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Scientia

Espectro
infravermelho do
cloreto de
hidrogênio
Dois picos e sua origem

Uma descrição geral de como e porque se porta esta molécula no espectro do


infravermelho. Este artigo relaciona-se como parte importante do artigo sobre
ácido clorídrico e cloreto de hidrogênio, pois trata de caracterizar
minuciosamente o comportamento de tal molécula.

Introdução

Um clássico espectro molecular, o espectro de absorção do HCl pode ser


analisado para entender-se tanto como rota e como vibra esta molécula.[1]
Sendo a molécula de HCl uma molécula diatômica, a análise de seu espectro em
infravermelho resulta em informação sobre a molécula e as diferenças entre os
valores próprios de seus movimentos de vibração e rotação.[2]
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Esquema simplificado de uma molécula de cloreto de


hidrogênio.

A modelagem teórica do espectro infravermelho é tão precisa que permite


inclusive a modelagem matemática (computacional).[3] Os estudos de espectros
infravermelhos de moléculas diatômicas monta ao ano de 1926, com os
trabalhos de Oppenheimer.[4]
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Julius Robert Oppenheimer (22 de Abril de 1904 – 18 de Fevereiro de 1967).


O espectro infravermelho do cloreto de hidrogênio gasoso consiste de um
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número de finas linhas de absorção agrupadas em torno de 2886 cm−1
(comprimento de onda de ~3.47 µm).[5] A molécula do HCl possui dipolos
permanentes, resultando em uma distribuição desigual dos elétrons de
ligação[6], e absorve fótons, e converte-os em energia cinética na forma de
rotação e vibração[7], que torna-se calor no ambiente (aqui, caracteriza-se por
isto o HCl como um gás do “efeito estufa”).

O espectro do HCl (faculty.evansville.edu).


Os Scientia
Movimentos

O mais simples modelo de vibração de uma molécula diatômica é um oscilador


harmônico numa dimensão[8], para o qual a energia potencial depende
quadraticamente da variação da distância internuclear.[9] A energia cinética
resultante da atração coulômbica dos dois átomos irá exatamente ser igual a
diminuição na energia potencial e os dois átomos afastar-se.[7]

O mais simples para a rotação é o rotor rígido o qual aproxima a rotação da


molécula no espaço.[10]

Assim, uma ligação química pode ser vista simplesmente como uma mola (uma
ligação elástica) com uma certa constante de Hooke. Entretanto, devido à leis da
mecânica quântica, somente certos modos de vibrações são permitidos. A
energia nesta “mola” pode ser escrita então[10]:

E(v) = hνe(v + 1/2)

Onde v é um número quântico tendo somente os valores v=0,1,2,…, e h é a


constante de Planck. νe é a frequência vibracional (em Hz) dada por[10]:

νe = (1/2π).(k/m)1/2

Onde m é a massa reduzida da molécula diatômica, igual a (m1m2)/(m1+m2) (da


ordem de 10-27kg para o HCl), e k é a constante de força da ligação em unidades
de Nm-1 ou dinas.cm-1. É de se notar que quanto mais pesada a molécula e/ou
mais fraca a ligação, menor é a frequência vibracional (o que se evidencia nas
moléculas similares de HBr e HI, e correspondentemente de maneira
inversamente na molécula de HF). A frequência vibracional é frequentemente
expressa em unidades de cm-1, menos que Hz, com a relação[10]:
νe c = v
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Onde c é a velocidade da luz (3 x 1010 cm s-1). Esta escala faz a frequência
vidracional da maioria das molécula um número conveniente de unidades de cm-
, ou números de onda, i.e. νe varia de aproximadamente 100 a 4.000 cm-1. (A
1

molécula aqui analisada, HCl, tem νe de aproximadamente, como citamos, 3000


cm-1).[10]

É de se notar que o mais baixo nível de energia de um oscilador harmônic tem


E(v) = hνe/2 (o ponto de energia zero) e níveis adjacentes de energia igualmente
espaçados de ΔE(v) = hcνe.[10]

O Espectro
O espectro é descrito como tendo três regiões[11][12]:

1. a faixa P, na qual o número quântico rotacional J altera-se por -1;

2. a faixa Q, na qual J não altera-se

3. a faixa R, na qual J altera-se por +1.

A temperatura ambiente, quase todas as moléculas no estado mínimo tem v = 0.


Ao promover uma molécula de HCl ao estado v = 1, esperaríamos ver uma
absorção no infravermelho aproximadamente a 2880 cm−1. Esta absorção
corresponde a faixa Q não é observada devido a ser proibida devido à simetria.
Ao invés disto, dois conjuntos de sinais (faixas P e R) são vistas devido à rotação
das moléculas.

