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Apostila de Hidráulica
Itabuna/BA
2019
INTRODUÇÂO
Tubulações
Tipos de tubos
O escoamento é classificado como laminar quando o numero de Reynolds (Re) for igual ou
inferior a 2000 (Re ≤ 2000). Este tipo de escoamento é característico em tubulações com
pequenos diâmetros, baixas velocidades de escoamento e dos líquidos possuidores de
altas viscosidades.
O escoamento é classificado como turbulento quando o numero de Reynolds (Re) for igual
ou superior a 4000 (Re ≥ 4000). Esse regime de escoamento é característico nas
tubulações de grande diâmetro, das altas velocidades de escoamento e dos fluidos dotados
de baixa viscosidade (Peres, 2015).
O escoamento é classificado em transição quando o número de Reynolds for maior que
2000 e menor que 4000 (2000 ≤ Re ≥ 4000).
O número de Reynolds é um adimensional que relaciona as forças inerciais, ou seja,
forças devido à massa do fluido em movimento, com as forças viscosas, cuja origem esta
na viscosidade do fluido.
Para condutos com seção circular o número de Reynolds pode ser calculado por uma
das Equações II e III:
ρ.v.D
Re = ..............................................................................................................................(I)
μ
v.D
Re = ..............................................................................................................................(II)
ʋ
Onde:
Re – Número de Reynolds (adimensional);
ρ - Massa específico do fluido (N/m3);
V – Velocidade média do escoamento (m/s);
D – Diâmetro do conduto (m);
µ - Viscosidade dinâmica do fluido (Ns/m2);
ʋ - Viscosidade cinemática do fluido (m2/s).
Para condutos com seção de escoamento não circulares o número de Reynolds pode
ser calculado através das equações III e IV:
4ρ.v.Rh
Re = ...................................................................................................................(III)
μ
4.v.Rh
Re = .........................................................................................................................(IV)
ʋ
Onde:
Re – Número de Reynolds (adimensional);
ρ - Massa específico do fluido (N/m3);
V – Velocidade média do escoamento (m/s);
Rh – Raio hidráulico (m);
µ - Viscosidade dinâmica do fluido (Ns/m2);
ʋ - Viscosidade cinemática do fluido (m2/s).
O Raio hidráulico (Rh) é igual a razão entre a área molhada (Am) e o perímetro molhado
(Pm) do conduto, Equação V:
Am
Rh = ........................................................................................................................(V)
Pm
Onde:
Rh – Raio hidráulico (m);
Am – Área molhada (m2) - área da seção transversal ocupada pelo fluido;
Pm – Perímetro Molhado (m) – comprimento da seção ocupada pelo fluido.
A vazão é volume de água que atravessa uma dada seção transversal de um conduto
na unidade de tempo.
Q = v x A...........................................................................................................................(VI)
Onde:
Q – Vazão do líquido (m3/s);
v – velocidade média do fluido no escoamento (m/s);
A – área da seção transversal do conduto (m2).
Onde:
hC - é a perda de carga ou energia (m.c.a.);
c – coeficiente que leva em conta a influência das características do fluído e do conduto no
processo de perada de carga (adimensional);
L – é o comprimento do conduto (m);
D – é o diâmetro do conduto (m);
v – é a velocidade média de escoamento do fluido (m/s);
m e n – são potências a serem determinadas teórica ou empiricamente.
Uma das fórmulas muito utilizada no cálculo das perdas de cargas contínuas em
projetos hidráulicos é a de Darcy-Weisbach que ficou conhecida como fórmula Universal de
perda de carga. Esta equação apresenta fundamentos teóricos rígidos, tendo sido deduzida
através da aplicação de análise dimensional.
A fórmula de Darcy-Weisbach utilizada para calcular a perda de carga contínua em
um conduto circular apresenta a seguinte forma (Equação IX):
L.𝑉 2
hC = f. D.2g ...........................................................................................................................(IX)
Onde:
hC - é a perda de carga contínua expressa em energia por unidade de peso (m.c.a.);
f – coeficiente ou fator de atrito (adimensional);
L – é o comprimento do conduto do conduto (m);
D – é o diâmetro do conduto (m);
v – é a velocidade média de escoamento do fluido (m/s);
g – aceleração da gravidade (m/s2).
