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GESTÃO, DISTRIBUIÇÃO E O USO

SUSTENTÁVEL DAS ÁGUAS NO BRASIL


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Sumário

FACUMINAS ............................................................................................ 3

INTRODUÇÃO... ...................................................................................... 4

GESTÃO...................................................................................................6

Gestão de Recursos Hídricos..........................................................6

O Cenário Atual: Reflexo da Má Gestão........................................7

O que é Risco Hídrico?..................................................................7

Gestão da água na empresa - O que pode mudar?......................8

Caso – Ambev..............................................................................9

DISTRIBUIÇÃO............................................................................... ....11

Divisões Hidrográficas no Brasil..................................................11

Quantidade de Águas..................................................................12

Chuvas........................................................................................12

Rede Hidrometereológica Nacional............................................14

Água Superficial.........................................................................15

Água Subterrânea.......................................................................16

Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade da Água..........18

Indicadores de Qualidade............................................................18

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Balanço Hídrico...........................................................................19

Barragens....................................................................................20

Mudanças Climáticas e Recursos Hídricos.............................21

Situação da Água no Mundo...................................................22

USO SUSTENTÁVEL DAS ÁGUAS NO BRASIL...............................24

Irrigação...................................................................................24

Abastecimento.........................................................................24

Indústria...................................................................................26

Hidroeletricidade......................................................................26

Outros usos..............................................................................27

Situação dos Recursos Hídricos na América Latina e no Brasil.28

BIBLIOGRAFIA....................................................................................33

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução

A água é um recurso essencial para a vida de todos os seres vivos, mas


é um bem natural limitado. Para regulamentar o acesso aos recursos hídricos, a
Agência Nacional de Águas (ANA) e os órgãos gestores estaduais utilizam
mecanismos de planejamento e coordenação do uso da água no País.

A Politica Nacional de Recursos Hídricos Instituída pela lei nº 9.433 de 8


de janeiro de 1997, que ficou conhecida como Lei das Águas, a Política Nacional
de Recursos Hídricos (PNRH) estabeleceu instrumentos para a gestão dos
recursos hídricos de domínio federal (aqueles que atravessam mais de um
estado ou fazem fronteira) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (SINGREH).
Conhecida por seu caráter descentralizador, por criar um sistema nacional
que integra União e estados, e participativo, por inovar com a instalação de
comitês de bacias hidrográficas que une poderes públicos nas três
instâncias, usuários e sociedade civil na gestão de recursos hídricos, a PNRH é
considerada uma lei moderna que criou condições para identificar conflitos pelo
uso das águas, por meio dos planos de recursos hídricos das bacias
hidrográficas, e arbitrar conflitos no âmbito administrativo.

A lei nº 9.433/97 deu maior abrangência ao Código de Águas, de 1934,


que centralizava as decisões sobre gestão de recursos hídricos no setor elétrico.
Ao estabelecer como fundamento o respeito aos usos múltiplos e como
prioridade o abastecimento humano e dessedentação animal em casos de
escassez, a Lei das Águas deu outro passo importante tornando a gestão dos
recursos hídricos democrática.

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O acompanhamento da evolução da gestão dos recursos hídricos em


escala nacional é feito por meio da publicação do Relatório de Conjuntura dos
Recursos Hídricos, que a cada quatro anos faz um balanço da implementação
dos instrumentos de gestão, dos avanços institucionais do Sistema e da
conjuntura dos recursos hídricos no País.
Previstos pela Política Nacional de Recursos Hídricos, os Planos de
Recursos Hídricos são documentos que definem a agenda dos recursos hídricos
de uma região, incluindo informações sobre ações de gestão, projetos, obras e
investimentos prioritários. Além disso, fornecem dados atualizados que
contribuem para o enriquecimento das bases de dados da Agência Nacional de
Águas (ANA).

A partir de uma visão integrada dos diferentes usos diferentes usos da


água, os planos são elaborados em três níveis: bacia hidrográfica, nacional e
estadual. Contam também com o envolvimento de órgãos governamentais, da
sociedade civil, dos usuários e de diversas instituições que participam do
gerenciamento dos recursos hídricos.

A ANA atua na implementação do Sistema Nacional de Gerenciamento de


Recursos Hídricos (SINGREH), elaborando planos de recursos hídricos em
bacias hidrográficas de domínio da União (aquelas em que o curso d’água passa
por mais de um estado ou país). Nas outras esferas, a ANA atua oferecendo
apoio técnico na elaboração dos planos.

Outro instrumento da Política utilizada pela ANA, no âmbito do


planejamento, é o enquadramento dos corpos d’água, que estabelece o nível de
qualidade a ser alcançado ou mantido ao longo do tempo.

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GESTÃO

Gestão de Recursos Hídricos

A discussão sobre Gestão de Recursos Hídricos ganhou força nos setores


público e privado nos últimos anos. Os vários eventos de escassez registrados
na região Sudeste em 2014/2015, no Nordeste nos últimos 06 anos e agora no
Centro-Oeste são indicadores de como os impactos ambientais, a má gestão e
as mudanças climáticas podem afetar a disponibilidade de água para todos os
setores da sociedade, reacendendo o debate sobre o assunto.

