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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA (UFSB)

CENTRO DE FORMAÇÃO EM TECNO-CIÊNCIAS E INOVAÇÃO (CFTCI)

Apostila de Hidráulica

Condutos forçados: simplificando a hidráulica dos condutos forçados para


graduandos

Prof. Dr. Narcísio Cabral de Araújo

Itabuna/BA

2019
INTRODUÇÂO

Conduto é uma estrutura destinada ao transporte de fluidos (Gomes Filho et al.,


2013). Condutos forçados são todas as estrutura destinada ao transporte de fluidos em que
o perímetro molhado coincide com todo o perímetro do conduto e que a pressão interna
obrigatoriamente é superior a atmosférica.
Segundo Peres (2015) os condutos forçados podem ser manufaturados sob
diferentes formas, entretanto a seção circular é a sua forma predominante.
Os condutos forçados geralmente são confeccionados em materiais metálico (ferro
fundido, latão, cobre e chumbo) e plásticos (PVC, plástico com fibra de vidro, polietileno de
alta densidade e polipropileno).

Tubulações

As tubulações seguem especificações técnicas da Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT) e são identificadas pelo diâmetro nominal (DN) e pressão nominal (PN)
que corresponde à pressão máxima indicada por seu fabricante (Gomes Filho et. al., 2013).
As tubulações são constituídas basicamente por tubos e acessórios.
Tubos: São condutos fechados destinados, principalmente, ao transporte de fluidos
líquidos ou gasosos.
Acessórios de uma tubulação: São as peças e dispositivos utilizados na junção
dos tubos e no controle e manejo do escoamento dos fluidos na tubulação.
As tubulações são fabricadas por materiais ferrosos, não ferrosos, plásticos, cimento
amianto, concreto armado borracha e cerâmica.

Tipos de tubos

 Ferro Fundido (FoFo): Utilizados principalmente na montagem de adutoras, linhas


de recalque, tubulações forçados de hidroelétricas e instalações prediais. No Brasil seus
diâmetros convencionais variam de 50 a 1000 mm.
 Aço soldado: são utilizados em adutoras, hidroelétricas, linha de recalque,
indústrias e oleodutos. No Brasil seus diâmetros variam de 300 a 2400 mm.
 Aço galvanizado: são tubos de aço que recebem um revestimento interno e externo
de zinco depositado a quente. São muito utilizados em instalações de água fria e
apresentam alta propensão a formação de incrustações que prejudicam o escoamento. No
Brasil apresentam diâmetros de 12,5 a 200 mm.
 Cimento Amianto: Eram utilizados em adutoras, linhas de distribuição de água e
coletores de esgoto. Seu uso atualmente é proibido, pois o amianto é cancerígeno. Seus
diâmetros comerciais variam de 50 a 400 mm.
 Plástico: Os mais utilizados são os manufaturados em PVC (Cloreto de Polivinila) e
polietileno (PE). Estes tubos são muito utilizados em sistemas hidráulicos que transportam
fluido frio tais como: sistemas de irrigação, redes de distribuição de água, rede coletora de
esgoto doméstico, sistemas de captação e adução de água, etc. Os tubos de PVC
apresentam os seguintes diâmetros comerciais: 12,5; 19; 25; 38; 50; 60; 75; 150 e 200 mm.
Já os de polietilenos apresentam os seguintes diâmetros: 6,25; 7,81; 9,38; 12,50; 18;75;
25; 31,25; 50; 75 e 100 mm.
Os tubos metálicos e em PVC são confeccionados em peças com 6 m de comprimento
cada. Já de polietileno (PE) são confeccionados em bobinas de 100 a 600 metros de
comprimento.

Figura 1. Tubos de polietileno (a), ferro fundido (b) e PVC (c).

(a) (b) (c)

Fonte: Google Imagens (2019).

Acessórios para tubulações

Os principais acessórios utilizados em tubulações são:


 Registro: São equipamentos utilizados para controlar a vazão fornecida a um sistema de
tubulação.
 Válvula de Retenção: São dispositivos hidráulicos com a função de reter o refluxo da água
em uma tubulação. São três os principais tipos de válvulas: levantamento, portinhola e
esfera.
 Ventosas: São válvulas de funcionamento automático, que são normalmente instaladas
nos pontos altos das canalizações (principalmente em adutoras), permitindo a entrada ou
saída de ar do conduto.
Figura 2. Ventosas.

Fonte: Google Imagens (2019).

Classificação do Escoamento em Condutos Forçados

Em condutos forçados os principais tipos de escoamentos são classificados quanto


ao regime de escoamento, quanto à variação no tempo, quanto a trajetória, e quanto a
variação no tempo e trajetória.

