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ESCOAMENTO EM TUBOS E

DUTOS

PROFESSORA: RITA DE CÁSSIA BERGAMASCO


ESCOAMENTO EM TUBOS E DUTOS

 O escoamento de líquidos ou gases, através de


tubos, é comumente encontrado nas aplicações de
aquecimento e resfriamento, e redes e distribuição
de fluidos.
 O fluido, nestas aplicações, é geralmente forçado a
escoar por uma seção de escoamento, utilizando
equipamentos como bombas, compressores,
ventiladores.
 E o atrito, causado entre o fluido e as paredes do
tubo, está relacionado diretamente com a queda de
pressão e a perda de carga
ESCOAMENTO EM TUBOS E DUTOS

 A queda de pressão é usada para determinar a


potência requerida de bombeamento.
 Um sistema de tubulação envolve tubos de
diferentes diâmetros, conectados uns aos outros por
diversos acessórios e cotovelos para direcionar o
fluido, válvulas para controlar o escoamento, e
bombas para pressurizar o fluido
TUBOS X DUTOS
 Dutos: para escoamento de gases
 Tubos: para escoamento de líquidos
 Tubos circulares: usados quando a diferença de
pressão entre a entrada e saída é grande (há maior
resistência), e por isso ele resiste a pequenas distorções
 Tubos não circulares: aplicados a sistemas de
aquecimento e resfriamento de construções, quando a
diferença de pressão é pequena
DIÂMETRO HIDRAÚLICO
 O número de Reynolds (Re) é usado para definir o
tipo de escoamento
 Para escoamento em tubos
não circulares, o Re é baseado
no diâmetro hidráulico (Dh)
4𝐴𝑐
𝐷ℎ = (1)
Ρ
Ac é a área transversal do
escoamento do fluido
 é o perímetro “molhado”, ou
trecho do perímetro onde o fluido
está em contato com a parede
do tubo
NÚMERO DE REYNOLDS – fluidos
Newtonianos

𝜌𝑢𝐷
 Para tubos circulares: 𝑅𝑒 = (2)
𝜇
𝜌𝑢𝐷ℎ
 Para tubos não circulares: 𝑅𝑒 = (3)
𝜇

𝑅𝑒 ≤ 2300 escoamento laminar


2300 < 𝑅𝑒 < 4000 escoamento de transição
𝑅𝑒 ≥ 4000 escoamento turbulento
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA

Perfil de
velocidade
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA
EM TUBOS E DUTOS
 De forma similar ao escoamento externo, há o
desenvolvimento do perfil de velocidades a partir
das superfícies sólidas:
 Princípio da aderência junto à parede:
 Variação da velocidade na direção normal à parede;
 Produção de tensões de cisalhamento viscosas no
fluido (opostas ao movimento)
 Como há “duas” paredes sólidas, o perfil é diferente
daquele apresentado pelo escoamento externo
 A camada limite existe em todas as superfícies
envolvidas
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA
EM TUBOS E DUTOS
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA EM
TUBOS E DUTOS
 Na entrada do tubo existe uma região central
invíscida
 A partir da entrada do tubo, as espessuras das
camadas limites das paredes opostas aumentam até
que as camadas limites se juntam no centro do tubo
 Esta região onde os perfis estão se alterando é
chamada de região de entrada hidrodinâmica
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA EM
TUBOS E DUTOS
 A região, além da região de entrada, onde o perfil
de velocidade está completamente desenvolvido e
permanece inalterado, é chamada de região
hidrodinamicamente completamente desenvolvida.
 Na região completamente desenvolvida, o perfil de
velocidade permanece inalterado e, portanto, as
tensões de cisalhamento permanecem constantes
nesta região
𝜕𝑢(𝑟,𝑥)
=0 𝑢 = 𝑢(𝑟)
𝜕𝑥
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA EM
TUBOS E DUTOS
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA EM
TUBOS E DUTOS

