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São Luís/MA
2021
BÁRBARA RODRIGUES DOS SANTOS
São Luís/MA
2021
BÁRBARA RODRIGUES DOS SANTOS
Aprovada em / /
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. Samuel Vieira Brito
Universidade Federal do Maranhão
_____________________________________________
Prof. Dr. Adonias Aphoena Martins Teixeira
Universidade Federal do Maranhão
_____________________________________________
Prof. Dr. Bruno de Souza Barreto
Universidade Federal do Maranhão
São Luís/MA
2021
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Samuel pela paciência, pelo conhecimento
compartilhado e pelo incentivo nessa jornada.
A Jivanildo Miranda e Arielson Protázio pelo auxílio nas identificações dos anuros. A
Adonias Teixeira pela ajuda com os índices e análises estatísticas. A Bento e Janaina
Nascimento pela ajuda no trabalho de campo.
Agradeço pela bolsa concedida pela Coordenação de Apoio ao Pessoal de Ensino
Superior (CAPES).
Ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/SISBIO) e a
Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal do Maranhão (CEUA-
UFMA) por fornecer a autorização para a coleta de hospedeiros.
Ao Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC-UFMA)
por oferecer a oportunidade de realizar um mestrado, em especial ao nosso coordenador Prof.
Dr. Eduardo pelo incentivo e por estar sempre disponível no decorrer do curso.
Aos meus professores do PPGBC por todo o conhecimento e experiências
compartilhados nas disciplinas, indispensáveis para minha formação.
Agradeço a minha mãe, Maria, e ao meu pai, Domingos, pelo apoio emocional e
financeiro. Vocês são a base para tudo na minha vida.
Aos meus colegas da turma 2019.1, pela troca de experiências e conhecimento e pela
companhia dentro e fora da sala de aula.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse trabalho.
RESUMO
Este estudo teve como objetivo conhecer a fauna e alguns aspectos ecológicos de
endoparasitas associados à 18 espécies de anuros do Cerrado do leste maranhense, Nordeste
do Brasil. O capítulo I é uma apresentação geral sobre aspectos importantes do parasitismo e
de endoparasitas de anfíbios do Brasil. O capítulo II é uma abordagem descritiva onde
apresentamos as espécies de parasitas encontradas, com observações acerca dos níveis de
infecção e ciclo de vida. Encontramos 12 táxons de endoparasitas, sendo 8 Nematoda, 3
Acanthocephala e 1 Cestoda. Physaloptera sp., Aplectana sp. e Rhabdias sp. foram os
nematoides mais comuns na taxocenose de anuros, corroborando com outros trabalhos que
mostram esses gêneros como dominantes na comunidade. Em particular, além de infectar 9
espécies hospedeiras, Acanthocephala teve uma prevalência relativamente alta em
comparação com trabalhos realizados em outras localidades. Isso pode estar associado à dieta
dos hospedeiros, já que os acantocéfalos dependem de ingestão de artrópodes pelos anuros
para sua transmissão, juntamente com outros aspectos da ecologia do hospedeiro.
Apresentamos também 22 novos registros de hospedeiros, ampliando o conhecimento acerca
da fauna de endoparasitas de anuros do Brasil. No capítulo III buscamos conhecer os níveis de
agregação e especificidade dos parasitas e os fatores bióticos que influenciaram os níveis
encontrados, além de testar a influência de características biológicas dos hospedeiros sobre a
abundância de parasitas. O índice de especificidade variou de 1 a 3, em que Oncicola sp. foi o
parasita mais específico da comunidade. Os parasitas heteroxenos foram mais específicos que
os monoxenos. Isso pode ser um reflexo da necessidade dos parasitas em selecionar
hospedeiros intermediários específicos adequados, resultando também em uma gama de
hospedeiros definitivos mais restrita. Além disso, quanto menos específico o parasita menor
foi sua prevalência. Isso pode estar associado à possibilidade dos parasitas infectarem
hospedeiros próximos filogeneticamente e com semelhanças imunológicas e ecológicas entre
si, diminuindo os custos de adaptação mesmo infectando muitas espécies hospedeiras. Em
geral, os parasitas se mostraram agregados espacialmente, mas entre as características
testadas, nenhuma explicou os níveis encontrados, indicando a atuação de outros fatores
gerando heterogeneidade de exposição e susceptibilidade à infecção entre os hospedeiros. O
tamanho do corpo e sexo dos hospedeiros foram fatores determinantes para os níveis de
infecção. Hospedeiros com maior massa e CRC foram mais parasitados. Os recursos
oferecidos por anuros maiores, bem como sua dieta e idade podem fazer com que eles tenham
maior abundância de parasitas. Já os machos tiveram maior abundância parasitária que as
fêmeas, indicando que particularidades fisiológicas e ecológicas do sexo os tornam mais
susceptíveis e expostos aos parasitas que as fêmeas.
The aim of this study was to know the fauna and some ecological aspects of endoparasites
associated with 18 anurans species from the Cerrado of eastern Maranhão, northeastern
Brazil. The chapter I is an overview of important aspects of parasitism and endoparasites of
brazilian amphibians. The chapter II is a descriptive approach where we present species of
parasites found, with an approach about the infection levels and life cycle. We found 12 taxa
of endoparasites, 8 Nematoda, 3 Acanthocephala and 1 Cestoda. Physaloptera sp., Aplectana
sp. and Rhabdias sp. were the most common nematodes in anuran assemblage, corroborating
with other studies that show these genera as dominant in the community. In particular, besides
to infecting 9 host species, Acanthocephala had a relatively high prevalence compared to
studies carried out in other locations. This may be associated with the host's diet, as
acanthocephalans depend of the ingestion of arthropods by anurans for their transmission,
along with other aspects of the host's ecology. We also present 22 new host records,
expanding the knowledge of the endoparasite fauna in anurans of Brazil. In chapter III, we
seek to know the aggregation levels and specificity of the parasites and the biotic factors that
influenced the levels found, in addition to testing the influence of biological characteristics of
hosts on the abundance of parasites. The specificity index ranged from 1 to 3, in which
Oncicola sp. was the most specific parasite in the community. Heteroxenes parasites were
more specific than monoxenes. This may be a reflection of the parasites' need to select
suitable specific intermediate hosts, also resulting in a narrower definitive host range.
Furthermore, the less specific the parasite, the lower its prevalence. This may be associated
with the possibility of the parasites infecting phylogenetically close hosts and with
immunological and ecological similarities to each other, reducing adaptation costs even when
infecting many host species. In general, the parasites were spatially aggregated, but among the
characteristics tested, none explained the levels found, indicating the action of other factors
generating heterogeneity among hosts in exposure and susceptibility to infection. The host
body size and sex were determining factors for the infection levels. Hosts with greater mass
and CRC were more parasitized. The resources offered by larger anurans, as well their diet
and age, can cause them to have a greater abundance of parasites. Males had greater parasite
abundance than females, indicating that physiological and ecological sex characteristics make
them more susceptible and exposed to parasites than females.