O coeficiente ou fator de atrito (f) é um número adimensional, que pode ser estimado
em função do número de Reynolds (Re) e da rugosidade relativa (e/D) do conduto. A
rugosidade relativa de um conduto pode ser definida como sendo a razão entre a
rugosidade absoluta (e, mm) e o diâmetro interno do conduto (D, mm). Assim:
Rugosidade relativa (Rr) = e/D
A rugosidade absoluta é um valor médio das alturas das asperezas da parede interna
do conduto. O valor da rugosidade absoluta é função do material e da qualidade do
processo industrial utilizado na fabricação do tubo, sendo normalmente fornecido pelo seu
fabricante (Quadro 1).
Fonte: http://www.dequi.eel.usp.br/~lmguimaraes/Diagrama%20de%20Moody.pdf
Onde:
f – coeficiente ou fator de atrito (adimensional);
Re – número de Reynolds (adimensional) que pode ser calculado através da Equação II, III
ou IV.
Quando o escoamento for turbulento, a determinação de f é bem mais complexo,
pois são utilizadas fórmulas complexas que na maioria dos casos os cálculos são realizados
através de interações. Neste caso é fundamental fazer a distinção entre tubos
hidraulicamente liso, rugoso e misto.
Um tubo é considerado hidraulicamente liso se (e/D)xRe0,9 ≤ 31. Neste caso f pode ser
determinado através das Equações de Blasius (XII) ou de Karman-Prandtl (XIII).
Equação de Blasius
f = 0,3164Re-0,25................................................................................................................(XII)
Obs.: Esta fórmula é válida para 4000 ≤ Re < 100.000.
Equação de Karman-Prandtl
1
√𝑓
= 2 log( Re√𝑓) − 0,8....................................................................................................(XIII)
Equação de Colebrook-White
1
√f
= −2 log( 2,51
R √f
+ 0,27e/D)...............................................................................................(XV)
e
0,25
f=
5,74
2 .........................................................................................................(XVI)
[log( 0,9 + 0,27 e/D)]
Re
Equação de Swamee
Swamee desenvolveu uma fórmula (Equação XVII), a partir da combinação das
0,25
equações XI (f = 64/Re) e XVI (f = 5,74
2 ), que permite estimar o coeficiente de
[𝑙𝑜𝑔( 0,9 + 0,27 𝑒/𝐷)]
𝑅𝑒
Onde:
J - é a perda de carga unitária;
K, m e n – são inerentes a cada formulação e faixa de aplicação, em geral K depende só
do tipo de material da parede do conduto (Porto, 2006).
Q – é a vazão do fluido (m3/s);
D – é o diâmetro do conduto (m).
Equação de Hagen-Poissuille
μ.L.𝑉
hC = 32. 𝛾.𝐷2 .....................................................................................................................(XIX)
Onde:
hC - é a perda de carga contínua expressa em energia por unidade de peso (J/N; m.c.a.);
µ – viscosidade dinâmica do fluido (N.s/m2) (ver Tabela 1);
L – é o comprimento do conduto do conduto (m);
D – é o diâmetro do conduto (m);
v – é a velocidade média de escoamento do fluido (m/s);
γ - Peso específico do fluido (N/m3).
L.𝑉 1,852
hC = 6,807. 𝐶 1,852 .𝐷1,167 ........................................................................................................(XX)
𝑄 L
hC = 10, 643. (𝐶 )1,852 𝐷4,87 ..................................................................................................(XXI)
Onde:
hC - é a perda de carga contínua expressa em energia por unidade de peso (J/N; m.c.a.);
L – é o comprimento do conduto do conduto (m);
D – é o diâmetro do conduto (m);
v – é a velocidade média de escoamento do fluido (m/s);
Q – é a vazão do fluido (m3/s).
C – coeficiente de rugosidade que depende do material e do estado de conservação da
parede do tubo (adimensional). Este coeficiente é tabelado e seu valor é função do material
da tubulação (Tabela 2).
Equação de Flamant
L.𝑉 1,75
hC = 4b. ................................................................................................................(XXII)
𝐷1,25
A perda de carga localizada ocorre sempre que se introduzem nas tubulações peças
especiais, como curvas, registros, cotovelos, válvulas de retenção, tês de derivação entre
outros (Peres, 2015).
A perda de carga localizada causada por um acessório qualquer pode ser
determinada utilizando-se o método dos coeficientes, ou então, o método dos
comprimentos equivalentes. O método dos coeficientes é o mais utilizado uma vez que os
valores dos coeficientes utilizados nos cálculos das perdas de carga localizada não
dependem do tubo ensaiado, como se dá no caso do método dos comprimentos
equivalentes.
