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Aula 07

Curso de Engenharia Sanitária p/


Concursos de Perito Criminal
(Engenheiro Sanitário) 2020.2

Autor:
André Rocha
Aula 07

10 de Dezembro de 2020

06600818654 - Gilcimar Vieira Magalhães


André Rocha
Aula 07

Sumário

1 - Redes coletoras de esgoto sanitário .................................................................................................. 4

1.1 - Tipos de sistema e traçados ......................................................................................................... 4

1.2 - Partes do sistema de coleta ......................................................................................................... 7

1.2.1 - Órgãos acessórios ................................................................................................................ 11

1.2.2 - Concepção e dimensionamento hidráulico do sistema.................................................... 14

2 - Tratamento de esgoto .......................................................................................................................


1339078 21

2.1 - Parâmetros do efluente............................................................................................................... 21

2.1.1 - Parâmetros físicos ................................................................................................................. 21

2.1.2 - Parâmetros químicos ............................................................................................................ 22

2.1.3 - Parâmetros biológicos.......................................................................................................... 23

2.2 - Pré-tratamento ............................................................................................................................. 24

2.3 - Tratamento preliminar................................................................................................................. 26

2.4 - Tratamento primário ................................................................................................................... 28

2.5 - Tratamento secundário ............................................................................................................... 30

2.5.1 - Principais processos biológicos de tratamento de esgoto .............................................. 30

2.6 - Tratamento terciário .................................................................................................................... 39

2.7 - Tanques sépticos ......................................................................................................................... 41

2.8 - Tratamento do lodo .................................................................................................................... 46

2.8.1 - Uso agrícola do lodo ............................................................................................................ 47

3 - Reuso de águas cinzas e esgoto tratado ......................................................................................... 51

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3.1 - Tipos de reuso ............................................................................................................................. 51

3.1.1 - Reuso direto planejado para fins não potáveis ................................................................. 52

3.2 - Reuso de águas cinzas ................................................................................................................ 56

3.2.1 - Sistemas de reuso de águas cinzas ..................................................................................... 58

3.3 - Reuso local de esgoto tratado ................................................................................................... 59

3.3.1 - Sistema de reservação ......................................................................................................... 61

3.3.2 - Operação e monitoramento ................................................................................................ 62

Considerações Finais ............................................................................................................................... 64

Questões Comentadas ............................................................................................................................ 65

Tratamento de esgoto ......................................................................................................................... 65

Lista de Questões .................................................................................................................................... 87

Tratamento de esgoto ......................................................................................................................... 87

Gabarito .................................................................................................................................................... 97

Resumo ..................................................................................................................................................... 98

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CONSIDERAÇÕES SOBRE A AULA


Olá, Estrategista!

Na aula de hoje estudaremos aspectos relativos à coleta e ao tratamento de esgoto, bem como ao
reúso.

Vem comigo!

Prof. André Rocha

Instagram: @profandrerocha

E-mail: andrerochaprof@gmail.com

Telegram: t.me/meioambienteparaconcursos

Canal do Youtube: Eu Aprovado

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1 - REDES COLETORAS DE ESGOTO SANITÁRIO


1.1 - Tipos de sistema e traçados

A divisão dos tópicos desta aula é feita de acordo com a cronologia de tratamento dos esgotos
sanitários. Então, nesta primeira parte vamos estudar as redes coletoras e o sistema de esgotamento
sanitário como um todo, que captam efluentes nos pontos de geração (residências e edifícios em geral) e os
transportam às estações de tratamento.

A primeira coisa que devemos diferenciar são os tipos de sistemas de coleta existentes, sendo que
basicamente há três principais: o sistema de esgotamento unitário, o sistema de esgotamento separador
absoluto e o sistema misto.

O sistema de esgotamento unitário, também chamado combinado, envolve a coleta de águas


residuárias (domésticas e industriais) e águas pluviais (das chuvas) em um único coletor. Esse tipo de
sistema possui a vantagem de planejamento e implantação de apenas um sistema e é aplicado
principalmente quando for previsto o lançamento do esgoto bruto em um corpo receptor próximo.

Como desvantagem, pode-se apontar o alto custo de tratamento em razão de maiores volumes a
serem tratados e eventuais problemas de deposições de material nos coletores quando o volume de chuvas
é baixo.

Já o sistema de esgotamento separador absoluto contém um sistema de esgoto sanitário (águas


residuárias) totalmente independente do sistema de drenagem das águas pluviais. É esse tipo de sistema
que é majoritariamente adotado no Brasil!

Inclusive, a própria definição de esgoto sanitário dada pela NBR 9.648/86, que dispõe sobre projeto
de redes coletoras de esgoto sanitário, é a de "despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial,
água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária".

Ou seja, as águas pluviais eventualmente presentes no esgoto sanitário são apenas aquelas
parasitárias, isto é, aquelas inevitavelmente absorvidas pela rede coletora de esgoto através das junções,
rachaduras e falhas do sistema. Idealmente, não haveria qualquer quantia de água pluvial em uma tubulação
de coleta de esgoto de um sistema separador absoluto.

Algumas vantagens do sistema separador absoluto podem ser mencionadas:

 as águas pluviais são lançadas em diversos pontos nos corpos de água, evitando descargas de grande
volume de uma só vez;

 as ruas não necessariamente precisam ser pavimentadas, pois não há problema na infiltração de águas
pluviais no solo;

 diminui-se a possibilidade de extravasamento de esgoto doméstico quando há chuvas intensas, haja


vista a existência de tubulações diferentes para as águas pluviais e para o esgoto;
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 menores custos de implantação em razão da diminuição do volume a ser tratado.

Frise-se que ainda pode ainda haver um sistema de esgotamento separador parcial (sistema misto),
que é projetado para coletar parte das águas pluviais (da chuva) juntamente com as águas residuárias e de
subsolo, sendo outra parte coletada separadamente. No sistema misto, o tipo de água pluvial que é coletada
juntamente com as águas residuárias varia, podendo ser apenas as águas dos telhados, apenas as das bocas
de lobo, entre outras possibilidades.

SISTEMA SEPARADOR
SISTEMA UNITÁRIO SISTEMA MISTO
ABSOLUTO

Apenas parte das


Águas residuárias + Águas residuárias
águas pluviais é
águas pluviais no separadas das águas
captada junto com as
mesmo sistema pluviais
residuárias

Antes de finalizarmos esta seção, é importante que saibamos diferenciar os tipos de traçado que as
redes de esgotamento sanitário podem ter.

Geralmente, o traçado da rede de esgotamento sanitário deve observar a topografia do terreno, a


presença de corpos hídricos e outros possíveis elementos de interesse, havendo três tipos básicos de
traçado.

O traçado perpendicular é utilizado em cidades atravessas ou circundadas por cursos de água, sendo
que os vários coletores tronco (veremos mais a frente o que são) são independentes e busca-se que sejam
perpendiculares a esses cursos. Nesse traçado, geralmente se constrói um interceptor margeando o curso
de água.

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Traçado da rede coletora do tipo perpendicular (ALEM SOBRINHO e TSUTIYA, 2000)1

O traçado em leque, por sua vez, lembra uma espinha de peixe e é próprio de terrenos acidentados,
com o coletor tronco correndo pelo fundo dos vales, isto é, as partes mais baixas da bacia.

Traçado de rede coletora do tipo leque (KELLNER, 2014)2

Por fim, o traçado radial, também chamado distrital, é um sistema típico de cidades planas, como as
litorâneas, dividindo-se em setores independentes. Devido à criação de pontos baixos, normalmente se
necessita recalque para bombeamento do esgoto ao destino final, como uma ETE.

1
ALEM SOBRINHO, Pedro; TSUTIYA, MILTON TOMYUKI. Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário. Epusp/PHD, São Paulo, 2000.
2
KELLNER, Erich. Introdução aos sistemas de saneamento. UAB-Ufscar, São Carlos, 2014.
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Traçado de rede coletora do tipo radial (KELLNER, 2014)

TRAÇADO TRAÇADO
TRAÇADO LEQUE
PERPENDICULAR RADIAL/DISTRITAL

Utilizados em cidades com Utilizado em cidades com


Utilizado em cidades planas
cursos de água terrenos acidentados

Coletores tronco
Coletores tronco correm Criam-se pontos baixos que
perpendiculares aos cursos
pelas partes mais baixas requerem recalque
de água

1.2 - Partes do sistema de coleta

Outro aspecto importante desta parte da aula é saber diferenciar os diversos tipos de dispositivos de
coleta e transporte do esgoto.

Uma vez produzido nos domicílios, o esgoto proveniente dos vasos sanitários e ralos é encaminhado
por ramais internos prediais até o coletor predial, podendo passar por caixas de gordura e de inspeção
antes de serem encaminhados ao sistema de coleta público.

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Segundo definição da NBR 8.160/97, que dispõe sobre projeto e execução de sistemas prediais de
esgoto sanitário, o coletor predial compreende o trecho de tubulação entre a última inserção de subcoletor,
ramal de esgoto ou de descarga, ou caixa de inspeção geral e o coletor público. Em outras palavras, o
coletor predial leva o esgoto dos edifícios até às redes coletoras públicas.

Esse coletor público, também chamado coletor de esgoto, é a tubulação da rede coletora que recebe
contribuição de esgoto dos coletores prediais em qualquer ponto ao longo do seu comprimento. Tais
coletores levam o esgoto a tubulações maiores, conhecidos como coletores tronco, os quais recebem
apenas contribuição de esgoto de outros coletores.

Os coletores tronco não recebem contribuição diretamente dos locais de geração


(residências e edifícios em geral), apenas de outros coletores menores!

Os coletores tronco encaminham o esgoto aos interceptores, que também não recebem
contribuições diretas dos prédios e geralmente correm nos fundos de vale (locais mais baixos do terreno),
margeando cursos de água ou canais. São responsáveis pelo transporte dos esgotos gerados na sub-bacia,
evitando que os mesmos sejam lançados nos corpos de água.

Os interceptores destinam o esgoto aos emissários, tubulações similares aos interceptores, mas que
recebem esgoto exclusivamente na extremidade de montante, ou seja, não recebem contribuições ao
longo de sua extensão (contribuições em marcha). Na verdade, os emissários encaminham o esgoto a seu
destino, que basicamente pode ser uma estação de tratamento ou um lançamento em outro destino final.

Saiba, ainda, que o termo "coletor principal" pode ser aplicado ao coletor de esgoto de maior
extensão dentro de uma mesma bacia (NBR 9.649/86, item 3.3).

São muito comuns os termos montante e jusante em algumas ciências, como a hidráulica
e a hidrologia. Ambos denotam um referencial espacial, mas possuem sentidos opostos.
Para não esquecer mais:

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Montante: refere-se a um ponto anterior da referência, que pode ser um rio, uma
tubulação ou qualquer coisa que percorra um caminho. No caso de rios, algo que está a
montante está em direção à nascente.

Jusante: refere-se a um ponto posterior da referência, que pode ser um rio, uma
tubulação ou qualquer coisa que percorra um caminho. No caso de rios, algo que está a
jusante está em direção à foz.

Desse modo, a nascente de um rio é seu ponto mais a montante, ao passo que a foz é o
seu ponto mais a jusante.

Observe esta imagem3 retirada do sítio da internet da Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo (SABESP) com um esquema básico das tubulações que levam o esgoto dos domicílios às
estações de tratamento de esgoto (ETE).

Observe que nessa imagem o próprio interceptor leva o esgoto à ETE, desempenhando o papel do
emissário.

Um dispositivo que pode ser necessário em certas situações são as elevatórias, que possibilitam o
bombeamento dos esgotos para um nível mais elevado quando as profundidades das tubulações se tornam
demasiadamente elevadas, quer devido à baixa declividade do terreno, quer devido à necessidade de se
transpor uma elevação qualquer.

3
Disponível em: http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=50
9

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Finalizando esta seção, cumpre destacar o conceito de "trecho" trazido pela NBR 9.649/86: "segmento
de coletor, coletor tronco, interceptor ou emissário, compreendido entre singularidades sucessivas". Essas
singularidades podem ser qualquer órgão acessório, mudança de direção e variações de seção, de
declividade e de vazão, quando significativa.

(UFSM/UFSM - 2018) Considerando as definições estabelecidas pela norma ABNT NBR 9649:1986,
correlacione as estruturas do sistema de coleta de esgoto na primeira coluna com suas definições
apresentadas na segunda coluna.
(1) Coletor de esgoto
(2) Coletor principal
(3) Coletor tronco
(4) Emissário
(5) Trecho
( ) Tubulação que recebe esgoto exclusiva mente na extremidade de montante.
( ) Coletor de esgoto de maior extensão dentro de uma mesma bacia.
( ) Tubulação da rede coletora que recebe apenas contribuição de esgoto de coletores.
( ) Tubulação da rede coletora que recebe contribuição de esgoto dos coletores prediais em qualquer
ponto ao longo de seu comprimento.
A sequência correta é
a) 4 - 3 - 5 - 2.
b) 3 - 2 - 4 - 5.
c) 2 - 4 - 1 - 5.
d) 3 - 2 - 5 - 1 .
e) 4 - 2 - 3 - 1.
Comentários:
Segundo a NBR 9.649/86, temos as seguintes definições:
- Coletor de esgoto: tubulação da rede coletora que recebe contribuição de esgoto dos coletores prediais
em qualquer ponto ao longo de seu comprimento (item 3.2).
- Coletor principal: coletor de esgoto de maior extensão dentro de uma mesma bacia (item 3.3).

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- Coletor tronco: tubulação da rede coletora que recebe apenas contribuição de esgoto de outros coletores
(item 3.4).
- Emissário: tubulação que recebe esgoto exclusivamente na extremidade de montante (item 3.5).
- Trecho: segmento de coletor, coletor tronco, interceptor ou emissário, compreendido entre singularidades
sucessivas (item 3.7).
Portanto, a sequência correta é 4-2-3-1, sendo a alternativa E o nosso gabarito.

1.2.1 - Órgãos acessórios

Além das diversas tubulações que levam os esgotos dos domicílios às ETEs, os sistemas de coleta
também possuem alguns órgãos acessórios com diferentes finalidades.

Primeiramente, serão trazidas as definições desses órgãos acessórios preconizadas pela NBR
9.649/86 e, em seguida, serão abordados alguns aspectos relativos a eles que podem ser cobrados em
prova.

 Poço de visita (PV): consiste numa câmara visitável através de abertura existente em sua parte
superior, destinada à execução de trabalhos de manutenção, inspeção e limpeza da rede.
Normalmente, os PVs são colocados em locais estratégicos, como no início da rede, nas junções, em
trechos longos e nas mudanças de direção, declividade, diâmetro e material.

 Tubo de queda: dispositivo instalado no poço de visita, ligando um coletor afluente ao fundo do poço.

 Tubo de inspeção e limpeza (TIL): são dispositivos não visitáveis que permitem inspeção e
introdução de equipamentos de limpeza.

 Terminal de limpeza (TL): são dispositivos que permitem introdução de equipamentos de limpeza,
localizado na cabeceira de qualquer coletor.

 Caixa de passagem (CP): câmara sem acesso localizada em pontos singulares por necessidade
construtiva.

 Sifão invertido: Trecho rebaixado com escoamento sob pressão, cuja finalidade é transpor
obstáculos, depressões do terreno ou cursos d’água.

Uma vez conceituados, os principais aspectos acerca desses órgãos acessórios serão abordados a
partir de agora.

Em relação aos poços de visita, a NBR 9.649/86 determina que sejam colocados em todos os pontos
singulares da rede coletora, tais como no início de coletores, nas mudanças de direção, de declividade, de
diâmetro e de material, na reunião de coletores e onde há degraus.

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Contudo, se forem garantidas as condições de acesso de equipamento para limpeza do trecho a


jusante, pode ser usada caixa de passagem em substituição a poço de visita (PV), nas mudanças de direção,
declividade, material e diâmetro, quando possível a supressão de degrau (item 5.2.2).

Outra hipótese de substituição de PV ocorre no início de coletores, em que eles podem ser
substituídos por terminal de limpeza (TL), conforme dispõe o item 5.2.3.

Frise-se que o tubo de inspeção e limpeza (TIL) também pode ser usado em substituição a poço de
visita (PV), nos dois casos acima mencionados (itens 5.2.2 e 5.2.3), bem como nas seguintes hipóteses (item
5.2.4):

a) na reunião de até 2 trechos ao coletor (3 entradas e uma saída);

b) nos pontos com degrau de altura inferior a 0,50 metro;

c) a jusante de ligações prediais cujas contribuições podem acarretar problema de manutenção.

O item 5.2.5 da mesma norma também relaciona alguns casos em que é obrigatório o uso dos poços
de visita, quais sejam:

a) na reunião de mais de 2 trechos ao coletor;

b) na reunião que exige colocação de tubo de queda;

c) nas extremidades de sifões invertidos e passagens forçadas;

d) quando a profundidade for maior ou igual a 3 metros. Nesse caso não pode haver a substituição
dos PVs por caixas de passagem, terminais de limpeza ou tubos de inspeção e limpeza!

Em termos de dimensões, o item 5.2.5.2 preconiza que os poços de visita devem se ater aos seguintes
limites:

a) tampão: diâmetro mínimo de 0,60 metro;

b) câmara: dimensão mínima em planta de 0,80 metro.

Em relação ao tubo de queda, a norma prevê que deve ser colocado quando o coletor afluente
apresentar degrau com altura maior ou igual a 0,50 metro (item 5.2.5.1).

Pessoal, já vi questões que davam as cotas das tampas e dos fundos de poços de visitas e traziam
perguntas a respeito da declividade. Quando isso acontecer, lembrem-se que a medição de declividade é
feita pelas cotas dos fundos dos poços, pois é a partir dela que de fato a tubulação sai e o líquido escoa.

Vejamos um exemplo para isso ficar mais claro!

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(CESPE/MPU - 2013) No recadastramento de um coletor tronco da rede coletora de esgotos de uma


cidade, os poços de visita (PVs) 16, 17 e 18 apresentaram os dados topográficos a seguir.
PV16: cota da tampa = 802,352 m; cota do fundo = 800,852 m;
PV17: cota da tampa = 802,348 m; cota do fundo = 800,727 m;
PV18: cota da tampa = 802,325 m; cota do fundo = 799,402 m.
Com base nos dados apresentados, julgue o item que se segue.
Considere que a distância entre o PV17 e o PV18 seja de 50 m e que se deseja manter uma declividade
máxima de 0,25% entre eles. Nesse caso, haverá um degrau de 1,2 m na chegada da tubulação ao PV18,
no qual deve haver um tubo de queda.
Comentários
A declividade percentual de um trecho é calculada pela razão entre os dois catetos do triângulo retângulo
que se forma ao traçar esse trecho em relação à horizontal. Por exemplo: uma declividade de 5% significa
que, a cada 100 metros deslocados na horizontal, o desnível observado é de 5 metros:

Declividade = 5%
5
100

No caso em tela, a declividade máxima é de 0,25% e a distância horizontal é de 50 metros, o que pode ser
retratado da seguinte maneira:

Declividade = 0,25%
h1

50

Calculemos a altura de h1 para a declividade máxima de 0,25% (0,0025):

h1
0,0025 = → h1 = 𝟎, 𝟏𝟐𝟓 𝐦𝐞𝐭𝐫𝐨
50
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Isso significa que o desnível máximo entre os poços de visita deve ser de 0,125 metro, sendo que um desvio
maior acarretaria uma declividade também maior.
Porém, segundo os valores das cotas mencionados pelo enunciado, esse desnível real é de 800,727 - 799,402
= 1,325 metro. Note que a medição de declividade é feita pelas cotas dos fundos dos poços, pois é a partir
dela que de fato a tubulação sai e o líquido escoa!
O caso poderia ser representado da seguinte forma:

PV17
Declividade máx. = 0,25%
PV18
800,727 m
h2 799,402 m

50 metros

Com h2 = 1,325 metro.


Como o valor máximo de desnível era de 0,125, para atingir essa desnível de 1,325, precisar-se-á de um
degrau na chegada do PV18 com altura de 1,325 - 0,125 = 1,2 metro.
Como o item 5.2.5.1 da NBR 9.649/86 determina que deve ser colocado tubo de queda quando o coletor
afluente apresentar degrau com altura maior ou igual a 0,50 metro, esse tubo de queda deve mesmo ser
colocado.
Questão correta.

No que tange às caixas de passagem (CP), a norma assevera que as suas posições e de suas conexões
utilizadas devem ser obrigatoriamente cadastradas. Ademais, as caixas de passagem podem ser
substituídas por conexões nas mudanças de direção e declividade, quando as deflexões coincidem com as
dessas peças (item 5.2.2.1).

Outra determinação da NBR 9.649/86 é que a distância entre PV, TIL ou TL consecutivos deve ser
limitada pelo alcance dos equipamentos de desobstrução (item 5.2.6).

Além disso, o fundo de PV, TIL e CP deve ser constituído de calhas destinadas a guiar os fluxos
afluentes em direção à saída. Lateralmente, as calhas devem ter altura coincidindo com a geratriz superior
do tubo de saída.

Por fim, saiba que a rede coletora não deve ser aprofundada para atendimento de economia com cota
de soleira abaixo do nível da rua. Nos casos de atendimento considerado necessário, devem ser feitas
análises da conveniência do aprofundamento, considerados seus efeitos nos trechos subsequentes e
comparando-se com outras soluções.

1.2.2 - Concepção e dimensionamento hidráulico do sistema

Para a concepção de um sistema de esgoto sanitário, é interessante que alguns pontos iniciais sejam
observados, tais como:
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 identificação e quantificação dos fatores que possam influenciar o sistema;

 diagnóstico das medidas já adotadas;

 consideração da situação atual e futura em termos de população, materiais utilizados e capacidade;

 estabelecimento dos critérios e parâmetros básicos do projeto;

 dados e características da comunidade;

 estudos demográficos e de uso e ocupação do solo.

Tendo todos esses fatores em vista, deve-se escolher a alternativa mais adequada mediante uma
comparação técnica, econômica e ambiental.

Segundo a NBR 9.649/86, deve-se fazer o levantamento planialtimétrico da área de projeto e de suas
zonas de expansão em escala mínima de 1:2000, com curvas de nível de metro em metro e pontos cotados
onde necessários (item 4.1.2).

Outra planta que deve ser elaborada é a representação em conjunto as áreas das bacias de
esgotamento de interesse para o projeto, em escala mínima de 1:10000 (item 4.1.3).

Além dessas plantas a mesma norma ainda prevê que se realize o levantamento de obstáculos
superficiais e subterrâneos nos logradouros onde, provavelmente, deve ser traçada a rede coletora, o
levantamento cadastral da rede existente, bem como sondagens de reconhecimento para determinação da
natureza do terreno e dos níveis do lençol freático.

Para todos os trechos da rede devem ser estimadas as vazões inicial (Qi) e final (Qf). Caso não existam
dados pesquisados e comprovados, com validade estatística, a NBR 9.649/86 recomenda 1,5 L/s como o
menor valor de vazão em qualquer trecho (item 5.1.1.1).

Os diâmetros nominais (DN) a serem empregados nas tubulações devem ser os previstos nas normas
e especificações brasileiras relativas aos diversos materiais, o menor não sendo inferior a DN 100.

No que se refere à declividade, há valores mínimos e máximos a serem observados para cada trecho
da rede coletora de modo que o escoamento do efluente tenha uma velocidade adequada.

Cada trecho deve ser verificado pelo critério de tensão trativa média de valor mínimo t = 1,0 Pa
(N/m²), calculada para vazão inicial (Qi), para coeficiente de Manning (coeficiente de rugosidade) n = 0,013.
Essa tensão trativa também é chamada tensão de arraste e é definida como a tensão tangencial (cisalhante)
exercida pelo fluido sobre as paredes da canalização.

A declividade mínima (Io mín.) que satisfaz essa condição pode ser determinada pela expressão
aproximada:

Io mín. = 0,0055 Qi -0,47


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Em que Io mín. está em m/m e a vazão inicial Qi está em L/s.

Para coeficiente de Manning diferente de 0,013, os valores de tensão trativa média e declividade
mínima a adotar devem ser justificados (item 5.1.4.1).

Já declividade máxima admissível é aquela para a qual se tenha Vf = 5 m/s (item 5.1.5).

Outro ponto bastante importante preconizado pela NBR 9.649/86 é que as lâminas de água devem
ser sempre calculadas admitindo o escoamento em regime uniforme e permanente, sendo o seu valor
máximo, para vazão final (Qf), igual ou inferior a 75% do diâmetro do coletor (item 5.1.6).