SUMÁRIO
Resultados................................................................................................................................24
Discussão..................................................................................................................................27
Referências bibliográficas......................................................................................................32
CAPÍTULO III - Aspectos ecológicos de uma comunidade de endoparasitas de anuros
do leste maranhense................................................................................................................40
Introdução................................................................................................................................42
Materiais e métodos................................................................................................................44
Índices de agregação e especificidade...............................................................................44
Análises estatísticas............................................................................................................45
Resultados................................................................................................................................46
Discussão..................................................................................................................................49
2
Referências bibliográficas......................................................................................................55
ANEXO....................................................................................................................................64
CAPÍTULO I
APRESENTAÇÃO GERAL
3
INTRODUÇÃO
registrados em uma ampla gama de hospedeiros (COMBES, 1997; COMBES, 2001). Essa
importante característica dos parasitas nos permite conhecer amplitude de seu nicho e até
mesmo a probabilidade de ajuste a novos hospedeiros e hábitats após sua introdução em uma
nova área (Poulin e Mouillot 2003). Estimativas anteriores da especificidade contemplam
apenas o número de espécies hospedeiras utilizadas por um parasita, mas considerando que as
espécies hospedeiras não iguais entre si, Poulin & Mouillot (2005) propuseram um índice que
contempla também as diferenças ecológicas e filogenéticas dos hospedeiros. Considerando
também que os nichos não são estáticos, a especificidade de hospedeiro é resultado, em parte,
de fatores ecológicos (ROHDE, 1994).
Os parasitas também se distribuem de forma agregada entre os indivíduos de uma
população hospedeira. Isso acontece pois mesmo indivíduos da mesma espécie compartilham
nuances entres seus traços. Assim alguns hospedeiros oferecem uma melhor qualidade de
habitat e por isso possuem mais parasitas que outros, gerando uma distribuição agregada
(COMBES, 2001). Considerada a "primeira lei do parasitismo" (POULIN, 2007b), a
agregação de parasitas tem importantes implicações para a dinâmica parasita-hospedeiro.
Quando estão agregados, os parasitas têm um papel regulador em populações hospedeiras,
estabilizando a associação parasita-hospedeiro (ANDERSON & MAY 1978). A agregação
pode afetar a regulação da própria população de parasitas (JAENIKE, 1996). Nesse sentido,
parasitas que não são agregados geralmente ocorrem em infrapopulações com intensidades
onde os efeitos dependentes da densidade são pouco significativos. Já parasitas com altos
níveis de agregação ocorrem em infrapopulações em que esses efeitos são mais fortes
(Anderson e Gordon 1982). A competição interespecífica de parasitas contribui para aumentar
a agregação, pois determinada espécie tende a se acumular em hospedeiros que não abriguem
espécies concorrentes (POULIN, 2007a). Nesse sentido, os trabalhos de Dobson (1985) e
Dobson e Roberts (1994) sugerem que a agregação é importante para garantir a coexistência
de diferentes espécies de parasitas na mesma população hospedeira ou no mesmo indivíduo.
Além disso, a probabilidade de acasalamento dos parasitas é maior em hospedeiros que
abrigam muitos parasitas, já que a chances de encontrar o sexo oposto é maior em
comparação com hospedeiros que abrigam poucos parasitas. Daí a importância dos níveis de
agregação nas chances de reprodução dos parasitas (KENNEDY, 2006). As causas da
agregação estão ligadas principalmente à heterogeneidade de exposição e susceptibilidade dos
hospedeiros aos parasitas, fazendo com que eles adquiram parasitas em diferentes taxas entre
si e dessa forma alguns acumulam mais parasitas que outros (POULIN, 2007a).
5
A classe Amphibia é composta por 8393 espécies, sendo 7412 da ordem Anura, 768 da
ordem Caudata e 213 da ordem Gymnophiona (FROST 2021). Campião et al. (2014a)
forneceu uma lista de espécies de helmintos de Anfíbios Sul-americanos, sendo que 88
espécies do Brasil apresentaram registros de infecção por 164 táxons de helmintos, a maioria
nematoides. Particularmente, as famílias Hylidae e Leptodactylidae são as mais
reprensentativas, abrigando de 60% das espécies de anuros estudadas (CAMPIÃO et al.,
2014a). No entanto, CAMPIÃO et al. (2014a) ressalta que devido à falta de acurácia na
identificação de muitos táxons parasitas, a biodiversidade de helmintos de anfíbios deve ser
muito maior que a amostrada. Nesse sentido, a necessidade de mais levantamentos se torna
evidente.
Embora o foco de muitos trabalhos com parasitismo de anfíbios seja na taxonomia,
ciclo de vida e biologia descritiva dos parasitas, análises do ponto de vista ecológico devem
ser consideradas (TINSLEY, 1995). Estudos com endoparasitas de anuros vêm sendo
conduzidos em diversas localidades Brasil e características como o sexo, o tamanho do corpo,
dieta do hospedeiro bem como fatores abióticos têm se mostrado importantes para diversos
aspectos da comunidade de parasitas (CAMPIÃO et al., 2012; HAMANN et al., 2014;
AGUIAR et al., 2015; CAMPIÃO et al., 2015; CAMPIÃO et al., 2017; RUIZ-TORRES et al.,
2017; TOLEDO et al., 2017; SILVA-NETA et al., 2020). Quanto a especificidade, no Brasil
Santos (2020) calcularam a especificidade de 28 táxons de helmintos de anuros do estado do
Paraná analisando também a correlação com a prevalência dos parasitas. Alguns esforços para
conhecer os níveis de agregação de helmintos de anuros também foram feitos, como Luque et
al. (2005), Toledo et al. (2013b) e Mascarenhas et al. (2021), mas a influência de nenhuma
característica ecológica é testada. Particularmente no Cerrado, os trabalhos têm buscado
conhecer a biodiversidade de parasitas de anuros (TOLEDO et al., 2013a; QUEIROZ et al.,
2020; AGUIAR et al., 2021) mas sem dados sobre sua especificidade e agregação e sem testar
a influência de fatores ecológicos.
Nesse sentido, o objetivo geral desse estudo foi conhecer a fauna de endoparasitas de
anuros de uma área de Cerrado do leste do estado do Maranhão e avaliar alguns aspectos
ecológicos da associação parasita-hospedeiro, buscando ampliar o conhecimento acerca da
biodiversidade de endoparasitas do Brasil e os fatores ecológicos responsáveis pela estrutura
da comunidade.
6
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A América do Sul possui registros de 289 taxa de helmintos parasitando anfíbios, dos
quais 150 são Nematoides, 111 Trematódeos, 13 Cestoides e 15 Acantocéfalos (CAMPIÃO et
al., 2014a). De acordo com o levantamento de Campião et al. (2014a), 88 espécies de anfíbios
do Brasil (em sua maioria Anuros) apresentaram registros de infecção. O Brasil também foi o
país da América do Sul que apresentou a maior biodiversidade de helmintos, com 164 táxons
registrados, fato corroborado por sua extensa área e biodiversidade de anuros (CAMPIÃO et
al., 2014a).
2002).
Especificidade do hospedeiro
Podemos ter uma aproximação do nicho ecológico de um parasita se soubermos quais
espécies ele parasita e quais microhábitats dentro do hospedeiro ele ocupa. O espectro de
hospedeiros que uma espécie de parasita é associada em um determinado estágio de seu
desenvolvimento é normalmente tido como o seu grau de especificidade (COMBES, 2001;
POULIN, 2007a). A especificidade é tida como ampla quando o parasita infecta muitas
espécies hospedeiras e estreita quando o parasita infecta uma ou poucas espécies (COMBES,
2001).
