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HIDRÁULICA

Mecânica dos Fluídos


Hidráulica é uma parte da física que se dedica a estudar o comportamento dos líquidos em
movimento e em repouso. É responsável pelo conhecimento das leis que regem o transporte, a
conversão de energia, a regulagem e o controle do fluido agindo sobre suas variáveis (pressão,
vazão, temperatura, viscosidade, etc).

A hidrostática que trata dos fluidos parados. A hidrocinética, que estuda os fluidos em


movimento, levando em consideração os efeitos da velocidade, e a hidrodinâmica que leva em
consideração as forças envolvidas no escoamento dos fluidos (forças da gravidade,
da pressão, da tensão tangencial, da viscosidade, da compressibilidade e outras).

HIDROSTÁTICA

O Princípio de Blaise Pascal (1623–1662), diz que:

O acréscimo de pressão produzido num líquido em equilíbrio transmite-se integralmente a


todos os pontos do líquido.

Consideremos um líquido em equilíbrio colocado em um recipiente. Vamos supor que as


pressões hidrostáticas nos pontos A e B (veja a figura) sejam, respectivamente, 0,2 e 0,5 atm.

Se através de um êmbolo comprimirmos o líquido, produzindo uma pressão de 0,1 atm, todos
os pontos do líquido , sofrerão o mesmo acréscimo de pressão. Portanto os pontos A e B
apresentarão pressões de 0,3 atm e 0,6 atm, respectivamente.

As prensas hidráulicas em geral, sistemas multiplicadores de força, são construídos com base
no Princípio de Pascal. Um exemplo é encontrada nos freios hidráulicos usados em
automóveis, caminhões, etc. Quando se exerce uma força no pedal, produz-se uma pressão
que é transmitida integralmente para as rodas através de um líquido, no caso, o óleo.

A experiência seguinte esquematiza uma das aplicações práticas da prensa hidráulica: o


elevador de automóveis usado nos postos de gasolina.
O ar comprimido, empurrando o óleo no tubo estreito, produz um acréscimo de pressão (D p),
que pelo princípio de Pascal, se transmite integralmente para o tubo largo, onde se encontra o
automóvel.

Sendo p1 = D p2 e lembrando que D p = F/A , escrevemos:

Como A2 > A1 , temos F2 > F1 , ou seja, a intensidade da força é diretamente proporcional à
área do tubo. A prensa hidráulica é uma máquina que multiplica a força aplicada.

Por outro lado, admitindo-se que não existam perdas na máquina, o trabalho motor realizado
pela força do ar comprimido é igual ao trabalho resistente realizado pelo peso do automóvel.
Desse modo, os deslocamentos – o do automóvel e o do nível do óleo – são inversamente
proporcionais às áreas dos tubos:

t 1 = t 2 --> F1d1 = F2d2

Mas na prensa hidráulica ocorre o seguinte:

Comparando-se com a expressão anterior, obtemos:

Exemplo:

Na prensa hidráulica na figura , os diâmetros dos tubos 1 e 2 são , respectivamente, 4 cm e 20


cm. Sendo o peso do carro igual a 10 kN, determine:
a) a força que deve ser aplicada no tubo 1 para equilibrar o carro;

b) o deslocamento do nível de óleo no tubo 1, quando o carro sobe 20 cm.

Resolução:

a) A área do tubo é dada por A = p R2 , sendo R o raio do tubo. Como o raio é igual a metade
do diâmetro, temos R1 = 2 cm e R2 = 10 cm .

Como R2 = 5R1 , a área A2 é 25 vezes a área A1 , pois a área é proporcional ao quadrado do
raio. Portanto A2 = 25 A1 .

Aplicando a equação da prensa, obtemos:

--> -->F1 = 400N

b) Para obter o deslocamento d1 aplicamos:

--> -->d1 = 500 cm (5,0 m)


Engenharia Hidráulica

A engenharia hidráulica é o ramo da engenharia civil que se ocupa do fluxo e do


transporte de fluidos, especialmente de águas e esgotos. A sua atividade também se
relaciona intimamente com a da engenharia sanitária e com a da engenharia do
ambiente.

