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INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS AMBIENTAIS

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SUMÁRIO

Introdução às Ciências Ambientais e Substâncias ............................................ 5

INTRODUÇÃO À GESTÃO AMBIENTAL .......................................................... 7

ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL ............................................................. 11

OBJETIVOS E FINALIDADES .......................................................................... 2

DESAFIOS DA GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL ......................................... 2

FUNDAMENTOS BÁSICOS DA GESTÃO AMBIENTAL ................................... 3

ASPECTOS INSTITUCIONAIS E FUNDAMENTOS SOBRE A LEGISLAÇÃO


AMBIENTAL NO BRASIL .................................................................................. 6

SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA)................................. 6

CONSELHO DE GOVERNO ............................................................................. 6

CÂMARA DE POLÍTICA DOS RECURSOS NATURAIS ................................... 6

GRUPO EXECUTIVO DO SETOR PESQUEIRO – GESPE .............................. 7

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA ............................ 7

FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – FNMA ......................................... 8

CONSELHOS AMBIENTAIS NOS ESTADOS................................................... 9

A QUESTÃO DA COLEGIALIDADE .................................................................. 9

COMPÕE OS ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO ..................................................... 10

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS


NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA ............................................................... 10

INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE .............. 11

ZONEAMENTO AMBIENTAL .......................................................................... 12

ZONEAMENTO MUNICIPAL .......................................................................... 12

ZONEAMENTO INDUSTRIAL ......................................................................... 13

1
CARACTERÍSTICAS DAS ZONAS INDUSTRIAIS .......................................... 14

RELOCALIZAÇÃO DE INDÚSTRIAS POLUIDORAS ...................................... 16

ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA ................................................. 16

DIFERENÇA ENTRE ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE


IMPACTO AMBIENTAL .................................................................................. 17

AUDIÊNCIA PÚBLICA .................................................................................... 19

O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO NO EIA ....................................................... 19

LICENCIAMENTO AMBIENTAL...................................................................... 20

AUDITORIA AMBIENTAL ............................................................................... 23

SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS .. 24

CONSELHO NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS ................................. 25

CONSELHOS ESTADUAIS DE RECURSOS HÍDRICOS ............................... 26

COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ..................................................... 27

AGÊNCIAS DE ÁGUAS .................................................................................. 28

BASES LEGAIS PARA A GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL ........................ 30

NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL PARA A


EMPRESA ...................................................................................................... 32

FINALIDADES BÁSICAS DA GESTÃO AMBIENTAL E EMPRESARIAL ........ 33

CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL: NORMA ISO 14 001 (SISTEMAS DE GESTÃO


AMBIENTAL) .................................................................................................. 34

A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL .................................................................... 34

DESENVOLVIMENTO DA ISO FAMÍLIA 14000 .............................................. 38

ISO/ COMITÊ TÉCNICO (TC) 207 .................................................................. 38

As normas geradas/ em geração pelo ISO/TC 207 e sua situação estão no anexo
A. .................................................................................................................... 39

INTRODUÇÃO À ISO 14001 ........................................................................... 39

ESCOPO ........................................................................................................ 39

PARTES INTERESSADAS ............................................................................. 41

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P.D.C.A. e Melhoria Contínua ......................................................................... 41

REQUISITOS DA NORMA NBR ISO 14001/96 ............................................... 43

REQUISITOS GERAIS ................................................................................... 43

POLÍTICA AMBIENTAL .................................................................................. 43

PLANEJAMENTO ........................................................................................... 44

ASPECTOS AMBIENTAIS .............................................................................. 44

REQUISITOS LEGAIS E OUTROS REQUISITOS .......................................... 45

OBJETIVOS E METAS ................................................................................... 46

PROGRAMA(S) DE GESTÃO AMBIENTAL .................................................... 47

IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO ................................................................. 47

ESTRUTURA E RESPONSABILIDADE .......................................................... 47

ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES E AUTORIDADES ....................... 47

RECURSOS.................................................................................................... 48

REPRESENTANTE DA ADMINISTRAÇÃO .................................................... 48

TREINAMENTO, CONSCIENTIZAÇÃO E COMPETÊNCIA ............................ 48

COMUNICAÇÃO ............................................................................................. 49

DOCUMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ........................ 50

CONTROLE DE DOCUMENTOS.................................................................... 50

CONTROLE OPERACIONAL ......................................................................... 50

FORNECEDORES E SUBCONTRATADOS ................................................... 51

PREPARAÇÃO E ATENDIMENTO A EMERGÊNCIAS ................................... 51

VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA ............................................................ 52

MONITORAMENTO E MEDIÇÃO ................................................................... 52

NÃO CONFORMIDADE E AÇÕES CORRETIVA E PREVENTIVA ................. 53

REGISTROS ................................................................................................... 53

AUDITORIA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ................................... 54

ANÁLISE CRÍTICA PELA ADMINISTRAÇÃO ................................................. 55

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COMPROMETIMENTO E POLÍTICA AMBIENTAL ......................................... 56

AGENDA 21 BRASILEIRA .............................................................................. 57

IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 BRASILEIRA (A PARTIR DE 2003) ...... 58

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 62

Bibliografia Básica .......................................................................................... 62

Bibliografia Complementar .............................................................................. 62

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução às Ciências Ambientais e Substâncias
A preocupação com os impactos ambientais decorrentes das atividades
humanas faz parte da história recente da sociedade moderna. Apesar dos
avanços conseguidos nas últimas décadas, muito ainda resta a ser feito para
que consigamos efetivamente construir um modelo de desenvolvimento
sustentável. Modelo este que contempla a necessidade de compatibilizar o
desenvolvimento econômico e social com a preservação e a recuperação
ambiental.
O país, o estado e principalmente o município, têm um importante papel
no processo de gestão ambiental, na preservação do meio ambiente e no
controle das fontes de poluição no nível local. Estando mais próximo dos
problemas locais, o município é o primeiro a sentir esses impactos ambientais,
sendo também onde se apresentam as melhores condições para administrar
esses conflitos e construir uma proposta de gestão que contemple os interesses
econômicos, sociais e ambientais locais.
A Gestão Ambiental é a administração do exercício de atividades
econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos
naturais, renováveis ou não. A gestão ambiental deve visar o uso de práticas que
garantam a conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem das
matérias-primas e a redução do impacto ambiental das atividades humanas
sobre os recursos naturais. Fazem parte também do arcabouço de
conhecimentos associados à gestão ambiental técnicas para a recuperação de
áreas degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos para a exploração
sustentável de recursos naturais, e o estudo de riscos e impactos ambientais
para a avaliação de novos empreendimentos ou ampliação de atividades
produtivas.
A prática da gestão ambiental introduz a variável ambiental no
planejamento empresarial, e quando bem aplicada, permite a redução de custos
diretos - pela diminuição do desperdício de matérias-primas e de recursos cada
vez mais escassos e mais dispendiosos, como água e energia - e de custos

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indiretos - representados por sanções e indenizações relacionadas a danos ao
meio ambiente ou à saúde de funcionários e da população de comunidades que
tenham proximidade geográfica com as unidades de produção da empresa.
À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se
preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio
empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de
maneira mais racional. O próprio mercado consumidor passa a selecionar os
produtos que consome em função da responsabilidade social das empresas que
os produzem. Desta forma, surgiram várias certificações, tais como as da família
ISO14000, que atestam que uma determinada empresa executa suas atividades
com base nos preceitos da gestão ambiental.
Em paralelo, o aumento da procura pelas empresas de profissionais
especializados em técnicas de gestão ambiental motivou o surgimento de cursos
superiores voltados para a formação desses profissionais, tais como Engenharia
Ambiental, Bacharelado em Gestão Ambiental e Tecnologia do Meio Ambiente.

INTRODUÇÃO À GESTÃO AMBIENTAL


O termo gestão ambiental é bastante abrangente. Ele é frequentemente
usado para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos,
como por exemplo: gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestão ambiental
de parques e reservas florestais, gestão de áreas de proteção ambiental, gestão
ambiental de reservas de biosfera e outras tantas modalidades de gestão que
incluam aspectos ambientais.
A gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada para
organizações, ou seja, companhias, corporações, firmas, empresas ou
instituições e pode ser definida como sendo um conjunto de políticas, programas
e práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a
segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente através da eliminação
ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento,
implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de
empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de
um produto.
A Conferência sobre o Meio Ambiente de Estocolmo em 1971 foi um dos
primeiros passos dados pela comunidade internacional em relação ao controle

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da degradação ambiental. Esta conferência lançou um primeiro alerta, no sentido
de demonstrar ao homem que os recursos naturais do planeta são finitos e
profundamente sensíveis às suas atividades. Naquela época, pensava-se que o
principal problema seria em relação à escassez do petróleo que causaria um
colapso no modelo de desenvolvimento até então vigente.
Nas três décadas que se seguiram, houve importantes descobertas de
novas reservas de petróleo tais como as do Mar do Norte na Europa e no Oriente,
mas problemas ambientais se multiplicaram. Houve toda uma série de desastres
ambientais localizados, mas grandes proporções tais como o vazamento de
petróleo do Exxon Valdez no Alasca, o desastre nuclear de Tchernobil na
Ucrânia, a tragédia causada pelo vazamento de cianetos em Bhopal na Índia, a
contaminação por dioxina em Sevezo na Itália e a grande redução dos níveis de
água no mar de Aral na Rússia causados por desvio de água para irrigação em
mega-projetos ligados ao cultivo do algodão.
Além dos desastres ambientais localizados, a biosfera tem sofrido uma
deterioração em larga escala, porém difusa, que pode ser percebida através do
gradual aumento nos níveis de gases causadores do efeito estufa (CO 2, CH4),
do gradual desaparecimento de ozônio (O3) na atmosfera. Outra questão
desalentadora, relaciona-se à constatação de que praticamente todos os
grandes ecossistemas terrestres tem sofrido com a degradação ambiental.
Grandes porções das florestas temperadas na Europa (principalmente na
Alemanha) estão rapidamente se deteriorando em virtude da chuva ácida. Já as
florestas tropicais são outro nítido exemplo desta devastação em larga escala, já
que estão sendo desflorestadas para a expansão agropastoril ou pela atividade
madeireira.
A degradação ambiental pode ser vista também nas grandes cidades
sejam elas no primeiro ou no terceiro mundo. Elas exibem hoje claros sinais de
que é preciso mudar, adotar um novo modelo de desenvolvimento urbano. Los
Angeles tem seu ar altamente envenenado por gases expelidos pelos milhões
de veículos que circulam continuamente pela cidade. A cidade do México e São
Paulo também apresentam problemas agudos de poluição hídrica e atmosférica.
Outras cidades do terceiro mundo tais como Manila, Calcutá ou o Rio de Janeiro
apresentam índices alarmantes de violência urbana causada pela degradação
dos índices gerais de qualidade de vida.

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A Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável, a
Eco 92, no Rio de Janeiro, em seu documento final, a Agenda 21, estabelece
algumas diretrizes que buscam uma rápida mudança neste panorama sombrio.
Alguns princípios:
 participação da comunidade na tomada de decisões relativas à questão
ambiental seja através de associações comunitárias, seja através das
organizações não governamentais;
 incentivo à cooperação internacional no campo da gestão ambiental, dado
o reconhecimento de que a problemática ligada ao meio ambiente pode
ser solucionada de modo mais eficaz através de iniciativas multilaterais;
 reconhecimento do papel crucial dos empresários como importantes
agentes de transformação e melhoria das condições sociais e ambientais
do planeta;
 estabelecimento de diretrizes internacionais no sentido de orientar os
governos a melhorar seu aparato legal e institucional no que concerne a
gestão ambiental dos seus recursos renováveis;
 reconhecimento dos problemas ambientais enfrentados pelas nações em
desenvolvimento especialmente no que tange a perda de biodiversidade
nas florestas tropicais;
 reconhecimento do impacto causado pelas nações mais ricas na
degeneração ambiental, principalmente no tocante às anomalias
climáticas tais como o enriquecimento de gás carbônico potencial
causador do chamado efeito estufa e o desaparecimento da camada
protetora de ozônio em altas latitudes, especialmente no hemisfério
austral;
 introdução de novas políticas educacionais visando o fortalecimento da
consciência ambiental nas populações em geral;
 apoio à atividade científica ligada à gestão ambiental, especialmente no
tocante à transferência de conhecimentos dos países ricos em direção
aos países em desenvolvimento.
Se estas novas diretrizes irão modificar - para melhor - o quadro atual de
degradação ambiental ainda é incerto. Porém, verifica-se hoje uma mudança de
atitudes em escala global. A sociedade exibe claros sinais de maior engajamento
ambiental, expresso nas mudanças de hábitos de consumo, no aumento do

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número de organizações não governamentais, no crescimento do engajamento
político (listas verdes) do movimento ambientalista.

Figura 1: Gestão Ambiental Moderna


A gestão ambiental moderna é um processo multidimensional de
preservação e melhoria contínua das condições ambientais da biosfera. Este
processo (Figura 1) envolve a participação de diferentes setores da sociedade,
de todos os níveis governamentais, dos agentes econômicos e da comunidade
científica. O processo é gerenciado e financiado pelos diferentes agentes
econômicos sejam eles privados ou estatais. A gestão ambiental baseia-se na
conformidade com a legislação ambiental que por sua vez está baseada na
existência de normas e padrões ambientais que são propostos pelo Poder
Executivo e posteriormente validados pelo Poder Legislativo. Embora o
Executivo tenha, em alguns casos, o poder moderador, este é, em última
instância, responsabilidade do Poder Judiciário. Os conhecimentos científicos
que embasam todo este processo são fornecidos pela comunidade científica.
Todo o processo é continuamente avaliado pela sociedade em geral que, através
das organizações não-governamentais e por sua participação nos órgãos
colegiados ambientais nos Estados (FEAM, em Minas Gerais) e nos Municípios
(CODEMAS), pode, nos momentos adequados, se manifestar e solicitar novas
mudanças no processo.