Existem diferentes maneiras de mensurar a especificidade, sendo a mais antiga
simplesmente utilizar o número de espécies hospedeiras utilizadas por aquele parasita
(POULIN, 2007a). No entanto, essa métrica ignora a importância ecológica de cada
hospedeiro para o parasita, sua proximidade filogenética ou se há variação na composição de
espécies hospedeiras em diferentes áreas geográficas (POULIN et al., 2011).
De uma perspectiva ecológica, o parasita pode apresentar diferentes prevalências,
intensidades e abundâncias entre as espécies hospedeiras, mesmo que estejam presentes na
mesma localidade. Dessa forma, alguns hospedeiros são utilizados mais fortemente que
outros. Nesse sentido, o parasita seria menos específico se utilizasse igualmente todas as
espécies hospedeiras e mais específico se utilizasse mais intensamente uma única espécie
(POULIN, 2007a; POULIN et al., 2011). Já de uma perspectiva filogenética, alguns
hospedeiros utilizados podem ser mais próximos filogeneticamente que outros. Assim, um
parasita pode ser considerado mais específico por utilizar hospedeiros de um mesmo gênero,
em comparação com um parasita que utiliza hospedeiros de diferentes famílias ou ordens
(POULIN & MOUILLOT, 2003; POULIN, 2007a; POULIN et al., 2011). Um índice
proposto por Poulin & Mouillot (2005) combina aspectos ecológicos e evolucionários para
mensurar a especificidade.
Outra visão da especificidade distingue entre especificidade alfa, aquela exibida por
um parasita em uma localidade específica, e especificidade beta, que captura as diferenças na
composição de espécies hospedeiras entre localidades (KRASNOV et al., 2011). Por exemplo,
duas espécies parasitas de uma localidade têm especificidades iguais nos componentes
ecológicos e filogenéticos. No entanto, quando consideramos uma segunda localidade, um
11
desses parasitas explora hospedeiros de espécies diferentes, enquanto o outro não substitui os
seus hospedeiros. Este segundo parasita tem, portanto, uma especificidade beta maior, pois
seu alcance de hospedeiros é mais limitado numa escala geográfica maior (KRASNOV et al.,
2011; POULIN et al., 2011). Um índice que mede a especificidade beta foi proposto por
Krasnov et al. (2011).
12
OBJETIVOS
Objetivo geral
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19
CAPÍTULO II
1
Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Conservação, Universidade Federal do
Maranhão, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Biologia, Av. dos
Portugueses, 1966, CEP 65080-805 - São Luís, MA – Brasil
2
Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Colegiado
do Curso de Ciências Biológicas, Br 222, Km 04, Boa Vista, CEP 65500000 - Chapadinha,
MA – Brasil
Resumo
Os parasitas compreendem grande parcela da biodiversidade do planeta. As pesquisas acerca
da fauna de helmintos de anuros brasileiros vêm ganhando mais atenção em muitas regiões do
país. Porém, o Cerrado brasileiro ainda conta com poucos levantamentos quanto à
biodiversidade de helmintos de anuros, apesar de ser um bioma conhecido por sua rica
diversidade de anfíbios. Nesse estudo verificamos 191 indivíduos de 19 espécies de anuros do
Cerrado quanto à presença de helmintos: Boana raniceps, B. punctata, Dendropsophus nanus,
D. soaresi, Scinax nebulosus, S. fuscomarginatus, S. x-signatus, Osteocephalus taurinus,
Leptodactylus mystaceus, L. pustulatus, L. mascrosternum, L. vastus, Physalaemus cuvieri,
Adenomera hylaedactyla, Rhinella mirandaribeiroi, R. jimi, Elachistocleis piauienses,
Dermatonotus muelleri e Pithecopus nordestinus. Com exceção de B. punctata, todas as
espécies hospedeiras estavam parasitadas por pelo menos 1 táxon parasita. Foram coletados
8576 endoparasitas no total, pertencentes a 12 táxons: 8 Nematoda (Rhabdias sp.
Physaloptera sp., Physalopteroides sp., Cosmocerca sp., Cosmocercoides sp., Aplectana sp.
Oswaldocruzia sp. e um Cosmocercidae não identificado), 3 Acanthocephala
(Centrorhynchus sp., Oncicola sp. e 1 Acanthocephala não identificado) e 1 Cestoda não
21
identificado. Physaloptera sp., Aplectana sp. e Rhabdias sp. foram espécies dominantes na
taxocenose, sendo parasitas que vem sendo encontrados em muitas espécies de anuros do
Brasil. Os acantocéfalos foram mais comuns que o esperado em comparação com pesquisas
anteriores. Particularidades relacionadas ao modo de transmissão associadas com a ecologia
dos anuros podem tornar esses parasitas frequentes na comunidade. Apresentamos também 22
novos registros de hospedeiro, evidenciando a importância do levantamento faunístico de
espécies de endoparasitas em localidades pouco estudadas nesse aspecto, como o Cerrado.
Introdução
O Cerrado, um dos maiores hotspots do mundo (Myers et al. 2000; Vitt e Caldwell
2014), ocupa cerca de 21% da área total do Brasil. É composto principalmente por Savanas,
mas também é formado por mosaicos de vegetação que são importantes para a sobrevivência
de muitas espécies locais (Silva et al. 2006). O bioma possui uma marcada sazonalidade e alta
heterogeneidade ambiental (Oliveira e Marquis 2002; Silva et al. 2006). Essa
heterogeneidade, que ocorre no sentido horizontal, é um fator determinante para a rica
diversidade de espécies do Cerrado (Machado et al. 2004). Poulin et al. (2011) ressalta que é
de se esperar que locais considerados hotspots de diversidade de hospedeiros sejam também
hotspots de diversidade de parasitas. Porém, somente cerca de 20% da área do Cerrado
permanece intacta, devido à conversão para pastos e agricultura de milho e soja (Klink e
Machado 2005; Vitt e Caldwell 2014). Devido à tendência de aumento nas taxas de ocupação
do Cerrado para estes fins, este é um bioma em situação crítica (Machado et al. 2004). A
perda e fragmentação de habitat desse bioma é uma ameaça importante para as populações de
anfíbios (Duellman e Trueb 1994; Vitt e Caldwell 2014), especialmente porque ela pode
ocasionar a perda de muitas espécies endêmicas (Stuart et al. 2004; Klink e Machado 2005).
Conforme observado por Aho (1990), as comunidades de helmintos de anfíbios
diferem significativamente daquelas encontradas em outras classes de vertebrados. De acordo
com o levantamento de Campião et al. (2014a), 88 espécies de anfíbios do Brasil (em sua
maioria anuros) apresentaram registros de infecção. O Brasil também foi o país da América
do Sul que apresentou a maior diversidade de helmintos, fato corroborado por sua extensa
área e biodiversidade de anuros (Campião et al. 2014a). Os helmintos são parasitas de anuros
frequentemente encontrados nos pulmões e no trato gastrointestinal (Moretti et al. 2017; Silva
et al. 2018) embora pouco se saiba sobre os efeitos que ocasionam nesse grupo (Kelehear et
al. 2019). Os parasitas de anuros mais comuns são os nematoides, seguidos pelos trematódeos,
acantocéfalos e cestoides (Campião et al. 2014a).