 O comprimento da região de entrada, medida na


direção do escoamento, é chamado de
comprimento de entrada
 O comprimento de entrada é diferente para
escoamentos laminares e turbulentos
 Escoamento laminar: 𝐿ℎ,𝐿 ≈ 0,05. 𝑅𝑒. 𝐷 (4)
 Escoamento turbulento: 𝐿ℎ,𝑇 ≈ 10. 𝐷 (5)
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA EM
TUBOS E DUTOS

 O perfil de velocidades é um
gráfico que representa a variação
da velocidade do fluido com o raio
do tubo
 O perfil de velocidades varia
com o número de Reynolds
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA EM
TUBOS E DUTOS

Fluidos Newtonianos
 Escoamento laminar
𝑟 2
𝑢 𝑟 = 2𝑢 1 − (6)
𝑅

E a velocidade máxima ocorre na linha de centro, em


r=0
𝑢𝑚𝑎𝑥 = 2𝑢 (7)
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA EM
TUBOS E DUTOS
 Escoamento turbulento
 O escoamento turbulento é caracterizado por
flutuações aleatórias e rápidas de regiões em
redemoinhos de fluidos, chamados de turbilhões, em
todo o escoamento
 Essas flutuações oferecem um
mecanismo adicional para a
quantidade de movimento
𝑢 = 𝑢 + 𝑢′ (8)

Velocidade Componente
média flutuante
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA EM
TUBOS E DUTOS
 Perfil de velocidade turbulento
1. Subcamada viscosa: camada mais fina, próxima a
parede, na qual os efeitos viscosos dominam
2. Camada amortecedora: os efeitos turbulentos
começam a aparecer
3. Camada de superposição
(transição): os efeitos turbulentos se
Tornam mais significativos
4. Camada turbulenta: os efeitos
Turbulentos dominam os viscosos
CAMADA LIMITE HIDRODINÂMICA EM
TUBOS E DUTOS
 As características do escoamento são bastante
diferentes nas diferentes regiões e, portanto, é difícil
pensar em uma relação analítica para o perfil de
velocidade de todo o escoamento
 Um perfil de velocidade simples para o escoamento
turbulento é o perfil de velocidade da lei de
potência
1
𝑟 𝑛
𝑢 = 𝑢𝑚𝑎𝑥 1 − (9)
𝑅
 n: constante, cujo valor depende de Reynolds
 n=7 (aproxima-se muito dos escoamentos, na
prática)
PERDA DE CARGA (Hp)

 Representa as perdas irreversíveis de energia do


escoamento, quando o fluido se dirige de um ponto
a outro da tubulação
 Sua origem é o atrito que a parede da tubulação
exerce sobre o fluido
 Reflete em uma variação de pressão ao longo do
escoamento
 Pode ser avaliada mediante a equação da energia:
𝑝1 𝑢12 𝑊 𝑝2 𝑢22
+ + 𝑧1 + 𝑒𝑖𝑥𝑜 = + + 𝑧2 + 𝐻𝑝 (10)
𝛾 2.𝛼.𝑔 𝑔 𝛾 2.𝛼.𝑔
PERDA DE CARGA (Hp)

A perda de carga é classificada em:


 Perda de carga distribuída (Hf): ocorre devido ao
atrito das próprias partículas de fluido entre si. É
significativa somente se houver trechos relativamente
longos de tubos, pois o atrito ocorrerá de forma
distribuída ao longo deles
 Perda de carga localizada ou singular (HL): ocorre
em locais das instalações em que o fluido sofre
perturbações bruscas no seu escoamento. Essas
perdas podem ser grandes em trechos relativamente
curtos da instalação, como por exemplo, em
válvulas, mudanças de direção, alargamento
brusco, obstruções parciais etc
PERDA DE CARGA (Hp)

 Perda de carga distribuída: entre 1 e 2; 2 e 3; 3 e 4; 4


e 5; 5 e 6
 Perda de carga localizada: 1 (estreitamento); 2 e 3
(cotovelos); 4 ( estreitamento); 5 (válvula)
 Numa instalação completa: 𝐻𝑝 = 𝐻𝑓 + 𝐻𝐿 (11)
PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA(Hf)