Este ramo da engenharia civil é responsável pela realização de projetos como os de


sistemas de esgotos, de redes de abastecimento de água, de sistemas de irrigação, de
sistemas de drenagem, de obras portuárias, de barragens e de hidrovias. A engenharia
hidráulica aplica os princípios da mecânica dos fluídos aos problemas ligados à recolha,
armazenamento, controlo, transporte, regulação, medição e uso das águas. Uma
característica destes sistemas é a do uso extensivo da gravidade como força motriz para
provocar a movimentação dos fluídos. A engenharia hidráulica tembém se preocupa
com as correntes de água, com o transporte de sedimentos através dos cursos de água, e
com a interação da água com os seus limites aluviais.

O engenheiro hidráulico ou de recursos hídricos planeja e orienta o uso da água de


bacias hidrográficas, elaborando Planos Diretores de Bacias Hidrógráficas. Ele também
desenvolve planos de redes de água e de esgotos, irrigação e drenagem, além de projetar
canais, portos, molhes, diques, quebra-mares, píers e barragens. O profissional também
pode acompanhar a exploração de lençóis subterrâneos e o tratamento de águas
contaminadas.

A organização, a iniciativa e o interesse por questões sociais, ambientais e ecológicas


são alguns traços de personalidade que ajudam o profissional a ter sucesso no mercado
de trabalho.

O engenheiro hídráulico ou de recursos hídricos pode atuar em laboratórios de


hidráulica ou em empresas de consultoria voltadas à estudos hidrológicos, projetos de
obras fluviais ou marítimas, criação de sistemas de irrigação, drenagem, saneamento,
bombeamento e desenvolvimento de canais, portos e barragens, projeto de grandes ou
pequenas centrais hidrelétricas (PCH). Pode ainda desenvolver projetos de investigação
e remediação de solos e águas subterrâneas contaminadas.

Engenharia sanitária

A Engenharia sanitária é o ramo da aengenharia que trata da exploração e do uso da


água, dos projetos e das obras de saneamento básico e de saneamento geral, tais como
sistemas de abastecimento de água, de esgotos sanitários , de limpeza urbana, aí
incluídos os sistemas de tratamento.

O engenheiro sanitarista deve ter ampla formação nas áreas ambiental, de Hidráulica, de
Hidrologia, e de recursos hídricos, pois planeja e orienta o uso da água de bacias
hidrográficas, elaborando Planos Diretores de Abastecimento de Água, de Esgotos
Sanitários e de Bacias Hidrógráficas. Ele também elabora projetos de redes de água e de
esgotos, irrigação e drenagem, além de projetar canais de escoamento. Este profissional
também pode gerenciar a operação de Estações de Tratamento de Águas (ETA) e de
Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), que tratam águas poluídas ou contaminadas.
A organização, a iniciativa e o interesse por questões sociais, ambientais e ecológicas
são alguns traços de personalidade que podem ajudar o profissional a ter sucesso no
mercado de trabalho.

O engenheiro sanitarista pode atuar em empresas de consultoria voltadas à estudos e


projetos de obras sanitárias (água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos), na criação de
sistemas de irrigação, drenagem, saneamento e bombeamento, inclusive em emissários
submarinos ou subfluviais.Pode ainda desenvolver Estudos de Impactos Ambientais
(EIA-RIMA), em conjunto com uma equipe multidisciplinar.

Hidráulica aplicada a tubulações


Hidráulica aplicada a tubulações é o estudo da passagem de fluidos por
tubulações forçadas. O escoamento está sujeito a rugosidades das paredes da
tubulação que influi na vazão do fluido que o percorre. As equações de
Colebrook-White e de Darcy-Weisbach visam avaliar a influência desta
rugosidade.