Embora os estudos com a fauna de helmintos de anuros venham crescendo nos últimos
anos, cerca de 92% dos anfíbios brasileiros ainda não foram estudados quanto à fauna de
helmintos (Campião et al. 2014a). Nesse sentido, o Cerrado ainda conta com dados
incipientes. Entre os trabalhos para este bioma podemos destacar: Toledo et al. (2013a) que
verificou a presença de Ochoterenella digiticauda (Nematoda: Onchocercidae) infectando
Hypsiboas lundii, anuro endêmico do Cerrado; Queiroz et al. (2020) que analisaram a fauna
de helmintos de 8 espécies de anuros do Cerrado e Aguiar et al. (2021) que analisaram a fauna
de helmintos de 25 espécies de anuros em uma área de transição Cerrado-Mata Atlântica.
23
Materiais e métodos
Área de estudo
A coleta de hospedeiros foi conduzida na Reserva do Itamacaoca que é uma área de
Cerrado, situada no município de Chapadinha, estado do Maranhão, Nordeste do Brasil. Esta
Reserva abrange cerca de 460 ha e nela se localiza a Barragem do Itamacaoca, principal fonte
de água potável para a região urbana do município de Chapadinha (Silva et al. 2008). A
Reserva é composta por um mosaico de vegetação, com matas ciliares, matas de galeria,
campos cerrados e relictos de cerradões. Porém, devido ao avanço da fronteira agrícola no
município, há perda e fragmentação de hábitat na região (Silva et al. 2008). O clima é quente
e semi-úmido, com temperatura média anual variando de 28 °C a 30 °C, com regime de
precipitação de 1600-2000 mm/ano. A estação seca dura de julho até dezembro, e a chuvosa
de janeiro até junho (IBGE 1984).
Coleta de dados
As coletas dos animais foram realizadas no período chuvoso entre os meses de janeiro
a março de 2020, das 18h às 22h (autorização para a coleta emitida pelo SISBIO, licença
número: 71407-2; aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade
Federal do Maranhão (CEUA - UFMA), processo nº 23115.031592/2019-38). Foram
realizadas nove buscas ativas, totalizando 36 horas de trabalho de campo. As buscas foram
realizadas por um mínimo de 2 e um máximo de 4 pessoas. Os espécimes foram buscados
ativamente no solo, nas bordas dos corpos d’água e na vegetação ao redor. Após serem
coletados manualmente, os anuros eram imediatamente armazenados em sacos plásticos
preenchidos com um pouco de água ou em sacos de pano umedecidos. Em seguida, eles foram
transportados para o laboratório de Herpetologia do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais
da Universidade Federal do Maranhão, onde foram eutanasiados por meio do uso de Tiopental
intraperitoneal com uma dose letal (60 a 100 mg/Kg). Após a eutanásia, os animais eram
etiquetados, identificados, pesados e tinham o comprimento rostro-cloacal (CRC) medido. O
24
sexo foi determinado por meio da análise das gônadas durante a dissecação. A classificação
taxonômica dos hospedeiros está de acordo com Frost (2021).
Os hospedeiros foram fixados em solução de formalina a 10%, armazenados em
frascos com álcool 70% e posteriormente serão depositados na Coleção Herpetológica Claude
d’Abbeville no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do
Maranhão, Brasil. Para a coleta dos helmintos, os anuros foram dissecados e tiveram os
pulmões e o trato gastrointestinal analisados sob lupa estereomicroscópica. Quando presentes,
os helmintos eram armazenados em flaconetes com álcool 70%. Para identificação
taxonômica, os helmintos foram montados temporariamente em lâminas contendo ácido lático
e analisados em microscópio de luz.
Descritores quantitativos
A prevalência e a intensidade média de infecção foram calculadas conforme Bush et
al. (1997). A prevalência é calculada dividindo-se o número de hospedeiros infectados por
uma determinada espécie pelo número total de hospedeiros coletados, multiplicado por 100. A
intensidade média é calculada pelo número total de parasitas de uma espécie dividido pelo
número total de hospedeiros parasitados por aquela espécie.
Resultados
Discussão
anuros, que são vertebrados que provavelmente atuam como hospedeiros paratênicos
(Goldberg et al. 2003). Em anfíbios esse gênero era registrado somente no México e
Colômbia até o momento (Goldberg & Bursey 2003; Velazquez-Urrieta & León-Règagnon
2018).
Oswaldocruzia sp. infectou somente espécies com hábito terrestre, com exceção de
Boana raniceps. Nematoides deste gênero são comuns em anuros na América do Sul,
principalmente nas famílias Leptodactylidae e Bufonidae (Campião et al. 2014a; Aguiar et al.
2014; Moretti et al. 2017), porém Queiroz et al. (2020) não registraram parasitas deste gênero
em nenhuma das 8 espécies de anuros do Cerrado analisadas em seu estudo (Boana raniceps,
Dendropsophus nanus, Leptodactylus chaquensis, Leptodactylus mystaceus, Leptodactylus
mystacinus, Leptodactylus podicipinus, Physalaemus cuvieri e Physalaemus nattereri). Esse
helminto é monoxênico e infecta o hospedeiro por penetração na pele (Vicente et al. 1990;
Anderson 2000). Aqui, o hábito dos anuros aliado ao ciclo de vida direto desse helminto, pode
ter facilitado a infecção pelas larvas em anuros com hábito terrestre, já que pode existir uma
forte associação do hábito e modo de transmissão do parasita (Campião et al. 2015; Santos
2020).
Os cestoides foram encontrados em apenas 2 espécies de hospedeiros, com baixa
prevalência e intensidade. Os anuros podem servir como hospedeiros definitivos,
intermediários ou paratênicos de muitas espécies de cestoides. Em geral, os cestoides utilizam
artrópodes como primeiros hospedeiros intermediários, que por sua vez são ingeridos pelos
hospedeiros paratênico ou definitivo (Koprivnikar et al. 2012). Os cestoides infectam poucas
espécies de anuros da América do Sul (Campião et al. 2015). Na transição Cerrado-Mata
Atlântica, Aguiar et al. (2021) encontraram 1 espécie de Cestoda infectando somente 3
espécies de Anuros, também com baixas prevalências em todos.
A maioria dos táxons encontrados no presente estudo aparentemente são generalistas
frequentemente encontrados em anuros de outras localidades e biomas do Brasil como Mata
Atlântica, Pantanal, e outras localidades do Cerrado (Aguiar et al. 2014; Campião et al 2016a;
Graça et al. 2017; Toledo et al. 2017; Queiroz et al. 2020), mas alguns representam novos
registros de hospedeiros no presente estudo. Além disso, encontramos Cosmocercoides em 5
espécies hospedeiras (todas são novos registros), enquanto não há registro desse gênero em
localidade dos estudos citados anteriormente.
No presente estudo, Hylidae e Leptodactylidae tiveram as faunas parasitárias mais
ricas, abrigando todos os táxons parasitas, o que corrobora com trabalhos que apontam estas
31
de tamanho entre as áreas investigadas (Poulin et al. 2011). Portanto, devido ao número baixo
de espécimes coletados de algumas espécies hospedeiras e às espécies parasitas não
identificadas no presente estudo, a riqueza total encontrada pode ser subestimada.