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ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental, no entanto, esbarra num grande obstáculo. A teoria


ecológica, base para que entendamos todo o funcionamento dos ecossistemas
encontra-se numa fase ainda muito embrionária. Os ecólogos tem uma razoável
noção da estrutura e funcionamento dos ecossistemas mas não são capazes,
ainda, de fazer predições sobre o seu funcionamento.
Os políticos são, em essência, administradores de conflitos. Uma vez que
existem interesses conflitantes, os políticos necessitam de respostas objetivas
para instruir o mecanismo de tomada de decisões. Os ecólogos estão, no
entanto, incapacitados em fornecer tais respostas no nível de detalhamento
desejado.
Vejamos um exemplo. Os ecólogos teriam enormes dificuldades em
estimar exatamente qual seria o impacto, em termos de extinções de espécies,
causado por um grande projeto na Amazônia tal como a construção de uma
hidroelétrica ou um projeto agropecuário. Quais seriam as modificações precisas
em termos de qualidade de água em um rio após a construção de uma indústria
de beneficiamento de alimentos? Em quantas miligramas aumentaria a demanda
bioquímica de oxigênio (DBO) média do rio, após receber os efluentes desta
indústria? Quais seriam os efeitos quantitativos de diferentes metodologias de
tratamento de efluentes?
Os ecólogos podem prever que haverá uma "certa probabilidade" que
algumas espécies venham a ser extintas caso um empreendimento na Amazônia

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seja efetivado ou estimar que poderá haver um "aumento significativo" da DBO
caso a indústria acima mencionada seja construída.
Um emitente ecólogo alemão, prof. Dr. Wofram Bauman, da Universidade
de Mainz, em recente simpósio em Ouro preto (Deutcher Akademischer
Austauch Dienst - DAAD, workshop em setembro de 1998), afirmou que
atualmente existe um "grande débito" na pesquisa ecológica, mesmo a pesquisa
de natureza estritamente aplicada. Este débito refere-se ao fato de que os
ecólogos, embora hoje estejam aptos a manipular uma teia conceitual
razoavelmente complexa, são ainda incapazes de responder a perguntas
específicas dos políticos. Esta incapacidade gera na comunidade, sempre
segundo o Dr. Bauman, os seguintes tipos de postura científica:
 enfoque "ingênuo": pesquisadores que, apesar de gozarem grande
reputação entre os colegas, realizam uma pesquisa ecológica muito
superficial. São capazes de publicar dezenas de artigos científicos, a
maioria deles em periódicos de baixo a médio impacto. O conteúdo de
sua pesquisa não é minimamente capaz de fornecer aquilo de que os
políticos realmente necessitam. Na maioria dos casos, apresentam-lhes
um produto cosmeticamente elegante, mas sem qualquer robustez
científica;
 enfoque "fraudador": seria aquele pesquisador que, mesmo sabendo das
evidentes limitações da ciência, insiste - através de simulações e outros
artifícios matemáticos - em propor alternativas tecnológicas e respostas
que, embora herméticas e aparentemente robustas, não encontram
respaldo algum na realidade do meio ambiente. Eventualmente, ele é
capaz de produzir publicações de alto impacto, que seriam aceitas mais
pela forma do que pelo conteúdo de suas pesquisas;
 enfoque "realista": seria a postura desejável que englobasse toda a
sofisticação analítica do item (b), tivesse os olhos abertos para as
perguntas específicas dos gestores, elaborasse projetos com
características tanto descritivas quanto experimentais, dentro do
compromisso de validar suas análises com a realidade mensurável no
campo.
As afirmações do Dr. Bauman evidentemente causaram um acalorado
debate mas, mesmo se exageradas, elas talvez sirvam para que reflitamos um

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pouco sobre as limitações da ecologia em resolver os problemas ambientais
atuais. É preciso também reconhecer que a ecologia está tendo uma vertiginosa
evolução nas últimas décadas e, assim como a Química no século XVIII, talvez
esteja no limiar de uma grande síntese conceitual. O problema de limitação
teórica não é privativo da ecologia. Afinal podemos traçar inúmeros paralelos
entre a economia e a ecologia e outras ciências sociais modernas. A primeira
definição de Ecologia, dada pelo naturalista alemão Ernst Haeckel, foi a ecologia
como o estudo da economia da natureza. A ecologia e a economia, por exemplo,
são soft-sciences e buscam nos modelos estatísticos empíricos os padrões e as
leis maiores que ainda lhes faltam para se transformarem em hard sciences tais
como a Química ou a Física. No entanto, não é pela falta de princípios universais
que os governos irão demitir todos os economistas que fracassarem no combate
à inflação!
A gestão ambiental moderna se faz através de instrumentos de gestão
que definem papéis precisos para todos os agentes que tomam parte no
processo. Podemos definir os instrumentos de gestão em diferentes níveis:
Nível governamental:
 zoneamento ambiental  polícia ambiental
 licenciamento ambiental  penalização aos infratores
 auditoria ambiental  criação de reservas
 normatização/fiscalização ambientais
Agentes econômicos:
 monitoramento ambiental  rotulagem ambiental
 certificação ambiental
Ciências ambientais:
 conhecimentos científicos  participação em organizações
 novas técnicas ambientais não governamentais
 formação de pessoal  participação em colegiados
 sociedade dos órgãos ambientais
As ciências ambientais são muitas e podem ser tipificadas e
hierarquizadas da seguinte forma:
Núcleo Biológico:
 Ecologia e suas sub-áreas  Ecofisiologia
 Ecotoxicologia

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 Hidrobiologia e Oceanografia  Fisiologia
Biológica  Biogeografia
 Ecologia Animal e Vegetal  Microbiologia
 Modelagem e Simulação  Biotecnologia Aplicada ao
Ecológicas Meio Ambiente
 Botânica e Zoologia e suas  Biologia Molecular aplicada
sub-áreas ao Meio Ambiente
 Taxonomia dos Grupos  Genética de Microorganismos
Recentes  Bioquímica Ambiental
Núcleo de Domínio Conexo:
 Química Orgânica  Pedologia
 Química Analítica  Climatologia
 Geociências  Ciências Sociais
 Geomorfologia  Economia
 Geologia  Sociologia
 História
Núcleo de Ciências Aplicadas:
 Arquitetura e Urbanismo  Engenharia de Processos
 Engenharia Ambiental Industriais
 Saneamento  Biorremediação de solos
 Engenharia de Minas

OBJETIVOS E FINALIDADES
O objetivo maior da gestão ambiental deve ser a busca permanente de
melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho
de qualquer organização pública ou privada.
A busca permanente da qualidade ambiental é portanto um processo de
aprimoramento constante do sistema de gestão ambiental global de acordo com
a política ambiental estabelecida pela organização.
Há também objetivos específicos da gestão ambiental, claramente
definidos segundo a própria norma NBR-ISO 14.001 que destaca cinco pontos
básicos.

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Além dos objetivos oriundos da norma ISO, em complemento, na prática,
observam-se outros objetivos que também podem ser alcançados através da
gestão ambiental, a saber:

Gerir as tarefas da empresa no que diz respeito a políticas, diretrizes e


programas relacionados ao meio ambiente e externo da companhia;
manter, em geral, em conjunto com a área de segurança do trabalho, a
saúde dos trabalhadores;
Produzir, com a colaboração de toda a cúpula dirigente e os
trabalhadores, produtos ou serviços ambientalmente compatíveis;
Colaborar com setores econômicos, a comunidade e com os órgãos
ambientais para que sejam desenvolvidos e adotados processos produtivos que
evitem ou minimizem agressões ao meio ambiente.

DESAFIOS DA GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL


O Brasil sofreu dramáticas modificações em sua estrutura social e no
desenvolvimento regional ao longo do século XX. Em termos demográficos
experimentamos um grande crescimento populacional nos centros urbanos
particularmente nas regiões Sul e Sudeste bem como nas capitais do Nordeste.
Em termos econômicos, o país passou de exportador de produtos agrícolas para
uma economia com elevado grau de industrialização. Por outro lado, a partir dos
anos sessenta, o país abre novas fronteiras do desenvolvimento ocupando
grandes extensões territoriais no Centro Oeste, com a construção de Brasília,
que provocou o rápido desenvolvimento econômico e social desta região. A
construção de rodovias na Amazônia também modificou os fluxos migratórios
internos com a ocupação rápida de grande áreas na Amazônia, principalmente
no Pará, Mato Grosso, Rondônia e Maranhão.
As modificações sócio-econômicas vivenciadas pelo Brasil ao longo dos
últimos 50 anos trouxeram consigo um grande passivo ambiental. Em
decorrência dos fatos acima assinalados, pode-se hoje afirmar que os principais
problemas ambientais hoje no Brasil seriam:
 poluição de recursos hídricos, da atmosfera e do solo causada pelo
rápido desenvolvimento industrial e crescimento urbano;

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 impactos ecológicos causados pela construção de grandes
barragens de usinas hidroelétricas;
 impactos ecológicos causados pela atividade de mineração de
ferro, bauxita, manganês, zinco e cobre;
 desflorestamento na Amazônia;
 expansão agrícola nos Cerrados;
 impactos ambientais de anomalias climáticas;
 impactos ambientais gerados pela expansão desordenada dos
centros urbanos.
O controle de todos os problemas citados acima começa pelo
entendimento dos aspectos institucionais e legais envolvidos com a gestão
ambiental no Brasil. Recentemente foi instituído o Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA que estabelece precisamente quais são os instrumentos
de gestão Ambiental no Brasil. Adicionalmente, a partir dos anos oitenta, foram
promulgadas importantes leis e normas ambientais que devem ser conhecidas
pelos gestores ambientais.

FUNDAMENTOS BÁSICOS DA GESTÃO AMBIENTAL

Os fundamentos, ou seja, a base de razões que levam as empresas a


adotar e praticar a gestão ambiental são vários. Podem perpassar desde
procedimentos obrigatórios de atendimento da legislação ambiental até a fixação

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de políticas ambientais que visem a conscientização de todo o pessoal da
organização.
A busca de procedimentos gerenciais ambientalmente corretos, incluindo-
se aí a adoção de um Sistema Ambiental (SGA), na verdade, encontra inúmeras
razões que justificam a sua adoção. Os fundamentos predominantes podem
variar de uma organização para outra. No entanto, eles podem ser resumidos
nos seguintes básicos:
 Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados e estão sendo
fortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão e
degradação decorrentes de atividades públicas ou privadas, portanto
estão cada vez mais escassos, relativamente mais caros ou se encontram
legalmente mais protegidos.
 Os bens naturais (água, ar) já não são mais bens livres/grátis. Por
exemplo, a água possui valor econômico, ou seja, paga-se, e cada vez se
pagará mais por esse recurso natural. Determinadas indústrias,
principalmente com tecnologias avançadas, necessitam de áreas com
relativa pureza atmosférica. Ao mesmo tempo, uma residência num bairro
com ar puro custa bem mais do que uma casa em região poluída.
 O crescimento da população humana, principalmente em grandes regiões
metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, exerce forte
consequência sobre o meio ambiente em geral e os recursos naturais em
particular.
 A legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com o meio
ambiente, exigência essa que conduz coercitivamente a uma maior
preocupação ambiental.
 Pressões públicas de cunho local, nacional e mesmo internacional exigem
cada vez mais responsabilidades ambientais das empresas.
 Bancos, financiadores e seguradoras dão privilégios a empresas
ambientalmente sadias ou exigem taxas financeiras e valores de apólices
mais elevadas de firmas poluidoras.
 A sociedade em geral e a vizinhança em particular está cada vez mais
exigente e crítica no que diz respeito a danos ambientais e à poluição
provenientes de empresas e atividades. Organizações não-
governamentais estão sempre mais vigilantes, exigindo o cumprimento da

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legislação ambiental, a minimização de impactos, a reparação de danos
ambientais ou impedem a implantação de novos empreendimentos ou
atividades.
 Compradores de produtos intermediários estão exigindo cada vez mais
produtos que sejam produzidos em condições ambientais favoráveis.
 A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aceita por
acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas.
 Acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investir
em empresas lucrativas sim, mas ambientalmente responsáveis.
 A gestão ambiental empresarial está na ordem do dia, principalmente nos
países ditos industrializados e também já nos países considerados em
vias de desenvolvimento
 A demanda por produtos cultivados ou fabricados de forma
ambientalmente compatível cresce mundialmente, em especial nos
países industrializados. Os consumidores tendem a dispensar produtos
e serviços que agridem o meio ambiente.
 Cada vez mais compradores, principalmente importadores, estão exigindo
a certificação ambiental, nos moldes da ISO 14.000, ou mesmo
certificados ambientais específicos como, por exemplo, para produtos
têxteis, madeiras, cereais, frutas, etc. Tais exigências são voltadas para
a concessão do “Selo Verde”, mediante a rotulagem ambiental. Acordos
internacionais, tratados de comércio e mesmo tarifas alfandegárias
incluem questões ambientais na pauta de negociações culminando com
exigências não tarifárias que em geral afetam produtores de países
exportadores. Esse conjunto de fundamentos não é conclusivo, pois os
quesitos apontados continuam em discussão e tendem a se ampliar. Essa
é uma tendência indiscutível, até pelo fato de que apenas as normas
ambientais da família ISO 14.000 que tratam do Sistema de Gestão
Ambiental e de Auditoria Ambiental encontram-se em vigor.

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ASPECTOS INSTITUCIONAIS E FUNDAMENTOS SOBRE
A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA)
O Direito Ambiental moderno faz os cidadãos saírem de um estatuto
passivo de beneficiários, fazendo-os compartilhar da responsabilidade na gestão
dos interesses da coletividade inteira. Deste modo, A Declaração do Rio de
Janeiro, da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Rio 92) em
seu artigo 10 diz:" o melhor modo de tratar as questões do meio ambiente é
assegurando a participação de todos os cidadãos interessados, ao nível
pertinente".
Desta forma O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA prevê
uma participação ativa da comunidade. O SISNAMA compõem-se dos seguintes
órgãos colegiados:

CONSELHO DE GOVERNO
Este conselho tem como competência assessorar a Presidência da
República na formulação de diretrizes de ação governamental. Ele foi instituído
pela Medida Provisória - MP 813 de 1.1.95, que vem sendo renovada em várias
ocasiões.
O Conselho de Governo pode atuar em dois níveis: O Conselho de
Governo e as Câmaras do Conselho de Governo. O Conselho de Governo é
composto pelos Ministros de Estados, pelos titulares dos órgãos essenciais da
Presidência da República (Casa Civil, Secretaria Geral, Secretaria de
Comunicação Social, Secretaria de Assuntos Estratégicos e Casa Militar) e pelo
Advogado-Geral da União e será presidido pelo Presidente da República ou pelo
ministro de estado chefe da Casa Civil.

CÂMARA DE POLÍTICA DOS RECURSOS NATURAIS


Esta câmara foi criada por decreto (DL 1696 de 13.11.95) e tem como
objetivo: "formular as políticas públicas e diretrizes relacionadas com os recursos
naturais e coordenar a sua implementação". A câmara é integrada por nove
ministros: Chefe da Casa Civil, Fazenda, Planejamento, Minas e Energia, Meio
Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal, Agricultura, Abastecimento e

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Reforma Agrária, Relações Exteriores, Ciência e Tecnologia, Indústria, Comércio
e Turismo). As ações executivas estão a cargo do Comitê Executivo desta
câmara integrado pelos secretários-executivos dos ministérios envolvidos e pelo
Sub-Chefe Executivo da Casa Civil. Representantes de outros órgãos do
governo poderão ser convidados a participar das reuniões.
A Câmara de Políticas dos Recursos Naturais tem dois objetivos: a)
formular políticas públicas e b) propor diretrizes executivas relacionadas com os
recursos naturais;
Uma observação importante refere-se ao fato que nem a sociedade civil
nem os Estados tem representação na Câmara de Políticas dos Recursos
Naturais e em seu comitê executivo. Outro ponto importante é que este conselho
tem algumas atribuições que se sobrepõem ao CONAMA e que, portanto, pode
haver algum conflito entre eles com evidente desprestígio para o segundo órgão
dada a estrutura de poder associada à Câmara de Políticas dos Recursos
Naturais.

GRUPO EXECUTIVO DO SETOR PESQUEIRO – GESPE


Este conselho foi criado pelo decreto 1697 de 13.11.95. Compete ao
GESPE propor à Câmara de Políticas dos Recursos Naturais a Política Nacional
de Pesca e Aquicultura e coordenar em nível nacional a sua implementação. O
GESPE é um órgão executivo e não normativo.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE –


CONAMA
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente criou o CONAMA. A Lei
8.028/90 deu a seguinte redação para o artigo 6, II: "Órgão Consultivo e
Deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, com a
finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes
de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e
deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis
com o meio ambiente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida".
Os instrumentos da política do meio ambiente são os seguintes:
 estabelecimentos de padrões de qualidade ambiental;
 zoneamento ambiental;

7
 avaliação de impactos ambientais;
 licenciamento e auditoria ambiental;
 criação de estados ecológicos e área de proteção ambiental e o sistema
nacional de informações ambientais;
 cadastro técnico federal das atividades e instrumentos de defesa
ambiental e penalidades disciplinares ou compensatórias.
O CONAMA tem suas competências bem demarcadas: assessoramento
do Conselho de Governo e suas ações deliberativas. O estabelecimento de
normas e critérios para o licenciamento, como também para o estabelecimento
de padrões de controle do meio ambiente é competência do CONAMA consoante
o artigo 8, I, da Lei 6.938/81 e posteriores leis tais como o artigo 53 da Lei
8.028/90.

FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – FNMA


O Fundo Nacional do Meio Ambiente -FNMA tem como objetivo
desenvolver os projetos que visem o uso racional e sustentável de recursos
naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade
ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da população. Ele foi
instituído em 10.07.89 através da Lei 7.797.
As aplicações de recursos financeiros serão prioritariamente direcionadas
para as seguintes áreas:
 unidades de conservação;
 pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
 educação ambiental;
 manejo e extensão florestal;
 desenvolvimento institucional;
 controle ambiental;
 aproveitamento econômico racional e sustentável da flora e da fauna
nativas.
Um aspecto pouco compreensível refere-se a prioridade na sua área de
atuação à Amazônia Legal, mesmo que exista a frase " sem prejuízo a outras
ações no âmbito nacional". Este tipo de regionalismo nas ações governamentais
tem causado todo tipo de distorção e, em muitos casos, tem gerado parcialidade
nas deliberações destes órgãos. Não existe nenhuma fundamentação ecológica

8
que justifique ser o ecossistema amazônico mais importante ou mais valioso que
os demais ecossistemas existentes no território nacional.

