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SUMÁRIO

1 “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS


HÍDRICOS”......................................................................................................... 4

2 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA ÁGUA ................. 6

3 AGENDA 21 E OS RECURSOS HÍDRICOS:..................................... 7

4 Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos:


aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos
hídricos. 8

4.1 Mares Fechados e Semifechados – e das zonas costeiras, e


proteção, uso racional e desenvolvimento dos recursos hídricos. .................. 9

5 Ações prioritárias para o desenvolvimento sustentável dos recursos


hídricos 10

5.1 Agricultura: ................................................................................ 10

5.2 Indústria:.................................................................................... 12

5.3 Uso Urbano: .............................................................................. 13

 Para fins potáveis: ........................................................................ 14

 Para fins não potáveis: ................................................................. 14

6 SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS


HÍDRICOS O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS .............. 15

6.1 A Agência Nacional de Águas ................................................... 16

6.2 Os Comitês de Bacias Hidrográficas ......................................... 17

6.3 A Agência de Água .................................................................... 18

6.4 Energia Hidrelétrica ................................................................... 19

Experiência brasileira na gestão dos recursos hídricos ......................... 22

Organismos de Bacia Hidrográfica - Definição conforme a lei 9433 / 97


...................................................................................................................... 27

Organismos da Bacia Hidrográfica - Definição com base na Lei 7663 /


91 .................................................................................................................. 27
Como Compatibilizar a lei 7663/91 com a 94933/97 e a cobrança pelo
uso da água .................................................................................................. 30

O Consórcio como empresa .................................................................. 34

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 52
1 “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS HÍDRICOS”

Fonte: fadacriativa.blogspot.com.br

O Planeta Terra visto do espaço, como nos mostram as inúmeras fotos de


satélite, revela uma beleza impressionante. O “planeta é azul”, disse Yuri
Gagarin, o primeiro astronauta a ter essa visão. Qual a causa dessa beleza?
Seguramente é a água. Um padrão de oceanos, calotas polares, grandes rios e
lagos, nuvens, tudo isso nos remete à presença da água no planeta. Sem dúvida,
a Terra é o planeta água. Este é o único planeta do sistema solar em que a água
se encontra nos diferentes estados, sólido, líquido e gasoso.
A água é essencial à vida, portanto, todos os organismos vivos, incluindo
o homem, dependem da água para sua sobrevivência. As mudanças de estado
físico da água, no ciclo hidrológico, são essenciais e influenciam os processos
que operam na superfície da Terra, incluindo o desenvolvimento e a manutenção
da vida.
Através dos séculos, a complexidade dos usos múltiplos da água pelo
homem aumentou e produziu enorme conjunto de degradação e poluição. Por
outro lado, os usos múltiplos excessivos e as retiradas permanentes para
diversas finalidades têm diminuído consideravelmente a disponibilidade de água
e produzido inúmeros problemas de escassez em muitas regiões e países.
No limiar do século XXI, entre outras crises sérias, a crise da água é uma
ameaça permanente à humanidade e à sobrevivência da biosfera como um todo.
Esta crise tem grande importância e interesse geral: além de colocar em perigo
a sobrevivência do componente biológico, incluindo o Homo sapiens, ela impõe
dificuldades ao desenvolvimento, aumenta a tendência a doenças de veiculação
hídrica, produz estresses econômicos e sociais e aumenta as desigualdades
entre regiões e países. A água sempre foi recurso estratégico à sociedade. O
crescimento populacional e as demandas sobre os recursos hídricos superficiais
e subterrâneos são algumas das causas fundamentais da crise.
A água, além de recurso estratégico, é um bem comum que deve ser
compartilhado por todos. “A água é muito mais do que um recurso natural. Ela é
uma parte integral do nosso planeta. Está presente há bilhões de anos, e é parte
da dinâmica funcional da natureza” (E. C. Pielou, 1998).
O uso dos recursos hídricos e sua conservação é um dos principais
desafios do desenvolvimento sustentável, devido ao aumento da população e à
falta de controle dos impactos das atividades antrópicas sobre o espaço natural.
No Brasil, houve várias fases ao longo do século XX, devido a impulsos próprios
e por influências econômicas nos anos 1950 e 1960, fortes investimentos em
hidrelétricas com pouca visão ambiental de 1970 até a metade dos 1980,
impulsionou o início da preocupação dos efeitos globais climáticos e o corte de
investimentos em hidrelétricas por parte dos bancos internacionais. A legislação
ambiental brasileira foi instituída na década de 1980. Os anos 1990 foram
marcados pelo desenvolvimento sustentável no plano mundial e no Brasil (Rio-
92 e Agenda 21), pela legislação de recursos hídricos de setorial para integrada.
Esta legislação engloba os princípios da Agenda 21 (capítulo 18) das
conferências de Dublin e do Rio de Janeiro relacionadas com a água. O início do
novo milênio tem como principal questão à crise da água, identificada pela
redução da água, o aumento da demanda e a deterioração por causa da
poluição. Os grandes desafios brasileiros envolvem a implementação da
legislação de recursos hídricos; o controle do ciclo de contaminação urbano, a
sustentabilidade ambiental e hídrica agrícola, principalmente em regiões como o
semiárido; a garantia de energia e a ampliação dos transportes e a conservação
dos sistemas hídricos. Para atender estes desafios é necessário contar com
qualificados profissionais e com desenvolvimento científico e tecnológico com
capacidade de inovar e entender o nosso ambiente e as inter-relações do
desenvolvimento socioeconômico.

2 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA ÁGUA

A ONU redigiu um documento em 22 de março de 1992 - intitulado


"Declaração Universal dos Direitos da Água".
O texto merece profunda reflexão e divulgação por todos os amigos e
defensores do Planeta Terra, em todos os dias.
1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo,
cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável
aos olhos de todos.
2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida
de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como
são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são
lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com
racionalidade, precaução e parcimônia.
4 - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da
água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando
normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio
depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos
começam.
5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é,
sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma
necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as
gerações presentes e futuras.
6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor
econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que
pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada.
De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento
para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da
qualidade das reservas atualmente disponíveis.
8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui
uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta
questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua
proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a
solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
Fonte: ONU (Organização das Nações Unidas)

3 AGENDA 21 E OS RECURSOS HÍDRICOS:

"A noção de sustentabilidade tem-se firmado como o novo paradigma do


desenvolvimento humano. A Agenda 21 significa a construção política das
bases do desenvolvimento sustentável, cujo objetivo é conciliar justiça social,
equilíbrio ambiental e eficiência econômica. De forma gradual e negociada,
resultará em um plano de ação e de planejamento participativo nos níveis
global, nacional e local, capaz de permitir o estabelecimento do
desenvolvimento sustentável, no século XXI”.
José Sarney Filho

Fonte: consumocolaborativo.blog.br
A Agenda 21 serve de guia para as ações do governo e de todas as
comunidades que procuram desenvolvimento sem com isso destruir o meio
ambiente. Da mesma forma que os países se reuniram e fizeram a Agenda 21,
as cidades, os bairros, os clubes, as escolas também podem fazer a Agenda 21
Local.
Portanto, com a implantação das Agendas 21 podemos garantir um Meio
Ambiente equilibrado para as futuras gerações, cumprindo assim, nosso dever
mencionado na Constituição do Brasil.

4 PROTEÇÃO DA QUALIDADE E DO ABASTECIMENTO DOS RECURSOS


HÍDRICOS: APLICAÇÃO DE CRITÉRIOS INTEGRADOS NO
DESENVOLVIMENTO, MANEJO E USO DOS RECURSOS HÍDRICOS.

Os recursos de água doce constituem um componente essencial da


hidrosfera da Terra e parte indispensável de todos os ecossistemas terrestres.
O meio de água doce caracteriza-se pelo ciclo hidrológico, que inclui enchentes
e secas, cujas consequências se tornaram mais extremas e dramáticas em
algumas regiões. A mudança climática global e a poluição atmosférica também
podem ter um impacto sobre os recursos de água doce e sua disponibilidade e,
com a elevação do nível do mar, ameaçar áreas costeiras de baixa altitude e
ecossistemas de pequenas ilhas.
A água é necessária em todos os aspectos da vida. O objetivo geral é
assegurar que se mantenha uma oferta adequada de água de boa qualidade
para toda a população do planeta, ao mesmo tempo em que se preserve as
funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as
atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo
vetores de moléstias relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras,
inclusive o aperfeiçoamento de tecnologias nativas, são necessárias para
aproveitar plenamente os recursos hídricos limitados e protegê-los da poluição.
A escassez generalizada, a destruição gradual e o agravamento da
poluição dos recursos hídricos em muitas regiões do mundo, ao lado da
implantação progressiva de atividades incompatíveis, exigem o planejamento e
manejo integrados desses recursos. Essa integração deve cobrir todos os tipos
de massas inter-relacionadas de água doce, incluindo tanto águas de superfície
como subterrâneas, e levar devidamente em consideração os aspectos
quantitativos e qualitativos. Deve-se reconhecer o caráter multissetorial do
desenvolvimento dos recursos hídricos no contexto do desenvolvimento
socioeconômico, bem como os interesses múltiplos na utilização desses
recursos para o abastecimento de água potável e saneamento, agricultura,
indústria, desenvolvimento urbano, geração de energia hidroelétrica, pesqueiros
de águas interiores, transporte, recreação, manejo de terras baixas e planícies e
outras atividades.

4.1 Mares Fechados e Semifechados – e das zonas costeiras, e


proteção, uso racional e desenvolvimento dos recursos
hídricos.

O meio ambiente marinho - inclusive os oceanos e todos os mares, bem


como as zonas costeiras adjacentes - forma um todo integrado que é um
componente essencial do sistema que possibilita a existência de vida sobre a
Terra, além de ser uma riqueza que oferece possibilidades para um
desenvolvimento sustentável. O direito internacional, tal como este refletido nas
disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
mencionadas no presente capítulo da Agenda 21, estabelece os direitos e as
obrigações dos Estados e oferece a base internacional sobre a qual devem
apoiar-se as atividades voltadas para a proteção e o desenvolvimento
sustentável do meio ambiente marinho e costeiro, bem como seus recursos. Isso
exige novas abordagens de gerenciamento e desenvolvimento marinho e
costeiro nos planos nacional, sub-regional, regional e mundial -- abordagens
integradas do ponto de vista do conteúdo e que ao mesmo tempo se
caracterizem pela precaução e pela antecipação, como demonstram as
seguintes áreas de programas:
(a) Gerenciamento integrado e desenvolvimento sustentável das zonas
costeiras, inclusive zonas econômicas exclusivas;
(b) Proteção do meio ambiente marinho;
(c) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto
mar;
(d) Uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos sob
jurisdição nacional;
(e) Análise das incertezas críticas para o manejo do meio ambiente
marinho e a mudança do clima;
(f) Fortalecimento da cooperação e da coordenação no plano
internacional, inclusive regional;
(g) Desenvolvimento sustentável das pequenas ilhas.