A grande diversidade de anfíbios do Cerrado pode nos revelar uma biodiversidade de
parasitas em muitas localidades ainda não estudadas do bioma. Assim, os dados
parasitológicos aqui obtidos ampliam o conhecimento já existente sobre a biodiversidade de
helmintos de anuros do Brasil, apresentando novas associações parasita-hospedeiro,
disponibilizando informações para comparações futuras bem como para pesquisas com
enfoques mais ecológicos, importantes para a elucidação dos fatores que influenciam a
estruturação das comunidades de helmintos.
Agradecimentos
Somos gratos pelo apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Ao Professor Dr. Jivanildo
Pinheiro Miranda e Arielson Protázio pelo auxílio nas identificações dos anuros. A Adonias
Teixeira pela ajuda com os índices e análises estatísticas e na identificação de alguns
parasitas. A Bento e Janaina Nascimento pela ajuda no trabalho de campo. Ao Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/SISBIO) e a Comissão de Ética no Uso
de Animais da Universidade Federal do Maranhão (CEUA-UFMA) por permitir a coleta de
hospedeiros. Ao Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC-
UFMA).
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40
CAPÍTULO III
1
Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Conservação, Universidade Federal do
Maranhão, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Biologia, Av. dos
Portugueses, 1966, CEP 65080-805 - São Luís, MA - Brasil
2
Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Colegiado
do Curso de Ciências Biológicas, Br 222, Km 04, Boa Vista, CEP 65500000 - Chapadinha,
MA – Brasil
Autor para correspondência: Bárbara Rodrigues dos Santos, e-mail:
barbara.rodrigues_@outlook.com
Resumo
O padrão de distribuição agregado de parasitas é bem estabelecido na parasitologia assim
como a especificidade ao hospedeiro. As características biológicas dos hospedeiros também
são apontadas como importantes para a estrutura da comunidade de parasitas. No entanto, os
níveis de agregação e especificidade e os fatores determinantes bem como os fatores que
influenciam a abundância de endoparasitas de anuros do Cerrado ainda permanecem poucos
conhecidos. Dessa forma, analisamos a fauna e aspectos ecológicos de endoparasitas de 19
espécies de anuros do bioma Cerrado, Nordeste do Brasil. Encontrados 12 táxons de parasitas
no total, sendo 8 Nematoda, 3 Acantocephala e 1 Cestoda. Cosmocercidae foi o parasita
menos específico e Oncicola sp. foi o mais específico, de acordo com o índice S TD* de
especificidade. Parasitas heteroxenos foram mais específicos em comparação com os
monoxenos e quanto menos específicos menores os valores de prevalência. Como esperado,
as espécies de parasitas mostraram-se agregadas espacialmente, porém nenhuma característica
biológica testada, tanto de hospedeiros quanto de parasitas, influenciou os níveis de agregação
encontrados. Hospedeiros com mais massa e maiores em CRC tiveram maior abundância de
parasitas e os machos foram mais parasitados que as fêmeas.
Introdução
Uma comunidade de parasitas e sua estrutura resultam de processos ecológicos e
evolutivos, embora seja difícil separar a real importância relativa de cada um desses fatores
(Janovy et al. 1992). Para Janovy et al. (1992), cada fator atua em diferentes componentes da
comunidade. A presença de uma espécie parasita em uma espécie hospedeira tem forte
influência de fatores evolutivos. Já a estrutura populacional daquela espécie parasita
(prevalência e abundância, por exemplo) resulta mais de fatores ecológicos (Janovy et al.
1992). Um conjunto de descritores é utilizado para uma melhor compreensão das populações
e da estrutura da comunidade parasitária. Entre eles podemos citar a prevalência, abundância,
intensidade e riqueza de parasitas (Bush et al. 1997).
Assim como outros organismos, os parasitas restringiram seus nichos (Holmes 1990;
Rohde 1994) e na maioria das vezes são altamente especializados (Combes e Théron 2000). O
nível de especificidade pode variar entre cada espécie parasita (Goater et al. 2014). De acordo
com Combes e Théron (2000), devido à essa especialização, indivíduos de uma espécie
parasita são agregados em três níveis: (1) em poucas espécies hospedeiras; (2) em poucos
indivíduos de uma população hospedeira; e (3) em poucos microhabitats no corpo do
hospedeiro. Tal especialização pode eventualmente trazer restrições ou benefícios ao parasita
(Combes e Théron 2000). Aqui abordaremos os dois primeiros níveis.
O primeiro nível diz respeito à restrição de parasitas a espécies hospedeiras
específicas, a especificidade do hospedeiro (Holmes 1990; Goater et al. 2014). Embora cada
indivíduo parasita tenha capacidade de explorar um único hospedeiro individual (portanto,
uma única espécie) em determinado momento de seu ciclo de vida, ele pode ter várias
espécies como potenciais hospedeiros (Price 1977). Parasitas generalistas têm uma baixa
especificidade e por isso infectam uma ampla variedade de hospedeiros. Por outro lado, os
especialistas têm alta especificidade e ocorrem em uma gama mais restrita de espécies
hospedeiras (Poulin 1997). No entanto, é importante destacar que embora tradicionalmente
seja medida simplesmente como o número de espécies hospedeiras utilizadas por um parasita,
a especificidade também deve considerar a importância ecológica de cada espécie hospedeira
para população do parasita, bem como a distância filogenética dos hospedeiros e até mesmo
se o parasita explora os mesmos hospedeiros em diferentes áreas geográficas (Poulin e
Mouillot 2005; Poulin et al. 2011b). A especificidade do hospedeiro varia amplamente entre
os táxons parasitas (Poulin 1992) e pode surgir da atuação de fatores ecológicos mais
imediatos ou através da coevolução entre hospedeiros e parasitas (Rohde 1994; Poulin e
43
Morand 2000a) e apesar de sua natureza variável, podemos relacionar características ligadas
ao sistema parasita-hospedeiro como determinantes da especificidade (Combes 2001; Poulin
2007a). Algumas das hipóteses levantadas é a compensação entre o número de espécies
hospedeiras exploradas por um parasita e a abundância média de parasitas nessas espécies
(Poulin 1998; Poulin & Mouillot 2004) e a influência do ciclo de vida (heteroxeno,
monoxeno) sobre a especificidade (Combes, 2001).
O segundo nível é um padrão que também é comumente observado em sistemas
parasita-hospedeiro: a distribuição espacial agregada de parasitas, em que uma grande
porcentagem dos indivíduos parasitas se concentra em poucos indivíduos hospedeiros (Poulin
2007a, b). A agregação de parasitas em poucos hospedeiros é resultado de processos que não
são constantes para uma mesma espécie, ao longo do tempo e do espaço, caracterizando um
fenômeno dinâmico. Diversas características (tanto de parasitas quanto de hospedeiros)
podem tornar alguns hospedeiros mais susceptíveis ou mais expostos aos parasitas que outros,
que faz com que os parasitas se distribuam desigualmente entre os hospedeiros resultando em
uma distribuição agregada (Poulin 2007a).
Anfíbios (Anura, Urodela e Gymnophiona) são hospedeiros de uma rica diversidade
de parasitas (helmintos, protozoários, anelídeos, artrópodes, bactérias, vírus), podendo ser
infectados tanto na fase adulta quanto na larval (Duelmann e Trueb 1994; Bower et al. 2019).
