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SANEAMENTO E

HIDRÁULICA
Condutos e Perdas de Carga
Prof. Me. Paulo Fernando Feitosa Leite
CONDUTOS FORÇADOS OU SOBPRESSÃO

• Conduto no qual o líquido escoa sob pressão


diferente da atmosfera.
• A canalização funciona, sempre, totalmente cheia e
o conduto é sempre fechado. São em geral de seção
circular constante. O fluído pode escoar no sentido
descendente ou no ascendente.
• Exemplo:
• Canalizações de distribuição de água na cidade;
• Canalizações prediais de água fria e quente;
• Canalização de recalque.
Conduto forçado ou sob-pressão
CONDUTOS LIVRES
• Os condutos livres apresentam, em qualquer ponto
da superfície livre, pressão igual à atmosférica. Nas
condições limite, em que um conduto livre funciona
totalmente cheio, na linha decorrente junto à geratriz
superior do tubo, a pressão deve igualar–se à
pressão atmosférica.
• Funcionam sempre por gravidade.
• Exemplo:
• Canalizações de esgoto de uma cidade;
• Canalizações de esgoto prediais;
• Aquedutos livres, canais livres, cursos de água naturais.
Conduto livre
Condutos
NÚMERO DE REYNOLDS
• O número de Reynolds é um parâmetro que leva
em conta a velocidade entre o fluído que escoa e o
material que o envolve, uma dimensão linear típica
(diâmetro, profundidade, etc), e a viscosidade
cinemática do fluído.

• onde:
• V é a velocidade, m/s
• L é uma dimensão linear típica (diâmetro,
profundidade, etc.), m
• n é a viscosidade cinemática da fluído, m²/s
• Número de Reynolds para seção circular

• Para seções não circulares


Experiência de Reynolds
Experiência de Reynolds
• Observou o comportamento dos líquidos em escoamento
• a) laminar (baixas velocidades); b) transição (vel. Médias) e c) turbulento
(altas velocidades)
Experiência de Reynolds
• Baseado em suas experiências Reynolds classificou
o movimento em três classes da seguinte forma:
• Re < 2000 movimento laminar (Geral óleo viscoso)
• V < V crítica: corante retilíneo e a trajetória não se misturava
• As partículas fluidas apresentam trajetórias bem definidas e
não se cruzam.
• 2000 ≤ Re ≤ 4000 movimento transição

• Re > 4000 movimento turbulento (Geral água)


• V > V crítica: corante se misturava em um movimento
desordenado.
• Trajetória das partículas são desordenadas.
PERDAS DE CARGA (hf)
PERDAS DE CARGA (hf)

Quando um líquido flui de


1 para 2 parte da energia
inicial se dissipa, e a soma
das três cargas em 2 não
se iguala a 1 A diferença
de energia de 1 para 2 é
chamada de perda de
carga.
PERDAS DE CARGA (hf)
• a) No regime laminar a perda de carga é devida
inteiramente à viscosidade do fluído. Aqui a velocidade do
fluído junto à parede é zero.

• b) Quando o regime é turbulento a perda de carga se dá


devido à viscosidade e a rugosidade das paredes da
tubulação que causa maior turbulência ao fluído.
Perda de carga unitária (J)
• Por definição, perda de carga unitária é a razão entre a perda
de carga contínua ou total (hp) e o comprimento do conduto
(L).

J = hp (m/m)
L
• onde:
• hp é a perda de carga entre os pontos (1) e (2)
• L é o comprimento do conduto entre (1) e (2)
Perda de carga ao longo das canalizações

• São as ocasionadas pelo movimento da água na


própria tubulação. Admite–se que esta seja uniforme
em qualquer trecho de uma canalização de
dimensões constantes, independente da posição da
canalização.
Perdas localizadas, locais ou acidentais

• São as perdas ocasionadas pelas peças especiais e


demais singularidades de uma instalação.
• Ex: curvas, registros, válvulas, cotovelos, etc.
• Estas perdas são importantes nas canalizações
curtas com peças especiais. Nas canalizações
longas, o seu valor é frequentemente desprezível,
comparada com as perdas ao longo da tubulação.
FÓRMULAS MAIS USADAS PARA DETERMINAR A PERDA
DE CARGA AO LONGO DAS CANALIZAÇÕES

• Para o regime laminar (Re ≤ 2000)