5 AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


DOS RECURSOS HÍDRICOS

A vida sustentável implica uma responsabilidade maior dos usuários de


água para sua conservação. Para que os usuários possam modificar suas
atitudes e práticas, devem dispor de:

 Informações mais completas;


 Maior conscientização da operação do ciclo da água e de como usar
sustentavelmente a água e os recursos aquáticos;
 Administração integrada de todos os tipos de utilização da água e da terra;
 Administração da demanda de água para assegurar sua distribuição eficiente e
equitativa entre os concorrentes ao uso;
 Fortalecimento da capacidade das comunidades de usar os recursos da água de
forma sustentável;
 Conservação da diversidade das espécies aquáticas e do patrimônio genético.

5.1 Agricultura:

Tanto em nível mundial como nacional, o grande consumidor de água é o


setor agrícola (próximo de 70%). Um hectare de irrigação de arroz por inundação
utiliza o equivalente ao consumo de 800 pessoas. As tecnologias modernas em
irrigação podem reduzir a utilização da água em 50% com relação aos métodos
tradicionais. Nos Estados Unidos, resultados mostraram que novas tecnologias
obtêm de 30 a 70% de redução do consumo da água, com aumento de 20 a 90%
na produção, comparando aos tradicionais métodos de inundação (UNESCO
1999). A agricultura depende do suprimento de água de tal maneira que a
sustentabilidade da produção de alimentos não poderá ser mantida sem o
desenvolvimento de novas fontes de suprimento e a gestão adequada dos
recursos hídricos convencionais.
A irrigação é sem dúvida o mais poderoso recurso com que a agricultura
conta para produzir alimentos nas quantidades suficientes para atender às
crescentes necessidades mundiais. Esta pode ser feita por diversos métodos,
destacando-se os sistemas por superfície, aspersão e irrigação localizada.
Dentre esses, o de irrigação localizada (microaspersão ou gotejamento) é o de
menor consumo de água e energia, mas exigem investimentos iniciais de alto
custo. Tal técnica vem alcançando crescente preferência entre os agricultores,
pois além de dosar as quantidades de água usada na irrigação, facilita o
emprego da fertirrigação ou da quimirrigação. A primeira reduz a administração
de água aos níveis ideais, sem desperdício, e permite adequar as quantidades
de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, etc às necessidades da planta e do solo,
com economia de nutrientes e menores riscos ambientais. O mesmo acontece
com a quimirrigação, que assegura os mesmos benefícios na aplicação de
herbicidas, inseticidas e pesticidas.
A poluição da água pela atividade agrícola é ocasionada pelo uso
intensivo de defensivos agrícolas, no qual uma parcela considerável do total
aplicado para estes fins atinge os rios, lagos, aquíferos e oceanos por meio do
transporte por correntes atmosféricas, despejos de restos de soluções, limpeza
de acessórios e recipientes empregados na aplicação desses produtos e
também pela percolação do material aplicado no solo pela ação erosiva da
chuva. Devido aos mecanismos de transporte dos meios aquáticos alguns
desses defensivos têm sido detectados até na região antártica.
As soluções encontradas para os problemas citados envolvem o reuso
agrícola, a utilização de transgênicos e a agricultura orgânica.
Efluentes de sistemas convencionais de tratamento, tais como lodos
ativados, têm uma concentração típica de 15mg/litro de N (Nitrogênio) e 3mg/litro
de P (Fósforo), proporcionando uma redução substancial da necessidade do
emprego de fertilizantes comerciais para o tratamento da terra. Além dos
nutrientes (e dos micronutrientes não disponíveis em fertilizantes sintéticos), a
aplicação de esgotos proporciona a adição de matéria orgânica, que age como
condicionador do solo, aumentando sua capacidade de reter água.
O aumento da produtividade não é o único benefício, uma vez que se
torna possível ampliar a área irrigada e, quando as condições climáticas
permitem, efetuar colheitas múltiplas praticamente durante todo o ano.
Já a Agricultura orgânica ou agricultura biológica é um termo
freqüentemente usado para a produção de alimentos e produtos animais e
vegetais que não fazem uso de produtos químicos sintéticos ou alimentos
geneticamente modificados, e geralmente adere aos princípios de agricultura
sustentável. Sua base é holística e põe ênfase no solo. Seus proponentes
acreditam que num solo saudável, mantido sem o uso de fertilizantes e
pesticidas feitos pelo homem, os alimentos têm uma qualidade superior a
alimentos convencionais. Em diversos países, incluindo os Estados Unidos e a
União Européia, a agricultura orgânica é definida por lei e regulamentada pelo
governo.
Quanto aos transgênicos, apesar de seus efeitos ainda serem
desconhecidos e de toda controvérsia, é inerente a eles a resistência a um maior
número de pragas, e com isso a menor poluição das águas e do solo, pois
utilizam uma menor quantidade de agrotóxicos.

5.2 Indústria:

Os custos elevados da água industrial associados às demandas


crescentes têm levado às indústrias a avaliar as possibilidades internas de reuso
e a considerar ofertas da companhia de saneamento para a compra de efluentes
tratados a preços inferiores aos da água potável dos sistemas públicos de
abastecimento. A água produzida pelo tratamento de efluentes secundários é,
atualmente, um grande atrativo para abastecimento industrial a custos razoáveis.
A proximidade de estações de tratamento de esgotos às áreas de grande
concentração industrial contribui para a viabilização de programas de reuso
industrial tais como torres de resfriamento, alimentação de caldeiras, água de
processamento, construção civil, incluindo preparação e cura de concreto e para
compactação do solo, irrigação de áreas verdes de instalação industriais,
lavagens de pisos e etc.
No Brasil, em termos de reuso industrial, a prática começa a se implementar,
mas ainda associada a iniciativas isoladas, a maioria das quais, dentro do
setor privado.

É sabido que a escassez de água potável tem levado muitas indústrias a


uma preocupação quanto à gestão da água, no que diz respeito ao uso racional,
tratamento adequado e possibilidade de reuso nos mesmos processos que lhe
deram origem ou em outros processos onde se requer água com menor grau de
pureza.
Além das questões relacionadas à disponibilidade cada vez menor de
água potável, existe a possibilidade de, num futuro próximo, se cobrar pela água
mesmo quando captada e tratada pela própria indústria, como já vem ocorrendo
em algumas regiões do país. A cobrança pela água levará, inevitavelmente, ao
aumento no custo de produção que, se repassado para os produtos, poderá
implicar em dificuldades para a indústria em um cenário onde o mercado é
reconhecidamente competitivo.
Desta forma, se torna imperativo que as indústrias implantem um sistema
de gestão da água, incluindo a sua racionalização com modificação de
processos, escolha do melhor método de tratamento para despejo e/ou reuso
total ou parcial. Para muitas indústrias, a gestão sistemática e o reuso de água
poderá ser um fator preponderante para sua própria sobrevivência.
Tecnologias de reuso de água:
 Osmose Reversa e Nanofiltração;
 Troca Iônica;
 Filtros e Flotadores;
 Ozônizadores;
 Ultravioleta;
 Sistemas de dosagem de químicos;

5.3 Uso Urbano:

O desenvolvimento das cidades sem um correto planejamento ambiental


resulta em prejuízos significativos para a sociedade. Uma das consequências do
crescimento urbano foi o acréscimo da poluição doméstica e industrial, criando
condições ambientais inadequadas e propiciando o desenvolvimento de
doenças, poluição do ar e sonora, aumento da temperatura, contaminação da
água subterrânea, entre outros problemas.
O desenvolvimento urbano brasileiro concentra-se em regiões
metropolitanas, na capital dos estados e nas cidades pólos regionais. Os efeitos
desta realidade fazem-se sentir sobre todo aparelhamento urbano relativo a
recursos hídricos, ao abastecimento de água, ao transporte e ao tratamento de
esgotos cloacal e pluvial.
No setor urbano, o potencial de reuso de efluentes é muito amplo e
diversificado. De uma maneira geral, esgotos tratados podem ser utilizados para
fins potáveis e não potáveis.

 Para fins potáveis:

Neste caso, o reuso não é aconselhável devido à presença de organismos


patogênicos e de compostos orgânicos sintéticos na maioria dos efluentes
disponíveis. Além dos altos custos dos sistemas de tratamento avançados
levarem a inviabilização econômico-financeira do abastecimento público.
Entretanto, caso seja imprescindível implementar o reuso urbano para fins
potáveis, devem ser obedecidos os seguintes critérios básicos: utilizar apenas
sistemas de reuso indiretos; uso exclusivo de esgotos domésticos; emprego de
barreiras múltiplas nos sistemas de tratamento; conquista da aceitação pública
(responsabilização pelo empreendimento).

 Para fins não potáveis:

Os usos urbanos não potáveis envolvem riscos menores e devem ser


considerados como a primeira opção de reuso na área urbana. Entretanto,
cuidados especiais devem ser tomados quando ocorre contato direto do público
com a água reutilizada. Os maiores potenciais desse processo são os que
empregam esgotos tratados para:
 Irrigação de parques e jardins públicos, centros esportivos, campos de futebol,
quadras de golfe, jardins de escolas e universidades, gramados, árvores e
arbustos em avenidas e rodovias;
 Irrigação de áreas ajardinadas ao redor de edifícios públicos, residenciais e
industriais;
 Reserva de proteção contra incêndios;
 Sistemas decorativos aquáticos, tais como fontes e chafarizes, espelhos e queda
d’água;
 Descarga sanitária em banheiros públicos e em edifícios comerciais e industriais;
 Lavagem de trens e ônibus públicos;
Os problemas associados a reuso urbano para fins não potáveis são,
principalmente, os custos elevados de sistemas duplos de distribuição,
dificuldades operacionais e riscos potenciais de ocorrência de conexões
cruzadas. Os custos, porém, devem ser considerados em relação aos benefícios
de conservar água potável e de, eventualmente, adiar ou eliminar a necessidade
de desenvolvimento de novos mananciais para abastecimento público.

