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SUSTENTABILIDADE
Autores - Prof. Msc. Lecy Cirilo Orsi
©Copyright 2014 da Laureate. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos
do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc.
XXVII e XXVIII, “a” e “b”.
O76m
122 p.
ISBN 978-85-8344-013-0
1.Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Título.
CDD: 363.7
SUMÁRIO
2 BIODIVERSIDADE............................................................................................................ 25
Introdução............................................................................................................. 25
Objetivos da Unidade............................................................................................ 26
Biodiversidade - Aspectos Conceituais................................................................. 26
A Convenção sobre a Biodiversidade ou Diversidade Biológica – CDB.......... 26
A Biodiversidade e as Questões de Influência no Brasil...................................... 28
Os Grandes Ecossistemas Brasileiros.................................................................... 28
Instrumentos Legais no Brasil............................................................................... 34
Biodiversidade - Atuação de Empresas Brasileiras............................................... 35
Caso 1 – Aracruz Celulose................................................................................ 35
Glossário de Autores............................................................................................. 37
Síntese da Unidade............................................................................................... 37
Bibliografia Básica................................................................................................ 38
Links de interesse................................................................................................. 38
Filmes de interesse (YouTube)............................................................................. 38
OBJETIVOS DA UNIDADE
» » Compreender a relação existente entre o ser humano e o meio ambiente;
» » estudar a evolução dos conceitos de meio ambiente;
» » reconhecer os elementos que compõem o meio ambiente como patrimônio natural;
» » despertar o interesse no aluno no respeito e proteção do meio ambiente.
INTRODUÇÃO
Na condição de seres humanos, necessitamos interagir com o meio ambiente e dele tirar proveito para sustento
e a manutenção da vida. Mas, se desta relação extrativista que o homem mantém com a natureza, pouco
restará para que possamos nos sentir honrados deste período de existência.
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 1 - MEIO AMBIENTE - INTERAÇÃO DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE
Figura 1 - Reflexão sobre Meio Ambiente. Fonte: Jollivet; Pave, 2000, p. 61.Adaptado por Cirilo; Lecy (2011).
Outra definição proposta pelos autores é que o meio ambiente constitui “o conjunto de meios naturais
(milieux naturels) ou artificializados da ecosfera onde o homem se instalou e que ele explora, que ele
administra, bem como o conjunto dos meios não submetidos à ação antropica e que são considerados
necessários à sua sobrevivência.”
O esquema proposto por Jollivet; Pave (2000, p. 63) (Figura 2), ilustra a definição provisória da noção
de meio ambiente e leva em consideração elementos que constituem os recursos naturais utilizados
pelo homem.
Figura 2 - Noção Provisória do Meio Ambiente. Fonte: Jollivet; Pave, 2000, p. 63. Adaptado por Cirilo; Lecy (2011).
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Cientificamente, o meio ambiente pode ser compreendido como um sistema complexo caracterizado
pela interação contínua de fatores e fenômenos físicos, bióticos, socioeconômicos e culturais que
se manifestam em fluxos de matéria, energia e informação capazes de proporcionar uma estrutura
homogênea e funcional.
Como atributos do meio ambiente podem ser compreendidos:
» » o capital natural, com fonte de bens e serviços ambientais que contribuem para o sustento da
vida presentes nos ciclos biológicos, materiais e de energia;
» » o fornecedor de recursos para a produção (água como sistema de transporte), o consumo
(serviços recreativos), o espírito (estética, paisagem), o equilíbrio da natureza (biodiversidade);
» » o receptor de resíduos de todos os produtos gerados pelas atividades econômicas. Utilização
dos ecossistemas e bens ambientais (ar, água e solo) com sumidouros de resíduos segundo a
capacidade de assimilação do meio ambiente para absorver os dejetos e a contaminação;
» » o modificador das atividades humanas, impondo limites na manipulação do ambiente diante do
atual nível de conhecimento e tecnologia disponível;
» » o patrimônio comum da humanidade e sua dimensão material científica e cultural e herança
para as futuras gerações. Reconhece-se o direito intergerações de preservar as espécies únicas e
representativas do sistema ambiental para entender a interação sociedade-ambiente, incluindo
a própria cultura como uma projeção da natureza.
As funções e os usos do meio ambiente podem ser apresentados em sete funções básicas definidas
por P.F. Eagles (apud HERRERO, 1997, p. 139) como sendo:
1) Função de suporte de carga – O meio ambiente proporciona o substrato espacial e físico das
atividades humanas:
» construção (urbano, industrial, infraestrutura etc.);
» transporte (aéreo, terrestre, marítimo, lacustre, fluvial);
» eliminação de resíduos;
» recreativas antropocêntricas;
» reservatório de espaço e substrato.
2) Funções de produção conjunta – Relações nas quais predominam as decisões humanas para o
meio ambiente em seu papel ativo:
» Produção agrícola (água, solo e fertilidade);
» produção animal intensiva e extensiva (pecuária);
» outras funções de produção conjunta (aquicultura);
» reserva de produção conjunta (fertilidade, genes, bioevolução).
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AULA 1 - MEIO AMBIENTE - INTERAÇÃO DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE
» vida silvestre;
» “produtos menores”, como água, nutrientes, produtos medicinais, frutas, flores etc.;
» produção natural abiótica (energia solar, energia eólica, energia das marés etc.);
» reserva de produção natural (estoques de minerais, combustíveis, espécies, genes etc.).
4) Funções de significação – Mesmo que a natureza seja capaz de “produzir” por si mesma, a
colheita humana da produção natural esta relacionada com o “significado” e conhecimento
humano sobre ela:
» funções de sinal sobre indicadores espaciais e temporais (aquecimento terrestre);
» significação científica;
» orientação cultural;
» relação homem/natureza;
» participação (beleza natural);
» contemplação (estética ambiental);
» reserva de significação.
5) Funções de habitat – Definem o lugar ecológico dos homens e do resto dos seres vivos do planeta:
» desenvolvimento de espécies e ecossistemas proporcionando as condições básicas (espaço,
energia, alimentos);
» reserva de habitat (ritmo, modelos e mecanismos de bioevolução).
As funções apresentadas são dependentes umas das outras, e se apresentam como resultados de
estruturas dinâmicas e evolutivas e estudá-las desencadeiam a reflexão sobre o valor econômico das
funções ambientais (Figura 3), considerado pela ciência econômica como sendo um “valor intrínseco”
dos bens e serviços ambientais derivados de sua existência.
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Figura 3 - Valores econômicos atribuídos ao patrimônio ambiental. Fonte: Munasingle, M. Environmental Economics and Valuation of
Development Decisions, Banco Mundial, 1992 apud Herrero, 1997. Adaptado por Cirilo, 2011.
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AULA 1 - MEIO AMBIENTE - INTERAÇÃO DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE
espaços físicos com características ambientais especiais que pudessem ser preservadas e conservadas
pelo seu valor patrimonial.
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
bem como regular a utilização dos recursos ali existentes. E, por consequência, por força de lei, os
investimentos que forem direcionados para esta região deverão estar subordinados a esta legislação
e às expectativas da sociedade local.
No caso da APA Litoral Norte do estado da Bahia, em conformidade com o plano de manejo, uma
política de desenvolvimento deve estar pautada nas fragilidades e diversidades socioambientais,
considerando o potencial existente para empreendimentos econômicos diversificados e atividades
extrativistas, a preservação de elementos naturais, a necessidade de dotação de infraestrutura e de
controle do uso e a ocupação do solo e a conservação do seu patrimônio histórico e cultural enquanto
elementos de forte centralidade na estruturação da vida social local. (GOTTARDO, 2002, p. 39).
Segundo Antunes (2000) nas APAS são limitadas ou proibidas as seguintes atividades:
a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras capazes de afetar
mananciais de água;
b) a realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas
importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais;
c) o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou um
acentuado assoreamento das coleções hídricas;
d) o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies da biota regional.
Atividades que degradem o meio ambiente estão subordinadas a Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
como uma modalidade de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), instituído pelo CONAMA, com base
no art. 48 do Decreto 88.351/1983, que expediu a Resolução n° 001 de 23 de janeiro de 1986,
artigo 3, que segundo Milaré (2001 “é um dos mais notáveis instrumentos de compatibilização do
desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente” (MILARÉ,
2001, p. 290), uma vez que a elaboração se dá antes da instalação de uma obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação, nos termos do artigo 225, parágrafo 1, IV, da
Constituição Federal de 1988.
Além disso, é imprescindível a elaboração de um Plano de Manejo e o seu Zoneamento Ecológico-
Econômico, considerados como instrumentos operacionais e práticos que orientam e disciplinam a
ocupação do território compreendido nos limites de uma área de proteção ambiental, bem como
regulam a utilização dos recursos ali regulam a utilização dos existentes. E, por consequência e por
força de lei, todos os investimentos que forem direcionados para a APA, deverão estar subordinados
à legislação e às expectativas da sociedade local.
Como exemplo, plano de manejo da APA Litoral Norte no estado da Bahia foi realizado pela Companhia
de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador (CONDER), na qualidade de administradora
da APA; assim designada no Decreto que instituiu a APA, exerce a fiscalização e supervisão dos
empreendimentos e atividades públicas e privadas que por ventura venham a se instalar na área,
além de prestar assistência técnica e administrativa aos municípios compreendidos da APA (Mata de
São João, Entre Rios, Esplanada, Conde e Jandaira).
O plano de manejo de uma APA deve passar pela aprovação de um órgão ambiental superior, a
exemplo do que ocorreu com o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte
do estado da Bahia, que, em 21 de fevereiro de 1995, por meio da Resolução n° 1.040, o Conselho
Estadual do Meio Ambiente (CEPRAM), no uso das atribuições que lhe foram conferidas pela legislação
e no processo CEPRAM n° 940001243/8, resolve em seu art. 1 aprovar o Plano de Manejo da Área
de Proteção Ambiental do Litoral Norte do estado da Bahia, com o objetivo do desenvolvimento
sustentável da área, objeto do Decreto n° 1.046 de 17 de março de 1992.
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AULA 1 - MEIO AMBIENTE - INTERAÇÃO DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE
O Ar
Vital para todo o tipo de vida, o ar assume na condição de atmosfera significados, biológicos ou
ecológico, imensurável porque está ligado a processos vitais, como respiração, fotossíntese,
evaporação, transpiração, oxidação e fenômenos climáticos e metrológicos.
É considerado o elemento que mais rapidamente se recupera de condições desfavoráveis se encontrar
condições favoráveis para isso. Por isso, as preocupações com sua qualidade assumem grandes
proporções quando se trata de poluição do ar e impactos da qualidade da atmosfera.
A poluição do ar é o resultado da alteração das características físicas, químicas ou biológicas consideradas
normais da atmosfera e que causam danos à saúde humana, fauna, flora e alteração dos materiais.
Ligada diretamente ao bem-estar populacional, a poluição do ar provoca impactos e efeitos na
qualidade da atmosfera e pode ser avaliada como fontes fixas/estacionárias e móveis. E pode ser
encontrada predominantemente em áreas urbanas, rurais e florestais.
As fontes de poluição atmosférica no contexto urbano-industrial são as chamadas fontes fixas/
estacionárias, provocadas pelas ações antrópicas. Exemplos de poluidores: as refinarias de petróleo,
indústrias petroquímicas, siderúrgicas, de papel e celulose. de cimento. Como fontes móveis, temos
os veículos automotores;. No contexto rural, temos a agroindústria da cana (açúcar e álcool). Já as
queimadas nos campos de cultivo, em bosques e florestas, respondem pelo arsenal poluidor nas florestas.
A Constituição Brasileira de 1988, em seu art. 23, VI, estabelece que a proteção ao meio ambiente e o
combate à poluição em qualquer uma de suas formas, incluindo a poluição atmosférica, é de competência
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; no entanto, é dever de todos preservá-lo.
A Água
Bem valioso e essencial à vida e composição dos seres vivos em geral, com suas funções biológicas e
bioquímicas, a água representa a maior porção do planeta. No entanto, a água doce, essencial à vida,
representa apenas 2,7 da massa líquida existente.
O limite dos recursos hídricos tem acentuado o interesse pela administração das bacias hidrográficas
em todo o território nacional, e em especial pela qualidade destes recursos, porque cada vez mais o
domínio da quantidade tem cedido espaço ao da qualidade destes recursos. São considerados usos
desejáveis da água:
» » abastecimento para consumo humano direto;
» » abastecimento para usos domésticos;
» » abastecimento para usos industriais;
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
» » irrigação;
» » dessedentação de animais;
» » conservação de fauna e flora;
» » recreação (contato direto e indireto) e estético (paisagem etc.);
» » pesca (comercial e esportiva);
» » geração de energia;
» » transportes;
» » diluição de despejos.
No tocante à proteção das águas, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), pelo Decreto
2.612, de 3 de março de 1998, deu início à estruturação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH), e com a edição da Resolução CNRH 5, de 10 de abril de 2000, estabeleceu diretrizes para a
formação e funcionamento dos Comitês de Bacias Hidrográficas e, com a Resolução CNRH 12, de 19
de julho de 2000, estabeleceu os procedimentos adequados e necessários para o enquadramento dos
corpos d’água em classes (doce, salobra e salina), em conformidade com o seu uso.
A Lei n° 9.605, de 1988, prevê sanções penais e administrativas para crimes de poluição hídrica e
a hipótese de crime qualificado quando a poluição hídrica requerer a interrupção do abastecimento
público de água de uma comunidade.
O solo
O uso do solo pode ser compreendido de diferentes formas. Por exemplo, o solo como recurso natural
e como espaço social, porém as intervenções antrópicas intensas não fazem a distinção quando se
trata de ações nocivas ao meio ambiente.
O solo como recurso natural traz, segundo Milare (2001, p. 153) “não é insensível como parece”. Ele
traz consigo o segredo da produtividade e regeneração. E sua “vocação” deve ser considerada para
que seja possível o planejamento de sua exploração.
As ações predatórias do solo consistem em atividades degradadoras do meio ambiente e podem
ser interpretadas como sendo: agricultura predatória, mineração, desmatamento e queimadas, uso
intensivo de adubos químicos, certas formas mecanizadas de revolvimento da terra, presença de
defensivos agrícolas que, antes de lançarem à poluição hídrica, afetam o próprio solo, além da erosão,
hidráulica e mecânica que alteram substancialmente as condições físicas e químicas da terra, além de
contribuírem para a perda de milhões de toneladas/ano.
Em igual forma predatória, as florestas homogêneas, como plantação de pinheiros do tipo “pátula” ou
elliottis, o eucaliptus, a pecuária extensiva e a exploração setorial e a ocupação desordenada alteram
os aspectos físico-químicos e a fertilidade do solo, reduzindo o potencial edafológico e provocando
prejuízos duradouros à sociedade e à economia local e global.
O solo é o grande receptáculo de resíduos sólidos, considerado uma questão problemática que suscita
legislações especificas e ação administrativa continua e enérgica.
São consideradas legislações próprias de proteção ao solo o Plano Diretor do Município, exigido para
cidades acima de vinte mil habitantes, como prevê a Constituição Federal de 1988, as leis municipais
de uso e ocupação do solo urbano, as leis de zoneamento e o tradicional Código de Obras e Edificações.
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AULA 1 - MEIO AMBIENTE - INTERAÇÃO DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE
Outras legislações, como o Código Florestal ou os Códigos Ambientais Municipais trazem averbações
específicas sobre o uso e a ocupação do solo, o que corresponde ao aumento da tutela da manutenção
e conservação da qualidade do solo, como recurso ambiental importante para a manutenção da
qualidade sadia dos seres vivos. Além disso, uma lei específica que dispõe sobre o controle do
movimento fronteiriço de resíduos perigosos (rejeitos), classifica os resíduos perigosos (classe I), não
inertes (classe II), inertes (classe III) e outros resíduos, que são os domésticos. (RESOLUÇÃO CONAMA
023, de 12/12/1996).
Segundo Milare (2001), podemos considerar formas usuais de destinação e disposição de resíduos
sólidos: lixões, aterros sanitários, usinas de compostagem, reciclagem e incineração.
Lixão – O lixo é lançado ao solo sem qualquer avaliação prévia, monitoramento ou tratamento.
O impacto ambiental provocado é a contaminação do solo pelo chorume (líquido oriundo da
decomposição de matéria orgânica), que pode alcançar o lençol freático e cursos d’água e supressão
da vegetação.
Aterro sanitário – Forma tecnicamente adequada. Requer grande espaço físico, e o os resíduos são
depositados seguindo posturas técnicas que minimizam as ocorrências de danos ambientais. Este
tipo de aterro pode se reverter em aterro energético, com a produção de gás metano passível de
aproveitamento.
Usina de compostagem – Possibilita ganhos ambientais, pois ocorre a transformação de matéria orgânica
em fertilizantes. Requer grande espaço físico para promover a secagem e a estocagem do composto.
Reciclagem – Aproveitamento de determinados rejeitos. São recicláveis: vidro, papel, metal e plástico.
Seu início é com a coleta seletiva, que consiste na separação dos resíduos domésticos em orgânicos
(restos de comida) dos inorgânicos (vidros, papéis, plásticos). Havendo reciclagem, deve haver
também a compostagem.
Resíduos como pilhas e baterias que contenham em sua composição – chumbo, cádmio, mercúrio e
seus compostos devem ser entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou
à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias para repassarem aos fabricantes
ou importadores, para adoção de medidas diretas ou indiretas de: reutilização, reciclagem, tratamento
ou disposição final adequada. (RESOLUÇÃO CONAMA 257, de 30/07/1999).
Incineração – Consiste no processo de queima e se destina aos resíduos industriais inertes. O processo
deve ser feito por incineradores, com critérios técnicos rígidos para evitar liberação de “dioxinas”.
A Resolução Conama 006, de 19 de setembro de 1991, dispõe sobre a incineração ou qualquer
tratamento de queima de resíduos sólidos proveniente dos estabelecimentos de saúde, portos e
aeroportos, e atribui a responsabilidade do gerenciamento desde a geração até o descarte dos
resíduos produzidos por ela.
Cabe à administração pública municipal o destino final dos resíduos sólidos domésticos, e as indústrias
são obrigadas a gerir o destino final dos resíduos que produzem. Se forem elas mesmas a responder
pela destinação dos resíduos, deverão seguir rígidos padrões legais e regulamentares vigentes.
A agressão ao solo é passível de ser interpretada como crime e cabe a penalidades, assim como
sanções administrativas. A Lei n° 9.605/98 trata dos crimes contra o ordenamento do solo e o
patrimônio cultural, e o art. 64 penaliza a promoção de construção em solo não edificável, ou no seu
entorno, assim considerado em razão de valor paisagístico, ecológico, artístico, histórico, cultural,
religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização de autoridade competente ou
em desacordo com a licença concedida.