CONSELHOS AMBIENTAIS NOS ESTADOS


Os estados também foram obrigados a criar os Conselhos Estaduais do
Meio Ambiente. Alguns exemplos:
 Conselho Estadual de Proteção Ambiental - CEPRAM (Bahia): criado
através da Lei 3.858 de 3.11.80;
 Comissão de Política Ambiental - COPAM (Minas Gerais|): criada pela Lei
7.772 de 8.9.80;
 Conselho de Tecnologia e Meio Ambiente - (Sta. Catarina): criado em
1.6.79 pelo Decreto 7.755.
Outros conselhos estaduais serão listados mais adiante.

A QUESTÃO DA COLEGIALIDADE
Os diferentes órgãos do SISNAMA são órgãos ambientais baseados na
colegialidade. Em princípio, a estrutura colegiada nos dá uma ideia errônea de
que eles seriam eficazes e garantiriam o interesse comum. Um colegiado para
ser eficaz depende primeiramente da clareza de suas finalidades e do
dimensionamento de suas competências. A eficiência destes órgãos vai ainda
depender dos critérios de escolha dos membros, dos requisitos exigidos aos
membros, da duração do mandato, do processamento das votações, da
frequência de reuniões e do modo de convocá-las.
Existem vários entraves impedindo o bom funcionamento destes órgãos:
 as questões a serem debatidas já vem com soluções imutáveis;
 ausência de obrigação de frequência dos componentes dos órgãos
causando posterior reação de insurgência contra decisões tomadas,
ainda que de forma subreptícia;
 diluição de responsabilidade caso a votação seja secreta;
 ordens do dia preparadas de forma superficial e apressada;

Este ministério foi criado pela Lei 8.490 de 19.11.92. As competências do


ministério são as seguintes:

9
 planejamento, coordenação, supervisão e controle das ações relativas ao
meio ambiente e aos recursos hídricos;
 formulação e execução da política nacional do meio ambiente e dos
recursos hídricos;
 preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais
renováveis;
 implementação de acordos internacionais na área ambiental.

COMPÕE OS ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO


 Conselho Nacional do Meio Ambiente
 Conselho Nacional da Amazônia Legal
 Conselho Nacional dos Recursos Naturais Renováveis
 Comitê do Fundo Nacional do Meio Ambiente
 Secretaria de Coordenação dos Assuntos do Meio Ambiente
 Secretaria de Coordenação dos Assuntos da Amazônia Legal
 Secretaria de Coordenação dos Assuntos de desenvolvimento Integrado
 Secretaria de Recursos Hídricos

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS


RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA
O IBAMA foi criado pela Lei 7.735 de 22.2.89. A Lei 8.028/90 deu nova
redação ao artigo 2 da Lei 7.735. O IBAMA é uma autarquia federal de regime
especial, dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia
administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e da
Amazônia Legal. O IBAMA tem a finalidade de assessorar o citado ministério na
formulação e coordenação da política nacional do meio ambiente bem como na
preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais.
O IBAMA surgiu da fusão de quatro organismos administrativos:
 Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA)
 Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF)
 Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE)
 Superintendência da Borracha (SUDHEVEA).

10
INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO
AMBIENTE

Esta política esta embasada em novos procedimentos administrativos a


saber:

 AÇÃO ADMINISTRATIVA NO TEMPO


Este preceito prevê uma contínua melhoria ou aperfeiçoamento na
legislação ambiental. A proposição de certas normas deve vencer a resistência
da sociedade principalmente se elas preveem aumento de custos ou restrições
de autonomias. Outro ponto importante refere-se à ignorância institucional,
quando muitas repartições ou autarquias simplesmente desconhecem por
completo as mais elementares normas de boa conduta ambiental. Portanto, o
aumento da degradação ambiental está, em muitos casos, associado a um
estado mau gestor dos recursos naturais.
 DIREITO À PUBLICIDADE AMBIENTAL
A adoção do princípio da publicidade está prevista no artigo 19 da
Declaração Universal dos Direitos do Homem, que proclama o direito de receber
informações e opiniões e de divulgá-las, sem limitação de fronteiras. A
divulgação pública e preliminar dos projetos que possam trazer danos ao meio
ambiente tem sido valorizada como uma eficiente técnica de gestão ambiental.

A publicidade prévia não retira da Administração seu poder de decisão.


Pelo contrário, faz com que ela possa comunicar-se não só com quem está
pretendendo iniciar um empreendimento, mas também com aqueles que possam
vir a sofrer as consequências deste empreendimento.

A divulgação possibilita a manifestação do público, significando quase que


uma consulta aos interessados antes da decisão. Saliente-se que tal tipo de
medida não visa a marginalizar o Poder Legislativo, que interferirá normalmente

11
na elaboração das leis e na canalização de protestos e de outras
reinvindicações.
 DIREITO À INFORMAÇÃO AMBIENTAL
Tal direito é peça fundamental para o exercício de uma política de meio
ambiente independente e atuante. As medidas de precaução existentes no início
da instalação de um empreendimento seriam totalmente inócuas caso fossem
sonegados ao público os dados relativos aos efluentes gerados por este
empreendimento.
 FASE CONCILIATÓRIA
A Administração precisa ser interlocutora dos dois lados em confronto
potencial. Desta forma não é eficaz e nem ético que se negocie apenas com os
empresários. As vítimas em potencial, representadas por associações
comunitárias e outras organizações não governamentais (ONG's), devem estar
presentes.
Dada a composição do CONAMA (que espera-se passe a ser imitado em
todos os estados e municípios) pode o mesmo operar como agente conciliador
de interesses antagônicos. Este órgão possui, entre suas atribuições, aquela que
prevê a homologação de acordos visando a transformação de penalidade
pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse coletivo para a
preservação ambiental.

ZONEAMENTO AMBIENTAL
O zoneamento como definido pelo arquiteto Le Corbusier é uma opressão
feita no plano de uma cidade com a finalidade de atribuir a cada função e a cada
indivíduo seu justo lugar. O zoneamento ambiental tem pois por finalidade o bem-
estar da população no que tange sua saúde, tranquilidade, trabalho adequado,
segurança, lazer e cultura dos valores espirituais.

ZONEAMENTO MUNICIPAL
Atualmente é dada preferência ao termo zoneamento municipal em
detrimento do termo zoneamento urbano, devido ao fato de que a divisão do
território não se restringe tão somente ao perímetro urbano e sim a toda área do
município.

12
A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 182, parágrafo primeiro
passou a exigir de todos os municípios com mais de 20.000 habitantes a
elaborarem um plano diretor. Uma ordenação da cidade é uma peça integrante
deste plano. Os objetivos de tal plano seriam viabilizar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade. Neste sentido, o plano diretor deve inventariar e
diagnosticar qual é a vocação ecológica das diferentes áreas e espaços de uma
cidade, quais os seus usos e quais as limitações ao uso destes espaços.
O zoneamento ambiental de uma cidade pode avivar certos conflitos
principalmente quando se trata do controle do poder poluidor de antigos
empreendimentos. É norma constitucional de que a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Por outro lado, não há o direito
adquirido de poluir. O direito administrativo de vários países europeus, por
exemplo, consagra o princípio de que uma dada autorização para a abertura,
funcionamento de determinado empreendimento é sempre outorgada sob
reserva de direitos de terceiros. Outro ponto importante refere-se ao fato de que
as normas de direito público (administrativo, processual e de organização
judiciária) são retroativas e contra elas não se pode aplicar ou invocar direitos
adquiridos. Assim, se sobrevier lei nova que torne proibido, numa determinada
zona, as atividades de um empreendimento pré-existente, seus titulares ou
representantes legais não tem o direito adquirido à sua continuidade, mas terão
direito subjetivo à renovação da licença se os pressupostos de sua outorga
persistirem existindo.
Outro ponto conflitante refere-se ao zoneamento ambiental e o direito à
propriedade. A Constituição Brasileira estabelece uma relação da propriedade
com a sociedade (artigo 5, XXIII e artigo 170, III e VI, ambos da Constituição
Federal de 1988). Inexiste juridicamente apoio para a propriedade que agrida a
sociedade que fira os direitos de outros cidadãos. Aqui temos a tese de que o
direito adquirido tem o seu preciso limite na fronteira onde seja claro que ele
implique em prejuízo do interesse coletivo.

ZONEAMENTO INDUSTRIAL
Dispositivos legais isolados nos Códigos Brasileiros (artigos 554 e 584 do
Código Civil e 271 do Código Penal e 38 da Lei das Contravenções Penais) não
conseguiram evitar que houvesse uma enorme degradação ambiental no Brasil,

13
principalmente a partir dos anos sessenta. Isto é o que pretende evitar o
zoneamento ambiental. As diretrizes básicas para o zoneamento ambiental no
Brasil estão presentes na Lei 6.803/80, publicada no Diário Oficial da União em
3.7.80. Esta foi uma das primeiras leis de importância exclusivamente ambiental
aprovada (com dificuldades) pelo Congresso Nacional. Esta lei juntamente com
a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente -SEMA em 1973 e os
Decretos Leis de 1.413/75 e 76.389/75 selam o efetivo engajamento do Poder
Público na preservação do meio ambiente no Brasil.
A lei do zoneamento industrial prevê em seu artigo 10, parágrafo 2 e 3
que somente deverá haver estudos de impacto ambiental nos casos de polos
petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos bem como instalações nucleares e
outros caos definidos em lei.
O Decreto 76.389/75 estabeleceu as áreas críticas de poluição no Brasil:
as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife,
Salvador, Porto Alegre, Curitiba, região de Cubatão e de Volta Redonda, bacias
hidrográficas do médio e baixo Rio Tietê, do Rio Paraíba do Sul, do rio Jacuí e
estuário do Guaíba, todas as bacias hidrográficas de Pernambuco e de Santa
Catarina. As zonas destinadas à instalação de novas indústrias nas áreas acima
devem seguir novos preceitos legais. Este decreto tem a limitação de não prever
as normas para outras áreas que não as de estado crítico de poluição.
A Lei do zoneamento industrial (Lei 6.803/80) prevê que a implantação
das novas indústrias deva se dar dentro dos limites das zonas industriais exceto
nos casos quando as indústrias dadas as suas características tenham que ser
alocadas próximo às fontes de matéria prima e indústrias que por interesse
público pretendam instalar-se fora das zonas industriais. A lei federal deixou para
a esfera municipal a instituição do zoneamento urbano.

CARACTERÍSTICAS DAS ZONAS INDUSTRIAIS


Zona de uso estritamente industrial - o artigo 2 define as zonas de uso
estritamente industrial como aquelas destinadas à localização de
estabelecimentos industriais cujos resíduos sólidos, líquidos, gasosos, ruídos,
vibrações, emanações e radiações possam causar perigo ao bem-estar e à
segurança das populações, mesmo após a aplicação de métodos adequados ao
controle e tratamento de efluentes nos termos da legislação vigente.

14
As área de uso estritamente industrial devem ter as seguintes
características:
 elevada capacidade de assimilação de efluentes e proteção ambiental;
 boa infra-estrutura de serviços básicos necessários ao seu
funcionamento, segurança e manutenção;
 anéis de vegetação capazes de tamponar os possíveis impactos me áreas
adjacentes.
Não poderão existir nestas áreas escolas, hospitais e áreas residenciais.
Havendo ação judicial, o primeiro a ser responsabilizado será o Poder Público
que autorizou a instalação (inadequada) de atividades não essenciais que
estejam sofrendo os prejuízos da poluição.
Zona de uso Predominantemente Industrial - estas áreas são previstas
para indústrias cujos processos, submetidos a métodos adequados de controle
e tratamento adequado de efluentes, não causam incômodos sensíveis às
demais atividades urbanas e nem perturbam o repouso das populações. Nesta
zona podem ainda serem registrados efeitos da poluição que, no entanto, não
poderão causar incômodos apreciáveis ou manifestos, principalmente no que diz
respeito ao repouso noturno.
Zona de Uso Diversificado - nestas zonas, as atividades não exigem o
uso de métodos especiais de controle, não gerando qualquer tipo de dano para
a saúde, bem-estar e a segurança das populações.
Zona de Reserva Ambiental - tais zonas são constituídas por áreas em
que, " por suas características culturais, ecológicas, paisagísticas ou pela
necessidade de preservação dos mananciais e proteção de áreas especiais
ficará vedada a localização de estabelecimentos industriais". A Lei 6.803/80 não
definiu o que sejam áreas especiais. Posteriormente a Lei 6.902/81 previu mais
detalhadamente o que seriam as área de proteção ambiental, onde as seguintes
atividades deveriam ser proibidas:
 a implantação e funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras,
capazes de afetar os mananciais de água;
 realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais quando
essas iniciativas causarem impacto ecológico sensível;
 exercício de atividades que impliquem em erosão ou assoreamento
acelerados;

15
 atividades que impliquem em risco de extinção de espécies da biota
regional.

RELOCALIZAÇÃO DE INDÚSTRIAS POLUIDORAS


A transferência de atividade poluidora possibilitada pelo artigo primeiro,
parágrafo terceiro e incentivada pelo direito de condições especiais de
financiamento (artigo 12, parágrafo único) poderá trazer bons resultados. Não se
trata de exportar o problema, mas de simplesmente possibilitar a aplicação de
métodos adequados de controle e tratamento de efluentes aliviando uma área
de grande saturação. A atividade econômica não sofrerá paralização e de outra
parte quanto ao aspecto social não haverá desempregos ainda que haja
necessidade de transferência de residência dos empregados.

ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA

O estudo de impacto ambiental é um dos instrumentos da Política


Nacional do Meio Ambiente (artigo 9, III da Lei Federal 6.938 de 31.8.81). O
estudo de impacto ambiental deve terminar com uma avaliação de juízo de valor,
ou seja, uma avaliação favorável ou desfavorável ao projeto.
Uma das coisas mais importantes e pouco conhecidas do EIA refere-se
ao fato de que o estudo de impacto ambiental é um procedimento público. Isto
quer dizer que ele não é um estudo privado efetuado por uma equipe
multidisciplinar sob encomenda do proponente do projeto (artigos, 5, parágrafo
único, 6, parágrafo único e 11, parágrafo único, todos da Resolução 01/86 do
CONAMA e Resolução 06/86 - modelos 1 e 2).

16
A Constituição Brasileira preceitua que: "para assegurar a efetividade
desse direito (ao meio ambiente ecologicamente equilibrado), incumbe ao Poder
Público: exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade" (artigo 225, parágrafo
1, IV). Este mandamento constitucional chama a atenção para quatro pontos:
 o estudo de impacto ambiental deve ser anterior à autorização da obra
e/ou autorização da atividade;
 o estudo de impacto ambiental deve ser exigido pelo Poder Público;
 a norma constitucional diferencia instalação da obra e funcionamento de
atividade. Estudos de impacto ambiental podem ser exigidos para ambos
os casos;
 os estudos de impacto ambiental têm como uma de suas características
a obrigatoriedade da publicidade, sem prejuízo da manutenção do
segredo industrial.
Os estudos de impacto ambiental foram incorporados em diversas
constituições estaduais tais como a do Amazonas, Ceará e Paraná.

DIFERENÇA ENTRE ESTUDO DE IMPACTO


AMBIENTAL E RELATÓRIO DE IMPACTO
AMBIENTAL
Existe certa confusão no meio especializado sobre o significado destes
termos. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA) apresentam algumas diferenças. O EIA é de maior abrangência e o RIMA
está -na realidade- integrado ao EIA.
O EIA deve conter os seguintes tópicos:
 levantamento da literatura científica e legal pertinente;
 dados sobre os trabalhos de campo;
 análises de laboratório
 relatório de impacto ambiental (RIMA).
A resolução 01/86 do CONAMA em seu artigo nono diz que o RIMA
refletirá as conclusões do EIA, ficando claro que o EIA precede o RIMA, sendo
o seu alicerce. O RIMA transmite - por escrito - as atividades totais do EIA.
Dissociado do EIA, o RIMA perde a validade e passa a ser uma peça de ficção.