6 SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS


O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH),


criado pela Lei nº 9.433/97, estabeleceu um arranjo institucional claro e baseado
em novos princípios de organização para a gestão compartilhada do uso da
água.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) é o órgão mais
expressivo da hierarquia do SINGREH, de caráter normativo e deliberativo, com
atribuições de: promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com
os planejamentos nacional, regional, estadual e dos setores usuários; deliberar
sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos; acompanhar a
execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos; estabelecer critérios
gerais para a outorga de direito de uso dos recursos hídricos e para a cobrança
pelo seu uso. Cabe ao Conselho decidir sobre as grandes questões do setor,
além de dirimir as contendas de maior vulto.
Caberá também ao CNRH decidir sobre a criação de Comitês de Bacias
Hidrográficas em rios de domínio da União, baseado em uma análise detalhada
da bacia e de suas sub-bacias, de tal forma que haja uma otimização no
estabelecimento dessas entidades. Para tanto, estabeleceu, através da
Resolução nº 05 de 10 de abril de 2000, regras mínimas que permitem
demonstrar a aceitação, pela sociedade, da real necessidade da criação de
Comitês.
O CNRH é composto, conforme estabelecido por lei, por representantes
de Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no
gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; representantes indicados pelos
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; representantes dos usuários dos
recursos hídricos e, representantes das organizações civis de recursos hídricos.
O número de representantes do poder executivo federal não poderá exceder à
metade mais um do total dos membros do CNRH.
A representação dos usuários ficou definida para os setores de irrigantes,
indústrias, concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica, pescadores e
lazer e turismo, prestadores de serviço público de abastecimento de água e
esgotamento sanitário, e hidroviários.
Dentre as organizações civis de recursos hídricos foram definidas:
comitês de bacias hidrográficas, consórcios e associações intermunicipais de
bacias hidrográficas; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com
interesse na área de recursos hídricos e, organizações não governamentais com
objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade. Desde a
instalação do CNRH, em novembro de 1998, até o momento já foram aprovadas
24 Resoluções.
O CNRH (http://www.cnrh-srh.gov.br) é o principal fórum de discussão
nacional sobre gestão de recursos hídricos, exercendo o papel de agente
integrador e articulador das respectivas políticas públicas, particularmente
quanto à harmonização do gerenciamento de águas de diferentes domínios.

6.1 A Agência Nacional de Águas

A Agência Nacional de Águas (ANA) é uma autarquia sob regime especial


com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio
Ambiente. É responsável pela implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos.
O projeto de criação da ANA foi aprovado pelo Congresso no dia 7 de
junho de 2000, transformando-se na Lei 9.984, sancionada pelo Presidente da
República em exercício, Marco Maciel, no dia 17 de julho do mesmo ano.
Além de responsável pela execução da Política Nacional de Recursos
Hídricos, a ANA deve implementar a Lei das Águas, de 1997, que disciplina o
uso dos recursos hídricos no Brasil.

6.2 Os Comitês de Bacias Hidrográficas

O Comitê de Bacias Hidrográficas é um órgão colegiado, inteiramente


novo na realidade institucional brasileira, contando com a participação dos
usuários, da sociedade civil organizada, de representantes de governos
municipais, estaduais e federal. Esse ente é destinado a atuar como “parlamento
das águas”, posto que é o fórum de decisão no âmbito de cada bacia
hidrográfica.
Os Comitês de Bacias Hidrográficas têm, entre outras, as atribuições de:
promover o debate das questões relacionadas aos recursos hídricos da bacia;
articular a atuação das entidades que trabalham com este tema; arbitrar, em
primeira instância, os conflitos relacionados a recursos hídricos; aprovar e
acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; estabelecer
os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores
a serem cobrados; estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras
de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
Comporão os Comitês em rios de domínio da União representantes
públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios e
representantes da sociedade, tais como, usuários das águas de sua área de
atuação, e das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na
bacia.
A proporcionalidade entre esses segmentos foi definida pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos, através da Resolução nº 05, de 10 abril de 2000.
Esta norma estabelece diretrizes para formação e funcionamento dos Comitês
de Bacia Hidrográfica, representando um avanço na participação da sociedade
civil nos Comitês. A Resolução prevê que os representantes dos usuários sejam
40% do número total de representantes do Comitê. A somatória dos
representantes dos governos municipais, estaduais e federal não poderá
ultrapassar a 40% e, os da sociedade civil organizada ser mínimo de 20%.
Nos Comitês de Bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços, a
representação da União deverá incluir o Ministério das Relações Exteriores e,
naqueles cujos territórios abranjam terras indígenas, representantes da
Fundação Nacional do Índio – FUNAI e das respectivas comunidades indígenas.
Cada Estado deverá fazer a respectiva regulamentação referente aos
Comitês de rios de seu domínio. Alguns Estados, a exemplo de São Paulo, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo já estão em estágio bem avançado
no processo de regulamentação, com diversos Comitês criados.

6.3 A Agência de Água

As Agências de Águas em rios de domínio da União previstas na Lei nº


9.433, de 1997, atuarão como secretarias executivas do respectivo Comitê de
Bacia Hidrográfica.
A criação das Agências está condicionada, em cada bacia, à prévia
existência do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e à sua viabilidade
financeira.
As principais competências da Agência de Água, previstas na Lei das
Águas, são: manter balanço hídrico da bacia atualizado; manter o cadastro de
usuários e efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de
recursos hídricos; analisar e emitir pareceres sobre os projetos e as obras a
serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo uso dos recursos
hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração
desses recursos; acompanhar a administração financeira dos recursos
arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos hídricos em sua área de
atuação; gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área
de atuação; celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a
execução de suas competências; promover os estudos necessários para a
gestão de recursos hídricos em sua área de atuação; elaborar o Plano de
Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica;
propor ao respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica o enquadramento dos corpos
de água nas classes de uso, os valores a serem cobrados pelo uso dos recursos
hídricos, o plano de aplicação de recursos e o rateio de custos das obras de uso
múltiplo.
A figura jurídica das Agências de Água em rios de domínio da União
deverá ser estabelecida por uma Lei específica. A criação desses entes
dependerá da autorização do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, ou dos
respectivos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, mediante solicitação de
um ou mais Comitê de Bacia Hidrográfica. A área de atuação das Agências de
Água, em rios de domínio federal, deverá ser a bacia hidrográfica do Comitê
solicitante. Essa área de atuação poderá se estender a mais de uma bacia
hidrográfica, se os Comitês dessas bacias assim desejarem.
Cada Estado brasileiro poderá estabelecer, segundo as especificidades
locais, a figura jurídica que melhor provier, para a Agência de Água (ou de Bacia).
O Estado de São Paulo, por exemplo, criou através da Lei nº 10.020/98, a figura
de Agências de Bacia como Fundação de Direito Privado.

6.4 Energia Hidrelétrica

Esse tipo de aproveitamento é um dos mais eficientes e consiste em


aproveitar a energia potencial ou cinética da água, transformando-a em energia
mecânica, pela turbina, e finalmente em eletricidade, pelo gerador. O tipo de
hidrelétrica é função, basicamente, da vazão do rio e da queda disponível. Na
maioria dos países desenvolvidos, os recursos hidrelétricos já estão
praticamente esgotados. Os países em desenvolvimento possuem grandes
reservas ainda não exploradas. Em países como o Brasil e a Noruega, a
hidroeletricidade é responsável por 92% da produção total de energia. A grande
vantagem da hidroeletricidade é o seu altíssimo rendimento (em torno de 96%).
Além disso, é um dos sistemas mais baratos de produção de eletricidade. São
inúmeras as vantagens da hidroeletricidade; entretanto, o reservatório provoca
impactos ambientais tanto na fase de construção como na fase de operação.
Barragens já eram construídas na Antiguidade para regularizar o
suprimento de água das cidades, para irrigação das lavouras e para o controle
de inundações. Com desenvolvimento do uso de energia elétrica no final do
século XIX, as barragens passaram a ser utilizadas também para geração de
energia elétrica. A seleção dos locais para a implantação de barragens leva em
consideração a largura do rio e a topografia no entorno para maior
aproveitamento do gradiente do rio e para evitar a inundação de uma área muito
extensa, já que esta área será inutilizada para outro aproveitamento econômico.
Os lagos formados pelas barragens dos rios podem propiciar o
desenvolvimento da navegação fluvial, servir para piscicultura, recreação e como
fonte de água tanto para o consumo humano como para irrigação, tornando-se
importante fator de desenvolvimento e via de escoamento da produção agrícola
ao longo do rio.
Apesar da geração de energia por hidrelétricas poder ser considerada
limpa, têm sido colocadas restrições quanto à área inundada pela barragem. A
relação entre a energia gerada e a área inundada é dependente da altura de
crista da barragem e das condições topográficas locais, sendo considerada ideal
a relação de 10W/m2 de área inundada. A região Norte do Brasil, apesar da
enorme malha hidrográfica, sofre restrições à implantação de mais usinas
hidrelétricas, justamente devido às suas características topográficas, muito
planas, que exigem o alagamento de áreas muito maiores daquela considerada
ideal, como pode ser observado na tabela abaixo:

Usina Produção / área inundada (W/m2)


Xingó (SE/AL) 58,8
Segredo (SC) 15,3
Itaipu (PR) 9,4
Itaparica (PE) 1,8
Tucuruí (PA) 1,4
Porto Primavera (SP/MS) 0,85
Serra da Mesa (GO) 0,67
Balbina (AM) 0,11
Ideal 10

Diversos fatores contribuem para aumentar as restrições à implantação


de barragens. Entra elas, pode-se destacar a necessidade de desmatar a área
do lago, a possibilidade de ocorrer salinização da água do reservatório devido
ao aumento da evaporação, a eventual necessidade de deslocar cidades,
povoados ou populações indígenas e a também eventual inundação de atrações
(a exemplo do que ocorreu com Sete Quedas (no Rio Paraná). Pode também
ocorrer assoreamento nos reservatórios das barragens, o que levaria a uma
diminuição significativa de sua capacidade de geração de energia e mesmo de
sua vida útil. Este fator se torna mais relevante, pois, normalmente, a
implantação de uma barragem gera, desenvolvimento populacional nas margens
do lago e consequente incremento na taxa de urbanização que, se não seguir
um planejamento adequado, pode contribuir ainda mais para o assoreamento
dos lagos. Outro questionamento diz respeito à destinação que será dada às
barragens quando do término de sua vida útil.
Leitura complementar

Experiência brasileira na gestão dos recursos hídricos

Por Carlos Castro

INTRODUÇÃO

Frente a tantos movimentos visando a recuperação ambiental em nosso


país, poderia levar algum estrangeiro a concluir “Os recursos naturais brasileiros
são tantos em tamanha abundancia que foram necessários 500 anos para que a
população percebesse que muitos são finitos e para algumas regiões já
registram nítida escassez”.
O Código das Águas, de 10 de julho de 1934, continha instrumentos de
gestão importantíssimos, que somente agora passam a merecer destaques e
discussões. Essa importante Lei de Direito da Água do Brasil, já contemplava há
66 anos a cobrança pelo uso da água.
A história tem registrado que não bastam excelentes legislações, a grande
dificuldade sempre foi a sua implementação.
Falar na Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas em racionalização pelo uso
da água e combate ao desperdício da água, pode parecer algo sem sentido,
porém quando adentramos nas implicações do uso múltiplo da água com
atenuantes, com geração de energia elétrica nas sub-bacias, transposições de
água, entre outras, no mínimo para os seguimentos diretamente envolvidos o
assunto passa a merecer relevância.
A procura por grandes desníveis e altas vazões de água foi a grande
diretriz nacional durante muitos anos. Um grande número de hidroelétricas foram
construídas, muitas desprovidas de eclusas para permitir a navegação ou de
escada de peixes para propiciar a continuidade da Piracema.
As ações desencadeadas em nosso país desprovidas de um
planejamento estratégico dentro da óptica do uso múltiplo da água, considerava
os problemas de forma pontual, como se a qualquer momento fosse possível
juntar os módulos desse continental quebra cabeças hídrico e ambiental.
Como sempre, onde a escassez falou mais alta, surgiram os conflitos e
medidas foram necessárias para minimiza-los. Os grandes centros urbanos e as
regiões do semiárido brasileiro, foram as primeiras regiões a requisitarem ações
mais efetivas da tal gestão dos recursos hídricos, assunto anteriormente apenas
contemplados pelo Código das Águas, considerado pela Doutrina Jurídica como
um dos textos modulares do direito positivo brasileiro.