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Flora
A flora é compreendida pela totalidade de espécies que compõe a vegetação de uma determinada
região, sem distinção em caráter individual das que a compõem. Compreende também como
elementos as bactérias, os fungos e os fitoplânctons marinhos.
Por vegetação compreende a cobertura vegetal de certa área, região ou país, que se divide em
estratos: arbóreo, arbustivo, herbáceo, além dos conjuntos específicos de vegetação denominados de
florestas, pradarias, savanas, pântanos e outros.
O termo cobertura vegetal é comumente utilizado para denominar a vegetação ou flora existente em
determinado lugar. Porém possui significados distintos:
Floresta – Formação vegetal de proporções e densidades maiores (mata, selva, grandes extensões
cobertas de arvoredo silvestre e espesso, bosques frondosos e denominações semelhantes).
» » Florestas “virgens” – Não foi aberta ou desbravada pelo homem.
» » Florestas “antigas” – Não sofreram qualquer perturbação séria e as árvores jamais foram cortadas.
» » Florestas “modificadas” – As que durante os últimos 250 anos tenham sido abatidas por
cortadores de madeira e agricultores migratórios. Incluem-se as florestas administradas onde
ocorra esforço intencional e concentrado para sua recomposição e manejo sustentado.
A ideia de floresta povoa o imaginário pelo “mistério, risco, temor e surpresa” que pode desencadear
nas pessoas. No entanto, o mistério contido nas florestas desperta a curiosidade de estudiosos,
cientistas, ecólogos, botânicos etc. que tentam explicar as interações e inter-relações existentes entre
os elementos.
Além disso, as florestas são vivas, e dão suporte à vida de outras partes da biosfera e são objeto
de planejamento, gestão, manejo e proteção jurídica. No Brasil, as ocorrências de desmatamento e
práticas de queimadas são consideradas práticas criminosa.
As agressões sofridas pela flora repercutem em efeitos maléficos e indesejáveis para a grande maioria
e podem ser interpretadas como sendo: desertificação, erosão, incêndio, infertilidade, assoreamento
de corpos d’água, mudança climática, além dos prejuízos ecológicos, econômicos, científicos e outros.
A tutela jurisdicional das florestas impõe ações prioritárias de práticas de preservação e manejo
sustentável, incentivo ao reflorestamento e ao plantio de florestas industriais, ampliação das reservas
e parques, práticas sistemáticas e educação ambiental formal e informal, além da formulação de
políticas públicas que abordem o desenvolvimento sustentável.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 23, VII, estabelece que a preservação das florestas e da
flora compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios e cabe a estes entes políticos
legislar sobre florestas (art. 24 VI CF/1988).
Além disso, o Código Florestal em fase de instituição do Novo Código Florestal merece observâncias
cautelosas a respeito, disciplina a preservação das florestas e demais formas de vegetação, em
especial a Mata Atlântica e prevê a Reserva Legal, que é a destinação de uma porção continua
de cada propriedade rural para preservação da vegetação e do solo. Assim, a propriedade pode
explorar a supressão, mediante autorização prévia dos órgãos de controle ambiental competente das
florestas sob domínio de particulares, desde que estas áreas não estejam enquadradas no regime de
preservação permanente ou qualquer outro regime de proteção estabelecido por ato normativo.
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AULA 1 - MEIO AMBIENTE - INTERAÇÃO DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE
O perímetro urbano dos municípios deve ter suas áreas verdes preservadas, de forma a contribuir com
o equilíbrio do meio em que vive e trabalha o homem de maneira intensa; cabe ao Plano Diretor e à
Lei de Uso e Ocupação do Solo se ocupar deste trato.
Fauna
Parte representativa da biota, a fauna é um dos indicadores da evolução da vida no planeta, e é
compreendida como sendo o conjunto dos animais que vivem numa determinada região, ambiente
ou período geológico.
A fauna contém subdivisões e estão assim especificadas: fauna terrestre – Composta por espécies
que habitam as superfícies sólidas do planeta, que, por sua vez, podem ser: fauna silvestre e a fauna
alada, ou avifauna, que se desloca pelo ar; aquática, cujo habitat é o meio líquido (oceânico, fluvial e
lacustre), a exemplo dos peixes (ictiofauna); fauna abissal (habita as profundezas), os zooplanctons,
as comunidades bentônicas etc.
A tutela jurisdicional da fauna é representada pelas legislações de caça (Código de Caça), representado
pela Lei n° 5.197/67, que dispõe sobre a proteção à fauna e à pesca (Código de Pesca), representado
pelo Decreto-Lei n° 221/67, que dispõe sobre a proteção e o estímulo à pesca.
Nos termos do Código de Pesca, é proibida a utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha
dos animais que constituem a fauna silvestre, e estende a proteção aos ninhos, abrigos e criadouros
naturais desses animais.
A caça amadora pode ou não ser autorizada, a exemplo do estado de São Paulo, que a caça é
expressamente proibida, sob qualquer pretexto (art. 204 da Constituição Paulista).
A coleta de animais silvestres para fins científicos e para os Jardins Zoológicos dependerão de
autorização prévia a ser expedida pelo IBAMA. No caso dos Jardins Zoológicos, as finalidades são:
culturais, sociais e científicas, podendo abrigar espécies nativas ou exóticas, e visa o intercâmbio
de informações para pesquisas e estudos, além de contribuir para o desenvolvimento da educação
ambiental e conservação das espécies ameaçadas de extinção
Os crimes contra a fauna estão previstos na Lei n° 5.197/67 (Código de Caça) e Decreto-Lei n° 221/67
(Código de Pesca), e foram consolidados na Seção I do Capitulo V da Lei Federal 9.605/98.
Além disso, prevê sanções administrativas a várias condutas lesivas à fauna, conforme Decreto 3.179,
de 21 de setembro de 1999.
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
A ética budista do viver em harmonia com a terra permeou todos os aspectos da cultura tibetana.
Empoleirados no teto do mundo, o meio ambiente do Tibet foi considerado crucial para a estabilidade dos
meios ecológicos e ciclos de colheita em grande parte da área vizinha da Ásia. Por exemplo, os cerca de
dez grandes rios que percorrem o continente asiático são alimentados a partir de suaves vales e geleiras
do Tibet, e as monções dependem da sua abundante vegetação natural e densas florestas.
Seus santuários naturais de animais e sua vida selvagem mantinham um equilíbrio e contribuíam de
maneiras diferentes para o enriquecimento do ambiente, fornecendo esterco para a agricultura controlada
e renovação orgânica da vegetação, e também para o consumo como combustível (de esterco de iaque) e
assim por diante. Mas isso foi após a ocupação chinesa do Tibet.
A situação foi dramaticamente alterada: enorme desflorestamento, erosão da terra, poluição dos rios,
esgotamento de recursos, matança excessiva de animais e degradação geral do meio ambiente tiveram
impacto ambiental adverso sobre o sudeste da Ásia, que foi submetido a enchentes incontroláveis
resultantes dos dilúvios anuais das monções. Os budistas também se preocupam com a construção da
maior barragem do mundo no Yang-tsé, na China, que deverá se somar aos desequilíbrios ecológicos
impostos a toda Ásia pela arrogância e ambições modernistas da China. (BILOMORIA, 2006, p. 11-17).
GLOSSÁRIO DE AUTORES
Mariano Seoanez Calvo é doutor engenheiro flrorestal de Montes Engenheiro. Nasceu na Espanha,
é autor da obra Medio Ambiente Y Desarollo Manual de Gestion de los Recursos en Funciona Del
Medio Ambiente, editado em Madri, em 1998. Este livro é considerado um manual para responsáveis,
gestores e professores e apresenta soluções para os problemas ambientais.
Marcel Jollivet é professor aposentado e um dos fundadores do Groupe de Sociologie Rurale de Paris. É autor
das obras: Pour Une Agriculture Diversifiée; Vers un Rural Posindustriel; L’Europe Et Ses Campagnes.
Luis Miguel Jimenez Herrero é doutor e licenciado em Ciências Econômicas e Empresariais (UCM),
engenheiro técnico aeronáutico (UPM), diplomado em Engenharia de Petróleo (UCM e UOM)
e diplomado em Análise de Projetos (DSE de Berlim, Alemanha). Também é diretor-executivo do
Observatório de Sustentabilidade na Espanha (OSE). É professor de Economia do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável da Faculdade de Ciências Econômicas e Empresariais e do Instituto
Universitário de Ciências Ambientais da Universidade Complutense de Madri, Espanha.
Suas publicações: Desarollo Sostenible y Economía Ecológica; Desarollo Sostenible: Transición hacia
la Coevolution Global; Medio Ambiente y Desarollo Alternativo.
Edis Milaré é procurador de justiça (aposentado), graduado pela Faculdade de Direito da Universidade
Mackenzie, de São Paulo, mestre em Direito Processual Civil pela Universidade de São Paulo, criador da
Coordenadoria das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente, junto ao Ministério Publico do Estado de
São Paulo, em 1985. Esteve à frente da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, do Governo do Estado
de São Paulo, de 1992 a 1995; presidente da Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do
estado de São Paulo (Fundação Florestal) de 1995 a 1997. É docente do curso de pós-graduação lato
sensu - especializado em Direito Ambiental, da Faculdade de Saúde Publica / Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo (Núcleo de Informações em Saúde Ambiental). Sócio-consultor em Direito
Ambiental da Milaré Advogados.
Obras publicadas: Direito do Ambiente; A Ação Civil Pública e Doutrinas Essenciais de Direito
Ambiental (Coleção completa).
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AULA 1 - MEIO AMBIENTE - INTERAÇÃO DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE
Lecy Cirilo Gottardo ou Lecy Cirilo é mestre em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi e
em Turismo e Gestão Ambiental pela UNIBERO (2009), além de ser advogada,. docente da Universidade
Anhembi Morumbi dos cursos de graduação presencial e EaD; docente dos cursos de graduação e pós-
graduação na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e na Universidade Presbiteriana Mackenzie,
atuando nas seguintes áreas: Hospitalidade, Turismo, Hotelaria, Eventos, Direito, Legislação Ambiental,
Administração de Empresas, Gestão Ambiental, Sustentabilidade, Logística e o Fator Humano. Sócia
da Cedro Pesquisa, Ensino e Consultoria Ltda.e da Pinho Bravo Empreendimentos Turísticos Ltda.
(Pousada Pinho Bravo). Ainda é membro do Conselho Editorial da Revista Eletrônica Global Tourism
e palestrante nas áreas de Hospitalidade, Turismo, Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável,
Hotelaria Marítima, Hotelaria Sustentável.
Obras publicadas: Organizadora e autora dos livros Administração hoteleira: desafios e tendências
para o século XXI; Turismo e hotelaria: uma visão multidisciplinar;
Autora do capítulo: Diversidade Cultural na Hospitalidade Marítima no livro Hospitalidade: um
relacionamento global de conhecimentos e atitudes; Coautora no Livro Hospitalidade e Turismo:
estratégias segmentadas.
Paulo de Bessa Antunes é doutor em Direito (UERJ), mestre em Direito (PUC/RJ), advogado, sócio
do escritório Paulo Bessa, Lima, Advogados Associados. Professor da Coordenação de Programas de
Pós-Graduação em Engenharia (COPPE/UFRJ), ex-assessor-chefe da Assessoria Jurídica da Secretaria e
Estado de Meio Ambiente do estado do Rio de Janeiro, procurador regional da República.
Obras publicadas: Comentários ao Decreto n° 6.514/2008-2010; Áreas Protegidas e Propriedade
Constitucional; Manual de Direito Ambiental; Federalismo e Competências Ambientais no Brasil;
Política Nacional do Meio Ambiente – Comentários à Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981; Legislação
Ambiental do Estado do Rio de Janeiro; Ação Civil Publica – Meio Ambiente e Terras Indígenas;
Proteção Ambiental nas Atividades de Exploração de Petróleo – Aspectos Jurídicos; Diversidade
Biológica e Conhecimento Tradicional Associado; Dano Ambiental – Uma abordagem conceitual;
Jurisprudência Ambiental Brasileira.
SÍNTESE DA UNIDADE
Considerado nos dias atuais patrimônio coletivo, o meio ambiente passou por inúmeras interpretações
e conceitos, e a presença e interferência do homem registrada desde os primórdios da humanidade.
Do processo totalmente artesanal da agricultura de subsistência, à mecanização da agricultura nos dias
atuais, agravados pelo crescimento populacional e o avanço da industrialização, o meio ambiente é
impactado pelas ações contínuas do homem.
Mas ao meio ambiente são atribuídas inúmeras funções e estas o colocam como um protagonista
importante, que merece cuidados especiais quer pelas ações humanas, quer pelas políticas públicas,
quer pelo indivíduo nas mais simples ações do cotidiano.
O meio ambiente, na sua função de suporte de carga, oferece o espaço e condições físicas para
as ações humanas que ofertam a infraestrutura, da mesma forma que oferece o espaço para o
desenvolvimento agrícola, a pecuária, a aquicultura etc.
Por outro lado, oferece espontaneamente situações que promovem o lazer e o entretenimento dos
seres humanos, pois no desempenho de sua função natural, oferta de forma ampla, os bosques
naturais, reguladores naturais de água e de matéria-prima; oferece a oportunidade de pescarias
21
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ANTUNES, P. B. Direito Ambiental. 4. ed. Revista, ampliada e atualizada. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2000.
BILOMORIA, P. 2006. In: PALMER, J. A. 50 Grandes Ambientalistas: de Buda a Chico Mendes. São
Paulo: Contexto, 2006, p.11-17.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
CALVO, M. S. Medio Ambiente Y Desarollo. Manual de Gestem de Luiz Recursos en Funcion del medio
ambiente. Madri: Mundi-Prensa, 1998.
GOTTARDO, L. C. Turismo Sustentável e Desenvolvimento. Estudo de caso: “mega-resorts” na Costa do
Sauipe. Um modelo internacional de desenvolvimento turístico. Dissertação de Mestrado – Curso de
Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria – Unibero - Centro Universitário Íbero-Americano, São Paulo, 2002.
JOLLIVET, M.; PAVE, A. O meio ambiente: questões e perspectivas para a pesquisa. In: VIEIRA, P. F.;
WEBER, J. (org.) Gestão de Recursos Naturais Renováveis e Desenvolvimento, Novos desafios para a
pesquisa ambiental. 2ª. ed. São Paulo: Cortez, 2000. p. 51-112.
MILARE, E. Direito do Ambiente. 2ª ed. Revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001.
22
AULA 1 - MEIO AMBIENTE - INTERAÇÃO DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE
23
AULA 2
Biodiversidade
Prof. Msc. Lecy Cirilo Orsi
INTRODUÇÃO
Tendo conhecimento dos significados de meio ambiente, agora é o momento de conhecer sobre a biodiversidade
e seus significados e sua importância.
É o momento de aproveitar para conhecer os vários ecossistemas que fazem parte do patrimônio ambiental
brasileiro, e de que forma as preocupações ambientais se ocuparam do tema na busca da preservação ambiental.
Os temas a serem tratados nesta unidade são:
» » Biodiversidade – Aspectos Conceituais
» » A Convenção sobre a Biodiversidade ou Diversidade Biológica – CDB
» » A Biodiversidade e as Questões de Influência no Brasil
» » Os Grandes Ecossistemas Brasileiros
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
OBJETIVOS DA UNIDADE
» » Apresentar ao aluno o conceito de biodiversidade;
» » proporcionar ao aluno a oportunidade da reflexão sobre a importância da biodiversidade e os
elementos que a compõem;
» » despertar o interesse em preservar os recursos naturais, sociais e culturais de uma sociedade.
26
AULA 2 - BIODIVERSIDADE
27
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
protegidas, conservação das plantas, conservação e uso sustentável dos polinizadores, transferência
de tecnologias, medidas de incentivo econômico, proteção dos conhecimentos tradicionais dos povos
indígenas e comunidades locais associados à biodiversidade, educação e sensibilização pública, entre
outras (CDB, 1992).
28
AULA 2 - BIODIVERSIDADE
A Mata Atlântica (Fig. 5), O Domínio da Mata Atlântica ou Bioma Mata Atlântica engloba uma área
de 1.306.000 km², cerca de 15% do território nacional, cobrindo total ou parcialmente 17 estados
brasileiros. Em seu território, compreendem campo de altitude, restingas, mangues, florestas de
Araucária e Campos Sulinos.
A Serra do Mar (Fig. 6) é uma prolongada formação montanhosa que acompanha a costa do Oceano
Atlântico desde o norte do estado de Santa Catarina ao estado do Rio de Janeiro, onde se alinha com
a Serra da Mantiqueira, que se prolonga até o Estado do Espírito Santo.
O Pantanal Mato-Grossense, com área que soma cerca de 140 mil km², é a mais significativa área
úmida conhecida. Ocupa a parte oeste dos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul (1,8%
do território nacional). Sua extensão vai de parte do Paraguai à Bolívia e Argentina. Considerada a
maior planície de inundação continua do planeta, é coberta por vegetação em sua maior parte, que
configura uma das mais ricas e completas reservas de vida selvagem do planeta. O Pantanal possui
uma das maiores redes fluviais do país, sendo atravessado pelo Rio Paraguai e seus afluentes: Rio São
Lourenço, Sepotuba, Taquari, Miranda, Negro e Nabileque.
A Zona Costeira, com seus biomas costeiros e marinhos que ocupam cerca de 3,5 milhões km², possui
águas frias nas costas sul e sudeste e águas quentes nas costas leste, nordeste e norte, e oferece
suporte a uma grande variedade de ecossistemas que incluem recifes de corais, dunas, áreas úmidas,
lagoas, estuários e manguezais.
29
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Pela localização, sua importância recai sobre os primeiros núcleos de colonização que de alguma
forma se instalaram de forma desordenada, provocando danos ambientais e à qualidade ambiental.
Na condição de ecossistemas litorâneos, sua função ecológica é de transição entre os ecossistemas
continentais e marinhos, e são ricos em alimentos e paisagem diversificada. (Fig. 7).
O Cerrado possui 1,7 milhões km², distribuídos entre os estados de Goiás, Tocantins, Rondônia, sul
do Pará, Espírito Santo e sul da Bahia. Tornou-se símbolo a partir da construção de Brasília, em
1960. Sua formação é heterogênica, composta de herbáceas e arbóreas, e sua característica pode
ser denominada de savana. Sua extensa área vive em contato com as queimadas, muitas vezes
criminosas ou que não são computadas, disfarçadas de “atividades de limpeza de pasto”, que não
podem ser ignoradas quanto ao efeito danoso sobre a biodiversidade e o seu clima (Fig. 8).