No Brasil, especialmente, o problema em diversos reservatórios oriundos


da falta de chuva e de planejamento sobre a gestão dos recursos hídricos
também trouxe o tema à tona. Esse problema impacta em perdas de produção
para as empresas, racionamento e rodízio de água para as pessoas e da conta
de luz.

Reportagem publicada pelo Valor Econômico evidencia a desproporção


entre a grande importância da água para a produção das empresas e a pouca
atenção a ela dedicada pelo setor privado. No caso, 48% das companhias
disseram que o racionamento vigente no período de escassez prejudicava
fortemente sua operação. No entanto, mais da metade sequer determinavam

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uma meta ou estimativa para diminuir o consumo de recursos hídricos, fato mais
evidenciado entre as empresas pequenas e médias.

É importante deixar claro que Gestão de Recursos Hídricos vai muito além
do simples racionamento ou economia. Trata-se de mapear riscos e
oportunidades que englobam o tema. Assim será possível estabelecer métricas
e objetivos concretos sobre o impacto da água nas operações e finanças do
negócio.

O CENÁRIO ATUAL: REFLEXO DA MÁ GESTÃO

O Fórum Econômico Mundial (FEM), em 2015, elegeu o risco hídrico como


a grande ameaça para a sociedade global nos próximos anos. O problema não
é exatamente novo. Além das mudanças climáticas, as principais razões são:

 Anos de mau comportamento em relação ao uso da água e do solo;


 Acomodação com a falsa impressão de abundância de água, que faz com
que o custo deste ativo esteja bem abaixo do que deveria;
 Alto índice de desperdícios e baixo investimento em infraestrutura;
 Falta de fiscalização quanto ao uso adequado da água.

Esse cenário exige que soluções para controlar esse perigo iminente
sejam adotadas rapidamente pelo maior número possível de pessoas e
instituições.

O QUE É RISCO HÍDRICO?

Risco hídrico pode ser definido como todo o risco relacionado ao


suprimento de água para atender à demanda populacional e empresarial em
curtos e longos prazos. O conceito abarca secas ou inundações, baixa

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qualidade, comprometimento de sistemas e ecossistemas aquáticos e


incapacidade de suprir a demanda de água local ou global – quando os
reservatórios ou fontes naturais não dão conta do abastecimento, por exemplo.

Essa definição é baseada nas ideias da entidade internacional OCDE –


Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Entendê-la é
indispensável para elaborar planos e metas eficazes de gestão de recursos
hídricos.

GESTÃO DA ÁGUA NA EMPRESA

O QUE PODE MUDAR?

A segurança hídrica é fundamental para a perenidade de quase todos os


negócios. Problemas no suprimento afetam a produção, aumento dos custos e
até eventual perda de licença para operar, problema com outorga de uso da água
uma vez que a má gestão pode impactar o atendimento às normas legais e a
imagem pública da organização.

Uma pesquisa da indústria paulista mostra que a situação não é muito


diferente no Brasil. Os dados indicam que um possível racionamento de água
afetaria drasticamente a saúde financeira de 29,5% das grandes companhias.

Como o mercado não vive de problemas, e, sim, de soluções, muitas


empresas debatem entre si e com o poder público medidas para melhorar seu
desempenho nesse sentido.

Algumas iniciativas de otimização do uso da água incluem:

 Perfuração de poços para reutilização da água;


 Investimento em técnicas de reuso;
 Processos internos de recirculação;
 Gerenciamento e mensuração do uso eficiente da água nas operações;
 Tratamento interno da água utilizada;

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 Desenvolvimento de planos conjuntos de mobilização para elaboração de


investimentos e ações focadas na economia de recursos hídricos.

Algumas medidas podem, sim, ser adaptadas e aplicadas internamente.


Mas é sempre importante ressaltar a importância do engajamento de todos os
setores da sociedade.

No caso de mudanças internas, é interessante seguir um passo a passo


de implementação na gestão, conforme mostra o gráfico a seguir:

Figura 1

CASO – AMBEV

A Ambev atua há mais de 20 anos para garantir a economia de água em


suas unidades. Este trabalho fez com que a organização diminuísse em 38% a
captação de água entre 2002 e 2013, tornando-a referência internacional.

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Além da adoção interna de boas práticas – diminuição de desperdício e


inclusão de metas sobre o uso de recursos hídricos -, a Ambev fez parcerias
voltadas à preservação e conservação para além de seus muros.

Um exemplo é o projeto de reutilização dos efluentes gerados pela Ambev


no Maranhão pela refinaria Alumar. Ou seja, a água que seria descartada no rio
da região é bombeada até uma lagoa de sedimentação da Alumar para ser
reaproveitada. A engenharia propicia que a Alumar não precise captar água
subterrânea e reaproveite o efluente que seria descartado no rio.

A iniciativa reduziu em 72% o descarte de água no Rio Pedrinhas, um dos


mais importantes da região, resultando num total de 500 milhões de litros
poupados, o equivalente ao consumo mensal de uma cidade de 118 mil
habitantes.