Classificação quanto ao regime: laminar, turbulento e transição

 O escoamento é classificado como laminar quando o numero de Reynolds (Re) for igual ou
inferior a 2000 (Re ≤ 2000). Este tipo de escoamento é característico em tubulações com
pequenos diâmetros, baixas velocidades de escoamento e dos líquidos possuidores de
altas viscosidades.
 O escoamento é classificado como turbulento quando o numero de Reynolds (Re) for igual
ou superior a 4000 (Re ≥ 4000). Esse regime de escoamento é característico nas
tubulações de grande diâmetro, das altas velocidades de escoamento e dos fluidos dotados
de baixa viscosidade (Peres, 2015).
 O escoamento é classificado em transição quando o número de Reynolds for maior que
2000 e menor que 4000 (2000 ≤ Re ≥ 4000).
O número de Reynolds é um adimensional que relaciona as forças inerciais, ou seja,
forças devido à massa do fluido em movimento, com as forças viscosas, cuja origem esta
na viscosidade do fluido.
Para condutos com seção circular o número de Reynolds pode ser calculado por uma
das Equações II e III:
ρ.v.D
Re = ..............................................................................................................................(I)
μ
v.D
Re = ..............................................................................................................................(II)
ʋ

Onde:
Re – Número de Reynolds (adimensional);
ρ - Massa específico do fluido (N/m3);
V – Velocidade média do escoamento (m/s);
D – Diâmetro do conduto (m);
µ - Viscosidade dinâmica do fluido (Ns/m2);
ʋ - Viscosidade cinemática do fluido (m2/s).

Tabela 1. Propriedades físicas da água-doce à pressão atmosférica normal.

Fonte: Denículi (2013).

Para condutos com seção de escoamento não circulares o número de Reynolds pode
ser calculado através das equações III e IV:
4ρ.v.Rh
Re = ...................................................................................................................(III)
μ
4.v.Rh
Re = .........................................................................................................................(IV)
ʋ

Onde:
Re – Número de Reynolds (adimensional);
ρ - Massa específico do fluido (N/m3);
V – Velocidade média do escoamento (m/s);
Rh – Raio hidráulico (m);
µ - Viscosidade dinâmica do fluido (Ns/m2);
ʋ - Viscosidade cinemática do fluido (m2/s).
O Raio hidráulico (Rh) é igual a razão entre a área molhada (Am) e o perímetro molhado
(Pm) do conduto, Equação V:
Am
Rh = ........................................................................................................................(V)
Pm

Onde:
Rh – Raio hidráulico (m);
Am – Área molhada (m2) - área da seção transversal ocupada pelo fluido;
Pm – Perímetro Molhado (m) – comprimento da seção ocupada pelo fluido.

 Diâmetro hidráulico de tubulação com seção não circular: D = 4Rh = 4Am/Pm


 Tubulação com seção quadrática:
4𝐿2
Dh = =𝐿
4L
Onde: L = Comprimento de cada lado (m)
 Tubulação com seção retangular:
4𝑥(𝐿𝑥𝐶) 2𝑥(𝐿𝑥𝐶)
Dh = = =
2x(L + C) (L + C)
Onde: L = Comprimento do lado maior (m) e C = Comprimento do lado menor
(m)

Classificação quanto à variação no tempo: permanente e não permanente

 Escoamento permanente é todo escoamento em que suas características não variam em


função do tempo. Logo: ∂ρ/∂t = 0; ∂v/∂t = 0; ∂A/∂t = 0 e ∂P/∂t = 0.
 Escoamento não permanente é todo escoamento em que suas características variam em
função do tempo. Logo: ∂ρ/∂t ≠ 0; ∂v/∂t ≠ 0; ∂A/∂t ≠ 0 e ∂P/∂t ≠ 0.

Classificação quanto à trajetória: não variado ou uniforme; e variado ou não


uniforme

 O escoamento é variado ou não uniforme quando a velocidade de escoamento do fluido


varia em módulo, direção e sentido em função do espação. Logo: ∂v/∂s ≠ 0.
 O escoamento é não variado ou uniforme quando a velocidade de escoamento do fluido
não varia em módulo, direção e sentido em função do espação. Logo: ∂v/∂s = 0.
Classificações quanto à variação no tempo e trajetória: permanente uniforme (1); não
permanente uniforme (2); permanente não uniforme (3); não permanente não
uniforme (4).