A caatinga (Fig. 9) é caracterizada pelo sertão nordestino, a Zona da Mata e do Agreste. Tem presente
o fenômeno da desertificação, em decorrência da pouca incidência ou irregularidade de chuvas e do
baixo teor de matéria orgânica no solo, empobrecido pela retirada e queima da biomassa.
A diversidade de plantas encontradas na caatinga gira em torno de 15 e 20 mil, e suas fibras são
insumos econômicos e valiosos.
30
AULA 2 - BIODIVERSIDADE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou o mapa de Biomas Brasileiros (Fig. 10)
em comemoração ao Dia Mundial da Biodiversidade (22 de maio). Este mapa é resultado da parceria
entre o IBGE e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), e mostra que o Bioma Amazônia e o Bioma
Pantanal ocupam juntos mais da metade do território brasileiro. Segundo o IBGE, a Amazônia é o
maior bioma em extensão: possui 49,29%, ao passo que o Bioma Pantanal possui 1,76% do território
brasileiro (Quadro 1).
Quadro 1 - Representatividade em área dos Biomas Brasileiros (IBGE)
BIOMAS CONTINENTAIS
ÁREA APROXIMADA (KM2) ÁREA/TOTAL BRASIL
BRASILEIROS
Bioma Amazonia 4.196.943 49,29%
Bioma Cerrado 2.036.448 23,92%
Bioma Mata Atlântica 1.110.182 13,04%
Bioma Caatinga 844.453 9,92%
Bioma Pampa 176.496 2,07%
Bioma Pantanal 150.355 1,76%
Área Total Brasil 8.514.877
31
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Além dos biomas, o Brasil conta com uma considerável diversidade étnica e cultural e com alto
grau de miscigenação entre os grupos indígenas, os descendentes de negros africanos e os brancos.
Dentre os europeus, os portugueses foram responsáveis pela colonização e formam o mais importante
contingente cultural. A partir do século XIX, imigrantes italianos, espanhóis, alemães, poloneses e
ucranianos etc. Da Ásia, vieram os japoneses, os sírios e os libaneses com maior destaque (CDB, 1992).
A partir do século XX e, sobretudo nos últimos cinquenta anos, intensificou a extração de recursos
naturais em todo o planeta. No Brasil, o crescimento econômico veio acompanhado de crescente
intervenção em áreas até então preservadas, o que determinou significativa perda da diversidade
biológica. A remoção de parte da Floresta Amazônia, principalmente para a abertura de rodovias para
atividades de mineração, colonização e avanço da fronteira agrícola e da exploração madeireira, que
persiste até os dias atuais (CDB, 1992).
No Cerrado, a remoção de vegetação nativa promovida pelo avanço da fronteira agropecuária e
aumento da população. A Caatinga sofre com as prolongadas secas, a desertificação, a erosão do solo
e a salinização. A Mata Atlântica sofre com a concentração populacional ao longo de séculos, e hoje
mantém menos de dez por cento da vegetação nativa original (CDB, 1992).
No intuito de enfrentar a perda de biodiversidade no país, o Governo brasileiro busca realizar importantes
parcerias com a sociedade civil por intermédio dos setores empresarial, científico/acadêmico e o setor
não governamental ambientalista. Dentre as iniciativas apontadas, destacam-se (CDB, 1992):
» » Até 1990, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
havia aprovado a criação de cerca de 100 unidades de conservação em diferentes ecossistemas.
O Brasil apresenta hoje avanços significativos quanto a áreas de conservação in situ. Só em
áreas federais, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) detém 168 unidades
de conservação, que correspondem a 5,64% do território brasileiro, ou seja, 48,03 milhões
de hectares ou 480,4 mil km², sendo 89 de uso indireto (não extrativista) e 79 de uso direto.
As unidades de conservação classificadas como de uso indireto são: 39 Parques Nacionais, 24
Reservas Biológicas, 21 Estações Ecológicas e 5Reservas Ecológicas; e as de uso direto são: 9
Reservas Extrativistas, 46 Florestas Nacionais e 24 Áreas de Preservação Ambiental (APAs). O
manejo destas unidades é de responsabilidade do IBAMA. A este total devem ser adicionados
26,31 milhões de hectares de unidades de conservação estaduais e 341 mil hectares de Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), além das unidades de conservação municipais, não
computadas nesta totalização.
» » Em 1991, o PPG-7 Programa Piloto de Conservação da Floresta Tropical foi aprovado para reduzir
o desmatamento na Amazônia e na Mata Atlântica brasileira e promover sua conservação.
» » Em 1992, o Brasil foi o primeiro signatário da CDB na Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD no Rio de Janeiro.
» » Em 1994, a Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB entrou em vigor.
Os Programas e Projetos para a implementação da CDB podem ter como destaques (CDB, 1992):
32
AULA 2 - BIODIVERSIDADE
O PRONABIO é o principal instrumento de implementação da Convenção que conta com uma série de
projetos e atividades, tais como (CDB, 1992):
a) Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO.
Teve início em 05/06/1996, com duração prevista de 5 (cinco) anos. Trata-se de um acordo de
Doação TF28398, firmado em 5 de junho de 1996, entre o Governo brasileiro e o Fundo para o
Meio Ambiente Mundial (Global Evironmental Facility –GEF) / Banco Internacional de Reconstrução
e Desenvolvimento (BIRD), com aporte financeiro do tesouro nacional, em valor equivalente a US$
10 milhões, e recursos concessionais do GEF, no valor equivalente a US$ 10 milhões;
b) Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO. Criado em 28 de setembro de 1995, se originou
a partir de uma doação de recursos no valor de US$ 20 milhões do GEF, a serem administrados na
Fundação Getulio Vargas – FGV, visando à constituição de um mecanismo de fomento eficiente e
de longo prazo capaz de atrair o setor privado como parceiro. O primeiro Edital para selecionar
e contratar projetos foi lançado em dezembro de 1996, e foram apresentadas 1.083 cartas-
consultas, 129 demandas foram consideradas qualificadas, 10 projetos foram selecionados para
receber os US$ 2,4 milhões disponibilizados para o período. Para o Edital Inaugural, foram
considerados os seguintes temas: Manejo Sustentável de Florestas Naturais, Conservação de
Ecossistemas Naturais em Propriedades Privadas, Manejo Sustentável de Recursos Pesqueiros,
Agricultura e Biodiversidade e Gestão de Unidades de Conservação. Ao considerar a primeira
experiência de fomento, deu origem a dois instrumentos: o Edital de Fundos de Parceria e
Linha de Apoio ao Desenvolvimento de Planos de Negócios. O primeiro (Fundos de Parceria)
abriu oportunidade às instituições de comporem recursos com o FUNBIO para apoiar projetos
de conservação e uso da biodiversidade, de interesse comum. O segundo visa apoiar micro,
pequenos e médios empreendimentos ligados ao uso sustentável de recursos biológicos, na
montagem de planos de negócios.
c) Estratégia Nacional de Biodiversidade Brasileira e 1º Relatório para a CDB, com o objetivo de
identificar as prioridades nacionais e regionais, orientando as políticas setoriais no contexto
do desenvolvimento nacional, estabelecendo diretrizes para o desenvolvimento em diferentes
setores, incluindo agricultura, silvicultura, pesca, energia, mineração, transporte, uso da terra,
zoneamento, indústria, saúde, saneamento e desenvolvimento urbano.
d) Biossegurança – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – Câmbio em 1995 e a alterou
em 1998 pelo Decreto n°17.52/1995, e posteriormente pelo Decreto n° 2.577/1998. Sua
responsabilidade recai sobre as atividades e projetos de engenharia genética, cultivo,
manipulação, uso, transporte, estoque, comércio, consumo, liberação de Organismos
Geneticamente Modificados – OGMs. Assuntos como: plantio de soja transgênica e a necessidade
ou não de estudo de impacto ambiental para esta avaliação é de competência da CTNBio.
e) Agrobiodiversidade foi o tema tratado pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA e a EMBRAPA,
em 1996. Propuseram a criação de um Programa de Trabalho em Biodiversidade Agrícola,
que foi submetido à SBSTTA (Órgão de Assessoramento Científico, Técnico e Tecnológico da
Convenção) em Montreal, Canadá, e serviu de base para a Decisão III/11 da 3ª Conferência das
Pares, que criou o Programa de Trabalho em Agrobiodiversidade.
f) Outras informações – A SBF dispõe estudo preparado em parceria com o Instituto Sociedade,
População e Natureza-ISPN sobre “Levantamento e Caracterização de Projetos de Biodiversidade
no Brasil” Fase I (1996) e Fase II (1997).
33
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
34
AULA 2 - BIODIVERSIDADE
35
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Econômico e Social – BNDES (12,5%). As ações preferenciais da Aracruz são negociadas nas Bolsas de
Valores de São Paulo (Bovespa), Madri (Latibex) e Nova York (NYSE). (ARACRUZ, 2009).
Suas operações florestais ocorrem nos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do
Sul, com mais de 286 mil hectares de plantios renováveis de eucalipto, intercalados com cerca de 170
mil hectares de reservas nativas, essenciais à manutenção do equilíbrio do ecossistema.
Com capacidade nominal de produção na ordem de 3,2 milhões de toneladas anuais de celulose
branqueada de fibra curta de eucalipto, sua produção se distribui pelas Unidades Barra do Riacho-
ES (2,3 milhões de toneladas), Guaíba-RS (450 mil toneladas) e Veracel-Ba (450 mil toneladas, ou
metade da capacidade total da unidade).
Além de sua produção, a Aracruz estimula a produção de eucaliptos por terceiros por meio de
um programa denominado “Programa Produtor Florestal”, que abrange cerca de 96 mil hectares
contratados com mais de 3.900 mil produtores rurais, distribuídos entre os estados do Espírito Santo,
da Bahia, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
Eucalipto é uma árvore como outra qualquer criada pela natureza. São mais de 600 espécies pertencentes
ao gênero Eucalyptus, originárias,, sobretudo, da Austrália e da Indonésia, Dentre as principais espécies
plantadas em todo o mundo para fins comerciais, estão as Eucalyptus grandis, E. urophylla, E.saligna, E.
camaldulensis, E.globulus, E.dunni e E. nitens.
Foi introduzido no Brasil por Frederico de Albuquerque, no Rio Grande do Sul, em 1868. E o primeiro
cientista brasileiro a interessar-se pelo seu estudo e cultivo foi Edmundo Navarro de Andrade, que trabalhou
na Companhia Paulista de Estradas de Ferro, cujo objetivo era alimentar as caldeiras das locomotivas e
produzir dormentes, moirões e postes. Ele foi o responsável pela introdução de todas as espécies de
eucalipto cultivadas no Brasil, no Horto Florestal de Rio Claro (SP).
Fonte: < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfdBkAK/eucalipto-meio-ambiente html>
A Aracruz considera que os plantios de eucalipto devem ser entendidos como uma cultura agrícola:
sua biodiversidade, portanto, não pode ser comparada à das florestas tropicais nativas. Mesmo assim,
a Aracruz adota medidas que asseguram a maior diversidade possível nos seus ecossistemas.
No entanto, a Aracruz procura minimizar os impactos ambientais provocados pelo plantio de florestas, a
adoção do plantio em mosaico (blocos de eucalipto entremeados com matas nativas) e a manutenção
de corredores ecológicos (plantios de eucalipto que ligam fragmentos de florestas nativas conservados
isoladamente). Busca realizar estudos e monitoramentos da flora e da fauna nos seus plantios de
eucalipto e também em áreas de reservas nativas. (Quadro 2).
36
AULA 2 - BIODIVERSIDADE
Para a Aracruz, o compromisso com o desenvolvimento sustentável se orienta por “práticas de manejo
os plantios de eucalipto e a preservação dos ecossistemas”.
A Aracruz integra o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DSJI World) 2008, que destaca as melhores
práticas em sustentabilidade corporativa no mundo. (ARACRUZ, 2009).
GLOSSÁRIO DE AUTORES
Edis Milaré é procurador de Justiça (aposentado), graduado pela Faculdade de Direito da Universidade
Mackenzie, de São Paulo, Mestre em Direito Processual Civil pela Universidade de São Paulo. Criador da
Coordenadoria das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente junto ao Ministério Publico do Estado de
São Paulo, em 1985. Esteve à frente da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, do Governo do estado
de São Paulo, de 1992 a 1995; presidente da Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do
estado de São Paulo (Fundação Florestal), de 1995 a 1997. É docente do curso de Pós-Graduação lato
sensu - especializado em Direito Ambiental, da Faculdade de Saúde Publica / Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo (Núcleo de Informações em Saúde Ambiental). Sócio-consultor em Direito
Ambiental da Milaré Advogados.
Obras publicadas: Direito do Ambiente; A Ação Civil Pública e Doutrinas Essenciais de Direito
Ambiental (Coleção completa).
SÍNTESE DA UNIDADE
Compreender o termo biodiversidade é tomar conhecimento das variedades de espécies de plantas e
animais existentes em determinado território, e a relação que existe ou não entre elas.
O assunto é tão relevante que mereceu destaque na Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento – CNUMAD (Rio 92), realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992, e
a Convenção sobre a Biodiversidade Biológica – CDB foi considerado um dos importantes instrumentos
internacionais relacionados com o meio ambiente, cujo funcionamento se desdobra em valores legais
e políticos capazes de nortear outras convenções e acordos cujo tema principal é o meio ambiente.
Seus objetivos se concentram na conservação da diversidade biológica, utilização sustentável de seus
componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos
genéticos, mediante, inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos e a transferência adequada
de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais recursos e tecnologias, e
diante de um financiamento adequado.
E, como não poderia deixar de ser, a Convenção determina as obrigações e os procedimentos para
que haja a identificação e o monitoramento dos ecossistemas, sua conservação e utilização de forma
sustentável. O controle dos impactos e planos de manejo nas áreas frágeis. Por outro lado, estabelece
programas de trabalho em áreas de biodiversidade marinha costeira, das águas continentais, florestal,
das terras áridas e subúmidas, das montanhas e biodiversidade dos sistemas agrícolas, denominados
de agrobiodiversidade. Todos os programas temáticos devem estar alinhados com programas de
educação ambiental e sensibilidade pública.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 definiu o patrimônio nacional em seu art. 225, parágrafo 4.
Sua representatividade recai sobre a Floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar e o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. Porém, não menos importante, mas não contemplada pela
37
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ARACRUZ. Disponível em: <http://www.aracruz.com.br/eucalipto/pt/biodiversidade.html>.
Acesso em 11 de agosto de 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.
BRASIL. Por dentro da Convenção da Biodiversidade. Disponível em:<http://www.brasil.gov.br/
cop10/panorama/o-que-esta-em-jogo-1/por-dentro-da-convencao-da-biodiversidade>. Acesso em
06 de outubro de /2011.
CONVENÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA – CDB. Rio de Janeiro, 5/6/92. Disponível em: < www.
renctas.org.br>. Acesso em: 05 jun. 2013.
CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Disponível em: <http://www.biodiv.org/>. Acesso em 06 de
outubro de 2011.
ENVOLVERDE. 2011. Revista Eletrônica.
FERREIRA, A. B. de H. O Dicionário da Língua Portuguesa. Século XXI. Rio de Janeiro: Fronteira, 1999.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Disponível em: <http://www,ibge,gov.br>.
MILARE, E. Direito do Ambiente. 2ª ed. revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais.
OBSERVATÓRIO ECO: Direito Ambiental. 2010. Disponível em: < http://www.observatorioeco.com.br/
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THOMAS, J. M. ; CALLAN, S. J. Economia Ambiental: aplicações, políticas e teoria. São Paulo: Cengage
Learning, 2011.
LINKS DE INTERESSE
» » http://www.aracruz.com.br/
» » http://www.aracruz.com.br/eucalipto/pt/biodiversidade.html
» » http:// www.ibge.gov.br/
» » http://scf.natura.net
38
AULA 3
Desenvolvimento Sustentável
Desafios e Contradições
Prof. Msc. Lecy Cirilo Orsi
OBJETIVOS DA UNIDADE
» » Compreender a diferença entre crescimento e desenvolvimento;
» » Distinguir a aplicabilidade do conceito de desenvolvimento sustentável;
» » Estudar a evolução das preocupações ambientais internacionais e nacionais;
» » Despertar o interesse no aluno para a atuação profissional e pessoal voltada às questões de preservação
e conservação ambientais.
O termo desenvolvimento é defendido por Gottardo (2002, p.4) como sendo “um processo que
integra estruturas sociais, jurídicas e tecnológicas do Estado, na busca por melhorias na qualidade de
vida através de transformações” ao passo que o termo crescimento se contrapõe ao desenvolvimento
pelo caráter excludente de antropocentrismo.
A teoria do desenvolvimento orientou-se no período pós-guerra pela racionalidade econômica e pela
mobilização do capital para elevação de estoques e de produção. Com isso, ignoravam-se as relações
entre recursos naturais e energia, mesmo em momentos de manifesta preocupação por parte dos
cientistas econômicos quanto aos esgotamentos dos recursos naturais, por não serem renováveis.
Para Ferreira (2000, p. 497; 577), o termo crescimento significa “ato ou efeito de crescer”, ou seja,
“aumentar em volume, grandeza ou extensão”, enquanto desenvolvimento se define como sendo “o ato
ou efeito de desenvolver-se; [...] estágio econômico, social e político de uma comunidade caracterizado
por altos índices de rendimentos dos fatores de produção, os recursos naturais, o capital e o trabalho”.
Por isso, enfatiza-se que o conceito de crescimento não contempla aspectos sociais, os quais são partes
importantes para o desenvolvimento, que considera a maneira como a renda nacional é distribuída.
Daí, a observação de Gottardo (2002) que na estrutura social dos países latinos fica caracterizada a
dependência provocada pelo crescimento sem desenvolvimento, porque a organização da produção
destes países responde aos interesses dos países dominantes”. E, por isso, muitas vezes os benefícios
da produção regional não são sentidos em seu próprio território.
O conceito de crescimento econômico difere do conceito de desenvolvimento econômico porque
o primeiro se consolida na dependência da produção orientada para atender o mercado externo,
e o segundo importa-se primeiramente com a satisfação das necessidades internas (locais) para
posteriormente atingir o mercado externo. Para ilustrar, é dada ênfase a exposição destas diferenças
norteadas por Molina (2001, p. 20 apud GOTTARDO, 2002, p. 5).
Quadro 3 - Diferenças entre crescimento econômico desenvolvimento econômico. Fonte: Adaptado por Cirilo, 2011.