As equações de Colebrook-White e de Darcy-Weisbach

Este texto faz uma rápida e despretenciosa releitura deste segmento da engenharia,
relacionado à hidráulica de tubulações, mostrando aspectos práticos que envolvem a
análise do escoamento de fluidos incompressíveis em condutos forçados e uniformes,
em regime permanente. Esta reunião de condições representa a maioria das situações
com as quais uma grande parte dos projetistas de hidráulica se defronta no seu dia-a-dia.
Contudo, não há a intenção de esgotar o assunto, e nem de apresentar, questionar ou
demonstrar teorias hidráulicas, pois isto já é amplamente tratado na literatura corrente
sobre o assunto, mas sim mostrar tópicos práticos relevantes sobre o dimensionamento
hidráulico de condutos forçados. Mais especificamente condições de escoamento que
tratam de vazão, velocidade, diâmetro e perda de carga.

Entende-se por conduto forçado aquele no qual o fluido escoa à plena seção e sob
pressão. Muitas vezes os condutos de seção circular são chamados de tubos ou
tubulações. Um conduto é dito uniforme quando a sua seção transversal não varia com o
seu comprimento. Se a vazão do fluido em qualquer seção do conduto não variar com o
tempo, o regime de escoamento é dito permanente.

A densidade dos líquidos, ao contrário do que se passa com os gases, varia muito pouco
quando se varia a sua pressão ou temperatura. A título de exemplo, considerando que a
água tem compressibilidade igual a 5.10−5 cm2 / kgf, isto significa que em condições
normais seria necessário um incremento de pressão de 20 kgf / cm2 para que um litro
de água se reduza de 1 cm3, ou seja, para que sua densidade aumente um milésimo. Por
isto, do ponto de vista prático, a densidade da água e da maioria dos líquidos é
independente da temperatura e da pressão.

Diante dessa reduzidíssima variação da densidade, nos escoamentos de líquidos em


regime permanente considera-se que os mesmos se comportam como incompressíveis.
Neste contexto se incluem querosene, gasolina, álcool, óleo diesel, água, vinho, vinhoto,
leite e muitos outros, aos quais se aplicam os conceitos aqui comentados.

É conveniente ressaltar que um escoamento se classifica também como turbulento ou


laminar. No escoamento laminar há um caminhamento disciplinado das partículas
fluidas, seguindo trajetórias regulares, sendo que as trajetórias de duas partículas
vizinhas não se cruzam. Já no escoamento turbulento a velocidade num dado ponto
varia constantemente em grandeza e direção, com trajetórias irregulares, e podendo uma
mesma partícula ora localizar-se próxima do eixo do tubo, ora próxima da parede do
tubo.

Em geral, o regime de escoamento na condução de líquidos no interior de tubulações é


turbulento, exceto em situações especiais, tais como escoamento a baixíssimas vazões,
como ocorre em gotejadores de irrigação, onde o escoamento é laminar.

Sempre que um líquido escoa no interior de um tubo de um ponto para outro, haverá
uma certa perda de energia denominada perda de pressão ou perda de carga. Esta perda
de energia é devida ao atrito com as paredes do tubo e devida à viscosidade do líquido
em escoamento. Quanto maior for a rugosidade da parede da tubulação, isto é, a altura
das asperezas, maior será a turbulência do escoamento e, logo, maior será a perda de
carga.

Já há cerca de dois séculos estudos e pesquisas vem sendo realizados, procurando


estabelecer leis que possam reger as perdas de carga em condutos. Várias fórmulas
empíricas foram estabelecidas no passado e algumas empregadas até com alguma
confiança em diversas aplicações de engenharia, como as fórmulas de Hazen-Williams,
de Manning e de Flamant. Mas, trabalhos de diversos investigadores tem mostrado que,
em sua totalidade, são mais ou menos incorretas. A incorreção dessas fórmulas é tanto
maior quanto mais amplo é o domínio de aplicação pretendido por seus autores.