RECURSOS HÍDRICOS

Conceitos Básicos sobre Gestão

O saneamento básico está intimamente relacionado à qualidade de vida


e a saúde da população de uma cidade. Modernamente se tem preferido o termo
Saneamento Ambiental, para abranger a saúde pública e as áreas afins, como
afastamento e tratamento de esgoto e efluentes industriais, destinação e
tratamento de resíduos sólidos, drenagem urbana, etc.
As áreas de saneamento, recursos hídricos e meio ambiente estão
intimamente relacionadas, principalmente quando o assunto a tratar refere-se a
água para abastecimento público, seu uso mais nobre.
A concentração de usuários das águas em determinadas regiões pode
levar a conflitos de interesse. A gestão é a forma de evitar, reduzir e permitir o
convívio dos distintos interesses em uma região. Os principais usuários das
águas são as cidades, as indústrias, os agricultores, as usinas hidroelétricas, os
pescadores e as populações em busca de lazer nos rios e lagos.
O usuário é aquele que retira água e devolve esgoto ou resíduos líquidos
à natureza. A uma empresa que recebe a água tratada e utiliza o sistema de
redes para o afastamento de seus resíduos.

Políticas, Instrumentos e Sistemas de Gestão

As Constituições, Leis e seus regulamentos (federal, estadual e municipal)


definem as políticas de um país em recursos hídricos e áreas afins. A água tem
sido considerada como um recurso natural limitado, dotado de valor econômico
e um bem de domínio público.
A gestão das águas de superfície e subterrâneas não deve ser
dissociadas, assim como os aspectos de qualidade e quantidade.
A bacia hidrográfica é o espaço de planejamento e gestão das águas,
adequando - se e compatibilizando - se as diversidades demográficas, sociais,
culturais e econômicas das regiões.
A gestão dos recursos hídricos é feita com a participação do poder
público, dos usuários e da sociedade.
Os principais instrumentos de gestão das águas são:

- enquadramento dos corpos da água em classes, segundo os usos


preponderantes da água;
- a outorga dos direitos de uso;
- o rateio do custo das obras de uso múltiplo;
- os Planos de Recursos Hídricos por bacias hidrográficas;
- a compensação a municípios;
- a cobrança pelo uso das águas, tanto para as vazões captadas, quanto pela
diluição dos efluentes lançados;
- a divulgação da informação à sociedade.

A gestão dos recursos hídricos é feita por um conjunto de órgãos e


instituições, que assumem, cada um, responsabilidades e funções.
As funções de um Sistema de Gestão são: coordenar, arbitrar os conflitos,
implementar a política, planejar, regular, controlar o uso, preservar e recuperar
os recursos hídricos. Uma das funções mais importantes é a de efetuar a
cobrança do uso dos recursos hídricos e de administrar e bem aplicar estes
recursos.
Os recursos financeiros para implementar uma política das águas provem
dos orçamentos e tarifas e da cobrança pelo uso das águas. Os grandes debates
sobre a organização do sistema de gestão são devidos ao domínio sobre os
órgãos aplicadores destes recursos.
As organizações de gestão variam de país para país. No Brasil, como em
muitos outros países, predominam uma visão de constituição de órgãos
colegiados e órgãos executivos, encarregados de implementar as deliberações
destas plenárias.
No Brasil foi criado o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para
coordenar a política e os sistema nacional de recursos hídricos. Nos Estados,
para os rios de domínio estaduais, devem ser constituídos conselhos estaduais.
O Estado de São Paulo já possui lei estadual e um sistema de gestão em
implantação, que é coordenado por um Conselho Estadual de Recursos
Hídricos. Este sistema prevê Comitês de Bacia e duas alternativas para apoio
aos Comitês: as Agências de Bacia ou os órgãos do próprio governo do Estado.
As experiências da França e de outros países são muito importantes. Na
França existe um sistema funcionando há mais de 25 anos e na Alemanha,
associações de usuários dos rios atuam há mais de 100 anos. O México iniciou
a organização de gestão em bacias hidrográficas, com base em uma nova
legislação de recursos hídricos, ainda em implantação.

Organismos de Bacias Hidrográficas

Em vários países, os organismos de bacia é que são os principais


implementadores da política e do sistema de gestão das águas.
Os colegiados são denominados Comitês ou Conselhos ou Comissões de
bacia. Possui representantes dos poderes públicos (federal, estadual ou
municipal), dos usuários e da sociedade civil.
Os órgãos públicos (federal ou estadual) são encarregados de executar
as tarefas necessárias a gestão, atuando regionalmente, este é o caso, por
exemplo, do México. Na França, entretanto, um novo órgão foi criado, para
cuidar da cobrança pelo uso das águas e pela administração destes recursos -
as Agências de Bacia.
A fiscalização, o poder de polícia, a outorga, a operação dos serviços de
água e esgoto e outras tarefas correlatas não deve ser confundidas com a função
de uma Agência de Bacia, conforme as propostas do sistema francês.
No Brasil, predominam, atualmente, a proposta de criação de Comitês de
Bacia, como órgãos colegiados deliberativos. E das Agências de Bacia, como
instituições independentes, de apoio aos Comitês. As funções destas agências
não são as de projetar, construir e operar obras e sim de propor um plano de
recuperação e proteção dos recursos hídricos, de efetuar a cobrança pelo uso
das águas e de repassar os recursos para instituições executoras, públicas ou
privadas, como associações de municípios de água e esgoto, etc.
As diferentes concepções do sistema de gestão, mais centralizadores,
regionalizados ou descentralizados são objetos de grandes debates entre os
envolvidos na política de recursos hídricos. Os países mais democráticos
consideram a descentralização e o predomínio dos usuários nos órgãos diretivos
como de fundamental importância para o sucesso da implantação da cobrança
pelo uso das águas, afinal essa é a grande novidade da gestão em bacias
hidrográficas.
Os Consórcios ou Associações de Municípios, as associações de
usuários e outras organizações semelhantes são entidades importantes para a
gestão em bacias hidrográficas. O principal mérito destas entidades é a sua
facilidade em iniciar trabalhos práticos, de arrecadar recursos entre os seus
membros (iniciar a solidariedade financeira entre os usuários de uma bacia) e
fazer parcerias.
O Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari,
como associação de usuários, tem sido pioneiro no Brasil. Possuí cooperação
com entidades da França e do México, organizou várias visitas de estudo a estes
países. Em 1998 foi fundada a Rede Nacional (Brasil) de Consórcios e
Associações de Municípios em Bacias Hidrográficas (a atual sede é em
Americana - SP, junto ao Consórcio Piracicaba-Capivari). Em 1996, no México,
foram criadas a rede Internacional e a Rede Latino-Americana de Organismos
de Bacia Hidrográfica.
Organismos de Bacia Hidrográfica - Definição conforme a lei 9433 / 97

Ressalte - se que a nova Lei Federal dos Recursos Hídricos (9433/97)


estabeleceu um arranjo institucional claro, baseado na organização da gestão
compartilhada do uso da água. São os seguintes organismos criados pelo novo
sistema:

 O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, órgão mais elevado da hierarquia


do Sistema Nacional de Recursos Hídricos em termos administrativos, a quem
cabe decidir sobre as grandes questões do setor, além de dirimir as contendas
de maior vulto;

 Os Comitês de Bacias Hidrográficas, tipo de organização inteiramente nova


na administração dos bens públicos do Brasil, contando com a participação dos
usuários, das prefeituras, da sociedade civil organizada, dos demais níveis de
governo (estaduais e federal), e destinados a agir, como poderíamos denominar,
de "o parlamento das águas da bacia", pois seriam esses Comitês o fórum de
decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica;

 As Agências da Água, também um tipo de organismo, que serve de "braço


técnico" de seu(s) correspondente(s) Comitês, destinadas a gerir os recursos
oriundos da cobrança pelo uso da água, desenvolvendo a chamada "engenharia"
do sistema;

 As organizações de recursos hídricos, que são entidades atuantes no setor


de planejamento e gestão do uso dos recursos hídricos e que podem ter
destacada participação no processo decisório e de monitoramento das ações.

Organismos da Bacia Hidrográfica - Definição com base na Lei 7663 / 91

A "pioneira" Lei Paulista dos Recursos Hídricos, aprovada em 1991,


trouxe como grande novidade esse grande tripé Comitê, Agência e Cobrança.
Portanto no âmbito do Estado de São Paulo as novidades chegaram antes.
Pela Lei Paulista 7663/91, teríamos a definir:
Comitê de Bacias

Colegiado que funciona como um "parlamento das águas". É deliberativo,


por lei. Não possui personalidade jurídica e poderá contar com apoio técnico e
financeiro de outros órgãos.

Agência de Bacia:

Entidade autorizada pela Lei Estadual 10.020/98, para executar as


decisões do Comitê de Bacias. Responsável por efetuar a cobrança pelo uso das
águas e pelo gerenciamento destes recursos.

Consórcio Intermunicipal: (conforme estrutura do Consórcio Piracicaba


Capivari)

Associação civil de direito privado, com independência técnica e


financeira. Arrecada e aplica recursos em programas e ações ambientais. O
poder de decisão cabe ao Conselho de Municípios, formado pelos prefeitos e
representantes das empresas. Apoia a criação da Agência e o funcionamento do
Comitê de Bacias.
Os Consórcios Intermunicipais estão inseridos no segmento dos
usuários, na participação da Sociedade Civil nos Comitês de Bacia.