Segundo Gottardo (2002), o desenvolvimento econômico deve ser realizado por meio de estruturas
capazes de proporcionar distribuição de renda mais equitativa, além de mais controles do Estado
sobre as diferentes formas de atribuição de uso dos recursos naturais. Por isso, não cabe enxergá-lo
de forma isolada, pois assim permitiria apenas uma abordagem quantitativa interpretada por meio
de indicadores econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB), a taxa de investimentos, a renda per
capta, dentre outros.
Rattner (1998, apud GOTTARDO, 2002, p. 6), defende a ideia de que com o crescimento econômico não
há redução de pobreza, sobretudo quando combina uma distribuição tão desigual do produto social
com o uso predatório e devastador dos recursos naturais. Com isso, a ilustração de Dias (2000, p. 95)
evidencia que o modelo de “desenvolvimento” vigente por imposição dos países ricos em processos
e instituições, como o Sistema Financeiro Internacional (SFI), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o
40
AULA 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. DESAFIOS E CONTRADIÇÕES
Banco Mundial, dentre outros que exercem influências e ocasionam grande marginalização e exclusão
social nos países que a eles se submetem (Fig. 11).
Fonte: DIAS, G. F. Educação Ambiental. 2000, p. 95. Adaptado por CIRILO, L. 2011.
DIREITO AO DESENVOLVIMENTO
Direito ao desenvolvimento pressupõe uma participação de todos no sistema socioeconômico, por
meio de parcerias entre o Poder Público e a iniciativa privada, o empresariado e a comunidade.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 foi base para muitas discussões e inspiração
para vários documentos que tinham como cerne o Direito ao Desenvolvimento, como exemplos:
Pactos de Direitos Humanos das Nações Unidas; Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento das
Nações Unidas, em 1986; Mesa Redonda de Berlim sobre o Meio Ambiente, Recursos Naturais e
Interdependência Norte-Sul, de 1988; Declaração de Beijing sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,
de 1991, dentre outros.
Para Seguin (2000, p. 6), ao Direito ao Desenvolvimento se incorporam vários componentes. Dentre
os quais, se destacam:
» » Direito à autodeterminação econômica;
» » Soberania permanente sobre a riqueza e os recursos naturais e emergentes;
» » Interdependência, do direito ao desenvolvimento, à observância de todos os direitos humanos.
Com isso, o Direito ao Desenvolvimento foi sendo atingido pelas transformações políticas e econômicas
que aconteceram em todo o mundo, como: as formas de produção e circulação de bens e riquezas,
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
que provocaram de algum modo a pulverização do poder e propiciaram novas regras de comércio
internacional e também mais participação social no processo de desenvolvimento econômico.
Quando o desenvolvimento não pode ser mais interpretado como forma de obtenção de ganhos
econômicos e sociais de curto prazo, e quando apenas se reconhecia o crescimento apartado de
qualquer preocupação ambientalista, surgiu um novo paradigma de desenvolvimento, cuja motivação
se deu por mudanças socioeconômicas e políticas registradas por décadas.
Com as mudanças iniciadas a partir da década de 1960, o alerta sobre a problemática do crescimento
populacional e das crises econômicas agravadas pela crise do petróleo, a questão ambiental, segundo
o Relatório do Clube de Roma “Os Limites do Crescimento” chegou ao patamar técnico-político.
Em 1972, na Conferência Mundial do Meio Ambiente em Estocolmo, na Suécia, explicitou a necessidade
do estabelecimento de uma visão global e princípios comuns que fossem capazes de inspirar a orientar
a preservação do meio ambiente e melhoria na qualidade da vida humana.
Neste contexto da Conferência de Estocolmo, e como parte da iniciativa de criação e implementação
do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Maurice Strong apresentou, segundo
Vieira (1998) o termo “ecodesenvolvimento”, como sendo “uma ‘ideia força’, capaz de direcionar de
forma criativa, iniciativas de dinamização econômica sensível aos fenômenos de degradação do meio
ambiente e de marginalização social, cultural e política”. (VIEIRA, 1998, p. 54).
Para Sachs,
ecodesenvolvimento é o reflexo da preocupação com um planejamento
participativo de estratégias plurais de intervenção, adaptadas a contextos
socioculturais e ambientais específicos, referindo-se a uma ‘harmonização’
entre iniciativas de dinamização social, consolidação e aprofundamento de uma
cultura política democrático-participativa, distribuição equitativa do ‘ter’ e gestão
‘ecologicamente prudente’ do meio ambiente. (SACHS, apud VIEIRA, 1998, p. 54).
Mesmo a visão econômica sendo dominante nas políticas e nas orientações estratégicas em todo o
mundo, no final da década de 1980 um relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”, publicado pela
Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMDA) conhecida como a “Comissão
Brundtland” passou a ser um referencial para disseminar o conceito de desenvolvimento sustentável,
como sendo “aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das
gerações futuras”. (CMMDA, 1991).
Em 1992, o Rio de Janeiro sediou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (UNCED),
chamada de Conferência do Planeta.
O espírito da Conferência do Rio 92 e de seu Programa de Ação, “Programa 21”, está refletido no
primeiro parágrafo do preâmbulo do documento:
A humanidade se encontra em um momento decisivo da história. Enfrentarmo-nos com a perpetuação
e as disparidades entre as nações e dentro das nações, com o agravamento da pobreza, a fome,
as doenças e o analfabetismo e com o continua deterioração dos ecossistemas dos que depende
nosso bem-estar. Não obstante, se integram as preocupações relativas ao meio ambiente e ao
desenvolvimento e se presta mais atenção se poderão satisfazer as necessidades básicas, elevar o
nível de vida de todos, conseguir uma melhor proteção e gestão dos ecossistemas e obter um futuro
mais seguro e mais próspero. Nenhuma nação pode alcançar estes objetivos por si só, mas todos
juntos podemos fazer em uma associação mundial para um desenvolvimento sustentável. (CNUMAD
apud HERRERO, 1997, p. 36).
O documento intitulado Agenda 21 é um programa de ação adotado por 182 governos e é o primeiro
documento do gênero a alcançar consenso internacional que fornece um plano para assegurar o
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AULA 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. DESAFIOS E CONTRADIÇÕES
futuro sustentável do planeta, do século XX ao século XXI. Tal documento identifica questões de
desenvolvimento e meio ambiente que ameaçam uma catástrofe econômica e ecológica se não forem
apresentadas estratégias de transição e ações imediatas que garantam práticas de desenvolvimento
mais sustentáveis.
O conteúdo da Agenda 21 se apresenta em 4 (quatro) seções com as seguintes temáticas: dimensões
sociais e econômicas; conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento; fortalecimento do
papel dos principais grupos e meios de execução.
A primeira seção, denominada de “Dimensões sociais e econômicas”, se divide em 8 (oito) capítulos:
» » Capitulo 1. Preâmbulo;
» » Capitulo 2. Cooperação internacional para acelerar o desenvolvimento sustentável dos países e
desenvolvimento;
» » Capítulo 3. Luta contra a pobreza;
» » Capitulo 4. Evolução das modalidades de consumo;
» » Capitulo 5. Dinâmica demográfica e sustentável;
» » Capitulo 6. Proteção e fomento da saúde humana;
» » Capitulo 7. Fomento do desenvolvimento sustentável dos recursos humanos;
» » Capitulo 8. Integração do meio ambiente e o desenvolvimento e a adoção de decisões.
A segunda seção, denominada de “Conservação e Gestão dos recursos para o desenvolvimento”, se
apresenta em 14 capítulos:
» » Capitulo 9. Proteção da atmosfera;
» » Capitulo 10. Enfoque integrado do planejamento e da ordenação dos recursos da terra;
» » Capitulo 11. Luta contra o desmatamento;
» » Capitulo 12. Ordenação dos ecossistemas frágeis: luta contra a desertificação e a seca;
» » Capitulo 13. Ordenação dos ecossistemas frágeis: desenvolvimento sustentável das zonas de
montanha;
» » Capitulo 14. Fomento da agricultura e do desenvolvimento rural sustentável;
» » Capitulo 15. Conservação da diversidade biológica;
» » Capitulo 16. Gestão ecologicamente racional da biotecnologia;
» » Capitulo 17. Proteção dos oceanos e dos mares;
» » Capitulo 18. Proteção da qualidade e o abastecimento dos recursos de água doce;
» » Capitulo 19. Gestão ecologicamente racional dos produtos químicos tóxicos;
» » Capitulo 20. Gestão ecologicamente racional dos resíduos perigosos, incluída a preservação do
tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos;
» » Capitulo 21. Gestão ecologicamente racional dos resíduos sólidos e questões relacionadas com
as águas cloacais;
» » Capitulo 22. Gestão inócua e ecologicamente racional dos resíduos radioativos.
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. DESAFIOS E CONTRADIÇÕES
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
O grande desafio do desenvolvimento sustentável é de quanto maior a área de intersecção entre as três
dimensões: equidade social, elementos conservacionistas e racionalidade ou eficiência econômicas, mais
sustentável é o desenvolvimento e a compatibilidade entre os objetivos econômicos, sociais e ambientais.
Quanto menor a área de intersecção entre as dimensões, maior a “insustentabilidade” do desenvolvimento,
combinando a inviabilidade econômica, a pobreza, a desigualdade social e a degradação do meio
ambiente. Os fatores que exercem influência, sejam para o alcance da sustentabilidade, constituem-se
no estilo de desenvolvimento determinado pelo padrão de consumo de uma sociedade; pelo progresso
tecnológico que influencia o processo produtivo e a distribuição de renda.
Qualquer alteração no padrão de consumo com intenção de moderar e orientar-se para bens e
serviços de menor impacto e recursos renováveis, maior será o equilíbrio entre a equidade social e a
conservação ambiental. O avanço tecnológico aumenta a racionalidade e o crescimento econômico, e,
com isso, viabiliza uma maior compatibilidade com a conservação do meio ambiente. A distribuição
equilibrada da renda promove a equidade social e sua compatibilidade com a racionalidade e com
o crescimento econômico. Mas tudo isso requer ajustes empresariais nos mais diversos ramos de
atividade, de forma a conduzir o aumento do nível de responsabilidades e preocupações com o
meio ambiente, por meio de planejamento, formulação de estratégias e políticas públicas para a
manutenção de um desenvolvimento mais sustentável, aliados a um sistema político democrático,
que assegure aos cidadãos a participação efetiva na tomada de decisões, um sistema internacional
que promova modelos duráveis de comércio e finanças.
O modelo de interação entre as diferentes dimensões (Figura 13) mostra que o desenvolvimento
sustentável deve ser compreendido em sua globalidade, multidimensionalidade e integralidade, não
podendo desconsiderar a necessidade de uma vontade política de cooperação entre as regiões do
mundo, porque cada área, país ou região têm necessidades distintas , objetivos e estratégias de
desenvolvimento sustentável por apresentarem realidades ambientais diferentes, assim como níveis
de vida, oportunidades e perspectivas.
No entanto, para um enfoque estratégico, deve haver elementos de referências tais como os
apresentados por Herrero (1997, p.120):
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AULA 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. DESAFIOS E CONTRADIÇÕES
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. DESAFIOS E CONTRADIÇÕES
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
SÍNTESE DA UNIDADE 3
O desenvolvimento sustentável surgiu a partir da necessidade de atuações mais voltadas ao equilíbrio
socioambiental em detrimento do avanço puro e simples da economia.
A escassez de recursos naturais e a energia suscitaram preocupações de ordem socioambiental em
vários países, e por esta razão conferências importantes foram realizadas, tendo como objetivo
repensar o modelo de crescimento até então vigente em todo o mundo, porque o modelo de
“desenvolvimento” imposto contrariava o direito ao desenvolvimento imposto pela Carta das Nações
Unidas, cujos propósitos são a resolução de problemas internacionais de caráter econômico, social,
cultural e humanitário sem discriminações de qualquer espécie.
A proposta do desenvolvimento sustentável é que todos participem no sistema econômico e que
prevaleça o Direito ao Desenvolvimento, tendo como aporte o equilíbrio ambiental, econômico e social.
E este direito visa atender a autodeterminação econômica, a soberania permanente sobre a riqueza
e os recursos naturais e emergentes e a interdependência do direito ao desenvolvimento, a partir da
observância e resguardo dos direitos humanos, estes salvaguardados pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948.
Preocupações ambientais foram sendo externalizadas pelas conferências mundiais e, com isso,
interferências favoráveis no ambiente legislativo foram oportunas para a legislação brasileira
contemplasse o meio ambiente como um direito de todos e a necessidade de se preservá-lo para esta
e as futuras gerações.
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AULA 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. DESAFIOS E CONTRADIÇÕES
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
DIAS, G. F. Educação Ambiental. Princípios e Práticas. São Paulo: Gaia, 2000.
FERREIRA, A. B. de H. O Dicionário da Língua Portuguesa. Século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1999.
GOTTARDO, L. Dissertação de Mestrado. Turismo Sustentável e Desenvolvimento. Estudo de caso
– “mega resorts” na Costa do Sauípe. Um modelo internacional de desenvolvimento turístico. São
Paulo: Unibero, 2002.
HERRERO, L. M. J. Desarollo Sostenible y Economia Ecologica. Madri: Sintesis, 1997.
JACOBS, Ml. La Economia Verde. Médio Ambiente, desarollo sostenible y la política del futuro.
Barcelona: Economia Crítica, 1996.
KRAUZE, G. A natureza revolucionária da sustentabilidade. In: CAVALCANTI, C. (org.). Meio Ambiente,
Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. São Paulo: Cortez, 1999.
SACHS, I. Desenvolvimento sustentável, bio-industrialização descentralizada e novas configurações
rural-urbanas: os casos da Índia e do Brasil. In: VIEIRA, P. F.; WEBER, J.s (org.). Gestão de Recursos
Naturais Renováveis e Desenvolvimento. Novos desafios para a pesquisa ambiental. 2ª ed. São
Paulo: Cortez, 2000.
SEGUIN, E. (org.). O Direito ao Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2000.
VIEIRA, P. F.; WEBER, J. (org.). Gestão de Recursos Naturais Renováveis e Desenvolvimento. Novos
desafios para a pesquisa ambiental. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2000.
CONFERENCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Disponível em <http://www. gestaoambiental.com.br>.
Acessado em 06 de outubro de 2011.
51
AULA 4
INTRODUÇÃO
Preocupações ambientais internacionais motivaram a elaboração de inúmeros documentos, dentre os quais
a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, com objetivo de nortear as ações das empresas no
trato com os recursos ambientais.
Os princípios contidos nesta Carta formam a base para os sistemas de gestão ambiental vigente que devem
ser reconhecidos pelas organizações como fator preponderante para o desenvolvimento sustentável, além de
estabelecer políticas, programas e procedimentos que possam conduzir as atividades de modo ambientalmente
seguro. Para isso deve contar com profissionais e executivos que atuem de forma responsável nas organizações
tanto públicas quanto privadas, que visem àincorporação de tecnologias e técnicas produtivas inovadoras.
O conteúdo desta unidade está assim definido:
» » Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável;
» » O Porquê da Gestão Ambiental;
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 4 - GESTÃO E POLÍTICAS AMBIENTAIS
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
1) Meio ambiente construído, representado pelas cidades, indústrias, vias públicas para
deslocamento dos meios de transportes, rodovias, ferrovias, portos, monumentos etc.;
2) Meio ambiente doméstico, constituído pelas regiões agrícolas, áreas reflorestadas, pelos
açudes, lagos artificiais, pelas represas etc.;
3) Ambiente natural, este sim constituído pelas áreas naturais, matas virgens que independem
das ações humanas para se constituírem, pois a força geradora de energia é a luz solar, os
ventos, a água etc.
Ao ser considerado “um grande recipiente de resíduos”, o meio ambiente gera recursos para prover a
subsistência humana e recebe de volta as “sobras das atividades humanas”, denominada de poluição.
O termo poluição, do latim pollutione significa o “ato ou efeito de poluir”. Já o verbo poluir, do latim
polluere significa “sujar, corromper, tornando prejudicial à saúde”. (FERREIRA, 1999, p. 1601). É neste
sendo que o termo será tratado, pois a poluição é considerada um dos aspectos mais visíveis dos
problemas ambientais, porém não é o único.
A poluição, num primeiro momento, aparece no entorno de onde é produzida, porém não há limites
fronteiriços que a controle. Isso significa que os efeitos devastadores da poluição são percebidos e
reconhecidamente expandidos, uma vez que se torna difícil controlá-la e mantê-la num mesmo lugar.
O exemplo de que a poluição não se restringe ao local onde é produzida é o derramamento de petróleo
ocorrido no Golfo do México em 2010, quando cerca de 5.000 barris de petróleo vazaram no mar, após
a explosão e afundamento da plataforma petroleira Deepwater Horizont, operada pela British Petroil
(BP), a cerca de 240 quilômetros ao sudeste de Nova Orleans. A Administração Nacional Oceânica e
Atmosférica Americana (NOAA) admitiu que os fortes ventos sudeste previstos na época poderiam
empurrar a maré negra para os pântanos da Louisiana, provocando sérios problemas ambientais, além
de criar enormes nuvens de fumaça tóxica e deixando os resíduos no mar. Além disso, o acidente
provocou estragos no habitat de espécies marinhas. (FRANCE-PRESSE).
Para melhor compreensão, a poluição será tratada de forma genérica, porém ela se divide entre: poluição
do ar, da água e do solo, e é desta forma que recebe amparo das legislações ambientais brasileiras.
A Figura 14 mostra claramente alguns critérios classificatórios das fontes de poluição, o meio receptor
e os impactos provocados no meio ambiente.
Figura 14 - Critérios de classificação da poluição. Fonte: Barbieri (2007, p22), adaptado por CIRILO (2011)
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AULA 4 - GESTÃO E POLÍTICAS AMBIENTAIS
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 4 - GESTÃO E POLÍTICAS AMBIENTAIS
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
O pensar em medidas globais é não perder de vista que cada região tem seus interesses, suas
limitações e seus problemas específicos, oriundos de suas características ambientais no ponto de
vista físico, biológico e social, além dos recursos naturais, como água, solo, reservas mineras, biomas,
ecossistemas etc.
Espera-se da gestão ambiental local contribuições para o resultado global e isso somente ocorrerá se
houver implementações de diversos instrumentos de políticas ambientais publicas e privadas.