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DISTRIBUIÇÃO

Divisões Hidrográficas no Brasil

A Divisão Hidrográfica Nacional, instituída pelo Conselho Nacional de


Recursos Hídricos (CNRH), estabelece as doze Regiões Hidrográficas
brasileiras.
São regiões hidrográficas: bacias, grupo de bacias ou sub-bacias
hidrográficas próximas, com características naturais, socais e econômicas
similares. Esse critério de divisão das regiões visa orientar o planejamento e
gerenciamento dos recursos hídricos em todo o país.

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Figura 2

QUANTIDADE DE ÁGUA

Em termos globais, o Brasil possui uma boa quantidade de água. Estima-


se que o país possua cerca de 12% da disponibilidade de água doce do
planeta. Mas a distribuição natural desse recurso não é equilibrada. A região
Norte, por exemplo, concentra aproximadamente 80% da quantidade de água
disponível, mas representa apenas 5% da população brasileira. Já as regiões
próximas ao Oceano Atlântico possuem mais de 45% da população, porém,
menos de 3% dos recursos hídricos do país.

A Agência Nacional de Águas (ANA) acompanha a situação da quantidade


de água e realiza o monitoramento hidro meteorológico a partir da operação
contínua da Rede Hidro meteorológica Nacional. A ANA levanta dados
importantes que acompanham o volume das águas superficiais e subterrâneas,

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a capacidade de armazenamento de reservatórios e as precipitações de chuvas.


Essas informações são fundamentais para a gestão das águas e podem ser
acessadas por qualquer cidadão brasileiro que tenha interesse em saber as
condições das águas no território nacional.

CHUVAS

 Na maior parte do Brasil, as estações de secas e de chuvas são bem


definidas. Contudo, é necessário acompanhar com atenção o padrão de
chuvas e toda alteração de comportamento para, por exemplo, realizar a
gestão eficiente dos reservatórios, responsáveis por armazenar água nos
períodos úmidos e garantir a disponibilidade de recursos hídricos em
épocas mais secas. Em algumas regiões do país, os reservatórios
asseguram, inclusive, a demanda contínua para o abastecimento
humano.

 O monitoramento das chuvas ainda é fundamental para analisar alguns


casos de exceção; por exemplo, nos casos em que, na média anual, o
período de estiagem não foi extremamente seco, mas a chuva foi
insuficiente e resultou na diminuição da vazão de uma bacia. Da mesma
forma, o evento de um período muito chuvoso dentro do ano pode causar
grandes danos em determinado local.

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 Um dos papéis da Agência Nacional de Águas (ANA) é analisar,


acompanhar e coletar esse tipo de informação para saber realmente a
quantidade de água disponível.

Figura 3

REDE HIDROMETEREOLÓGICA NACIONAL

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Figura 4

A Agência Nacional de Águas (ANA) é responsável pela coordenação das


atividades da Rede Hidro meteorológica Nacional, composta por mais de 4 mil
estações, que monitoram o volume de chuvas, o nível e a vazão dos rios, a
quantidade de sedimentos, a evaporação e a qualidade das águas.
A ANA disponibiliza esses dados nos seguintes sistemas:

• Hidroweb (banco de dados com todas as informações coletadas


pela Rede Hidro meteorológica)

• Telemetria (dados hidrológicos em tempo real coletados pelas


estações denominadas Plataformas de Coletas de Dados - PCDs,
transmitidos pelos satélites brasileiros SCD e CBERS).

• Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos - SNIRH

Essas informações são fundamentais, tanto para a gestão dos recursos


hídricos por parte da ANA, como para o desenvolvimento de projetos em

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segmentos da economia dependentes do uso da água, como agricultura,


transporte aquaviário, geração de energia hidrelétrica, saneamento, aquicultura.

Em parceria com a ANEEL, a ANA publicou a Resolução Conjunta


ANEEL/ANA nº 03/2010, que estabelece as condições e os procedimentos a
serem observados pelos concessionários e autorizados de geração de energia
hidrelétrica para a instalação, operação e manutenção de estações
hidrométricas associadas a aproveitamentos hidrelétricos.
Com essa Resolução, a ANA assumiu a função de orientar os agentes do
setor elétrico sobre os procedimentos de coleta, tratamento, armazenamento e
envio de dados hidrométricos em formato compatível com o Sistema Nacional
de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH).

ÁGUA SUPERFICIAL

Figura 5

As águas superficiais não penetram no solo, acumulam-se na superfície,


escoam e dão origem a rios, riachos, lagoas e córregos. Por esta razão, elas são

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consideradas uma das principais fontes de abastecimento de água potável do


planeta.
É importante o monitoramento frequente das águas superficiais, a fim de
conhecer a quantidade e a qualidade disponíveis e gerar insumos para o
planejamento e a gestão de recursos hídricos, que devem garantir o acesso aos
diferentes usos da água.