17
O EIA/RIMA criam uma vinculação entre o Poder Público e a equipe
interdisciplinar que os gerou. No caso do Poder Público dispuser de informações
que sejam essenciais a boa consecução do complexo EIA/RIMA, está o Poder
Público obrigado a repassar estas informações para a equipe multidisciplinar.
Por outro lado, não é dado ao Poder Público o poder de dispensar qualquer uma
das partes integrantes de um EIA.
Um ponto importante do EIA refere-se à abrangência geográfica dos
impactos a serem gerados. O artigo 5, III, da Resolução 01/86 do CONAMA
aponta, contudo, uma referência geográfica inarredável do estudo de impacto
ambiental: a bacia hidrográfica na qual se situará o projeto. Neste caso, a
abrangência dos impactos pode eventualmente transcender não só os limites do
município, e também os limites do estado da federação e até mesmo as
fronteiras nacionais. Neste caso diferentes esferas administrativas precisam
necessariamente serem notificadas e tornando-se assim co-partícipes do
processo de licenciamento ambiental.
A Resolução 01/86 do CONAMA prevê ainda que o EIA deve contemplar
todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as
com a hipótese de não executar o projeto. Este tópico obedece ao Decreto
Federal 99.274/90 que prevê que o EIA deve conter a descrição da ação
proposta e suas alternativas. A Resolução 01/86 ainda determina que o EIA deva
considerar os planos e programas governamentais, propostos ou em
implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. Eventuais
incompatibilidades entre o projeto e os programas governamentais devem ser
claramente expostas em um EIA.
O EIA não só identifica e avalia os impactos negativos de um projeto para
o ambiente. Deve testar e indicar medidas de correção ou mitigação desses
impactos.
A Resolução 01/86 prevê a adoção de medidas compensatórias em
virtude de determinado dano ambiental. A Resolução CONAMA 02/96 trata mais
amplamente da reparação a danos ambientais (destruição de florestas). Esta
reparação será feita pela implantação de uma unidade de conservação de
domínio público e uso indireto, preferencialmente uma estação ecológica, a
critério do órgão licenciador, ouvido o empreendedor.

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A Resolução 01/86 do CONAMA prevê que as despesas do
acompanhamento e monitoramento dos impactos devem correr por conta do
proponente do projeto. No entanto, a Resolução diz que não pode o
empreendedor apresentar um RIMA ao órgão ambiental sem que este
previamente tivesse conhecimento de sua elaboração. A equipe interdisciplinar
deve ser habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente e
será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados.
A participação do público é um dos mais importantes aspectos. O público
pode até não se manifestar, mas não se concebe um EIA sem a possibilidade de
serem emitidas opiniões de pessoas e entidades que não sejam o proponente,
a administração e a equipe multidisciplinar. O artigo 11 da Resolução 01/86 do
CONAMA diz que o RIMA será acessível ao público respeitado o sigilo industrial,
se este for solicitado pelo proponente.

AUDIÊNCIA PÚBLICA
A audiência pública foi disciplinada pela Resolução CONAMA 09/87. Ela
tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e o
do RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes críticas e sugestões a
respeito. Não somente o RIMA, mas o próprio EIA deve ser analisado em
audiência pública.
A audiência tem uma interação de mão dupla: o órgão público passa
informações para o público e o público passa informações para a administração.
A resolução 09/87 não prevê a exposição da equipe multidisciplinar, como
também do empreendedor, mas suas intervenções caso sejam requeridas não
poderão ser interditadas. As audiências somente são obrigatórias nos estados
cujas legislações assim o previram. Alguns destes estados são: São Paulo, Mato
Grosso, Goiás.

O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO NO EIA


O Estudo de Impacto Ambiental visa principalmente orientar a decisão da
Administração pública. O órgão público ambiental será o canal de comunicação
entre o proponente do projeto (e a equipe multidisciplinar) e o público em geral.
O órgão público tem o poder de requisitar informações para uso próprio bem
como para transferi-las a qualquer uma das partes. É dever do órgão público

19
ambiental realizar a verificação - em profundidade- da qualidade e da pertinência
do EIA/RIMA.
Os servidores públicos lotados nos órgãos ambientais são obrigados a
exigir o EIA nos casos previstos em lei. Adicionalmente eles responderão
objetivamente pelos danos causados por um EIA mal conduzido que implique
em danos mesmo no caso desta decisão estar baseada em EIA. Neste caso, a
equipe multidisciplinar também responderá sob a modalidade subjetiva ou
culposa.
A Resolução 01/86 do CONAMA prevê que a Administração Ambiental
possa formular diretrizes a serem seguidas pela equipe multidisciplinar. É dever
do órgão público impugnar a participação de pessoa não habilitada e/ou não
inscrita no Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental. A administração ambiental deve mostrar-se aberta à participação do
público nesse procedimento. Este procedimento administrativo na realidade é o
que vai garantir o sucesso ou o fracasso do EIA.
De um modo geral, o EIA deve anteceder a concessão da licença-prévia
para o empreendimento. Esta licença não gera direitos ao requerente. Ela não
implica em um engajamento definitivo da Administração Pública com o
empreendimento. Se o projeto comportar um EIA, qualquer decisão da
Administração antes do RIMA é nula e esta nulidade pode ser pronunciada seja
pela própria Administração seja pelo Poder Judiciário.
O artigo 6 da Resolução 01/86 do CONAMA prevê que o EIA deve conter
uma elaboração de programa de acompanhamento e monitoramento dos
impactos positivos e negativos indicando os fatores e parâmetros a serem
considerados.
As fases posteriores ao licenciamento (monitoramento, por exemplo) não
devem ser transformadas em um salvo-conduto para a poluição e destruição da
biota. O monitoramento tem a finalidade de verificar a adequabilidade das
medidas sugeridas pelo EIA antes do licenciamento.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O termo licença tem grande expressão jurídica uma vez que a licença teria
o poder de outorga de um direito à àquele que a possui, ao passo que a
autorização seria o termo mais adequado quando se trata de permitir a operação

20
de um estabelecimento potencialmente gerador de poluição ou degradação
ambiental. No entanto, segundo Machado (1998), os termos licença e
autorização são utilizados no Direito Brasileiro sem rigor técnico. Assim devemos
considerar que o sistema de licenciamento ambiental como sendo o equivalente
ao sistema de autorizações ambientais, conforme entendeu o texto
constitucional.
As normas e os critérios gerais para o licenciamento ambiental devem ser
estabelecidos pelo CONAMA. O Decreto 88.351/83 estabelece em seu artigo 20
que " O Poder Público no exercício de sua competência de controle expedirá as
seguintes licenças:
 Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento da atividade,
contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização,
instala lação e operação, observados os planos municipais, estaduais e
federais de uso do solo;
 Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo
com as especificações constantes do projeto executivo aprovado;
 Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações
necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus
equipamentos de controle de poluição, de acordo com o que estiver
previsto nas LP e LI.
O zoneamento e o licenciamento ambiental incluindo suas posteriores
revisões são instrumentos da Política Ambiental segundo a Lei de Política
Nacional do Meio Ambiente (artigo 9, IV).
Os padrões de qualidade previstos para o meio receptor de efluentes
(água, ar e solo) devem ser confrontados com as normas federais estabelecidas
pelo CONAMA (vide abaixo). É muito importante notar que a legislação é muito
clara: não importa que a atividade por si só gere resíduos que não ultrapassem
algum dos limites previstos. Se o lançamento da carga poluidora fizer ultrapassar
os padrões de qualidade em qualquer uma das alíneas (como frequentemente
ocorre com a demanda bioquímica de oxigênio e a condutividade elétrica nos
efluentes líquidos ou com os teores de sólidos em suspensão como ocorre nos
efluentes gasosos), a atividade deve ser indeferida, ou seja, o órgão público
estará impedido de conceder ou renovar a autorização de funcionamento.

21
Resta ainda estabelecer que o órgão público ambiental tem o dever legal
de examinar o projeto apresentado para verificar se as normas de emissão serão
ou tem sido respeitadas. Estará o requerente incorrendo em crime de falsidade
ideológica se informar falsamente a autoridade ambiental sobre as emissões
geradas pelo empreendimento.
O órgão público ambiental não está livre para expedir autorização de
funcionamento mesmo no caso de inexistir norma de emissão para determinado
tipo de efluente. Neste caso, a Administração Pública deve analisar o pedido de
autorização - com maior rigor ainda - sempre dentro dos bons princípios
ecológicos que garantam a inexistência de dano ambiental.
A Lei 6938/81, ao prever a revisão do licenciamento ambiental, indica que
este não tem validade indeterminada. As atividades licenciadas não podem ser
mudadas, ou seja, os processos industriais ou manufatureiros não podem serem
alterados com prejuízo ao meio ambiente no espaço temporal da autorização.
Por outro lado, o órgão ambiental não deve contentar-se com licenciamentos que
tenham sido comprovadamente danosos ao meio ambiente, e deve agir no
sentido de que tais medidas sejam revogadas e o problema seja corrigido o mais
rapidamente possível. Tal postura evita com que os órgãos ambientais sofram
uma grande pressão corruptora.
Os estados da federação necessitam de legislação própria no que se
refere ao licenciamento ambiental. Em Mato Grosso, por exemplo, existem
normas específicas para a instalação de empreendimentos na área do Pantanal
Matogrossense. Em Minas Gerais, a Comissão de Política Ambiental, COPAM
enfrenta o problema da atividade minerária enquanto que na Amazônia existe o
problema do corte ilegal de madeira de lei.
Seguem abaixo alguns órgãos de licenciamento ambiental nos estados
brasileiros:
 Goiás: Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMAGO;
 Maranhão: Conselho Estadual de Controle e Preservação do Meio
Ambiente - CEPRAM;
 Mato Grosso do Sul: Conselho Estadual de Controle Ambiental - CECA;
 Minas Gerais: Comissão de Política Ambiental - COPAM;
 Paraná: Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente -
SUREHMA;

22
 Pernambuco: Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos - CPRH;
 Rio de Janeiro: Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente –
FEEMA.

AUDITORIA AMBIENTAL
Auditoria ambiental é o procedimento de exame e avaliação periódica ou
ocasional do comportamento de uma empresa em relação ao meio ambiente
(Machado, 1998). Segundo Braile (1992), recentemente passou-se a utilizar a
auditoria ambiental conjuntamente ao RIMA. No comitê europeu das Nações
Unidas (UNECE) existem quatro tipos de auditorias numa análise pós-projeto
com a maneira de avaliar a exatidão de um RIMA:
 auditoria de implementação: visa a garantir a implementação de medidas
mitigadoras recomendadas pelo EIA/RIMA;
 auditoria de desempenho: objetiva a verificar os procedimentos gerenciais
estabelecidos visando ao bom desempenho ambiental;
 auditoria dos impactos do projeto: visa a identificar as alterações
ambientais ocorridas após a fase de construção do projeto;
 auditoria de previsão de impacto: compara os impactos atuais com
aqueles previstos pelo EIA/RIMA.
No Brasil existem dois tipos de EIA: o estudo ambiental prévio à instalação
e o estudo antes da instalação ou licença de funcionamento. A auditoria será
sempre posterior ao estudo prévio, devendo avaliar se as orientações contidas
neste estudo estão sendo observadas e se os métodos de controle ambiental
são eficazes. Evidentemente poderá surgir a oportunidade em que uma auditoria
ambiental seja conduzida antes do EIA de instalação, podendo mesmo algumas
de suas conclusões serem utilizadas neste segundo EIA.
A auditoria ainda tem sido pouco usada pela maioria dos estados da
federação, excluindo-se talvez o estado do Rio de Janeiro. Ali as auditorias são
obrigatórias em alguns tipos de empreendimentos tais como refinarias de
petróleos e áreas portuárias. No entanto, pode-se prever que a adoção de
auditorias ambientais deve aumentar muito nos outros estados da federação
principalmente porque esse procedimento dará uma nova dimensão na
intervenção do órgão público de meio ambiente.

23
O processo de auditoria depende basicamente da existência de registros
confiáveis no que tange ao monitoramento ambiental. Este monitoramento pode
ser realizado pela própria empresa ou pelo órgão ambiental em uma eventual
ação fiscalizadora.
A existência de uma auditoria ambiental não deve suspender as ações
fiscalizadoras de rotina do órgão ambiental, tais como as inspeções ambientais.
Caso contrário, ficaria evidente que existe por parte da administração uma
inércia fiscalizadora, devendo os servidores públicos responsáveis responder
judicialmente caso sejam constatados danos à fauna e flora decorrentes da
inexistência desta ação fiscalizadora rotineira.
O princípio básico da auditoria ambiental está na grande liberdade de sua
realização. Deste modo elas não devem ser obrigatórias nem rotineiras, mas por
outro lado elas não devem ser episódicas. Aconselha que elas sejam repetidas
dentro de determinados prazos que a boa prática da gestão ambiental
recomendar. O órgão público deve, no entanto, elaborar um termo de referência
onde seja disciplinado o uso deste tipo de instrumento.
No caso da certificação ambiental pela norma ISO 14001, a própria
empresa toma a inciativa da auditoria ambiental, realizando as auditorias
voluntárias que estão fora do controle dos órgãos públicos e visam a obter um
certificado ambiental, que é um tipo de credenciamento de qualidade para o
empreendimento.
O auditor ou a equipe de auditores devem merecer amplo reconhecimento
profissional em matéria de gestão do ambiente bem como dispor de grande
familiaridade com as questões técnicas ligadas ao meio ambiente não só aquelas
ligadas à ecologia mas também aos diferentes aspectos legais pertinentes.
O empreendedor ou a empresa auditada podem voltar-se
regressivamente aos auditores caso a tenham aconselhado com negligência,
imperícia, imprudência ou dolo.

SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE


RECURSOS HÍDRICOS
O conjunto de órgãos e entidades que atuam na gestão de recursos
hídricos no Brasil é chamado de Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (Lei 9.433/97).

24
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos tem os
seguintes objetivos:
 coordenar a gestão integradas das águas;
 arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os
recursos hídricos;
 implementar a Política Nacional dos Recursos Hídricos;
 planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação
dos recursos hídricos;
 promover a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

A existência deste sistema não permite que os Estados organizem a


cobrança pelos diferentes usos da água sem a implementação das Agências de
Águas e a instituição dos Comitês de Bacias Hidrográficas.
O Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos é
composto pelos seguintes elementos:
 Agências de Águas;
 Comitês de Bacias Hidrográficas;
 Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e
 Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
Estes elementos estão ligados por laços de hierarquia e cooperação. O
arbitramento dos conflitos não será feito somente pelo Poder Judiciário mas
passa a ter instâncias anteriores dentro do próprio Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hídricos.

CONSELHO NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS


O Poder Federal terá a maioria dos elementos votantes neste conselho.
Ele tem as seguintes competências ditadas por 11 incisos do artigo 35 da Lei
9.433/97 (oitavo inciso foi vetado pelo Presidente da República). Abaixo segue
um resumo sobre estas competências:
 o Conselho promoverá a articulação do planejamento de recursos hídricos
nas diferentes esferas administrativas;
 arbitragem dos conflitos entre os Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos;

25
 deliberação sobre projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas
repercussões extrapolem o âmbito estadual;
 deliberação sobre questões encaminhadas pelos Conselhos Estaduais;
 análise de propostas sobre alteração na legislação pertinente ao uso de
recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos;
 estabelecimento de diretrizes complementares para a implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos;
 aprovação de propostas para a instituição de Comitês de Bacias, bem
como estabelecimento de critérios gerais para a elaboração dos seus
regimentos;
 vetado (justificativa: este inciso iria criar conflitos com o setor elétrico);
 acompanhamento da execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos;
 estabelecimento de critérios gerais para a outorga de direitos de uso de
recursos hídricos e para a cobrança por seu uso;
 autorizar a criação das Agências de Águas.