Para efeito de aplicações práticas e levando em considerações as variações no


tempo e trajetória os escoamentos em condutos forçados também são classificados em
permanente uniforme; não permanente uniforme; permanente não uniforme; e não
permanente não uniforme.
 1 - Escoamento permanente uniforme é todo escoamento em que suas características não
variam em função do tempo e em função do espaço. Logo: ∂ρ/∂t = constante; ∂v/∂t = 0;
∂A/∂t = 0; ∂P/∂t = 0; ∂ρ/∂s = 0; ∂v/∂s = 0; ∂A/∂s = 0 e ∂P/∂s = 0.
 2 - Escoamento não permanente uniforme é todo escoamento em que suas características
variam em função do tempo, porém o vetor velocidade não varia em função do espaço.
Logo: ∂ρ/∂t ≠ 0; ∂v/∂t ≠ 0; ∂A/∂t ≠ 0; ∂P/∂t ≠ 0; ∂ρ/∂s = 0 e ∂v/∂s = 0.
 3 - Escoamento permanente não uniforme é todo escoamento em que suas características
não variam em função do tempo, porém o vetor velocidade varia em função do espaço.
Logo: ∂ρ/∂t = 0; ∂v/∂t = 0; ∂A/∂t = constante; ∂P/∂t = 0 e ∂v/∂s ≠ 0.
 4 - Escoamento não permanente não uniforme é todo escoamento em que suas
características variam em função do tempo, e o vetor velocidade varia em função do
espaço. Logo: ∂ρ/∂t ≠ 0; ∂v/∂t ≠ 0; ∂A/∂t ≠ 0; ∂P/∂t ≠ 0 e ∂v/∂s ≠ 0.
Obs.: Esse entendimento das principais classificações do escoamento em condutos
forçados é de extrema importância para as considerações que serão adotadas nos cálculos
de dimensionamento dos condutos forçados.

DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS FORÇADOS

O dimensionamento de um conduto forçado consiste na escolha do tipo de tubulação


e na determinação do diâmetro (Gomes Filho et. al., 2013).

Determinação do diâmetro de um conduto forçado


A escolha do diâmetro do conduto está diretamente relacionada com a vazão e a
perda de energia (carga de carga) que será produzida pelo deslocamento do fluido (Gomes
Filho et al., 2013).
Vazão (Q)

A vazão é volume de água que atravessa uma dada seção transversal de um conduto
na unidade de tempo.
Q = v x A...........................................................................................................................(VI)
Onde:
Q – Vazão do líquido (m3/s);
v – velocidade média do fluido no escoamento (m/s);
A – área da seção transversal do conduto (m2).

Perda de carga (h)

A perda de carga em um conduto é a perda de energia dinâmica do fluido devido ao


atrito das partículas entre si e contra as paredes da tubulação que as contenha. Como
resultado desta perda de carga ocorre uma diminuição da energia potencial do fluido no
conduto, com consequente aumento da sua energia calorífica, visto que a energia total do
sistema deve se conservar (Peres, 2015).
A perda de carga, ou energia que ocorre durante o escoamento de um fluido em um
conduto, pode ser localizada (hL) ou contínua (distribuída) (hC).
 Perda de carga contínua (hC): Esta é denominada contínua quando ela se dá ao
longo de um conduto retilíneo e uniforme estando o escoamento plenamente desenvolvido
e estabilizado.
 Perda de carga localizada (hL): É a perda de carga que ocorre nas singularidades
existentes no conduto, tais como curvas, reduções, cotovelos, registros, entre outras.
A perda de carga total em um conduto forçado é igual ao somatório da perda de
carga contínua (hC) e a perda de carga localizada (hL), Equação (VII).
hT = hC + hL.......................................................................................................................(VII)
Onde:
hT - é a perda de carga total do sistema (m.c.a.);
hC - é a perda de carga contínua do sistema (m.c.a.); e
hL - é a perda de carga localizada do sistema (m.c.a.).

Determinação da perda de carga contínua do sistema (hC)


As formulas que são utilizadas para determinação da perda de carga em condutos
forçados assumem que o escoamento se dá sob regime permanente. Para o cálculo das
perdas de carga contínuas em condutos forçados, as fórmulas geralmente tem o seguinte
formato (Equação VIII):
L
hC = c. 𝐷𝑛 𝑣 𝑚 ...................................................................................................................(VIII)

Onde:
hC - é a perda de carga ou energia (m.c.a.);
c – coeficiente que leva em conta a influência das características do fluído e do conduto no
processo de perada de carga (adimensional);
L – é o comprimento do conduto (m);
D – é o diâmetro do conduto (m);
v – é a velocidade média de escoamento do fluido (m/s);
m e n – são potências a serem determinadas teórica ou empiricamente.
Uma das fórmulas muito utilizada no cálculo das perdas de cargas contínuas em
projetos hidráulicos é a de Darcy-Weisbach que ficou conhecida como fórmula Universal de
perda de carga. Esta equação apresenta fundamentos teóricos rígidos, tendo sido deduzida
através da aplicação de análise dimensional.
A fórmula de Darcy-Weisbach utilizada para calcular a perda de carga contínua em
um conduto circular apresenta a seguinte forma (Equação IX):
L.𝑉 2
hC = f. D.2g ...........................................................................................................................(IX)