Método dos Coeficientes
Por este método a perada de carga localizada é calculada através da Equação XXIII:
𝑉2
hL = ƩK. 2.𝑔 ...................................................................................................................(XXIII)
Tabela 5. Comprimento equivalentes (Ceq) para tubos lisos (m) (plástico, cobre ou ligas de cobre).
Tabela 6. Comprimento equivalentes (Ceq) para tubos rugosos (m) (tubos de aço-carbono, galvanizado ou
não).
Fonte: NBR 5626/86 apud Baptista e Lara (2016).
Tabela 9. Comprimento equivalente (Ceq) de ampliação ou redução gradual de acessórios de ferro ou aço.
Lv = L + ƩCeq................................................................................................................(XXIV)
Obs.: Caso seja necessário determinar a perda de carga total (hT), pode-se utilizar a
equação de Darcy-Weisbach (IX) ou demais equações empíricas (Gomes Filho et al., 2013),
apresentadas anteriormente, substituindo L por Lv.
CONDUTOS EQUIVALENTES
L L1 L2 Lj
=D 2m+n + +⋯+ .......................................................................(XXVI)
D2m+n 1 D2 2m+n Dj 2m+n
1 1 1 1
D2m+n 𝑚 D1 2m+n 𝑚 D2 2m+n 𝑚 D𝑗 2m+n 𝑚
( ) =( ) +( ) + ⋯+ ( ) ..................................................(XXVII)
𝐿 L1 L2 Lj
Caso se tenha L = L1 = L2 = ... = Lj, na Equação acima passa a ter o seguinte formato:
1 1 1 1
(D2m+n )𝑚 = (D1 2m+n)𝑚 + (D2 2m+n)𝑚 + ⋯ + (D𝑗 2m+n )𝑚.............................................(XXVIII)
REFERÊNCIAS
Exercícios de Fixação
6) Uma tubulação adutora de PVC, transporta uma vazão de 50 m3/h que abastece um
reservatório de uma propriedade agrícola. A adutora possui 1,0 km de extensão, diâmetro
nominal de 100 mm e espessura de 5,6 mm (Di = 94,4 mm). Estão instaladas na adutora
as seguintes peças: um registro de gaveta, uma válvula de retenção, três curvas de 90° e
uma ampliação com ângulo de 20°. Determine a perda de carga total desta adura.
8) Uma estação de bombeamento eleva uma vazão de 144 m3/h de água para um
reservatório de acumulação através de uma tubulação de aço galvanizado com 200 mm de
diâmetro. Determine a perda de carga localizada no recalque utilizando ambos os métodos
de determinação da perda de carga localizada. Peças especiais no recalque: um registro
de gaveta, uma válvula de retenção, duas curva de 90º e três curvas de 45º.
9) Uma adutora de ferro fundido nova com 1,0 km de comprimento para aduzir uma vazão
de 25 L/s. Sabendo que a perda de carga contínua admitida na adutora seja de 25 m.c.a.
utilize a equação de Hazen-Williams para dimensionar a adutora.
10) O sistema de adução de água esquematizado abaixo interliga dois reservatórios cuja
diferença de nível é de 25 m. As adutoras são constituídas de tubos novos de ferro fundido.
A adutora 1 tem 60 m de comprimento e diâmetro de 50 mm; a adutora 2 tem 60 m de
comprimento e diâmetro de 75 mm e a adutora 3 tem 100 m de comprimento e diâmetro de
100 mm. Desprezadas as perdas de carga localizadas, calcular a vazão do sistema
utilizando-se a fórmula de Hazen-Williams.
11) Para o abastecimento de um projeto de irrigação, foi instalada uma adutora constituída
de tubos de ferro fundido de 250 mm de diâmetro que então fornecia uma vazão de 75 L/s
de água. Posteriormente, com o aumento da área irrigada do projeto, foi instalada uma
segunda adutora para 35 L/s de capacidade, utilizando tubos do mesmo material e diâmetro
de 175 mm. No momento, há necessidade de se dispor de uma vazão de 150 L/s o que
poderia ser obtido com uma terceira adutora de 200 mm de diâmetro, não fosse o caso das
condições locais mostrarem ser mais adequada a adoção de uma tubulação de diâmetro
único. Determinar este diâmetro único equivalente.