GESTÃO POR BACIAS HIDROGRÁFICAS

Gestão na Alemanha e França

A Alemanha foi o berço da gestão de bacias. Neste país, na região


industrializada do Ruhr, Os Estados e o Governo Federal delegaram aos agentes
da bacia o controle sobre o abastecimento de água público e industrial. A
Cooperativa do Rio Ruhr, por exemplo, constrói e opera as estações de
tratamento de água e de esgoto, doméstico e industriais. Quem quiser ter água
e lançar esgotos e efluentes industriais precisa ser membro da Cooperativa e
pagar as tarifas fixadas. A associação regional (e a cobrança de uma tarifa para
realizar obras e serviços e operar o sistema) foi a forma encontrada para garantir
abastecimento às cidades e industrias e o desenvolvimento econômico da
região. Em outras partes da Alemanha o sistema é outro. Na Alemanha existem
muitos consórcios e associações de municípios que atuam em água, esgoto e
lixo.
Os franceses, há trinta anos, adaptaram o sistema alemão à França. Mas
aprovaram uma lei e um sistema que vigora em todo o país. Criaram seis grandes
áreas geográficas de gestão, com seis Comitês e seis Agências de bacia.
No sistema francês, o Comitê é uma assembleia, não possuem
orçamento próprio, não é órgão executivo, mas deliberativo. A Agência é o braço
executivo do Comitê, mas com limitações sobre o que deve executar. A Agência
é uma autarquia pública que arrecada tarifas, elabora um plano de utilização
destes recursos e submete ao Comitê para deliberação. Esta tarifa, chamada em
francês de "redevance" é um preço pago por todos os que se utilizam das águas
e causam poluição aos rios. Ela é cobrada junto com a conta de água e esgoto,
na forma de um adicional à tarifa normal. O Comitê é o fórum de debate e
possuem uma ampla participação: governo central, governos locais, usuários,
especialistas técnicos e ambientalistas. Há um predomínio discreto dos usuários
e poder local no Comitê. A Agência é dirigida por um Conselho de
Administração formado por representantes do Comitê, as Agências e a cobrança
de "redevance" são instrumentos para lutar contra a poluição e garantir o
desenvolvimento. A fiscalização do Meio Ambiente e o controle dos usuários
(outorga de uso das águas, por exemplo) continuaram sendo realizadas pelos
órgãos do Governo. A Agência é fiscalizada, por vários órgãos públicos, de
finanças, das contas públicas, etc.
Na França existem cerca de 1.600 consórcios de municípios, atuando com
as mais diversas finalidades. Os Comitês e Agências são parceiros dos
Consórcios e apoiam programas coordenados e ou executados pelos
Consórcios.

SITUAÇÃO NO BRASIL, ESTADO DE SÃO PAULO E REGIÃO DO


PIRACICABA CAPIVARI E JUNDIAÍ - PONDERAÇÕES E REFORÇO DE
ALGUNS CONCEITOS
Ponderações preliminares

Gestão é o ato de gerir, ou seja, é a gerência ou administração de


uma determinada unidade administrativa.
A bacia hidrográfica tem sido reconhecida como o espaço geográfico mais
adequado para tratar de assuntos ambientais, abastecimento de água e outros.
No nosso caso foi convencionado reunir três bacias próximas - Piracicaba,
Capivari e Jundiaí - para criar uma unidade de gestão.
Os Rios Piracicaba e Jaguari são águas de domínio federal. Os
demais rios e todos os afluentes do Piracicaba e Jaguari são de domínio do
Estado. Apenas rios que nascem e terminam em um município podem ser
declarados como de domínio municipal, figura pouco utilizada.
Devido sua situação - águas de domínio da União e do Estado - o
Comitê Piracicaba, Capivari e Jundiaí, criado pela Lei Estadual 7.663, não
possuem competência legal para atuar sobre os Rios Jaguari e Piracicaba.
A Lei Estadual 7.663/91 foi promulgada antes da Lei Federal
9.433/97. A Lei Federal predomina sobre a do Estado.

Como Compatibilizar a lei 7663/91 com a 94933/97 e a cobrança pelo uso


da água

A opinião consensual é que precisamos ter uma política e sistema de


gestão federal e estadual compatíveis e únicos em nossa região. Atualmente
temos apenas um Comitê de Bacia, estabelecido pela Lei Estadual. Falta criar
um Comitê único - estadual e federal - e uma única Agência de Bacia. Todos os
Comitês Estaduais possuem uma representação tripartite: Estado, Municípios e
Sociedade Civil. Os usuários estão dentro do segmento Sociedade Civil, mas
isto não é muito adequado, pois os usuários correspondem ao segmento mais
importante e acabam tendo de "disputar espaço", quando o seu lugar deveria
estar assegurado.
Para haver resultados concretos, é preciso estabelecer o pagamento de
uma tarifa especial que, como na Alemanha e na França, serve de suporte
econômico para a luta contra a poluição. No Brasil, esta tarifa é chamada de
cobrança pelo uso das águas.
A Lei Estadual permite, até agora, duas possibilidades de arrecadação da
cobrança pelo uso das águas: pela Agência de Bacias ou pelo Governo do
Estado (através do DAEE). A nossa região, através do Consórcio e do Comitê,
é contra a arrecadação não ficar na região. No México, que está implantando o
sistema, a arrecadação vai para o orçamento central e depois é distribuído.
Apenas a metade retorna a bacia que arrecadou.
A Lei Federal indica apenas a Agência de Bacia como órgão arrecadador.
A principal luta do Consórcio nos últimos anos é para que o recurso que
vier a ser arrecadado fique em conta bancária administrativa da Agência, não vá
para um fundo ou orçamento estadual ou federal.
A cobrança pelo uso das águas permite que todos paguem um pouco,
mas o seu total é um valor alto. Na nossa região, esse total pode começar com
alguns milhões por ano e chegar até 100 milhões de reais por ano, valores
suficientes para garantir a melhoria do meio ambiente e o desenvolvimento
econômico.
A Lei Federal delega aos consórcios de municípios a função de
Agência, caso esta não tenha ainda sido criada. Isto é muito importante, pois
permite construir gradualmente o sistema de gestão e a cobrança, de forma
totalmente descentralizada, situação esta que não ocorre na Lei Estadual.
O Comitê das Bacias Piracicaba, Capivari e Jundiaí possui um Presidente,
um Vice e um Secretário Executivo. Em todo o Estado perdurou uma regra, não
formal de que o Presidente fosse do segmento Município, o vice da Sociedade
Civil e o Secretário do segmento Estado.

Organização pela Integração Regional

Descontentes com o crescente estágio de degradação ambiental,


verificado na Bacia do Rio Piracicaba, principalmente quanto os aspectos
qualitativos e quantitativos da água, a sociedade civil de Piracicaba empreendeu
a partir de meados da década de 70, um forte movimento visando a preservação
de seu manancial de abastecimento público, sendo que a coordenação ficou com
o Conselho de Defesa Ecológica do Vale do Piracicaba - CONDEVAP, que
contava com a forte participação da comunidade científica local, vindo
sensibilizar alguns Prefeitos da região - Jornal de Piracicaba (1978).
Na década de 80, o movimento ganhou força através da "Campanha Ano
2.000 - Redenção Ecológica da Bacia do Piracicaba" (RODRIGUES, 1987;
MONTICELI & MARTINS, 1993), iniciativa da Associação dos Engenheiros e
Arquitetos de Piracicaba - AEAP e encampada pelo Conselho Coordenador de
Entidades Civis de Piracicaba, contando com o apoio de alguns seguimentos da
comunidade regional.
Como fruto da "Campanha Ano 2.000", o Conselho Estadual de Recursos
Hídricos - CRH, através da deliberação nº 05, declarou a bacia do Piracicaba
como crítica quanto aos recursos hídricos e fixou um prazo de 120 dias para a
proposição de programas prioritários pelo Grupo Técnico da Bacia do Piracicaba
- GTPI.
O prazo do CRH foi cumprido e o programa elaborado atendia a maioria
das reivindicações da Campanha, exceto às ligadas ao Sistema Cantareira e às
indenizações à bacia.
Posteriormente a bacia do Piracicaba foi considerada "modelo básico para
fins de gestão dos Recursos Hídricos", através do decreto nº 24.489 (SP) de
10/06/88.
A campanha “Ano 2000”, recomendava como solução para os problemas
ambientais da região, a criação de um organismo intermunicipal voltado a gestão
dos recursos hídricos. Reinvindicação atendida com a fundação do Consórcio
Piracicaba-Capivari.

O CONSÓRCIO PIRACICABA CAPIVARI

O Consórcio constitui-se numa força política suprapartidária expressiva.


Devido ao pioneirismo de suas ações em gestão de recursos hídricos, conta com
grande respeitabilidade junto à opinião pública e é considerado um modelo de
instituição, cuja experiência é divulgada em todo o país e mesmo no exterior.
Junto às autoridades estaduais, federais e internacionais está agindo
com o objetivo de obter os recursos necessários para as obras de tratamento de
esgoto, preservação de mananciais e recuperação da qualidade dos rios.
Com as prefeituras municipais e empresas consorciadas vem
trabalhando para redução da captação e consumo de água, através da
eliminação de perdas e reuso da água, proteção dos mananciais através do
reflorestamento ciliar, educação ambiental e acompanhamento das modificações
nas legislações estadual e federal.
A cultura organizacional do Consórcio Piracicaba-Capivari tem permitido
realizar uma série de trabalhos e ações intermunicipais que complementam as
atividades ambientais exclusivamente internas às prefeituras e às empresas.
Deixando de lado as diferenças partidárias, as administrações municipais
estão dando exemplo de que é possível unirem-se em defesa do bem comum.
Os problemas de degradação ambientais nas bacias não têm solução da
noite para o dia. Mas podem ser resolvidos desde que todos colaborem. É
preciso planejar o desenvolvimento para não prejudicar os recursos naturais. E
toda a população deve exigir o direito a uma vida melhor.

A vida ameaçada

As bacias dos rios Piracicaba e Capivari encontram-se, em sua maior


parte, no Estado de São Paulo (51 municípios) e uma menor parte no sul do
Estado de Minas Gerais (4 municípios). Sua área é de 14.400 km2, cerca de 5%
da área do Estado de São Paulo. A população estimada é de cerca de 3,5
milhões de habitantes. Trata-se de uma região de grande desenvolvimento
econômico onde existem conflitos pelo uso da água.
A produção de água durante a estiagem fica em situação crítica para o
abastecimento público das cidades e de mais cinco municípios de outras bacias.
Adicionalmente a essa demanda, há também a reversão de 31m 3 /s, pelo
Sistema Cantareira, para o abastecimento de cerca de 55% da população da
Região Metropolitana de São Paulo.
A atividade industrial é intensa sendo o mais importante núcleo industrial
do Estado depois da Grande São Paulo. Estima-se que 6% do PIB nacional seja
gerado na região, cuja demanda de água é de cerca de 16,5m 3/s para consumo
industrial, 5,5m3/s para irrigação e 14m3/s para consumo humano.
As cidades da região tratam, em média, 12% do esgoto doméstico, as
indústrias, cerca de 75% das cargas industrias. Os rios recebem uma carga
remanescente de cerca de 106 tDBO/dia referente aos esgotos industriais e 133
tDBO/dia referente aos esgotos domésticos.