Onde:
hC - é a perda de carga contínua expressa em energia por unidade de peso (m.c.a.);
f – coeficiente ou fator de atrito (adimensional);
L – é o comprimento do conduto do conduto (m);
D – é o diâmetro do conduto (m);
v – é a velocidade média de escoamento do fluido (m/s);
g – aceleração da gravidade (m/s2).
O coeficiente ou fator de atrito (f) é um número adimensional, que pode ser estimado
em função do número de Reynolds (Re) e da rugosidade relativa (e/D) do conduto. A
rugosidade relativa de um conduto pode ser definida como sendo a razão entre a
rugosidade absoluta (e, mm) e o diâmetro interno do conduto (D, mm). Assim:
Rugosidade relativa (Rr) = e/D
A rugosidade absoluta é um valor médio das alturas das asperezas da parede interna
do conduto. O valor da rugosidade absoluta é função do material e da qualidade do
processo industrial utilizado na fabricação do tubo, sendo normalmente fornecido pelo seu
fabricante (Quadro 1).

Quadro 1. Rugosidade absoluta para alguns materiais.

Fonte: Porto (2006).

O número de Reynolds já foi comentado anteriormente.


Ainda se quiser calcular a queda de pressão entre dois pontos pode-se utilizar a
seguinte Equação:
L.𝑉 2
∆p = γ. f. D.2g .........................................................................................................................(X)

∆p - é a queda de pressão (Pa);


γ – é o peso específico (N/m3);

Determinação do fator de atrito (f)


Na determinação do coeficiente de atrito (f) devem ser consideradas duas condições:
1 – regime de escoamento laminar (Re ≤ 2000); e 2 - regime de escoamento turbulento (Re
≥ 4000).
O coeficiente de atrito (f) pode ser obtido por meio de equações ou pelo diagrama de
Moody. O diagrama de Moody é um gráfico logarítmico no qual o coeficiente de atrito (f) é
apresentado em função do número de Reynolds e da rugosidade relativa do conduto (Figura
3).
Então, se conhecer a rugosidade relativa que é a razão ente a rugosidade absoluta
e o diâmetro do conduto (e/D) e conhecer o número de Reynolds é possível determinar o
coeficiente de atrito através do diagrama de Moody.

Figura 3. Diagrama de Moody.

Fonte: http://www.dequi.eel.usp.br/~lmguimaraes/Diagrama%20de%20Moody.pdf

A outra forma de determinar o coeficiente de atrito (f) é através de fórmulas. Neste


caso deve-se escolher a equação que vai depender do regime de escoamento e da
rugosidade relativa (e/D) da tubulação.
Se o escoamento for laminar (Re ≤ 2000), o coeficiente de atrito (f) é independente
da rugosidade relativa (e/D) e depende unicamente do número de Reynolds (Re). Nesta
situação f pode ser calculada pela seguinte Equação (XI)
64
f = 𝑅 .................................................................................................................................(XI)
𝑒

Onde:
f – coeficiente ou fator de atrito (adimensional);
Re – número de Reynolds (adimensional) que pode ser calculado através da Equação II, III
ou IV.
Quando o escoamento for turbulento, a determinação de f é bem mais complexo,
pois são utilizadas fórmulas complexas que na maioria dos casos os cálculos são realizados
através de interações. Neste caso é fundamental fazer a distinção entre tubos
hidraulicamente liso, rugoso e misto.
 Um tubo é considerado hidraulicamente liso se (e/D)xRe0,9 ≤ 31. Neste caso f pode ser
determinado através das Equações de Blasius (XII) ou de Karman-Prandtl (XIII).

 Equação de Blasius
f = 0,3164Re-0,25................................................................................................................(XII)
Obs.: Esta fórmula é válida para 4000 ≤ Re < 100.000.

 Equação de Karman-Prandtl
1
√𝑓
= 2 log( Re√𝑓) − 0,8....................................................................................................(XIII)

ou na sua forma equivalente:


−2
𝑓 = [2 log( Re√𝑓) − 0,8]

Obs.: A fórmula XIII é valida para qualquer Re ≥ 4000.

 Para tubos hidraulicamente rugosos, ou seja, quando (e/D)xRe0,9 ≥ 448, f é determinado


através da Equação XIV, também desenvolvida por Karman-Prandtl, porém para esta
condição:
1
√𝑓
= 1,14 − 2 log(𝐷𝑒 )..........................................................................................................(XIV)

ou na sua forma equivalente:


𝑒 −2
𝑓 = [1,14 − 2 log ( )]
𝐷
 Se o tubo for hidraulicamente misto, ou seja, se 31 < Re 0,9x(e/D) < 448, f pode ser calculado
através das Equações proposta por Colebrook-White ou de Swamee-Jain.