Esse escoamento permanente, chamado estacionário, é aquele em que a velocidade e a pressão num
determinado ponto não variam com o tempo, embora tais parâmetros possam variar em pontos distintos.
Um dos casos de escoamento permanente é o escoamento uniforme, no qual todos os pontos da mesma
trajetória que seguem as partículas apresentam a mesma velocidade.

Entretanto, quando a velocidade final (Vf) é superior à velocidade crítica (Vf) e se tem um escoamento
supercrítico, a maior lâmina admissível deve ser 50% do diâmetro do coletor, assegurando-se a ventilação
do trecho (item 5.1.5.1).

Vazão mínima em
qualquer trecho: 1,5 L/s

Diâmetro nominal
mínimo: 100 mm

Tensão trativa média


Valores mínima = 1 Pa
importantes da
NBR 9.649/86 Declividade mínima:
Io = 0,0055 Qi-0,47

Declividade máxima:
calculada para Vf = 5 m/s

Se Vf > Vc, lâmina


Lâmina máxima para
máxima = 50% do
Qf : 75% do coletor
coletor

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1.2.2.1 - Dimensionamento de vazões

Para o dimensionamento das tubulações do sistema, deve-se ter como base um horizonte de
crescimento populacional estimado e um consumo médio suficiente para suportar as contribuições daquela
localidade.

Segundo Von Sperling (1996)4, O cálculo da vazão doméstica média de esgotos é dado por:

𝐂 .𝐏 .𝐪 𝐋
𝐐𝐝𝐦é𝐝 = [ ]
𝟖𝟔. 𝟒𝟎𝟎 𝐬

ou

𝐂 . 𝐏. 𝐪 𝐦𝟑
𝐐𝐝𝐦é𝐝 = [ ]
𝟏. 𝟎𝟎𝟎 𝐝𝐢𝐚

Em que:

Qdméd = vazão doméstica média de esgoto, em m³/dia ou L/s.

C = coeficiente de retorno, que representa a relação média entre os volumes de esgoto produzido e
de água efetivamente consumida. Esse parâmetro depende de fatores locais, como a localização e o tipo de
residência, condições de arruamentos das ruas e tipo de clima.

Normalmente, C possui um valor na faixa de 0,5 a 0,9, sendo preconizado o valor de 0,8 pela NBR
9.649/86. Desse modo, C = 0,8 significa que 80% da água fornecida pela rede de distribuição retorna para a
rede coletora de esgoto. O restante é utilizado em fins que não resultam no deságue da água na rede de
esgoto, como a lavagem de áreas externas (vai para a rede pluvial) e a rega de plantas, por exemplo.

Portanto, nas áreas de alta densidade populacional, os valores do coeficiente de retorno tendem a ser
maiores, ao passo que em áreas menos habitadas, com maiores quantidades de áreas verdes, os valores de
C serão menores.

P = população. No caso de se calcular a vazão inicial do projeto, deve-se considerar a população


atendida no primeiro ano. Já no caso de se calcular a vazão final do projeto, deve-se estimar a população
atendida no último ano.

q = consumo de água diário per capita (L/habitante.dia ou m³/habitante.dia). No caso de se calcular a


vazão inicial do projeto, deve-se considerar o consumo no primeiro ano. Já no caso de se calcular a vazão
final do projeto, deve-se estimar o consumo no último ano.

4
VON SPERLING, Marcos. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2ª edição, UFMG, Belo Horizonte, 1996.
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Os valores de 86.400 e 1.000 representam fatores de conversão para que a vazão seja dada em L/ou
em m³/d, respectivamente.

Conforme foi mencionado, as equações mostradas representam a vazão média calculada. Ocorre que
o consumo de água e a geração de esgotos variam ao longo do dia (variações horárias), da semana
(variações diárias) e do ano (variações sazonais).

Desse modo, faz-se necessário estabelecer coeficientes que traduzem essas variações de contribuição
para o dimensionamento das diversas unidades de um sistema de esgotamento. Os seguintes coeficientes
são usualmente utilizados:

K1: coeficiente de máxima vazão diária (dia de maior consumo) - corresponde à relação entre a maior
vazão diária verificada no ano e a vazão média diária anual. O valor preconizado pela NBR 9.649/86 é K1 =
1,2.

K2: coeficiente de máxima vazão horária (hora de maior consumo) - corresponde à relação entre a
maior vazão observada num dia e a vazão média horária do mesmo dia. O valor preconizado pela NBR
9.649/86 é K2 = 1,5.

Então, com base nas vazões médias é possível então calcular as vazões iniciais e finais de
dimensionamento a serem utilizadas nos projetos. Segundo a NBR 9.649/89, elas podem ser dadas
respectivamente por:

𝐐𝐢 = (𝐊 𝟐 . 𝐐𝐢𝐦é𝐝 ) + 𝐈 + ∑ 𝐐𝐜𝐢 (não inclui K1!)

𝐐𝐟 = (𝐊 𝟏 . 𝐊 𝟐 . 𝐐𝐟𝐦é𝐝 ) + 𝐈 + ∑ 𝐐𝐜𝐟 (inclui K1!)

Em que:

Qi: vazão de dimensionamento inicial;

Qf: vazão de dimensionamento final;

Qiméd: vazão média inicial, calculada conforme mostrado há pouco;

Qfméd: vazão média final, calculada conforme mostrado há pouco;

I: representa a vazão de infiltração, que é aquela que ocorre através de defeitos nas tubulações e
demais dispositivos do sistema, como poços de visita, tubos de inspeção e limpeza, terminal de limpeza,
caixas de passagem etc. Trata-se de uma contribuição indevida que, num cenário ideal, não existiria, mas
que deve ser considerada nos projetos reais porque é muito difícil de ser controlada.

A quantidade de água infiltrada nas redes de esgoto sanitário depende de vários fatores, como a
extensão da rede coletora, os materiais empregados, a profundidade do lençol freático, a densidade
populacional, as características do solo, entre outros.
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Normalmente, a taxa de infiltração é expressa em termos de vazão por extensão da rede coletora ou
área servida, sendo que a NBR 9.649/86 recomenda a adoção de um valor de 0,05 a 1,5 L/s.km.

Qci e Qcf: contribuição singular inicial e final, representando as contribuições pontuais significativas
de indústrias, escolas, hospitais, bem como as áreas de expansão previstas no projeto.

Idealmente, as informações de despejo dessas contribuições singulares devem ser conhecidas, mas,
caso isso não ocorra, na literatura é possível encontrar valores médios de vazão despejada por cada tipo de
estabelecimento.

Com isso, percebe-se que, além da vazão doméstica, o dimensionamento de um sistema deve
considerar outras vazões, como a de infiltração e a industrial.

(FUNCERN/IF-RN - 2015) Para a elaboração de um projeto de rede coletora de esgoto, é necessário


determinar as vazões domésticas, industriais e de infiltração.
Considere os seguintes dados:
População inicial (Pi): 250.000 hab.
População final (Pf): 300.000 hab.
Consumo de água efetivo per capita (q): 200 l/hab.dia.
Coeficiente de retorno (C): 0,8.
Coeficiente de máxima vazão diária (K1): 1,2.
Coeficiente de máxima vazão horária (K2): 1,5.
Nesse sistema, os valores aproximados das vazões doméstica inicial e final são, respectivamente,
a) 667 L/s e 834 L/s.
b) 667 L/s e 1000 L/s.
c) 695 L/s e 1000 L/s.
d) 695 L/s e 834 L/s.
Comentários:
Vamos, primeiramente, encontrar a vazão média inicial e final, dada em L/s:
C . Pi . q L
Qdmédinicial = [ ]
86.400 s
C . Pf . q L
Qdmédfinal = [ ]
86.400 s
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Observa-se que a questão só trouxe um valor de consumo diário per capita (q), então não há que falar em
consumo inicial diferente do final.
Substituindo os valores, chegamos a:
0,8 . 250.000 . 200
Qdmédinicial = = 𝟒𝟔𝟐, 𝟗𝟔 𝐋/𝐬
86.400
0,8 . 300.000 . 200
Qdmédfinal = = 𝟓𝟓𝟓, 𝟓𝟓 𝐋/𝐬
86.400

A questão pede somente as vazões domésticas e não as de infiltração e as singulares. Então, pode-se aplicar
as equações dadas pela NBR 9.649/86 considerando apenas as vazões domésticas:
Qi = (K 2 . Qdmédinicial ) - não inclui K1!

Qf = (K1 . K 2 . Qdmédfinal ) - inclui K1!

Substituindo os valores:
Qi = 1,5 . 462,96 = 𝟔𝟗𝟒, 𝟒𝟒 𝐋/𝐬
Qf = 1,2 . 1,5 . 555,55 = 𝟏𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎 𝐋/𝐬
Desse modo, percebe-se que a alternativa a alternativa C está correta e é o nosso gabarito.
Para facilitar as contas, era possível ter colocado tudo em uma equação só:
1,5 . 0,8 . 250.000 . 200
Qi = = 𝟔𝟗𝟒, 𝟒𝟒 𝐋/𝐬
86.400

1,2 . 1,5 . 0,8 . 300.000 . 200


Qf = = 𝟏. 𝟎𝟎𝟎 𝐋/𝐬
86.400

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2 - TRATAMENTO DE ESGOTO
Conforme vimos na primeira parte da aula, após a coleta do esgoto, ele é transportado para as
estações de tratamento de esgoto (ETE).

Segundo definição da NBR 12.209/11, uma ETE é um conjunto de unidades de tratamento,


equipamentos, órgãos auxiliares, acessórios e sistemas de utilidades, cuja finalidade é a redução das cargas
poluidoras do esgoto sanitário e condicionamento da matéria residual resultante do tratamento.

Em outras palavras, uma estação de tratamento de esgoto é uma espécie de indústria que transforma
matéria-prima (esgoto bruto) em um produto final (esgoto tratado). Similarmente como ocorre no
tratamento da água, esse sistema de tratamento basicamente consiste em um conjunto de tanques, cada
um com funções específicas, interligados por canalizações de transporte do efluente.

Antes de ver quais são as principais etapas do processo de tratamento de efluentes domésticos, vamos
fazer uma breve revisão acerca dos principais parâmetros físicos, químicos e biológicos relevantes nesse
processo.

2.1 - Parâmetros do efluente

De modo bastante objetivo, a seguir são trazidas as principais informações acerca dos parâmetros e
compostos que mais são relevante quando se fala em tratamento de efluentes. Os parâmetros estão em
ordem alfabética, sem qualquer hierarquia de importância.

2.1.1 - Parâmetros físicos

 Cor: normalmente, o esgoto fresco possui uma cor ligeiramente cinza e o esgoto séptico possui cor
cinza escuro ou preto.

 Odor: odores característicos dos esgotos são causados pelos gases formados no processo de
composição, principalmente com a produção de sulfetos e gás sulfídrico. O esgoto fresco
normalmente possui relativamente desagradável e o esgoto séptico possui odor mais fétido devido
ao gás sulfídrico e outros produtos da decomposição. Efluentes industriais podem ter odores
particulares.

 Temperatura: nas mesmas condições atmosféricas, a temperatura do esgoto geralmente é


ligeiramente superior à da água em razão da atividade metabólica dos microrganismos presentes no
esgoto. Trata-se de influente parâmetro na solubilidade do oxigênio e outros gases (em regra,
temperaturas menores facilitam a solubilidade dos gases). Ademais, a faixa de temperatura também
influencia a viscosidade do líquido e os tipos de microrganismos predominantes no meio líquido.

 Turbidez: causada basicamente pela diversidade de sólidos em suspensão do meio, sendo que
esgotos mais concentrados normalmente possuem maior turbidez.

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2.1.2 - Parâmetros químicos

 Carbono Orgânico Total (COT): medida direta da matéria orgânica carbonácea, sendo determinado
por meio da conversão do carbono orgânico a gás carbônico.

 Cloretos: o cloreto na forma de Cl- é um dos principais ânions encontrados nos esgotos domésticos
devido a sua presença na urina. Concentrações muito elevadas de cloretos podem indicar presença de
esgoto industrial.

 Demanda bioquímica de oxigênio (DBO): medida de oxigênio que deve ser consumido para degradar
a fração biodegradável da matéria orgânica. Como a matéria orgânica é o principal componente do
esgoto, a DBO é um excelente indicador da eficiência do tratamento aplicado.

 Demanda química de oxigênio (DQO): determina a matéria orgânica passível de ser oxidada,
incluindo a fração não-biodegradável.

Quando se analisa a razão DQO/DBO, verifica-se o grau de biodegradabilidade de um efluente pois,


quanto menor essa relação (maior parcela de DBO comparativamente à DQO), mais matéria orgânica
biodegradável será encontrada no efluente.

Caso o valor de DQO seja muito superior ao de DBO e, por consequência, essa relação seja muito
elevada, é uma possível indicação da presença de efluentes industriais.

Algumas fontes mencionam, por exemplo, que uma relação DQO/DBO abaixo de 5 caracteriza o
efluente como biodegradável, sendo que em valores maiores que isso, predomina-se a oxidação química
em detrimento da biológica. Outros autores apontam valores menores para que se caracterize a
biodegradabilidade do efluente, como 3.

 Detergentes/surfactantes: de modo geral, os detergentes formam espumas e podem prejudicar o


tratamento biológico do esgoto.

 Enxofre: está presente na forma de sulfetos totais, solúveis e ácido sulfídrico não-ionizado. O excesso
de sulfetos causa corrosão em peças metálicas e o desenvolvimento de bactérias concorrentes com
as desejadas no tratamento biológico.

 Metais pesados: podem ser persistentes e difíceis de serem degradados biologicamente ou


quimicamente de forma natural, apresentando grave risco aos corpos hídricos que recebem o efluente
tratado se não forem removidos adequadamente. Normalmente são oriundos de atividades
industriais e comerciais e podem reagir com outros compostos.

 Nutrientes: nutrientes, como fósforo e nitrogênio, devem ser removidos para que o esgoto tratado
despejado em corpos hídricos não contenha quantidades que possibilitem a eutrofização. Florações
de algas podem em corpos hídricos podem representar um problema de saúde pública diante da
possibilidade de produção de toxinas (cianotoxinas), as quais podem afetar a saúde humana, provocar
decréscimo das populações de animais silvestres e domésticos, bem como reduzir a produção
pesqueira.
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 Óleos e graxas: fração da matéria orgânica solúvel em hexanos, tendo como fontes principais os óleos
e gorduras das cozinhas.

 Orgânicos refratários: tendem a resistir a métodos convencionais de tratamento de efluentes


líquidos. como agentes tensoativos, fenóis e pesticidas.

 pH: indica a intensidade de acidez e de alcalinidade do esgoto. Geralmente, os organismos presentes


no tratamento biológico são inibidos em pH menor do que 6 e maior do que 9. Valores de pH muito
altos (esgoto muito alcalino) ou baixo (muito ácido) podem indicar presença de esgotos industriais.

 Sólidos dissolvidos: indica a fração de sólidos que normalmente não é afetada pelo tratamento
primário, sendo removidos nos processos biológicos (tratamento secundário).

 Sólidos sedimentáveis: fração dos sólidos que sedimenta em 1 hora no cone Imhoff, indicando a
sedimentação aproximada que ocorre em um tanque de decantação.

 Sólidos suspensos: podem levar ao desenvolvimento de depósitos de lodo e condições anaeróbias


quando o efluente não tratado é descarregado no ambiente aquático.

2.1.3 - Parâmetros biológicos

 Bactérias: protistas unicelulares que são os principais responsáveis pela estabilização da matéria
orgânica. Algumas bactérias são patogênicas, causando principalmente doenças intestinais.

 Fungos: organismos aeróbios, multicelulares, não fotossintéticos, heterotróficos, que possuem


importante papel na degradação da matéria orgânica e podem crescer em condições de baixo pH.

 Protozoários: organismos unicelulares sem parede celular que se alimentam de bactérias, algas e
outros microrganismos. São fundamentais no tratamento biológico para a manutenção de um e
equilíbrio entre os grupos biológicos, mas alguns podem ser patogênicos.

 Vírus: organismos parasitas que podem causar doenças e ser de difícil remoção no tratamento do
esgoto.

 Helmintos: animais superiores cujos ovos presentes nos esgoto podem causar doenças.

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Cor
Odor
Físicos
Temperatura
Turbidez
COT
Cloreto
DBO
DQO
PRINCÍPAIS PARÂMETROS

Detergentes
Enxofre
DO ESGOTO

Metais pesados
Químicos
Nutrientes
Óleos e graxas
Orgânicos refratários
pH
Sólidos dissolvidos
Sólidos sedimentáveis
Sólidos suspensos
Bactérias
Fungos
Biológicos Protozoários
Vírus
Helmintos

2.2 - Pré-tratamento

Antes de proceder com o tratamento do efluente propriamente dita, é importante quantificar a vazão
do efluente líquido, o que é feito por meio de equipamentos eletromecânicos ou hidráulicos, como as calhas
Parshall e vertedores.

Essa mensuração também verifica se vazão é contínua ou intermitente e é essencial para a


determinação das cargas de poluição e, por extensão, do tipo de tratamento a ser utilizado.
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Essa carga orgânica de poluição/contaminação é resultado da multiplicação da vazão pela


concentração do parâmetro de interesse, normalmente DBO ou DQO:

𝐂𝐚𝐫𝐠𝐚 = 𝐜𝐨𝐧𝐜𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚çã𝐨 × 𝐯𝐚𝐳ã𝐨

Normalmente, a carga é expressa em kg DBO/dia, com a concentração dada em g/m³ e a vazão dada
m³/dia:

𝐠 𝐦³
𝐤𝐠 𝐜𝐨𝐧𝐜𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚çã𝐨 [ ] × 𝐯𝐚𝐳ã𝐨 [ ]
𝐦³ 𝐝𝐢𝐚
𝐂𝐚𝐫𝐠𝐚 [ ] =
𝐝𝐢𝐚 𝐠
𝟏. 𝟎𝟎𝟎 [ ]
𝐤𝐠

O valor de 1.000 foi utilizado como fator de conversão para que as unidades ficassem condizentes com
a carga em kg/dia. Caso outras unidades sejam utilizadas, deve-se proceder com as conversões pertinentes.

Na ausência de dados de DBO, pode-se considerar uma carga per capita que representa a contribuição
de cada indivíduo por unidade de tempo. O valor de 54 g de DBO gerado por dia por indivíduo é um padrão
estabelecido. Assim, é possível calcular a carga orgânica a partir da população a ser atendida pelo sistema
de tratamento:

𝐂𝐚𝐫𝐠𝐚 = 𝐩𝐨𝐩𝐮𝐥𝐚çã𝐨 × 𝐜𝐚𝐫𝐠𝐚 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂

Se a carga for dada em kg/dia e a carga per capita estiver em g/hab.dia, deve-se usar o fator de 1.000
para ajustar as unidades:

𝐠
𝐤𝐠 𝐩𝐨𝐩𝐮𝐥𝐚çã𝐨 [𝐡𝐚𝐛. ] × 𝐜𝐚𝐫𝐠𝐚 𝒑𝒆𝒓 𝒄𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂 [ ]
𝐂𝐚𝐫𝐠𝐚 [ ] = 𝐡𝐚𝐛. 𝐝𝐢𝐚
𝐝𝐢𝐚 𝐠
𝟏. 𝟎𝟎𝟎 [ ]
𝐤𝐠

(FGV/CODEBA - 2016, adaptada) Um corpo de água com vazão de 25.000 m 3 /dia possui uma carga de
DBO de 10.800 kg/dia.
A concentração de DBO desse corpo d'água é de
a) 111 mg/L.
b) 222 mg/L
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c) 250 mg/L.
d) 333 mg/L.
e) 432 mg/L.
Comentários:
Acabamos de ver que:
𝐂𝐚𝐫𝐠𝐚 = 𝐜𝐨𝐧𝐜𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚çã𝐨 × 𝐯𝐚𝐳ã𝐨

O primeiro passo é identificarmos as unidades presentes nos valores das alternativas. Observe que elas
estão mg/L, então devemos deixar os valores do enunciado com essas unidades!
Substituindo os valores mencionados no enunciado, já fazendo a análise dimensional para conversão das
unidades, tem-se:
kg mg mg m³ L
10.800 [ ] × 1.000.000 [ ] = concentração [ ] . 25.000 [ ] × 1.000 [ ]
dia kg L dia m³
mg 10.800 × 1.000.000
concentração [ ]. = 𝟒𝟑𝟐 𝐦𝐠/𝐋
L 25.000 × 1.000
Portanto, a alternativa E está correta e é o nosso gabarito.

2.3 - Tratamento preliminar

Assim como no tratamento da água, esta etapa preliminar consiste no conjunto de operações e
processos unitários que visam à remoção de sólidos grosseiros, areia e matéria oleosa (gordura),
ocorrendo na parte inicial do tratamento.

A remoção de sólidos grosseiros pode ser feita basicamente por meio de gradeamento, peneiras,
crivos ou desintegradores (trituradores).

Caso sejam utilizadas grades de barras, a NBR 12.209/11 prevê que o espaçamento entre as barras
deve ser de 10 a 100 mm, sendo classificadas, de acordo com tal espaçamento como (item 6.1.3):

a) grade grossa: espaçamento de 40 a 100 mm;

b) grade média: espaçamento de 20 a 40 mm;

c) grade fina: espaçamento de 10 a 20 mm.

A limpeza das grades pode ser feita de maneira manual ou mecanizada, sendo esta última
recomendada quando a vazão máxima afluente final for igual ou superior a 100 L/s ou quando o volume de
material a ser retido justificar o uso de equipamento mecanizado, levando-se em conta também as
dificuldades de operação relativas à localização e/ou profundidade do canal afluente (NBR 12.209/11, item
6.1.4).

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Ainda segundo a NBR 12.209/11, a vazão de dimensionamento das grades e peneiras deve ser a vazão
máxima afluente à unidade, sendo que a velocidade máxima através da grade para o dimensionamento da
vazão final é de 1,20 m/s (item 6.1.7, "a").

Já a desarenação (remoção de areia, sólidos grosseiros sedimentáveis) normalmente é realizada por


caixas de areia, em que ocorre a sedimentação do material arenoso no fundo do compartimento. Esta etapa
também possui o intuito de proteger os equipamentos e tubulações, evitando o poder abrasivo da areia,
reduzindo a possibilidade de obstrução dos diversos dispositivos subsequentes, como tubulações, orifícios
e sifões, além de facilitar o transporte do efluente a ser tratado.

Segundo a NBR 12.209/11, o desarenador deve ser projetado para remoção mínima de 95% em massa
das partículas com diâmetro equivalente igual ou superior a 0,2 mm e densidade de 2,65, sendo que a vazão
de dimensionamento do desarenador também deve ser a vazão máxima afluente à unidade (item 6.2.2).

Segundo a mesma norma, o desarenador pode ser de limpeza manual ou mecanizada, aplicando-se
esta última quando a vazão de dimensionamento for igual ou superior a 100 L/s (item 6.2.3).

As gorduras normalmente são originadas de esgotos de cozinha ou despejos industriais gerados no


processamento de óleos e gorduras. A eliminação das gorduras tem a finalidade de evitar obstruções nos
dispositivos e peças, acúmulo das unidades de tratamento, odores desagradáveis, entre outros problemas.
De modo geral, as residências possuem caixas de gorduras antes mesmo de o efluente doméstico ser
lançado na rede coletoras.

É importante salientar que o tratamento preliminar representa uma etapa necessariamente presente
em todos os sistemas de tratamento de esgoto em razão da necessidade de proteção dos dispositivos por
onde o efluente passará. Os materiais grosseiros e a areia que são removidos devem ser higienizados e
encaminhados para aterro.

TRATAMENTO
PRELIMINAR

Sólidos
Areia Matéria oleosa
grosseiros

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2.4 - Tratamento primário

Esta etapa promove a separação e a remoção de sólidos suspensos e matéria orgânica como um
todo por processos fundamentalmente físicos, como a decantação, podendo ser auxiliado por processos
químicos de adição de coagulantes para floculação, similarmente ao que ocorre no tratamento da água.

De acordo com a NBR 12.209/11, o tratamento primário normalmente tem eficiência de remoção
aproximada de 50% de sólidos suspensos e 25% de DBO, podendo esses percentuais se elevarem até 80%
e 50%, respectivamente, no caso do tratamento primário quimicamente assistido, também chamado
tratamento primário avançado, que utiliza produtos químicos, como coagulantes, para melhorar o
desempenho das unidades primárias de sedimentação.