O modo de vida dos anfíbios sugere que eles são particularmente susceptíveis a infecção por
parasitas. A permanência em habitats úmidos, a aglomeração de indivíduos, especialmente na
época de reprodução, e a alternância para ambientes terrestres pode favorecer a transmissão
de parasitas, com variados tipos de ciclo de vida, resultando em uma rica diversidade de
parasitas (Tinsley 1995). Nesse sentido, os anfíbios representam bons modelos para o estudo
da relação parasita-hospedeiro bem como para demais estudos ecológicos, pois ocupam uma
grande diversidade de habitats e exibem grande variedade de histórias de vida e modos
reprodutivos (especialmente anuros) (Duellman 1989; Aho 1990). O sexo, tamanho e dieta de
hospedeiros são características biológicas dos anuros que têm se mostrado importantes para a
estrutura da comunidade de parasitas, por impactar variáveis como abundância, prevalência,
riqueza e composição (Hamann et al. 2014; Campião et al. 2015; Ruiz-Torres et al. 2017;
Toledo et al. 2017; Silva Neta et al. 2020) embora esse efeito não tenha sido observado em
algumas espécies de anuros (Santos et al. 2013; Campião et al. 2014b).
Alguns trabalhos vêm sendo conduzidos com helmintos de anuros do Cerrado (Toledo
et al. 2013a; Queiroz et al. 2020; Aguiar et al. 2021), mas seus níveis de agregação e
44
especificidade não são conhecidos, bem como os fatores que influenciam. Além disso, os
fatores bióticos responsáveis pela abundância de parasitas em anuros não foram testados
nesses trabalhos prévios.
Com base nisso, nosso objetivo foi conhecer a fauna de helmintos de anuros de uma
área de Cerrado e conhecer seus níveis de especificidade e agregação. Verificamos se a
especificidade varia com a prevalência e ciclo de vida dos parasitas. Avaliamos quais
variáveis (ciclo de vida, riqueza de parasitas, abundância de hospedeiros, CRC e massa dos
hospedeiros) influenciam os níveis de agregação. Além disso, testamos se a abundância de
parasitas é influenciada pelo sexo, CRC e massa dos hospedeiros.
Materiais e métodos
A área de estudo e os procedimentos utilizados para coleta de dados e cálculo de
descritores quantitativos são os mesmos apresentados em Materiais e Métodos do capítulo 1.
máxima agregação (Poulin 1993). O índice foi calculado individualmente para cada espécie
parasita em cada espécie hospedeira.
Análises estatísticas
O Modelo Linear Generalizado Misto (MLGM) foi utilizado para testar a associação
da prevalência e ciclo de vida do parasita sobre o índice STD* de especificidade e para testar se
as características biológicas dos hospedeiros (CRC, massa, abundância) e dos parasitas (ciclo
de vida e riqueza) influenciam os níveis de agregação calculados por meio do índice de
discrepância de Poulin. Para ajustar esses modelos, as fórmulas assumem a forma resp ~ expr,
onde “resp” determina a variável de resposta e “expr” é uma expressão que especifica as
colunas da matriz do modelo (variáveis independentes). As fórmulas para a função MLGM
contêm termos especiais de efeitos aleatórios (Bates et al. 2014).
Também utilizamos o MLGM para avaliar se havia influência do sexo, CRC e massa
dos hospedeiros sobre a abundância de parasitas, utilizando para todos os 3 modelos a
distribuição de Poisson (Bolker et al. 2009). A abundância de parasitas foi a variável resposta
e as características dos anuros as variáveis independentes, onde as espécies de hospedeiros
foram colocadas como variável de efeito aleatório. Todas as análises foram realizadas no
programa R (R Core Team, 2019). Os modelos foram realizados por meio do pacote 'lme4' no
46
programa R, que fornece valores por meio da saída de resumo com base em testes de Wald
assintóticos (P) (Bates et al. 2014).
Resultados
Coletamos 191 espécimes de anuros, de 19 espécies (tabela 1), 11 gêneros e 5
famílias: Boana punctata (n=2); Boana raniceps (n=20); Dendropsophus soaresi (n=2);
Dendropsophus nanus (n=2); Scinax nebulosus (n=2); Scinax fuscomarginatus(n=7); Scinax
x-signatus (n=31); Osteocephalus taurinus (n=1); Leptodactylus mystaceus(n=2);
Leptodactylus pustulatus (n=16); Leptodactylus macrosternum (n=25); Leptodactylus vastus
(n=13); Physalaemus cuvieri (n=22); Adenomera hylaedactyla (n=18);Rhinella
mirandaribeiroi (n=2); Rhinella jimi (n=2); Elachistocleis piauienses(n=4); Dermatonotus
muelleri (n=1); Pithecopus nordestinus (n=19).
Boana punctata foi a única espécie não parasitada. Coletamos 8576 e identificamos 12
táxons de endoparasitas, sendo 8 Nematoda, 3 Acanthocephala e 1 Cestoda (tabela 1). A
prevalência geral foi de 71,2%.
O índice de especificidade variou de 1 a 3 (tabela 1), com valores próximos entre si.
Cosmocerca sp. e Cosmocercidae foram os táxons menos específicos (maior valor S TD*).
Oncicola sp. foi a espécie mais específica (menor valor S TD*). A especificidade dos parasitas
foi influenciada pelo ciclo de vida dos parasitas (R²=0.92; t=3182.6; p < 2e-16), onde parasitas
heteroxenos foram mais específicos que os monoxenos, e pela prevalência (R²=0.92; t=-5.61;
p < 1,96e-08), em que quanto menor a especificidade (maior STD*) maior a prevalência.
p< 2e-16), independente da espécie hospedeira. Hospedeiros com maior massa corporal e maior
CRC possuíam mais parasitas. Os hospedeiros machos foram mais parasitados que as fêmeas.
T P R2
Discussão
Com exceção de Oncicola sp., nenhuma espécie de helminto foi restrita a uma única
espécie hospedeira, podendo ser considerados generalistas por infectar hospedeiros de
diferentes gêneros e famílias. Cerca de 50% dos helmintos registrados em anfíbios da
América do Sul ocorrem em mais de uma espécie hospedeira (Campião et al. 2014a). De
acordo com Aho (1990), generalistas de hospedeiros compõem boa parte da fauna de
helmintos de anuros. Como generalistas, os helmintos infectam uma ampla gama de
hospedeiros em ambientes variáveis espacial e temporalmente, aumentando as chances de
sobrevivência da espécie (Aho, 1990).
