vida.
 Virchow, 1855 contribuiu com a teoria celular referindo que as células surgem
somente por divisão de uma célula pré-existente;
 Waldeyer, 1890: criou o termo “cromossomo” ao referir que a divisão precisa dos
cromossomos;
 Mais tarde juntaram todas as ideias dos estudiosos que contribuíram para a teoria
celular, formando a versão moderna da “Teoria celular” que dizia:
1) as células são as unidades básicas, morfológicas e fisiológicas de todos os
organismos vivos;
2) as propriedades de um dado organismo dependem de cada uma de suas células;
3) as células originam-se somente de outras células, das quais herdam suas
características;
4) a menor unidade da vida é a célula.

1.2. A microscopia na biologia celular


Os primeiros microscópios eram bastante simples, constituídos apenas por uma lente, o que
restringia bastante os resultados dos trabalhos realizados. Apenas no final do século XIX
surgiram os primeiros microscópios binoculares e com um conjunto de lentes objetivas
que permitiam uma melhor visualização do material estudado.

Com o passar dos anos, surgiram novos aparelhos, no entanto, para a visualização de diversas
estruturas, era necessária a utilização de corantes na célula, o que acabava por levá-la à
morte. A criação do microscópio de contraste de fases, em 1932, pelo físico holandês Frits
Zernike, foi um grande marco para a biologia celular, pois a tecnologia desse novo
instrumento permitia a visualização de algumas estruturas celulares sem o uso de
corante e, assim, o estudo da célula viva. Frits Zernike recebeu o prêmio Nobel de física, no
ano de 1953, por sua criação.

Durante muito tempo, apenas microscópios ópticos eram utilizados nos mais diversos


estudos. Nesse tipo de microscópio, a luz visível passa através do material de estudo e, em
seguida, por lentes de vidro que refratam a luz, de modo que a imagem do material é
aumentada à medida que é projetada para dentro do olho ou de uma câmera. O microscópio
óptico tem a capacidade de aumentar, de forma eficaz, até mil vezes o tamanho do material
que está sendo analisado.

1.3. Métodos e técnicas de estudo da célula


As técnicas e os métodos empregues no estudo da célula têm evoluído e diversificado desde a
invenção do microscópio, no séc. XVII, por Antoine Leeuwenhoek e Robert Hooke, antes
mesmo, aliás, de ter sido estabelecido o conceito de célula. Foi com efeito através da
exploração das potencialidades deste recém inventado aparelho óptico que diversos
naturalistas convergiram para a concepção de que todos os seres vivos, plantas e animais, são
constituídos por unidades morfológicas e funcionais, que designaram por células.

À microscopia óptica, mais propriamente designada por microscopia fotónica, seguiu-se a


invenção de outras microscopias, nomeadamente da microscopia electrónica, e de técnicas
complementares, como a Histologia, que permitiram prosseguir e aprofundar o estudo da
arquitectura estrutural da célula quase até ao nível macromolecular. Simultaneamente, foram
surgindo outras técnicas analíticas, umas que fraccionam a célula permitindo isolar por
centrifugação alguns dos seus componentes; outras que descem ao nível molecular e
perscrutam a composição e o funcionamento da maquinaria química subjacente.

O estudo da célula pode ser feito na célula viva ou na célula fixada e corada.

1. Estudo da Célula viva


Este método é o mais simples e permite-nos pôr em frente do «vivo» e não em frente do
«cadáver», e tem a desvantagem de este limitado a certas células, tais como: Protozoários,
Bactérias, certas Algas, e certos fungos que podem ser observados aos microscópicos ópticos
numa gota de água do seu próprio maio, as células em cultura, que podem ser observadas no
próprio meio de cultura, ou certas células acabadas de retirar ao ser vivo e observadas numa
gota de água – célula de epiderme da cebola, epitélio lingual, etc. Em qualquer destes casos, é
possível, não só observá-las, fotografá-las, filmá-las, etc.

Esse processos consiste em:

A - Coloração Vital
Misturar, no meio em que se encontram as células, determinadas substâncias coradas não
tóxicas, para as quais a membrana citoplasmática das células vivas não oferece resistência de
entrada e que vão dar cor a certos constituintes, permitindo-lhes ficar em destaque no meio de
outros. Ex. Vermelho neutro, azul-de-metileno, etc. Sem coloração, as células não permitem
estudos profundos devidos às fracas diferenças de índice de refração dos seus constituintes.

B – Micromanipulação
Usando um microinstrumento acionado sob o microscópio, é possível hoje, graça a um
dispositivo – micromanipulador, tocar nos constituintes celulares, apreciar a sua consistência,
dissecar a célula e praticar nela verdadeiras operações cirúrgicas delicadíssimas, tais como:
injeções de reagentes em qualquer das regiões celulares, extrações de constituintes, por
exemplo: a merotomia e transplantação nuclear.