Esta primeira decantação é chamada primária e gera o lodo primário, processo ocorrido antes da
primeira unidade de tratamento biológico. O lodo primário geralmente é submetido a tratamento biológico
ou químico antes das operações de deságue.

Após o tratamento, o lodo tratado normalmente é encaminhado para aterros, podendo, contudo, ser
destinado a outros fins, como o uso agrícola.

Segundo a NBR 12.209/11, a vazão de dimensionamento do decantador primário deve ser a vazão
máxima horária afluente à unidade, exceto quando, no caso de utilização de filtros biológicos percolares
(FBP), haja recirculação do efluente do FBP para a entrada do decantador primário. Neste caso excepcional,
o decantador primário deve ser dimensionado para a vazão máxima acrescida da vazão de recirculação.

Segundo a mesma norma, a taxa de escoamento superficial dos decantadores primários, que é
relação entre a vazão do efluente líquido de uma unidade de tratamento e a área horizontal sobre a qual é
retirado, deve ser compatível com a eficiência de remoção desejada e ainda igual ou inferior a (item 6.3.2):

a) 60 m³/m².d quando preceder processo de filtração biológica;

b) 90 m³/m².d quando preceder processo de lodo ativado;

c) 90 m³/m².d quando o processo for de decantação primária quimicamente assistida.

Algumas outras disposições da NBR 12.209/11 acerca do dimensionamento dos decantadores


primários são:

 as estações de tratamento de efluentes com vazão de dimensionamento superior a 250 L/s devem ter
mais de um decantador primário;

 o tempo de detenção hidráulica para a vazão média deve ser inferior a 3 horas e, para a vazão
máxima, superior a 1 hora;

 A taxa de escoamento para a vazão máxima através do vertedor de saída não pode exceder 500
m³/m.d de vertedor;

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 a tubulação de remoção de lodo deve ter diâmetro mínimo de 150 mm;

 a tubulação de transporte de lodo no escoamento por condutos livres deve ter declividade mínima
de 3%;

 a remoção de lodo do fundo deve preferencialmente, ser feita de modo a permitir a observação e
controle do lodo removido;

 recomenda-se a instalação de dispositivo para a medição da vazão do lodo removido do decantador


primário;

 o projeto hidráulico e de processo deve considerar o volume, a massa de sólidos em suspensão, o teor
de sólidos do lodo removido, a frequência de remoção do lodo e o dispositivo utilizado na remoção do
lodo.

Em uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), o nível de tratamento primário inclui unidades de:
a) carvão ativado, misturadores e redes;
b) tratamento biológico, decantadores secundários e membranas;
c) grade primária, caixas de areia e pré-filtro;
d) decantadores primários, digestores e secagem do lodo;
e) troca iônica, precipitação química e flotação.
Comentários:
Conforme estudamos há pouco, o tratamento primário promove a separação e a remoção de sólidos
suspensos e matéria orgânica como um todo por processos fundamentalmente físicos, como a decantação,
podendo ser auxiliado por processos químicos de adição de coagulantes para floculação, similarmente ao
que ocorre no tratamento da água.
Esta primeira decantação é chamada primária e gera o lodo primário, processo ocorrido antes da primeira
unidade de tratamento biológico. O lodo primário geralmente é submetido a tratamento biológico ou
químico antes das operações de deságue.
Portanto, a alternativa D está correta e é o nosso gabarito.

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2.5 - Tratamento secundário

Esta etapa visa a remover a matéria orgânica particulada e dissolvida por meio de reatores
biológicos. A matéria orgânica é o principal poluente presente no esgoto, em vista de provocar a depleção
da concentração de oxigênio dissolvido nos corpos de água por servir de alimento para microrganismos
aeróbios.

Segundo a NBR 12.209/11, o tratamento secundário normalmente tem eficiência aproximada de 80%
remoção sólidos suspensos e 90% de DBO.

Destarte, esta etapa é a mais importante do processo de tratamento de efluentes, podendo ter
inúmeras variações de métodos utilizados.

2.5.1 - Principais processos biológicos de tratamento de esgoto

Alguns fatores podem influenciar a eficiência dos processos biológicos ocorridos nas ETEs, como o
pH, a temperatura e a concentração de oxigênio dissolvido no efluente. Por exemplo, normalmente as
espécies bacterianas desenvolvem-se melhor em faixas de pH entre 6,5 e 7,5 e temperaturas entre 20 ºC e
35 ºC.

Além disso, o tempo de permanência das populações microbianas e a eficiência do processo como um
todo também devem levar em consideração as características almejadas do afluente que sairá da estação.
Nesse contexto, a Resolução Conama nº 357/05 classifica os corpos de água de acordo com os parâmetros
de qualidade que devem apresentar e a Resolução nº 430/11 dispõe sobre o padrão de lançamento de
efluentes.

Desse modo, se, por exemplo, uma indústria se localiza ao lado de um rio onde são despejados os
efluentes tratados na ETE, ela deverá conceber um sistema de tratamento que possibilite gerar um efluente
condizente com a classe do rio e o padrão de lançamento determinado pelo poder público. Além disso,
alguns outros fatores também influenciam a escolha dos sistemas de tratamento, como os custos de
implantação e de operação das estações.

Em termos de tipos de processos biológicos, pode-se pensar em 3 grandes grupos possíveis, a


depender da presença ou não de oxigênio dissolvido no efluente.

Se houver oxigênio livre dissolvido (O2), ele pode ser utilizado como receptor final de elétrons dos
processos biológicos promovidos pelos microrganismos, o que define o processo como aeróbio. Se,
diferentemente, o oxigênio só estiver presente na forma combinada, como no nitrato (NO 3), o processo é
anóxico. Se, por fim, não houver oxigênio dissolvido e os microrganismos utilizarem como receptores finais
de elétrons, o processo é anaeróbio.

Há diversas possibilidades de configuração dos reatores biológicos, a depender, sobretudo, do


processo biológico predominante (aeróbio, anaeróbio e anóxico), do regime de alimentação (contínua,
intermitente, em bateladas sequenciais), das condições de crescimento da biomassa (em suspensão, em
leito fixo, em leito móvel) e do regime de escoamento (mistura, pistonado).

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Frise-se que, normalmente, mais de um tipo de reator biológico é utilizado na mesma estação de
tratamento de esgoto, haja vista ser muito difícil que um único reator tenha desempenho adequado.

A seguir, são apresentados os principais tipos de reatores biológicos cobrados em prova.

2.5.1.1 - Lodos ativados

O processo dos lodos ativados é considerado um dos mais versáteis processos biológicos de
tratamento de esgoto. Nele, após o efluente passar pelo decantador primário sobre o qual já falamos
quando abordamos o tratamento primário, inicialmente ele passa por um tanque de aeração, em que a
biomassa é mantida em suspensão por meio da agitação mecânica provocada por aeradores superficiais ou
difusores de ar, que também introduzem oxigênio na massa líquida.

Se forem utilizados aeradores superficiais, a NBR 12.209/11 preconiza que o número mínimo de
aeradores por tanque de aeração em processos contínuos, deve ser (item 6.6.25):

a) 2, para vazão média entre 20 L/s e 50 L/s;

b) 3, para vazão média superior a 50 L/s.

A densidade de potência no tanque de aeração dotado de equipamento de aeração superficial deve


ser igual ou superior a 10 W/m³, sendo que valores menores devem ser justificados (item 6.6.26).

Se a aeração ocorrer por ar difuso, pode ser efetuada por meio de difusores porosos ou não porosos,
sendo que a profundidade mínima do tanque com aeração por ar difuso deve ser de 3 metros (item 6.6.28).

Após passar pelo tanque de aeração, o efluente vai para o decantador secundário, no qual ocorre a
clarificação do efluente por meio da separação dos sólidos em suspensão. O lodo gerado no decantador
secundário é retornado para o tanque de aeração para alimentar este com microrganismos suficientes para
decompor a matéria orgânica com maior eficiência.

Portanto, nos lodos ativados, é o retorno do lodo biológico do decantador secundário que garante a
concentração de biomassa no tanque. Desse modo, o sistema de lodos ativados permite que o operador
tenha o controle efetivo do tempo de retenção celular (TRC), que é o tempo médio que os organismos que
promovem o tratamento permanecem em uma unidade.

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Esquema básico de um sistema de lodos ativados (Foresti, 2013)5

De acordo com a NBR 12.209/11, o valor mínimo da relação de recirculação de lodo ativado, de
decantadores secundários para reatores biológicos, deve ser tal que a concentração máxima de SST do lodo
recirculado não exceda o valor de 10.000 mg/L.

A norma também prevê que a vazão de dimensionamento para o processo de lodo ativado deve ser a
vazão média afluente à estação de tratamento e em ETEs com vazão superior a 100 L/s, recomenda-se mais
de uma linha de reatores biológicos operando em paralelo (item 6.6.10).

Segundo a mesma norma, o tempo de detenção hidráulica não pode ser utilizado como parâmetro
determinante no dimensionamento dos reatores biológicos, sendo que o dimensionamento dos reatores
biológicos deve considerar como parâmetros a idade do lodo e a relação alimento/microrganismos (item
6.6.12).

O lodo excedente gerado é destinado a um sistema de tratamento, normalmente composto por


digestores anaeróbios e, em seguida, encaminhado para aterro.

Segundo a NBR 12.209/11, o excesso de lodo removido do sistema de lodo ativado é considerado
estabilizado quando a idade do lodo é igual ou superior a 18 dias, ou quando a relação
alimento/microrganismos é igual ou inferior a 0,15 kg DBO5/kg SSVTA.d.

5
FORESTI, Eugenio. Tratamento de esgoto. In: Engenharia Ambiental: conceitos, tecnologia e gestão. Calijuri, Maria do Carmo;
Cunha, Davi Gasparini Fernandes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013, p. 465.
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(FGV/MPE-BA - 2017) Em algumas Estações de Tratamento de Esgoto, se utiliza o processo de lodo


ativado, que deve incluir uma unidade de:
a) mistura (reator anaeróbio) e outra de fermentação (decantador de lodo);
b) abrasão (moinho de contato) e outra de filtragem (separador mecânico);
c) aeração (reator aeróbio) e outra de decantação (decantador secundário);
d) depuração (filtro ativado) e outra de recirculação (duto circular);
e) sedimentação (câmara de sedimentação) e outra de adensamento (bandeja de fundo).
Comentários:
Conforme acabamos de estudar, o sistema de lodos ativados é caracterizado por um tanque de aeração
seguido de decantador (secundário), com retorno de parte do lodo gerado.
Portanto, a alternativa C está correta e é o nosso gabarito.

2.5.1.2- Filtro biológico

OS filtros biológicos são dispositivos onde ocorre a aplicação uniforme de esgotos sobre meio
filtrante. Nesse sistema, o processo biológico predominante também é aeróbio, mas a biomassa cresce
aderida à superfície de um meio suporte (leito filtrante), não permanecendo em suspensão como no sistema
de lodos ativados.

Apesar disso, à medida que os organismos crescem, aumenta também a espessura da camada
biológica, o que pode inviabilizar a penetração de oxigênio em todas as camadas e possibilitar um
comportamento anaeróbio nas camadas mais interiores.

Os meios filtrantes convencionalmente utilizados são pedregulhos, cascalhos, pedras britadas e


outros materiais inertes.

O lodo biológico desprende-se do leito e sai com o efluente de modo contínuo, mas esse
desprendimento é quase impossível de ser controlado, então não há efetivo controle do tempo de retenção
celular como nos lodos ativados.

Embora os sistemas de lodos ativados e de filtro biológico promovam processos aeróbios,


normalmente os lodos gerados nos decantadores primários e secundários são submetidos a processo
anaeróbio de tratamento, que produz biogás, constituído em sua maior parte de metano, e pode ser
aproveitado para geração de energia, conforme veremos ainda nesta aula.

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Esquema básico de um sistema de tratamento com filtro biológico (Foresti, 2013)6

(FCC/SABESP-SP - 2018) Numa estação de tratamento de esgotos, o biogás gerado como produto da
degradação microbiológica do lodo é produzido em ...... e é composto principalmente por ...... que pode
ser utilizado como combustível.
As lacunas são, correta e respectivamente, preenchidas por:
a) digestores anaeróbios − metano
b) lagoas aeradas − eteno
c) lagoas de maturação − etino
d) tanques de aeração − metano
e) valas de oxidação − eteno
Comentários:
Conforme acabamos de estudar, embora os sistemas de lodos ativados e de filtro biológico promovam
processos aeróbios, normalmente os lodos gerados nos decantadores primários e secundários são

6
FORESTI, Eugenio. Tratamento de esgoto. In: Engenharia Ambiental: conceitos, tecnologia e gestão. Calijuri, Maria do Carmo;
Cunha, Davi Gasparini Fernandes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013, p. 465.
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submetidos a processo anaeróbio de tratamento, que pode produzir gás metano a ser aproveitado para
geração de energia.
Logo, a alternativa A está correta e é o nosso gabarito.

2.5.1.3- Lagoas de estabilização

A estabilização da matéria orgânica em lagoas baseia-se nos processos de respiração e fotossíntese


dos organismos nela presentes, como bactérias e algas.

De acordo com a forma predominantes pela qual ocorre a estabilização da matéria orgânica, as lagoas
podem ser classificadas em anaeróbias, facultativas, estritamente aeróbias, aeradas e de maturação.
Normalmente, um sistema de lagoas é composto por duas ou três lagoas que possuem funções específicas
para o tratamento do efluente.

A primeira lagoa é a lagoa anaeróbia, que consiste em uma lagoa profunda que recebe o efluente do
tratamento preliminar, com alta carga orgânica. Nesse local, ocorre a sedimentação e digestão do lodo
primário junto ao fundo da lagoa. Como os sólidos flutuantes e a gordura ficam retidos na superfície da
unidade, formando uma escuma, dificulta-se a penetração do oxigênio na massa líquida.

Historicamente, é comum que, após a lagoa anaeróbia, o efluente seja direcionado a uma lagoa
facultativa, o que se conhece por Sistema Australiano.

Essas lagoas facultativas apresentam tanto condições aeróbias, nas camadas mais próximas à
superfície, quanto anaeróbias, nas camadas mais próximas ao fundo. Embora parte do oxigênio necessário
para manter as camadas superiores em condições aeróbias seja fornecida pela reaeração atmosférica
ocorrida na superfície, outra parte deriva da atividade fotossintética de algas que crescem naturalmente nas
águas onde há disponibilidade de nutrientes e luz solar.

Por isso, no período noturno, a concentração de oxigênio pode diminuir muito diante da falta de
fotossíntese.

Nas lagoas aeradas, o oxigênio é introduzido de maneira forçada, mantendo um nível adequado para
oxidação da matéria orgânica inclusive durante a noite, quando a taxa de fotossíntese cai.

As lagoas estritamente aeróbias são aquelas em que há equilíbrio da oxidação e fotossíntese de modo
a garantir condições aeróbias em todo o meio. Por isso, geralmente são bastante rasas e devem ser aeradas
constantemente, demandando maiores consumos de energia do que as lagoas facultativas, por exemplo.

Por fim, pode haver uma terceira lagoa, de lodo, quando a segunda lagoa é a lagoa aerada, ou de
maturação, quando a segunda lagoa é facultativa. A lagoa de lodo visa a remover o lodo acumulado junto
ao fundo e a lagoa de maturação visa a manter os processos aeróbios inclusive no período noturno.
Ademais, as lagoas de maturação, também chamadas lagoas de polimento, visam principalmente à
desinfecção do efluente das lagoas de estabilização, ou seja, à remoção de organismos patogênicos.

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Ressalta-se que uma das principais desvantagens dos sistemas de lagoas de estabilização é o elevado
tempo de detenção hidráulica (TDH), que é a relação entre o volume útil de uma unidade de tratamento e
a vazão afluente, normalmente expressa em horas ou dias.

Em razão do alto TDH, o sistema exige grande disponibilidade de área para que possa compensar, o
que inviabiliza sua aplicação em cidades maiores.

Lagoa de
Tratamento Lagoa
Lagoa aerada sedimentação
preliminar anaeróbia
de lodo

Tratamento Lagoa Lagoa Lagoa de


preliminar anaeróbia facultativa maturação

Duas configurações possíveis para sistemas de lagoas

(FCC/SABESP - 2014) No tratamento de esgotos por lagoas de estabilização, uma das alternativas é o
uso de lagoas mistas ou Sistema Australiano. Neste caso, é obrigatório utilizar o sistema de lagoa
a) facultativa seguida por lagoa anaeróbia.
b) aerada facultativa.
c) anaeróbia seguida por lagoa facultativa.
d) aerada facultativa seguida por lagoa facultativa.
e) facultativa seguida por lagoa aerada facultativa.
Comentários:
Em um sistema de lagoas, é comum que, após a lagoa anaeróbia, o efluente seja direcionado a uma lagoa
facultativa, o que se conhece historicamente por Sistema Australiano.
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Assim, a alternativa C está correta e é o nosso gabarito.

2.5.1.4- Reator anaeróbio - UASB (RAFA)

Antes da concepção dos reatores anaeróbios modernos, os processos anaeróbios eram utilizados
quase que exclusivamente em digestores anaeróbios de lodos, não se prestando ao tratamento de
efluentes.

Na década de 1980 foi concebida uma nova configuração do reator anaeróbio, o Reator Anaeróbio de
Fluxo Ascendente (RAFA, ou Upflow Anaerobic Sludge Blanket - UASB, em inglês), que consiste em um fluxo
ascendente de esgotos através de um leito de lodo biológico denso e de elevada atividade metabólica
anaeróbia.

A principal característica do reator UASB é o sistema de separação gás-líquido-sólido (GLS), que


permite a retenção do lodo biológico em seu interior. Os reatores UASB são indicados para tratamento de
efluentes líquidos que contêm sólidos em suspensão em baixas concentrações, em razão da facilidade de
saturação do leito do reator.

O perfil de sólidos no reator pode variar desde muito denso, com partículas granulares de elevada
capacidade de sedimentação próximas ao fundo (leito de lodo), até um lodo mais disperso e leve, próximo
ao topo do reator (manta de lodo).

Uma das condições que limitam a aplicação do reator UASB é a temperatura da massa líquida, pois
em temperaturas baixas a degradação anaeróbia, que é naturalmente mais lenta do que a aeróbia, demora
ainda mais.

Segundo a NBR 12.209/11, o tempo de detenção hidráulica para a vazão média, considerando a
temperatura média do esgoto no mês mais frio do ano e o volume total do UASB, deve ser igual ou superior
a (item 6.4.3):

a) 6 horas para temperatura do esgoto superior a 25 °C;

b) 7 horas para temperatura do esgoto entre 22 °C e 25 °C;

c) 8 horas para temperatura do esgoto entre 18 °C e 21 °C;

d) 10 horas para temperatura do esgoto entre 15 °C e 17 °C.

Eventualmente, podem-se admitir tempos de detenção hidráulica inferiores aos mencionados, desde
que justificado, mas o fato é que esse tipo de reator é mais utilizado em países de clima quente, cuja
temperatura ambiente seja normalmente superior a 20 ºC. Com efeito, o Brasil é líder na aplicação de
sistemas de tratamento de esgoto baseados no reator UASB.

Em termos de dimensionamento, a NBR 12.209/11 determina que a profundidade útil total dos
reatores do tipo UASB deve estar entre 4 e 6 metros, sendo que a profundidade mínima do compartimento

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de digestão (do fundo do reator à entrada do compartimento de decantação) deve ser de 2,5 metros (item
6.4.5).

A mesma norma também prevê que o UASB disponha de aberturas de acesso com dimensão mínima
de 0,80 metro nas câmaras de digestão e decantação.

Como nesses reatores os processos biológicos são anaeróbios, gera-se biogás, que pode ser
capturado e ser aproveitado na produção de energia elétrica, calor ou vapor. Caso não seja aproveitado, o
biogás coletado deve ser queimado, preferencialmente com queima completa (NBR 12.209/11, item 6.4.21).

Essa combustão completa do biogás é interessante por eliminar a liberação de maus odores e diminuir
a emissão de poluentes, como o metano (CH4), o qual é um gás de efeito estufa muito mais intenso do que
o famigerado gás carbônico (CO2), por exemplo.

Nessa toada, estações com capacidade acima de 250 L/s de vazão média, sem aproveitamento do gás,
devem dispor de pelo menos dois queimadores, sendo um deles reserva, além de painel de controle
automático com sensor de chama (item 6.4.24).

De todo modo, é importante que a coleta e transporte de efluentes de reatores UASB evitem quedas
e pontos de turbulência de modo a minimizar o desprendimento dos gases. Outrossim, as câmaras de gás
do reator devem ser impermeáveis ao gás, protegidas e resistentes contra corrosão.

No caso de aproveitamento do biogás, além das unidades próprias do aproveitamento, deve ser
previsto pelo menos um queimador como unidade de segurança, o qual deve ser provido de protetor de
chama e sistema de ignição automático (NBR 11.209/11, item 6.4.24).

Nos casos de queima ou aproveitamento do biogás, a norma ainda prevê que seja garantida uma
pressão mínima de 1.500 Pa (0,15 mca) no interior das câmaras de gás do reator, por meio da utilização de
selo de água ou válvula reguladora de pressão (item 6.4.26).

Ainda segunda a NBR 12.209/11, o lodo removido dos reatores do tipo UASB é considerado
estabilizado e pode ser encaminhado diretamente para desaguamento.

A despeito de suas vantagens, a unidade UASB é normalmente empregada como a primeira etapa do
tratamento biológico de uma ETE, requerendo pós-tratamento em unidades sequenciais em razão da baixa
eficiência de remoção de alguns indicadores, como nitrogênio amoniacal, sulfeto e DQO como um todo.

2.5.1.5- Wetlands

Os wetlands, também, conhecidas por wetlands construídos ou sistemas alagados construídos,


consistem em lagos os canais rasos que, com a presença de plantas aquáticas, possuem aspecto dos
sistemas naturais pantanosos.

Embora a presença de plantas aquáticas seja uma característica notável nas wetlands, é preciso
destacar que o papel de degradação dos poluentes é na verdade realizado pela microbiota que se

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desenvolve no leito. Note, portanto, que se trata de mais um tipo de processo biológico de remoção dos
poluentes.

Ao contrário das estações de tratamento convencionais, os sistemas alagados construídos não


utilizam produtos químicos ou elementos eletromecânicos em seus reatores, embora o tratamento
preliminar de remoção de sólidos grosseiros seja quase sempre recomendável.

Algumas das desvantagens dos sistemas de wetlands são as grandes áreas necessárias para
implantação, o que inviabiliza o tratamento de grandes populações, e a baixa eficiência de remoção de
alguns tipos de poluentes, como certos agentes patogênicos.

Há vários tipos de wetlands, como os de fluxo vertical e os de fluxo horizontal. Os horizontais não são
projetados para receber esgoto bruto, sendo empregados para tratamento secundário de efluentes,
quando há um tratamento primário com eficiente remoção de sólidos.

Já os wetlands de fluxo vertical podem ser até mesmo utilizados para receber esgoto bruto, uma vez
que há uma colmatação controlada dos leitos garantida pelo rodízio de alimentação dos mesmos.

2.6 - Tratamento terciário

Destina-se à remoção de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, microrganismos ou ainda de outros


poluentes específicos, como metais pesados. No caso do nitrogênio, converte-se o nitrogênio amoniacal
em nitrito e este em nitrato, procedendo-se com a desnitrificação que produz gás nitrogênio (N2) para ser
liberado para a atmosfera. No caso do fósforo, normalmente faz-se uma precipitação química para
separação no nutriente.

Cloretos e outros sais solúveis também são removidos por meio de processos avançados, como a troca
iônica ou a osmose reversa.

A desinfecção do efluente tratado normalmente é realizada removidos por processos de cloração,


ozonização, radiação ultravioleta ou ozonização.

A desinfecção com composto à base de cloro pode ser praticada através da aplicação de cloro gasoso
ou de um de seus compostos, como hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio e dióxido de cloro.

Segundo a NBR 12.209/11, qualquer que seja a forma da desinfecção com composto à base de cloro,
à exceção do dióxido de cloro, a dosagem aplicada deve ser tal que um residual total mínimo de 0,5 mg/L
seja mantido após um tempo de contato mínimo de 30 minutos em relação à vazão média e de 15 minutos
em relação à vazão máxima.