Os principais rios supervisionados pela Agência Nacional de Água (ANA)


são: Rio Amazonas, Rio Araguaia, Rio São Francisco, Rio Paraíba do Sul, Rio
Paraguai, Rio Iguaçu, Rio Paraná e Rio Tapajós. Além de fornecerem o
abastecimento de água para várias cidades brasileiras, esses rios têm grande
importância social, econômica e turística.

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Figura 6

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As águas subterrâneas são formadas pelo excedente das águas de


chuvas que percorrem camadas abaixo da superfície do solo e preenchem os
espaços vazios entre as rochas. Essas formações geológicas permeáveis são
chamadas de aquíferos e são classificadas em três tipos: fraturado, poroso e
cáustico. Dessa forma, os aquíferos são uma reserva de água embaixo do solo,
abastecida pela chuva, e funciona como uma espécie de caixa d’água que
alimenta os rios.
No Brasil, os aquíferos contribuem para que boa parte dos rios brasileiros
seja perene, ou seja, não sequem no período da estiagem. Por serem
relativamente abundantes, compondo uma parcela significativa da água potável
utilizada para consumo humano, agricultura e outros fins, o acompanhamento
das condições das águas subterrâneas é muito importante.

O trabalho da Agência Nacional de Águas (ANA), em relação às águas


subterrâneas, é elaborar estudos e estimular a gestão integrada e sustentável
dos recursos hídricos subterrâneos e superficiais. Assim, ao adotar uma visão
que considera as águas superficiais e subterrâneas como uma toda a
ANA previne conflitos pelo uso da água, facilita a gestão compartilhada do
recurso pelos estados e estimula o uso racional da água.
Desde 2007, a Agenda de Águas Subterrâneas da ANA desenvolve e
financia publicações, apoia a gestão estadual e promove cursos de capacitação.
Essas ações buscam dotar os órgãos gestores de recursos hídricos estaduais
de conhecimento hidro geológico, técnico-gerencial e de capacitação específica
em águas subterrâneas, de forma que possam desempenhar adequadamente a
gestão sistêmica e integrada dos recursos hídricos.
A ANA, porém, não regula o acesso aos aquíferos, já que a competência
para gestão das águas subterrâneas é do órgão estadual.

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REDE NACIONAL DE MONITORAMENTO DE QUALIDADE DA ÁGUA

Vários Estados brasileiros monitoram a qualidade das águas superficiais


em seus territórios e repassam para a Agência Nacional de Águas (ANA). Mas,
como cada região usa diferentes critérios e parâmetros, a comparação dos
dados, em nível nacional, nem sempre é possível.

Para contornar a situação, em 2013, a ANA lançou a Rede Nacional de


Monitoramento de Qualidade da Água (RNQA), que conta com uma estratégia
de cooperação entre os operadores das redes de monitoramento, padronizando
e ampliando o monitoramento em nível nacional. Assim, os Estados continuam
sendo os principais responsáveis pelo estabelecimento e operação de redes de
qualidade da água, mas os dados gerados ficam mais fáceis de serem
interpretados e os custos de implementação e operação são reduzidos.

INDICADORES DE QUALIDADE

O Índice de Qualidade das Águas (IQA) é o principal indicador qualitativo


usado no país. Foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água para o
abastecimento público, após o tratamento convencional. A interpretação dos
resultados da avaliação do IQA deve levar em consideração este uso da água.
Por exemplo, um valor baixo de IQA indica a má qualidade da água para
abastecimento, mas essa mesma água pode ser utilizada em usos menos
exigentes, como a navegação ou geração de energia.

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O IQA é calculado com base nos seguintes parâmetros: temperatura da


água, PH, oxigênio dissolvido, resíduo total, demanda bioquímica de oxigênio,
coliformes termo tolerantes, nitrogênio total, fósforo total e turbidez.

Figura 7

BALANÇO HIDRÍCO

A Agência Nacional de Águas (ANA) atualiza sistematicamente, por meio


dos Relatórios de Conjuntura, o balanço entre a oferta e a demanda de recursos
hídricos, tendo, assim, informações sempre recentes.
A ANA também monitora os dados sobre a qualidade e a quantidade de água
que entra e sai de uma região, para saber as condições dos rios e bacias
brasileiras. Por meio dessa comparação é possível realizar diagnósticos, que
visam orientar ações de planejamento e de gestão.

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BARRAGENS

A Política Nacional de Segurança de Barragens (lei nº 12.334/2010) cria


regras para a acumulação de água, de resíduos industriais e a disposição final
ou temporária de rejeitos. Essa política também estabelece que a Agência
Nacional de Águas (ANA) é a responsável por organizar, implantar e gerir
o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB);
promover a articulação entre os órgãos fiscalizadores de barragens; coordenar
a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens (RSB); e receber
denúncias dos demais órgãos ou entidades fiscalizadores sobre qualquer não
conformidade que implique em risco imediato à segurança ou qualquer acidente
ocorrido nas barragens.
A ANA recebe essas denúncias pelo Centro Nacional de
Gerenciamento de Riscos e Desastres – CENAD, no telefone
08006440199 ou pelo email plantaocenad@gmail.com.
A ANA também fiscaliza o atendimento às normas relativas à segurança de
barragens em cursos d'água sob sua jurisdição, além de manter o cadastro
atualizado, com identificação dos empreendedores.