 Equação de Colebrook-White
1
√f
= −2 log( 2,51
R √f
+ 0,27e/D)...............................................................................................(XV)
e

Como a equação de Colebrook–White apresenta o termo f dos dois lados da


equação, sua solução é feita por meio de processos de tentativa e erro.
 Equação de Swamee-Jain

0,25
f=
5,74
2 .........................................................................................................(XVI)
[log( 0,9 + 0,27 e/D)]
Re

 Equação de Swamee
Swamee desenvolveu uma fórmula (Equação XVII), a partir da combinação das
0,25
equações XI (f = 64/Re) e XVI (f = 5,74
2 ), que permite estimar o coeficiente de
[𝑙𝑜𝑔( 0,9 + 0,27 𝑒/𝐷)]
𝑅𝑒

atrito em qualquer regime de escoamento, incluindo os tubos lisos e rugosos.


−16 0,125
64 8 𝑒 5,74 2500 6
f = {[𝑅 ] + 9,5 [2,3026 log (0,27 𝐷 + 𝑅 0,9 ) − ( ) ] } .........................................................(XVII)
𝑒 𝑒 𝑅𝑒

Determinação da perda de carga contínua em condutos forçados através de


Equações empíricas

De um modo geral as equações empíricas são do tipo:


𝑄𝑚
J = K. .......................................................................................................................(XVIII)
𝐷𝑛

Onde:
J - é a perda de carga unitária;
K, m e n – são inerentes a cada formulação e faixa de aplicação, em geral K depende só
do tipo de material da parede do conduto (Porto, 2006).
Q – é a vazão do fluido (m3/s);
D – é o diâmetro do conduto (m).

Dentre as Equações práticas as mais utilizadas são as de Hagen-Poissuille, Hazen-


Wiliams e Flamant.

 Equação de Hagen-Poissuille

μ.L.𝑉
hC = 32. 𝛾.𝐷2 .....................................................................................................................(XIX)

Onde:
hC - é a perda de carga contínua expressa em energia por unidade de peso (J/N; m.c.a.);
µ – viscosidade dinâmica do fluido (N.s/m2) (ver Tabela 1);
L – é o comprimento do conduto do conduto (m);
D – é o diâmetro do conduto (m);
v – é a velocidade média de escoamento do fluido (m/s);
γ - Peso específico do fluido (N/m3).

Obs.: A Equação de Hagen-Poissuille somente se aplica aos escoamentos laminares, ou


seja, quando Re ≤ 2000 (Peres, 2015).

 Equação de Hazen - Williams

L.𝑉 1,852
hC = 6,807. 𝐶 1,852 .𝐷1,167 ........................................................................................................(XX)
𝑄 L
hC = 10, 643. (𝐶 )1,852 𝐷4,87 ..................................................................................................(XXI)

Onde:
hC - é a perda de carga contínua expressa em energia por unidade de peso (J/N; m.c.a.);
L – é o comprimento do conduto do conduto (m);
D – é o diâmetro do conduto (m);
v – é a velocidade média de escoamento do fluido (m/s);
Q – é a vazão do fluido (m3/s).
C – coeficiente de rugosidade que depende do material e do estado de conservação da
parede do tubo (adimensional). Este coeficiente é tabelado e seu valor é função do material
da tubulação (Tabela 2).

Tabela 2. Coeficiente de rugosidade de Hazen–Williams (C).


Fonte: Denículi (2013).

Obs.: A Equação de Hazen–Williams é aplicável para condutos forçado transportando água


na temperatura ambiente (20 °C), em regime de escoamento turbulento e diâmetro variando
de 50 a 3500 mm.

 Equação de Flamant
L.𝑉 1,75
hC = 4b. ................................................................................................................(XXII)
𝐷1,25

Onde: b é um coeficiente de rugosidade (adimensional) que depende do material utilizado


na fabricação do tubo. Os seguintes valores do coeficiente b são utilizados na fórmula de
Flamant: b = 0,00023 s1,75/m0,5 para tubos usado de ferro ou aço; b = 0,000185 s1,75/m0,5
para tubos novo de ferro ou aço; b = 0,000185 s1,75/m0,5 para tubos de cobre; b = 0,000140
s1,75/m0,5 para tubos de chumbo; b = 0,000135 s1,75/m0,5 para tubos de PVC e de polietileno
(PE).

Obs.: A aplicação da Equação de Flamant deve ficar restrita basicamente para o


dimensionamento de tubulações com diâmetro menor que 50 mm (D < 50 mm) conduzindo
água.
Esta fórmula é bastante utilizada no dimensionamento de instalações prediais de
água e em sistemas de irrigação localizada, como, gotejamento e microaspersão que
normalmente apresenta as linhas laterais de irrigação e as linhas laterais de distribuição
com diâmetros menores que 50 mm.