No caso da dosagem de dióxido de cloro a aplicação deve ser tal que um residual total mínimo de 0,1
mg/L seja mantido após um tempo de contato mínimo de 5 minutos em relação a vazão máxima.

A utilização da utilizada radiação ultravioleta para desinfecção requer um efluente com concentração
de sólidos suspensos totais inferior a 40 mg/L, sendo que o conjunto de lâmpadas UV pode estar imerso ou
emerso (NBR 12.209/11, item 8.3.4).
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Por sua vez, a desinfecção por meio da aplicação de ozônio ocorre em reatores de contato com a
utilização de difusores porosos. Ressalte-se que o ozônio deve ser produzido na própria ETE, através de um
gerador de ozônio e que, para essa opção de desinfecção, é requerido um efluente com concentrações de
DBO e de sólidos suspensos totais inferiores a 10 mg/L (item 8.4.3).

Além disso, a dose necessária à inativação dos microrganismos, entendida como o produto da
concentração de ozônio residual e o tempo em que deve ser mantida para garantir a inativação desejada,
deve ser compatível com características do efluente e com os próprios organismos a serem destruídos (item
8.4.4).

(FADESP/COSANPA - 2017) Julgue as sentenças a seguir:


I - Os processos de tratamento de esgoto podem ser físicos, químicos ou biológicos.
II - O tratamento de esgotos pode ser classificado em tratamento preliminar, primário, secundário e
terciário.
III – O tratamento preliminar envolve a remoção de gorduras, areia e digestão do lodo.
Estão corretas as sentenças
a) II e III.
b) I e II.
c) I e III.
d) I, II e III.
Comentários:
Analisemos item a item:
O item I está correto, pois esses três tipos de processo podem ocorrer em estações de tratamento de
esgoto. Só para mencionar alguns exemplos: a decantação é um processo físico, a coagulação é um
processo químico e a degradação da matéria orgânica por organismos é um processo biológico.
O item II está correto, conforme as etapas do tratamento de efluentes que acabamos de estudar.
O item III está errado, porque a digestão do lodo não ocorre no tratamento preliminar, mas posteriormente.
Desse modo, apenas os itens I e II estão corretos, sendo a alternativa B o nosso gabarito.

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2.7 - Tanques sépticos

Os tanque sépticos, também chamados fossas sépticas, são câmaras fechadas cuja finalidade é a de
reter os despejos domésticos por um período de tempo estabelecido de modo a permitir a decantação dos
sólidos contidos nos esgotos transformando-os bioquimicamente em substâncias e compostos mais
simples e estáveis.

Parte dos sólidos não decantados, como óleos, gorduras e sólidos em mistura com gases, forma a
chamada escuma na superfície livre do líquido do tanque séptico., devendo ser retirada periodicamente.

Segundo definição da NBR 7.229/93, os tanques sépticos são unidades cilíndricas ou prismáticas
retangulares de fluxo horizontal, para tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação e
digestão (item 3.30).

Observe o esquema geral de um tanque séptico retirado da NBR 7.229/93:

Os tanques cilíndricos são empregados em situações onde se pretende minimizar a área útil em favor
da profundidade, enquanto os prismáticos retangulares são utilizados nos casos em que sejam desejáveis
maior área horizontal e menor profundidade (item 5.8).

Os tanques sépticos ainda são muito utilizadas no Brasil, sobretudo em locais não atendidos pela rede
de coleta de esgoto pública.
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Segundo a NBR 7.229/93, o sistema de tanques sépticos aplica-se primordialmente ao tratamento de


esgoto doméstico (água residuária de atividade higiênica e/ou de limpeza) devendo ser utilizados para
esgotos sanitários (água residuária composta de esgoto doméstico, despejo industrial admissível a
tratamento conjunto com esgoto doméstico e água de infiltração) apenas casos plenamente justificados,
conforme item 4.1.1.

Nesse sentido, o emprego de sistemas de tanque séptico para o tratamento de despejos de hospitais,
clínicas, laboratórios de análises clínicas, postos de saúde e demais estabelecimentos prestadores de
serviços de saúde deve ser previamente submetido à apreciação das autoridades sanitárias e ambiental
competentes, para a fixação de eventuais exigências específicas relativas a pré e pós-tratamento (item
4.1.2).

Mesmo nos casos em que seja admitido o tratamento de esgoto sanitário com presença de
substâncias tóxicas, cuidados especiais devem ser tomados na disposição do lodo (item 4.1.3).

Desse modo, o uso do sistema de tanque séptico somente é indicado para as seguintes situações:

a) área desprovida de rede pública coletora de esgoto;

b) alternativa de tratamento de esgoto em áreas providas de rede coletora local;

c) retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando da utilização de rede coletora com diâmetro
e/ou declividade reduzidos para transporte de efluente livre de sólidos sedimentáveis.

Ademais, é vedado o encaminhamento ao tanque séptico de (item 4.3.2):

a) águas pluviais;

b) despejos capazes de causar interferência negativa em qualquer fase do processo de tratamento ou


a elevação excessiva da vazão do esgoto afluente, como os provenientes de piscinas e de lavagem de
reservatórios de água.

Após o armazenamento dos efluentes nos tanques sépticos para decantação, eles podem ser
encaminhados a vários tratamentos complementares possíveis, como um filtro anaeróbio, filtro aeróbio,
filtro de areia, vala de filtração, para escoamento superficial ou ainda para desinfecção.

Por esse motivo, já houve questões de concursos que consideraram que os tanques sépticos são
unidades de tratamento primário. De fato, tais unidades promovem a separação e transformação físico-
química da matéria sólida do esgoto, mas não se pode desconsiderar o fato de que reações biológicas
também estão nelas presentes.

Além disso, após passar pelos tanques sépticos os efluentes podem ser encaminhados para disposição
final em um sistema público, corpo de água, uma vala de infiltração ou um poço absorvente (sumidouro).

Sumidouros são escavações feitas no para receber os efluentes do tanque séptico, que se infiltram no
solo através das aberturas na parede, destinando-se à depuração e disposição final do esgoto no nível

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subsuperficial (NBR 13.969/97, item 3.16). Em outras palavras, são poços secos escavados no chão e não
impermeabilizados, que orientam a infiltração de água residuária no solo (NBR 7.229/93, item 3.29).

Já as valas de infiltração são sistemas de disposição do efluente do tanque séptico, que orientam sua
infiltração no solo e consiste em um conjunto ordenado de caixa de distribuição, caixas de inspeção e
tubulação perfurada assente sobre uma camada-suporte de pedra britada (NBR 7.229/93, item 3.34).

Segundo a NBR 13.969/97, o uso do sumidouro é favorável somente nas áreas onde o aquífero é
profundo, podendo garantir a distância mínima de 1,50 metro entre o seu fundo e o nível aquífero máximo.
Por consequência, em locais onde o aquífero encontra-se em pequena profundidade, devem ser utilizadas
valas de infiltração.

SUMIDOURO VALA DE INFILTRAÇÃO

Valas com
Poços escavados tubulações que
permeáveis orientam a
infiltração

(FUNDEP/PREFEITURA DE UBERLÂNDIA - 2019) Relacione as tecnologias de tratamento de esgoto


sanitário da COLUNA I com o nível de tratamento promovido da COLUNA II.

COLUNA I
( ) Lodos ativados
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( ) Decantador primário
( ) Fossa séptica
( ) Lagoa de estabilização

COLUNA II
1. Tratamento primário
2. Tratamento secundário

Assinale a sequência correta.


a) 1 2 1 2
b) 2 1 1 2
c) 1 2 2 1
d) 2 1 2 1
Comentários:
Os lodos ativados são unidades de tratamento secundário pois promovem a degradação biológica do
efluente.
O decantador primário é utilizado no tratamento primário para sedimentação dos sólidos sedimentáveis,
ou seja, utiliza majoritariamente processos físico-químicos.
A fossa séptica, ou tanque séptico, é geralmente considerado uma unidade de tratamento primário, uma
vez que consistem basicamente em um tanque de decantação.
Por fim, as lagoas de estabilização são unidades de tratamento secundário, visto que também promovem a
degradação biológica do efluente.
Logo, a sequência correta é 2 1 1 2, sendo a alternativa B o nosso gabarito.

É muito importante que o sistema de tanque séptico preserve a qualidade das águas superficiais e
subterrâneas, evitando assim a contaminação dos corpos hídricos. Para tanto, os tanques sépticos devem
observar algumas distâncias horizontais mínimas de certos locais, conforme o seguinte (item 5.1):

a) 1,50 metro de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramal predial de
água;

b) 3 metros de árvores e de qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água;

c) 15 metros de poços freáticos e de corpos de água de qualquer natureza.

Note-se que essas distâncias mínimas são computadas a partir da face externa mais próxima aos
elementos considerado.

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Caso se queira dimensionar um tanque séptico, o volume útil total deve ser calculado pela seguinte
fórmula (NBR 7.229/93, item 5.7):

𝐕 = 𝟏. 𝟎𝟎𝟎 + 𝐍 . (𝐂 . 𝐓 + 𝐊 . 𝐋𝐟 )

Em que:

V = volume útil;

N = número de pessoas ou unidades de contribuição;

C = contribuição de despejos;

T = período de detenção, que representa o tempo médio de permanência da parcela líquida do esgoto
dentro da zona de decantação do tanque séptico;

K = taxa de acumulação de lodo digerido, que representa o número de dias de acumulação de lodo
fresco equivalente ao volume de lodo digerido a ser armazenado no tanque, considerando redução de
volume de 4 vezes para o lodo digerido;

Lf = contribuição de lodo fresco.

Vejamos na prática como as bancas podem explorar esse assunto!

(CESGRANRIO/TRANSPETRO - 2011) A NBR 7229/1993 trata do projeto, construção e operação de


sistemas de tanques sépticos. Para atender a uma população de 50 habitantes com uma contribuição
per capita de esgotos de 160L/hab.dia , segundo essa norma, qual o volume da fossa séptica em m³?
Dados:
Período de detenção dos esgotos "T" de 0,58 dia
Taxa total de acumulação de lodo "K" de 105 dias
Contribuição de lodo fresco Lf de 1 L/hab.dia
a) 8,00
b) 9,85
c) 10,89
d) 11,61
e) 12,93

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Comentários:
Conforme estudamos, o volume útil total de um tanque séptico deve ser calculado pela seguinte fórmula:
𝐕 = 𝟏. 𝟎𝟎𝟎 + 𝐍 . (𝐂 . 𝐓 + 𝐊 . 𝐋𝐟 )
A questão informou os dados de número de pessoas (N = 50 habitantes), contribuição de despejos (C = 160
L/hab.dia), período de detenção (T = 0,58 dia), taxa de acumulação de lodo (K = 105 dias) e contribuição de
lodo fresco (Lf = 1 L/hab.dia).
Então, basta substituir os valores:
V = 1.000 + 50 . (160 .0,58 + 105 . 1) = 10.890 litros = 𝟏𝟎, 𝟖𝟗 𝐦³

Logo, a alternativa C está correta e é o nosso gabarito.

2.8 - Tratamento do lodo

Os lodos provenientes dos processos de tratamento de esgotos caracterizam o principal subproduto


indesejável de tais processos, correspondem a uma fonte potencial de riscos à saúde pública e ambiente e
potencializam a proliferação de vetores de moléstias e organismos nocivos.

Entre os compostos indesejáveis que podem estar presentes nos lodos ETEs encontram-se agentes
patogênicos como um todo, metais pesados, compostos orgânicos persistentes, entre outros.

Desse modo, resta clara a necessidade de dispor os lodos de esgoto provenientes das estações de
tratamento de esgoto sanitário de forma adequada à proteção do meio ambiente e da saúde da população.

Por isso, via de regra o lodo deve ser encaminhado para a digestão biológica, que pode ser aeróbia
ou anaeróbia. A primeira aplica-se ao lodo gerado nos processos biológicos aeróbios e ao lodo misto. Já a
digestão anaeróbia deve preferencialmente ser processada em um único estágio seguida por um tanque
tipo pulmão, com o objetivo de estocagem, adensamento e separação do sobrenadante, podendo, em
consequência, ser aberto (NBR 12.209/11, item 7.5.2.2).

Segundo a mesma norma, a digestão anaeróbia deve preferencialmente ser processada na faixa de
temperatura de 30 °C a 35 °C, ou na faixa de 50 °C a 57 °C, sendo que temperaturas inferiores resultam em
menor eficiência da digestão, a ser considerada no projeto.

Uma alternativa à digestão do lodo é a chamada estabilização química, que visa reduzir a quantidade
de patógenos, eliminar os maus odores e inibir, reduzir ou eliminar o potencial de putrefação. A
estabilização normalmente é realizada pela adição de cal (caleação), preferencialmente aplicada ao lodo já
desaguado (retirada de água) e capaz de elevar o pH do lodo a até 12 ou mais, por pelo menos 2 horas.

Na estabilização, a dosagem de cal aplicada deve ser suficiente para elevar o pH como desejado e
mantê-lo, independente do consumo que venha a ocorrer por reações secundárias. Frise-se que a cal
adicionada ao lodo deve ser contabilizada para efeito do dimensionamento de quaisquer unidades
posteriores e do sistema de transporte e destino final (NBR 12.209/11, item 7.6.3).

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A mistura da cal ao lodo deve ser realizada de forma homogênea, em uma unidade específica, de
modo a não resultarem bolsões de ar ou pelotas de lodo que eventualmente possam facilitar a
putrescibilidade do lodo.

Além disso, o projeto do sistema de estabilização química deve levar em conta os requisitos de
armazenamento da cal, de acordo com a sua forma de recebimento, sendo que a estabilização final do lodo
deve ser feita em área coberta e com piso impermeável (item 7.6.6).

Outro processo presente no condicionamento do lodo gerado nas ETEs é o desaguamento, que pode
ser realizado por processos naturais ou mecânicos e, em regra, deve ser empregado apenas para lodo
estabilizado.

O desaguamento por processos naturais ocorre por meio de leitos de secagem cuja área total deve
ser subdividida em pelo menos duas câmaras, sendo que a distância máxima de transporte manual do lodo
seco no interior do leito de secagem não pode superar 10 metros (NBR 12.0911, item 7.7.1.2).

Já o desaguamento por processos mecânicos pode se dar por meio de filtros de esteiras, filtros
prensa, centrifugação, contentores geotêxteis ou estufas.

2.8.1 - Uso agrícola do lodo

Apesar do potencial patogênico do esgotos sanitário, ele pode constituir fonte de matéria orgânica e
de nutrientes para as plantas e sua aplicação no solo pode trazer benefícios à agricultura, enquadrando-se
nos princípios de reutilização de resíduos de forma ambientalmente adequada.

Então, pode-se afirmar que o principal destino do lodo que não é encaminhado para aterro é o uso
agrícola. Nesse contexto, as Resoluções Conama nº 375/06 e nº 380/06 definem critérios e procedimentos
para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus
produtos derivados.

Então, para que se possibilite esse tipo de aplicação agrícola, os lodos gerados em sistemas de
tratamento de esgoto devem ser submetidos a processo de redução de patógenos e da atratividade de
vetores, de acordo com o Anexo I da Res. Conama nº 375/06, que foi retificado pela Res. Conama nº 380/06.

Assim, a caracterização do lodo de esgoto ou produto derivado a ser aplicado deve incluir os seguintes
aspectos (art. 7º):

I - potencial agronômico;

II - substâncias inorgânicas e orgânicas potencialmente tóxicas;

III - indicadores bacteriológicos e agentes patogênicos; e

IV - estabilidade.

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Frise-se que as referidas resoluções não se aplicam a lodo de estação de tratamento de efluentes de
processos industriais e proíbem a utilização agrícola dos seguintes produtos (art. 3º, § 2º):

 lodos de ETEs de instalações hospitalares;

 lodos de ETEs de portos e aeroportos;

 resíduos de gradeamento;

 resíduos de desarenador;

 material lipídico sobrenadante de decantadores primários, das caixas de gordura e dos reatores
anaeróbicos;

 lodos de sistema de tratamento individual, coletados por veículos, antes de seu tratamento por uma
estação de tratamento de esgoto;

 lodo de esgoto não estabilizado; e

 lodos classificados como perigosos.

A Res. Conama nº 375/06 também veda a importação de lodo de esgoto ou produto derivado (art. 6º).

Essa mesma norma traz uma série de requisitos a que cada parâmetro do esgoto de deve obedecer
para que seja viabilizado o uso agrícola. Não nos cabe nesta aula entrar em tantos detalhes, pois nunca vi
isso ser cobrado em provas de concursos públicos. Apenas saiba que, segundo o art. 7º, § 6º, para fins de
utilização agrícola, o lodo de esgoto ou produto derivado é considerado estável se a relação entre sólidos
voláteis e sólidos totais for inferior a 0,70.

De modo prático, a seguir são colocados os principais processos a que os lodos podem ser submetidos
para que obedeçam aos requisitos presentes na Res. Conama nº 375/06:

2.8.1.1 - Processos de redução significativa de patógenos

 Digestão aeróbia: realizada a ar ou oxigênio, com retenções mínimas de 40 dias a 20°C ou por 60 dias
a 15°C;

 Digestão anaeróbia: deve ser realizada por um período mínimo de 15 dias a 35-55°C ou de 60 dias a
20°C;

 Secagem em leitos de areia ou em bacias, pavimentadas ou não: deve ser realizada durante um
período mínimo de 3 meses;

 Compostagem: realizada por qualquer um dos métodos citados anteriormente, desde que a
biomassa atinja uma temperatura mínima de 40°C, durante pelo menos 5 dias, com a ocorrência de
um pico de 55 ºC, ao longo de 4 horas sucessivas durante este período;
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 Estabilização com cal (caleação): utiliza-se cal suficiente para que o pH seja elevado até pelo menos
12, por um período mínimo de 2 horas.

2.8.1.2 - Processos de redução adicional de patógenos

 Compostagem confinada ou em leiras aeradas (3 dias a 55 ºC no mínimo) ou com revolvimento das


leiras (15 dias a 55 ºC no mínimo, com revolvimento mecânico da leira durante pelo menos 5 dias ao
longo dos 15 do processo)

 Secagem térmica direta ou indireta: visa a reduzir a umidade do lodo de esgoto ou produto derivado
a 10% ou menos, devendo a temperatura das partículas de lodo de esgoto ou produto derivado
superar 80ºC ou a temperatura de bulbo úmido de gás, em contato com o lodo de esgoto ou produto
derivado no momento da descarga do secador, ser superior a 80 ºC;

 Tratamento térmico: aquecimento do lodo de esgoto ou produto derivado líquido a 180ºC, no


mínimo, durante um período de 30 minutos;

 Digestão aeróbia termofílica: feita a ar ou oxigênio, com tempos de residência de 10 dias a


temperaturas de 55 a 60 ºC;

 Irradiação com raios beta ou gama: dosagens mínimas de 1 megarad a 20 ºC , ou com raios gama na
mesma intensidade e temperatura, a partir de isótopos de Cobalto 60 ou Césio 137;

 Pasteurização: manutenção do lodo de esgoto ou produto derivado a uma temperatura mínima de


70 ºC, por um período de pelo menos 30 minutos.

Já os processos possíveis para redução da atratividade de vetores são a digestão aeróbia, a digestão
anaeróbia, a compostagem, a estabilização química, a secagem, a aplicação subsuperficial e a incorporação
no solo.

(UPENET-IAUPE/PREFEITURA DE PAULISTA-PE - 2014, adaptada) De acordo com a Resolução 375 , de


29 de agosto de 2006, que define critérios e procedimentos para o uso agrícola de lodos de esgoto,
gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, é CORRETO afirmar
que
a) os lodos gerados em sistemas de tratamento de esgoto, para terem aplicação agrícola, deverão ser
submetidos a processo de redução de patógenos e da atratividade de vetores, de acordo com o Anexo I da
Resolução.

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b) é permitido o uso de lodo de estação de tratamento de efluentes de processos industriais para aplicação
agrícola.
c) podem ser usados lodos de estação de tratamento de efluentes de instalações hospitalares para aplicação
agrícola.
d) o lodo de estação de tratamento de efluentes de portos e de aeroportos deve ser usado para aplicação
agrícola, mediante licenciamento.
e) podem ser usados resíduos de gradeamento para aplicação agrícola.
Comentários:
A alternativa A está correta e é o nosso gabarito, conforme art. 3º da Res. Conama nº 375/06.
A alternativa B está errada, uma vez que a Resolução nº 375/06 não se aplica aos lodos efluentes de
processos industriais (art. 3º, § 1º).
A alternativa C está errada, considerando que os lodos de ETEs de instalações hospitalares estão entre as
==146ec6==

proibições levantadas pelo art. 3º, § 1º, da Res. Conama nº 375/06.


A alternativa D está errada, porque os lodos de ETEs de portos e aeroportos também não podem ser
utilizados na agricultura, conforme art. 3º, § 2º.
A alternativa E está errada, diante de vedação expressa pelo já mencionado § 2º do art. 3º.

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3 - REUSO DE ÁGUAS CINZAS E ESGOTO TRATADO


Diante do contexto de escassez hídrica em que se vive atualmente, ganha grande importância as
ações de economia de água e reuso da água já utilizada.

De modo geral, há dois tipos de água que podem ser reutilizadas: as águas cinzas e as de esgoto
tratado. Mas antes de falar especificidades a respeito dessas águas vamos estudar um tópico mais
importante para fins de prova e que pode se aplicar tanto às águas cinzas quanto às de esgoto tratado: os
tipos de reuso existentes.

3.1 - Tipos de reuso

De modo amplo, o reuso da água pode ser indireto, quando a água é descartada no ambiente, diluída
e coletada novamente à jusante para ser utilizada, e o uso direto, quando a água é reutilizada antes mesmo
de ser despejada nos corpos hídricos.

O reuso indireto pode ser dividido em planejado e não planejado. O reuso indireto planejado da água
ocorre quando os efluentes depois de tratados são descarregados de forma planejada nos corpos de águas
superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas à jusante, de maneira controlada, no atendimento de
algum uso benéfico.

É o caso, por exemplo, do que ocorre com as águas da maioria das cidades brasileiras. O esgoto
doméstico é tratado em uma estação de tratamento de efluentes e é descarregado em corpos de água que
o diluem e servem para captação da água para abastecimento humano, formando um ciclo. Quando a
qualidade da água captada se encontra em nível adequado de potabilidade, este tipo de reuso pode ser
chamado de reuso potável indireto.

Já o reuso indireto não planejado da água ocorre quando a água utilizada em alguma atividade
humana é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante, em sua forma diluída, de
maneira não intencional e não controlada.

Por sua vez, o reuso direto pode ser considerado potável ou não potável. Quando se fala em reuso
direto potável, entende-se o esgoto recuperado por meio de tratamento avançado diretamente reutilizado
no sistema de água potável. Trata-se de um processo praticamente inviável na maior parte dos locais devido
ao alto custo do tratamento requerido, ao alto risco sanitário envolvido e, no caso do Brasil, à grande
disponibilidade de água doce.

Já o reuso direto não potável da água ocorre quando os efluentes, depois de tratados, são
encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no
meio ambiente. É o caso de maior ocorrência na indústria e na irrigação, exigindo a concepção e
implantação de tecnologias apropriadas de tratamento para adequação da qualidade do efluente à estação
à qualidade definida pelo uso requerido.

Um caso particular de reuso direto planejado é a chamada reciclagem de água, em que a água é
reutilizada internamente antes de sua descarga em um sistema geral de tratamento ou outro local de
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disposição, como forma de economizar água e controlar a poluição. É o caso, por exemplo, da utilização da
água do chuveiro para utilização na descarga de vasos sanitários.

Reuso indireto: água é Planejado


descartada nos corpos
hídricos e coletada a
jusante após diluição Não planejado
TIPOS DE
REUSO Potável:
Reuso direto: água é praticamemte
reutilizada antes mesmo inviável
de ser despejada no Reciclagem de
ambiente Não potável água: reuso
interno

3.1.1 - Reuso direto planejado para fins não potáveis

Especificamente o reuso direto planejado para fins não potáveis pode ser um pouco mais explorado
nesta aula, uma vez que pode ser subdivido em diversas modalidades, tais como:

 Reuso para fins urbanos: utilização de água de reuso para fins de irrigação paisagística, lavagem de
logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações, construção civil, edificações, combate a
incêndio, dentro da área urbana.