CONSELHOS ESTADUAIS DE RECURSOS HÍDRICOS


A Lei 9.433/97 estabelece em seu artigo 35 que os Conselhos Estaduais
têm competência para deliberar sobre as "acumulações, derivações, captações
e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade
de outorga de direitos de uso de recursos hídricos". A maioria das normas que
irão estruturar os Conselhos Estaduais não está inserida na Lei
retromencionada. Os Estados serão os responsáveis para definir as
competências destes Conselhos, observando, contudo, que tais competências
devem estar de acordo com as competências dos outros órgãos do Sistema
Nacional, bem como com os Comitês de Bacia Hidrográfica e as Agências de
Águas.
Os Conselhos Estaduais deverão autorizar a criação das Agências das
Águas em bacias de rios de domínio estadual. Entretanto, eles não tem a missão
de fazer o enquadramento dos corpos de água em classes. Isto cabe ao órgão
estadual do Meio Ambiente.

26
COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
Existem dois tipos de comitês: (a) o comitê estadual de bacia quando a
bacia é restrita a um estado e (b) o comitê federal de bacia para os casos de rios
da União. No caso dos comitês federais, eles deverão ser criados por ato do
Presidente da República. Os comitês de bacias estaduais serão aprovados pelo
Conselho Nacional.
Os Comitês de Bacias Hidrográficas terão como área de atuação:
 a totalidade de uma bacia hidrográfica;
 sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia ou
de tributário desse tributário;
 grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.
Os três incisos do artigo 37 retratam cinco tipos de comitês:
 comitês de uma bacia hidrográfica;
 comitê de sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal
da bacia;
 comitê de tributário de tributário do curso principal da bacia;
 comitê de grupo de bacias contíguas;
 comitê de sub-bacias contíguas.
Os Comitês de Bacias Hidrográficas serão compostos por representantes:
 da União;
 dos Estados e do DF cujos territórios se situem ainda que parcialmente
em suas áreas de atuação;
 dos municípios situados no todo ou em parte em sua área de atuação;
 dos usuários de sua área de atuação; V- das entidades civis de recursos
hídricos com atuação comprovada na bacia (artigo 39 da Lei 9.433/97).
Os usuários poderão ser escolhidos entre pessoas físicas ou jurídicas de
direito privado ou de direito público. As competências dos Comitês foram
inseridas no artigo 38 da Lei 9.433/97 em nove incisos abaixo sumarizados (o
inciso VIII foi vetado pelo Presidente):
 promoção de debates sobre questões relacionadas ao uso de recursos
hídricos e articular a atuação de entidades intervenientes;
 arbitragem em primeira instância dos conflitos relacionados ao uso dos
recursos hídricos;

27
 aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia;
 acompanhamento da execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia;
 proposição aos Conselhos Estaduais e Federal as acumulações,
derivações, captações e lançamentos de pouca expressão para efeito de
isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos
hídricos;
 estabelecer mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e
sugerir os valores a serem cobrados;
 aprovar o plano de aplicação de recursos arrecadados com a cobrança
pelo uso de recursos hídricos;
 autorizar a aplicação, fora da respectiva bacia hidrográfica, dos recursos
arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em montantes
que excedem o previsto pelo parágrafo 3 do artigo 22 da Lei 9.433/97
(inciso vetado pelo Presidente da República);
 estabelecimento de critérios e promoção do rateio de custo de obras de
uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

AGÊNCIAS DE ÁGUAS
O termo agência é novo no direito brasileiro. Uma das características
essenciais deste órgão refere-se em sua autonomia financeira. As agências não
podem ser sustentadas financeiramente pela União, Estados ou Municípios. As
Agências de Águas fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. Elas são fundações de direito privado. A Lei 9.433/97, em
seu artigo 53, ressalta que a implementação das Agências de Água se dará após
a promulgação de lei específica, o que ainda não aconteceu. A Lei 9.433/97
apenas fornece algumas características gerais da Agência (artigo 44).
As Agências de Águas terão por finalidade básica a cobrança pelo uso
dos recursos hídricos em sua área de atuação. Outra importante função das
Agências refere-se à elaboração do Plano de Recursos Hídricos (artigo 44, I, II,
VII e IX a Lei 9.433/97). Elas ainda devem atuar na manutenção do balanço
atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em suas áreas de atuação. As
Agências de Água deverão também manter um cadastro atualizado dos usuários
e promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos a ela
comissionados.

28
As Agências de Águas, embora sendo entidades de direito privado, não
estão livres do controle do Estado. Elas serão fiscalizadas pelo Tribunal de
Contas da União e pelo Ministério Público Federal quando sua área de atuação
abranja rios da União. Nos outros casos, a fiscalização dependerá de lei Estadual
específica.
A Lei 9.433/97 prevê que os consórcios e associações intermunicipais de
bacias hidrográficas poderão ter o exercício transitório da competência das
Agências enquanto elas não forem constituídas (art. 47 Lei 9.433/97).
As linhas gerais da atividades financeiras da Agência das Águas foram
estabelecidas no artigo 44 da Lei 9.433/97:
 efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de
recursos hídricos;
 analisar e emitir pareceres sobre projetos e obras a serem financiados
com recursos gerados pela cobrança pelo uso dos recursos hídricos e
encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração
destes recursos. O financiamento de projetos e obras deve estar incluído
no Plano de Recursos Hídricos, sem o que não é possível o
financiamento;
 acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a
cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
 celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução
de suas competências;
 elaborar a sua proposta orçamentária;
 propor valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos;
 propor o plano de aplicação de recursos arrecadados com a cobrança
pelo uso de recursos hídricos;
 propor o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum
ou coletivo.
Resta ainda aguardar a aprovação do anteprojeto sobre as Agências de
Águas para que se possa ter uma ideia mais clara do detalhamento das
atribuições acima descritas.

29
BASES LEGAIS PARA A GESTÃO AMBIENTAL NO
BRASIL
O Brasil dispõe de um corpo de leis voltadas para o meio ambiente que
pode ser considerado de alta qualidade e que, se efetivamente implementado
nas diferentes esferas do poder, pode garantir boa qualidade do meio ambiente.
As principais leis federais que estabelecem os fundamentos jurídicos da
legislação ambiental no Brasil são dadas a seguir:
 LEI N. 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965 Institui o código florestal
no Brasil. A lei estabelece que as florestas existentes no território
nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às
terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes
do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que
a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.
 LEI Nº 5.197, DE 3 DE JANEIRO DE 1967 dispõe sobre a proteção à
fauna. Essa lei estabelece que os animais de quaisquer espécies, em
qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do
cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos
e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua
utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha.
 LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981 dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e
aplicação. Esta Lei, com fundamento no art. 8º, item XVII, alíneas c, h e i
, da Constituição Federal, estabelece a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui
o Sistema Nacional do Meio Ambiente, cria o Conselho Nacional do Meio
Ambiente e institui o Cadastro Técnico Federal de Atividades e
instrumentos de Defesa Ambiental.
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente define a poluição da seguinte
forma: " a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta
ou indiretamente:
 prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
 criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
 afetem desfavoravelmente a biota;

30
 afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
 lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
 LEI Nº 7.797, DE 10 DE JULHO DE 1989 cria o Fundo Nacional de Meio
Ambiente. O Fundo Nacional de Meio Ambiente tem o objetivo de
desenvolver os projetos que visem ao uso racional e sustentável de
recursos naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da
qualidade ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da
população brasileira.
 DECRETO N° 750, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1993 dispõe sobre o corte,
a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios
avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica, e dá outras
providências.
 LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997 Institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição
Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que
modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Os fundamentos
dessa lei são:
 a água é um bem de domínio público;
 a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
 em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de
 animais;
 a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo
das águas;
 a bacia hidrográfica e a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
 a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
 Lei 9.605 LEI Nº 9.605, DE 12 FEVEREIRO DE 1998, a lei dos crimes
ambientais, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras

31
providências(dos crimes ambientais). Essa lei é uma ferramenta de
cidadania. Os órgãos ambientais e o Ministério Público passaram a contar
com um instrumento que lhes garantirá agilidade e eficácia na punição
dos infratores do meio ambiente. A Lei traz novidades no sentido de que
ela não somente trata de punir severamente quem causa danos ao meio
ambiente. Ela dá possibilidade ao infrator de recuperar o dano ou pagar
de outra forma sua dívida com a sociedade.
 LEI Nº 9.985, DE 18 DE JUNHO DE 2000 regulamenta o art. 225, § 1º,
incisos I, II, III, e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Esta
Lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
- SNUC, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e
gestão das unidades de conservação.
As normas do CONAMA estabelecem a diferentes classes de qualidade
de água bem como do ar.

NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DA GESTÃO

AMBIENTAL PARA A EMPRESA

Por danos e efeitos ambientais possíveis de ocorrerem durante o ciclo de


vida do produto compreendem-se todos os impactos sobre o meio ambiente,

32
inclusive a saúde humana, decorrentes da obtenção e transporte de matérias-
primas, da transformação, ou seja, a produção propriamente dita, da distribuição
e comercialização, do uso dos produtos, da assistência técnica e destinação final
dos bens.
Devemos salientar que a empresa é a única responsável pela adoção de
um SGA e por conseguinte de uma política ambiental. Só após sua adoção, o
cumprimento e a conformidade devem ser seguidos integralmente, pois eles
adquirem configuração de “sagrados”. Portanto, ninguém é obrigado a adotar um
SGA e/ou Política Ambiental; depois de adotados, cumpra-se o estabelecido sob
pena da organização cair num tremendo descrédito no que se refere às questões
ambientais.

FINALIDADES BÁSICAS DA GESTÃO AMBIENTAL E


EMPRESARIAL
Servir de instrumentos de gestão com vistas a obter ou assegurar
a economia e o uso racional de matérias-primas e insumos, destacando-se a
responsabilidade ambiental da empresa:

 Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos processos


produtivos e dos seus produtos ou serviços;
 Subsidiar campanhas institucionais da empresa com destaque para a
conservação e a preservação da natureza;
 Servir de material informativo a acionistas, fornecedores e consumidores
para demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental;
 Orientar novos investimentos privilegiando setores com oportunidades em
áreas correlatas;
 Subsidiar procedimentos para a obtenção da certificação ambiental nos
moldes da série de normas ISO 14.000;
 Subsidiar a obtenção da rotulagem ambiental de produtos.
Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamento
ambiental nas empresas evidentemente devem estar em consonância com o
conjunto das atividades empresariais. Portanto, eles não podem e nem devem
ser vistos como elementos isolados, por mais importantes que possam parecer

33
num primeiro momento. Vale aqui relembrar o trinômio das responsabilidades
empresariais:
 Responsabilidade ambiental;
 Responsabilidade econômica;
 Responsabilidade social.

CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL: NORMA ISO 14 001


(SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL)
A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL
Após a Conferência de Estocolmo, no início da década de setenta, e a
partir do estabelecimento dos princípios do Desenvolvimento Sustentável, a
questão ambiental passa a ocupar uma posição de destaque nas agendas
governamentais. Esta mudança de postura possibilitou a adoção de
regulamentações e legislações cada vez mais rígidas no intuito de melhorar e
preservar o meio ambiente. No entanto somente após a Conferência do Rio de
Janeiro sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento, a ECO'92, a questão
ambiental ganhou grande relevância em todos os segmentos da sociedade com
a efetivo engajamento de Organizações Não Governamentais (ONG's) e
agremiações político-partidárias (partidos verdes) que passaram a fiscalizar e
pressionar não somente as empresas mas também o poder público a adotar
atitudes ambientalmente corretas.
A Agenda 21, documento final da ECO'92, (re)define o Desenvolvimento
Sustentável orientando políticos e líderes dos países a usar os recursos
ambientais de maneira a atender às necessidades das populações atuais e das
gerações futuras. Princípios básicos do Desenvolvimento Sustentável:
 viver com recursos da Terra, cuidando para a sua preservação e uso por
gerações futuras;
 manter o consumo de recursos renováveis dentro dos limites de sua
reposição;
 deixar às próximas gerações não só um legado de riqueza fabricada pelo
homem (prédios, estradas, ferrovias) mas também de riqueza natural,
suprimentos de água limpa e adequada, terra boa e arável, uma vida

34
selvagem rica e florestas amplas.(HMSO apud BS7750 - Sistema de
Gerenciamento Ambiental, 1995).
A educação ambiental está sendo introduzida no ensino fundamental em
muitos países, não somente aqueles mais desenvolvidos. Hoje conceitos tais
como a reciclagem do lixo, a limitação do consumo de supérfluos e a
conservação ambiental são triviais para crianças de várias nações. Agências não
governamentais tais como o Conservation International ou o Greenpeace têm
representantes em muitos países e grande expressão junto às comunidades e
governos.
Um dos alicerces do novo paradigma do Desenvolvimento Sustentável
refere-se ao fato de que a atividade econômica pode até ser incentivada ao
adotar-se uma postura voltada à preservação e recuperação do meio ambiente.
Adicionalmente, os empresários estão se tornando mais conscientes das
responsabilidades e custos gerados por possíveis acidentes ambientais e pela
geração de impactos ambientais indiscriminados.
Nos países desenvolvidos é muito grande o grau de preocupação
expresso pela sociedade em relação ao meio ambiente. Segundo Hans Jöhr
(1994), nos Estados Unidos, entre 1988 e 1989, o número de denúncias e
condenações por infrações às leis que protegem o meio ambiente simplesmente
dobraram. Outras consequências são o provável aumento de custo dos prêmios
de seguros das áreas envolvidas e a variação do valor das ações das
organizações. Tal postura também se faz sentir no Brasil. A Secretaria Municipal
do Meio Ambiente da PBH, por exemplo, vem registrando uma verdadeira
explosão no número de denúncias sobre questões voltadas à degradação
ambiental (PBH, 1997). Em São Paulo, a administração municipal e o governo
estadual vem adotando o rodízio de veículos na cidades, medida em grande
parte baseada nos elevados índices de poluição atmosférica (ver no capítulo
anterior a legislação sobre emissão de gases em veículos).
Outro fato muito importante está ligado à mudança de comportamento do
consumidor que passa a exigir, além da qualidade e do preço competitivo, uma
postura ambientalmente correta das corporações. A adoção de princípios
ambientais na conduta de um dado empreendimento pode portanto gerar uma
vantagem competitiva em relação a seus concorrentes. Outras empresas que
continuem poluindo tendem a perder competitividade em relação a custos,

35
devido a taxações e paradas de produção a ela impostas pelas agências de
controle ambiental e outros órgãos do Poder Público.
Segundo Margalef (1977), a poluição pode ser entendida como um
recurso fora de lugar. Segundo Porter e Linde, em Ser Verde Também é Ser
Competitivo (1995), a preservação ambiental pode gerar uma grande redução
de custos associada a um aumento de competitividade do empreendimento. O
efluente normalmente contém vários subprodutos que podem ser encarados
como sendo recursos desperdiçados, atestando a ineficiência do processo
produtivo. A diminuição das concentrações de determinados subprodutos nos
efluentes levaria a uma redução não só o impacto ambiental, mas também os
custos, melhorando a qualidade do produto e aumentando a sua
competitividade. Até recentemente, as empresas não estavam preocupadas em
estimar o custo da poluição em termos de desperdícios de recursos, de esforços
e de diminuição de valor para o consumidor.
Segundo Reis (1995), a aproximação entre ecologia e economia é
irreversível. Para ele, as empresas vêm percebendo que é mais barato fazer
'certo da primeira vez', minimizando a geração de resíduos, ao invés de reparar
depois. Medidas mitigadoras da poluição como a instalação de filtros ou
processos de tratamento de efluentes são em geral mais complexas, caras e
demandam mais tempo em sua instalação do que se adotadas ainda na fase de
projeto industrial. Em alguns casos, os custos da despoluição são tão elevados
que a sua adoção torna-se inviável em determinados tipos de plantas industriais.
Em decorrência do novo paradigma ligando desenvolvimento sustentável
e preservação dos ecossistemas proposto pela agenda 21, várias empresas, em
diversos países, identificaram, nas questões ambientais, um dos mais
importantes fatores críticos de sucesso para a continuidade da aceitação dos
seus produtos nos mercados interno e externo. Por outro lado, inúmeros países
adotam normas mais rígidas quanto ao aspecto ambiental não só dos produtos
acabados mas também para a qualidade ambiental das matérias-primas e outros
insumos. Não somente os países industrializados estão se adequando aos
novos mandamentos do desenvolvimento sustentável. Os países do terceiro
mundo, tradicionais fornecedores de insumos básicos, passaram também a
sofrer considerável pressão para adotar os princípios do desenvolvimento
sustentável e uma política nacional de gestão ambiental na produção destes