Determinação das Perdas de Carga Localizada (hL)

A perda de carga localizada ocorre sempre que se introduzem nas tubulações peças
especiais, como curvas, registros, cotovelos, válvulas de retenção, tês de derivação entre
outros (Peres, 2015).
A perda de carga localizada causada por um acessório qualquer pode ser
determinada utilizando-se o método dos coeficientes, ou então, o método dos
comprimentos equivalentes. O método dos coeficientes é o mais utilizado uma vez que os
valores dos coeficientes utilizados nos cálculos das perdas de carga localizada não
dependem do tubo ensaiado, como se dá no caso do método dos comprimentos
equivalentes.
 Método dos Coeficientes

Por este método a perada de carga localizada é calculada através da Equação XXIII:
𝑉2
hL = ƩK. 2.𝑔 ...................................................................................................................(XXIII)

hL - é a perda de carga localizada a alguma singularidade expressa em energia por unidade


de peso (J/N; m.c.a.);
K – é um coeficiente apropriado a cada tipo de singularidade (Tabelas 3 e 4);
v – é a velocidade média de escoamento do fluido (m/s);
g – é a aceleração da gravidade (m/s2).

Tabela 3. Valores aproximados do coeficiente de perda de carga localizada K.

Fonte: Baptista e Coelho (2016).

Tabela 4. Valores aproximados do coeficiente de perda de carga localizada K.


Fonte: Denículi (2013).
Determinações das perdas de cargas localizada e total pelo método dos comprimentos
equivalentes e virtual

Sob o ponto de vista da perda de carga, uma canalização composta de diversas


peças especiais e outras singularidades, equivale a um encanamento retilíneo de maior
comprimento. É nesta simples ideia que se baseia o método do comprimento virtual.
O método consiste em se adicionar ao comprimento real da tubulação um
comprimento extra (o chamado comprimento equivalente), que corresponde ao mesmo
valor de perda de carga que seria causado pelas peças especiais que compõem a
tubulação. Desta forma, cada singularidade da tubulação corresponde a um certo
comprimento fictício adicional de tubo, que recebe o nome de comprimento equivalente. A
Figura abaixo ilustra este processo (UFLA, 2007).

Figura 5. Ilustração do método do comprimento virtual.

Fonte: UFLA (2007).


Assim, a perda de carga localizada é substituída pela perda de carga contínua que
se verifica neste comprimento virtual do conduto (Peres, 2015).
Portanto, no procedimento de cálculos por esse método utilizam-se Tabelas que
contem os valores dos comprimentos de tubo equivalente (Ceq.) à perda de carga causada
pela presença de uma singularidade (Tabelas 5, 6, 7, 8 e 9).

Tabela 5. Comprimento equivalentes (Ceq) para tubos lisos (m) (plástico, cobre ou ligas de cobre).

Fonte: NBR 5626/86 apud Baptista e Lara (2016).

Tabela 6. Comprimento equivalentes (Ceq) para tubos rugosos (m) (tubos de aço-carbono, galvanizado ou
não).
Fonte: NBR 5626/86 apud Baptista e Lara (2016).

Tabela 7. Comprimento equivalentes (Ceq) para tubos de PVC.

Fonte: Denículi (2013).

Tabela 8. Comprimento equivalentes (Ceq) para tubos de ferro fundido e aço.


Fonte: Denículi (2013).

Tabela 9. Comprimento equivalente (Ceq) de ampliação ou redução gradual de acessórios de ferro ou aço.

Fonte: Cruciane (1996) apud Gomes Filho et al. (2013).


Para determinar a perda de carga localizada (hL), basta fazer o somatório de todos
os comprimentos equivalente (Ceq) e substitui o valor do comprimento (L) na Equação de
Darcy-Weisbach (IX) ou nas equações de Hazen–Williams (XXI) (se D > 50 mm) e Flamant
(XXII) (se D ≤ 50 mm). Assim:

 Equação de Darcy-Weisbach (IX)


ƩCeq .𝑉 2
hL = f. .....................................................................................................................(IX)
2.D.g

 Equação de Hazen–Williams (XXI)


𝑄 ƩCeq
hL = 10, 643. (𝐶 )1,852 𝐷4,87 ..................................................................................................(XXI)

 Equação de Flamant (XXII)


ƩCeq .𝑉 1,75
hL = 4b. ...........................................................................................................(XXII)
𝐷 1,25
Para determinar a perda de carga total (perda de carga localizada mais contínua),
basta utilizar o valor do comprimento virtual (Lv) determinado de acordo com a Equação
XXIV.
Comprimento Linear Virtual = Comprimento Real + Soma dos Comprimentos Equivalentes

Lv = L + ƩCeq................................................................................................................(XXIV)

Lv – Comprimento Virtual Total (m);


Ceq – Comprimento Equivalente das Peças Especiais (m);
L – Comprimento real da tubulação (m).