GÊNERO ESPÉCIES
»» Padrão de emissão
»» Padrão de qualidade
»» Padrão de desempenho
»» Padrões tecnológicos
Comando e Controle
»» Proibições e restrições sobre produção, comercialização e uso de produtos e processos
»» Licenciamento ambiental
»» Zoneamento ambiental
»» Estudo prévio de impacto ambiental
»» Tributação sobre poluição
»» Tributação sobre uso de recursos naturais
»» Incentivos fiscais para reduzir emissões e conservar recursos
»» Remuneração pela conservação de serviços ambientais
Econômico »» Financiamentos em condições especiais
»» Criação e sustentação de mercados de produtos ambientalmente saudáveis
»» Permissões negociáveis
»» Sistema de depósito-retorno
»» Poder de compra do Estado
»» Apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico
»» Educação ambiental
Outros
»» Unidades de conservação
»» Informações ao público
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AULA 4 - GESTÃO E POLÍTICAS AMBIENTAIS
61
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Na compreensão dos termos usados no campo da tributação internacional, vale esclarecer, segundo
Barbieri (2007, p.77), que “taxas são impostos, taxas e outras contribuições compulsórias e não
retribuíveis para as pessoas físicas e jurídicas aos entes estatais” e a “palavra charge, indica encargos,
cobrança, obrigação e responsabilidade”.
O princípio do poluidor-pagador visa orientar o controle administrativo das atividades lesivas ao
ambiente e deve ser aplicado nos casos de necessidade de reparo ao dano ambiental e deve-se
refletir: “O que paga pode contaminar”; “O pagamento contamina”; “Quem contamina e paga não
repara”, “Quem paga para contaminar não protege o meio ambiente” e “Somente os ricos podem
contaminar”. Para Alvarenga (2001, p.60) “deve ser utilizado embargo do dever de reparar o dano
ambiental, sem prejuízo de outras sanções administrativas, penais e civis”
Como internalizar os custos ambientais produzidos por particulares?
Barbieri (2007, p.77), aponta que “nas economias de mercado, as decisões sobre o que, como,
quanto e onde produzir são feitas considerando os preços dos bens que serão produzidos e seus
custos internos de produção e distribuição, tais como força de trabalho, matérias-primas, energia e
depreciação dos equipamentos”.
Além disso, os custos que incidem sobre a atividade empresarial, bem como os custos de produção e
distribuição e as atividades produtivas, recaem sobre a sociedade, que paga pela perda da qualidade
do meio ambiente e são reconhecidos como sendo custos externos ou sociais. No exemplo dado por
Barbieri (2007, p.78), “a poluição de um rio causada por um processo produtivo representa custos
reais desse processo, porém, é a sociedade que paga por eles, constituindo-se, dessa forma, em
custos externos à empresa poluidora”.
SÍNTESE
As preocupações ambientais internacionais motivaram a elaboração de inúmeros documentos com
objetivo de nortear as ações das empresas no trato com os recursos ambientais, da mesma forma
que motivaram a elaboração de políticas públicas ambientais e legislações que tenham como teor a
proteção do meio ambiente.
Diante disso, as empresas se viram na obrigação de se enquadrarem nas diretrizes e atividades
administrativas e operacionais capazes de controlar a interferência no meio ambiente que suas
atividades são capazes de promover.
Pensar em gestão ambiental é pensar em iniciativas pertinentes às questões ambientais e,
originariamente, estão centradas em ações governamentais que se estendem ao individuo e às
organizações. O dimensionamento da gestão ambiental corresponde ao local, nacional regional,
global, setorial empresarial etc., e a as interferências provocadas ocorrem na forma de poluição do
ar, da água, do solo, da flora, da fauna, dos recursos naturais, chuva ácida, aquecimento global etc.,
além de envolver, no dimensionamento institucional, as empresas, o governo, a sociedade civil,
institucional, além do dimensionamento filosófico, pois “trata da visão de mundo e da realidade entre
o ser humano e a natureza”.
O meio ambiente é considerado um grande recipiente de resíduos, pois, ao mesmo tempo que gera
recursos para prover a subsistência humana, recebe de volta toda a sobra gerada pela atividade
humana, na forma de poluição.
Daí a necessidade de atuações conjuntas do poder público e privado como forma de nortear as ações
humanas em prol de um desenvolvimento mais justo e duradouro para todos.
62
AULA 4 - GESTÃO E POLÍTICAS AMBIENTAIS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ALVARENGA, P. O inquérito civil e a proteção ambiental. São Paulo: BH, 2001.
ANDRADE, R. O. B. de A. et al. Gestão Ambiental. Enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento
sustentável. 2ª ed. ampliada e revisada. São Paulo: Pearson, 2002.
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial. Conceitos, Modelos e Instrumentos. 2ª ed. revista e
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2007.
63
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
FERREIRA, A. B. de H. O Dicionário da Língua Portuguesa. Século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
GODARD, O. A gestão integrada dos recursos naturais e do meio ambiente: conceitos, instituições
e desafios de legitimação. In: VIEIRA, P. F. ; WEBER, J. Gestão de Recursos Naturais Renováveis e
Desenvolvimento. Novos desafios para a pesquisa ambiental. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2000, p. 201-266.
MOLION, L. C. B. Considerações sobre o aquecimento global antropogênico. Instituto de Ciências
Atmosféricas, Universidade Federal de Alagoas. Disponível em <http:// www.acquacon.com.br/
drenagem/palestras/luizcarlosmolion_artigo.pdf>. Acesso em 27 de setembro de 2011.
RIBEIRO, W. C. A ordem ambiental internacional. São Paulo: Contexto, 2001, p.145.
Relatório do IPCC/ONU. Novos Cenários Climáticos. Disponível em: <http://www.ecolatina.com.br/
pdf/IPCC-COMPLETO.pdf.>
Benefícios da Implementação de Sistemas de Gestão Ambiental. Disponível em: <http://www.
licenciamentoambiental.eng.br/beneficios-da-implementacao-de-sistemas-de-gestao-ambiental/>
Vazamento de petróleo no Golfo do México é de 5.000 barris por dia. Disponível em: <http://veja.
abril.com.br/noticia/internacional/vazamento-petroleo-golfo-mexico-5-000-barris-dia>. Acesso em
04 de outubro de 2011.
DICAS DE FILME
» » A história das Coisas. (YouTube)
» » História das Coisas - Versão brasileira. (Videolog). Disponível em:
www.videolog.tv/video.php?id=353307.
» » Gestão ambiental para pequenas empresas.
Vídeo do programa “Ação Consciente” da TV Cultura que mostra uma entrevista com
consultora do SEBRAE-SP em gestão ambiental.
» » Ferlin Gestão Ambiental.
Vídeo de Gestão Ambiental Norma ISO 14001 - Sistema de Gestão Ambiental - Itautec
64
AULA 5
INTRODUÇÃO
O apreço pela natureza pressupõe o interesse político em preservá-la por meio da criação de políticas e
instrumentos que garantam a proteção do meio ambiente.
Esta unidade tem o propósito de apresentar algumas dessas políticas e instrumentos que viabilizam o controle
dos órgãos públicos específicos e as políticas que norteiam suas ações quando se trata de atividades que sejam
potencialmente degradadoras do meio ambiente.
Esta unidade está assim distribuída:
» » Aspectos Políticos e o Sistema Nacional do Meio Ambiente;
» » A Política Nacional do Meio Ambiente;
» » Avaliação de Impacto Ambiental (AIA);
» » Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA);
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
» » Licenciamento Ambiental;
» » A Tutela Governamental do Ambiente;
» » Condutas e Atividades Lesivas do Meio Ambiente.
Além disso, disponibiliza algumas dicas sobre o tema, autores e curiosidades e sugere filmes ou
documentários que possam contribuir com a produção do conhecimento.
Aspectos Políticos e o Sistema Nacional de Meio Ambiente
A importância da política nas questões ambientais é indiscutível, pois recai sobre os três poderes
processos decisório de elaboração, aprovação e aplicação de leis ambientais, por se tratar de uma
sociedade democraticamente organizada. A divisão dos poderes se traduz em proteção dos cidadãos
quanto ao abuso de poder, sistema este adotado pela Constituição Federal de 1988.
O Poder Legislativo tem a competência da elaboração das leis, a fixação dos orçamentos das agências
ambientais e o controle das atividades desempenhadas pelo Executivo. Ao Poder Executivo compete
a tarefa de licenciamento e controle das atividades utilizadoras dos recursos ambientais.
Ao Poder Judiciário, compete a revisão dos atos administrativos praticados pelo Poder Executivo
que tenha repercussão sobre o meio ambiente e o controle da constitucionalidade das normas
elaboradas pelos Poderes Legislativo e Executivo. Para Bessa (2000, p. 63), “o Poder Judiciário tem
a representatividade do instrumento pelo qual o povo poderá contestar as medidas adotadas pelos
Poderes Executivo e Legislativo, que possa prejudicar a qualidade ambiental”.
E, ao Ministério Público, na sua função ativa, cabe fiscalizar os atos e procedimentos dos três Poderes
Públicos e, em caso de violação da legalidade de seus atos, acioná-los judicialmente.
O meio ambiente tem tutela federal e estadual. Embora as leis ambientais sejam de cunho federal,
cabe aos Estados-membros legislar concorrentemente sobre: florestas; caça; pesca; fauna; conservação
da natureza; defesa do solo e dos recursos naturais; proteção do meio ambiente; controle da poluição;
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; responsabilidade por dano
ao meio ambiente, a bens e direitos de valor artístico, histórico, turístico e paisagístico. A competência
dos municípios em matéria ambiental é administrativa em prol da defesa do meio ambiente e do
combate à poluição. No entanto, os municípios não estão arrolados na condição pessoas jurídicas de
direito público interno encarregadas de legislar sobre o meio ambiente.
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AULA 5 - ASPECTOS POLÍTICOS E O SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
» » Órgão central – Ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) cabe a função de planejar, coordenar,
supervisionar e controlar as ações relativas à política do meio ambiente;
» » Órgão executor – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) está encarregado de executar e fazer executar as políticas e diretrizes governamentais
definidas para o meio ambiente. Criado em 1989, o Ibama assumiu atribuições de órgãos
anteriores à sua criação (Sudepe, Sudhevea, Sema e IBDF);
» » Órgãos seccionais – De caráter executivo, esta instância do Sisnama é composta de órgãos e
entidades estaduais responsáveis pela execução do programa, dos projetos, do controle e da
fiscalização de atividades degradadoras do meio ambiente;
» » Órgãos locais – Compostos de órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e pela
fiscalização dessas atividades em suas jurisdições.
O Sisnama se prevalece de órgãos gerenciadores de informações, denominado de Sistema Nacional de
Informação sobre o Meio Ambiente (Sinima), que responde pela base de dados e pelo monitoramento
e acompanhamento do meio ambiente por meio da geração do Relatório de Qualidade do Meio
Ambiente (RQMA), e do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), como órgão vinculado ao
Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de fomentar a execução de projetos ambientais para
o alcance do desenvolvimento sustentável.
A legislação brasileira já prevê a constituição de sistemas de gestão de recursos naturais, como o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNRH) e o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação (SNUC), que preveem em sua concepção a participação e o controle social.
O SNUC, criado pela Lei n.º 9.985, de 2000, é o maior instrumento de proteção da biodiversidade do
país, pois uniformizou os critérios para a criação e a gestão das Unidades de Conservação.
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 5 - ASPECTOS POLÍTICOS E O SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 5 - ASPECTOS POLÍTICOS E O SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
17) qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade
superior a dez toneladas por dia;
18) projetos agropecuários que contemplam áreas acima de 1.000 ha ou menores; neste caso,
quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de
vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental. (ANTT, 2011).
O LICENCIAMENTO AMBIENTAL
A Resolução Conama n.º 237/1997 define o licenciamento ambiental como o procedimento
administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva
ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas aplicáveis ao caso o
licenciamento ambiental ocorre após a realização do EIA/RIMA (Conama).
As licenças liberadas após a elaboração do EIA/RIMA são denominadas de licença prévia, licença de
instalação e licença de operação.
» » Licença prévia (LP) – É atestada pelo administrador a viabilidade ambiental do empreendimento
ou da atividade e estabelece requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos para a
próxima licença de instalação;
» » Licença de instalação (LI) – Após o cumprimento das exigências da licença prévia, esta licença
expressa o consentimento para o início da implementação do empreendimento ou da atividade,
de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos previamente
aprovados;
» » Licença de operação (LO) – Após o cumprimento das etapas exigidas na licença de instalação, a
licença de operação possibilita a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação
do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores.
A emissão das licenças assegura ao titular uma estabilidade provisória, pois elas podem ser
compreendidas como um compromisso assumido pelo empreendedor com o Poder Público, que
cumprirá as etapas determinadas, sob pena de serem cassadas em caso de descumprimento de suas
obrigações.
71
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
72
AULA 5 - ASPECTOS POLÍTICOS E O SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
no âmbito federal. Nos casos onde se exclui a competência da União, o poder de polícia será atribuído
aos órgãos seccionais ou locais, indicados por lei estadual ou municipal.
Nos crimes contra a fauna, as licenças e as autorizações para atividades de pesca, o Ibama é o órgão
que exerce o poder de polícia, bem como é responsável pela expedição de licenças e autorizações
para a caça de animais silvestres, quando cabível no artigo 2.º da Lei Federal n.º 7.735/89, que criou o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com a finalidade,
instituída no inciso I, de “exercer o poder de polícia ambiental” e, no inciso II, de:
executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às
atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da
qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização,
ao monitoramento e ao controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas
do Ministério do Meio Ambiente.
73
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
» » pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente.
Pena de detenção: de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente; incorre
nas mesmas penas quem pesca espécies que devem ser preservadas ou espécimes com
tamanhos inferiores aos permitidos (I);
» » pescar quantidades superiores às permitidas ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos,
técnicas e métodos não permitidos (II); transporta, comercializa, beneficia ou industrializa
espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas (III) (art. 34);
» » pescar mediante a utilização de: explosivos ou substâncias que, em contato com a água,
produzam efeito semelhante (I); substâncias tóxicas ou outro meio proibido pela autoridade
competente (II). Pena de reclusão: de um a cinco anos.
Em se tratando de pesca, a Lei n.º 9.605 a define, em seu art. 36, como:
[...] todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar
espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios,
suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies
ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficias da fauna e da flora.
A mesma lei refere-se às atividades que não são consideradas crimes, quando realizado o abate de
animal, nas seguintes condições: em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua
família (I); para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais,
desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente (II); por ser nocivo o animal,
desde que assim caracterizado pelo órgão competente (III).
74
AULA 5 - ASPECTOS POLÍTICOS E O SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
75
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
A Lei n.º 6.905 se refere à poluição como crime ambiental e faz as considerações quanto à punição
a quem:
» » causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos
à saúde humana ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da
flora. Pena de reclusão: de um a quatro anos. No entanto, faz menção aos resultados dessa
poluição, atribuindo agravantes das penalidades nos casos em que: tornar uma área, urbana
ou rural, imprópria para a ocupação humana (I); causar poluição atmosférica que provoque
a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas ou que cause danos
diretos à saúde da população (II); causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do
abastecimento público de água a uma comunidade (III); dificultar ou impedir o uso público das
praias (IV); ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos
ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos
(V). Pena de reclusão: de um a cinco anos. Incorre nas mesmas penas aquele que deixar de
adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco
de dano ambiental grave ou irreversível;
» » executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença ou em desacordo com a obtida. Pena de detenção: de seis
meses a um ano, e multa. Incorre nas mesmas penas quem deixa de recuperar a área pesquisada
ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do
órgão competente (art. 55);
» » produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar,
guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde
humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou
nos seus regulamentos. Pena de reclusão: de um a quatro anos, e multa. Nas mesmas penas,
incorrem quem abandona os produtos ou as substâncias referidos ou as utiliza em desacordo
com as normas de segurança (art. 56).
Consideram-se crimes contra o Ordenamento Urbano e a Patrimônio Cultural, previstos na Lei n.º
9.605:
» » destruir, inutilizar ou deteriorar: bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
decisão judicial (I); arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou
similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. Pena de reclusão: de um a três
anos, e multa (art. 62);
» » alterar o aspecto ou a estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico,
artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico ou monumental, sem autorização da
autoridade competente ou em desacordo com a concedida. Pena de reclusão: de um a três
anos, e multa (art. 63);
» » promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de
seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com
a concedida. Pena de detenção: de seis meses a um ano, e multa (art. 64);
» » pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano. Pena de
detenção: de três meses a um ano, e multa. Nos casos em que o ato é praticado em monumento
ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena será de
seis meses a um ano de detenção, e multa (art. 65).
76
AULA 5 - ASPECTOS POLÍTICOS E O SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
São considerados crimes contra a Administração Ambiental, em conformidade com a Lei n.º 6.905:
» » fazer, o funcionário público, afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações
ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental.
Pena de reclusão: de um a três anos, e multa (art. 66);
» » conceder, o funcionário público, licença, autorização ou permissão em desacordo com as
normas ambientais, para as atividades, as obras ou os serviços cuja realização depende de ato
autorizativo do Poder Público. Pena de detenção: de um a três anos, e multa (art. 67);
» » deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante
interesse ambiental. Pena de detenção: de um a três anos, e multa (art. 68);
» » obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais. Pena
de detenção: de um a três anos, e multa.
O diploma legal, representado pela Lei n.º 6.905, atende ao apelo constitucional de punir aqueles que
diferentes razões agridem o meio ambiente em toda a sua complexidade e abrangência. Longe de
ser o ideal, porque mesmo com as penalidades impostas, as práticas de crimes ambientais continuam
a ocorrer, deixando sempre dúvidas quanto à eficiência do poder de polícia da administração pública
em coibir as práticas abusivas por pessoas físicas ou jurídicas.
André Rebouças (1833-1898) é considerado o pioneiro no surgimento de uma ética conservacionista no
Brasil. Era engenheiro civil, botânico, geólogo e abolicionista. Inspirado pela criação do Parque Nacional
de Yellowstone, nos Estados Unidos, defendeu a necessidade de criar parques nacionais no Brasil.
Como sugestão, a Ilha do Bananal, no Rio Araguaia, e uma área extensa entre as Cataratas de Guairá
e as do Iguaçu, no Rio Paraná. Treze anos após a morte de Rebouças, Luís Felipe Gonzaga de Campos
reivindicou a criação de parques e preparou um mapa com os ecossistemas brasileiros, publicado em
1912, que resultou na criação da Reserva Florestal do Território do Acre, em 1911 (quatro faixas ao
longo do Rio Acre, do Purus-Envira, do Rio Gregório e do Alto Juruá, no sudoeste amazônico).
O Código Florestal de 1934 estabeleceu o marco legal dos parques nacionais (Decreto n.º 23.793, de
23 de janeiro de 1934). O primeiro parque brasileiro foi o do Itatiaia, criado em 1937, nas montanhas
da Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro.
Em 1939, foi criado o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Sete Quedas (submersas pela represa de
Itaipu) e Iguaçu.