36
insumos. Um bom exemplo pode ser visto nas mineradoras que tem encontrado
barreiras à exportação quando não adotam um sistema eficiente de gestão
ambiental em suas minas.
A regulamentação ambiental inevitavelmente se tornará em uma eficaz
barreira aos produtos e serviços para aqueles países que permaneceram
refratários a introdução de S.G.A. em seus agentes produtores de bens de
exportação. No caso do Brasil, espera-se que haja um rápido engajamento do
governo e dos setores produtivos para a rápida implementação dos Sistemas de
Gestão Ambiental.
Os grandes acidentes ecológicos ocorridos nos anos setenta e oitenta,
tais como a tragédia de Sevezo na Itália, o vazamento de cianetos em Bhopal,
na Índia, o derramamento de petróleo pelo cargueiro Exxon Valdez, no Alasca,
e o acidente nuclear de Chernobil na Ucrânia, geraram impactos ambientais de
grandes proporções. Tais acontecimentos levaram a criação dos Sistemas de
Gestão Ambiental em alguns países nórdicos, na Europa Central e nos Estados
Unidos.
As auditorias ambientais passaram a serem adotadas por vários
empreendimentos a partir de meados da década de oitenta. Tais auditorias
tinham o objetivo de conhecer os passivos ambientais associados ao
empreendimento. Algumas das organizações que realizaram este trabalho
verificaram que não bastava a realização de auditorias regulares, pois a
integração da empresa com o meio ambiente dependia, em grande parte, de
uma modificação de postura de seus dirigentes e funcionários. Somente uma
atitude comprometida, integrada e sistematizada, por parte das organizações,
seria eficaz para a preservação ambiental. O modelo ISO 9000 do Sistema de
Qualidade, foi visto como uma estrutura ideal para um Sistema de Gestão
Ambiental.
No Reino Unido, uma instituição normativa, a British Standards Institution-
BSI, propôs um sistema de normas voltadas para o Sistema de Gestão Ambiental
a exemplo do que faz a BS 5750/ISO 9001 em relação aos Sistemas de
Qualidade. A esse modelo de Sistema de Gestão Ambiental denominou-se BS
7750, que foi tomado por base para o desenvolvimento da norma internacional
ISO 14001. Embora não seja a solução definitiva para a questão da poluição
industrial, o estabelecimento de normas ambientais apresentam a vantagem de

37
promover a integração dos critérios ambientais aos critérios de desempenho da
organização em todos os níveis. (Gilbert, 1995).
As possíveis mudanças geradas nas empresas que implantarem e
mantiverem um Sistema de Gestão Ambiental de acordo com a norma ISO
14001, provavelmente a tornarão mais competitivas graças aos seguintes
fatores:
 redução de custos, graças à economia de recursos naturais e à
minimização da geração de resíduos;
 conquista de mercados restritos como o da Comunidade Europeia, do
Área de Livre Comércio da América do Norte - NAFTA e de outros países
desenvolvidos;
 queda na probabilidade de processos de responsabilidade civil;
 facilitação na captação de recursos dos órgãos de fomento e
desenvolvimento, como o BID, Banco Mundial, BNDS e BDMG;
 maior controle sobre os seus impactos ambientais significativos;
 melhor relacionamento com a comunidade;
 atendimento às regulamentações municipais, estaduais e federais.

DESENVOLVIMENTO DA ISO FAMÍLIA 14000


Denomina-se ISO família 14000 a série de normas ISO relativas a meio
ambiente. Este conjunto é constituído pelas seguintes normas:
 Gestão Ambiental;
 Auditoria Ambiental;
 Rotulagem Ambiental;
 Avaliação de Desempenho Ambiental;
 Análise do Ciclo de Vida;
 Termos e Definições;
 Relação entre os Aspectos Ambientais e as Normas de Produto.

ISO/ COMITÊ TÉCNICO (TC) 207


Várias empresas, inicialmente britânicas e depois europeias, que
implementaram os princípios da BS 7750, demonstraram que os fatores
benéficos acima assinalados podem ser alcançados com relativa rapidez. A
partir destas experiências positivas, da mesma maneira que ocorreu na ISO

38
9000, a ISO formou o SAGE - Strategic Advisory Group on the Environment para
investigar a necessidade do desenvolvimento de normas internacionais para a
gestão ambiental. Após uma indicação favorável do SAGE, em março de 1993,
a ISO organizou o Comitê ISO/TC 207 com o objetivo de desenvolver as normas
ISO família 14000. Segundo Maurício Reis (1995), o Comitê Técnico ISO/TC 207
tem o objetivo de formular normas universais de gerenciamento ambiental,
passíveis de certificação por entidades credenciadas.
O comitê ISO/TC 207 é dividido em subcomitês que, por sua vez, são
divididos em grupos de trabalho. Cada grupo de trabalho foi responsável pela
geração das minutas de normas a eles designados. As coordenações do ISO/TC
207 e dos subcomitês foram designadas a certos países de representatividade
nos assuntos em questão.
Além dos países que secretariam cada um dos subcomitês, uma série de
nações estão participando ativamente dos trabalhos do ISO/TC 207. Verificou-
se que países como E.U.A., Japão e Brasil, que ficaram alheios ao
desenvolvimento das normas ISO família 9000, estão preocupados com a
interferência da ISO família 14000 em suas atividades e vêm mantendo uma
posição ativa no desenvolvimento dessas normas. Por exemplo, na reunião
plenária do ISO/TC 207 em Oslo em meados de 1995, além da delegação
brasileira, que contou com a participação de 21 representantes de diversos
setores, estiveram presentes países como Uruguai, Chile, Colômbia e México, o
que ajudou a equilibrar as votações.
No Brasil, o órgão que acompanha as discussões no âmbito do ISO/TC
207 é o Grupo de Apoio à Normalização Ambiental -GANA, que visa avaliar o
impacto das proposições do ISO/TC 207 sobre a competitividade nacional e
propor alternativas que atendam aos interesses brasileiros.

As normas geradas/ em geração pelo ISO/TC 207 e sua


situação estão no anexo A.
INTRODUÇÃO À ISO 14001
ESCOPO
A ISO 14001/96 tem a seguinte finalidade: " Esta Norma especifica os
requisitos relativos a um sistema de gestão ambiental, permitindo a uma

39
organização formular uma política e objetivos que levem em conta os requisitos
legais e informações referentes aos impactos ambientais significativos. Ela se
aplica aos aspectos ambientais que possam ser controlados pela organização e
sobre os quais presume-se que ela tenha influência. Em si, ela não prescreve
critérios específicos de desempenho ambiental. A norma se aplica a qualquer
organização que deseje implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão
ambiental; assegurar-se de sua conformidade com a sua política ambiental
definida; demonstrar tal conformidade a terceiros; buscar certificação/ registro do
seu sistema de gestão ambiental por uma organização externa; realizar uma
auto-avaliação e emitir auto-declaração de conformidade com esta norma."
A certificação ISO 14001 garantirá que um empreendimento tenha
instalado os elementos básicos de um sistema de gestão ambiental. Por outro
lado, ela não garante que o empreendimento tenha alcançado o melhor
desempenho ambiental possível.
A ISO 14001, assim como a ISO 9000, foi redigida de modo a ser aplicável
a todos os tamanhos e tipos de organizações, e para adaptar-se às diversas
condições geográficas, culturais e sociais.
A ISO 14001 tem em vista o processo produtivo e o desempenho
ambiental da organização, mas não está voltada para o desempenho ambiental
do produto gerado, durante e após o seu uso. Ela está diretamente relacionada
com a sistemática de projeto e geração do produto ou serviço e os consequentes
impactos ambientais, sejam eles diretos ou indiretos*.
(*) Nota: Impactos diretos: Aqueles sobre os quais a organização possui
controle direto. Impactos indiretos: Aqueles sobre os quais a organização pode
ter influência para alcançar controle limitado. Um exemplo seria a extração de
matérias-primas fornecidas por outra organização.
Os requisitos sobre a gestão da saúde e segurança ocupacional não estão
incluídos na norma ISO 14001, entretanto, ela permite que os sistemas
gerenciais da organização abranjam estas áreas, desde que a empresa assim o
defina. O processo de certificação somente será aplicável aos aspectos do
Sistema de Gestão Ambiental.
A definição das normas de emissão de gases, efluentes líquidos e ruídos
não está prevista pela norma ISO 14001. A competência para este tipo de
regulamentação cabe ao Poder Público. No caso do Brasil, isto é atribuição do

40
CONAMA e demais órgãos ambientais nos estados da federação. Cabe ao
empreendimento buscar esta base legal antes da implantação do S.G.A. A
certificação pela norma ISO 14001 apenas vai exigir que o empreendimento
cumpra estas normas legais.

PARTES INTERESSADAS
A ISO 14001 (1996) define como partes interessadas os indivíduos
preocupados ou afetados com o desempenho ambiental da organização. Tais
partes podem incluir aqueles que exerçam controle estatutário sobre a
organização, as comunidades locais, organizações dos empregados, os
investidores e as seguradoras, os clientes e consumidores, os grupos de
interesse ambiental e o público em geral (Reis, 1996).
Diferenças entre a ISO 14001 e a ISO família 9000:
 A família ISO 9000 (1994) está voltada para a qualidade do produto final
e dos diferentes fornecedores. Os requisitos especificados destinam-se
primordialmente à obtenção da satisfação do cliente graças à prevenção
de não conformidades em todos os estágios, desde o projeto até os
serviços associados;
 A ISO 14001 (1996) prevê que as especificações e expectativas relativas
aos impactos ambientais gerados pela organização no meio ambiente são
definidos pelas partes interessadas, e cabe ao Sistema de Gestão
Ambiental manter controle sobre os processos e subprodutos da
organização para que os impactos gerados por eles permaneçam dentro
das especificações pré-definidas e atinjam as expectativas das partes
interessadas. As especificações incluem regulamentações municipais,
estaduais, federais, códigos de boas práticas, etc. Os Sistemas de Gestão
Ambiental abordam as necessidades de uma vasta gama de partes
interessadas e a evolução da sociedade para a proteção ambiental. O
governo e as agências de controle ambiental representam estas partes
interessadas perante as organizações.

P.D.C.A. e Melhoria Contínua


Os objetivos maiores da Gestão Ambiental são definidos a seguir:

41
 observar as normas e procedimentos e eliminar as falhas do processo,
atuando metodicamente na causa fundamental de cada problema
detectado. Desta forma, tem-se um processo mais estável e previsível.
Atua-se nos processos e subprodutos que geram impactos ambientais
significativos, reais ou potenciais. A lógica é a prevenção, planejando e
controlando continuamente os processos, reduzindo seus subprodutos e
o consumindo menos recursos. A ideia não é só minimizar os impactos
ambientais colocando "filtros dos subprodutos" nas saídas dos processos,
e sim melhorá-los para que consumam menos recursos (incluindo
recursos naturais) e gerem menos subprodutos. Os subprodutos gerados
por deficiências dos processos devem ser inspecionados, monitorados e
tratados para garantir a satisfação das regulamentações governamentais
sobre o meio ambiente. Dessa forma, além de minimizar os impactos
ambientais sobre o meio ambiente, estaremos tornando a organização
mais eficaz, melhorando os seus processos, reduzindo os seus custos, e
consequentemente, tornando a empresa mais competitiva;
 atingir uma evolução contínua do desempenho ambiental dos processos
e, consequentemente, da organização.

A norma contém os elementos fundamentais de sistemas de gestão, com


base no processo dinâmico e cíclico de "planejar, implantar, verificar e rever"..
Como foi visto acima, o gerenciamento do S.G.A. tem como base o
controle dos processos. O gerenciamento do Sistema de Gestão Ambiental,
dentro do ciclo P.D.C.A., é representado pela norma ISO 14001 (1996) como na
figura 1. Os passos descritos no ciclo P.D.C.A. ficam facilmente identificados nos
requisitos da norma. A melhoria contínua está explicitada pela elipse no topo do
esquema.

42
REQUISITOS DA NORMA NBR ISO 14001/96
A versão brasileira da norma ISO 14001, também chamada NBR ISO
14001/96 é dividida em diversos subsistemas. Estes subsistemas são
interligados entre si e cada requisito pode incluir mais elementos de um setor ou
processo da organização.
O Sistema de Gestão Ambiental, de acordo com o modelo definido pela
NBR ISO 14001/96, pode ser representado através do ciclo descrito no
fluxograma a seguir.

REQUISITOS GERAIS
Este capítulo traz uma introdução da versão brasileira da norma
determinando que a implantação da SGA deve ser em conformidade com os
requisitos da norma além de garantir e demonstrar, para as partes interessadas,
a eficácia do SGA.

POLÍTICA AMBIENTAL
Esta política reflete - de início - o compromisso da alta administração com
as partes interessadas nos assuntos relativos ao meio ambiente. A Política
Ambiental é a 'diretriz' do Sistema de Gestão Ambiental - SGA, orientando os
envolvidos a trabalhar, se comprometer e se esforçar numa única direção.

43
A política ambiental associa a organização por um lado aos impactos
ambientais por ela gerados, do outro. Ela vai observar a natureza, escala e
impactos ambientais causados por suas atividades, produtos e serviços. A
política ambiental deve ser transparente, ou seja, ela deve ser documentada e
compreendida por todos os funcionários da organização. Também deve ser
pública, para que todas as partes interessadas estejam cientes. Item essencial
da política ambiental de uma empresa é a declaração ampla das intenções da
organização na área de desempenho ambiental, que possa ser utilizada por
todas as partes da organização no desenvolvimento de suas próprias metas.

PLANEJAMENTO
Todas as atividades, produtos e serviços do SGA devem ser
objetivamente planejadas. O planejamento consiste em um elenco de metas
objetivas a serem alcançadas por cada setor do empreendimento, agregado a
uma relação da metodologia gerencial a ser empregada e um cronograma
tentativo.

ASPECTOS AMBIENTAIS
O impacto ambiental é definido como qualquer modificação do meio
ambiente resultante das atividades, produtos ou serviços de uma organização.
O presente requisito refere-se à identificação dos aspectos ambientais
geradores dos impactos ambientais significativos sejam eles reais ou potenciais.
A fase inicial de implantação de um S.G.A. consiste na identificação e
avaliação dos aspectos ambientais. O levantamento dos aspectos ambientais
significativos é fundamental para o planejamento de um Sistema de Gestão
Ambiental, sendo uma das 'entradas' de todo o processo. Segundo a ISO 14000
- Treinamento de auditores Ambientais da P-E Batalasb (1996), estes aspectos
podem ser:
 diretos - aqueles de que a organização possui controle. Por exemplo, as
atividades do processo da própria organização;
 indiretos - aqueles sobre os quais a organização pode ter influência para
alcançar controle limitado. Exemplos: Extração de matéria-prima
fornecida por outra organização e uso do produto pelo consumidor;

44
 existentes - aspectos que atualmente já se manifestam, (inclusive no
passado);
 a serem gerados por novos desenvolvimentos - aspectos que podem vir
a existir com a inclusão de novos produtos, serviços e atividades.
O levantamento dos aspectos ambientais em um empreendimento
geralmente compreene as seguintes etapas:
 identificação dos requisitos legislativos e reguladores;
 identificação dos aspectos ambientais significativos;
 exame das práticas e procedimentos de gestão ambiental
 existentes;
 a avaliação de dados provenientes da investigação de acidentes
anteriores.
O próximo passo consiste na implementação do monitoramento ambiental
através de indicadores (ou da análise de registros de monitoramentos realizados
no passado). O monitoramento consiste ainda na avaliação da significância
(qualificação) da base de dados disponível, com o objetivo de se traçar metas
prioritária na área de S.G.A. Esta fase é denominada 'filtro de significância'. A
NBR ISO 14001/96 determina que o Sistema de Gestão Ambiental deve ser
estruturado objetivando a manutenção do controle sobre os processos que
geram aspectos e impactos ambientais significativos (reais ou potenciais).
Entende-se por aspecto ambiental significativo o aspecto ambiental que gera
impacto ambiental significativo, real ou potencial.
A avaliação de significância dos aspectos ambientais consiste em uma
etapa crítica no processo de implementação do sistema S.G.A. Embora
subjetiva, ela deve ser entregue a uma equipe multidisciplinar devidamente
capacitada onde constem elementos familiarizados com os processos e as
necessidades das partes interessadas. Esta equipe deve acolher ainda
profissionais capazes de entender as respostas e demais sinais mensuráveis na
biota e nos ecossistemas impactados. O processo de avaliação de significância
é periódico.