Mesmo infectando muitas espécies hospedeiras, é muito provável que os parasitas
sejam distribuídos desigualmente nas diferentes populações hospedeiras (Combes 2001). O
parasita pode diferir na intensidade que utiliza as espécies hospedeiras (Poulin & Mouillot
2005) e as espécies hospedeiras utilizadas podem diferir na distância taxonômica entre si
(Caira et al. 2003). Por isso, apenas o número de espécies hospedeiras exploradas por um
parasita não reflete de forma apropriada sua especificidade, pois ignora aspectos ecológicos e
filogenéticos (Poulin e Mouillot 2005; Poulin et al. 2011b). Para exemplificar, se
considerarmos apenas o número de espécies infectadas, Physaloptera sp. seria o táxon menos
específico da localidade, pois infectou 11 espécies hospedeiras. No entanto, de acordo com o
índice STD*, Cosmocerca sp. foi menos específico que Physaloptera sp., embora tenha
50
infectado somente 5 espécies. Podemos afirmar que Cosmocerca sp. foi menos específico
porque utiliza mais intensamente espécies hospedeiras distantes filogeneticamente, em
comparação com Physaloptera sp., que utiliza com certa intensidade hospedeiros mais
próximos filogeneticamente (Poulin e Mouillot 2005). Outro exemplo é Oswaldocruzia sp. e
Centrorhynchus sp., que tiveram maiores prevalências em hospedeiros próximos
filogeneticamente e assim foram mais específicos.
Santos (2020) encontrou valores STD* variando entre 0 e 3,15 para 27 táxons de
helmintos de anuros da Floresta Atlântica. Alguns gêneros de helmintos aqui encontrados são
comuns aos encontrados por Santos (2020), porém uma comparação mais profunda sobre sua
especificidade é difícil, pois não sabemos se os táxons pertencem às mesmas espécies nos dois
trabalhos.
Das 225 espécies de helmintos registradas por Campião et al. (2015) em anfíbios da
América do Sul, 113 foram restritas a um único hospedeiro. No presente estudo, a espécie
Oncicola sp. foi à única associada somente a uma única espécie hospedeira, com
especificidade máxima. Um alto grau de especialização reflete em poucas chances de
sobrevivência naquele local caso a população hospedeira se extinga (Kennedy, 2006), mas
Combes (2001) propõe que parasitas tem esse grau de especificidade preferencialmente em
ambientes estáveis, garantindo a continuidade do ciclo, e em populações hospedeiras
contínuas e abundantes. O hospedeiro deste táxon (Scinax x-signatus) era aparentemente
abundante na área de estudo na estação chuvosa. Além disso, os anuros provavelmente
servem como hospedeiros paratênicos de Oncicola sp. (Goldberg et al. 2003) o que
provavelmente justifica o fato de ter sido encontrado somente em uma espécie. O restante dos
helmintos não chegaram a ser tão específicos quanto Oncicola sp. É provável que eles lidem
melhor com extinções locais e flutuações na população hospedeira (Poulin et al. 2011a).
É previsto que parasitas generalistas tenham uma maior distribuição geográfica em
relação aos especialistas, simplesmente devido ao alcance de suas espécies hospedeiras
(Poulin et al. 2011b). Os parasitas mais generalistas encontrados aqui, de fato, são registrados
em diferentes regiões da América do Sul (Campião et al. 2014a). Porém, independente da
distribuição dos hospedeiros, o que interessa para o parasita é a capacidade de infectar as
espécies disponíveis localmente (Poulin et al. 2011a). Baseado em Euzet e Combes (1980),
em uma escala geográfica maior o parasita pode ser generalista (considerando apenas o
número de espécies hospedeiras). Porém localmente nem todos esses hospedeiros, que são
compatíveis, estarão disponíveis ali, ou por uma razão comportamental ou porque não vivem
51
alimentar, tendem a ser semelhantes entre espécies próximas e isso aumenta as chances do
parasita de exploração de vários hospedeiros (Poulin & Mouillot 2004).
Por ser um fenômeno tão comum, a agregação de parasitas é sugerida como requisito
essencial para definir o parasitismo (Crofton 1971). No presente estudo, a maioria das
espécies parasitas apresentaram valores de discrepância médios para altos. Embora seja um
padrão esperado, poucos trabalhos buscam conhecer os níveis de agregação de helmintos de
anuros. Entre os trabalhos que encontraram um padrão agregado podemos citar Toledo et al.
2013b, em helmintos de Physalaemus cuvieri e Physalaemus olfersii, Luque et al. (2005) em
helmintos de Bufo ictericus e Hamann et al. (2014) em helmintos de Melanophryniscus
klappenbachi. Um padrão incomum foi encontrado por Mascarenhas et al. (2021), pois a
maioria dos parasitas de Procetatophrys ararype teve distribuição uniforme. Esse tipo de
distribuição é considerado muito raro de ocorrer na natureza, normalmente ocorrendo apenas
onde as interações entre os indivíduos são muito fortes e consistentes (Goater et al. 2014).
Entre as forças ecológicas que atuam para tornar a distribuição de parasitas mais uniforme ou
aleatória, estão a mortalidade parasitária dependente da intensidade e a mortalidade do
hospedeiro induzida por parasitas (Anderson e Gordon 1982).
Dados de campo e experimentais vêm sendo utilizados para compreender quais os
mecanismos que levam à agregação em diferentes sistemas parasita-hospedeiro (por exemplo,
Galvani 2003; Poulin 2013; Johnson e Hoverman 2014; Koprivnikar et al. 2018; Tinsley et al.
2020). De acordo com Anderson & Gordon (1982) a principal causa da agregação em uma
população hospedeira é a estocasticidade ambiental. Tais fatores ambientais incluem tanto o
hospedeiro quanto o habitat do hospedeiro. Mudanças nos parâmetros físicos do ambiente,
clima ou susceptibilidade do hospedeiro, por exemplo, governam o número de parasitas por
hospedeiro e, portanto, os níveis de agregação (Anderson e Gordon 1982). As forças que
promovem a agregação são mais fortes que aquelas que atuam antagonicamente para diminuí-
la (Poulin 2007a), embora existam algumas exceções a este padrão. A heterogeneidade de
exposição dos hospedeiros aos parasitas e a heterogeneidade na susceptibilidade do
hospedeiro à infecção são os principais fatores que propiciam a agregação de parasitas (Poulin
2007a; Warburton e Vonhof 2018).
Embora tenhamos encontrado que hospedeiros maiores foram mais parasitados,
observamos que não houve influência do CRC e da massa dos hospedeiros sobre a agregação
de parasitas. No entanto, esperávamos uma influência significativa, pois os efeitos do
tamanho do corpo dos hospedeiros podem gerar diferenças na susceptibilidade e na exposição
53
dos hospedeiros aos parasitas, e mesmo a menor variação no tamanho do corpo entre
indivíduos pode levar a uma distribuição agregada (Poulin 2007a; Poulin 2013; Goater et al.
2014). Hospedeiros maiores tendem a consumir maiores quantidades e maior diversidade de
alimentos (hospedeiros intermediários), têm maior superfície cutânea, permitindo a infecção
por parasitas transmitidos diretamente, além de estarem há mais tempo acumulando parasitas
devido à sua idade. Portanto, eles acumulam mais parasitas que os pequenos, o que deve
refletir em uma distribuição agregada (Poulin 2013). Poulin (2013) também observou que a
variação no tamanho do corpo de peixes não teve efeito nos níveis de agregação de helmintos,
destacando que outros mecanismos do hospedeiro ligados à susceptibilidade ou diferenças na
exposição a estágios infecciosos poderiam estar atuando.