O CONSÓRCIO COMO EMPRESA

As bacias dos rios Piracicaba e Capivari passaram a contar desde 13 de


outubro de 1989 com a atuação de um interlocutor regional no âmbito das bacias
hidrográficas para as questões relacionadas aos recursos hídricos e
recuperação ambiental da região. Nasceu, em Americana, da vontade regional,
o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari, uma
associação de direito privado, com independência técnica e financeira. Arrecada
e aplica recursos em programas e ações ambientais. O poder de decisão cabe
ao Conselho de Municípios.
O Consórcio possui quatro órgãos funcionais:
 Conselho de Municípios (prefeitos e representantes de empresas
consorciadas).
 Conselho Fiscal (representantes das câmaras de vereadores).
 Plenária de Entidades (representantes da sociedade civil).
 Secretaria Executiva (equipe técnica).
As Diretorias do Conselho de Municípios e do Conselho Fiscal têm
mandato de dois anos.

O Consórcio como associação de usuários

O Consórcio Piracicaba-Capivari, como associação de usuários, busca


uma maior valorização da parte técnica e econômica, que permite vencer as
divergências pessoais, político-partidárias e outras, próprias das articulações
intermunicipais. Por outro lado, caso as autoridades locais e empresas da região
não se organizem, a implementação da legislação de recursos hídricos pode ser
feita dissociada da participação destes atores, o que significará, sem dúvida,
maiores dificuldades de sua efetiva implantação, principalmente no que se refere
ao seu suporte financeiro, ou seja, a real implementação da cobrança pelo uso
da água.
O enfoque regional, a integração dos municípios e a busca de soluções
globais tem marcado sua atuação. É considerada de fundamental importância a
participação de técnicos e dirigentes dos serviços autônomos de água e esgoto,
a fim de que as soluções encontradas sejam coerentes e possam ser
efetivamente implantadas.
Em junho de 1996, após alteração estatutária, o Consórcio recebeu
adesão de novos membros (empresas públicas e privadas). Mais que uma frente
política suprapartidária, o Consórcio passou a ser, legalmente, uma associação
de usuários públicos e privados da água, que reúne, hoje, 42 municípios e 27
empresas. Cada um dos segmentos detém 50% do valor dos votos.

O Consórcio tem como objetivo:

 Recuperação dos Rios.


 Integração Regional.
 Planejamento e fomento de ações na área de Gestão de Recursos Hídricos,
incluindo acompanhamento da legislação pertinente.
 Conscientização regional.

Principais atividades em andamento

 Programa de Investimento para Recuperação das Bacias.


 Programa de Resíduos Sólidos.
 Programa de Combate às Perdas de Água.
 Programa de Proteção aos Mananciais.
 Programa de Educação Ambiental.
 Gestão de Bacias e Cooperação Internacional.
 Desenvolvimento Tecnológico.
 Apoio aos Consorciados.
Principais Realizações

 Conscientização regional dos problemas ambientais.


 Planos diretores e projetos executivos para tratamento de esgoto em 17
municípios.
 Plano Diretor de Captação e Produção de Água para as Bacias dos rios
Piracicaba e Capivari.
 Experiências práticas de tecnologia de tratamento de esgoto ETE Cosmópolis e
ETE Ajapi – Rio Claro.
 Desenvolvimento e aplicação do Projeto de Proteção aos Mananciais, através
do reflorestamento ciliar, que já conta com o plantio de aproximadamente 1
milhão de mudas.
 Aumento no índice de tratamento de esgoto doméstico de 3% para 12%.
 Implantação do Programa de Resíduos Sólidos.
 Implantação do Programa de Combate às perdas.
 Desenvolvimento do projeto de conscientização e educação ambiental, Semana
da Água, envolvendo mais de 260 mil crianças.
 Projeto de Cooperação Internacional com a Agência Sena-Normandia,
ADEME e CUD.

O Comitê PCJ

Instalado em 1993, o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios


Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) tem atuação em uma região com 4
milhões de habitantes. Compõem o Comitê representantes de três segmentos
(Estado, Sociedade Civil e 58 municípios), cada um deles com direito a 16 votos.

Passo a Passo os principais acontecimentos que marcaram Dez anos


(1989/1999) do Consórcio Piracicaba-Capivari e a Gestão dos Recursos
Hídricos

1989 - Criação do Consórcio Intermunicipal das Bacias Hidrográficas dos


Rios Piracicaba e Capivari, estruturado em: Conselho de Municípios, Conselho
Fiscal, Plenária de Entidades e Secretaria Executiva.
1990 -Definição dos principais programas de trabalho e parceiros.

- Articulação entre consórcios e outros aliados para incluir emenda à Lei Estadual
de Recursos Hídricos, permitindo a criação de Agências de Bacias.

1991 - Promulgação da Lei Estadual n.º 7.663, contendo em seu artigo 28


a possibilidade de criação de Agências de Bacias.

- Primeira viagem de uma delegação do Consórcio Piracicaba-Capivari à Europa.


- Elaboração do Plano Diretor de Captação e produção de água para as bacias
dos Rios Piracicaba e Capivari.
- Lançamento do Programa de Reflorestamento Ciliar.

1992 - Divulgação das funções de Comitê e Agência verdadeiramente


descentralizados.

- Elaboração, em parceria com o Departamento de Águas e Energia Elétrica


(DAEE), de projetos sobre coleta, afastamento e tratamento de esgoto, para17
municípios.
- Realização da Semana de Debates sobre Recursos Hídricos e Meio Ambiente
nas cidades de Piracicaba e São Paulo, considerado um marco nacional para a
área.
- Obtenção de recursos junto a União e outras fontes que resultaram na
construção da ETE CECAP, em Piracicaba.
- Protocolo de projeto junto ao Banco Mundial (BIRD), solicitando um empréstimo
de 550 milhões de dólares para recuperação dos rios Piracicaba e Capivari.
- Participação na Eco-92 – Rio de Janeiro e São Paulo.
- 1º Encontro Nacional de Organismos de Bacias.

1993 - Criação do Comitê de Bacias e aprovação da moção de criação de


Agência, conforme previsto pela lei estadual 7.663.
- Apresentação da primeira proposta de projeto de lei para criação de Agência na
forma de empresa pública.
- Criação do Fórum das Entidades das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí, que passou a indicar os membros da Plenária de Entidades do
Consórcio.
- Primeiras aplicações de Programas de Educação Ambiental com várias
parcerias.

1994 - Inicio dos Trabalhos para elaborar as propostas da agência.

- Nova viagem de estudo à França. Missões francesas visitam a região e debatem


experiências de funcionamento de Comitê e Agência. Divulgação das posições
do Consórcio, em defesa da Agência, por todo o Brasil.
- Consórcio envia ao Comitê documento com as "recomendações" para o projeto
de lei. A redação de "efetuar" a cobrança, ao invés de "promover" a cobrança, é
aprovada pela Câmara Técnica do Comitê.
- Consórcio realiza reunião extraordinária e aprova recomendação à Câmara
Técnica do Comitê com alterações em alguns artigos, principalmente para definir
a autonomia do ato de efetuar a cobrança, gerenciar a conta bancária e repassar
os recursos da cobrança, encargos fundamentais da Agência.
- Em reunião realizada em Campinas, o Comitê vota por unanimidade pela
aprovação da minuta de lei de criação da Agência.
- Primeira aplicação do Programa de Educação Ambiental Semana da Água (1
município)
1995 - Conselho Fiscal amplia Diretoria.

- 2º Encontro Nacional de Organismos de Bacias.


- Aprovação, junto ao CONSEMA (Conselho de Meio Ambiente), de licença de
instalação para aterro de resíduos industriais em Piracicaba.
- Ampliação de programa de educação ambiental para 13 municípios.
- Inauguração da ETE - Cosmópolis, ação conjunta Consórcio e Prefeitura.

1996 - O CBH-PCJ aprova emendas ao anteprojeto de lei estadual sobre


agências de bacias.
- Consórcio, em parceira com a Cetesb, conclui Inventário Regional de Resíduos
Sólidos Industriais.
- Aprovada a participação de empresas junto ao Consórcio.
- Consórcio realiza movimento e workshop, visando a recuperação do reservatório
de Salto Grande (Americana).

1997 - Aprovação do projeto de retorno da contribuição de investimento


ao Consórcio, através de R$ 0,01/m3 de água consumida.

- Início das aplicações nacional, em 12 Estados, do Seminário – Gestão


Descentralizada e Participativa dos Recursos Hídricos, em parceira com a
ASSEMAE com o apoio da SRH-MMA e Fundo Nacional do Meio Ambiente.
- Aprovação da lei Nacional dos Recursos Hídricos n.º 9433, contemplando
emendas sugeridas pelo Consórcio e seus parceiros.

1998 – Pedido de urgência na votação dos projetos sobre agências de


bacias e cobrança pelo uso da água.

- Sancionada a Lei 10.020, autorizando o Estado a participar da criação das


agências de bacias.
- Estudo de viabilidade para implantação de empresa regional no âmbito do
Comitê PCJ.
- Semana da Água atinge 100 mil alunos.
- Criação da Rede Brasil de Organismos de Bacias.
- Plenária das Entidades monta Conselho Diretor por Bacias Hidrográficas.
- Plenária das Entidades adquire o direito a um voto no Conselho dos Municípios.
- Aprovado Projeto de Lei que autoriza o primeiro município a contribuir com
R$0,01por m3 de água consumida.
- Lançamento do Programa de Perdas Físicas de Água em cinco municípios.
- Criação do Grupo Técnico Regional de Combate às Perdas Físicas de Água.

1999 - Registro do aumento no índice de tratamento de esgoto entre os


anos de 1989 e 1999 de 3% para 12%.
- Empresas passam a possuir direito a até 50% dos votos junto ao Conselho do
Consórcio
- Conselho Fiscal abre câmaras técnicas por sub-bacias.
- Adesão significativa ao 0,01 atingindo mais de R$ 1 milhão por ano.
- Programa de Proteção aos Mananciais do Consórcio Piracicaba-Capivari atinge
1 milhão de mudas plantadas.
- Consórcio e Plenária das Entidades lançam proposta “Gestão dos Recursos
Hídricos - Técnicas de Mobilização Participativa”.
- Participação ativa nas audiências públicas ocorridas na Assembleia Legislativa
sobre o Projeto de Lei 020/98.
- Elaboração e encaminhamento de emendas, em parceria com o Comitê PCJ ao
Projeto de Lei 1617/99, que prevê a criação da Agência Nacional das Águas –
ANA.
- Visita de Delegação do Consórcio (Rede Brasil) à Espanha e à França, contando
com a participação do Secretário Nacional dos Recursos Hídricos, Dr. Raimundo
José Garrido.
- A entidade atinge 42 municípios e 27 empresas consorciados.
- Realização do 3º Encontro Nacional de Organismos de Bacias.
- Eventos e comemorações pelos dez anos de luta da entidade.
- Lançamento de cinco novas publicações.