O SNISB tem, por objetivo, coletar, armazenar, tratar, gerir e disponibilizar,


para a sociedade, as informações relacionadas à segurança de barragens em
todo o território nacional. A inserção de informações no sistema está sob a
responsabilidade de cada entidade ou órgão fiscalizador de segurança de
barragens no Brasil.

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RECURSOS HIDRICOS

O ciclo da água está diretamente ligado ao clima. Assim, mudanças no


clima que alterem o regime de chuvas podem provocar o aumento da ocorrência
de eventos hidrológicos extremos, como inundações e longos períodos de seca.
Esses eventos afetam a oferta de água, ameaçando o suprimento de recursos
hídricos para todos.

Diante do cenário de mudanças no clima, a Agência Nacional de Águas


(ANA) implementa medidas para aumentar a segurança hídrica e a capacidade
do Brasil de se adaptar a novos cenários. A ANA também promove reuniões
técnicas, dá apoio ao desenvolvimento de grupos de estudos científicos e
elabora documentos de diretrizes e planas de recursos hídricos.

Conheça o histórico do papel da ANA em relação às mudanças


climáticas:

2002 – A ANA exerce a coordenação da Câmera Técnica de Recursos Hídricos


no Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Reuniões foram registradas na
publicação Clima e Recursos Hídricos.
2009 – Instituída a Política Nacional de Mudança do Clima, que oficializa o
compromisso voluntário do Brasil junto à Convenção-Quadro da ONU sobre
Mudança do Clima e redução de emissões de gases de efeito estufa até 2020.
2010 – A ANA cria o Grupo de Trabalho sobre Mudanças Climáticas, responsável
pela elaboração do documento de diretriz “Os efeitos das mudanças climáticas
sobre os recursos hídricos: desafios para a gestão”. Com caminhos gerais de
preparação para crises e ainda discute temas como a variabilidade climática,
planejamento dos recursos hídricos, entre outros.

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2010 – A ANA dá início à promoção de estudos de mudanças do clima para


subsidiar a elaboração de planos de bacias de recursos hídricos.

2013-2015 – Em conjunto com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos


(CGEE), a ANA cria o documento “Mudanças climáticas e recursos hídricos:
avaliações e diretrizes para adaptação”. Com o objetivo de apoiar a formulação
do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças do Clima.
2015 – A ANA, juntamente com o CNPq e a CAPES, lança editais de Mudanças
Climáticas e Recursos Hídricos para pesquisas e projetos sobre os impactos das
mudanças nos recursos hídricos.
2016 – A ANA dá início a programas de capacitação em metodologias de análise
de custo-benefício em mudanças do clima, com o apoio do Grupo de
Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas.
2017 – ANA integra a nova formatação do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima
(FBMC), cujo objetivo é conscientizar a sociedade e contribuir para discussão de
ações necessárias para o enfrentamento das mudanças climáticas.
2017-2018 – A ANA integra efetivamente o tema das mudanças climáticas em
suas iniciativas de planejamento e gestão dos recursos hídricos, por meio de
projeto piloto na Bacia do Rio Piranhas Açu.

SITUAÇÃO DA ÁGUA NO MUNDO

Estima-se que 97,5% da água existente no mundo é salgada e não é


adequada ao nosso consumo direto nem à irrigação da plantação. Dos 2,5% de
água doce, a maior parte (69%) é de difícil acesso, pois está concentrada nas
geleiras, 30% são águas subterrâneas (armazenadas em aquíferos) e 1%

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encontra-se nos rios. Logo, o uso desse bem precisa ser pensado para que não
prejudique nenhum dos diferentes usos que ela tem para a vida humana.
A água não está limitada às fronteiras políticas dos países, razão pela
qual quase metade da superfície terrestre é conformada por bacias hidrográficas
de rios compartilhados por dois ou mais países. O Brasil compartilha cerca de
82 rios com os países vizinhos, incluindo importantes bacias como a do
Amazonas e a do Prata, além de compartilhar os sistemas de aquíferos Guarani
e Amazonas. Esse cenário se traduz em diferentes e oportunas possibilidades
para a cooperação e o bom relacionamento entre os países.
No cenário da cooperação internacional, a Agência Nacional de Águas
(ANA) tem um amplo conjunto de projetos já executados, em negociação ou em
implementação, os quais, por se enquadrarem na tipologia da cooperação
técnica internacional, são tratados conjuntamente com a Agência Brasileira de
Cooperação do Ministério de Relações Exteriores (ABC/MRE). O cenário
institucional envolvido contempla parcerias bilaterais, parcerias com organismos
e programas internacionais, além de discussões técnicas para o intercâmbio de
experiências e conhecimentos sobre distribuição, uso e monitoramento da
quantidade e qualidade da água. Essas ações de cooperação internacional,
notadamente com países em desenvolvimento, permitem que a ANA contribua,
de forma significativa, para a gestão de recursos hídricos no mundo,
especialmente nas ações de contexto regional.