 Reuso não potável para fins agrícolas e florestais: aplicação de água de reuso para produção agrícola
e cultivo de florestas plantadas, tais como árvores frutíferas, cereais, pastagens e forrações.

Segundo a NBR 13.696/97, admite-se o reuso da água para plantações de milho, arroz, trigo, café e
outras árvores frutíferas, via escoamento no solo, tomando-se o cuidado de interromper a irrigação pelo
menos 10 dias antes da colheita (item 5.6.2).

Nesse contexto, a Resolução nº 121/10 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH)


estabelece diretrizes e critérios para a prática de reuso direto não potável de água na modalidade agrícola
e florestal.

Segundo essa normativa, a caracterização e o monitoramento periódico da água de reuso devem ser
realizados de acordo com critérios definidos pelo órgão ou entidade competente, recomendando-se
observar os seguintes aspectos (art. 3º):
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I – a natureza da água de reuso;

II – a tipologia do processo de tratamento;

III – o porte das instalações e vazão tratada;

IV – a variabilidade dos insumos;

V – as variações nos fluxos envolvidos; e

VI – o tipo de cultura.

Frise-se que é o produtor da água de reuso que é responsável pelas informações constantes de sua
caracterização e monitoramento.

Também vale ressaltar que a aplicação de água de reuso pode ser condicionada à elaboração de
projeto que atenda os critérios e procedimentos estabelecidos pelo órgão ou entidade competente, nos
termos do art. 4º da Res. CNRH nº 121/10.

Uma última disposição dessa Resolução é que qualquer acidente ou impacto ambiental decorrente
da aplicação da água de reuso que possa comprometer os demais usos da água no entorno da área afetada
deve ser informado imediatamente ao órgão ou entidade competente e ao respectivo Comitê de Bacia
Hidrográfica, pelo produtor, manipulador, transportador e ou responsável técnico (art. 8º).

 Reuso para fins ambientais: utilização de água de reuso para implantação de projetos de recuperação
do meio ambiente.

 Reuso para fins industriais: reuso em processos, atividades e operações industriais, como
refrigeração, águas de processo, utilização em caldeiras, limpeza etc. Pode-se considerar alguns usos
comerciais tais como a lavagem de veículos.

 Reuso não potável para fins recreacionais: classificação reservada à irrigação de plantas
ornamentais, campos de esportes, parques, gramados e também para enchimento de lagoas
ornamentais, recreacionais etc. Em áreas urbanas pode-se considerar ainda a irrigação de parques
públicos, áreas ajardinadas, árvores e arbustos ao longo de rodovias, chafarizes e espelhos de água.

 Reuso para fins domésticos: são considerados aqui os casos de reuso de água para rega de jardins
residenciais, para descargas sanitárias e utilização desse tipo de água em grandes edifícios. Pode-se
considerar também o reuso para reserva de incêndio, lavagem de automóveis e pisos.

 Reuso para manutenção de vazões: a manutenção de vazões de cursos de água promove a utilização
planejada de efluentes tratados, visando uma adequada diluição de eventuais cargas poluidoras a eles
carreadas, incluindo-se fontes difusas, além de propiciar uma vazão mínima na estiagem. Nessa
modalidade, pode-se enquadrar o reuso para manutenção de habitat naturais.

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 Reuso em aquacultura ou aquicultura: consiste na criação de animais e vegetais aquáticos visando à


obtenção de alimentos e/ou energia, utilizando-se os nutrientes presentes nos efluentes tratados.

 Reuso para recarga de aquíferos subterrâneos: é a recarga dos aquíferos subterrâneos com efluentes
tratados, podendo se dar de forma direta através de injeção sob pressão, ou de forma indireta
utilizando-se águas superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante. A
recarga visa o aumento da disponibilidade e armazenamento de água bem como para controlar a
salinização de aquíferos costeiros e para controlar a subsidência de solos.

Em que pese essa divisão de categorias de reuso direto não potável, a Res. CNRH nº 54/05 assinala
que as modalidades de reuso não são mutuamente excludentes, podendo mais de uma delas ser empregada
simultaneamente em uma mesma área (art. 3º, § 1º).

Essa mesma norma exige que, caso a atividade de reuso implique alteração das condições das
outorgas vigentes, o outorgado deve solicitar à autoridade competente retificação da outorga de direito de
uso de recursos hídricos de modo a compatibilizá-la com estas alterações (art. 5º).

Ademais, os planos de recursos hídricos devem contemplar, entre os estudos e alternativas, a


utilização de águas de reuso e seus efeitos sobre a disponibilidade hídrica (art. 6º).

Nessa perspectiva, os comitês de bacia hidrográfica devem considerar a criação de incentivos para a
prática de reuso e integrar, no âmbito do plano de recursos hídricos da bacia, a prática de reuso com as
ações de saneamento ambiental e de uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica. Não obstante, nos casos
onde não houver comitês de bacia hidrográfica instalados, a responsabilidade cabe ao respectivo órgão
gestor de recursos hídricos, em conformidade com o previsto na legislação pertinente (art. 8º).

A Res. CNRH nº 54/05 ainda prevê que a atividade de reuso de água deve ser informada, quando
requerida, ao órgão gestor de recursos hídricos, para fins de cadastro, devendo contemplar os seguintes
itens mínimos (art. 9º):

I - identificação do produtor, distribuidor ou usuário;

II - localização geográfica da origem e destinação da água de reuso;

III - especificação da finalidade da produção e do reuso de água; e

IV - vazão e volume diário de água de reuso produzida, distribuída ou utilizada.

Por fim, é muito importante que você fixe que as exigências feitas pela Res. CNRH nº 54/05 não
eximem o produtor, o distribuidor e o usuário da água de reuso direto não potável da respectiva licença
ambiental, quando exigida, assim como do cumprimento das demais obrigações legais pertinentes (art. 11).

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As exigências feitas pela Res. CNRH nº 54/05 não eximem o produtor, o distribuidor e o
usuário da água de reuso direto não potável da respectiva licença ambiental!

(FCC/SABESP - 2018) Considere:


Coluna 1
I. Reuso não potável para fins industriais.
II. Reuso Potável Indireto.
III. Reuso Potável Direto.

Coluna 2
a. Caso em que o esgoto, após tratamento, é disposto na coleção de águas superficiais ou subterrâneas
para diluição, purificação natural e subsequente captação, tratamento e finalmente utilização como
água potável.
b. Abrange os usos de refrigeração, águas de processo, para utilização em caldeiras, etc.
c. Quando o esgoto recuperado, por meio de tratamento avançado, é diretamente reutilizado no
sistema de água potável.

O tipo de reuso e sua característica estão corretamente relacionados em


a) I-c, II-b, III-a.
b) I-a, II-b, III-c.
c) I-b, II-a, III-c.
d) I-c, II-a, III-b.
e) I-a, II-c, III-b.

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Comentários:
O reuso não potável (Coluna 1, I) é aquele que pode ser subdivido em diversas modalidades, entre as quais
o reuso para fins industriais, como em refrigeração, águas de processo, utilização em caldeiras, limpeza etc.
(Coluna 2, b).
Por sua vez, o reuso potável indireto (Coluna 1, II) é aquele que ocorre com as águas da maioria das cidades
brasileiras. O esgoto doméstico é tratado em uma estação de tratamento de efluentes e é descarregado em
corpos de água que o diluem e servem para captação da água para abastecimento humano, formando um
ciclo (Coluna 2, a).
Por fim, o reuso potável direto (Coluna 1, III) ocorre quando o esgoto é recuperado por meio de tratamento
avançado diretamente reutilizado no sistema de água potável. Trata-se de um processo praticamente
inviável na maior parte dos locais devido ao alto custo do tratamento requerido, ao alto risco sanitário
envolvido e, no caso do Brasil, à grande disponibilidade de água doce (Coluna 2, c).
Então, a correspondência adequada é I-b, II-a, III-c, sendo a alternativa C o nosso gabarito.

3.2 - Reuso de águas cinzas

As águas cinzas são as águas derivadas dos processos domésticos e não provenientes do vaso
sanitário (águas negras), como as da lavagem de louça e do banho.

Esse tipo de água compõe a maior parte do esgoto residencial e, muitas vezes, possui qualidade
adequada para ser reaproveitada em outros processos antes de ser encaminhada a uma ETE. Daí a
importância do reaproveitamento das águas cinzas como forma de diminuir o consumo de água e o volume
de esgoto gerado.

Embora haja indícios de reuso das águas cinzas há milhares de anos, somente nas últimas décadas é
que tem se consolidado um mercado tecnológico voltado a esse tipo de reaproveitamento.

As características das águas cinzas podem variar muito a depender de diversos fatores, como a
qualidade da água que é fornecida, as atividades domésticas realizadas, os hábitos dos indivíduos, entre
outros.

Em geral, tais águas possuem índices consideráveis de fósforo presente em sabões e detergentes,
cloreto de sódio e fosfatos presentes na urina, nitritos, sulfatos, carbonatos, ureia, amoníaco, ácido úrico,
gorduras, restos de carnes, fibras vegetais, areia, plásticos, cabelos, unhas, mucos e células epiteliais,
vermes, vírus, bactérias, leveduras, entre outras possibilidades7.

Alguns desses compostos, como os fosfatos e os nitritos, influenciam diretamente no odor do


efluente e na sua coloração, deixando-o acinzentado e, após algum tempo de armazenamento, conferindo-
lhes odor fétido.

7
SANT’ANA, Daniel Richard (coord.). Aproveitamento de águas pluviais e reuso de águas cinzas em edificações: padrões de
qualidade, critérios de instalação e manutenção. Brasília, 2017.
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A carga orgânica das águas cinzas também tem grande influência do local da coleta (banheiro,
cozinha, lavanderia). Quanto maior essa carga orgânica, maior o favorecimento de colônias de
microrganismos decompositores e a diminuição do nível de oxigênio dissolvido.

Portanto, como as características das águas cinzas podem ser muito distintas, o tipo de tratamento
exigido vai depender dessas características e do padrão de uso que se deseja ter. Assim, diversos parâmetros
das águas cinzas podem ser explorados e comparados a depender da fonte de produção dessa água. Uma
comparação de alguns desses parâmetros antes do tratamento pode ser encontrada na tabela a seguir.

Alexandre, Lemke-de-Castro e Pesquero (2013) 8

Um dos fatores de influência na qualidade das águas cinzas é a temperatura, sendo que as águas mais
quentes, como as do banho, tendem a ter um nível menor de oxigênio dissolvido e a aumentar as reações
e as taxas metabólicas dos organismos nela presentes.

Em termos de pH, as águas cinzas provenientes da lavagem de roupas geralmente são bem alcalinas
(pH em torno de 9), ao passo que as águas cinzas dos banheiros normalmente possuem pH entre 8 e 9,5
(SANT'ANA, 2017).

8
ALEXANDRE, Ellen Carla Francisca; LEMKE-DE-CASTRO, Mara Lucia; PESQUERO, Marcos Antonio. Caracterização e tratamento
de águas cinzas com fins não potáveis. Revista de Biotecnologia e Ciência, vol. 2, nº 2, 2013.
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3.2.1 - Sistemas de reuso de águas cinzas

A utilização mais simples das águas cinzas consiste no seu armazenamento em um reservatório para
posterior lavagem do chão. A água pode ser retirada manualmente do reservatório por meio de baldes,
torneiras, mangueiras, ou ainda ser pressurizada em lavadoras próprias para isso. Neste último caso,
normalmente se utiliza um filtro de malha para remoção de detritos e evitar, assim, o entupimento do
esguicho, bem como a danificação do equipamento.

Em edificações planejadas para o reuso das águas cinzas, podem ser implementados sistemas mais
estruturados para tal. Nesse contexto, há dois tipos de sistemas principais: os sistemas isolados e os
sistemas integrados.

3.2.1.1 - Sistemas isolados

Os sistemas isolados das edificações fazem a distribuição direta a pontos de uso externo por
gravidade (sistema de desvio) ou bombeamento (sistema pressurizado).

O sistemas de desvio de água cinza podem ser utilizados com a água bruta pois basicamente utilizam
a força da gravidade para desviar a água acumulada e destiná-la à irrigação subsuperficial (dentro do solo).
O que se prevê é apenas um filtro para remoção de detritos de modo a evitar o entupimento das tubulações.

Já os sistemas pressurizados de água cinza utilizam processos de bombeamento, geralmente sendo


utilizados na irrigação por aspersão e na lavagem de pisos. Devido à possibilidade de contaminação dos
usuários pelo contato com os aerossóis promovidos na aspersão e à possibilidade de entupimento dos
equipamentos, tais sistemas requerem um prévio tratamento mais adequado da água.

Normalmente, esse tratamento consiste em um filtro grosso para evitar o entupimento dos tubos e
conexões, bem como processos de desinfecção para atender aos padrões microbiológicos exigidos.

Um tipo de sistema que se aplica ao tratamento das águas cinzas são os leitos cultivados, ou seja,
tanques impermeabilizados preenchidos por um meio filtrante com vegetais plantados. Tais sistemas
possuem baixo custo de implantação e baixa demanda energética, além de operação e manutenção
simplificadas.

Os sistemas de leitos cultivados podem ser classificados basicamente em dois tipos quanto ao fluxo
do efluente: horizontal e vertical. Nos primeiros, o afluente percola sob o leito longitudinalmente e é
submetido ao tratamento durante o contato com a superfície do substrato com as raízes dos vegetais
plantados.

Por sua vez, os leitos de fluxo vertical assemelham-se a um filtro biológico, apresentando a disposição
do afluente em toda a superfície do leito e com percolação intermitente. O efluente desce verticalmente
pelo substrato, permitindo uma boa transferência de oxigênio e a maximização do processo de nitrificação.
A principal vantagem do sistema vertical é exigir menores área e custo para o tratamento das águas cinzas.

Pode, ainda, haver a possibilidade de leitos cultivados híbridos, que combinam os leitos cultivados de
fluxo vertical e horizontal.
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3.2.1.2 - Sistemas integrados

Diferentemente dos sistemas isolados das edificações, os sistemas a ela integrados promovem a
distribuição indireta de água em pontos de usos não potáveis internos e/ou externos.

Em geral, os sistemas integrados bombeiam a água para um reservatório de distribuição localizado


na cobertura da edificação. Então, pela ação da gravidade, alimentam-se os pontos de uso interno e
externo, como descargas sanitárias, torneiras de uso geral, torneiras de jardim etc.

Frise-se, que, conjuntamente a esse abastecimento indireto (após bombeamento para o reservatório
de distribuição), pode ocorrer também o abastecimento direto em pontos de usos externos.

3.3 - Reuso local de esgoto tratado

Segundo a NBR 13.969/97, o reuso local de esgoto tratado é a utilização local do esgoto tratado para
diversas finalidades, exceto para o consumo humano (item 3.2). Essa exceção deriva do fato de que a
qualidade das águas de esgoto tratado ainda estão muito aquém da qualidade requerida para o alcance da
potabilidade.

Segundo a mesma norma, no caso de esgoto de origem essencialmente doméstica ou com


características similares, o esgoto tratado em tanques sépticos deve ser reutilizado para fins que exigem
qualidade de água não potável, mas sanitariamente segura, tais como irrigação dos jardins, lavagem dos
pisos e dos veículos automotivos, descarga dos vasos sanitários, manutenção paisagística dos lagos e
canais com água, irrigação dos campos agrícolas e pastagens, entre outras possibilidades (item 5.6).

Admite-se também que o esgoto tratado em condições de reuso possa ser exportado para além do
limite do sistema local de modo a atender à demanda industrial ou outra demanda da área próxima.

No caso de utilização como fonte de água para canais e lagos para fins paisagísticos, dependendo das
condições locais, pode ocorrer um crescimento de plantas aquáticas devido à abundância de nutrientes no
esgoto tratado. Nesse caso, deve-se dar preferência para uma alternativa de tratamento que remova
eficientemente o fósforo do esgoto (item 5.6).

Segundo a NBR 13.969/97, podem ser definidas as seguintes classificações para o reuso de esgotos
tratados:

Classe 1: lavagem de carros e outros que requerem o contato direto do usuário com a água, com
possível aplicação de aerossóis pelo operador, incluindo chafarizes. Nesse caso, exige-se os seguintes
requisitos mínimos em termos de qualidade:

 Turbidez: inferior a 5 UNT;


 Coliforme fecal: inferior a 200 NMP/100 mL;
 Sólidos dissolvidos totais: inferior a 200 mg/L;
 pH: entre 6 e 8;
 Cloro residual: entre 0,5 mg/L e 1,5 mg/L.

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Para alcançar tal nível de qualidade, geralmente é necessário tratamento aeróbio seguido por
filtração convencional ou por membrana filtrante e, finalmente, cloração.

Classe 2: lavagem de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos lagos e canais para fins
paisagísticos, exceto chafarizes. Nesse caso, exige-se os seguintes requisitos mínimos em termos de
qualidade:

 Turbidez: inferior a 5 UNT;


 Coliforme fecal: inferior a 500 NMP/100 mL;
 Cloro residual: superior a 0,5 mg/L.

Para alcançar tal nível de qualidade, geralmente é satisfatório um tratamento biológico aeróbio
seguido de filtração de areia (ou por membrana) e desinfecção.

Classe 3: reuso nas descargas dos vasos sanitários. Nesse caso, exige-se os seguintes requisitos
mínimos em termos de qualidade:

 Turbidez: inferior a 10 UNT;


 Coliforme fecal: inferior a 500 NMP/100 mL.

Geralmente, as águas de máquinas de lavar roupas satisfazem esse padrão, sendo necessário apenas
cloração. Para casos gerais, um tratamento aeróbio seguido de filtração e desinfecção geralmente satisfaz
esse padrão.

Classe 4: reuso nos pomares, cereais, forragens e pastagens para gados e outros cultivos por meio
de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual (sem aspersão). Nesse caso, exige-se os
seguintes requisitos mínimos em termos de qualidade:

 Coliforme fecal: inferior a 5.000 NMP/100 mL;


 Oxigênio dissolvido: acima de 2,0 mg/L.

Para esse uso, as aplicações devem ser interrompidas pelo menos 10 dias antes da colheita.

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Usos que requerem contato


Classe 1
direto com a água

Lavagem de pisos, calçadas,


Classe 2 irrigação de jardins, fins
REUSO DE paisagísticos
ESGOTO
TRATADO
Classe 3 Descargas de vasos sanitários

Pomares, cereais, forragens e


Classe 4 pastagens por escoamento
superficial ou irrigação pontual

3.3.1 - Sistema de reservação

Segundo a NBR 13.969/97, o reuso local de esgoto seguro e racional tem como base um sistema de
reservação e de distribuição.

Ao mesmo tempo, todo o sistema de reservação e de distribuição para reuso deve ser identificado de
modo claro e inconfundível para não ocorrer uso errôneo ou mistura com o sistema de água potável ou
outros fins.

Devem ser observados os seguintes aspectos referentes ao sistema:

a) todo o sistema de reservação deve ser dimensionado para atender pelo menos 2 horas de uso de
água no pico da demanda diária, exceto para uso na irrigação da área agrícola ou pastoril;

b) todo o sistema de reservação e de distribuição do esgoto a ser reutilizado deve ser claramente
identificado, através de placas de advertência nos locais estratégicos e nas torneiras, além do emprego de
cores nas tubulações e nos tanques de reservação distintas das de água potável;

c) quando houver usos múltiplos de reuso com qualidades distintas, deve-se optar pela reservação
distinta das águas, com clara identificação das classes de qualidades nos reservatórios e nos sistemas de
distribuição;

d) no caso de reuso direto das águas da máquina de lavar para uso na descarga dos vasos sanitários,
deve-se prever a reservação do volume total da água de enxágue;
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e) o sistema de reservação para aplicação nas culturas cujas demandas pela água não são constantes
durante o seu ciclo deve prever uma preservação ou área alternada destinada ao uso da água sobressalente
na fase de menor demanda.

3.3.2 - Operação e monitoramento

A NBR 13.969/97 também prevê que todos os gerenciadores dos sistemas de reuso, principalmente
aqueles que envolvem condomínios residenciais ou comerciais com grande número de pessoas voltadas
para a manutenção de infraestruturas básicas, devem indicar o responsável pela manutenção e operação
do sistema de reuso de esgoto.

Para tanto, o responsável pelo planejamento e projeto deve fornecer manuais do sistema de reuso,
contendo figuras e especificações técnicas quanto ao sistema de tratamento, reservação e distribuição,
procedimentos para operação correta, além de treinamento adequado aos responsáveis pela operação.

Por fim, deve haver amostragem para análise de desempenho e monitoramento. Nesse sentido,
todos os processos de tratamento e disposição final de esgotos devem ser submetidos à avaliação periódica
do desempenho, tanto para determinar o grau de poluição causado pelo sistema de tratamento implantado
como para avaliação do sistema implantado em si, para efeitos de garantia do processo oferecido pelo
fornecedor.

Essa avaliação deve ser mais frequente e minuciosa nas áreas consideradas sensíveis do ponto de
vista ambiental e sanitário, mas principalmente do ponto de vista de proteção de mananciais. A
amostragem do afluente e do efluente do sistema local de tratamento deve ser feita, exceto na fase inicial
de operação, quando deve haver acompanhamento pelo menos quinzenal até entrar em regime, com
frequência pelo menos trimestral.

O tipo de amostragem a ser considerada deve ser composta proporcional à vazão, com campanha
horária cobrindo pelo menos 12 horas consecutivas. Quando não houver condições para determinação
correta da vazão, esta deve ser estimada conforme as observações baseadas nos usos de água.

Para monitoramento dos sistemas de infiltração no solo (vala de infiltração, sumidouro), devem ser
feitas amostragens a partir dos poços ou cavas escavados em volta das unidades, em profundidades
distintas, por meio de amostras compostas não proporcionais.

Os parâmetros a serem analisados são relativos a:

a) nos lançamentos aos corpos receptores superficiais e nas galerias de águas pluviais, aqueles
definidos nas legislações municipal, estadual e federal, assim como definidos nesta Norma;

b) na disposição no subsolo, nitrato, pH, coliformes fecais e vírus.

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(FCC/PREFEITURA DE TERESINA - 2016) Considere as seguintes situações que envolvem o reuso da


água.

A classificação dos tipos de água de reuso das situações I, II e III são, respectivamente:
a) reuso potável direto, reuso potável indireto, reciclagem.
b) reciclagem, reuso direto, reuso indireto.
c) reuso não potável para fins industriais, reuso indireto, reuso direto.
d) reuso indireto, reciclagem, descarga de aquíferos.
e) reuso de água residuária, reciclagem, reuso direto.
Comentários:
De modo amplo, o reuso da água pode ser indireto, quando a água é descartada no ambiente, diluída e
coletada novamente à jusante para ser utilizada, e o uso direto, quando a água é reutilizada antes mesmo
de ser despejada nos corpos hídricos.
A situação I pode ser considerada um uso não potável direto da água, que ocorre quando os efluentes são
encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no
meio ambiente.
Um caso particular de reuso direto planejado é a chamada reciclagem de água, em que a água é reutilizada
internamente antes de sua descarga em um sistema geral de tratamento ou outro local de disposição, como
forma de economizar água e controlar a poluição.
A situação II, por sua vez, descreve um caso de reuso direto não potável, pois a água tratada é utilizada para
resfriamento sem que seja encaminhada ao corpo de água, isto é, diretamente.
Por fim, a situação III descreve um reuso indireto planejado da água, porque inicialmente ela é descarregada
controladamente por uma estação de tratamento de esgoto e, posteriormente, coletada para uso industrial.
Desse modo, a única alternativa possível é a alternativa B, nosso gabarito.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pessoal, com isso terminamos a parte teórica da aula.

Para que você possa consolidar o entendimento dos assuntos abordados na aula, deixo a seguir uma
lista de questões. Mais uma vez optou-se por diversificar as bancas examinadoras para que diferentes
abordagens fossem incorporadas.

Qualquer dúvida, não hesite em me contatar; ficarei feliz em poder ajudar se assim for possível.

Um abraço e até a próxima!

Prof. André Rocha

Instagram: @profandrerocha

E-mail: andrerochaprof@gmail.com

Telegram: t.me/meioambienteparaconcursos

Canal do Youtube: Eu Aprovado

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QUESTÕES COMENTADAS

Tratamento de esgoto

1. (CEBRASPE/SLU-DF - 2019) Com relação a tecnologias de tratamento de efluentes sanitários e de


redes de esgotamento sanitário, julgue o item que se segue.
O traçado da rede de esgotamento sanitário do tipo leque é indicado para cidades com terrenos acidentados,
enquanto o traçado do tipo radial é indicado para cidades planas.