Obs.: Caso seja necessário determinar a perda de carga total (hT), pode-se utilizar a
equação de Darcy-Weisbach (IX) ou demais equações empíricas (Gomes Filho et al., 2013),
apresentadas anteriormente, substituindo L por Lv.

 Equação de Darcy-Weisbach (IX)


LV .𝑉 2
hT = f. .......................................................................................................................(IX)
2.D.g

 Equação de Hazen–Williams (XXI)


𝑄 L
hT = 10, 643. (𝐶 )1,852 𝐷4,87
V
..................................................................................................(XXI)

 Equação de Flamant (XXII)


LV .𝑉 1,75
hT = 4b. ..............................................................................................................(XXII)
𝐷1,25

Método dos diâmetros equivalentes

Este método consiste em converter o comprimento fictício de cada peça em números


de diâmetros.
Os cálculos utilizando este método são análogos ao anterior, com a diferença de
apenas utilizar os dados da Tabela 10.

Tabela 10. Diâmetros equivalentes (Deq) das principais peças especiais.


Fonte: Denículi (2013).
Lv = L + ƩDeq..................................................................................................................(XXV)

Lv – Comprimento Virtual Total (m);


Deq – Diâmetro Equivalente das Principais Peças Especiais(m);
L – Comprimento real da tubulação (m).

CONDUTOS EQUIVALENTES

Duas tubulações são equivalentes quando transportam a mesma vazão sob a


mesma perda de carga. Este conceito é utilizado para simplificar cálculos hidráulicos de
tubulações interligadas, cujos condutos diferem por “D” ou “L”.

Condutos em Série: Tubulação formada por trechos de características distintas


interligada nas extremidades que conduzem vazão constante (Figura 6).

Figura 6. Conduto equivalente em série.


Fonte: Soares (2013).

A equação XXVI pode ser utilizada nos cálculos de dimensionamento de condutos


em série pelo método dos condutos equivalentes.

L L1 L2 Lj
=D 2m+n + +⋯+ .......................................................................(XXVI)
D2m+n 1 D2 2m+n Dj 2m+n

Em que: L é o comprimento da tubulação (m); D é o diâmetro (m); m e n, são o


expoente do termo velocidade e do diâmetro, respectivamente na fórmula utilizada para o
cálculo da perda de carga do conduto.
No caso da fórmula de Hazen-Williams, tem-se m = 1,852 e n = 1,167; na fórmula de
Darcy-Weisbach estes valores são m = 2 e n = 1 (Peres, 2015).

Condutos em Paralelo: São aqueles que possuem as extremidades de montante


reunidas num só ponto e as de jusante, em outro ponto (Figura 7).

Figura 7. Conduto equivalente em paralelo.


Fonte: Soares (2013).

Para o dimensionamento de condutos em paralelo utilizando-se o método dos


comprimentos equivalentes, pode-se utilizar a equação XXVII.

1 1 1 1
D2m+n 𝑚 D1 2m+n 𝑚 D2 2m+n 𝑚 D𝑗 2m+n 𝑚
( ) =( ) +( ) + ⋯+ ( ) ..................................................(XXVII)
𝐿 L1 L2 Lj

Caso se tenha L = L1 = L2 = ... = Lj, na Equação acima passa a ter o seguinte formato:
1 1 1 1
(D2m+n )𝑚 = (D1 2m+n)𝑚 + (D2 2m+n)𝑚 + ⋯ + (D𝑗 2m+n )𝑚.............................................(XXVIII)

REFERÊNCIAS

BAPTISTA, M. B.; COELHO, M. M. L. P. Fundamentos de engenharia hidráulica. 4ª ed.


Belo Horizonte: UFMG, 2016, 477p.

DANÍCULI, W. Bombas hidráulica. 3ª ed. Viçosa: UFV, 2005, 152p.

GOMES FILHO, R. R. et al. Hidráulica aplicada às ciências agrárias. Goiânia: América/


UEG, 2013, 254p.

PERES, J. G. Hidráulica agrícola. São Carlos: EdUFSCar, 2015, 429p.

PORTO, R. M. Hidráulica básica. 4 ed. São Carlos: EESC – USP, 2006.

UFLA. Disponível em: <http://deg.ufla.br/site/_adm/upload/file/HfLocalizada2007.pdf>.


Acesso em 02 de julho de 2019.