A polêmica sobre o custo da água

Falar em caos e na situação crítica dos recursos hídricos em nossa região,


com certeza é chover no molhado. O que de concreto está sendo feito e onde
encontrar os recursos necessários são, sem dúvida, as maiores incógnitas.
Existem as possibilidades de atuação por força da legislação e outras de
iniciativas da própria região, algumas com a participação direta do Ministério
Público.
Para facilitar a compreensão, vamos a uma breve retrospectiva. Em
dezembro de 91, foi promulgada a lei paulista que institui a política de
gerenciamento dos recursos hídricos, ela cria como instância maior o Conselho
Estadual dos Recursos Hídricos, ficando os Comitês de Bacias com a função do
Parlamento das águas em nível regional, congregando os Estados, Municípios e
Sociedade Civil.
A lei estabelece a cobrança pelo uso da água como forma de estimular a
utilização racional do produto e, ao mesmo tempo, financiar as obras de
recuperação dos Recursos Hídricos. Permite duas formas diferenciadas de
gestão - uma delas com a criação de Agências de Bacias, com a função de
secretariar os Comitês das Bacias, arrecadando e administrando, de forma que
os recursos permaneçam prioritariamente na própria região onde foram gerados.
Não existindo a Agência de bacias, tais funções ficam sob a
responsabilidade do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado. Para
existir a Agência de Bacia necessita-se da aprovação de lei específica, o mesmo
ocorrendo com a cobrança pelo uso da água.
Atualmente, pagamos apenas os serviços pela coleta, tratamento e
distribuição da água, a referida cobrança seria um valor extra, cobrado por metro
cúbico consumido, como reserva específica para a recuperação ambiental da
região de sua origem.
A grande preocupação demonstrada pioneiramente por Campinas e
região, foi o recurso ir primeiro para o caixa comum do Estado, para depois
retornar, tendo um grande e burocrático desgaste de percurso. Fato que levou
nosso Comitê Regional dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) a
aclamar em reunião realizada em Campinas (dezembro de 94), a minuta de
projeto de lei para criação de agência de bacia.
Passou-se por um processo de discussões até chegar a aprovação da
minuta do projeto de lei sobre a cobrança pelo uso da água, ocorrida junto ao
Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, em 12 de novembro de 97.
Recentemente, quando da elaboração de emendas a tal projeto,
entidades, órgãos e associações representativas de usuários da água, em
respeito dos aprovados pelos Comitês de Bacias, optaram por respeitar o acordo
junto ao Conselho Estadual dos Recursos Hídricos.
Infelizmente, tais ações não foram regra na Assembleia Legislativa e o
referido projeto, nº 20/98, recebeu dois substitutivos e 102 propostas de
emendas, publicados no Diário Oficial do Estado, de 17 de fevereiro de 1998. A
situação exige extrema atenção e minucioso acompanhamento da tramitação do
projeto de lei junto à Assembleia.
Tantas emendas com certeza "engessam" o processo. Qualquer solução
nesta linha leva um tempo que nossa região não pode esperar. Enquanto a lei
não vem, as concessionárias dos Serviços de Água (DAEs, SAEs, Sabesp e
outras) vão na medida do possível executando obras e ações para a garantia de
água tratada de boa qualidade à população e sistemas eficientes de coleta,
afastamento e tratamento de esgotos.
Em muitas situações, isto vem ocorrendo devido a ação do Ministério
Público, mediante fixação de prazos e estabelecimento de cronogramas para
execução de obras e projeto. Com certeza, a conscientização da população e
tarifas compatíveis auxiliarão muito em tamanho desafio. Como a maioria das
captações ocorrem direto nos rios, propicia que a poluição causada por um
município seja transferida para os que ficam abaixo. Tal situação reforça a
necessidade da existência de um organismo regional Intermunicipal, como o
nosso Consórcio dos rios Piracicaba e Capivari.

O R$ 0,01 / m3

Os membros do Consórcio contribuem com a sociedade através de duas


formas: custeio e investimento. A primeira é obrigatória a todos os membros. A
segunda pode ser uma contribuição de parte ou de todos os membros. A
contribuição de custeio, como o próprio nome diz corresponde a recursos para
custeio. Investimentos, como a palavra diz, significa esforços concretos para a
despoluição de nossos rios. Em 1991 e 1992 o Consórcio conseguiu arrecadar
cerca de R$ 800 mil por ano, sendo R$ 200 mil para custeio e R$ 600 mil para
investimento. O número de membros era cerca de 20, enquanto hoje é de 40
municípios e 23 empresas. Este valor de investimento foi de fundamental
importância, permitindo ao Consórcio realizar convênio com o Governo do
Estado (DAEE), com isto dobrar os valores investidos em nossa região. Os
recursos do Consórcio e do DAEE, juntos, permitiram realizar planos diretores e
projetos em 17 municípios, iniciar os contatos com o BIRD visando um amplo
programa de investimentos na região, um plano diretor regional de
abastecimento e emprestar recursos à Prefeitura de Cosmópolis para a
construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto, cujo projeto está sendo
também utilizado em Piracicaba, Holambra e outros municípios da região.
Em 1993, a contribuição de investimentos foi suspensa.
Com a posse dos novos prefeitos em 1997 e com apoio do Conselho
Fiscal e aprovação da Diretoria do Consórcio, a Secretaria Executiva do
Consórcio ficou encarregada de apresentar uma nova proposta de retorno da
contribuição de investimento. Esta proposta, constante na Tabela 2 a seguir,
prevê a contribuição de investimentos através de uma porcentagem da tarifa de
água e esgoto. Esta forma foi escolhida como a mais adequada, pois permite
uma real integração dos municípios, um valor uniforme para todos e não significa
um ônus a sociedade, pois os valores são muito baixos. Apesar de
individualmente os valores serem baixos, o total representara cerca de R$ 2
milhões por ano e servirá para ampliar as parcerias significativas, visando a
despoluição de nossos rios. Assim, esperamos que recursos do FEHIDRO,
difíceis de serem liberados, possam de fato, serem aplicados em nossa região,
considerando-se a utilização dos valores arrecadados pelo Consórcio, como
contrapartidas. Isto significaria a possibilidade de outros R$ 2 milhões por ano.
As empresas participantes do Consórcio, como a própria Sabesp e as empresas
privadas, poderão juntar esforços, o que permite acenar com outros R$ 2 milhões
por ano ou mais.
O projeto permite que as deliberações sobre a aplicação dos recursos
sejam públicas, através de critérios estabelecidos pelo Conselho de Municípios
do Consórcio. Além disto, permite que os recursos, total ou parcialmente, sejam
colocados sob deliberação do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari
e Jundiaí, reforçando a atuação desta entidade e compatibilizando os recursos
arrecadados com o Plano de Bacia, evitando dispersão de esforços.

Tabela 2 - Previsão de arrecadação com o R$0,01/m3


MUNICÍPIO Consumo Consumo / Consumo / Previsão / Previsão /
medido I/s dia m3 mês M3 mês ano
R$0,01 / m3 R$0,01 / m3
Americana 462 39.917 1.197.504 11.975,04 143.700,48
Amparo 81 6.998 209.952 2.099,52 25.194,24
Artur Nogueira 41 3.542 106.272 1.062,72 12.752,64
Atibaia 148 12.787 383.616 3.836,16 46.033,92
B. Jesus Perdões(*) 16 1.382 41.472 414,72 4.976,64
Bragança Paulista(*) 165 14.256 427.680 4.276,80 51.321,60
Campinas 2.114 182.650 5.479.488 54.794,88 657.538,56
Capivari 71 6.134 184.032 1.840,32 22.083,84
Cordeirópolis 32 2.765 82.944 829,44 9.953,28
Corumbataí 4 346 10.368 103,68 1.244,16
Cosmópolis 96 8.294 248.832 2.488,32 29.859,84
Elias Fausto (*) 12 1.037 31.104 311,04 3.732,48
Extrema (*) 19 1.642 49.248 492,48 5.909,76
Holambra 16 1.382 41.472 414,72 4.976,64
Hortolândia (*) 164 14.170 425.088 4.250,88 51.010,56
Ipeúna 5 432 12.960 129,60 1.555,20
Iracemápolis 34 2.938 88.128 881,28 10.575,36
Itatiba (*) 113 9.763 892.896 2.928,96 35.147,52
Jaguariúna 58 5.011 150.336 1.503,36 18.040,32
Limeira (*) 511 44.150 1.324.512 13.245,12 158.941,44
Monte Mor (*) 45 3.888 116.640 1.166,40 13.996,80
Nova Odessa 89 7.690 230.688 2.306,88 27.682,56
Paulínia (*) 75 6.480 194.400 1.944,00 23.328,00
Pedra Bela (*) 2 173 5.184 51,84 622,08
Pedreira 72 6.221 186.624 1.866,24 22.394,88
Piracaia (*) 26 2.246 67.392 673,92 8.087,04
Piracicaba 696 60.134 1.804.032 18.040,32 216.483,84
Rafard 17 1.469 44.064 440,64 5.287,68
Rio Claro 385 33.264 997.920 9.979,20 119.750,40
Rio das Pedras 53 4.579 137.376 1.373,76 16.485,12
Saltinho 8 691 20.736 207,36 2.488,32
Sª Bárbara d' Oeste 359 31.018 930.528 9.305,28 111.663,36
Santa Gertrudes 25 2.160 64.800 648,00 7.776,00
São Pedro 41 2.542 106.272 1.062,72 12.752,64
Sumaré 362 31.277 938.528 9.383,04 112.596,48
Tuiuti (*) 3 259 7.776 77,76 933,12
Valinhos 133 11.491 344.736 3.447,36 41.368,32
Vinhedo 80 6.912 207.360 2.073,60 24.833,20
TOTAL 6.633 573.091 17.192.736 171.927,36 2.063.128,32

Sugestão para aplicação do R$ 0,01 /m3

Programa I - Atibaia/Quilombo/Piracicaba

Utilização: Implantação e Operação de Estação de Alerta no Rio Atibaia


Grupo permanente de limpeza de calhas de rios e de sensibilização da
população
Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades de montante.
Reflorestamento Ciliar

Municípios: Americana, Atibaia, Campinas, Hortolândia, Itatiba, Nova


Odessa, Paulínia, Santa Bárbara d' Oeste, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.

Total anual: R$ 1.274.948,00

Programa II - Corumbataí

Utilização: Grupo permanente de limpeza de calhas e de sensibilização


da população.
Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades de montante.

Municípios: Corumbataí, Ipeúna, Piracicaba, Rio Claro e Santa Gertrudes.

Total anual: R$ 346.800,00

Programa III - Jaguari/Camanducaia

Utilização: Implantação e operação de Estação de Alerta.


Grupo permanente de limpeza de calhas de rios e de sensibilização da
população.
Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades de montante.
Municípios: Amparo, Bragança Paulista, Cosmópolis, Holambra,
Jaguariúna, Limeira e Pedreira.

Total anual R$ 310.725,00

Programa IV - Capivari e outras sub-bacias

Utilização: Reflorestamento ciliar e planejamento do uso do solo das


micro-bacias
Grupo permanente de limpeza de calhas e sensibilização da população.
Apoio financeiro para construção de ETE's nas cidades.