Comentários

O traçado da rede de esgotamento sanitário deve observar a topografia do terreno, a presença de


corpos hídricos e outros possíveis elementos de interesse, havendo três tipos básicos de traçado.

O traçado perpendicular é utilizado em cidades atravessas ou circundadas por cursos de água, sendo
que os vários coletores tronco são independentes e tentando-se ser perpendiculares a esses cursos. Nesse
traçado, geralmente se constrói um interceptor margeando o curso de água.

O traçado em leque lembra uma espinha de peixe e é próprio de terrenos acidentados, com o coletor
tronco correndo pelo fundo dos vales, isto é, as partes mais baixas da bacia.

Por fim, o traçado radial, também chamado distrital, é um sistema típico de cidades planas, dividindo-
se em setores independentes. Devido à criação de pontos baixos, normalmente se necessita recalque para
bombeamento do esgoto ao destino final, como uma ETE.

Portanto, questão correta.

2. (CEBRASPE/SLU-DF - 2019) Com relação a tecnologias de tratamento de efluentes sanitários e de


redes de esgotamento sanitário, julgue o item que se segue.
Se as tubulações de esgoto forem dimensionadas em regime de escoamento permanente e uniforme, a vazão
não mudará ao longo do tempo.

Comentários

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O fato de as tubulações serem dimensionadas em regime de escoamento permanente e uniforme não


significa que a vazão não mudará ao longo do tempo, mas sim que a velocidade e a pressão num
determinado ponto não variam com o tempo, embora tais parâmetros possam variar em pontos distintos.

Logo, questão errada.

3. (CESPE/MPU - 2013) No recadastramento de um coletor tronco da rede coletora de esgotos de


uma cidade, os poços de visita (PVs) 16, 17 e 18 apresentaram os dados topográficos a seguir.
PV16: cota da tampa = 802,352 m; cota do fundo = 800,852 m;
PV17: cota da tampa = 802,348 m; cota do fundo = 800,727 m;
PV18: cota da tampa = 802,325 m; cota do fundo = 799,402 m.
Com base nos dados apresentados, julgue o item que se segue.
Considere que o referido coletor tenha sido construído em 1975 e que há frequentes transbordamentos nos poços
de visita, com o aumento da vazão de esgotos produzidos. Nesse caso, uma das causas dos transbordamentos
pode ser o adensamento urbano na área que drena para esse coletor.

Comentários

Os dados das cotas da questão não eram necessários para a resolução.

Os sistemas de coleta de esgoto e seus dispositivos auxiliares devem ser dimensionados com base em
um horizonte de crescimento populacional estimado e num consumo médio suficiente para suportar as
contribuições daquela localidade.

Então, se houver um maior adensamento populacional da área, naturalmente a contribuição dos


esgotos também aumentará, o que poderá implicar na insuficiência da dimensão do poço de visita e do
sistema coletor como um todo se esses foram projetados há muito tempo, como no caso em tela.

Então, a questão está correta.

4. (CESPE/MPU - 2013) No recadastramento de um coletor tronco da rede coletora de esgotos de


uma cidade, os poços de visita (PVs) 16, 17 e 18 apresentaram os dados topográficos a seguir.
PV16: cota da tampa = 802,352 m; cota do fundo = 800,852 m;
PV17: cota da tampa = 802,348 m; cota do fundo = 800,727 m;
PV18: cota da tampa = 802,325 m; cota do fundo = 799,402 m.
Com base nos dados apresentados, julgue o item que se segue.
Se a distância entre o PV16 e o PV17 for de 65 m, então a declividade da tubulação entre eles será superior a
0,25%.

Comentários
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Lembre-se que devemos medir a declividade pela cota de fundo, então a situação que está colocada
basicamente é a seguinte:

PV16
PV17
Primeiramente, vamos descobrir qual o valor da altura do triângulo formado pelas linhas tracejadas,
800,852 m
pois ela nos indicará o desnível entre os dois PVs. 800,727 m

Essa altura é simplesmente dada por 800,852 - 800,727 = 0,125 metro.


65 metros

Agora, basta calcular a declividade (D) do triângulo retângulo de catetos 0,125 metro e 65 metros, ou
seja, a razão entre os catetos:

0,125
𝐷= = 𝟎, 𝟏𝟗𝟐%
65

Nota-se, pois, que a declividade encontrada é menor do que 0,25%, motivo pelo qual a questão está
errada.

5. (CESPE/MPU - 2013) No que concerne a sistema de coleta de esgoto, rede de esgoto, coletores e
emissários interceptores, julgue o item subsecutivo.
Os interceptores de esgoto devem atender às seguintes condições: a tensão trativa deve ser superior à da rede
coletora, a máxima declividade deve resultar em velocidade de 10 m/s para o início do trecho, a lâmina de água
para a vazão máxima final deve ser limitada a 50% do diâmetro da tubulação e o ângulo máximo de deflexão
em planta, entre trechos adjacentes, deve ser superior a 30º.

Comentários

A questão inventou algumas informações para tentar confundir os candidatos. Na prática, era possível
acertar apenas lembrando que as lâminas de água devem ser sempre calculadas admitindo o escoamento
em regime uniforme e permanente, sendo o seu valor máximo, para vazão final (Qf), igual ou inferior a 75%
(não 50%) do diâmetro do coletor (NBR 9.649/86, item 5.1.6).

Ademais, a declividade máxima admissível é aquela para a qual se tenha Vf = 5 m/s (não 10 m/s),
conforme item mesma norma.

Portanto, questão errada.

6. (CESPE/MPOG - 2012) Com relação a projeto e execução de obras de saneamento, julgue o item
a seguir.
No dimensionamento da rede coletora de esgoto, o coeficiente de retorno equivale à relação volumétrica entre
o esgoto recolhido e o consumo de água.

Comentários

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Segundo definição da NBR 9.649/86, coeficiente de retorno consiste na relação média entre os
volumes de esgoto produzido (recolhido) e de água efetivamente consumida (item 3.13). Portanto, questão
correta.

Lembre-se que esse parâmetro depende de fatores locais, como a localização e o tipo de residência,
condições de arruamentos das ruas e tipo de clima.

Normalmente, C possui um valor na faixa de 0,5 a 0,9, sendo preconizado o valor de 0,8 pela NBR
9.649/86. Desse modo, C = 0,8 significa que 80% da água fornecida pela rede de distribuição retorna para a
rede coletora de esgoto. O restante é utilizado em fins que não resultam no deságue da água na rede de
esgoto, como a lavagem de áreas externas (vai para a rede pluvial) e a rega de plantas, por exemplo.

Portanto, nas áreas de alta densidade populacional, os valores do coeficiente de retorno tendem a ser
maiores, ao passo que em áreas menos habitadas, com maiores quantidades de áreas verdes, o valor de C
será menor.

7. (UFRRJ/UFRRJ - 2019) A desinfecção do lodo é uma operação necessária se seu destino for o uso
na agricultura. Assinale a alternativa que apresenta processos de higienização do lodo.
a) Caleação, tratamento térmico e compostagem.
b) Filtro prensa, centrífuga e secagem térmica
c) Digestão anaeróbia, compostagem e centrífuga.
d) Digestão aeróbia, filtro prensa e caleação.
e) Filtro a vácuo, digestão aeróbia e tratamento térmico.

Comentários

O lodo de esgoto sanitário constitui fonte de matéria orgânica e de nutrientes para as plantas e sua
aplicação no solo pode trazer benefícios à agricultura, enquadrando-se nos princípios de reutilização de
resíduos de forma ambientalmente adequada.

Então, pode-se afirmar que o principal destino do lodo que não é encaminhado para aterro é o uso
agrícola. Nesse contexto, as Resoluções Conama nº 375/06 e nº 380/06 definem critérios e procedimentos
para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus
produtos derivados.

Dentro dessas normativas, são mencionados diversos processos que podem ser utilizados para
tratamento do lodo, entre os quais a caleação (adição de cal), o tratamento térmico e a compostagem.

Processos físicos de secagem, como a utilização de filtro prensa e centrífugas visam a retirar a água e
reduzir o volume de lodos, mas não são essencialmente processos de desinfecção e higienização como
requer a questão.

Portanto, a alternativa A está correta e é o nosso gabarito.

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8. (CS-UFG/PREFEITURA DE GOIANIRA-GO - 2019) As lagoas de estabilização são classificadas de


acordo com a predominância do processo. Entre elas está a lagoa de maturação, que tem como
principal objetivo
a) a remoção de sólidos grosseiros.
b) a remoção de micro-organismos patogênicos.
c) a redução adicional de DBO.
d) a sedimentação dos sólidos.

Comentários

A alternativa A está errada, porque a remoção de sólidos grosseiros é feita no tratamento preliminar
por meio de grades, peneiras e caixas de areia.

A alternativa B está correta e é o nosso gabarito, visto que as lagoas de maturação, também
chamadas lagoas de polimento, visam principalmente à desinfecção do efluente das lagoas de
estabilização, ou seja, à remoção de organismos patogênicos. Frise-se que a lagoa de maturação visa a
manter os processos aeróbios inclusive no período noturno.

A alternativa C está errada, diante do que já foi apresentado: as lagoas de maturação visam
principalmente à desinfecção do efluente.

A alternativa D está errada, porquanto a sedimentação dos sólidos não é o principal objetivo das
lagoas de maturação. Na verdade, o processo de sedimentação dos sólidos normalmente ocorre em
decantadores primários ou secundários.

9. (CS-UFG/PREFEITURA DE GOIANIRA-GO - 2019) Os tanques sépticos, usualmente utilizados para


pequenas populações contribuintes, são uma forma de tratamento em nível
a) preliminar.
b) primário.
c) secundário.
d) terciário.

Comentários

Conforme visto em aula, pode-se considerar que as fossas sépticas (ou tanques sépticos) são unidades
de tratamento primário, uma vez que promovem a separação e transformação físico-química da matéria
sólida do esgoto. Tais unidades são ainda muito utilizadas, sobretudo em locais não atendidos pela rede de
coleta de esgoto pública.

De todo modo, após o armazenamento dos efluentes nos tanques sépticos para decantação, eles
podem ser encaminhados a vários tratamentos complementares possíveis, como um filtro anaeróbio, filtro
aeróbio, filtro de areia, vala de filtração, para escoamento superficial ou ainda para desinfecção.

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Desse modo, a alternativa B está correta e é o nosso gabarito.

10. (CS-UFG/PREFEITURA DE GOIANIRA-GO - 2019) Na estação de tratamento, o esgoto bruto é


submetido a uma série de etapas que visam à remoção dos poluentes para o seu posterior
lançamento em mananciais. Sobre estas etapas, tem-se que:
a) o principal objetivo do tratamento secundário é a remoção de sólidos suspensos e matéria orgânica.
b) o tratamento primário é indispensável em qualquer projeto, pois destina-se à remoção de sólidos
grosseiros.
c) inclui-se em tratamento primário a unidade destinada à medição de vazão.
d) inclui-se em tratamento secundário os sistemas alagados construídos.

Comentários

A alternativa A está errada, porque é o tratamento primário que almeja a remoção de sólidos
suspensos e matéria orgânica, não o secundário.

A alternativa B está errada, visto que é o tratamento preliminar que visa à remoção de sólidos
grosseiros por meio de grades, peneiras e caixas de areia, por exemplo.

A alternativa C está errada, pois a medição de vazão ocorre previamente ao tratamento do efluente
propriamente dito, sendo realizada por meio de equipamentos eletromecânicos ou hidráulicos, como as
calhas Parshall e vertedores.

A alternativa D está correta e é o nosso gabarito, porque os sistemas alagados construídos, ou


wetlands de fluxo horizontal, por exemplo, são empregados para tratamento secundário de efluentes,
quando há um tratamento primário com eficiente remoção de sólidos.

11. (CS-UFG/PREFEITURA DE GOIANIRA-GO - 2019) O sistema de esgoto sanitário é separado em


partes, as quais têm funções específicas. Uma delas diz respeito à tubulação da rede coletora que
recebe apenas contribuição de esgoto de outros coletores. Esta parte do sistema recebe o nome
de
a) coletor tronco.
b) coletor principal.
c) coletor predial.
d) coletor de esgoto.

Comentários

Uma vez produzido nos domicílios, o esgoto proveniente dos vasos sanitários e ralos é encaminhado
por ramais internos até o coletor predial, podendo passar por caixas de gordura e de inspeção.

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Esse coletor predial leva o esgoto dos edifícios até ao coletor público, também chamado coletor de
esgoto, que é uma tubulação da rede coletora que recebe contribuição de esgoto dos coletores prediais em
qualquer ponto ao longo do seu comprimento. Tais coletores levam o esgoto a tubulações maiores,
conhecidos como coletores tronco, os quais recebem apenas contribuição de esgoto de outros coletores.

A rigor, os interceptores também não recebem contribuições diretas dos prédios, mas não havia essa
alternativa, então a alternativa A está correta e é o nosso gabarito.

12. (FCC/SABESP - 2018) A Norma Brasileira que trata do reuso local de esgoto é a
a) NBR 12.209
b) NBR 8.160
c) NBR 12.216
d) NBR 15.527
e) NBR 13.969

Comentários

No contexto do reuso de esgoto, a norma da ABNT que traz algumas disposições importantes é a NBR
13.969/97, conforme estudamos em aula.

Então, a alternativa E está correta e é o nosso gabarito.

A título de curiosidade, vejamos sobre o que dispõem as demais normas mencionadas na questão:

A alternativa A está errada, pois a NBR 12.209/11 trata de projetos hidráulico-sanitários de estações
de tratamento de esgotos sanitários.

A alternativa B está errada, considerando que a NBR 8.160/99 trata de projeto e execução de sistemas
prediais de esgoto sanitário.

A alternativa C está errada, uma vez que a NBR 12.216/92 dispõe acerca de projeto de estação de
tratamento de água para abastecimento público.

A alternativa D está errada, porque a NBR 15.527/19 trata do aproveitamento da água da chuva.

13. (FCC/PREFEITURA DE TERESINA - 2016) Nos sistemas de tratamento de esgotos o principal


objetivo é a redução da matéria orgânica presente no efluente e posterior desinfecção.
Dependendo do constituinte do esgoto e do corpo receptor onde o efluente tratado será lançado,
pode ser necessário também a retirada dos nutrientes (N e P) presentes.
Estes nutrientes podem ser um problema para o despejo nos corpos receptores, mas são
desejados quando a utilização deste efluente for para
a) flotação.

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b) cloração.
c) irrigação.
d) ozonização.
e) decantação.

Comentários

A questão é tranquila pois apresenta apenas um tipo de atividade de fato, que é a irrigação. De fato,
exige-se uma adequada nutrição do solo para o plantio agrícola e isso pode ser alcançado com a utilização
de compostos ricos em nutrientes, como os fertilizantes prontos e os lodos de estações de tratamento de
esgoto.

Portanto, a alternativa C está correta e é o nosso gabarito.

As demais alternativas apresentaram possíveis etapas do processo de tratamento de esgoto e,


portanto, estão erradas.

14. (FCC/SEGEP-MA - 2016) O reuso de água tem por finalidade tentar diminuir a escassez hídrica em
algumas localidades ou mesmo a diminuição de sua retirada dos corpos hídricos, seja qual for o
motivo é uma forma de diminuir a pressão causada pela demanda de usos e aplicação do uso da
água. NÃO é correto reuso de água para
a) irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de autoestradas,
campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais e telhados verdes.
b) irrigação de campos para cultivos: plantio de forrageiras, plantas fibrosas e de grãos, plantas
alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas.
c) usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento.
d) recarga de aquíferos: recarga de aquíferos potáveis, controle de intrusão marinha, controle de
recalques de subsolo.
e) usos Domiciliares: banho, lavagem de pisos, irrigação de plantas ornamentais.

Comentários

Em aula, estudamos que há vários tipos de classificação de reuso possíveis, inclusive aquelas para uso
potável, embora trate-se de casos especiais. A questão, porém, limitou a ideia do reuso a usos não potáveis
diante do potencial da água em apresentar patógenos.

Por isso, a alternativa E está errada e é o nosso gabarito, uma vez que mencionou banho. Todas as
demais alternativas apresentaram possíveis aplicações para as águas de reuso, como irrigação, usos
industriais e recarga de aquíferos.

15. (FCC/SABESP - 2014) Se o efluente apresenta valor de DBO próximo ao valor do Demanda
Química de Oxigênio - DQO significa que

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a) o processo de degradação será rápido.


b) o efluente apresenta baixa capacidade de biodegradação.
c) a degradação química será mais importante no processo de degradação.
d) o processo de degradação será lento.
e) o efluente é biodegradável.

Comentários

Quando se analisa a razão DQO/DBO, verifica-se o grau de biodegradabilidade de um efluente pois,


quanto menor essa relação (maior parcela de DBO comparativamente à DQO), mais matéria orgânica
biodegradável será encontrada no efluente.

Portanto, se o efluente apresenta valor de DBO próximo ao valor de DQO, a relação DQO/DBO será
próxima a 1 e o efluente será considerado biodegradável.

Por isso, a alternativa E está correta e é o nosso gabarito.

16. (FCC/SABESP - 2014) Um elevado valor da Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO em um corpo
de água significa
a) elevado teor de oxigênio dissolvido devido à presença de bactérias anaeróbicas.
b) incremento da oxidação da matéria orgânica por um agente químico.
c) elevado teor de oxigênio dissolvido devido à baixa concentração de matéria orgânica.
d) incremento da decomposição microbiana aeróbica, pela maior presença de matéria orgânica.
e) boa qualidade da água para desenvolvimento da vida aquática devido à concentração de oxigênio
dissolvido.

Comentários

A demanda bioquímica de oxigênio (DB) representa a quantidade de oxigênio requerida por


microrganismos aeróbios para a oxidação de compostos orgânicos presentes na fase líquida. Então, as
alternativas A, C e E estão erradas por afirmarem que altos valores de DBO indicam altas concentrações de
oxigênio e boa qualidade da água, quando ocorre justamente o contrário.

A alternativa B também está errada, porque menciona um incremento da oxidação da matéria


orgânica por um agente químico e não biológico, o que está relacionado à DQO.

Já a alternativa D está correta e é o nosso gabarito, visto que menciona a decomposição microbiana
aeróbica diante da presença de matéria orgânica.

17. (FCC/SABESP - 2014) Em relação aos sistemas de tratamento de esgotos, é correto afirmar que
a) não se pode utilizar as águas provenientes do tratamento de esgotos, no setor urbano.

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b) os emissários constituem o conduto final de um sistema de esgotos, afastando os efluentes e


encaminhando-os para as estações de tratamento.
c) a remoção de substâncias orgânicas dissolvidas é feita por meio de caixas de areia
d) a remoção de gordura ocorre no tratamento avançado do sistema de tratamento de esgotos.
e) o tratamento avançado compreende as fases de decantação e digestão.

Comentários

A alternativa A está errada. As águas provenientes do tratamento de esgotos são águas consideradas
limpas o suficiente para serem despejados nos corpos de água novamente e serem captadas para
abastecimento urbano.

Além disso, pode haver o reuso de água não potável para fins urbanos, como irrigação paisagística,
lavagem de logradouros públicos e veículos, desobstrução de tubulações, construção civil, edificações,
combate a incêndio, dentro da área urbana.

A alternativa B está correta e é o nosso gabarito. Os emissários são tubulações que recebem esgoto
exclusivamente na extremidade de montante, ou seja, não recebe contribuições ao longo de sua extensão.
Na verdade, os emissários encaminham o esgoto a seu destino, que normalmente é uma estação de
tratamento.

A alternativa C está errada, uma vez que a desarenação destina-se à remoção de areia (sólidos
grosseiros sedimentáveis) propriamente dita. Normalmente, esse processo é realizado por caixas de areia,
em que ocorre a sedimentação do material arenoso no fundo do compartimento. Esta etapa também possui
o intuito de proteger os equipamentos e tubulações, evitando o poder abrasivo da areia, reduzindo a
possibilidade de obstrução dos diversos dispositivos subsequentes, como tubulações, orifícios e sifões, além
de facilitar o transporte do efluente a ser tratado.

A alternativa D está errada, porque a remoção de gordura ocorre no tratamento preliminar do


sistema de tratamento de esgotos, antes dos processos principais.

A alternativa E está errada, pois a decantação e a digestão são processos usuais das etapas primária
e secundária, não avançados.

18. (FCC/SABESP - 2014) O trecho final da tubulação, que conduz o esgoto até a rede pública ou ao
sistema de esgoto individual, é denominado
a) ramal de descarga.
b) subcoletor.
c) coletor público.
d) tubo de queda.
e) coletor predial.

Comentários
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Segundo definição da NBR 8.160/97, é o coletor predial que compreende o trecho de tubulação entre
a última inserção de subcoletor, ramal de esgoto ou de descarga, ou caixa de inspeção geral e o coletor
público ou sistema particular.

Então, a alternativa E está correta e é o nosso gabarito.

19. (FCC/MPU - 2007) Qualquer ocupação urbana gera impactos sobre o meio de diferentes formas e
graus, que se refletem na poluição do ar, das águas e dos solos. Em particular, como se observa
nas Regiões Metropolitanas das grandes capitais brasileiras, a combinação das atividades típicas
de cidades, como moradia, indústria e comércio, demanda facilidades de energia, transporte, vias
de acesso e etc., que acentuam os problemas de contaminação dos solos, enchentes, doenças
respiratórias e outros. O gerenciamento das grandes metrópoles exige da engenharia o
conhecimento dos fatores causadores destes problemas, das tecnologias disponíveis para
prevenção, manejo e remediação e ainda a existência de um arcabouço legal e
institucional para sua efetivação.
Devido à escassez de recursos hídricos, o reuso de água planejado pode ser empregado nas
grandes metrópoles. Os organismos internacionais não recomendam o reuso de efluentes de
estações de tratamento de esgotos para
a) indústria.
b) agricultura.
c) reflorestamento.
d) abastecimento público.
e) lavagem de vias públicas.

Comentários

Diante do potencial em apresentar agentes patogênicos, a água de reuso não é adequada para usos
que permitem o contato direto com ela, como é o caso da dessedentação humana, do banho e da lavagem
das mãos.

Por isso, a alternativa D está correta e é o nosso gabarito.

20. (FCC/MPU - 2007) Os meios empregados na remoção ou transformação das características dos
esgotos definem diferentes processos de tratamento conforme o tipo de material que se prioriza
remover. Entre os meios adequados para a remoção de sólidos grosseiros, em suspensão e
sedimentáveis, estão:
a) tanques de flotação, tanques de precipitação química e filtros de areia.
b) tanques de retenção de gorduras, tanques de flotação e decantadores com removedores de
escuma.
c) crivos, grades, desintegradores, caixa de areia e centrifugadores.

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d) irrigação de grandes superfícies, campo de nitrificação com e sem finalidade agrícola, filtros
biológicos, lagoas de estabilização, tanques de lodos ativados, tanques sépticos e valos de oxidação ou
sistemas de oxidação total.
e) cloração, reagentes químicos, instalações biológicas.

Comentários

A alternativa A está errada, pois tanques de flotação e de precipitação química não são utilizados para
remoção de sólidos grosseiros.

A alternativa B está errada, uma vez que tanques de flotação e decantadores também não são
utilizados para remoção de sólidos grosseiros.

A alternativa C foi considerada correta pela banca, que considerou que podem ser utilizadas
centrífugas para remoção de sólidos grosseiros. Na verdade, no processo de tratamento de efluentes, as
centrífugas são normalmente utilizadas para secagem do lodo gerado.

A alternativa D está errada, porque não mencionou sequer um equipamento adequado para remoção
de sólidos grosseiros.

A alternativa E está errada, visto que também não mencionou nenhum equipamento adequado para
remoção de sólidos grosseiros.

21. (IBFC/EMBASA - 2017) A vazão de esgoto sanitário que chega à ETE é composta pela soma de três
parcelas. Assinale a alternativa que não indica uma dessas parcelas:
a) Vazão à jusante
b) Vazão industrial
c) Vazão doméstica
d) Vazão de infiltração

Comentários

Durante a aula, estudamos que, para dimensionamento do sistema de esgotamento sanitário, deve
ser considerada a soma das vazões doméstica, de infiltração e industrial.