Aqui podemos destacar outros traços do hospedeiro, como idade, sexo, dieta,
comportamento, que podem tornar os anuros mais expostos ou mais susceptíveis aos parasitas
(Poulin 2007a; Goater et al. 2014). Por exemplo, o comportamento de forrageamento pode
estar associado com risco de exposição a estágios infecciosos (Goater et al. 2014). Jhonson e
Hoverman (2014) observaram experimentalmente que uma redução no comportamento de
hospedeiros anuros gerou níveis de agregação parasitária semelhantes aos encontrados na
natureza, não necessariamente significando que a variação neste atributo do hospedeiro seja o
fator causal da agregação observada em campo. As defesas imunológicas também podem
estar frequentemente associadas às diferenças na susceptibilidade entre hospedeiros (Goater et
al. 2014). Os resultados de Galvani (2003) em um modelo estocástico mostraram que a
agregação de helmintos era inversamente relacionada à intensidade da imunidade do
hospedeiro. Além disso, mesmo hospedeiros igualmente suscetíveis diferem nas abundâncias
parasitárias, pois os parasitas se distribuem desigualmente no tempo e no espaço (Poulin
2007a).
Além da heterogeneidade de exposição e da susceptibilidade, características ligadas
aos parasitas podem ser úteis para explicar os níveis de agregação, porém menos atenção é
dada a esse tipo de heterogeneidade (Wilson et al. 2002; Poulin 2007a; Poulin 2013). Os
resultados de Anderson e Gordon (1982) sugerem que helmintos que se reproduzem
diretamente tendem a apresentar níveis mais altos de agregação em comparação com parasitas
de ciclo de vida indireto. No entanto, no presente estudo, o ciclo de vida não exerceu
influência nos níveis de agregação observados. Porém, podemos citar outras características do
parasita como tamanho do corpo influenciando a agregação (Poulin 1999; Poulin e Morand
2000b). Resultados como os de Galvani (2003) também sugerem que a agregação diminui
54
de anuros têm grandes gastos energéticos para atrair fêmeas pelo canto, demarcar territórios e
competir com outros machos (Vitt & Caldwell 2014), atividades que podem refletir em maior
estresse em comparação com as fêmeas (Zuk 1990). Maiores níveis de estresse em machos
atuam fortemente no sistema imune, tornando-os mais susceptíveis aos parasitas (Zuk, 1990;
Zuk & McKean 1996). Também podemos citar o efeito de esteróides sexuais, como
testosterona, como moduladores do sistema imune dos machos (Zuk & McKean 1996).
Anuros com maior massa e comprimento também foram mais parasitados. Isso é
esperado, pois hospedeiros maiores são colonizados mais facilmente, seja pela maior
quantidade e diversidade de alimentos que consomem (hospedeiros intermediários) ou pela
maior superfície cutânea que possuem. Indivíduos maiores também oferecem espaço e
recursos/nichos para albergar mais parasitas, além de estarem há mais tempo acumulando
parasitas por serem mais velhos (Poulin 2013; Kamiya et al. 2014; Toledo et al. 2017). A
abundância, riqueza, diversidade e uniformidade de helmintos foram correlacionadas com o
tamanho do corpo de 13 espécies de anuros da Mata Atlântica (Toledo et al. 2017).
Agradecimentos
Somos gratos pelo apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Ao Prof. Dr. Jivanildo
Miranda e Arielson Protázio pelo auxílio nas identificações dos anuros. A Adonias Teixeira
pela ajuda com os índices e análises estatísticas. A Bento e Janaina Nascimento pela ajuda no
trabalho de campo. Ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio/SISBIO) e a Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal do
Maranhão (CEUA-UFMA) por permitir a coleta de hospedeiros. Ao Programa de Pós-
graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC-UFMA).
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Santos LE (2020) Como aspectos ecológicos dos anuros influenciam a infecção por parasitos?
Dissertação, Universidade Federal do Paraná.
Silva ALG, Martins F, Santos R, Nunes JLS (2008) Conservação da Reserva da Itamacaoca
de Chapadinha/MA, In: Selbach JF and Leite JRSA (eds.) Meio Ambiente no Baixo
Parnaíba: olhos no mundo, pés na região. EDUFMA, São Luís, Brasil, pp 97-104.
Silva Neta AF, Alcantara EP, Oliveira CR, Carvalho EFF, Morais DH, Silva RJ, Ávila RW
(2020) Helmintos asociados con 15 especies de anuros de la meseta de Ibiapaba, en el noreste
de Brasil. Neotropical Helminthology, 14(2:207-216.
https://doi.org/10.24039/rnh2020142795
R Core Team (2019). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation
for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL https://www.R-project.org/.
Toledo GM, Fiorillo BF, Silva RJ, Anjos LA, Prado CPA (2013a) Occurrence of
Ochoterenella digiticauda (Nematoda: Onchocercidae) infecting the gladiator frog Hypsiboas
lundii (Anura: Hylidae) in Brazil. Herpetology Notes, 6:47–50.
Toledo GM, Aguiar A, Silva RJ, Anjos LA (2013b) Helminth Fauna of Two Species of
Physalaemus (Anura: Leiuperidae) from an Undisturbed Fragment of the Atlantic Rainforest,
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Toledo GM, Schwartz HO, Nomura HAQ, Aguiar A, Velota RAMV, Silva RJ, Anjos LA
(2017) Helminth community structure of 13 species of anurans from Atlantic rainforest
remnants, Brazil. Journal of Helminthology 92:438–444.
https://doi.org/10.1017/S0022149X17000608
63
Wilson K, Bjørnstad ON, Dobson AP, Merler S, Poglayen G, Randolph SE, Read AF,
Skorping A (2002) Heterogeneities in macroparasite infections: patterns and processes. In
The Ecology of Wildlife Diseases (ed. Hudson, P. J., Rizzoli, A., Grenfell, B. T., Heesterbeek,
H. and Dobson, A. P.), Oxford University Press, Oxford, pp 6–44.
ANEXO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS - CEUA
CIAEP: 01.0341.2014
1 CERTIFICADO
We certify that the proposal: "HELMINTH AND PROTOZOA FROM AN ANURAN COMMUNITY OF THE
CERRADO BIOME", Process n. 23115.031592/2019-38, under the responsibility of Prof. Dr. Samuel Vieira
Brito, which involves the production, maintenance and/or use of animals belonging to the phylum Chordata, sub
phylum Vertebrata (except humans beings) for scientific research purposes (or teaching) - is in accordance with Law
No. 11,794, of October 8, 2008, Decree No. 6.899, of July 15, 2009, as well as with the rules issued by the National
Council for Control of Animal Experimentation (CONCEA), and was APPROVED by the Ethics Committee on
Animals Use of the Federal University of Maranhão (CEUA - UFMA), in meeting of 10/25/2019.
390
Espécie: Amphibia (Anura)
Rhinella jimi 10
Dermatonotus muelleri 20
Elachistocleis 20
Dendropsophus icrocephalus 20
Dendropsophus nanus 20
Hypsiboas raniceps 20
Táxon: Dendropsophus minutus 20
Phyllomedusa nordestina 20
Scinax ruber 20
20
Scinax x-signatus Machos/ Peso:
Sexo: Variado 20
Scinax nebulosus Fêmeas Idade: Adultos 20
Leptodactylus troglodytes
Trachycephalus venulosus 20
Leptodactylus fuscus 20
Leptodactylus macrosternum 20
Leptodactylus vastus 20
20
1
Physalaemus 20
Rhinella granulosa 20
Pseudopaludicola falcipes 20
Pleurodema diplolister. 20