Em 1959, foram criados Ubajara (caatinga no estado do Ceará) e Aparados da Serra (Rio Grande do Sul).
Em 1946, foi criada a única floresta nacional (Araripe-Apode), com 38.626 ha, no Ceará.
Em 1961, foi criada a segunda floresta nacional (Caxiuana), com 200.000 ha, no Pará, junto com nove
reservas florestais, todas na Amazônia, totalizando 1.879.400 km². (RYLANDS; KATRINA, 2005, p. 28).
SÍNTESE DA UNIDADE
Os seres humanos dependem dos recursos naturais para sobrevivência, e em igual forma o meio
ambiente depende das ações humanas para se garantir na preservação e na conservação. Assim, o
apreço pela natureza depende na maioria das vezes de interesses políticos e essa dependência recai
sobre a instrumentalização necessária para que as ações humanas sejam inibidas ou coibidas diante
da agressividade do meio.
77
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Os órgãos responsáveis pelo meio ambiente estão representados pelo Sisnama. A Política Nacional
de Meio Ambiente, representada pela Lei n.o 6.938/81, objetiva a preservação e a recuperação da
qualidade do meio ambiente e visa à obtenção do equilíbrio socioeconômico e atendimento dos
interesses de segurança nacional.
Esta legislação não impede a realização das atividades, mas indica quais instrumentos devem ser
aplicados quando se trata de obras que sejam potencialmente agressoras do meio ambiente e impõe
regras na atuação destas.
Alguns dos instrumentos indicados pela PNMA são representados pela Avaliação de Impacto Ambiental
(AIA), pelo Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental, conhecidos
como EIA/RIMA, de responsabilidade do executor da obra, o Licenciamento Ambiental, que definirá a
expedição das Licenças: Prévia (LP), de Instalação (LI) e de Operação (LO).
Diante de condutas lesivas ao meio ambiente, cabe ao Poder Público desempenhar a tutela
governamental, pois é de sua responsabilidade, em comum com a coletividade, defendê-lo e preservá-
lo para esta e as futuras gerações.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, P. de B. Direito ambiental. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. Disponível em: <http://
www.gestaoambiental.com.br>. Acesso em: 6 out. 2011.
BRASIL. Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e da outras providências.
______. Constituição Federal de 1988.
______. Decreto n.° 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei n.° 6.902, de 27 de abril de
1981, e a Lei n.° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem respectivamente sobre a criação de
Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.
Disponível em: <http://www.planato.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d99274.htm>. Acesso em:
12 out. 2011.
CONAMA. Resolução n.º 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: <http://www.antt.gov.br/
legislacao/Regulacao/Suerg/Res001-86.pdf>. Acesso em: 18 out. 2011.
MILARE, E. Direito do ambiente. 2. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
RYLANDS, A. B.; BRANDON, K. Unidades de Conservação Brasileiras. Megadiversidade, v. 1, n. 1, jul.
2005.
78
AULA 6
INTRODUÇÃO
As preocupações ambientais levam à tomada de decisões e de iniciativas como enfrentamento de problemas
por parte das organizações. Por isso, o Sistema de Gestão Ambiental Empresarial pressupõe as diversas
atividades desenvolvidas e operacionalizadas pelas organizações para tratar destas questões em decorrência
da forma como desenvolvem suas atividades atuais e futuras.
Por se tratar de um sistema, que pressupõe o envolvimento de muitos, e não uma ação individual, o Sistema
de Gestão Ambiental (SGA) deve ser planejado e ter diretrizes formuladas, objetivos bem definidos, atividades
coordenadas e resultados avaliados. Além disso, o comprometimento dos envolvidos, bem como a fixação de
objetivos e as metas que possam ser avaliadas por desempenho, deve fundamentalmente partir dos dirigentes
da organização e se estender para os funcionários, os fornecedores, os prestadores de serviços e os clientes.
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
OBJETIVOS DA UNIDADE
» » Compreender o conceito e a aplicabilidade de um Sistema de Gestão Ambiental.
» » Reconhecer a importância das organizações na implantação de um Sistema de Gestão Ambiental.
» » Despertar o interesse no aluno no processo administrativo consciente e consonante com as
questões ambientais.
80
AULA 6 - SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL
validar melhorias contínuas. O exemplo do SGA proposto pela Câmara de Comércio Internacional
(International Chamber of Commerce – ICC), uma entidade não governamental que se dedica ao
comércio internacional, que, segundo Barbieri (2007, p. 154), é “uma auditoria ambiental de adesão
voluntária, em resposta às preocupações com o feito das questões ambientais sobre a competitividade
das empresas no mercado internacional”.
Para a ICC, o SGA é uma:
[...] estrutura ou método para alcançar um desempenho sustentável em
relação aos objetivos estabelecidos e atender às constantes mudanças da
regulamentação, nos riscos ambientais e nas pressões sociais, financeiras,
econômicas e competitivas. (BARBIERI, 2007, p. 154).
No modelo proposto pelo ICC, o SGA tem como objetivos:
» » assegurar a conformidade com as leis locais, regionais, nacionais e internacionais;
» » estabelecer políticas internas e procedimentos para que a organização alcance os objetivos
ambientais propostos;
» » identificar e administrar riscos empresariais resultantes dos riscos ambientais;
» » identificar o nível de recursos e de pessoal apropriado aos riscos e aos objetivos ambientais,
garantindo sua disponibilidade quando e onde forem necessários.
Além disso, o modelo proposto pelo ICC demonstra articulação entre os processos envolvidos:
planejamento, organização, implementação e controle integrados à gestão empresarial e que atendam
as exigências de uma política ambiental formulada pela empresa e coesa com a sua política global.
A figura 1 ilustra os elementos que compõem o SGA proposto pelo ICC. É importante observar que,
no modelo proposto pelo ICC, “os ciclos de retroalimentação estabelecidos a partir de mensurações,
diagnósticos e auditorias trazem implicitamente uma proposta de melhoria contínua” (BARBIERI,
2007, p. 155).
Em 1993, por meio do Regulamento n.º 1.836, o Conselho da Comunidade Econômica Europeia instituiu
o Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (Eco Management and Audit Scheme – EMAS). Trata-se
de um Sistema de Gestão Ambiental de participação voluntária para empresas com atividade na área
da indústria.
Em 2001, o EMAS foi substituído pelo Regulamento n.º 761/2001 do Parlamento Europeu e do
Conselho da União Europeia e estendeu a participação voluntária a qualquer empresa que tenha
interesse em melhorar o comportamento ambiental, entendido, segundo Barbieri (2007, p. 156),
como o “[...] resultado da gestão de seus aspectos ambientais”. Nesse caso, aspectos ambientais são
“[...] o elemento das atividades, dos produtos ou serviços da organização que possa interagir com o
meio ambiente” (BARBIERI, 2007, p. 156).
Como objetivo, o EMAS visa a melhorias contínuas no comportamento organizacional por meio de:
» » concepção e implementação de um SGA conforme os requisitos estabelecidos pela Resolução
n.º 761/2001;
» » avaliação sistemática, objetiva e periódica do desempenho desse SGA;
» » fornecimento de informação sobre o comportamento ambiental e um diálogo aberto com o
público e outras partes interessadas;
» » participação ativa do pessoal da organização, bem como a formação e o aperfeiçoamento de
profissionais adequados às tarefas requeridas pelo SGA, previstos na Resolução n.º 761/2001.
81
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
A gestão organizacional das empresas participativas recai sobre a estrutura funcional, as atividades de
planejamento, as responsabilidades, as práticas, os processos, os procedimentos e os recursos para
definir, aplicar, consolidar, rever e manter a política ambiental empresarial.
Além disso, a política ambiental deve incluir os requisitos exigidos pelas disposições legais que visem
ao empenho na busca pela melhoria contínua do comportamento organizacional ambiental.
Acompanhamento da
regulamentação e da
Avaliação e gestão de Mensuração dos
sua influência sobre Estrutura organizacional
riscos resultados
os departamentos da
empresa
Processo de
planejamento: Revisão de projetos e Diagnóstico dos
Delineamento de papéis
Objetivos e metas programas ambientais problemas
Alocação de recursos
82
AULA 6 - SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL
83
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
» » a empresa deve criar objetivos e metas alinhados ao cumprimento da política ambiental definida,
e estes objetivos devem refletir os aspectos ambientais, reconhecidos como os resíduos gerados
e seus impactos no meio ambiente. Além disso, deve considerar as exigências legais e outros
elementos que façam parte do próprio negócio desenvolvido pela empresa;
» » o programa de gestão ambiental criado pela empresa deve ser estruturado de modo a identificar
os responsáveis pela coordenação e implementação das ações previstas na política ambiental e
suas exigências legais, bem como os objetivos e as metas e que contemplem o desenvolvimento
de novos produtos e novos processos. O programa de gestão ambiental deve ainda prever as
ações contingenciais, associadas aos riscos envolvidos e aos respectivos planos emergenciais;
» » o programa de gestão ambiental deve integrar as funções dos funcionários da empresa, a
descrição dos cargos e das funções pertinentes à questão ambiental. Além disso, a empresa
deve se preocupar em definir o organograma que demonstre as inter-relações bem definidas e
estas devem ser comunicadas internamente. A direção deve indicar quais são os profissionais
que a representarão em assuntos específicos de Gestão Ambiental;
» » o programa de gestão ambiental de uma empresa deve contemplar o treinamento de
funcionários com atribuições especificas de meio ambiente, exigências legais, entre outras
definidas pela Política Ambiental Empresarial, bem com considerar no treinamento todos os
impactos ambientais reais ou potenciais associados as suas atividades de trabalho;
» » a empresa deve manter uma comunicação sistemática sobre as questões ambientais para seus
funcionários e para a comunidade onde está inserida;
» » a empresa precisa ter um Manual do Sistema de Gerenciamento Ambiental que contemple suas
exigências ambientais;
» » todos os documentos da empresa em matéria ambiental devem ser controlados e assinados
pelos responsáveis, com acesso fácil a todos os interessados, atualizados, identificados, legíveis
e arquivados adequadamente. Os documentos que já perderam a validade devem ser mantidos
fora do alcance, para evitar uso inadequado;
» » a empresa precisa criar um mecanismo de controle e inspeção dos aspectos ambientais, dos
procedimentos para a manutenção e a calibração de equipamentos que permitem esse controle;
» » a empresa deve ter procedimentos para prevenir, investigar e responder nas situações de
emergência, assim como manter planos e funcionários treinados para atuar em situações de
emergência;
» » a empresa deve ter um programa para medir o desempenho ambiental por meio de inspeções
características de controle ambiental e calibração de instrumentos de medição para que os
objetivos e as metas estabelecidas sejam atendidas;
» » nos casos de ações preventivas e ações corretivas, a empresa deve definir responsáveis com
autoridade investigativa sobre as causas das não conformidades ambientais, para que possa
tomar as devidas ações corretivas e preventivas;
O quadro 1 mostra as normas da família ISO 14000, que se destinam às organizações, e, por
consequência, as respectivas áreas de atuação de cada norma: Sistema de Gestão Ambiental; auditoria
ambiental e avaliação do desempenho ambiental.
O quadro 2 mostra as normas da família ISO 14000, que se destinam aos produtos e, por consequência,
às respectivas áreas temáticas de cada norma: rotulagem ambiental, avaliação do ciclo de vida e
84
AULA 6 - SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL
aspectos ambientais em normas de produtos. E, por fim, o quadro 3 traz as normas que tratam dos
termos e condições, denominadas de Gestão Ambiental – vocabulário.
NÚMERO: ANO DA
NORMAS PARA ÁREA TEMÁTICA PUBLICAÇÃO OU DA TÍTULO DA NORMA
ÚLTIMA REVISÃO
85
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Quadro 2 - Normas da família ISO 14000, destinada a produtos – Rotulagem Ambiental, avaliação do ciclo de vida
NÚMERO: ANO DA
NORMAS PARA ÁREA TEMÁTICA PUBLICAÇÃO OU DA TÍTULO DA NORMA
ÚLTIMA REVISÃO
Rótulos e declarações ambientais -
ISO 14021: 1999 reivindicações de autodeclarações
ambientais - rotulagem ambiental tipo II
86
AULA 6 - SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL
NÚMERO: ANO DA
NORMAS PARA ÁREA TEMÁTICA PUBLICAÇÃO OU DA TÍTULO DA NORMA
ÚLTIMA REVISÃO
A norma sobre gestão ambiental segue os mesmos requisitos da norma ISO 9000:2000, que trata da
gestão da qualidade, compreendida como uma atividade planejada, formal e documentada, executada
por pessoal habilitado, sem responsabilidade direta na execução das tarefas em avaliação e que, por
investigação, examina e avalia evidências objetivas coletadas, fornecendo subsídios para determinar
a efetividade do Sistema de Qualidade da organização.
As normas da família ISO 14000 facultam à empresa a implantação do SGA em toda a organização ou
em unidades operacionais ou atividades específicas. O SGA pode ser implantado em todos os portes
de empresas, mas isso requer, em conformidade com o Anexo A (ABNT, 2004 apud BARBIERI, 2007)
da norma ISO 14001, que a organização:
» » estabeleça uma política ambiental apropriada;
» » descubra os aspectos ambientais decorrentes de suas atividades, produtos e serviços passados,
existentes ou planejados, para determinar os impactos ambientais significativos;
» » identifique os requisitos legais aplicáveis e outros subscritos;
» » determine prioridades e estabeleça objetivos e metas ambientais apropriadas;
» » estabeleça prioridades, estrutura e programas para implementar a política e atingir objetivos
e metas;
» » facilite as atividades de planejamento, controle, monitoramento, ação preventiva e corretiva,
auditoria e análise, para assegurar que a política seja obedecida e que o SGA permaneça
apropriado;
» » seja capaz de se adaptar às mudanças de circunstâncias.
O modelo de SGA da família ISO 14000 toma como base o ciclo PDCA (Plan Do, Check, Act), representado
na figura 3. Ele deixa clara a necessidade de ser um conjunto de ações inter-relacionadas e que
devem acontecer de forma continuada para obtenção de resultados e ter a possibilidade de reparação,
correção e ajustes sempre que necessário.
87
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Figura 14 - Sistemas de gestão ambiental – SGA – requisitos com orientação para uso.
São considerados requisitos para SGA conforme a norma NBR ISO 14001:2004, seção 4:
88
AULA 6 - SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL
4.5 Verificação
4.5.1 Monitoramento e medição
4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva
4.5.4 Controle dos registros
4.5.5 Auditoria
4.6 Análise pela administração
89
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Rótulos ambientais – Selos ou rótulos ambientais visam informar os consumidores ou usuários sobre
as características benéficas ao meio ambiente, presentes em produtos ou serviços específicos, como:
biodegradabilidade, retornabilidade, uso de material reciclado, eficiência energética.
Produtos Eletrônicos
Especialemente para computadores e monitores.
Especificações de aspectos ambientais, ergonômicos,
TCO 95/99
de usabilidade, emissão de compos elétricos e
magnéticos.
90
AULA 6 - SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL
FONTE: HTTP://WWW.STARTIPP.GR/IMG/TABLE_PT.JPG
91
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
SÍNTESE DA UNIDADE
Cada vez mais as organizações se preocupam com o meio ambiente e com a competitividade. A
atuação responsável por parte da organização é acompanhada de perto por seus clientes, que estão
cada vez mais conscientes e exigentes com relação à parcela de responsabilidade das organizações
quando o assunto é preservação do meio ambiente.
Os Sistemas de Gestão Ambiental se baseiam na norma ISO 14001, da família ISO, que estabelece
requisitos para as empresas gerenciarem seus produtos e processos com o objetivo de não cometerem
agressões ao meio ambiente.
Para o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), as especificações se baseiam na norma ISO 14001, da família
ISO, que estabelece requisitos para as empresas gerenciarem seus produtos e processos para que não
agridam o meio ambiente e que a comunidade no entorno não sofra com os resíduos gerados pelas
atividades empresariais, e que a sociedade possa se beneficiar de forma ampla deste gerenciamento
ambiental, no consumo de produtos ou serviços em consonância com as questões ambientais.
O procedimento para certificação ISO 14001 é exigente, e como o tema é meio ambiente e qualidade
ambiental, não poderia deixar de sê-lo. Assim, a empresa deve criar sua política ambiental que a
represente publicamente diante de seus funcionários e sociedade sobre seus produtos e serviços.
Quando as empresas estão alinhadas com o interesse na preservação ambiental e optam pela
implantação de seu SGA, ela pode também optar pela melhoria contínua, por meio de instrumentos
denominados Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) e PDCA (Plan Do, Check, Act), que representam o ciclo
do gerenciamento de uma atividade.
A sociedade pode acompanhar as empresas, identificando seus rótulos ambientais, que têm a finalidade
de informar os consumidores ou usuários sobre as características benéficas ao meio ambiente, como:
biodegradabilidade, retornabilidade, uso de material reciclado, eficiência energética.
92
AULA 6 - SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL
93
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14001:2004: sistemas de gestão
ambiental: requisitos com orientações para uso. In: BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial:
conceitos, modelos e instrumentos. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2 ed. São Paulo:
Saraiva, 2007.
FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3 ed. totalmente revista e
ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
94
AULA 7
INTRODUÇÃO
Os Sistemas de Gestão Ambiental são interpretados como necessários para o sucesso de uma organização que
queira ampliar sua atuação no mercado e que esteja em um ambiente competitivo.
Trata-se de uma estratégia de atuação voltada para a obtenção da qualidade total da empresa, ampliada para
a qualidade ambiental, pois os princípios para obtenção desta última dependem do sucesso da primeira.
As atuações empresariais, na sua maioria, interferem de forma perniciosa nos recursos ambientais, que, por
sua vez, dependem de ações comprometidas com sua preservação e conservação.
Daí a necessidade de pensar em métodos produtivos cada vez mais eficientes que possam repor ao meio
ambiente parte do que foi apropriado pelas organizações para o incremento da produção de bens e/ou
serviços.
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Esta unidade pretende trazer à reflexão sobre a aplicabilidade dos Sistemas de Gestão Ambiental
(SGAs), a Administração da Qualidade Ambiental (TQEM), o processo de Produção Mais Limpa (P+L), as
políticas de gestão ambiental na indústria brasileira e o caso da empresa Tetra Pak.
Algumas oportunidades são oferecidas para ampliar o conhecimento pelo “Saiba Mais” e pelas dicas
de filmes que contribuem para o entendimento das atuações empresariais.
OBJETIVOS
» » Compreender a forma de atuação das empresas que optam pelo SGA.
» » Reconhecer a importância das organizações na busca pela qualidade total e ampliar a
aplicabilidade para o conceito de qualidade ambiental total.
» » Demonstrar que há possibilidade de atuações empresariais planejadas e voltadas para as
questões ambientais a partir de um caso concreto.