2. Estudo da célula Fixada.


Trata-se das observações que se faz às células que morrem ao ser deslocadas do seu meio
próprio, e a morte é acompanhada de uma alteração profunda das suas estruturas, mesmo os
microscópios com bom poder resolvente não fornecem imagens de qualidade ou completas e
todas são pobres em pormenores estruturais das células vivas. Por isso, em citologia e em
histologia recorre-se ao estudo de células e tecidos mortos, preparados previamente de modo
a ser possível a obtenção de lâminas muito delgadas e o estudo dos pormenores das estruturas
da célula. A preparação destas células e tecidos são as seguintes: fixação, coloração e corte.

3. Citoquímica
A citoquímica compreende diversas técnicas que são utilizadas para a identificação e
localização das moléculas que constituem as células. Esta tecnologia pode ser aplicada em
nível de microscopia óptica e de microscópio eletrónica.

1.4. Níveis de organização em Biologia


Os níveis de organização em biologia são a forma hierárquica das estruturas biológicas.
Essa organização estrutura-se com base em um nível mais baixo (átomo) e segue até um mais
elevado (biosfera). Cada um desses níveis é constituído pelas unidades presentes no nível
anterior, acrescido em complexidade organizacional. A seguir, apresentamos cada nível
presente na organização biológica. A organização biológica, que ocorre de forma hierárquica,
geralmente é representada em 12 a 13 níveis.

1. Átomo: representa a menor parte constituinte da matéria, sendo considerado seu nível


como fundamental.
2. Molécula: é constituída por átomos agrupados de maneiras diversas. Quando moléculas
diferentes agrupam-se, formam compostos.
3. Organelo: estrutura presente no citoplasma das células e constituída por moléculas e
compostos agrupados de diversas maneiras.
4. Célula: unidade estrutural e funcional dos seres vivos. No entanto, os vírus não são
constituídos por células. As células são constituídas, basicamente, por membrana
plasmática, citoplasma (no qual estão presentes as organelos), e núcleo (não delimitado
em células procarióticas).
5. Tecido: é constituído por um conjunto de células especializadas e que desempenham uma
função específica. Os tecidos estão presentes apenas em organismos multicelulares, como
plantas e animais. Nos seres humanos, há quatro tipos básicos de tecido, segundo suas
propriedades funcionais:
 tecido epitelial;
 tecido conjuntivo;
 tecido muscular;
 tecido nervoso.
6. Órgão: é constituído por tecido e desempenha funções essenciais para o
funcionamento do organismo.
7. Sistema: é constituído por diferentes órgãos que atuam em conjunto em determinadas
funções. O organismo humano é constituído por:
 sistema tegumentar;
 sistema esquelético;
 sistema articular;
 sistema muscular;
 sistema cardiovascular;
 sistema respiratório;
 sistema digestório;
 sistema urinário;
 sistema genital;
 sistema nervoso;
 sistema endócrino;
 sistema linfático.
8. Organismo: é formado pelo conjunto de todos os sistemas. No entanto, um organismo
também pode ser constituído por uma única célula, sendo então chamado de unicelular.
Quando o organismo é constituído por duas ou mais células, é denominado multicelular ou
pluricelular.
9. Espécie: conjunto de organismos semelhantes capazes de se cruzar em condições naturais,
produzindo descendência fértil.
10. População: é definida como um grupo de organismos de mesma espécie que habita uma
determinada área, em um mesmo período de tempo.
11. Comunidade: é o conjunto de populações diferentes que habita uma determinada área, em
um mesmo período de tempo.
12. Ecossistema: é definido como o conjunto formado pelo meio biótico (vivo) e abiótico
(não vivo) do ambiente e pela interação entre os dois meios;
13. Biosfera: é o nome dado ao conjunto de todos os ecossistemas da Terra.

Os níveis de átomos a células são também conhecidos como níveis microscópicos. Os níveis


superiores, da população até biosfera, são também chamados níveis de organização em
ecologia.

1.5. Aplicações práticas da Biologia celular e Molecular


A Biologia celular e Molecular pode ser aplicada em diferentes campos:

1 – Biologia molecular no agronegócio


A utilização da biologia molecular no agronegócio tem impulsionado o seu crescimento.
Desde a seleção até a modificação genética de plantas, o estudo da biologia molecular traz
modernidade e alternativas em muitas carências do campo.

2 – Segurança alimentar
O estudo em biologia molecular traz explicação para diversas questões de ordem alimentar.
Exemplos delas são os esclarecimentos quanto a intolerâncias e alergias alimentares. Aliadas
a legislações de ordem protecionistas, as análises de autenticidade em alimentos, baseadas em
biologia molecular, são crescentes em todo o globo.