REQUISITOS LEGAIS E OUTROS REQUISITOS


A questão básica do Sistema de Gestão Ambiental é o compromisso com
o cumprimento dos requisitos legais (municipais, estaduais e federais) e outras

45
regras que a empresa assumiu atender. No caso brasileiro, a equipe deve estar
familiarizada com as normas pertinentes do CONAMA bem como aquelas
expedidas pelos órgãos ambientais dos estados e Municípios afetados. O
Sistema de Gestão Ambiental deve possuir mecanismos para garantir que as
exigências legais, de regulamentações e de outras políticas (por exemplo,
práticas empresariais ou diretrizes especificas do setor) relativas aos impactos
ambientais identificados sejam conhecidas, documentadas, disponíveis,
entendidas e atualizadas (sempre que necessário) pela organização.
Outros Requisitos seriam contratos firmados com um cliente, acordos com
autoridades públicas, regulamentações não obrigatórias, acordos com
sindicatos, enfim, uma restrição relativa ao meio ambiente que a empresa
assumiu que iria respeitar. Por exemplo, um compromisso com níveis máximos
de emissões de poluentes nos efluentes líquidos assinado entre uma empresa e
a associação de moradores da bacia hidrográfica onde localiza-se o
empreendimento.

OBJETIVOS E METAS
Este requisito visa garantir a existência de metas ambientais claras para
a empresa, gerências e funcionários. Ele permite que as metas propostas no
contexto ambiental sejam conhecidas e implementadas por todos os níveis da
corporação. Os objetivos e as metas ambientais devem ser estabelecidos em
cada função e nível relevante, dentro da organização
Os objetivos e metas são normalmente quantificáveis e constituem uma
ferramenta de gestão e de melhoria contínua, permitindo que a alta
administração monitore o Sistema de Gestão Ambiental. Os objetivos e metas
ambientais também devem ser alcançáveis e ambiciosos. Desta maneira os
funcionários ficarão motivados.
Os objetivos e metas deverão ser monitorados periodicamente pela
organização, permitindo uma reorientação do Sistema de Gestão Ambiental,
quando necessário. Os objetivos e metas devem ser obrigatoriamente
analisados pela Administração.

46
PROGRAMA(S) DE GESTÃO AMBIENTAL
Este requisito determina as ações que devem ser implementadas para
que a organização atinja os seus objetivos e metas, no mais variados níveis.
Para estas ações, devem-se atribuir responsabilidades, recursos e prazos para
implementação.
O Programa de Gestão Ambiental é gerado, entre outras fontes, a partir
da identificação dos aspectos ambientais significativos existentes ou previstos.
No entanto, é o programa de gestão ambiental que dirá quais as ações que
deverão ser tomadas nas diferentes etapas de planejamento, desenvolvimento,
produção, comercialização e disposição dos produtos e serviços.

IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO
A implementação de um sistema S.G.A. esta na dependência da criação
da 'base do sistema' que vai embasar a implementação dos planos pré-definidos.

ESTRUTURA E RESPONSABILIDADE
A definição de papéis, responsabilidades, autoridades bem como os
recursos necessários para a prática da Política Ambiental da organização é o
tema deste requisito.
O requisito 'estrutura e responsabilidade' constitui um dos diferenciais
entre as organizações que fazem controle ambiental e as empresas que
possuem sistema de gestão ambiental, pois somente o S.G.A. garante uma
atribuição de responsabilidades claras.

ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES E
AUTORIDADES
A atribuição dos papéis, responsabilidades e autoridades é comunicada a
todos os envolvidos no Sistema de Gestão Ambiental, permitindo que sejam
conhecidos e respeitados pelos colaboradores da organização. A determinação
das funções, responsabilidades e autoridades deve ser feita, segundo a NBR
ISO 14001/96, de maneira documentada.

47
RECURSOS
A alta administração deve prover todos os recursos necessários para a
implementação e manutenção do Sistema de Gestão Ambiental. Esses recursos
incluem não só pessoal, mas também itens de custeio tais como equipamentos
de suporte e recursos financeiros para materiais e serviços diversos. Deverá ser
alocada uma determinada soma que garanta o treinamento dos envolvidos no
S.G.A.

REPRESENTANTE DA ADMINISTRAÇÃO
A alta administração deve nomear um representante com a
responsabilidade de coordenar a implantação e manutenção do Sistema de
Gestão Ambiental e, ainda, fazer o elo de ligação entre a operação do S.G.A. e
a alta administração. O representante da administração deve:
 assegurar que os requisitos do Sistema de Gestão Ambiental sejam
estabelecidos, implementados e mantidos;
 reportar o desempenho do S.G.A. à alta administração, para análise
crítica, como uma base para a melhoria do sistema.
A função de 'representante de administração' pode ser exercida por uma
ou mais pessoas, dependendo do porte da organização.

TREINAMENTO, CONSCIENTIZAÇÃO E
COMPETÊNCIA
Após a determinação clara dos papéis, responsabilidades e autoridades,
a NBR ISO 14001/96 aborda a formação dos recursos humanos como parte
fundamental do Sistema Gestão Ambiental.
O requisito 'treinamento, conscientização e competência' visa garantir que
todo o pessoal envolvido com o Sistema de Gestão Ambiental esteja apto para
exercer as suas tarefas. Para tanto, os funcionários da organização devem estar
conscientes da sua parcela de responsabilidade na operação do Sistema de
Gestão Ambiental, seja ela de pequena ou grande valia para o andamento da
S.G.A.
Além do processo de conscientização dos funcionários, todos os
colaboradores que atuam junto a aspectos ambientais geradores de impactos

48
ambientais significativos, reais ou potenciais, devem ser capacitados para
exercer corretamente as suas tarefas.
Os treinamentos, que devem ser fornecidos periodicamente (melhoria
contínua), com finalidade primordialmente preventiva, abrangem a parte técnica
e de conscientização. Periodicamente, devem ser realizados levantamentos das
necessidades de treinamento.
A norma NBR ISO 14001/96 determina que os procedimentos acima
mencionados também incluam os indivíduos que trabalham na operação, mas
não pertençam aos quadros funcionais da empresa (contratados).

COMUNICAÇÃO
Este requisito reconhece a necessidade de que a organização seja
transparente para suas partes interessadas, durante a sua operação e nas
situações de emergência. Para isso, é necessária a criação de fluxos de
informação rápidos e desprovidos de ruídos. A 'comunicação' inclui o
estabelecimento de processos para informar interna e, quando necessário,
externamente, as atividades ambientais da organização.
A NBR ISO 14001/96 abrange a comunicação em dois níveis: interno e
externo. Internamente, a empresa deve ter procedimentos para comunicações
nos vários níveis e funções da organização. A comunicação interna objetiva
melhorar o fluxo de informações entre os colaboradores e a conscientização e
comprometimento dos funcionários com a Política Ambiental e com o S.G.A.
A comunicação externa está concentrada na comunicação da
organização com as partes interessadas externas, formando um canal de duas
vias. É utilizada pela empresa no fornecimento de informações sobre a sua
operação (dando maior segurança à comunidade), na venda da sua imagem e
também nos casos de situação de emergência. Para as partes interessadas
externas, é um meio de transmissão das suas ansiedades e reclamações. A NBR
ISO 14001/96 determina que a organização deve estabelecer e manter
procedimentos para recebimento, documentação e respostas às comunicações
relevantes das partes interessada externas com respeito aos seus aspectos
ambientais e ao Sistema Gestão Ambiental.

49
DOCUMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO
AMBIENTAL
O requisito 'documentação do Sistema de Gestão Ambiental' solicita que
a empresa possua um procedimento que descreva os elementos centrais do
Sistema de Gestão Ambiental e indique a documentação relacionada. Este
procedimento, apesar de não ser denominado de Manual de Gestão Ambiental,
tem evidente semelhança com o Manual da Qualidade definido pela NBR ISO
9001/94. Já a BS7750: 1994 determina explicitamente que a empresa deve
possuir um Manual de Sistema de Gestão Ambiental.

CONTROLE DE DOCUMENTOS
O objetivo deste requisito, que é de suma importância, é garantir que o
Sistema de Gestão Ambiental seja apoiado por uma documentação adequada.
Conforme descrito anteriormente, a NBR ISO 14001/96 tem, como dois
de seus pilares, o planejamento e a prevenção de problemas. A consequência
disto é a criação de planos, procedimentos e instruções de trabalho
documentados que são utilizados por todo o pessoal que executa atividades
geradoras de impactos ambientais significativas.
Para que as atividades e processos sejam executados em conformidade
com os planos, procedimentos e instruções de trabalho, acima mencionados, é
fundamental que estes documentos estejam aprovados e disponíveis para todos
os funcionários ou contratados que executam tarefas que geram impactos
ambientais significativos, reais ou potenciais, Daí, a formulação do requisito
Controle de Documentos, que visa garantir que todos os documentos
relacionados com as atividades e processos que geram ou têm possibilidade de
gerar impactos ambientais significativos estejam identificados, aprovados e
disponíveis no local de uso.

CONTROLE OPERACIONAL
O requisito Controle Operacional visa ao estabelecimento e manutenção
de controles para garantir que os processos e atividades que geram impactos
ambientais, reais ou potenciais, operem em condições previamente definidas.
Portanto, o ponto inicial deste requisito é o conhecimento das atividades e

50
processos que geram aspectos ambientais, que, por consequência, geram
impactos ambientais significativos, reais ou potenciais (estas informações são
obtidas através do requisito Aspectos Ambientais da NBR ISO 14001/96). Tibor
e Feldman (1996) descrevem que a organização que mantiver o controle destas
atividades e processos terá, em consequência, o controle dos impactos
ambientais significativos gerados por eles. Estes processos e atividades incluem:
 processos gerados dos aspectos ambientais;
 processos de tratamento de resíduos, efluentes, emissões, ruídos, etc;
 processos de manuseio, transportes e armazenamento;
 atividades e produtos fornecidos por terceiros.
O planejamento dos processos e atividades é realizado por implantação
e manutenção de procedimentos documentados que incluem métodos e critérios
operacionais

FORNECEDORES E SUBCONTRATADOS
A norma NBR ISO 14001/96 não focaliza objetivamente a avaliação e
seleção de subcontratados, mas sim a comunicação de procedimentos e
requisitos relevantes e requisitos relevantes aos fornecedores da empresa, caso
sejam responsáveis pela entrega de bens e serviços envolvidos com os aspectos
ambientais significativos.

PREPARAÇÃO E ATENDIMENTO A EMERGÊNCIAS


Este requisito objetiva o estabelecimento de procedimentos para atuação
no caso de emergências. Apesar de implantado um Sistema de Gestão
Ambiental, sempre existe uma probabilidade, mesmo que pequena, da
ocorrência de uma situação descontrolada (crise) que pode gerar grandes
impactos ambientais.
São consideradas situações de emergência: incêndio, explosão,
enchentes, acidentes e danos propositais.
Como medida de prevenção ante um possível acidente, a NBR ISO
14001/96 determina a existência de procedimentos para identificar potenciais
acidentes e situações de emergência e prevenir e reduzir impactos ambientais.

51
VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA
Consiste na fase de "verificação" do sistema, coletando dados,
monitorando as emissões, segregando os resíduos e tomando as ações
corretivas e preventivas devidas,. Além disso, o requisito Verificação e Ação
Corretiva da NBR ISO 143001/96 também inclui as atividades de manutenção
dos registros e auditorias do S.G.A. Corresponde à fase de checagem do
P.D.C.A.

MONITORAMENTO E MEDIÇÃO
Este requisito determina que o monitoramento e as medições planejadas
no requisito 'controle operacional' sejam implementados e analisados. Tem como
premissa básica a coleta de dados em vários pontos do processo, com o objetivo
de medir e monitorar o desempenho real em comparação com os objetivos e
metas ambientais da organização. Para isto, podemos dividir este requisito
conforme abaixo:
 Coleta de Dados e Análise: A coleta e análise dos dados dos processos que
geram impactos ambientais significativos são encarados pela NBR ISO
14001/96 como operações fundamentais para o controle dos processos,
aspectos ambientais e impactos ambientais significativos. Através da
operação de coleta de dados, transforma-se as informações pertinentes ao
controle do processo e à geração e disposição de resíduos em indicadores
que são permanentemente monitorados pela organização. Os dados
obtidos nas operações de "coleta de dados" devem ser registrados e
armazenados. Após coletados e registrados, os dados devem ser
analisados, avaliando-se sua conformidade em relação aos critérios pré-
estabelecidos, sejam eles internos ou estipulados por legislações ou
regulamentações ambientais.
 Calibração e Manutenção de Instrumentos: Em função de que as medições
descritas acima dependem de instrumentos, a NBR ISO 14001/96
determina a manutenção e calibração de todos os equipamentos envolvidos
com a monitoração das operações e atividades que têm possibilidade de
gerais impactos ambientais significativos na organização. Apesar de a NBR
ISO 14001/96 não determinar as rotinas mínimas a atender neste requisito,

52
podem-se encarar as normas NBR ISO 10012 como uma boa orientação
nessa direção.

NÃO CONFORMIDADE E AÇÕES CORRETIVA E


PREVENTIVA
Este requisito abrange a etapa seguinte à coleta e análise de dados. Visa
à segregação e mitigação dos problemas, além da correção e eliminação das
causas de não conformidades reais ou potenciais, para que estas não ocorram
ou não sejam reincidentes. Constitui parte da inteligência do sistema, já que atua
para evitar a ocorrência de não conformidades. É uma grande ferramenta para
o melhoramento contínuo do Sistema de Gestão Ambiental.
Com base em informações do S.G.A. dos processos em geral e das não
conformidades, procede-se à tomada das ações de mitigação, ações corretivas
e preventivas. Este requisito pode ser subdesenvolvido nas seguintes partes:
 Não Conformidades - Após a detecção das não conformidades, a
organização deve garantir que estas não gerem impacto ambiental
significativo.
 Ações de Mitigação - Define-se 'ação de mitigação' como aquela que visa
à contenção imediata de um problema existente. A ação de mitigação é
fundamental no caso da existência de não conformidades, pois tenta
evitar, ou, pelo menos, minimizar a geração de impacto ambiental
significativo.
 Ações Corretivas - A ação corretiva consiste na atuação sobre as causas
básicas de uma não conformidade, de maneira estruturada e sistemática.
 Ações Preventivas - A 'ação preventiva' seria aquela que a empresa deve
desencadear para eliminar a causa de um problema potencial, mas que
ainda não ocorreu. Identifica-se a da necessidade de abertura de uma
ação preventiva pela análise dos dados coletados. Avaliam-se, assim, as
tendências dos indicadores e possíveis fatores geradores de não
conformidade.