» » Oferecer a oportunidade para a reflexão sobre o modo de atuação das organizações.
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AULA 7 - APLICABILIDADE DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS
mais, primam pelo atendimento das necessidades de consumo de forma a privilegiar as condições
ambientais adequadas.
Por isso, faz-se necessário enfatizar a Administração da Qualidade Ambiental (Total Quality
Environmental Management – TQEM) como um conceito ampliado do conceito de Administração da
Qualidade Total (Total Quality Management – TQM), esta última compreendida como uma concepção
da administração que envolve todos os integrantes de uma empresa, incluindo os fornecedores de
modo a atender às expectativas dos clientes, ou seja, empresas que mantenham o foco no cliente,
que tenham a qualidade como dimensão estratégica e que atuem em conjunto para a obtenção da
melhoria contínua.
O conceito de TQEM foi criado pela Global Environmental Management Iniciative (GEMI), uma ONG
estadunidense criada em 1990 com a participação de 21 empresas multinacionais, entre elas IBM,
Kodak, AT&T e Coca-Cola, que já trabalham com o conceito de TQM.
A qualidade no TQM é atribuída ao processo produtivo de bens e serviços que atendam ou superem as
expectativas dos clientes e que apresentem defeito zero. A qualidade no TQEM é ampliada, pois, além
de atender e superar as expectativas dos clientes internos e externos, é preciso pensar na qualidade
ambiental e na poluição zero no processo produtivo como meta a ser atingida.
Para obtenção do desempenho ambiental, as ferramentas utilizadas para o TQEM são: benchmarking,
diagramas de causa e efeito, fluxos de processos e elaboração do ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act).
O conceito de benchmarking, da expressão inglesa benchmark, foi introduzido na linguagem empresarial
pela empresa Xerox, que o definiu como o “processo contínuo de medirmos e compararmos os nossos
produtos, serviços e práticas com os mais fortes concorrentes ou com as empresas reconhecidas como
lideres da indústria”.
Trata-se de uma comparação com os melhores desempenhos de uma organização, ou seja, os
concorrentes mais bem-sucedidos como termo de comparação. Trata-se de um estímulo para facilitar as
mudanças organizacionais e a melhoria de desempenho pelo processo de aprendizagem com os outros.
Saiba mais sobre o conceito em: http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/benchmarking.htm.
Pense em um modelo de pessoa ou organização. Como essa pessoa ou organização pode contribuir
para sua melhoria?
O diagrama de causa e efeito de Ishikawa (Kaoru Ishikawa) foi muito utilizado, na década de 1960,
em ambientes industriais para localizar as causas de dispersão de qualidade no produto e no processo
produtivo. Trata-se de uma ferramenta gráfica utilizada para explorar e representar opiniões a
respeito de fontes de variações em qualidade de processo, mas pode ser utilizado em problemas
organizacionais genéricos.
97
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 7 - APLICABILIDADE DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 7 - APLICABILIDADE DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS
OS PROCESSOS INDUSTRIAIS
O principal produto da Tetra Pak é a embalagem longa vida. Este tipo de embalagem possui uma
estrutura multicamadas que fornece a proteção ideal aos alimentos nela depositados. Ela é formada
por três materiais: papel, plástico e alumínio, basicamente distribuídos em seis camadas. O papel
representa cerca de 75% da embalagem, e é produzido a partir de fibras de celulose encontradas em
madeiras de pinos que provêm de florestas replantadas e certificadas (Forest Stewardship Council –
FSC) passando por um processo produtivo livre de cloro até chegar à Tetra Pak. Suas principais funções
são dar suporte mecânico à embalagem e receber a impressão. Traz as vantagens ambientais de ser
um recurso natural renovável e pode ser reciclado após o descarte. O alumínio representa cerca de
5% da embalagem e tem a importante função de dar proteção contra a entrada de luz, de oxigênio
101
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
e de impedir a troca de aromas entre o alimento e o meio externo. Ele é extraído da bauxita e, na
embalagem, ficará entre várias camadas de plástico, não entrando em contato com o alimento. O
plástico, cerca de 20% da embalagem, poderá ser encontrado em quatro camadas. Nas embalagens
longa vida é usado o polietileno de baixa densidade, que é extraído do petróleo. O plástico é útil para
isolar o papel da umidade, impedir o contato do alumínio com o alimento e servir como elemento
de adesão dos materiais presentes na estrutura. Com embalagem ambientalmente correta, vale
mencionar que, além desses três materiais, há também a tinta, usada na impressão dos rótulos. Esta
tinta é não tóxica, usando a água como solvente e pigmentos orgânicos ao invés de metais para a
coloração, sendo adequada para a indústria alimentícia.
Uma das etapas consideradas mais importantes para analisar os possíveis impactos ambientais e,
conseqüentemente, como impedi-los ou ao menos restringi-los, é a própria produção. Processos
industriais causam impactos ambientais, que devem ser analisados e controlados. Para isto existe uma
série de ações, como tratamento de efluentes, manuseio de resíduos sólidos, treinamento e educação,
preparação a emergências, entre outros.
A tão necessária manutenção preventiva é realizada com extremo rigor em todos os equipamentos
industriais da Tetra Pak. Além dos resultados obtidos em termos produtivos, isso proporciona também
um grande controle sobre possíveis problemas de desperdício e, principalmente, no caso de emissões
indevidas. O mais importante é que todo o resíduo gerado pelo processo produtivo é gerenciado, e
100% dele é reciclado.
Com relação às etapas posteriores à produção, a Tetra Pak tem procurado dar suporte às indústrias
alimentícias a destinação de seus resíduos e, em especial, no envio de suas embalagens para a
reciclagem. Neste sentido, têm sido desenvolvidos equipamentos e novas alternativas para aumentar
a reciclagem, como é o caso do uso das bobinas sucateadas, por exemplo, transformadas em
cantoneiras usadas para a paletização. Foi tomado um cuidado especial para que estes fornecedores
evitassem a exposição indevida dos rótulos impressos na bobina, associando vantagens econômicas
e ambientais ao zelo da imagem de cada cliente. Outro caso é o da rebobinagem de impressão, na
qual as primeiras impressões de embalagens, que não saem de acordo com as especificações ou são
utilizadas como este e que anteriormente costumavam ser descartadas, são retiradas e recolocadas a
partir de um novo início de impressão, reduzindo o desperdício. Outro caso é o tubo das bobinas, que
agora é feito com o próprio material reciclado.
A Tetra Pak está sempre procurando formas de se reduzir os impactos ambientais com o transporte
rodoviário dos seus produtos. As embalagens longa vida deixam as fábricas da Tetra Pak na forma
de bobinas, eliminando-se os possíveis acréscimos de volume que espaços vazios poderiam produzir,
otimizando-se o transporte até a indústria alimentícia. Recentemente, iniciou-se a utilização de
bobinas feitas de material reciclado, uma vez que são utilizadas somente no transporte, dispensando
o emprego de material de primeira qualidade, reduzindo-se o impacto ambiental.
Além disso, após o envase, as embalagens possuem forma de caixinhas, que poderão ser facilmente
dispostas uma ao lado da outra, colocadas dentro de caixas maiores, e empilhadas, ocupando um
volume mínimo, além de outro ponto muito importante: não requerem refrigeração, facilitando o
transporte, bem como não gerando gastos extras da energia.
Outro ponto fundamental é o peso da embalagem longa vida: uma embalagem para um litro de
alimento pesa em torno de 28 gramas. Isto significa que a carga será composta principalmente pelo
alimento contido nas embalagens.
102
AULA 7 - APLICABILIDADE DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS
O PROCESSO DE RECICLAGEM
Antes da abordagem dos conceitos técnicos envolvidos na reciclagem das embalagens longa vida,
deve-se compreender todo o caminho que este produto faz, do seu nascedouro até o seu descarte e
posterior reutilização. Na figura [a seguir], é possível observar todo o ciclo. Para a Tetra Pak o processo
de reciclagem deve ser apenas considerado quando os ganhos econômicos e ambientais superam os
seus custos, sendo que, algumas vezes, estes processos podem trazer mais danos ao ambiente do que
simplesmente colocar o material em um aterro controlado. Atendendo a esta condição, torna-se uma
tarefa constante desenvolvida pela Tetra Pak o auxílio no desenvolvimento de plantas e processos
para a reciclagem de suas embalagens. Em parceria com empresas produtoras de papel e também
indústrias de processamento de plástico, têm sido obtidos resultados animadores, e hoje é possível
se afirmar que há um ciclo de reciclagem estabelecido, viável economicamente e ambientalmente.
Ela considera a importância da atuação e busca da melhoria constante em todas as possibilidades de
efetiva redução de impacto ambiental e faz parte de sua política tentar esgotar todas as possibilidades,
até que não haja mais alternativas.
103
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
A COLETA SELETIVA
Todo o processo de reciclagem descrito no item anterior depende fundamentalmente da coleta
seletiva das embalagens longa vida descartadas. Como uma atuação direta seria muito difícil, a Tetra
Pak tem buscado intermediários que auxiliem nesta tarefa. Tem sido feito um trabalho intensivo junto
aos municípios brasileiros no sentido de incentivar a coleta seletiva, buscando fornecer informações
técnicas de como implantá-las, facilitando contatos com recicladores que compram e reciclam as
embalagens pós-consumo. As embalagens coletadas são acondicionadas em fardos e então vendidas
para fábricas recicladoras que trabalham em parceria com a Tetra Pak. Existem basicamente dois
processos de coleta seletiva, que podem ser implementados isoladamente ou em conjunto: a Entrega
Voluntária, em que são disponibilizados coletores para que a população deposite os materiais recicláveis,
e a Coleta Porta-a-Porta, em que caminhões passam de casa em casa recolhendo exclusivamente os
materiais recicláveis.
O material coletado é então enviado para um centro de triagem onde será feita uma separação mais
rigorosa e realizados beneficiamentos, como moagem, enfardamento, entre outros. Depois disso o
produto estará pronto para ser envido para a indústria de reciclagem. E importante ressaltar que é
necessária uma estrutura mínima para a coleta, senão os custos para realizá-la tornar-se-iam proibitivos.
Para atingir as metas de reciclagem das embalagens, estabelecidas pela diretoria de meio ambiente,
foram criados alguns programas na empresa, como a Campanha de Incentivo à Coleta Seletiva, dirigido
à comunidade, e apoiada pela Tetra Pak por meio de distribuição de equipamentos como prensas para
a reciclagem. Além disso, foi desenvolvido em parceria com as prefeituras e associações de catadores
(ou aparistas), um programa que envolve o cadastramento de catadores todos sendo cadastrados
pelo departamento de meio ambiente da Tetra Pak, aumentando-se o controle da destinação das
embalagens pós-uso.
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AULA 7 - APLICABILIDADE DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS
CONCLUSÃO
[...] a Tetra Pak mostra-se uma companhia preocupada e comprometida com o desenvolvimento
sustentável buscando, através de seus processos produtivos e sistemas administrativos, satisfazer as
necessidades atuais da sociedade sem comprometer o suprimento das necessidades futuras. A gestão
sistemática e o forte comprometimento da alta administração com relação às ações ambientais vão além
do combate à poluição e do tratamento de resíduos. O sistema de gestão ambiental da Tetra Pak do
Brasil abrange a educação ambiental desde os primeiros estágios da formação escolar, constituindo um
importante estimulador da conscientização social e da mobilização comunitária. Todos os esforços da Tetra
Pak no campo da gestão ambiental não só têm produzido resultados comerciais e sociais, como também
recebem o reconhecimento do meio empresarial e da sociedade como um todo, na forma de prêmios e
certificações ambientais, já mencionados neste estudo e obtidos pela empresa nos últimos anos.
Considerando o conceito da Gestão da Qualidade Total Ambiental (Total Quality Environmental
Management), é interessante salientar que mesmo apresentando excelentes resultados em seus
programas ambientais, a Tetra Pak não abranda seus esforços para aperfeiçoar os procedimentos dos
mesmos, e prossegue em busca constante por inovações e pela melhoria contínua desses programas.
[...] As metas ambientais devem ser desenvolvidas e superadas na busca da satisfação dos interesses
atuais e futuros das empresas e de todos os setores da sociedade que afetam ou são afetados por
suas atividades. [...]
Texto extraído de: HOURNEAUX JÚNIOR, F.; BARBOSA, M. de F. de O.; KATZ, S. A gestão ambiental nas
indústrias brasileiras: um estudo de caso. In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO (SEMEAD), 7., 2004.
Anais... São Paulo: FEA-USP, 2004. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/Semead/7semead/
paginas/artigos%20recebidos/Socioambiental/SA15_Gestao_ambiental_nas_industrias_bras.PDF>.
Acesso em: 5 nov. 2011.
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 7 - APLICABILIDADE DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS
SÍNTESE DA UNIDADE
A gestão ambiental é uma estratégia importante para as empresas conscientes e preocupadas com
as questões ambientais e deve estar contemplada no seu planejamento estratégico, pois se trata de
um instrumento que exige a participação e o comprometimento de todos os envolvidos, desde a alta
administração até os funcionários, os fornecedores de produtos e serviços e os clientes.
A qualidade ambiental é o resultado que se busca com a gestão ambiental, e por isso a empresa deve
enfatizar a administração da qualidade ambiental (Total Quality Environmental Management – TQEM),
que tem como base o conceito de Administração da Qualidade Total (Total Quality Management –
TQM), visando à qualidade como dimensão estratégica e a atuação em conjunto para a obtenção da
melhoria contínua.
O processo produtivo deve primar por uma produção mais limpa como forma de prevenir e minimizar
riscos para os seres humanos e o meio ambiente a curto e longo prazos, e para isso é necessária uma
série de medidas que contemplem o consumo mínimo de energia e matéria-prima, a geração mínima
de resíduos e emissões e atendam com prioridade a prevenção, a redução, o reuso e a reciclagem (4Rs).
O caso da empresa Tetra Pak foi utilizado como modelo de aplicabilidade de gestão ambiental na
indústria brasileira por ser uma empresa criou a embalagem longa vida, capaz de manter os produtos
inalterados, e também com uma problemática ambiental, pois os produtos que compunham a
embalagem não eram separados e eram fruto de investimentos e interesses ambientais. Hoje a Tetra
Pak é um exemplo de aplicação da gestão ambiental no Brasil.
REFERÊNCIAS
BARBIERI; J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2007.
INSTITUTO AKATU. Gestão ambiental e preservação do patrimônio. Disponível em: <http://geapufc.
blogspot.com/2010/06/curiosidades.html>. Acesso em 8 nov. 2011.
ISHIKAWA, K. Diagrama de causa e efeito. Disponível em: <http://www.numa.org.br/ transmeth/
ferramentas/ffishikawa.htm>. Acesso em: 7 nov. 2011.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). Desenvolvimento
sustentável. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/customizado/desenvolvimento-territorial/
temas-relacionados/desenvolvimento-sustentavel>. Acesso em: 30 out. 2011.
HOURNEAUX JÚNIOR, F.; BARBOSA, M. de F. de O.; KATZ, S. A gestão ambiental nas indústrias brasileiras:
um estudo de caso. In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 7., 2004. Anais... São Paulo: FEA-USP, 2004.
Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/Semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/
Socioambiental/SA15_Gestao_ambiental_nas_industrias_bras.PDF>. Acesso em: 5 nov. 2011.
107
AULA 8
INTRODUÇÃO
O paradigma do desenvolvimento sustentável expõe a natureza dentro das teorias econômicas sob dois
aspectos: a natureza como fator de produção, fonte de matéria- prima e qualidade de vida.
Isso explica a necessidade do desenvolvimento sustentável estar custeado por práticas e políticas de governo
que implicam decisões capazes de proteger e redirecionar o curso dos eventos econômicos, de maneira
que as atividades que destroem o capital natural ou dissipam recursos renováveis sejam freadas por meio
operacionais que busquem atingir equilíbrio razoável para obtenção de desenvolvimento mais sustentável.
Por essa razão, esta unidade apresentará temas como:
» » o cenário da responsabilidade social;
» » o cenário do voluntariado empresarial;
» » cidadania sustentável: o programa de voluntariado da Phillips;
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
OBJETIVOS
» » Proporcionar a oportunidade de reconhecer os programas de voluntariado e responsabilidade
sociais.
» » Propor a reflexão sobre os temas e como ser partícipe no processo de voluntariado nas
organizações.
» » Dotar de capacidade de reflexão sobre a importância de ser parte no processo multiplicador de
ações e ideias sobre a prática da responsabilidade social.
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AULA 8 - RESPONSABILIDADE SOCIAL E VOLUNTARIADO EMPRESARIAL
O conceito de responsabilidade social ganhou força a partir da década de 1980 e teve como fatores
de influência, segundo Florentino, Amaral e Orsi (2005, p. 4), a:
[...] reorganização do capital, que muda o cenário econômico, tendo como pilar
a competitividade mundial, regional e local, exigindo um novo perfil para a
indústria, trabalhadores, o aumento das condições de pobreza e da degradação
ambiental, que culminou com os movimentos impactantes da Eco-92, a
Campanha Contra a Fome de Betinho e o fortalecimento dos movimentos sociais.
O surgimento de entidades com uma nova forma de pensar e agir empresariais trouxe à arte de
negociar uma visão de cidadania. Tais entidades, como o Grupo de Institutos e Fundações e Empresa
(Gife), o Instituto Ethos (Ethos), o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), entre
outras, foram responsáveis por esse novo agir.
De acordo com Florentino, Amaral e Orsi (2005, p. 5), a responsabilidade social não se restringe “[...]
às ações sociais desenvolvidas pela organização na comunidade”. É necessária a manutenção de um
“[...] diálogo e interação com os demais públicos da empresa, como colaboradores, consumidores e
clientes, fornecedores, meio ambiente, governo e sociedade” (FLORENTINO; AMARAL; ORSI, 2005, p.
5). E, nesse princípio e por meio de atitudes, comportamentos e práticas positivas e construtivas é que
contribuem para concretizar o bem comum e elevar a qualidade de vida de todos.
Os conceitos de responsabilidade social de Ashley et al. (2002) e Oliveira (1984) são:
Como o compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade,
expresso por meio de atos e atitudes que afetam positivamente, de modo
amplo, ou alguma comunidade, de modo especifico, agindo proativamente
e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e sua
prestação de contas para com ela. (ASHLEY et al., 2002 apud FLORENTINO;
AMARAL; ORSI, 2005, p. 5).
A capacidade de a empresa colaborar com a sociedade, considerando seus
valores, normas e expectativas para o alcance de seus objetivos. No entanto,
o simples cumprimento das obrigações legais, previamente determinadas pela
sociedade, não será considerado como comportamento socialmente responsável,
mas como obrigação contratual óbvia, também denominada obrigação social.