3 – Controles de qualidade
Análises por biologia molecular são utilizadas para a determinação de contaminações por
microrganismos em diferentes matrizes: alimentos, superfícies, manipuladores, animais de
produção, etc. E tem fundamental importância no controle de qualidade de indústrias, na
medicina veterinária e em empresas de alimentação.

4 – Sexagem de aves
A biologia molecular também é utilizada para determinação de sexo de aves jovens, em
mercado cultural.

5 – Pecuária
Por biologia molecular pode-se determinar a presença de marcadores genéticos de
crescimento em rebanhos para melhoramento de fatores de interesse na pecuária.
6 – Medicina humana
A biologia molecular tem sido uma ferramenta aliada a medicina humana na pesquisa,
diagnóstico e monitoramento de diferentes tipos de doenças. Por exemplo, em casos de
câncer, medicina obstétrica, diagnósticos de doenças ligadas aos genes e até mesmo, na
pesquisa de polimorfismos e aconselhamento nutricional.

7 – Biologia Molecular na Medicina veterinária


A biologia molecular está em crescente aplicação no mercado veterinário, sendo utilizada
para diagnóstico e monitoramento de doenças como Leishmaniose.

8 – Medicina forense
A biologia molecular é utilizada em amostras raras em medicina forense para ajudar a
resolver assuntos de cunho legal, permitindo até mesmo a solução de casos.

9 – Ciência
A biologia molecular é aplicada ao estudo de diferentes tipos de células, nos mais vastos
organismos, em pesquisa de base e avançada, permitindo-se assim o desenvolvimento da
ciência.

2. Origem e Evolução das células - aspectos Gerais


O aparecimento das primeiras células marcou a origem da vida na Terra. Com

base em estudos, as primeiras células surgiram na terra há 3,5 bilhões de anos,

no começo do período pré-cambriano. A hipótese é que componentes da

atmosfera primitiva, composta por amônia (NH3), metano (CH4), água (H2O), gás

hidrogênio (H2) e gás carbônico (CO2) sofreram influência de descargas elétricas

oriundas de tempestades frequentes, dos raios ultravioletas e do calor. Com


isso, os componentes combinaram-se formando as primeiras moléculas orgânicas.

Tais moléculas teriam se aglomerado, formando aglomerados protéicos e, assim, dado origem
às primeiras formas de vida primitivas, que se alimentavam dos compostos carbônicos
inorgânicos presentes nos aglomerados, ou seja, seriam heterotróficos. A partir do
metabolismo desses aglomerados, formaram-se novos compostos.
Os primeiros seres primitivos teriam sido anaeróbios, já que ainda não existia oxigênio na
atmosfera. Outra característica é que esses seres teriam a capacidade de se auto reproduzir,
mantendo sua individualidade, ou seja, seu DNA. Mecanismos evolutivos favoreceram o
surgimento de organismos autotróficos, que utilizavam o gás carbônico, água e energia do sol
para produzir seu próprio alimento. Com isso, estes produziram oxigênio liberado na
atmosfera durante o processo da fotossíntese, possibilitando o aparecimento de seres cada vez
mais diversificados, complexos e pluricelulares. Os primeiros seres vivos seriam: Simples;
Unicelulares; Heterotróficos; Fermentadores; Anaeróbicos.

2.1. Hipótese de endossimbiose


Os primeiros seres vivos possuíam uma organização muito simples, eram procariontes (pro  =
primitivo;  cario = núcleo). O processo evolutivo a partir dessas células mais simples originou
células de organização mais complexas, chamadas de eucariontes (eu = Verdadeiro)

Uma das hipóteses mais aceitas para o processo evolutivo das células eucariontes defende
que as células procariontes teriam englobado células bacterianas determinando uma relação
ecológica chamada de simbiose, pela qual a célula fornece proteção do meio externo e
nutriente e o microrganismo favorece maior rendimento e aproveitamento energético através
do processo de respiração celular, sendo assim mutuamente vantajosa. Diante disso, as
mitocôndrias e cloroplastos são organelos supostamente derivados desta associação.

A hipótese de endossimbiose foi formulada pela microbiologista americana Lynn Margulis


em 1981, no livro “Symbiosis in CellEvolution”. As mitocôndrias possuem dupla membrana,
assim como muitas bactérias, e a membrana interna das mitocôndrias não são similares à
membrana citoplasmática das células. As mitocôndrias e cloroplastos também possuem seu
próprio DNA em forma circular - assim como as bactérias - e sua própria síntese de proteínas,
que não interferem na atividade da síntese nuclear. Além disso, os ribossomas desses
organelos encontrados nas células eucariontes são semelhantes aos ribossomas nas células
procariontes, favorecendo assim a ideia da teoria da endossimbiose.