• Para o regime laminar não importa o tipo de tubo, pois a velocidade
junto ao mesmo é zero.
• Neste caso apresentamos somente uma fórmula em três versões.
• onde: hp é a perda de carga, m
• L o comprimento da tubulação, m
• D o diâmetro da tubulação, m
• Q a vazão que passa pela tubulação, m³/s
• V a velocidade, m/s
• g a gravidade, (9,81 m/s²)
• n é a viscosidade cinemática da fluído, m²/s
• Re número de Reynolds (adimensional).
Para o regime turbulento
• Para o regime turbulento existe na literatura um
grande número de fórmulas. Nós vamos ver somente
as mais utilizadas.
• Fórmula de Hazen–Williams (mais usada no
Brasil)
• A fórmula de Hazen-Williams é recomendada para d
maior a 50 mm (2”). A seguir ela é apresentada em
três versões.
Fórmulas de Fair-Whipple-Hsião
(Recomendada para d≤ 50mm)
Fórmula de Darcy–Neisbach – Apresentação americana ou fórmula
Universal.
Determinação do coeficiente de atrito da
Fórmula Universal ( f )
a) Aspereza da parede e altura média (e)
• As irregularidades na parede interna de um conduto
provocam a sua aspereza. Seja “e” a altura média
dessas irregularidades.
Determinação do coeficiente de atrito da
Fórmula Universal ( f )
b) Camada laminar
• Segundo a hipótese de Prandtl, junto a parede interna do conduto
forma-se uma película de líquido, onde o escoamento é laminar. Em um
conduto de diâmetro D, essa película ou camada laminar tem a
espessura:

• onde δ é a camada laminar, m


• f é o coeficiente de atrito (adimensional),
• D é o diâmetro, m
• Re o número de Reynolds (adimensional)..
• Após a camada laminar fica a zona do movimento turbulento. Como a
espessura d é muito pequeno, o escoamento do fluído ocorre,
praticante apenas na zona de movimento turbulento.
Determinação do coeficiente de atrito da
Fórmula Universal ( f )
c) Conduto liso e Conduto rugoso – Regime Turbulento
c.1) Conduto liso
• O conduto liso ocorre quando e<δ/3; É aquele cujas irregularidades
ficam totalmente cobertas pela camada laminar. O mesmo conduto
pode ser liso para um fluído e rugoso para outro.
Determinação do coeficiente de atrito da
Fórmula Universal ( f )
c.2) Conduto rugoso
• Neste tipo, “e” tem interferência direta sobre a turbulência e portanto,
sobre a perda de carga. Nos condutos rugosos distinguem-se 2 tipos
de regime.
c.2.I) Regime turbulento de transição
• Ocorre quando δ/3<e<8 δ, neste caso, f depende da natureza do
fluído (Re) e da rugosidade relativa (e/D) do tubo. Neste caso apenas
uma parte da aspereza atravessam a camada laminar, contribuindo
com a turbulência.
Determinação do coeficiente de atrito da
Fórmula Universal ( f )
c.2.II) Regime de turbulência plena
• Ocorre quando e > 8 δ , neste caso as irregularidades (e) são muito
grandes em relação a espessura (δ) da camada laminar. As mesmas
perfuram totalmente a camada e concorrem para o aumento e a
manutenção da turbulência. Neste regime “f” depende da rugosidade
relativa (e/D) e independe do número de Reynolds.
• A- Fórmulas específicas para condutos lisos (regime turbulento)
• a.1) Fórmula de Von Karman e Prandtl ( para tubos lisos)

• a.2) Fórmula de Nikuradse


• B- Fórmulas específicas para condutos rugosos no regime
turbulento de transição
• b.1) Fórmula de Colebrook

• b.2) Fórmula de Moody


• C- Fórmulas específicas para condutos rugosos no regime de
turbulência plena
• c.1) Fórmula de Von Karman e Prandtl - ( para tubos rugosos)
D - Fórmula Geral para o Cálculo do ¨f¨

• Recentemente, Swamee (1992) apresentou uma equação geral para o


cálculo do fator de atrito válida para os escoamentos; laminar,
turbulento liso, de transição e turbulento rugoso na forma:

• OBS: o valor de “f ”, também pode ser determinado através de


diagramas tais como o de Moody e o de Rouse.
Rugosidade dos tubos (valores de e em metros)
Recomendações para aplicação da fórmula Universal
PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS EM
CANALIZAÇÕES

• Nas canalizações, qualquer causa perturbadora qualquer elemento ou


dispositivo que venha estabelecer ou elevar a turbulência, mudar a
direção ou alterar a velocidade, é responsável por uma perda de
energia.
• São exemplos causadores de perdas localizadas: peças especiais,
conexões, válvulas, registros, medidores, etc.
• Métodos de determinação das perdas de carga localizadas
• A- O primeiro método é pela expressão geral ou método dos
coeficientes