Espectro em infravermelho do HCl – editado da Wikipédia em


língua inglesa, traduzido do holandês.
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Devido à leis da mecânica quântica, somente certos modos rotacionais são
permitidos. Existe um número de diferentes níveis rotacionais a temperatura
ambiente, como indicado pela distribuição de Boltzmann, e cada um destes
níveis tem associado um número quântico rotacional J.[11] Onde J = 0, 1, 2, 3, …
ΔJ pode somente tomar valores de ± 1.[13][14]

Mecânica quântica também provê as energias rotacionais próprias de um rotor


rígido linear[10]:

E(J) = [h2 / (8π2I)].J.(J+1)

Onde ´h é novamente a constante de Planck e I é o momento de inércia da


molécula sendo (e é) tratada como um “halteres”.

Se a constante rotacional é definida por:

B = h2 / (8π2I)

A constante rotacional pode ser expressa em unidades de número de onda (cm−1)


[10]:

B = B/c

O que nos leva a:

E(J) = h·B·J(J+1)

O valor de B é muito menor que νe, tal que uma muito menor quantidade de
energia é requerida para rotar a molécula; para uma molécula típica, esta se
situa na região de microondas. Entretanto, devido a energia vibracional desta
molécula, o conjunto das adsorções encontra-se dentro da região do
infravermelho, permitindo um espectro que mostra os modos de rotação e
vibração desta molécula seja coletado facilmente usando um espectômetro
infravermelho comum com uma célula convencional de gás.

Plotando os números quânticos rotacionais atribuídos (de transições


fundamentais) da faixa (ramo) R e faixa P (J+1 e -J respectivamente) versus suas
energias (normalmente em cm-1) e tomando uma regressão de terceira ordem
(cúbica)[15] dos dados segue-se para o cálculo da contante de distorção
centrífuga, momento de inércia, comprimento médio da ligação[15], a constante
de acoplamento e outras informações úteis.[16]
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Par de picos devido à composição isotópica do cloro –


Wikipédia em língua inglesa

Cloro naturalmente abundante consiste de dois isótopos, 35Cl e 37Cl, na razão de


aproximadamente 3:1. Enquanto as constantes elásticas são muito similares, as
massas reduzidas (m) são diferentes.[9]

m = M1.M2/(M1+M2)

Significativas diferenças na energia rotacional assim os pares são observados em


vista de maior resolução de cada linha de absorção, ponderados na mesma razão
de 3:1 (35Cl 75.5% e 37Cl 24.5%[1]).

Referências
Obs: Ao ser realizada a transferência dos artigos do Google Knol para o
Anottum, houve a perda parcial das referências deste artigo. Assim que possível,
sua referenciação será recuperada e aprimorada. Contando com sua
compreensão, grato.

1. Vibration-Rotation Spectrum of HCl

2. hyperphysics.phy-astr.gsu.edu

3. Mueller, Michael; Fundamentals of Quantum Chemistry - Molecular


Spectroscopy and Modern Electronic Structure Computations; 2001, 280 p.
ISBN: 978 0 306 46596 3
ISBN: 978-0-306-46596-3

4. W.Scientia
Bryan Lynch; Simulation of the HCl Rotational-Vibrational Spectrum - A
Physical Chemistry Laboratory

5. faculty.evansville.edu

6. David C. Cassidy; "Oppenheimer's first paper: Molecular band spectra and a


professional style";Historical Studies in the Physical and Biological Sciences;
March 2007, Vol. 37, No. 2, Pages 247–270 , DOI 10.1525/hsps.2007.37.2.247

7. Billy Delfs, Ethan Englund, Dave Baker; Vibrational-Rotational Spectra of HCl

8. ed.augie.edu

9. Infrared Spectroscopy

10. www.umsl.edu

11. S.F. Sontum; Normal Modes of Vibration

12. community.middlebury.edu

13. B.H. Bransden e C.J. Joachain, Physics of Atoms and Molecules, 2nd. Ed.,
Pearson Education Limited, UK, 2003.

14. INFRARED SPECTRUM OF HYDROGEN CHLORIDE

15. www.chem.uic.edu

16. The Rotation / Vibration Spectrum of HCl

17. chem.ufl.edu

18. Infrared rovibronic spectroscopy of HCl

19. gustavus.edu

20. The Vibration-Rotation Spectrum of Gaseous HCl

21. home.sou.edu

22. Barrow, G. M. Physical Chemistry; WCB McGraw-Hill: Boston, 1996.

23. Hollas, J. M. Modern Spectroscopy; 3 ed. John Wiley & Sons: New York, 1996.

24. Ken Solberg, Levi Stanley, Andrew Aspaas; Vibrational-Rotational Spectra of HCl

25. ed.augie.edu

26. Shoemaker, D.P., C.W. Garland, J.W. Nibler. “Vibrational / Rotational Spectra of
HCl and DCl.” Experiments in Physical Chemistry. 6th Edition. WCB / McGraw
Hill, 1996. pp. 397-404.

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