Atualmente a expressão mais precisa e usada universalmente para análise de


escoamento em tubos, que foi proposta em 1845, é a conhecida equação de Darcy-
Weisbach:

onde:

hf = perda de carga ao longo do comprimento do tubo (mca)

 f = fator de atrito (adimensional)


 L = comprimento do duto
 Q = vazão
 D = dimensão característica (no caso de um tubo de seção circular, o seu diâmetro
interno)
 g = aceleração da gravidade local
 π = 3,1415...
Mas somente em 1939, quase 100 anos depois, é que se estabeleceu definitivamente o
fator de atrito f, através da equação de Colebrook-White:

onde:

 f = fator de atrito (adimensional)


 k = rugosidade equivalente da parede do duto
 D = dimensão característica (no caso de um tubo de seção circular, o seu diâmetro
interno)
 Re = Número de Reynolds

Obviamente, trata-se de uma equação implícita, isto é, a variável f aparece nos dois
membros da equação, de forma não ser possível explicitá-la. Mas isto não sugere que
seja impossível resolver equações implícitas. Os métodos numéricos, embora
aproximativos, são capazes de resolver equações implícitas com a precisão que se
desejar. São métodos basicamente computacionais pois incorrem em operações
matemáticas repetidas. Encontram, contudo, muita utilidade em hidráulica.

É o caso dos métodos iterativos, nos quais ordena-se adequadamente a equação, e


arbitra-se um valor inicial qualquer para a variável procurada que está no seu segundo
membro. Com o valor inicial já arbitrado, calcula-se um novo valor para esta mesma
variável procurada, mas para a que está no primeiro membro. Se a diferença entre o
valor inicial e o novo valor calculado estiver fora da precisão desejada, repete-se esta
operação, porém colocando como valor inicial o novo valor calculado. Se a diferença
aumentar diz-se que os valores estão divergindo, e se diminuir diz-se que os valores
estão convergindo para a solução. O número de repetições, isto é, o número de iterações
poderá ser pequeno ou não, dependendo do método a ser utilizado, e se sucederá até que
a diferença seja suficientemente pequena ou compatível com a precisão desejada.

Um esquema básico de cálculo, passo-a-passo, seria algo do tipo:

1. Arbitra-se um valor inicial qualquer para a variável do segundo membro.


2. Calcula-se novo valor para a mesma variável que está no primeiro membro.
3. Compara-se a diferença entre o valor calculado e o valor inicial com a tolerância
estabelecida.
4. Se maior, o novo valor passa a ser o valor inicial, e volta-se para o passso (2). Se menor
passa-se para o passo (5).
5. O corrente valor da variável é o valor procurado.

Métodos iterativos como o de Newton são muito potentes e convergem muito


rapidamente, podendo alcançar resultados altamente precisos com três ou quatro
iterações.
Na prática, em termos específicos, a análise do escoamento em tubos basicamente
envolve três gradezas a se calcular:

 o diâmetro
 a vazão (ou velocidade)
 a perda de carga

Estas são em síntese, as três variáveis principais envolvidas no cálculo hidráulico, pois
as demais (material do tubo, tipo de líquido, temperatura, etc), são especificadas pelo
projeto. Por qualquer método que viermos a empregar, para se determinar qualquer uma
dessas três variáveis, as duas demais deverão ser conhecidas ou estimadas.

Em que pese a técnica iterativa associada à precisão das equações dar um pouco de
velocidade ao cálculo, contudo permanece o mesmo sendo realizado manualmente, o
que não deixa de ser cansativo, enfadonho e sujeito a erros. Com o uso de algoritmos, a
resolução torna-se simples, fácil, automática e rápida. Entretanto, devem ser observados
os erros recorrentes de qualquer método computacional devido aos erros inerentes à
opererações matemáticas usando números com várias casas decimais em computadores.

Há um artigo bem orientativo, denominado Análise de escoamento em condutos


forçados. Uso das equações de Darcy-Weisbach e de Colebrook-White, que trata desse
assunto de forma bem didática, inclusive com o uso de programas de cálculo para
computadores digitais.