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USO SUSTENTÁVEL DAS ÁGUAS NO BRASIL

IRRIGAÇÃO

A irrigação é uma prática da agricultura adotada para suprir a deficiência


total ou parcial da água utilizada para a produção. A agricultura irrigada é o uso
que mais consome água no Brasil e no mundo. Em nosso país, a prática obteve
forte expansão com o apoio de políticas públicas, a partir das décadas de 1970
e 1980.

Atualmente, o Brasil está entre os países com maior área irrigada do


planeta, embora ainda utilize apenas uma pequena parte do seu potencial para
a atividade.

ABASTECIMENTO

O Brasil é um dos países com maior disponibilidade de água. Porém,


grande parte desse recurso está concentrada em regiões onde há menor
quantidade de pessoas. Nos grandes centros urbanos há elevada densidade
populacional e forte demanda pelos recursos hídricos, que, em muitos casos,

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são atingidos pela poluição e, por consequência, há uma piora considerável na


qualidade da água, tornando o abastecimento nas cidades um grande desafio.

Para solucionar essa situação é preciso lidar com a grande diversidade


geográfica do país e com as consequências do intenso processo de urbanização
ocorrido nas últimas décadas.

Por exemplo, as regiões de clima semiárido, presente em boa parte do


Nordeste e no norte de Minas Gerais, possuem mananciais que nem sempre
oferece acesso à água, em quantidade suficiente para os diversos usos dos
recursos hídricos, em particular, o abastecimento humano.

Em áreas com maior dinamismo econômico e produtivo, como as regiões


metropolitanas, o desafio do abastecimento está relacionado com a frequente
utilização da mesma fonte hídrica para diferentes usos, o que resulta em conflitos
ligados à quantidade e à qualidade da água. Além disso, o aproveitamento
desses mananciais para o abastecimento dos grandes centros urbanos se dá,
usualmente, por meio de sistemas que atendem várias cidades de forma
simultânea e interligada. Consequentemente, o planejamento, a execução e a
operação da infraestrutura hídrica, nessas regiões, são ações mais complexas e
exigem maiores investimentos.

É importante destacar que a Agência Nacional de Águas (ANA) não regula


o setor de abastecimento. O papel da ANA é consolidar o diagnóstico e elaborar
o planejamento dos recursos hídricos e dos setores usuários. Além disso, realiza
estudos que servem de base para as instituições públicas - federais e estaduais
- que regulam e desenvolvem políticas públicas para o setor de abastecimento
público. Assim, é possível atender à necessidade básica da população,
assegurar o uso do recurso em atividades produtivas, definir obras e
intervenções necessárias de estruturas (barragens, canais e outros), e minimizar
os riscos associados a eventos críticos, como secas e cheias, que podem
interferir no abastecimento.

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No setor público de abastecimento de água no Brasil, a garantia da oferta


de água para as sedes urbanas de todo o país pode ser consultada no Atlas do
Abastecimento Urbano.
Para evitar riscos ao ecossistema e à saúde da população brasileira que
sofre com a falta de tratamento de esgotos adequado, foi elaborado o Atlas
Esgotos - Despoluição de Bacias Hidrográficas, estudo que apresenta o cenário
atual, analisa dados e propõe ações e uma estratégia para investimentos em
esgotamento sanitário com o horizonte de 2035.

INDÚSTRIA

A intensidade do uso da água no setor industrial depende de vários


fatores, dentre eles: o tipo de processo e de produtos, a tecnologia utilizada, as
boas práticas e a maturidade da gestão.

Segundo informações dos relatórios de Conjuntura dos Recursos


Hídricos, as regiões hidrográficas Atlântico Sul, Atlântico Sudeste e do Paraná
possuem, nessa ordem, os maiores valores de demanda de uso da água para o
setor industrial. Isso acontece, pois nessas regiões se concentram as cidades
com maior atividade econômica do país. Em bacias como a do Rio Tietê e a da
Região Hidrográfica do Paraná, por exemplo, esse é o uso principal,
correspondendo a cerca de 45% da vazão de retirada da bacia, de acordo com
estimativas realizadas pela ANA.

HIDROELETRICIDADE

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Com um dos maiores potenciais hidrelétricos do mundo, o Brasil possui


diversos empreendimentos no setor, classificados em três tipos, de acordo com
a capacidade de geração de energia:

 Central Geradora Hidrelétrica (CGH), com menor capacidade de geração.


 Pequena Central Hidrelétrica (PCH) e
 Usina Hidrelétrica (UHE), com maior capacidade produtiva de energia.
Os empreendimentos que impactam de forma significativa a
disponibilidade da água para os demais usos do recurso são analisados de forma
diferenciada pela Agência Nacional de Águas (ANA).

Dentre as doze regiões hidrográficas brasileiras, a Região Hidrográfica


Amazônica (RH Amazônica) possui o maior potencial hidrelétrico do país. Porém,
atualmente, apenas uma pequena parcela é aproveitada. Já a RH Paraná, onde
está instalada a usina binacional de Itaipu (maior usina no país), tem parte
considerável do seu potencial já em utilização.