REGISTROS
Este requisito objetiva o armazenamento do "histórico" do Sistema de
Gestão Ambiental. É um conjunto estabelecido e mantido de informações, que

53
demonstra a conformidade do S.G.A. com a NBR ISO 14001/96. Segundo a NBR
ISO 14004/96, a gestão efetiva destes registros é essencial para o sucesso da
implantação do Sistema de Gestão Ambiental. Estes registros são os indícios do
alcance do desempenho objetivado no S.G.A. e armazenam "os caminhos"
utilizados para atingir tal estágio.
NBR ISO 14001/96 determina a existência de procedimento (não
documentado) para a gestão dos registros. Inclui métodos para a identificação,
manutenção e disposição dos registros ambientais. além disso, os registros
ambientais devem ser legíveis; identificáveis e rasteáveis à atividade,
treinamento, produto ou serviço envolvido; eles devem ficar armazenados, de
maneira que sejam recuperáveis e protegidos contra danos, deterioração ou
perda; ter tempos de retenção estabelecidos e registrados e serem confidenciais,
caso necessário.

AUDITORIA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL


O objetivo deste requisito é estabelecer uma avaliação regular e
sistemática do Sistema de Gestão Ambiental, a fim de verificar a conformidade
entre a prática do S.G.A., as atividades planejadas e a NBR ISO 14001/96. Além
disso, a Auditoria de S.G.A. visa monitorar a eficácia do Sistema de Gestão
Ambiental em relação à Política Ambiental e aos objetivos e metas ambientais.
A auditoria fornece uma fotografia do S. G. A., sendo um instrumento para a
melhoria contínua do sistema.
A Auditoria é parte fundamental do S. G. A. pois através de técnica
amostral, determina o andamento da implementação e manutenção do S.G.A.
fornecendo ao gestor do sistema uma base para administrar as correções
necessárias a realizar. NBR ISO 14001/96 define que as informações e
resultados obtidos durante as auditorias sejam levados ao conhecimento da alta
administração, para a consequente tomada das ações pertinentes.
NBR ISO 14001/96, estabelece paralelos muito fortes da auditoria de
Sistema de Gestão Ambiental com a auditoria do Sistema da Qualidade. As
práticas e procedimentos de auditoria do S.G.A. são semelhantes às utilizadas
na auditoria do sistema de qualidade.
As metodologias e critérios para orientação da realização das auditorias
de S.G.A. são detalhadamente descritos nas normas:

54
 NBR ISO 14001/96 - Diretrizes para Auditoria Ambiental - Princípios
Gerais de Auditoria Ambiental
 NBR ISO 14001/96 - Diretrizes para Auditoria Ambiental - Procedimentos
de Auditoria Ambiental - Parte 1: Auditoria de Sistemas de Gestão
Ambiental.
 NBR ISO 14012/96 - diretrizes para Auditoria Ambiental - Critério de
Qualificação para Auditores Ambientais.

ANÁLISE CRÍTICA PELA ADMINISTRAÇÃO


Este requisito objetiva a avaliação dos resultados do Sistema de Gestão
Ambiental pela administração da organização, permitindo seu redirecionamento,
quando necessário, e melhorando a eficácia e o desempenho do S.G.A. É parte
constituinte da "inteligência" do sistema, pois a administração, a partir das
informações disponíveis do S.G.A., toma decisões para a sua correção,
redefinindo políticas, objetivos e metas, planejamentos, fornecendo mais
recursos, etc.
O requisito 'análise crítica' pela Administração representa a fase de ação
do P.D.C.A. É uma das molas propulsoras do processo de melhoria contínua do
Sistema de Gestão Ambiental, pois, com a participação da alta gerência, são
definidos ou redefinidos os objetivos e metas ambientais, fornecendo impulso à
evolução do S.G.A.
A Análise Crítica pela Administração é realizada pela alta Administração
comprometida com o Sistema de Gestão Ambiental e tem a participação do(s)
Representante(s) da Administração que relatam à Alta Administração o
desempenho do Sistema de Gestão Ambiental.
As Análises Críticas pela Administração devem ser realizadas a intervalos
pré-determinados pela própria administração a partir de informações coletadas
do Sistema de Gestão Ambiental. Segundo a NBR ISO 14001/96, são discutidos
obrigatoriamente, nesta avaliações do S.G.A.
Resultados de Auditorias do S.G.A induzem os seguintes resultados:
 mudanças das circunstâncias;
 melhoria contínua;
 nível de atendimento da Política, Objetivos e outros elementos do S.G.A.

55
COMPROMETIMENTO E POLÍTICA AMBIENTAL

A política ambiental deve estabelecer um senso geral de orientação para


as organizações e simultaneamente fixar os princípios de ação pertinentes aos
assuntos e à postura empresarial relacionados ao meio ambiente.
Tendo como base a avaliação ambiental inicial ou mesmo uma revisão
que permita saber onde e em que estado a organização se encontra em relação
às questões ambientais, chegou a hora da empresa definir claramente aonde ela
quer chegar. Nesse sentido, a organização discute, define e fixa o seu
comprometimento e a respectiva política ambiental.
O objetivo maior é obter um comprometimento e uma política ambiental
definida para a organização. Ela não deve simplesmente conter declarações
vagas; ela precisa ter um posicionamento definido e forte. Além da política
ambiental, empresas também adotam a missão de que em poucas palavras,
expõe seus propósitos.
A política ambiental da organização deve necessariamente estar
disseminada nos quatro pontos cardeais da empresa, ou seja, em todas as áreas
administrativas e operativas e também deve estar incorporada em todas as
hierarquias existentes, ou seja, de baixo para cima e de cima para baixo - da alta
administração até a produção.
Ao adotar a política ambiental, a organização deve escolher as áreas mais
óbvias a serem focalizadas com relação ao cumprimento da legislação e das
normas ambientais vigentes específicas no que se refere a problemas e riscos
ambientais potenciais da empresa.

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A organização deve ter o cuidado de não ser demasiadamente genérica
afirmando, por exemplo: comprometemo-nos a cumprir a legislação ambiental.
É óbvio que qualquer empresa, com ou sem política ambiental declarada, deve
obedecer a legislação vigente.
O compromisso com o cumprimento e a conformidade é de vital
importância para a organização, pois, em termos de gestão ambiental, inclusive
nos moldes das normas da série ISO 14000, a adoção de um SGA é voluntária,
portanto nenhuma empresa é obrigada a adotar uma política ambiental ou
procedimentos ambientais espontâneos, salvo em casos de requisitos exigidos
por lei, como, por exemplo: licenciamento ambiental, controle de emissões,
tratamento de resíduos, etc.

AGENDA 21 BRASILEIRA
A Agenda 21 Brasileira é um processo e instrumento de planejamento
participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a
sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o
crescimento econômico. O documento é resultado de uma vasta consulta à
população brasileira, sendo construída a partir das diretrizes da Agenda 21
global. Trata-se, portanto, de um instrumento fundamental para a construção da
democracia ativa e da cidadania participativa no País.
A primeira fase foi a construção da Agenda 21 Brasileira. Esse processo
que se deu de 1996 a 2002, foi coordenado pela Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional - CPDS e teve o
envolvimento de cerca de 40.000 pessoas de todo o Brasil. O documento Agenda
21 Brasileira foi concluído em 2002.
A partir de 2003, a Agenda 21 Brasileira não somente entrou na fase de
implementação assistida pela CPDS, como também foi elevada à condição de
Programa do Plano Plurianual, PPA 2004-2007, pelo atual governo. Como
programa, ela adquire mais força política e institucional, passando a ser
instrumento fundamental para a construção do Brasil Sustentável, estando
coadunada com as diretrizes da política ambiental do Governo, transversalidade,
desenvolvimento sustentável, fortalecimento do Sisnama e participação social e
adotando referenciais importantes como a Carta da Terra.

57
Portanto, a Agenda 21, que tem provado ser um guia eficiente para
processos de união da sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e
de sua aplicação, é hoje um dos grandes instrumentos de formação de políticas
públicas no Brasil.

IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 BRASILEIRA (A


PARTIR DE 2003)
A posse do Governo Luíz Inácio Lula da Silva coincidiu com o início da
fase de implementação da Agenda 21 Brasileira. A importância da Agenda como
instrumento propulsor da democracia, da participação e da ação coletiva da
sociedade foi reconhecida no Programa Lula, e suas diretrizes inseridas tanto no
Plano de Governo quanto em suas orientações estratégicas.
Um outro grande passo foi a utilização dos princípios e estratégias da
Agenda 21 Brasileira como subsídios para a Conferência Nacional de Meio
Ambiente, Conferência das Cidades e Conferência da Saúde. Esta ampla
inserção da Agenda 21 remete à necessidade de se elaborar e implementar
políticas públicas em cada município e em cada região brasileira.
Para isso, um dos passos fundamentais do atual governo foi transformá-
la em programa no Plano Plurianual do Governo - PPA 2004/2007, o que lhe
confere maior alcance, capilaridade e importância como política pública. O
Programa Agenda 21 é composto por três ações estratégicas que estão sendo
realizadas com a sociedade civil: implementar a Agenda 21 Brasileira; elaborar
e implementar as Agendas 21 Locais e a formação continuada em Agenda 21. A
prioridade é orientar para a elaboração e implementação de Agendas 21 Locais
com base nos princípios da Agenda 21 Brasileira que, em consonância com a
Agenda global, reconhece a importância do nível local na concretização de
políticas públicas sustentáveis. Atualmente, existem mais de 544 processos de
Agenda 21 Locais em andamento no Brasil, quase três vezes o número
levantado até 2002.
Em resumo, são estes os principais desafios do Programa Agenda 21:
 Implementar a Agenda 21 Brasileira. Passada a etapa da elaboração, a
Agenda 21 Brasileira tem agora o desafio de fazer com que todas as suas
diretrizes e ações prioritárias sejam conhecidas, entendidas e
transmitidas, entre outros, por meio da atuação da Comissão de Políticas

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de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 Brasileira - CPDS;
implementação do Sistema da Agenda 21; mecanismos de
implementação e monitoramento; integração das políticas públicas;
promoção da inclusão das propostas da Agenda 21 Brasileira nos Planos
das Agendas 21 Locais.
 Orientar para a elaboração e implementação das Agendas 21 Locais. A
Agenda 21 Local é um dos principais instrumentos para se conduzir
processos de mobilização, troca de informações, geração de consensos
em torno dos problemas e soluções locais e estabelecimento de
prioridades para a gestão de desde um estado, município, bacia
hidrográfica, unidade de conservação, até um bairro, uma escola. O
processo deve ser articulado com outros projetos, programas e atividades
do governo e sociedade, sendo consolidado, dentre outros, a partir do
envolvimento dos agentes regionais e locais; análise, identificação e
promoção de instrumentos financeiros; difusão e intercâmbio de
experiências; definição de indicadores de desempenho.
 Implementar a formação continuada em Agenda 21. Promover a
educação para a sustentabilidade através da disseminação e intercâmbio
de informações e experiências por meio de cursos, seminários,
workshops e de material didático. Esta ação é fundamental para que os
processos de Agendas 21 Locais ganhem um salto de qualidade, através
da formulação de bases técnicas e políticas para a sua formação; trabalho
conjunto com interlocutores locais; identificação das atividades,
necessidades, custos, estratégias de implementação; aplicação de
metodologias apropriadas, respeitando o estágio em que a Agenda 21
Local em questão está.

AGENDA 21 BRASILEIRA EM AÇÃO

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No âmbito do Programa Agenda 21, as principais atividades realizadas
em 2003 e 2004 refletem a abrangência e a capilaridade que a Agenda 21 está
conquistando no Brasil. Estas atividades estão sendo desenvolvidas de forma
descentralizada, buscando o fortalecimento da sociedade e do poder local e
reforçando que a Agenda 21 só se realiza quando há participação das pessoas,
avançando, dessa forma, na construção de uma democracia participativa no
Brasil. Destacamos as seguintes atividades:
 Ampliação da CPDS: Criada no âmbito da Câmara de Políticas dos
Recursos Naturais, do Conselho de Governo, a nova constituição da
CPDS se deu por meio de Decreto Presidencial de 03 de fevereiro de
2004. Os novos membros que incluem 15 ministérios, a ANAMMA e a
ABEMA e 17 da sociedade civil tomaram posse no dia 1º. de junho de
2004. A primeira reunião da nova composição aconteceu no dia 1º de
julho, e a segunda em 15 de setembro de 2004.
 Realização do primeiro Encontro Nacional das Agendas 21 Locais, nos
dias 07 e 08 de novembro de 2003, em Belo Horizonte, com a participação
de cerca de 2.000 pessoas de todas as regiões brasileiras. O II Encontro
das Agendas 21 Locais será realizado em janeiro de 2005, durante o
Fórum Social Mundial, em Porto Alegre-RS.
 Programa de Formação em Agenda 21, voltado para a formação de cerca
de 10.000 professores das escolas públicas do País que, através de cinco
programas de TV, discutiram a importância de se implementar a Agenda
21 nos municípios, nas comunidades e na escola. Esse programa,

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veiculado pela TVE em outubro de 2003, envolveu, além dos professores,
autoridades governamentais e não governamentais, e participantes dos
Fóruns Locais da Agenda 21, da sociedade civil e de governos.
 Participação na consolidação da Frente Parlamentar Mista para o
Desenvolvimento Sustentável e Apoio às Agendas 21 Locais. Esta frente,
composta de 107 Deputados Federais e 26 Senadores, tem como
principal objetivo articular o Poder Legislativo brasileiro, nos níveis
federal, estadual e municipal, para permitir uma maior fluência na
discussão dos temas ambientais, disseminação de informações
relacionadas a eles e mecanismos de comunicação com a sociedade civil.
 Elaboração e monitoramento, em conjunto com o FNMA, do Edital
02/2003 - Construção de Agendas 21 Locais, que incluiu a participação
ativa no processo de capacitação de gestores municipais e de ONGs, em
todos os estados brasileiros, para a confecção de projetos para o edital.
Ao todo foram cerca de 920 pessoas capacitadas em 25 eventos. No final
do processo, em dezembro de 2003, foram aprovados, com
financiamento, 64 projetos de todas as regiões brasileiras.
 Publicação da Série Cadernos de Debate Agenda 21 e Sustentabilidade
com o objetivo de contribuir para a discussão sobre os caminhos do
desenvolvimento sustentável no País. São seis os Cadernos publicados
até o presente: Agenda 21 e a Sustentabilidade das Cidades; Agenda 21:
Um Novo Modelo de Civilização; Uma Nova Agenda para a Amazônia;
Mata Atlântica o Futuro é Agora; Agenda 21 e o Setor Mineral; Agenda
21, o Semi-Árido e a Luta contra a Desertificação.
 Publicação de mil exemplares da segunda edição da Agenda 21
Brasileira: Ações Prioritárias e Resultado da Consulta Nacional, contendo
apresentação da Ministra Marina Silva e a nova composição da CPDS.

Ainda, foram efetivadas parcerias e convênios com o Ministério da


Educação, Ministério da Saúde, Ministério das Cidades, Ministério da Cultura,
Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, Ministério da Integração Nacional, Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento e Ministério de Minas e Energia; Fórum Brasileiro das
ONGs para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento; CONFEA/CREA, Caixa

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Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e prefeituras
brasileiras.

REFERÊNCIAS
Bibliografia Básica
ARLINDO PHILIPPI JR., A.; ROMERO, M.A.; BRUNA, G.C. Curso de Gestão
Ambiental. 1 ed., Barueri: Manole, 1045p., 2004.

Bibliografia Complementar
LOPRES, I.V.; BATOS-FILHO, G.S.; BALE, M. 1998. Gestão Ambiental no
Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 377 p., 1998.

CARVALHO, A.B.; ANDRADE, R.O.B.; TACHIZAWA, T. Gestão Ambiental. 2


ed., Rio de Janeiro: Makron Books, 232 p., 2000.

ASSUMPÇÃO, L.F.J. Sistema de Gestão Ambiental. 2 ed., Curitiba: Juruá, 280


p., 2007.

SEIFFERT, M.E.B. ISO 14001 Sistemas de Gestão Ambiental. 3 ed., São


Paulo: Atlas, 258, 2007.

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