Mecânica dos fluidos


A mecânica dos fluidos é a parte da física que estuda o efeito de forças em fluidos. Os
fluidos em equilíbrio estático são estudados pela hidrostática e os fluidos sujeitos a
forças externas diferentes de zero são estudados pela hidrodinâmica.

Propriedades físicas dos fluidos hidráulicos


As propriedades dos fluidos hidráulicos relevantes para o estudo do escoamento dos
fluidos são a massa volúmica, a tensão superficial, a viscosidade, e restantes
propriedades reológicas.

Teoria

Os fluidos respeitam a conservação de massa, quantidade de movimento ou momentum


linear e momentum angular, de energia, e de entropia. A conservação de quantidade de
movimento é expressa pelas equações de Navier Stokes. Estas equações são deduzidas a
partir de um balanço de forças/quantidade de movimento a um volume infinitesimal de
fluido, também denominado de elemento representativo de volume.

Atualmente, o estudo, análise e compreensão da fenomenologia da maior parte dos


problemas em dinâmica de fluidos e em transferência de calor, como macro-áreas que
compõem a dinâmica de fluidos, são desenvolvidos através da Modelagem
Computacional. Nesta, um modelo matemático é desenvolvido, com base na
fenomenologia do problema considerado. A partir deste modelo, geralmente um sistema
de equações diferenciais parciais ou equações diferenciais ordinárias, é desenvolvido
um modelo computacional ou utilizado um código computacional comercial, para a
execução de simulações numéricas, em fluidodinâmica computacional, obtendo-se
assim projeções temporais da solução do problema. Esta solução é condicionado pelas
condições iniciais e condições de contorno do problema, que estabelecem as condições
de evolução deste no tempo e no espaço.

A Teoria do Contínuo fundamenta a conceituação teórica que justifica a maior parte das
análise em CFD. O fluido, um meio contínuo, é discretizado com base no modelo das
partículas fluidas. Esta abstração conceitua um elemento representativo de volume
(representative element of volume, REV). Neste elemento de volume, de micro ou nano
dimensões, uma propriedade ou quantidade física mantem um valor médio, sob as
mesmas condições, passível de reprodução em laboratório, sob as mesmas solicitações
externas ao fluido. Assim uma partícula representativa de um volume de fluido, o REV,
é o menor volume em que as propriedades do fluido se mantém. As moléculas de um
contínuo vibram constantemente, cessando esta vibração somente no estado de repouso
termodinâmico, o zero absoluto. Fisicamente em um REV o caminho médio percorrido
pelas moléculas do fluido entre duas sucessivas é no mínimo da ordem de grandeza das
próprias moléculas deste fluido.

Hoje em dia os modernos aviões usam um artifício para driblar a formação de vórtices
nas pontas das asas, como o winglet, um pequeno leme na extremidade da asa,
permitindo que pelo menos um metro e meio de asa seja aproveitada na sustentação da
aeronave, que é perdida para os vórtices que se formam na sua ausência. O vórtice
ocorre quando o ar mais denso que flui abaixo da asa escapa para a parte superior menos
densa, prejudicando sua sustentação naquela ponta de asa. Vórtices no sentido horário
surgem na ponta da asa esquerda, anti-horário na asa direita. Nos profundores não se
formam vórtices, pois não há diferença entre densidades do ar nos dois lados da
empena.[carece  de fontes?]

Experiências recentes dão conta de que uma superfície irregular da fuselagem, tipo
"bola de golfe", com aqueles sulcos em concha, tem mais fluidodinâmica do que a
mesma superfície quando plana e polida. Este efeito se verifica com as asas das aves,
onde a superfície apresenta um arrasto mínimo, mesmo com a aparente irregularidade
das penas.

Também se faz experiência com bordos de ataque enrugados, tais como as nadadeiras
de uma baleia, com reais vantagens para as mesmas áreas quando lisas e retas, por
exemplo. Em ambos os casos, diminui-se a resistência do meio e melhora a performance
e o consumo de energia de empuxo.