Os rios Tocantins, São Francisco, Grande, Paraná, Iguaçu e Paranaíba


são os que possuem a maior capacidade instalada e em operação de usinas
hidrelétricas.

OUTROS USOS

Qualquer atividade humana que altere as condições naturais das águas é


considerada um tipo de uso. Cada tipo de uso pode ser classificado como uso
consuntivo ou não consuntivo.

Os usos consuntivos são aqueles que retiram água do manancial para sua
destinação, como a irrigação, a utilização na indústria e o abastecimento
humano. Já os usos não consuntivos não envolvem o consumo direto da água -

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2
9

o lazer, a pesca e a navegação, são alguns exemplos, pois aproveitam o curso


da água sem consumi-la.

Para garantir que vários setores usufruam do uso da água, a Agência


Nacional de Águas (ANA) realiza estudos e emite normas, com o objetivo de
assegurar o acesso de todos aos recursos hídricos.

Com exceção de situações de escassez, em que o uso prioritário da água


passa a ser para o consumo humano e o de animais, a gestão deve proporcionar
o uso múltiplo das águas.

Além disso, a ANA também trabalha para prevenir ou minimizar os efeitos


de secas e inundações e mediar os conflitos de interesse que envolvam a água.

SITUAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NA AMÉRICA LATINA E NO


BRASIL

América Latina e Caribe incluem ao redor de 8,4 % da população mundial.


O escoamento superficial médio anual das precipitações naturais na região é de
13.120 km, representando 30,8 % do volume do planeta. A precipitação é da
ordem de 1.500 mm ano-1, sendo 50 % superior a media mundial; mas, dois
terços do volume escoado concentram-se em três bacias hidrográficas (Orinoco,
Amazonas e Rio da Prata). Além disso, 25 % das áreas da região são áridas ou
semiáridas, em consequência da desuniformidade da distribuição das
precipitações. Os principais usuários dos recursos hídricos na região são: a
irrigação agrícola, o abastecimento de água potável (urbano e rural) e o
saneamento, incluindo transporte e diluição de esgotos pela água, e a geração
de energia hidroelétrica.

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3
0

A eficiência média da irrigação na região é de 45 % (IDB 1998). No último


século, a demanda total de água aumentou seis vezes, enquanto que a
população cresceu somente três vezes (Tucci 2009). O aumento acelerado da
demanda de recursos hídricos cria, inicialmente, o problema da escassez
quantitativa do recurso, sendo que, concomitantemente, diminui a qualidade das
águas pelo aumento da população. Este aumento produz um incremento na
industrialização, no uso de agrotóxicos na agricultura e no uso inadequado do
solo e da água.

As águas poluídas pelas atividades antropogênicas retornam com


qualidade inferior aos corpos d’água1 de que foram retirados. No mundo todo e
no Brasil, a agricultura é o maior consumidor de água. Estima-se que 69 % das
águas consumidas no mundo são dedicadas à agricultura, 23 % à indústria, e 8
% ao abastecimento da população. No Brasil, essas porcentagens são,
respectivamente, 68 %, 14 % e 18 % (Tucci 2009). Ainda no Brasil, 54 % dos
domicílios têm coleta de esgoto (MMA/ANA 2007), mas somente 20 % do esgoto
urbano passam por alguma estação de tratamento (Kelman 2007). Ao longo do
tempo, a demanda gerada pela água tem diminuído a disponibilidade per capita
e sua qualidade vem deteriorando criando, assim, conflitos pelo uso da água,
uma vez que a água de qualidade inferior não pode ser utilizada livremente para
o consumo, a produção ou para o lazer.

Estimou-se que a América do Sul apresentaria um aumento na demanda


de água de 70 % entre 1990 e 2025, enquanto que o consumo da agricultura iria
variar de 81 % para 69 % no mesmo período. Os maiores aumentos percentuais
correspondem à indústria e à evaporação da água dos reservatórios, porém, a
agricultura continuará sendo o principal consumidor de água, seguido pela
evaporação dos reservatórios, pelo abastecimento da população e, finalmente,
pela indústria (IDB 1998). A matriz energética brasileira é dependente da
disponibilidade hídrica, já que ao redor de 90 % da produção provém de
hidrelétricas. Caso a tendência observada de mudanças climáticas se confirme

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1

nos próximos anos, o Brasil poderá ser, por possuir uma matriz fortemente
dependente dos fatores hidrológicos, beneficiado ou prejudicado em função das
futuras oscilações que possam vir ocorrer em território nacional. Sendo assim, a
matriz energética deverá sofrer alterações com o apoio de outras fontes e
estratégias de uso do recurso hídrico (Tucci 2009).

Numa pesquisa realizada em 2004 pelo Ibope, 88 % dos brasileiros


acreditava que o país iria enfrentar problemas de abastecimento de água a
médio ou longo prazo, sendo que 74 % dos entrevistados apoiariam projetos de
lei que estipulassem o pagamento do volume de água consumida com o objetivo
de criar programas para conscientização das pessoas sobre o uso eficiente da
água e a recuperação e proteção das bacias.