• onde: K = coeficiente (Tabela)


• V = velocidade média (m/s)
Valores de K usados na equação geral
• B- Método dos comprimentos virtuais ou equivalentes
• Para efeito de cálculo adiciona se comprimentos que correspondem à
perda causada pelas peças existentes na tubulação. Levando-se em
consideração todas as peças especiais e demais causas de perda,
chega-se a um comprimento virtual de canalização.
• Neste caso o comprimento utilizado para determinar as perdas totais
(perdas ao longo da canalização mais as perdas localizadas) é a
soma do comprimento real da tubulação mais o comprimento
equivalente correspondente a cada peça especial, podemos resumir
isto na seguinte equação:

• LEquivalente é retirado de tabelas depende do tipo de peça e do


material usado (aço, PVC, etc.)
• Importância relativa das perdas localizadas
• As perdas podem ser desprezadas nas tubulações longas cujos
comprimentos excedam cerca de 4000 vezes o diâmetro. São ainda,
desprezíveis nas canalizações em que a velocidade é baixa
(V<1,0m/s) e o número de peças especiais não é grande.
• Por exemplo, as perdas localizadas não são levadas em conta nos
cálculos das linhas de adutoras, rede de distribuição, etc. São levadas
em conta no caso de instalações prediais e industriais, encanamentos
de recalque, nos condutos forçados das usinas hidráulicas, etc.
• As fórmulas para determinar as perdas já foram vistas:
• 1. Formula de Hazen-Williams

• 2. Formula Universal
• VELOCIDADES MÍNIMAS
• Para evitar deposição nas canalizações, a velocidade mínima
geralmente é fixada entre 0,25 a 0,40 m/s, dependendo o seu valor da
qualidade da água. Para as águas que contém certos materiais em
suspensão, a velocidade não deve ser inferior a 0,50 m/s (no caso
esgoto por exemplo).
• A velocidade mínima não é estabelecida para os sistemas de
distribuição de água potável.
• VELOCIDADES MÁXIMAS
• As velocidades máximas são estabelecidas devido:
• a) condições econômicas
• b) efeitos nocivos dinâmicos (sobre pressão prejudicial)
• c) limitação de perda de carga
• d) desgaste e corrosão
• e) ruídos desagradáveis
• A) Sistema de abastecimento de água

• B) Canalizações prediais

• C) Cuidados no caso de velocidades muito


elevadas
• É muito importante assimilar que no caso de tubulações
funcionando com velocidades elevadas as perdas de carga
localizadas passam a ter valores que chegam a ultrapassar
os valores das perdas ao longo das linhas.
GOLPE DE ARIETE
• Até agora estudamos tubulações, nas quais o
escoamento da água se processa em movimento
permanente. Quando o movimento não for permanente,
isto é, quando a pressão e a vazão, em cada seção
transversal, variam com o tempo, o teorema de Bernoulli
não é mais aplicável, em virtude de ocorrência de um dos
fenômenos mais interessantes e complexos da
Hidráulica, o golpe de ariete.
• Denominamos golpe de ariete à variação da pressão
acima e abaixo do valor de funcionamento normal dos
condutos forçados, em consequência das mudanças das
velocidades da água, decorrente de manobras dos
registros e regulagem das vazões.
• O fenômeno vem normalmente acompanhado de som que faz lembrar
marteladas, fato que justifica o seu nome. Além do ruído
desagradável, o golpe de ariete pode romper as tubulações, danificar
aparelhos e prejudicar a qualidade de produtos fabricados por
máquinas afetadas por meio de sistemas hidráulicos.

• Por todas estas razões, o engenheiro deve estudar quantitativamente


o golpe de ariete e os meios disponíveis para evitá-lo ou suavizar seus
efeitos.
• Para eliminar ou diminuir o golpe de ariete é
usado:
• (1) válvula de alívio
• (2) câmara de ar comprimido
• (3) chaminé de equilíbrio
Exercício 1
• Qual a velocidade da água através de um furo na
lateral de um tanque, se o desnível entre o furo e a
superfície livre é de 2 m?
Exercício 1
• Qual a velocidade da água através de um furo na
lateral de um tanque, se o desnível entre o furo e a
superfície livre é de 2 m?
Exercício 2
Exercício 3
Exercício 4
Exercício 4
Obrigado!

Prof. Paulo Fernando Araújo Feitosa Leite


Engenheiro Civil
Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento
paulo.feitosa@unirb.edu.br

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