Os navios mais rápidos hoje construídos são aqueles em que o roda de proa (chapa
enformada onde convergem a quilha, as balizas reviradas e as longarinas de proa; que é
a parte do navio que corta a água) possui uma longa protuberância ogival abaixo da
linha d'água, que permite uma excelente hidrodinâmica ao anular a formação das ondas
com outras ondas de valores contrários.
Tipos de escoamentos

Os escoamentos podem ser classificados quanto à compressibilidade e quanto ao grau


de mistura macroscópica.

Um escoamento em que a densidade do fluido varia significativamente é um


escoamento compressível. Se a densidade não variar significativamente então o
escoamento é incompressível.

O grau de mistura de um fluido em escoamento depende do regime de escoamento, que


pode ser laminar, turbulento ou de transição.

No regime laminar, as linhas de fluxo são paralelas ao escoamento, fazendo com que o
fluido escoe sem que ocorra mistura. Em um duto circular, o escoamento é laminar até
um valor de Reynolds de aproximadamente 2100.

Na transição entre os regimes laminar e turbulento, percebe-se que as linhas de fluxo se


tornam onduladas, o que indica que começa a haver mistura entre uma camada e outra.
Para um duto circular, esse regime ocorre para um valor de Re entre 2100 e 2300.

Para valores de Re acima de 2300, têm-se regime turbulento. Nesta fase, percebe-se
uma mistura entre as camadas de fluxo.

Métodos experimentais

O escoamento de fluidos é actualmente estudado por velocimetria laser e por


velocimetria por imagem de partículas.

Abordagem computacional

A dinâmica de fluidos tem sido solicitada a fornecer soluções a problemas complexos


em hidrodinâmica, projetos de edificações, aeronaves, navios e veículos espaciais, em
hemodinâmica e em biofísica. Nestas áreas a obtenção e o de tratamento de soluções
considera um elevado número de dados, informações e variáveis, resultando em densos
sistemas de equações. A modelagem computacional propõe um conjunto de métodos e
técnicas para a abordagem destes problemas.

Leis da Hidrodinâmica

Por forma a melhor compreender a física do deslocamento de fluidos em regime não


turbulento, criou-se uma série de leis, que levaram à equação de Bernoulli. O que se
estabelece segundo a equação é que

em que C é um valor relativo e constante, p é uma pressão relativa de outro ponto, h


corresponde à diferença de alturas entre eles, e v à diferença de velocidades a que se
encontram. A equação de Bernoulli está de certo modo relacionada com o porquê dos
aviões voarem, e das garrafas de perfume expelirem líquido quando pressionadas.

O que se passa com as asas do avião é que a sua periferia é feita de tal forma que o ar
que passa por cima da asa tem que percorrer um maior percurso em relação ao ar que
passa por baixo da asa. Ou seja, o ar sobre a asa move-se a uma velocidade maior. Dado
este fato, a equação de Bernoulli prediz que a pressão acima da asa torna-se menor que
abaixo da asa e, por este motivo, a uma determinada velocidade, a diferença de pressão
é suficiente grande para fazer o avião levantar vôo.

O mesmo se passa no perfume: ao passar sobre a "boca" do frasco, o tubo estreita-se,


sendo o ar nesse ponto obrigado a circular a uma velocidade maior. Assim, isso cria
uma variação de pressão que empurra o perfume para a sua superfície, sendo depois
disparado para o ar.

As equações de Bernoulli não possuem aplicação soberana na mecânica dos fluidos. As


complexas Equeções de Navier-Stokes são também utilizadas na análise da Mecânica
dos fluidos.

Elas são não lineares e com uma infinidade de soluções não-analíticas, ou seja, somente
obtidas com aporte computacional. São equações que relacionam densidade dos fluidos,
acelerações, variação de pressão, viscosidade e gradientes de velocidade.

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