Municípios: Artur Nogueira, Bom Jesus dos Perdões, Capivari, Elias


Fausto, Extrema, Iracemápolis, Monte Mor, Pedra Bela, Piracaia, Rafard, Rio das
Pedras, Saltinho, São Pedro e Tuiuti.

Total anual: R$ 130.630,00

Primeiro Alerta para o "Caos" - 2005

A Empresa Jaakko Poyry Engenharia Ltda, contratada pelo Consórcio


Piracicaba- Capivari, no âmbito do convênio Consórcio/DAEE, concluiu em 1992,
o "Plano Diretor de Captação e Produção de Água para Abastecimento Público
nas Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari", onde em suas
conclusões/recomendações apresenta alguns enfoques conforme segue:
"Apesar da criticidade atual de alguns dos sistemas de abastecimento da
água da área em estudos os recursos hídricos disponíveis nas bacias dos rios
Piracicaba e Capivari são suficientes para o atendimento das demandas
previstas até o ano 2005, desde que se admitam as premissa adotadas, neste
trabalho; entretanto caso não sejam tomadas medidas disciplinadoras que levem
à utilização racional - sem desperdícios ou poluição - dos recursos hídricos, ou
sejam, medidas que propiciem o desenvolvimento equilibrado das bacias, esse
quadro, a curto prazo, apresentará resultados preocupantes, tanto em termos de
quantidade, quanto em termos de qualidade de água".

GESTÃO DO SANEAMENTO AMBIENTAL

A Lei Estadual 7.750/92 define a Política e Sistema de Gestão em


Saneamento no Estado, mas ainda não foi implementado.
Não existe uma lei nacional, mas um programa, denominado PMSS -
Programa de Modernização do Setor de Saneamento, que se encontra em
andamento. Este programa prevê sugestões de legislação e regulamentação do
setor.
A gestão de saneamento trata da organização da prestação dos
serviços de água, esgoto, lixo, drenagem urbana, controle de enchentes e de
doenças de veiculação hídrica, assim como das formas de seu financiamento
pelo poder público. (Recursos do FGTS, do orçamento, etc)
Os assuntos mais atuais são os referentes à concessão de serviços à
empresas privadas e formas de controle do poder público.
O Senador José Serra apresentou projeto de lei que retira a titularidade
dos municípios e passa aos Estados, o que praticamente obriga a criação de
empresas regionais em regiões metropolitanas, microrregiões em bacias críticas
e aborda outros assuntos. Alguns consideram inconstitucional a retirada da
titularidade do saneamento dos municípios. O processo está evoluindo
satisfatoriamente, com negociação entre os interessados.
O debate sobre a criação de empresa regional de saneamento, assunto
em pauta no Consórcio e em nossa região, refere-se a gestão em saneamento.

CONSÓRCIO ELABORA EMENDAS PARA PROJETO DA ANA

Com o objetivo de garantir maior autonomia as entidades regionais


responsáveis pelo gerenciamento de recursos hídricos e promover a cobrança
descentralizada e participativa o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios
Piracicaba e Capivari em conjunto com o Comitê das Bacias Hidrográficas dos
Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí - CBH-PCJ- elaborou, em outubro/99,
emendas ao Projeto de Lei n.º 1617/99 que prevê a criação da Agência
Nacional de Águas – ANA - entidade federal de coordenação e apoio ao
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
As propostas, que foram entregues aos deputados federais da região,
ao Ministério do Meio Ambiente e aos relatores das Comissões Temáticas da
Câmara Federal, contrapunham em vários aspectos o PL original apresentado
pelo Governo Federal no início de setembro, o qual retirava as funções de
formulador da Política Nacional dos Recursos Hídricos do Conselho Nacional
dos Recursos Hídricos; centralizava os recursos oriundos da cobrança pelo uso
da água nos cofres públicos; não vinculava os valores a serem cobrados a um
plano de obras de bacias e transformava os royalties do setor elétrico em
pagamento pela utilização da água.
Na época os coordenadores da Secretaria Executiva do Consórcio
Piracicaba-Capivari temiam que esses pontos do PL original viessem conceder
superpoderes a ANA, distorcer a proposta defendida pela entidade e pela
sociedade civil de uma gestão descentralizada, participativa e comprometida
com os interesses regionais de cada bacia, além de irem de encontro aos
princípios da lei federal n.º 9.433.
As emendas enviadas às autoridades devolvam parte das funções
retiradas do Conselho Nacional dos Recursos Hídricos, considerado um órgão
bastante democrático, por ser representantes do poder público, de organismos
de bacias e da sociedade civil; preveem a delegação das funções da ANA para
os Comitês de Bacias e Agências de Bacias, inclusive as funções de arrecadar,
distribuir e aplicar os recursos financeiros resultantes da cobrança; devolvem aos
municípios e estados os recursos dos royalties do setor elétrico.
Foram contemplados alguns dos pleitos contidos nas emendas
anteriormente referidas e em outras propostas por vários seguimentos
brasileiros.
Embora não atenda a todos os anseios nacionais, está previsto
sancionamento da ANA ainda em julho de 2000. Os envolvidos acreditam que
através do PL 1616, regulamentação da 9433/97 e de outros dispositivos a
serem negociados, será possível buscar melhorias e sistema de gestão em
nosso país, com o tempo virão as adequações, o importante é iniciarmos o
modelo.
PONTOS DE DESTAQUE DA EXPERIÊNCIA DAS BACIAS PCJ EM GESTÃO
DOS RECURSOS HÍDRICOS

A Experiência das Bacias PCJ é bastante extensa, dada a relação direta


de tais bacias com o Alto Tietê. Alguns pontos já foram mencionados no item nº
5.2 – Passo a Passo, porém caberia ressaltar:

1) Deficiência de Planejamento e Monitoramento Negociado

No final dos anos 60, os setores do Governo do Estado de São Paulo,


voltados ao planejamento, lançaram movimentos para desviar o crescimento
industrial da Região Metropolitana para Campinas e imediações.
Na mesma época os setores do Governo ligados aos Recursos Hídricos,
iniciaram a construção do Sistema Cantareira, 3 reservatórios nas nascentes dos
formadores dos Rios Piracicaba e um na bacia do Alto Tietê, ou seja, foi
providenciado, a reversão de 31 m3/s para grande São Paulo, justamente da
fonte de sustentação de água de Campinas e região.
Para minimizarmos tal problema foi constituído a partir de 1984 o Grupo
denominado operação estiagem, com a participação de técnicos dos
Organismos do Governo do Estado, com a finalidade de monitorar o sistema e
estabelecer as vazões necessárias para garantia do suprimento de água,
balanço hídrico, entre São Paulo e Campinas.
Atualmente tal grupo pertence ao Comitê PCJ e tem sido um grande
laboratório de Gestão dos Recursos Hídricos, cabendo realçar os
acontecimentos:

- Em 1992 foi negociado o ingresso ao Grupo do Consórcio Piracicaba-Capivari e


dos municípios que captam água na bacia do Piracicaba, diretamente ou por
reversão.
- Foi discutido, eleito e padronizado o “Oxigênio Dissolvido” como parâmetro de
referência qualitativa para decisões de manejo do Grupo. O lema é evitar
sofrimentos garantindo reserva reguladora.
- O diálogo entre a SABESP, operadora do Sistema Cantareira e os municípios de
jusante, passou a ser direto, polêmico em muitas questões, porém bastante
proveitoso.
- Para evitar contaminação do Rio Atibaia, um dos formadores do Piracicaba,
devido ao lançamento de carga altamente poluente, houve a necessidade da
liberação de 15 m3/s das comportas dos Reservatórios do Rio Cachoeira, um
dos integrantes do Sistema Cantareira, no dia seguinte os jornais da região
publicaram “Falta de Água na Bacia inunda Piracaia”.

Devido a diminuição da vazão natural pela construção do reservatório,


houve a ocupação irregular das margens do rio Cachoeira e qualquer vazão
acima de 5 m3/s provoca inundações.
O Grupo de Monitoramento nomeou uma comissão para administrar o
conflito criado e entre outras soluções, está sendo elaborado um projeto
executivo de drenagem para equacionar tais inundações.

- Quando o Sistema Cantareira foi construído, ocorreu uma grande revolta por
parte dos municípios de jusante. Através do Grupo de Monitoramento, liderados
pelo Consórcio Piracicaba-Capivari, houve um encontro em 1999, entre os
Prefeitos da região de Campinas com a Diretoria da SABESP, em um dos
reservatórios do Sistema. O processo de conciliação e de procura por soluções
conjuntas foi incrementado.
- Por um trabalho de aproximação dentro do Grupo, a SABESP aderiu ao
Consórcio, sendo uma das empresas associadas.
- Situações envolvendo algas e outros afins, foram também equacionadas no
âmbito do Grupo de Monitoramento

2) Administração de Conflitos

Muitas foram as situações de conflitos pelo uso da água nas bacias PCJ,
entre elas:
- Em 1980 a Prefeitura de Piracicaba processou a SABESP e a Fazenda do
Estado pela retirada de água através do Sistema Cantareira. Tratou-se de uma
ação cautelar indenizatória .
A Prefeitura teve que construir a captação para seu abastecimento em
outra sub-bacia, devido à má qualidade das águas do Piracicaba, face a redução
de sua vazão.
O processo foi arquivado por diversos motivos, e coube ao Consórcio
Piracicaba-Capivari a partir de 1989, intermediar e procurar soluções conjuntas
para o conflito.

- Distribuição de Recursos do Fundo Estadual dos Recursos Hídricos – FEHIDRO,


de forma negociada entre os membros do Comitê PCJ.
- Em 1994 uma solicitação da Prefeitura de Jundiaí junto ao Departamento de
Águas e Energia Elétrica para ampliar sua outorga de 1,2 para 2 m 3/s, captação
junto ao Rio Atibaia por reversão entre bacias, provocou uma grande agitação
na região.

O assunto foi resolvido no âmbito do Comitê PCJ e a Prefeitura obrigou-


se a uma série de ações, como construção de reservatório de regularização,
iniciar Programa de Combate a Perdas em seu sistema de distribuição, entre
outras.

- Também em 1994 houve situação semelhante, com solicitação de Indaiatuba


para captar água no ribeirão Piraí. Foi resolvido pelo Comitê.
- Campanhas conjuntas de racionalização pelo uso da água; elaboração de
emendas e projetos de leis nas áreas ambientais; trocas de tecnologias entre
municípios e empresas; solidariedade financeira regional de R$ 0,01/m 3 como
exercício da cobrança; intercâmbio internacional e com outras bacias
hidrográficas, entre outras tem fortalecido o sistema de gestão nas bacias PCJ
e indiretamente contribuída para fortalecer o sistema de Gestão dos Recursos
Hídricos nacionalmente.
BIBLIOGRAFIA

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