(OLIVEIRA, 1984 apud FLORENTINO; AMARAL; ORSI, 2005, p. 5).
111
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Os conceitos demonstram nitidamente que, para uma empresa ser considerada socialmente
responsável, esta não pode se limitar ao cumprimento dos preceitos legais, e sim ir além do esperado,
possibilitando a oferta aos seus colaboradores de um ambiente tranquilo e estável. Paralelamente
a isso, deve buscar, junto à comunidade, formas distintas de proporcionar melhorias na qualidade
de vida desta e de preferência praticar o conceito de economia local viva, como forma de torná-los
partícipes no processo de desenvolvimento.
112
AULA 8 - RESPONSABILIDADE SOCIAL E VOLUNTARIADO EMPRESARIAL
CIDADANIA SUSTENTÁVEL
EXPERIÊNCIA TRANSFORMADORA
A prioridade da Philips são as pessoas. Nossa missão corporativa é enfática nesse ponto: “melhorar
a qualidade de vida das pessoas por meio da introdução oportunidade de inovações tecnológicas
significativas”. Esse é o objetivo que move o dia-a-dia dos 120 mil funcionários da companhia no
mundo. Cada uma de nossas atividades, desde as aparentemente mais simples, deve estar impregnada
dessa idéia.
No entanto, esse desejo de transformação só se materializa se nosso time de funcionários estiver
plenamente engajado no processo. Uma das principais ferramentas de que dispomos para despertar o
exercício de cidadania de nossa equipe é o Programa de Voluntariado da Philips do Brasil, reconhecido
no ano passado pela organização não-governamental Riovoluntário como um dos melhores do País.
Os funcionários que se engajam em algum dos nossos três projetos – Aprendendo com a Natureza,
Doe Vida e Contadores de Histórias – passam por uma verdadeira experiência transformadora. Em
contato com uma realidade diferente da sua e vivenciando um ambiente no qual a hierarquia não
existe e todos trabalham pelo bem comum, o voluntário passa a ser reconhecido como um ser
integral, valorizando seus diversos papéis na sociedade.
O voluntariado gera uma onda progressiva de benéficos: ganha a comunidade, objeto do trabalho;
ganha o funcionário que, além de ampliar a visão de mundo, tem a oportunidade de desenvolver
novas habilidades de liderança, comunicação e trabalho em grupo; e ganha a empresa, que passa a
contar com um time mais preparado para enfrentar as vicissitudes do mercado e com uma imagem
positiva perante a sociedade.
Iniciado em 2001, o Programa de Voluntariado da Philips já beneficiou diretamente mais de 200 mil
pessoas nas localidades em que a empresa tem presença física no Brasil. Mas [...] o que vale mesmo
113
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
é a experiência vivida por cada um, seja participando como voluntário, seja recebendo a atenção dos
beneficiados.
Texto extraído de: MORAES, F. Experiência transformadora. Atitude, São Paulo, fev./mar. 2008.
Disponível em: <http://www.sustentabilidade.philips.com.br/pdfs/2008/atitude_marco2008.pdf>.
Acesso em: 8 nov. 2011.
114
AULA 8 - RESPONSABILIDADE SOCIAL E VOLUNTARIADO EMPRESARIAL
115
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
A pequena empresa que adota a filosofia e práticas da RSE tende a ter uma gestão
mais consciente e maior clareza quanto à própria missão. Consegue melhor
ambiente de trabalho, com maior comprometimento de seus funcionários,
relações mais consistentes com seus fornecedores e clientes e melhor imagem
na comunidade. Tudo isso contribui para sua permanência e seu crescimento,
diminuindo o risco de mortalidade, que costuma ser alto entre os novos
negócios. Ao assumirem uma postura comprometida com a Responsabilidade
Social Empresarial, micro e pequenos empreendedores tornam-se agentes
de uma profunda mudança cultural, contribuindo para a construção de uma
sociedade mais justa e solidária. Você pode fazer mais do que imagina para
participar deste novo tempo. Basta começar. (RESPONSABILIDADE..., 2003, p. 6).
O movimento da responsabilidade social empresarial é decorrente de três fatores que marcam a época
atual: a revolução tecnológica (satélites, telecomunicações), com o encurtamento das distâncias e efeito
multiplicador das informações; a revolução educacional; a revolução cívica, representada por milhões
de pessoas reunidas e organizadas em associações e Organizações Não Governamentais (ONGs), com
interesses na promoção social e proteção do meio ambiente (RESPONSABILIDADE..., 2003).
Esses fatores ocorrem num momento em que chegamos ao limite do uso dos recursos naturais. E,
por isso, momentos delicados e exigências de novos modelos de gestão empresarial socialmente
responsável e novos valores sociais também são oportunidades para surgimentos de novos negócios,
como exemplo o desenvolvimento de novos produtos e serviços ambientalmente sustentáveis.
O Instituto Ethos trata da Responsabilidade Social Empresarial dividindo-a em sete temas: valores e
transparência; público interno; meio ambiente; fornecedores; consumidores e clientes; comunidade;
governo e sociedade.
Valores e transparência correspondem à adoção de condutas e decisões cotidianas como resultadas de
valores e princípios que uma empresa tem. Ser socialmente responsável corresponde ao atendimento
das expectativas sociais com transparência e coerência entre o discurso e a prática.
A empresa deve criar e divulgar a missão, que deve ir além dos propósitos de lucros e ser melhor em
sua atividade. A missão deve identificar suas metas e aspirações, expressar seus valores, sua cultura
e as estratégias a serem utilizadas. Ao definir sua missão, a empresa deve procurar agregar valor
a todos os envolvidos no ambiente empresarial: proprietários, funcionários, cliente, fornecedores,
comunidades e o próprio meio ambiente.
Missão do Laboratório Dr. Pio: “Atender às necessidades e expectativas dos
nossos clientes, oferecendo-lhes serviços de Análises Clínicas de Qualidade”.
Missão da Editora Palavra Mágica: “Transmitir conhecimento e promover
entretenimento e cultura, contribuindo para formar o cidadão e ajudar a
construir uma sociedade justa, solidária e progressista”. (RESPONSABILIDADE...,
2003, p. 13).
A missão da Editora Palavra Mágica foi concebida no momento em que passou a ser considerada
empresa-cidadã, em 1995. Em 2011, sua missão foi modificada para: “Fomentar a leitura para
desenvolver a cidadania e transformar a sociedade”. (FUNDAÇÃO PALAVRA MÁGICA, 2011).
O ideal é envolver funcionários e colaboradores na definição da missão que sua empresa vai adotar.
Depois de pronta, deve-se reunir o pessoal da empresa para uma conversa sobre a missão que a
empresa propôs a cumprir. Por fim, transcrevê-la num quadro, para que fique permanentemente
exposta em lugar de destaque da empresa.
Se houver necessidade, revise periodicamente a missão de seu empreendimento.
116
AULA 8 - RESPONSABILIDADE SOCIAL E VOLUNTARIADO EMPRESARIAL
Os valores éticos de uma empresa determinam a forma pela qual os negócios são administrados e
podem desenvolver relações solidas com fornecedores, clientes e outros parceiros, assegurar atitudes
coerentes com as legislações em vigor e negociar conflitos de interesses.
Entre os princípios geralmente mencionados num Código de Ética estão: honestidade, justiça,
compromisso, respeito ao próximo, integridade, lealdade, solidariedade. Todos esses princípios podem
ser indicados na declaração de valores éticos de sua empresa.
No ambiente de trabalho, é necessário dar esclarecimentos e ouvir opiniões divergentes. As decisões
devem ser comunicadas com clareza, e os funcionários devem estar cientes sobre as responsabilidades
e atribuições, assim como pela prática dos princípios adotados pela empresa. Ao se depararem com
preocupações de ordem ética, devem ser encorajados a conversar com seus superiores para dirimir
todas e quaisquer dúvidas.
O direito das pessoas, ressaltado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, estende-se a
todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, etnia, idade, nacionalidade, religião ou nível
socioeconômico. E, na empresa, o trabalho infantil, o trabalho forçado, a liberdade de associação, os
preconceitos discriminatórios, a saúde e a segurança, também considerados princípios constitucionais
presentes na Constituição Federal de 1988, devem ser expostos num quadro para que todos tenham
conhecimento.
Para o Sebrae (apud RESPONSABILIDADE..., 2003, p. 16), micro e pequenas empresas estão declarando
publicamente seus valores, demonstrando seu desempenho e afirmando seus compromissos através
da publicação do balanço social. E, com referência à Editora Palavra Mágica como “empresa-cidadã”,
pela transparência e postura socialmente responsável adotada pela empresa.
A postura socialmente responsável está incorporada à empresa. Valores como
ética, transparência e qualidade estão presentes tanto nos produtos da editora
como no processo de seleção e na gestão da empresa, que semanalmente reúne
a equipe para debater problemas, rumos e diretrizes, ou mesmo para decidir
117
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
sobre a recusa de clientes que assumam uma postura social não responsável.
Uma das primeiras empresas brasileiras a publicar, nos anos 1990, seu balanço
social em jornais de circulação nacional, a Palavra Mágica conquistou o Prêmio
Valor Social (Ethos – Valor Econômico), o Prêmio Mauá (SEBRAE – Gazeta
Mercantil) e o Prêmio Balanço Social, conferido em 2002 por várias entidades
brasileiras. (RESPONSABILIDADE..., 2003, p. 16).
A valorização dos empregados e colaboradores é outro ponto que deve ser observado. Com a
valorização dos funcionários pelas empresas, estas, na verdade, estão valorizando a si mesmas.
Para que uma empresa seja considerada socialmente responsável, além de respeitar a legislação
trabalhista, deve estar atenta o máximo possível para ouvi-las e incentivá-las a participar, porque isso
leva à aceleração do processo de qualificação da empresa como socialmente responsável, bem como
respeitar a diversidade, ao fazer uso de critérios de contratação que não sejam discriminatórios em
relação a raça, etnia, sexo, idade, religião, ascendência, nacionalidade, estado civil, orientação sexual,
deficiência física ou mental e condições de saúde. (RESPONSABILIDADE..., 2003, p. 17).
A empresa socialmente responsável busca apoio de ONGs cujos objetivos incluam o índice de
emprego de determinados segmentos sociais, como: mulheres, minorias, portadores de deficiência,
ex-presidiários e desempregados. E deve-se dedicar tempo e investimento no treinamento de pessoas
provenientes desses grupos, bem como inibir a prática do assédio sexual, com o estabelecimento de
diretrizes e penalidades contra isto.
Sempre que possível, a empresa socialmente responsável deve investir no desenvolvimento
profissional e autorizar o funcionário a realizar cursos durante o horário de trabalho ou oferecer
subsídios para custeio de cursos profissionalizantes que incluam a educação e o desenvolvimento de
habilidades. E, preferencialmente, conceder gratificação para aqueles que obtiverem a certificação
graduação ou atingirem objetivos.
Dar autonomia aos funcionários é outro ponto que deve ser observado nas empresas socialmente
responsáveis. Para isso, é necessário que a empresa defina seus objetivos para o trimestre ou para o
ano e solicite a cada funcionário que crie um plano de trabalho para alcançar suas metas.
De igual forma, trabalhar a gestão participativa abre oportunidades aos funcionários de conhecer
a empresa e de se comprometerem com esforços com propósitos de alcançar seus objetivos,
proporcionando melhorias no desempenho financeiro da empresa, pois sentirão parte do processo e
responsáveis pelos resultados.
Ações dessa natureza levam espontaneamente aos quesitos remuneração e incentivo, e, para isso,
é fundamental que a empresa crie um plano de participação nos lucros da empresa para que os
funcionários sintam-se inseridos no plano de recompensas bem definido.
Quando a empresa apresentar problemas econômicos, deve evitar as demissões, que quase sempre
ocorrem em massa. O ideal é participar os funcionários sobre a real situação da empresa e buscar
encontrar soluções e negociações que visem à manutenção dos empregos. Caso a redução de pessoal
seja a única solução, esta deve ser realizada com dignidade e respeito ao funcionário, levando em
conta as prioridades e comunicações prévias.
É aconselhável que se valorize os funcionários que ficaram e que eles sejam informados sobre as
razões pelas quais foram mantidos em seus postos e se esclareça a maneira que o trabalho deverá ser
executado a partir das novas oportunidades disponíveis. Deve-se enfatizar os valores e a cultura da
empresa para os funcionários mais antigos e apresente-os aos funcionários novos. Além de preservar
a vida pessoal familiar dos funcionários, com o estabelecimento de metas que não interfiram na vida
pessoal e familiar dos funcionários. Atitudes como: evitar prolongamentos do expediente de trabalho,
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AULA 8 - RESPONSABILIDADE SOCIAL E VOLUNTARIADO EMPRESARIAL
eventos obrigatórios durante o horário de almoço e viagens sem prévio aviso; se não puderem ser
evitados que sejam compensados pelos esforços dobrados.
Dentro do princípio da razoabilidade, a empresa deve oferecer oportunidades aos funcionários para
ajustarem suas agendas às necessidades pessoais, de forma que tenham o tempo de dedicação ao
trabalho e o tempo necessário para a realização de tarefas pessoais, fazer cursos ou dedicarem-se à
solução de problemas familiares. O regime de compensação
pode ser o mais satisfatório para empresas e funcionários, porém não é o único. A empresa cujas
atividades podem ser realizadas a distância pode oferecer a oportunidade de trabalho executados em
casa, usando os meios de telecomunicação disponíveis.
Para empresas com funcionários do sexo feminino que estejam na fase de gestação, a empresa pode
oferecer informações práticas sobre a gravidez, cursos de pré-natal, cuidados especiais com recém-
nascidos e sociais, além de apoiar a adoção voluntária e conceder benefícios aos pais adotivos, por
exemplo: licença-maternidade ou paternidade, assistência financeira etc.
Outro ponto importante a ser trabalhado pela empresa socialmente responsável é estender as condições
para que os filhos dos funcionários sejam acolhidos em creches de boa qualidade no próprio local de
trabalho ou próximo à residência deles e incentivar que os filhos em idade escolar estejam estudando
e promover o conceito de educação como processo permanente aos funcionários e seus familiares.
Ocupar-se da saúde, do bem-estar e da segurança dos funcionários são ações de empresas socialmente
responsáveis, como: firmar parcerias locais para oferecer serviços de assessoria jurídica, pré-escolas,
cuidados com idosos, babás, aconselhamento de carreiras, academias de ginástica; oferecer planos de
saúde a funcionários e dependentes, promoção de checkups, estímulos ao uso do tempo livre, cultivo
de amizades, nutricionistas e outras iniciativas que sejam destinadas aos funcionários.
A promoção de hábitos saudáveis no trabalho, o uso de equipamentos adequados à realização do
trabalho e de uniformes (quando solicitados) adequados para compor a boa apresentação do corpo de
funcionários e que sejam confortáveis contribuem para elevar a autoestima de cada um. O cultivo de
hábitos de organização, higiene e segurança é saudável.
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
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AULA 8 - RESPONSABILIDADE SOCIAL E VOLUNTARIADO EMPRESARIAL
produtos e serviços deve garantir seu uso adequado. Informações detalhadas devem estar incluídas nas
embalagens, bem como o uso assegurado de suporte para o cliente antes, durante e após o consumo.
A organização precisa alinhar-se aos interesses do cliente e buscar satisfazer suas necessidades.
Comunidade – A comunidade na qual a organização está inserida fornece-lhe infraestrutura e capital
social representado por seus empregados e parceiros, contribuindo decisivamente para a viabilização
de seus negócios. O investimento pela organização em ações que tragam benefícios para a comunidade
é uma contrapartida justa, além de reverter em ganhos pata o ambiente interno e na percepção que
os clientes têm da própria organização. O respeito aos costumes e às culturas locais e o emprenho na
educação e na disseminação de valores sociais devem fazer parte de uma política de envolvimento
comunitário da organização, resultado da compreensão de seu papel de agente de melhorias sociais.
Governo e sociedade – A organização deve relacionar-se de forma ética e responsável com os poderes
públicos, cumprindo as leis e mantendo interações dinâmicas com seus representantes, visando
à constante melhoria das condições sociais e políticas do País. O comportamento ético pressupõe
que as relações entre a organização e governos sejam transparentes para a sociedade, acionistas,
empregados, clientes, fornecedores e distribuidores. Cabe à organização manter uma atuação política
coerente com seus princípios éticos e que evidencie seu alinhamento com os interesses da sociedade.
Texto extraído de: ORSI, A. Governança corporativa, responsabilidade social empresarial e diversidade.
In: CARVALHO, A. P. de M. (Org.). MBA executivo: uma abordagem multidisciplinar. São Paulo: Saraiva,
2008. p. 181-200.
SÍNTESE DA UNIDADE
A escassez de recursos naturais cria um cenário de oportunidades para as organizações se destacarem
no processo de gestão empresarial com atuação socialmente responsável e novos valores sociais e
também oportunidades para surgimento de novos valores sociais, negócios e desenvolvimento de
produtos e serviços que sejam ambientalmente sustentáveis.
O Instituto Ethos divide a responsabilidade em sete temas: valores e transparência; público interno;
meio ambiente; fornecedores; consumidores e clientes; comunidade; governo e sociedade.
A empresa deve criar e divulgar a missão, que deve ir além dos propósitos de lucros e ser melhor em
sua atividade. A missão deve identificar suas metas e aspirações, expressar seus valores, sua cultura
e as estratégias a serem utilizadas. Ao definir sua missão, a empresa deve procurar agregar valor
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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
REFERÊNCIAS
CENTRO DE VOLUNTARIADO DE SÃO PAULO (CVSP). Disponível em: <http://www.voluntariado.org.br>.
Acesso em: 5 nov. 2011.
FLORENTINO, C.; AMARAL, D; ORSI, A. Voluntariado empresarial: benefícios agregados às empresas e
seus empregados. In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO (SEMEAD), 8., 2005. Anais... São Paulo: FEA-
USP, 2005.
FUNDAÇÃO PALAVRA MÁGICA. Disponível em: <http://www.palavramagica.org.br/fundacao.asp>.
Acesso em: 6 nov. 2011.
ORSI, A. Governança corporativa, responsabilidade social empresarial e diversidade. In: CARVALHO, A.
P. de M. (Org.). MBA executivo: uma abordagem multidisciplinar. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 181-200.
RESPONSABILIDADE Social Empresarial para micro e pequenas empresas: passo a passo. São Paulo:
Instituto Ethos; Sebrae, 2003.
SWARBROOKE, J. Turismo sustentável: conceitos e impacto ambiental. São Paulo: Aleph, 2000.
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