Exercícios de Fixação

1) Por uma tubulação nova de cimento amianto de 200 m de comprimento e 25 mm de


diâmetro interno escoa 1,0 L/s de água à temperatura de 20 °C. Sabendo-se que a
viscosidade cinemática da água a 20 °C vale ʋ = 1,01x10-6 m2/s, determine a perda de
carga contínua que ocorre durante o escoamento.

2) Uma tubulação de ferro fundido (fofo) conduz água à temperatura de 20 °C a uma


velocidade média de 3,0 m/s. Se a tubulação tem 365 m de comprimento e 15 cm de
diâmetro. Sabendo-se que a viscosidade cinemática da água a 20 °C vale ʋ = 1,01x10-6
m2/s, determine a perda de carga que ocorre durante o escoamento.

3) Uma tubulação de aço, com 10” de diâmetro e 1600,00 m de comprimento, transporta


1.892.500,00 L/dia de óleo combustível a uma temperatura de 25 °C. Sabendo que a
viscosidade cinemática ao referido fluido àquela temperatura é da ordem de 0,00130 m 2/s,
determine:
a) O regime de escoamento a que está submetido o fluido.
b) A perda de carga normal ao longo do referido oleoduto.

4) Determine a perda de carga contínua de uma tubulação, utilizando a fórmula universal.


Dados: vazão de 120 m3/h, comprimento da tubulação de 300 m, diâmetro nominal de 150
mm (Di – 159,6 mm), tubulação de ferro fundido (e = 0,25 mm), viscosidade cinemática de
10-6 m2/s.

5) Determine o diâmetro de uma tubulação de PVC (C = 150) com 200 m de comprimento,


sabendo que a vazão é de 40 m3/h e que a máxima carga admissível é de 6 m.c.a.

6) Uma tubulação adutora de PVC, transporta uma vazão de 50 m3/h que abastece um
reservatório de uma propriedade agrícola. A adutora possui 1,0 km de extensão, diâmetro
nominal de 100 mm e espessura de 5,6 mm (Di = 94,4 mm). Estão instaladas na adutora
as seguintes peças: um registro de gaveta, uma válvula de retenção, três curvas de 90° e
uma ampliação com ângulo de 20°. Determine a perda de carga total desta adura.

7) Um sistema de recalque tem 550 m de comprimento de tubulação, uma válvula de


retenção; um registro de gaveta; um joelho ou cotovelo de 90°; quatro curvas de 90°; duas
curvas de 45° e uma saída livre de canalização. O conduto e seus acessórios são de ferro
fundido novo com diâmetro de 350 mm e transporta uma vazão de 972 L/s de água.
Determine as perdas de cargas deste sistema utilizando a fórmula universal de perda de
carga (Fórmula de Darcy-Weisbach), equação empírica, método dos comprimentos e
diâmetros equivalente/virtuais.

8) Uma estação de bombeamento eleva uma vazão de 144 m3/h de água para um
reservatório de acumulação através de uma tubulação de aço galvanizado com 200 mm de
diâmetro. Determine a perda de carga localizada no recalque utilizando ambos os métodos
de determinação da perda de carga localizada. Peças especiais no recalque: um registro
de gaveta, uma válvula de retenção, duas curva de 90º e três curvas de 45º.
9) Uma adutora de ferro fundido nova com 1,0 km de comprimento para aduzir uma vazão
de 25 L/s. Sabendo que a perda de carga contínua admitida na adutora seja de 25 m.c.a.
utilize a equação de Hazen-Williams para dimensionar a adutora.

10) O sistema de adução de água esquematizado abaixo interliga dois reservatórios cuja
diferença de nível é de 25 m. As adutoras são constituídas de tubos novos de ferro fundido.
A adutora 1 tem 60 m de comprimento e diâmetro de 50 mm; a adutora 2 tem 60 m de
comprimento e diâmetro de 75 mm e a adutora 3 tem 100 m de comprimento e diâmetro de
100 mm. Desprezadas as perdas de carga localizadas, calcular a vazão do sistema
utilizando-se a fórmula de Hazen-Williams.

Fonte: Peres (2015).

11) Para o abastecimento de um projeto de irrigação, foi instalada uma adutora constituída
de tubos de ferro fundido de 250 mm de diâmetro que então fornecia uma vazão de 75 L/s
de água. Posteriormente, com o aumento da área irrigada do projeto, foi instalada uma
segunda adutora para 35 L/s de capacidade, utilizando tubos do mesmo material e diâmetro
de 175 mm. No momento, há necessidade de se dispor de uma vazão de 150 L/s o que
poderia ser obtido com uma terceira adutora de 200 mm de diâmetro, não fosse o caso das
condições locais mostrarem ser mais adequada a adoção de uma tubulação de diâmetro
único. Determinar este diâmetro único equivalente.

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