O Brasil irriga atualmente 3,4 milhões de hectares (Cristhophidis 2006),


sendo que, desse total, 2,2 milhões de hectares são irrigadas por sistemas
pressurizados. Segundo ANA (2004), a vazão equivalente (contínua de 24 horas)
atualmente consumida nas áreas irrigadas do Brasil é de aproximadamente 589
m3 s-1. O território nacional tem um potencial de irrigação cujas estimativas
variam entre 22 e 30 milhões de hectares. Embora a área irrigada no Brasil não
seja proporcionalmente grande, observa-se que, em determinados cultivos, seu
uso é intensivo, especialmente nas áreas comerciais. Nos últimos 25 anos, a
produtividade dobrou fato devido, em parte, ao aumento da utilização da
irrigação. A irrigação ineficiente tem gerado salinização e problemas de
drenagem em 15.000 ha, principalmente, do nordeste do país (AQUASTAT
2000). A área irrigada no Brasil é responsável por mais de 16 % do volume total
da produção e 35 % do valor econômico total da produção, enquanto que no
mundo estes números são da ordem de 44 % e 54 %, respectivamente.

Nos próximos 10 anos, tem-se a perspectiva de ampliação de 12 milhões


de hectares na área total de cana-de-açúcar no Brasil. Novas áreas de expansão
da cultura poderão impulsionar a implementação da irrigação em maior escala
nesta cultura. As demais culturas com grandes áreas plantadas (soja, algodão,

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trigo, mandioca e milho) apresentam baixa perspectiva de irrigação em larga


escala (Coelho 2007), uma vez que o Brasil é bastante competitivo no mercado
exterior, com base na agricultura que aproveita as águas de chuva para garantir
a umidade no solo necessária para o desenvolvimento das culturas. Para muitas
pessoas, a irrigação é tida como muito custosa e, portanto, financeira e
economicamente questionável pelos baixos preços dos produtos nos mercados
internacionais. Uma revisão das experiências do Banco Mundial (Jones 1995)
mostrou que os projetos de irrigação produziram, num todo, taxas de retorno
econômico positivas, em média 15 % maior que o custo de oportunidade do
capital e maior que a média de outros projetos agrícolas sem irrigação.

Alguns críticos apoiam-se nos equívocos cometidos nos anos 70 do século


passado, quando o aumento do suprimento de água e o desenvolvimento de
infraestrutura ocorreram sem um suporte técnico bem avaliado para melhorar o
desempenho do projeto, o que é essencial para o sucesso da irrigação. Desde
então, as lições têm sido aprendidas e as condições mudado e é tempo para
avançar. Corretamente aplicada e com metas bem definidas para a assistência
técnica, a agricultura irrigada pode ajudar a resolver vários problemas como, por
exemplo: escassez de água, pobreza e produção de alimentos, promovendo e
otimizando o desenvolvimento regional, gerando divisas e empregos, garantindo
a segurança alimentar, aumentando e diversificando a produção, diminuindo os
riscos da agricultura e melhorando a qualidade de vida. Entretanto, para que isto
ocorra é necessário que haja um planejamento do uso do solo e da água nas
diferentes sub-bacias em que é possível irrigar. Segundo Hall (1999), algumas
das políticas mais importantes que surgiram das lições do passado e dos
recentes fóruns internacionais são: (a) economia de água: existe grande
aceitação dos mecanismos de mercado e do conceito da água como um bem
econômico; (b) manejo integrado dos recursos hídricos: a necessidade de
manejar holisticamente a água tornou-se uma mensagem familiar para todos os
que trabalham com recursos hídricos; e (c) reforma institucional: o enfoque sobre
as questões institucionais tem grandes implicações para a irrigação. O

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3
3

desenvolvimento da agricultura irrigada é, portanto, prioritário e existe uma base


sólida para que sejam estabelecidas ações em nível político.

O foco prioritário deve ser maximizar a produtividade do recurso,


proporcionando mais alimento com menos água ou, de preferência, mais riqueza
com menor uso de recurso. A publicação “Factor Four” (von Weizsacker et al.
1997), do Clube de Roma, divulga este conceito para todas as atividades
produtivas, propondo a meta de dobrar a riqueza usando a metade do recurso.
Isto deveria ser uma meta conveniente para a agricultura irrigada. O Governo
pode desempenhar um papel catalítico ao proporcionar maior suporte aos
programas de pesquisa e assistência técnica para a agricultura irrigada.

Como destaca Hall (1999), cinco temas devem ser focalizados: (a)
aumento da ciência de uso da água – particularmente importante para melhorar
a produtividade de grandes projetos de irrigação; (b) aumento da produtividade
dos pequenos – particularmente relevante para as condições do semiárido
brasileiro e dos cinturões verdes ao redor das grandes cidades, envolvendo
custos efetivos de projetos baseados nas necessidades parcelares, com
especial atenção para os recursos humanos, melhoria da capacitação e da
reforma institucional, melhor serviço de extensão e suporte à infraestrutura para
crédito e outros inputs e acesso aos mercados; (c) desenvolvimento de uma
aproximação.

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