Vazão a jusante significa simplesmente a vazão que sai da ETE, não a que chega (a montante). Por
isso, a alternativa A está errada e é o nosso gabarito.

22. (FUNDEP/PREFEITURA DE IBIRITÉ-MG - 2016) No que se refere aos sistemas de esgoto sanitário,
assinale a alternativa CORRETA.
a) Ramal predial é aquele que transporta o esgoto de um prédio para outro no sistema de esgoto.
b) Poços de visita (PV): são poços cuja finalidade é permitir a visita periódica ao sistema de esgoto de
cada prédio contribuinte, evitando, assim, a necessidade de acesso ao interior do imóvel.
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c) Coletor de esgoto: é o funcionário responsável pela coleta de dados de produção de esgoto em cada
imóvel, visando à emissão da tarifa mensal a ser cobrada pela instituição responsável.
d) Os interceptores correm nos fundos de vale margeando cursos d’água ou canais, evitando que o
esgoto seja lançado nos corpos d’água.

Comentários

A alternativa A está errada, pois no sistema de esgoto não há ramais que transportam esgoto de um
prédio para o outro. Os ramais (tubulações) dos prédios recebem os respectivos esgotos e o levam à rede
coletora.

A alternativa B está errada, porque os poços de visita são câmaras visitáveis por meio de abertura
existente em sua parte superior, destinadas à execução de trabalhos de manutenção, inspeção e limpeza da
rede. Ou seja, os PVs estão localizados na via pública mesmo, não em cada prédio como afirma a alternativa.

A alternativa C está errada, porque coletor de esgoto é a tubulação da rede coletora que recebe
contribuição de esgoto dos coletores prediais em qualquer ponto ao longo do seu comprimento. Tais
coletores levam o esgoto a tubulações maiores, conhecidos como coletores tronco, os quais recebem
apenas contribuição de esgoto de outros coletores.

A alternativa D está correta e é o nosso gabarito. Os coletores tronco encaminham o esgoto aos
interceptores, que também não recebem contribuições diretas dos prédios e geralmente correm nos fundos
de vale margeando cursos de água ou canais. São responsáveis pelo transporte dos esgotos gerados na sub-
bacia, evitando que os mesmos sejam lançados nos corpos de água.

23. (UFSM/UFSM - 2018) Em um projeto de sistema coletivo de esgoto, de acordo com a norma ABNT
NBR 9649:1986, um poço de visita, garantidas as condições de acesso de equipamento para
limpeza do trecho de jusante, pode ser substituído por
a) caixas de passagem, nas mudanças de direção, declividade, material e diâmetro, quando possível a
supressão do degrau.
b) caixa de passagem, na reunião que exige colocação de tubo de queda.
c) conexões, nas mudanças de direção e declividade quando as deflexões não coincidem com as dessas
peças.
d) tubo de inspeção e limpeza, na reunião de mais de dois trechos ao coletor.
e) tubo de inspeção e limpeza, nos pontos com degrau de altura superiora 0,50 m.

Comentários

Segundo a NBR 9649/86, devem ser construídos poços de visita em todos os pontos singulares da rede
coletora, tais como no início de coletores, nas mudanças de direção, de declividade, de diâmetro e de
material, na reunião de coletores e onde há degraus.

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Todavia, se forem garantidas as condições de acesso de equipamento para limpeza do trecho a


jusante, pode ser usada caixa de passagem em substituição a poço de visita nas mudanças de direção,
declividade, material e diâmetro, quando possível a supressão de degrau (item 5.2.2).

Portanto, a alternativa A está correta e é o nosso gabarito.

24. (FUNCERN/IF-RN - 2015, adaptada) A ABNT NBR 12209:2011 dá as diretrizes para a elaboração
de projetos hidráulico-sanitários de estações de tratamento de esgotos sanitários.
De acordo com essa norma,
a) a vazão de dimensionamento do decantador primário deve ser a vazão referente à média diária
afluente à unidade.
b) a utilização da radiação ultravioleta para desinfecção do esgoto tratado na ETE requer um efluente
com concentração de sólidos suspensos totais inferior a 40 mg/l.
c) a vazão de dimensionamento das grades e peneiras deve ser a vazão referente à média diária
afluente à ETE.
d) a utilização da ozonização para desinfecção do esgoto tratado requer um efluente com
concentração de sólidos totais em suspensão inferior a 20 mg/l.

Comentários

A alternativa A está errada, pois a vazão de dimensionamento do decantador primário deve ser a
vazão máxima horária afluente à unidade (NBR 12.209/11, item 6.3.1).

A alternativa B está correta e é o nosso gabarito, conforme prevê o item 8.3.4 da NBR 12.209/11.

A alternativa C está errada, uma vez que a vazão de dimensionamento das grades e peneiras deve ser
a vazão máxima afluente à ETE (item 6.1.7).

A alternativa D está errada, porquanto a norma diz em sólidos suspensos totais inferiores a 10 mg/L
(não 20 mg/L) para a ozonização (NBR 12.209/11, item 8.4.3).

25. (FUNCERN/IF-RN - 2015) A ABNT NBR 9649:1986 estabelece definições e critérios para projetos
de redes de esgotamento sanitário.
De acordo com essa norma,
a) os trechos da rede de esgotamento devem ser verificados pelo critério de tensão trativa média de
valor mínimo de 1 Pa.
b) os diâmetros das redes de esgotos são previstos, nas normas e especificações brasileiras relativas
aos diversos materiais, com o valor mínimo de DN 150.
c) coletor principal é a tubulação da rede coletora que recebe apenas contribuição de esgotos de
outros coletores.

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d) terminal de limpeza é o dispositivo não visitável no final da rede coletora, que permite inspeção e
introdução de equipamentos de limpeza.

Comentários

A alternativa A está correta e é o nosso gabarito, nos termos do item 5.1.4.

A alternativa B está errada, visto que o valor mínimo de diâmetro nominal é 100, não 150 (item 5.1.2).

A alternativa C está errada, pois a NBR 9.649/89 define coletor principal como aquele de maior
extensão dentro de uma mesma bacia (item 3.3). A tubulação da rede coletora que recebe apenas
contribuição de esgotos de outros coletores refere-se ao coletor tronco (item 3.4).

A alternativa D está errada, considerando que apresentou a definição de poço de visita. O terminal
de limpeza na verdade é o dispositivo que permite introdução de equipamentos de limpeza, localizado na
cabeceira de qualquer coletor.

26. (FGV/PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS-SC - 2014) Na recente crise de abastecimento hídrico no


Estado de São Paulo, o reuso da água tem sido apontado como uma opção interessante. Quando
se utiliza o reuso indireto, o esgoto tratado é lançado:
a) no ambiente, em águas superficiais ou subterrâneas, como rios e aquíferos;
b) em reservatórios elevados, para suprir os volumes de emergência e de regularização;
c) no sistema de distribuição, conjugado ao reservatório de jusante;
d) em estuários, de modo a reduzir a salinidade e o teor de sódio desses sistemas
e) em adutoras de distribuição domiciliar, para banhos e limpeza de utensílios.

Comentários

A alternativa A está correta e é o nosso gabarito. Quando se fala em uso indireto, refere-se à
utilização, a jusante, de água diluída após o despejo de algum local a montante. Então, é correto dizer que
nesse caso o esgoto tratado é lançado no ambiente, em águas superficiais ou subterrâneas, como rios e
aquíferos.

Todas as demais alternativas apresentaram alternativas de uso direto da água, sem que seja feito o
despejo nos corpos hídricos.

27. (FGV/TJ-AM - 2013) A realização de estudos referentes a alguns fatores que determinam o perfil
do consumidor são fundamentais para a análise de uma instalação hidrossanitária. Um desses
fatores é o coeficiente de retorno. Um coeficiente de retorno elevado indica que
a) o volume de esgoto está próximo do volume de água fornecido.
b) a contribuição de água pluvial é elevada no volume de esgoto.
c) o volume de esgoto industriais despejado no sistema de esgoto é elevado.

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d) a vazão média de esgoto está próxima de sua vazão máxima.


e) o atendimento à população com instalações hidrossanitárias é elevado.

Comentários

Segundo definição da NBR 9.649/86, coeficiente de retorno consiste na relação média entre os
volumes de esgoto produzido e de água efetivamente consumida (item 3.13).

Portanto, se o coeficiente de retorno é alto, isso significa que o volume de esgoto produzido está
próximo ao volume de água fornecido (consumido), sendo a alternativa A o nosso gabarito.

28. (FGV/TJ-AM - 2013) O plano de escoamento em projetos de redes de esgoto sanitário é definido
pela topografia, de modo que o fluxo seja orientado no sentido do ponto de maior para o de
menor cota, fazendo com que o escoamento seja sempre gravitário.
O tipo de traçado da rede de esgoto que normalmente é utilizado em localidades que apresentam
baixas declividades é
a) o traçado radial.
b) o traçado perpendicular.
c) o traçado em leque.
d) o traçado bilateral.
e) o traçado unilateral.

Comentários

O traçado da rede de esgotamento sanitário deve observar a topografia do terreno, a presença de


corpos hídricos e outros possíveis elementos de interesse, havendo três tipos básicos de traçado.

O traçado perpendicular é utilizado em cidades atravessas ou circundadas por cursos de água, sendo
que os vários coletores tronco são independentes e tentando-se ser perpendiculares a esses cursos. Nesse
traçado, geralmente se constrói um interceptor margeando o curso de água.

O traçado em leque lembra uma espinha de peixe e é próprio de terrenos acidentados, com o coletor
tronco correndo pelo fundo dos vales, isto é, as partes mais baixas da bacia.

Por fim, o traçado radial, também chamado distrital, é um sistema típico de cidades planas, dividindo-
se em setores independentes. Devido à criação de pontos baixos, normalmente se necessita recalque para
bombeamento do esgoto ao destino final, como uma ETE.

Portanto, o tipo de traçado da rede de esgoto que normalmente é utilizado em localidades que
apresentam baixas declividades é o radial/distrital, sendo a alternativa A o nosso gabarito.

29. (FGV/TJ-AM - 2013) Em um sistema de esgoto é prevista a construção de uma instalação


denominada “visita”, que é uma câmara que possui uma abertura para o acesso de equipamentos,
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e trabalhadores para executar trabalhos de manutenção. Assinale a alternativa que corresponde


a uma situação de obrigatoriedade para a construção dessa instalação.
a) Reunião de mais de dois coletores de esgoto.
b) Coletores com diâmetro igual ou superior a 100mm.
c) Coletores que apresentam mudanças na direção, de declividade ou de diâmetro.
d) Coletores com profundidade maior que 1 metro.
e) Coletores que possuem diâmetro superior a 200 mm e com profundidade maior que 1 metro.

Comentários

É importante saber que há alguns casos em que é obrigatório o uso dos poços de visita, quais sejam
(item 5.2.5):

a) na reunião de mais de dois trechos ao coletor;

b) na reunião que exige colocação de tubo de queda;

c) nas extremidades de sifões invertidos e passagens forçadas;

d) quando a profundidade for maior ou igual a 3 metros. Neste caso, não pode haver a substituição
dos PVs por caixas de passagem, terminais de limpeza ou tubos de inspeção e limpeza.

Nesses termos, a alternativa A é a mais adequada e é o nosso gabarito, embora mencione reunião de
mais de dois coletores e não trechos.

Lembrando que nas mudanças de direção, declividade, material e diâmetro pode ser usada caixa de
passagem em substituição a poço de visita se forem garantidas as condições de acesso de equipamento
para limpeza do trecho a jusante, quando possível a supressão de degrau. Como a questão não mencionou
nada sobre a profundidade, considera-se esta uma possibilidade e, por isso, a alternativa C está errada.

30. (UFTM/UFTM - 2014, adaptada) A utilização de Poços de Visita em redes coletoras de esgoto é
considerada obrigatória na reunião de coletores
a) com mais de duas entradas, necessidade de tubo de queda, profundidade menor que 2,0 m.
b) com mais de duas entradas, necessidade de tubo de queda, profundidade maior que 2,0 m.
c) com mais de três entradas, necessidade de tubo de queda, profundidade menor que 3,0 m.
d) com mais de três entradas, necessidade de tubo de queda, profundidade maior que 3,0 m.

Comentários

Os casos em que é obrigatório o uso dos poços de visita são (NBR 9.649/86, item 5.2.5):

a) na reunião de mais de dois trechos ao coletor;


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b) na reunião que exige colocação de tubo de queda;

c) nas extremidades de sifões invertidos e passagens forçadas;

d) quando a profundidade for maior ou igual a 3 metros. Neste caso, não pode haver a substituição
dos PVs por caixas de passagem, terminais de limpeza ou tubos de inspeção e limpeza.

A questão é polêmica, porque a reunião de dois trechos ao coletor representa 3 entradas e uma saída.
Então, a reunião de mais de dois trechos ao coletor, representaria pelo menos 4 entradas e uma saída. De
todo modo, a alternativa que mais se aproxima de algumas dessas exigências é a alternativa D, o gabarito
da banca.

31. (UFTM/UFTM - 2014) A norma NBR 9649/1986 recomenda que, em qualquer trecho da rede
coletora, o menor valor da vazão a ser utilizado nos cálculos do dimensionamento da tubulação
é:
a) 3,0 L/s
b) 1,5 L/s
c) 2,5 L/s
d) 5,0 L/s

Comentários

De acordo com o item 5.1.1.1 da NBR 9.649/86, inexistindo dados pesquisados e comprovados, com
validade estatística, recomenda-se como o menor valor de vazão 1,5 L/s em qualquer trecho.

Logo, a alternativa B está correta e é o nosso gabarito.

32. (CESGRANRIO/PETROBRAS - 2012) Conforme a NBR 7229:1993 (Projeto, construção e operação


de sistemas de tanques sépticos), o uso do sistema de tanque séptico é indicado para a
a) retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando a rede coletora com declividade reduzida for
utilizada para transportar efluente livre de sólidos sedimentáveis.
b) retenção posterior dos sólidos sedimentáveis, quando a rede coletora com diâmetro aumentado
for utilizada para transportar efluente livre de sólidos sedimentáveis.
c) eliminação do conteúdo da zona de digestão, através de sua instalação prismática.
d) eliminação do conteúdo da zona de decantação, por pressão hidrostática.
e) direcionamento da água residual, infiltrada no solo, em áreas desprovidas de rede pública coletora
de esgoto.

Comentários

Segundo o item 4.2 da NBR 7.229/93, o uso do sistema de tanque séptico somente é indicado para as
seguintes situações:
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a) área desprovida de rede pública coletora de esgoto;

b) alternativa de tratamento de esgoto em áreas providas de rede coletora local;

c) retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando da utilização de rede coletora com diâmetro
e/ou declividade reduzidos para transporte de efluente livre de sólidos sedimentáveis.

Portanto, a alternativa A está correta e é o nosso gabarito.

As demais alternativas estão em desacordo com essas três hipóteses.

33. (FUNIVERSA/MPE-GO - 2010) Os processos de tratamento de água residuária são reunidos em


grupos distintos, ou seja, os físicos, os químicos e os biológicos. Assinale a alternativa correta em
relação aos processos de tratamento de água residuária.
a) Os processos químicos são utilizados para separar sólidos em suspensão na água residuária a ser
tratada, bem como para equalizar e homogeneizar um efluente.
b) Os processos químicos de cloração, de coagulação e de neutralização do pH são utilizados para a
remoção de sólidos em suspensão coloidal ou mesmo dissolvidos.
c) O processo de lodos ativados pode ser definido como um sistema no qual uma massa biológica que
cresce e flocula é continuamente recirculada e colocada em contato com a matéria inorgânica do despejo
do líquido afluente ao sistema, em presença de oxigênio.
d) Os tanques de retenção de material flutuante, quando necessários, são utilizados para a remoção
de gorduras, óleos, graxas e outras substâncias com densidade maior que a da água.
e) As lagoas aeradas são providas de aeradores ou dispositivos de introdução de oxigênio, suprindo a
ausência de algas que ali proliferam por causa da intensa agitação da massa líquida.

Comentários

A alternativa A está errada, porque são os processos de equalização e homogeneização de efluentes


para separação dos sólidos em suspensão são majoritariamente físicos, não químicos.

A alternativa B está correta e é o nosso gabarito, visto que mencionou adequadamente alguns dos
processos químicos que podem ser realizados no tratamento de efluentes.

A alternativa C está errada, visto que a massa biológica que cresce e flocula é continuamente
recirculada e colocada em contato com a matéria orgânica, não inorgânica.

A alternativa D está errada, uma vez que o material flutuante só vai de fato flutuar se tiver densidade
menor do que a água, não maior.

A alternativa E está errada, porque nas lagoas aeradas, especialmente nas facultativas, embora parte
do oxigênio necessário para manter as camadas aeradas seja fornecida pelos aeradores, outra parte é
fornecida pela atividade fotossintética de algas.

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34. (FUNIVERSA/MPE-GO - 2010) Assinale a alternativa correta em relação aos processos de


tratamento de esgoto em uma estação de tratamento de esgoto (ETE).
a) A remoção de nutrientes, metais pesados e compostos não biodegradáveis ocorre no tratamento
secundário.
b) A eliminação de microrganismos patogênicos ocorre no tratamento terciário.
c) A digestão do lodo é um processo típico do tratamento secundário.
d) A remoção da matéria orgânica por tratamento biológico ocorre no tratamento secundário.
e) A remoção de areia ocorre no tratamento primário do esgoto.

Comentários

A alternativa A está errada, uma vez que a remoção de tais compostos ocorre no tratamento terciário,
não secundário.

A alternativa B foi considerada errada pela banca, mas para mim não há qualquer incorreção, uma
vez que a eliminação de microrganismos patogênicos, embora ocorra no tratamento todo de modo geral,
pode sim ser intensificada no tratamento terciário. É o caso da remoção de microrganismos patogênicos
que não foram removidos nas etapas anteriores, que podem ser removidos por cloração, ozonização,
radiação ultravioleta, ultrassom etc. Faltou uma palavra limitante como "apenas" ou "somente" para a
alternativa estivesse de fato incorreta.

A alternativa C está errada, porque o tratamento secundário visa primordialmente a diminuir a


matéria orgânica do esgoto, não digerir o lodo produzido.

A alternativa D está correta e é o nosso gabarito, vide justificativa da alternativa anterior.

A alternativa E está errada, uma vez que a remoção de areia ocorre no tratamento preliminar do
esgoto, não primário.

35. (VUNESP/CETESB-SP - 2009) Em consequência do despejo de esgoto urbano, sem tratamento,


em rios e lagoas, é correto afirmar que
a) a quantidade de oxigênio dissolvido na água aumenta.
b) a concentração de fosfato e nitrato diminui.
c) a quantidade de bactérias anaeróbicas diminui.
d) a concentração de fosfato e nitrato aumenta.
e) a competitividade pelos nutrientes favorece espécies de peixes.

Comentários

A alternativa A está errada, porque, quando esgoto urbano é despejado sem tratamento nos corpos
hídricos, a tendência é que o oxigênio dissolvido da água diminua, não aumente.

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A alternativa B está errada, uma vez que o despejo provavelmente aumentará a quantidade de
nutrientes, como fosfato e nitrato, na água.

A alternativa C está errada, considerando que haverá crescimento de bactérias anaeróbias pelo
aumento de matéria orgânica que serve como "alimento".

A alternativa D está correta e é o nosso gabarito, vide justificativa da alternativa B.

A alternativa E está errada, porquanto uma maior quantidade de nutrientes na água favorecerá o
processo de eutrofização, ou seja, crescimento de algas que inviabilizam a entrada de luz solar e, por
conseguinte, diminui a quantidade de oxigênio dissolvido na água, facilitando a mortandade de peixes.

36. (VUNESP/CETESB-SP - 2009) Relacione os componentes principais do processo de tratamento de


esgoto urbano/doméstico por lodo ativado e os processos envolvidos:
1. Decantador primário assistido;
2. Reator biológico;
3. Digestor anaeróbico;
4. Gradeamento grosso;
w - Processo aeróbico a céu aberto;
x - Separação de sólidos grosseiros;
y - Sedimentação e precipitação química;
z - Digestão microbiológica de lodo com formação de metano.
A associação correta é
a) 1 com y; 2 com w; 3 com z e 4 com x.
b) 1 com x; 2 com z; 3 com y e 4 com w.
c) 1 com z; 2 com y; 3 com x e 4 com w.
d) 1 com w; 2 com z; 3 com y e 4 com x.
e) 1 com y; 2 com w; 3 com x e 4 com z.

Comentários

O tratamento primário quimicamente assistido, também chamado tratamento primário avançado,


utiliza produtos químicos, como coagulantes, para melhorar o desempenho das unidades primárias de
sedimentação. Então, o decantador primário assistido (1) promove uma sedimentação e precipitação
química (y).

Conforme estudamos durante a aula, um reator biológico (2) de lodos ativados promove degradação
por processos aeróbios (w).

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O lodo excedente gerado pelo processo de lodos ativados é destinado a um sistema de tratamento,
normalmente composto por digestores anaeróbios (3), os quais emitem biogás com metano (z).

Por fim, no tratamento preliminar, o gradeamento grosso (4) promove a separação de sólidos
grosseiros (x).

Portanto, as corretas correspondências são 1 com y, 2 com w, 3 com z e 4 com x, sendo a alternativa A o
nosso gabarito.

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LISTA DE QUESTÕES

Tratamento de esgoto

1. (CEBRASPE/SLU-DF - 2019) Com relação a tecnologias de tratamento de efluentes sanitários e de


redes de esgotamento sanitário, julgue o item que se segue.
O traçado da rede de esgotamento sanitário do tipo leque é indicado para cidades com terrenos acidentados,
enquanto o traçado do tipo radial é indicado para cidades planas.
2. (CEBRASPE/SLU-DF - 2019) Com relação a tecnologias de tratamento de efluentes sanitários e de
redes de esgotamento sanitário, julgue o item que se segue.
Se as tubulações de esgoto forem dimensionadas em regime de escoamento permanente e uniforme, a vazão
não mudará ao longo do tempo.
3. (CESPE/MPU - 2013) No recadastramento de um coletor tronco da rede coletora de esgotos de
uma cidade, os poços de visita (PVs) 16, 17 e 18 apresentaram os dados topográficos a seguir.
PV16: cota da tampa = 802,352 m; cota do fundo = 800,852 m;
PV17: cota da tampa = 802,348 m; cota do fundo = 800,727 m;
PV18: cota da tampa = 802,325 m; cota do fundo = 799,402 m.
Com base nos dados apresentados, julgue o item que se segue.
Considere que o referido coletor tenha sido construído em 1975 e que há frequentes transbordamentos nos poços
de visita, com o aumento da vazão de esgotos produzidos. Nesse caso, uma das causas dos transbordamentos
pode ser o adensamento urbano na área que drena para esse coletor.
4. (CESPE/MPU - 2013) No recadastramento de um coletor tronco da rede coletora de esgotos de
uma cidade, os poços de visita (PVs) 16, 17 e 18 apresentaram os dados topográficos a seguir.
PV16: cota da tampa = 802,352 m; cota do fundo = 800,852 m;
PV17: cota da tampa = 802,348 m; cota do fundo = 800,727 m;
PV18: cota da tampa = 802,325 m; cota do fundo = 799,402 m.
Com base nos dados apresentados, julgue o item que se segue.
Se a distância entre o PV16 e o PV17 for de 65 m, então a declividade da tubulação entre eles será superior a
0,25%.
5. (CESPE/MPU - 2013) No que concerne a sistema de coleta de esgoto, rede de esgoto, coletores e
emissários interceptores, julgue o item subsecutivo.
Os interceptores de esgoto devem atender às seguintes condições: a tensão trativa deve ser superior à da rede
coletora, a máxima declividade deve resultar em velocidade de 10 m/s para o início do trecho, a lâmina de água

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para a vazão máxima final deve ser limitada a 50% do diâmetro da tubulação e o ângulo máximo de deflexão
em planta, entre trechos adjacentes, deve ser superior a 30º.
6. (CESPE/MPOG - 2012) Com relação a projeto e execução de obras de saneamento, julgue o item
a seguir.
No dimensionamento da rede coletora de esgoto, o coeficiente de retorno equivale à relação volumétrica entre
o esgoto recolhido e o consumo de água.
7. (UFRRJ/UFRRJ - 2019) A desinfecção do lodo é uma operação necessária se seu destino for o uso
na agricultura. Assinale a alternativa que apresenta processos de higienização do lodo.
a) Caleação, tratamento térmico e compostagem.
b) Filtro prensa, centrífuga e secagem térmica
c) Digestão anaeróbia, compostagem e centrífuga.
d) Digestão aeróbia, filtro prensa e caleação.
e) Filtro a vácuo, digestão aeróbia e tratamento térmico.
8. (CS-UFG/PREFEITURA DE GOIANIRA-GO - 2019) As lagoas de estabilização são classificadas de
acordo com a predominância do processo. Entre elas está a lagoa de maturação, que tem como
principal objetivo
a) a remoção de sólidos grosseiros.
b) a remoção de micro-organismos patogênicos.
c) a redução adicional de DBO.
d) a sedimentação dos sólidos.
9. (CS-UFG/PREFEITURA DE GOIANIRA-GO - 2019) Os tanques sépticos, usualmente utilizados para
pequenas populações contribuintes, são uma forma de tratamento em nível
a) preliminar.
b) primário.
c) secundário.
d) terciário.
10. (CS-UFG/PREFEITURA DE GOIANIRA-GO - 2019) Na estação de tratamento, o esgoto bruto é
submetido a uma série de etapas que visam à remoção dos poluentes para o seu posterior
lançamento em mananciais. Sobre estas etapas, tem-se que:
a) o principal objetivo do tratamento secundário é a remoção de sólidos suspensos e matéria orgânica.
b) o tratamento primário é indispensável em qualquer projeto, pois destina-se à remoção de sólidos
grosseiros.
c) inclui-se em tratamento primário a unidade destinada à medição de vazão.
d) inclui-se em tratamento secundário os sistemas alagados construídos.