Apesar de aceita pela comunidade científica, algumas questões ainda são levantadas com
relação à hipótese endossimbiótica, pois experimentos mostraram que essas organelos não
sobreviveriam fora da célula e que algumas proteínas codificadas pelo DNA nuclear são
essenciais para o funcionamento das mitocôndrias e dos cloroplastos. No entanto, essa
associação, ao longo de milhares de anos, poderia ter ocasionado uma associação dependente
que sofreram uma coevolução com as células.

Na década de 1950, Sidney Fox colocou aminoácidos em condições primitivas da

Terra e mostrou que os aminoácidos se unem para formar polímeros

chamados proteinóides. Os proteinóides eram aparentemente capazes de agir

como enzimas e catalisar reações orgânicas.

Evidências mais recentes indicam que as moléculas de RNA tem a capacidade de

dirigir a síntese de novas moléculas de RNA, bem como moléculas de DNA.

Porque o DNA contém o código genético para a síntese de proteínas, é

concebível que o DNA se possa ter formado no ambiente da Terra primitiva

como uma consequência da atividade de RNA. Então atividade DNA poderia ter

levado a síntese de proteínas. Assim, a perspectiva de protocélulas não é

amplamente aceito.

O problema da origem das células está diretamente relacionado com a origem da vida em


nosso planeta. Admite-se que as primeiras células que surgiram na terra foram os
procariontes. Isso deve ter ocorrido há 3,5 bilhões de anos, no começo do período pré-
cambriano.

Naquela época a atmosfera provavelmente continha vapor de água, amônia, metano,


hidrogênio, sulfeto de hidrogênio e gás carbônico. O oxigênio livre só apareceu depois,
graças à atividade fotossintética das células autotróficas. Antes de surgir a primeira célula
teriam existido grandes massas líquidas, ricas em substâncias de composição muito simples.
Estas substâncias, sob a ação do calor e radiação ultravioleta vinda do Sol e de descargas
elétricas oriundas de tempestades frequentes, combinaram-se quimicamente para constituírem
os primeiros compostos contendo carbono. Substâncias relativamente complexas teriam
aparecido espontaneamente.

Stanley Miller realizou em 1953 experimentos fundamentais que corroboraram essa


possibilidade.

Produzindo descargas elétricas em um recipiente fechado, contendo vapor de água,


Hidrogênio, Metano e amônia, descobriu que se formavam aminoácidos, tais como alanina,
glicina, e ácidos aspárticos e glutâmicos. Estudos posteriores, simulando as condições pre-
bióticas, permitiram a produção de 17 aminoácidos (dos 20 presentes nas proteínas).

Também foram produzidos açúcares, ácidos graxos e as bases nitrogenadas que formam parte
do DNA e RNA.

É possível que não havendo Oxigênio na atmosfera, os primeiros procariontes foram


heterotróficos e anaeróbicos. Posteriormente surgiram os procariontes autotróficos, tais como
as algas azul-esverdeadas que contém pigmentos fotossintéticos. Através da fotossíntese se
produziu o Oxigênio da atmosfera e este permitiu o surgimento de organismos aeróbicos a
partir dos quais originaram-se os eucariontes. Até aquele momento a vida só estava presente
na água, porém, finalmente, as plantas e os animais colonizaram a Terra.

Há 3 teorias para explicar o fato do aperfeiçoamento das células procariontes autotróficas


iniciais.

2.2. Teoria da Invaginação da Membrana Plasmática


Por mutação genética, alguns procariontes teriam passado a sintetizar novos tipos de
proteínas, e isso levaria ao desenvolvimento de um complexo sistema de membranas, que,
invaginando-se da membrana plasmática, teria dado origem aos diversos organelos
delimitadas por membranas. Assim teriam aparecido o retículo endoplasmático, o aparelho de
Golgi, os lisossomas e as mitocôndrias. Pelo mesmo processo surgiria a membrana nuclear,
principal característica das células eucariontes.

Embora à primeira vista esta teoria pareça sólida, ela não tem apoio em fatos conhecidos. É,
ao contrário, de difícil aceitação, pois não existe célula intermediária entre procarionte e
eucarionte, nem se encontrou fóssil que indicasse uma possível existência destes tipos
intermediários.

2.2. Teoria Mista


É possível que as organelos que não contêm DNA, como o retículo endoplasmático e o
aparelho de Golgi se tenham formado a partir de invaginações da membrana celular,
enquanto as organelos com DNA (mitocôndrias, cloroplastos) apareceram por simbiose entre
procariontes.

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