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11. (CS-UFG/PREFEITURA DE GOIANIRA-GO - 2019) O sistema de esgoto sanitário é separado em


partes, as quais têm funções específicas. Uma delas diz respeito à tubulação da rede coletora que
recebe apenas contribuição de esgoto de outros coletores. Esta parte do sistema recebe o nome
de
a) coletor tronco.
b) coletor principal.
c) coletor predial.
d) coletor de esgoto.
12. (FCC/SABESP - 2018) A Norma Brasileira que trata do reuso local de esgoto é a
a) NBR 12.209
b) NBR 8.160
c) NBR 12.216
d) NBR 15.527
e) NBR 13.969
13. (FCC/PREFEITURA DE TERESINA - 2016) Nos sistemas de tratamento de esgotos o principal
objetivo é a redução da matéria orgânica presente no efluente e posterior desinfecção.
Dependendo do constituinte do esgoto e do corpo receptor onde o efluente tratado será lançado,
pode ser necessário também a retirada dos nutrientes (N e P) presentes.
Estes nutrientes podem ser um problema para o despejo nos corpos receptores, mas são
desejados quando a utilização deste efluente for para
a) flotação.
b) cloração.
c) irrigação.
d) ozonização.
e) decantação.
14. (FCC/SEGEP-MA - 2016) O reuso de água tem por finalidade tentar diminuir a escassez hídrica em
algumas localidades ou mesmo a diminuição de sua retirada dos corpos hídricos, seja qual for o
motivo é uma forma de diminuir a pressão causada pela demanda de usos e aplicação do uso da
água. NÃO é correto reuso de água para
a) irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de autoestradas,
campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais e telhados verdes.
b) irrigação de campos para cultivos: plantio de forrageiras, plantas fibrosas e de grãos, plantas
alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas.
c) usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento.

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d) recarga de aquíferos: recarga de aquíferos potáveis, controle de intrusão marinha, controle de


recalques de subsolo.
e) usos Domiciliares: banho, lavagem de pisos, irrigação de plantas ornamentais.
15. (FCC/SABESP - 2014) Se o efluente apresenta valor de DBO próximo ao valor do Demanda
Química de Oxigênio - DQO significa que
a) o processo de degradação será rápido.
b) o efluente apresenta baixa capacidade de biodegradação.
c) a degradação química será mais importante no processo de degradação.
d) o processo de degradação será lento.
e) o efluente é biodegradável.
16. (FCC/SABESP - 2014) Um elevado valor da Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO em um corpo
de água significa
a) elevado teor de oxigênio dissolvido devido à presença de bactérias anaeróbicas.
b) incremento da oxidação da matéria orgânica por um agente químico.
c) elevado teor de oxigênio dissolvido devido à baixa concentração de matéria orgânica.
d) incremento da decomposição microbiana aeróbica, pela maior presença de matéria orgânica.
e) boa qualidade da água para desenvolvimento da vida aquática devido à concentração de oxigênio
dissolvido.
17. (FCC/SABESP - 2014) Em relação aos sistemas de tratamento de esgotos, é correto afirmar que
a) não se pode utilizar as águas provenientes do tratamento de esgotos, no setor urbano.
b) os emissários constituem o conduto final de um sistema de esgotos, afastando os efluentes e
encaminhando-os para as estações de tratamento.
c) a remoção de substâncias orgânicas dissolvidas é feita por meio de caixas de areia
d) a remoção de gordura ocorre no tratamento avançado do sistema de tratamento de esgotos.
e) o tratamento avançado compreende as fases de decantação e digestão.
18. (FCC/SABESP - 2014) O trecho final da tubulação, que conduz o esgoto até a rede pública ou ao
sistema de esgoto individual, é denominado
a) ramal de descarga.
b) subcoletor.
c) coletor público.
d) tubo de queda.
e) coletor predial.
19. (FCC/MPU - 2007) Qualquer ocupação urbana gera impactos sobre o meio de diferentes formas e
graus, que se refletem na poluição do ar, das águas e dos solos. Em particular, como se observa
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nas Regiões Metropolitanas das grandes capitais brasileiras, a combinação das atividades típicas
de cidades, como moradia, indústria e comércio, demanda facilidades de energia, transporte, vias
de acesso e etc., que acentuam os problemas de contaminação dos solos, enchentes, doenças
respiratórias e outros. O gerenciamento das grandes metrópoles exige da engenharia o
conhecimento dos fatores causadores destes problemas, das tecnologias disponíveis para
prevenção, manejo e remediação e ainda a existência de um arcabouço legal e
institucional para sua efetivação.
Devido à escassez de recursos hídricos, o reuso de água planejado pode ser empregado nas
grandes metrópoles. Os organismos internacionais não recomendam o reuso de efluentes de
estações de tratamento de esgotos para
a) indústria.
b) agricultura.
c) reflorestamento.
d) abastecimento público.
e) lavagem de vias públicas.
20. (FCC/MPU - 2007) Os meios empregados na remoção ou transformação das características dos
esgotos definem diferentes processos de tratamento conforme o tipo de material que se prioriza
remover. Entre os meios adequados para a remoção de sólidos grosseiros, em suspensão e
sedimentáveis, estão:
a) tanques de flotação, tanques de precipitação química e filtros de areia.
b) tanques de retenção de gorduras, tanques de flotação e decantadores com removedores de
escuma.
c) crivos, grades, desintegradores, caixa de areia e centrifugadores.
d) irrigação de grandes superfícies, campo de nitrificação com e sem finalidade agrícola, filtros
biológicos, lagoas de estabilização, tanques de lodos ativados, tanques sépticos e valos de oxidação ou
sistemas de oxidação total.
e) cloração, reagentes químicos, instalações biológicas.
21. (IBFC/EMBASA - 2017) A vazão de esgoto sanitário que chega à ETE é composta pela soma de três
parcelas. Assinale a alternativa que não indica uma dessas parcelas:
a) Vazão à jusante
b) Vazão industrial
c) Vazão doméstica
d) Vazão de infiltração
22. (FUNDEP/PREFEITURA DE IBIRITÉ-MG - 2016) No que se refere aos sistemas de esgoto sanitário,
assinale a alternativa CORRETA.
a) Ramal predial é aquele que transporta o esgoto de um prédio para outro no sistema de esgoto.
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b) Poços de visita (PV): são poços cuja finalidade é permitir a visita periódica ao sistema de esgoto de
cada prédio contribuinte, evitando, assim, a necessidade de acesso ao interior do imóvel.
c) Coletor de esgoto: é o funcionário responsável pela coleta de dados de produção de esgoto em cada
imóvel, visando à emissão da tarifa mensal a ser cobrada pela instituição responsável.
d) Os interceptores correm nos fundos de vale margeando cursos d’água ou canais, evitando que o
esgoto seja lançado nos corpos d’água.
23. (UFSM/UFSM - 2018) Em um projeto de sistema coletivo de esgoto, de acordo com a norma ABNT
NBR 9649:1986, um poço de visita, garantidas as condições de acesso de equipamento para
limpeza do trecho de jusante, pode ser substituído por
a) caixas de passagem, nas mudanças de direção, declividade, material e diâmetro, quando possível a
supressão do degrau.
b) caixa de passagem, na reunião que exige colocação de tubo de queda.
c) conexões, nas mudanças de direção e declividade quando as deflexões não coincidem com as dessas
peças.
d) tubo de inspeção e limpeza, na reunião de mais de dois trechos ao coletor.
e) tubo de inspeção e limpeza, nos pontos com degrau de altura superiora 0,50 m.
24. (FUNCERN/IF-RN - 2015, adaptada) A ABNT NBR 12209:2011 dá as diretrizes para a elaboração
de projetos hidráulico-sanitários de estações de tratamento de esgotos sanitários.
De acordo com essa norma,
a) a vazão de dimensionamento do decantador primário deve ser a vazão referente à média diária
afluente à unidade.
b) a utilização da radiação ultravioleta para desinfecção do esgoto tratado na ETE requer um efluente
com concentração de sólidos suspensos totais inferior a 40 mg/l.
c) a vazão de dimensionamento das grades e peneiras deve ser a vazão referente à média diária
afluente à ETE.
d) a utilização da ozonização para desinfecção do esgoto tratado requer um efluente com
concentração de sólidos totais em suspensão inferior a 20 mg/l.
25. (FUNCERN/IF-RN - 2015) A ABNT NBR 9649:1986 estabelece definições e critérios para projetos
de redes de esgotamento sanitário.
De acordo com essa norma,
a) os trechos da rede de esgotamento devem ser verificados pelo critério de tensão trativa média de
valor mínimo de 1 Pa.
b) os diâmetros das redes de esgotos são previstos, nas normas e especificações brasileiras relativas
aos diversos materiais, com o valor mínimo de DN 150.
c) coletor principal é a tubulação da rede coletora que recebe apenas contribuição de esgotos de
outros coletores.

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d) terminal de limpeza é o dispositivo não visitável no final da rede coletora, que permite inspeção e
introdução de equipamentos de limpeza.
26. (FGV/PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS-SC - 2014) Na recente crise de abastecimento hídrico no
Estado de São Paulo, o reuso da água tem sido apontado como uma opção interessante. Quando
se utiliza o reuso indireto, o esgoto tratado é lançado:
a) no ambiente, em águas superficiais ou subterrâneas, como rios e aquíferos;
b) em reservatórios elevados, para suprir os volumes de emergência e de regularização;
c) no sistema de distribuição, conjugado ao reservatório de jusante;
d) em estuários, de modo a reduzir a salinidade e o teor de sódio desses sistemas
e) em adutoras de distribuição domiciliar, para banhos e limpeza de utensílios.
27. (FGV/TJ-AM - 2013) A realização de estudos referentes a alguns fatores que determinam o perfil
do consumidor são fundamentais para a análise de uma instalação hidrossanitária. Um desses
fatores é o coeficiente de retorno. Um coeficiente de retorno elevado indica que
a) o volume de esgoto está próximo do volume de água fornecido.
b) a contribuição de água pluvial é elevada no volume de esgoto.
c) o volume de esgoto industriais despejado no sistema de esgoto é elevado.
d) a vazão média de esgoto está próxima de sua vazão máxima.
e) o atendimento à população com instalações hidrossanitárias é elevado.
28. (FGV/TJ-AM - 2013) O plano de escoamento em projetos de redes de esgoto sanitário é definido
pela topografia, de modo que o fluxo seja orientado no sentido do ponto de maior para o de
menor cota, fazendo com que o escoamento seja sempre gravitário.
O tipo de traçado da rede de esgoto que normalmente é utilizado em localidades que apresentam
baixas declividades é
a) o traçado radial.
b) o traçado perpendicular.
c) o traçado em leque.
d) o traçado bilateral.
e) o traçado unilateral.
29. (FGV/TJ-AM - 2013) Em um sistema de esgoto é prevista a construção de uma instalação
denominada “visita”, que é uma câmara que possui uma abertura para o acesso de equipamentos,
e trabalhadores para executar trabalhos de manutenção. Assinale a alternativa que corresponde
a uma situação de obrigatoriedade para a construção dessa instalação.
a) Reunião de mais de dois coletores de esgoto.
b) Coletores com diâmetro igual ou superior a 100mm.
c) Coletores que apresentam mudanças na direção, de declividade ou de diâmetro.
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d) Coletores com profundidade maior que 1 metro.


e) Coletores que possuem diâmetro superior a 200 mm e com profundidade maior que 1 metro.
30. (UFTM/UFTM - 2014, adaptada) A utilização de Poços de Visita em redes coletoras de esgoto é
considerada obrigatória na reunião de coletores
a) com mais de duas entradas, necessidade de tubo de queda, profundidade menor que 2,0 m.
b) com mais de duas entradas, necessidade de tubo de queda, profundidade maior que 2,0 m.
c) com mais de três entradas, necessidade de tubo de queda, profundidade menor que 3,0 m.
d) com mais de três entradas, necessidade de tubo de queda, profundidade maior que 3,0 m.
31. (UFTM/UFTM - 2014) A norma NBR 9649/1986 recomenda que, em qualquer trecho da rede
coletora, o menor valor da vazão a ser utilizado nos cálculos do dimensionamento da tubulação
é:
a) 3,0 L/s
b) 1,5 L/s
c) 2,5 L/s
d) 5,0 L/s
32. (CESGRANRIO/PETROBRAS - 2012) Conforme a NBR 7229:1993 (Projeto, construção e operação
de sistemas de tanques sépticos), o uso do sistema de tanque séptico é indicado para a
a) retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando a rede coletora com declividade reduzida for
utilizada para transportar efluente livre de sólidos sedimentáveis.
b) retenção posterior dos sólidos sedimentáveis, quando a rede coletora com diâmetro aumentado
for utilizada para transportar efluente livre de sólidos sedimentáveis.
c) eliminação do conteúdo da zona de digestão, através de sua instalação prismática.
d) eliminação do conteúdo da zona de decantação, por pressão hidrostática.
e) direcionamento da água residual, infiltrada no solo, em áreas desprovidas de rede pública coletora
de esgoto.
33. (FUNIVERSA/MPE-GO - 2010) Os processos de tratamento de água residuária são reunidos em
grupos distintos, ou seja, os físicos, os químicos e os biológicos. Assinale a alternativa correta em
relação aos processos de tratamento de água residuária.
a) Os processos químicos são utilizados para separar sólidos em suspensão na água residuária a ser
tratada, bem como para equalizar e homogeneizar um efluente.
b) Os processos químicos de cloração, de coagulação e de neutralização do pH são utilizados para a
remoção de sólidos em suspensão coloidal ou mesmo dissolvidos.
c) O processo de lodos ativados pode ser definido como um sistema no qual uma massa biológica que
cresce e flocula é continuamente recirculada e colocada em contato com a matéria inorgânica do despejo
do líquido afluente ao sistema, em presença de oxigênio.

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d) Os tanques de retenção de material flutuante, quando necessários, são utilizados para a remoção
de gorduras, óleos, graxas e outras substâncias com densidade maior que a da água.
e) As lagoas aeradas são providas de aeradores ou dispositivos de introdução de oxigênio, suprindo a
ausência de algas que ali proliferam por causa da intensa agitação da massa líquida.
34. (FUNIVERSA/MPE-GO - 2010) Assinale a alternativa correta em relação aos processos de
tratamento de esgoto em uma estação de tratamento de esgoto (ETE).
a) A remoção de nutrientes, metais pesados e compostos não biodegradáveis ocorre no tratamento
secundário.
b) A eliminação de microrganismos patogênicos ocorre no tratamento terciário.
c) A digestão do lodo é um processo típico do tratamento secundário.
d) A remoção da matéria orgânica por tratamento biológico ocorre no tratamento secundário.
e) A remoção de areia ocorre no tratamento primário do esgoto.
35. (VUNESP/CETESB-SP - 2009) Em consequência do despejo de esgoto urbano, sem tratamento,
em rios e lagoas, é correto afirmar que
a) a quantidade de oxigênio dissolvido na água aumenta.
b) a concentração de fosfato e nitrato diminui.
c) a quantidade de bactérias anaeróbicas diminui.
d) a concentração de fosfato e nitrato aumenta.
e) a competitividade pelos nutrientes favorece espécies de peixes.
36. (VUNESP/CETESB-SP - 2009) Relacione os componentes principais do processo de tratamento de
esgoto urbano/doméstico por lodo ativado e os processos envolvidos:
1. Decantador primário assistido;
2. Reator biológico;
3. Digestor anaeróbico;
4. Gradeamento grosso;
w - Processo aeróbico a céu aberto;
x - Separação de sólidos grosseiros;
y - Sedimentação e precipitação química;
z - Digestão microbiológica de lodo com formação de metano.
A associação correta é
a) 1 com y; 2 com w; 3 com z e 4 com x.
b) 1 com x; 2 com z; 3 com y e 4 com w.
c) 1 com z; 2 com y; 3 com x e 4 com w.
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d) 1 com w; 2 com z; 3 com y e 4 com x.


e) 1 com y; 2 com w; 3 com x e 4 com z.

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GABARITO

1. CORRETA 14. E 27. A


2. ERRADA 15. E 28. A
3. CORRETA 16. D 29. A
4. ERRADA 17. B 30. D
5. ERRADA 18. E 31. B
6. CORRETA 19. D 32. A
7. A 20. C 33. B
8. B 21. A 34. D
9. B 22. D 35. D
10. D 23. A 36. A
11. A 24. B
12. E 25. A
13. C 26. A

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RESUMO
 Tipos de sistemas de esgotamento sanitário

SISTEMA SEPARADOR
SISTEMA UNITÁRIO SISTEMA MISTO
ABSOLUTO

Apenas parte das


Águas residuárias + Águas residuárias
águas pluviais é
águas pluviais no separadas das águas
captada junto com as
mesmo sistema pluviais
residuárias

 Tipos de traçado de redes

TRAÇADO TRAÇADO
TRAÇADO LEQUE
PERPENDICULAR RADIAL/DISTRITAL

Utilizados em cidades com Utilizado em cidades com


Utilizado em cidades planas
cursos de água terrenos acidentados

Coletores tronco
Coletores tronco correm Criam-se pontos baixos que
perpendiculares aos cursos
pelas partes mais baixas requerem recalque
de água

 Partes do sistema de coleta

 coletor predial: trecho de tubulação entre a última inserção de subcoletor, ramal de esgoto ou de
descarga, ou caixa de inspeção geral e o coletor público.

 coletor público: tubulação da rede coletora que recebe contribuição de esgoto dos coletores
prediais em qualquer ponto ao longo do seu comprimento.

 coletor tronco: não recebem contribuição diretamente dos locais de geração (residências e
edifícios em geral), apenas de outros coletores menores!

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 interceptores: não recebem contribuições diretas dos prédios e destinam os efluentes aos
emissários.

 emissários: tubulações similares aos interceptores, mas que recebem esgoto exclusivamente na
extremidade de montante.

 elevatórias: possibilitam o bombeamento dos esgotos para um nível mais elevado.

 trecho: segmento de coletor, coletor tronco, interceptor ou emissário, compreendido entre


singularidades sucessivas.

 singularidade: qualquer órgão acessório, mudança de direção e variações de seção, de declividade


e de vazão, quando significativa.

 poço de visita (PV): câmara visitável através de abertura existente em sua parte superior destinada
à execução de trabalhos de manutenção, inspeção e limpeza da rede.

 tubo de queda: dispositivo instalado no poço de visita, ligando um coletor afluente ao fundo do
poço.

 tubo de inspeção e limpeza (TIL): dispositivos não visitáveis que permitem inspeção e introdução
de equipamentos de limpeza.

 terminal de limpeza (TL): dispositivos que permitem introdução de equipamentos de limpeza,


localizado na cabeceira de qualquer coletor.

 caixa de passagem (CP): câmara sem acesso localizada em pontos singulares por necessidade
construtiva.

 sifão invertido: trecho rebaixado com escoamento sob pressão, cuja finalidade é transpor
obstáculos, depressões do terreno ou cursos de água.

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 Dimensionamento das redes

Vazão mínima em
qualquer trecho: 1,5 L/s

Diâmetro nominal
mínimo: 100 mm

Tensão trativa média


Valores mínima = 1 Pa
importantes da
NBR 9.649/86 Declividade mínima:
Io = 0,0055 Qi-0,47

Declividade máxima:
calculada para Vf = 5 m/s

Se Vf > Vc, lâmina


Lâmina máxima para
máxima = 50% do
Qf : 75% do coletor
coletor

 Dimensionamento das vazões

Vazão doméstica média:

𝐂 .𝐏 .𝐪 𝐋
𝐐𝐝𝐦é𝐝 = [ ]
𝟖𝟔. 𝟒𝟎𝟎 𝐬

Vazão de dimensionamento inicial:

𝐐𝐢 = (𝐊 𝟐 . 𝐐𝐢𝐦é𝐝 ) + 𝐈 + ∑ 𝐐𝐜𝐢 (não inclui K1!)

Vazão de dimensionamento final:

𝐐𝐟 = (𝐊 𝟏 . 𝐊 𝟐 . 𝐐𝐟𝐦é𝐝 ) + 𝐈 + ∑ 𝐐𝐜𝐟 (inclui K1!)

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 Principais parâmetros do esgoto

Cor
Odor
Físicos
Temperatura
Turbidez
COT
Cloreto
DBO
DQO
PRINCÍPAIS PARÂMETROS

Detergentes
Enxofre
DO ESGOTO

Metais pesados
Químicos
Nutrientes
Óleos e graxas
Orgânicos refratários
pH
Sólidos dissolvidos
Sólidos sedimentáveis
Sólidos suspensos
Bactérias
Fungos
Biológicos Protozoários
Vírus
Helmintos

 Pré-tratamento

 Cálculo da carga:

𝐂𝐚𝐫𝐠𝐚 = 𝐜𝐨𝐧𝐜𝐞𝐧𝐭𝐫𝐚çã𝐨 × 𝐯𝐚𝐳ã𝐨

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 Tratamento preliminar

TRATAMENTO
PRELIMINAR

Sólidos
Areia Matéria oleosa
grosseiros

 Tratamento primário

 separação e remoção de sólidos suspensos e matéria orgânica por processos fundamentalmente


físicos, como a decantação, podendo ser auxiliado por processos químicos de adição de coagulantes para
floculação, similarmente ao que ocorre no tratamento da água.

 Tratamento secundário

 remover a matéria orgânica particulada e dissolvida por meio de processos biológicos.

 lodos ativados:

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 filtro biológico:

 possíveis configurações de lagoas de estabilização

Lagoa de
Tratamento Lagoa
Lagoa aerada sedimentação
preliminar anaeróbia
de lodo

Tratamento Lagoa Lagoa Lagoa de


preliminar anaeróbia facultativa maturação

 Tratamento terciário

 destina-se à remoção de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, microrganismos ou ainda de outros


poluentes específicos, como metais pesados, cloretos, sais solúveis, entre outros.

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 Tanque séptico

 Volume útil do tanque séptico

𝐕 = 𝟏. 𝟎𝟎𝟎 + 𝐍 . (𝐂 . 𝐓 + 𝐊 . 𝐋𝐟 )

 sumidouro x vala de infiltração

SUMIDOURO VALA DE INFILTRAÇÃO

Valas com
Poços escavados tubulações que
permeáveis orientam a
infiltração

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 Reuso

Reuso indireto: água é Planejado


descartada nos corpos
hídricos e coletada a
jusante após diluição Não planejado
TIPOS DE
REUSO Potável:
Reuso direto: água é praticamemte
reutilizada antes mesmo inviável
de ser despejada no Reciclagem de
ambiente Não potável água: reuso
interno

Usos que requerem contato


Classe 1
direto com a água

Lavagem de pisos, calçadas,


Classe 2 irrigação de jardins, fins
REUSO DE paisagísticos
ESGOTO
TRATADO
Classe 3 Descargas de vasos sanitários

Pomares, cereais, forragens e


Classe 4 pastagens por escoamento
superficial ou irrigação pontual

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