 Considere uma tubulação circular, de seção


transversal constante, com inclinação ascendente
de  graus, com relação a horizontal
u2
z2 = h
p2

h

u1
z1 = 0 Aplicando a eq. da energia: Não há
p1 acessórios
𝑝1 𝑢12 𝑊𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑝2 𝑢22
+ + 𝑧1 + = + + 𝑧2 + 𝐻𝑝 na seção
𝛾 2. 𝛼. 𝑔 𝑔 𝛾 2. 𝛼. 𝑔

h Hf + H L
PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA(Hf)

 A diferença de pressão entre a entrada e saída é


dada em função de:
𝑝1 −𝑝2
= ℎ + 𝐻𝑓 𝑝1 − 𝑝2 = 𝛾ℎ + 𝛾𝐻𝑓 (12)
𝛾
hidrostática atrito

 A diferença de pressão é composta por uma parcela


devido a coluna hidrostática, de altura h, e a outra
devido ao atrito
 A função de uma bomba no circuito será suprir a
diferença de pressão dada pela altura hidrostática e
pelo atrito
PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA(Hf)

 Se o tubo estiver na horizontal: z2 = 0


𝑝1 − 𝑝2 = 𝛾𝐻𝑓 (13)

 E como calcular Hf?


 A perda de carga distribuída está relacionada com
a tensão de cisalhamento por:
4 𝐿
𝐻𝑓 = 𝜏 (14)
𝜌𝑔 𝐷 𝑤

 L é o comprimento da tubulação, e D é o seu


diâmetro
PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA(Hf)

 E como determinar a tensão de cisalhamento na


parede?
 O fator de atrito é definido como a relação entre a
tensão que o fluido exerce sobre a parede do tubo e
𝜌𝑢2
a energia cinética por unidade de massa 𝐸𝑐 = :
2𝛼
8𝛼
 𝑓= 𝜏 (fator de atrito de Darcy) (15)
𝜌𝑢2 𝑤
𝜌𝑢2
 Rearranjando a eq. (15) : 𝜏𝑤 = 𝑓
8𝛼
𝐿 𝑢2
𝐻𝑓 = 𝑓 (16)
𝐷 2𝛼𝑔
CÁLCULO DO FATOR DE ATRITO (f)
 O fator de atrito é uma função da magnitude do
número de Reynolds e da rugosidade absoluta do
tubo ()
 Alguns tubos apresentam asperezas nas paredes
internas, que influenciam na perda de carga do
fluido em escoamento
 Tais asperezas não são uniformes, mas apresentam
uma distribuição aleatória tanto
em altura, como em disposição
 No entanto, para efeitos de
estudo, supõe-se que as
asperezas tenham altura e
distribuição uniforme
CÁLCULO DO FATOR DE ATRITO (f)
 O efeito desta rugosidade na perda de carga é
importante, já que afeta o fator de atrito
 A rugosidade é um parâmetro que depende do tipo
e das características do material que é fabricado o
tubo
 Para tubos lisos (vidro e plástico):  = 0
𝜀
 Rugosidade relativa: (função do diâmetro do
𝐷
tubo e do tipo de material que é construído)
CÁLCULO DO FATOR DE ATRITO (f)
Fluxo em regime laminar
64
 Fluidos Newtonianos: 𝑓 = (17)
𝑅𝑒
64
 Fluidos da lei da potência: 𝑓 = (18)
𝑅𝑒𝐺
𝐷𝑛 .𝑢2−𝑛 .𝜌 4𝑛 𝑛
𝑅𝑒𝐺 = (19)
𝑘.8𝑛−1 1+3𝑛
1 𝑓 𝐻𝑒 𝐻𝑒 4
 Plástico de Bingham: = − + (20)
𝑅𝑒𝐵 16 6 𝑅𝑒𝐵 2 3𝑓 3 𝑅𝑒𝐵 8

𝜌𝑢𝐷 𝜌𝜏0 𝐷 2
𝑅𝑒𝐵 = (21) 𝐻𝑒 = (22)
𝜇′ 𝜇′ 2
CÁLCULO DO FATOR DE ATRITO (f)
64
 Fluidos de Herschel-Bulkley: 𝑓 = (23)
Ψ𝑅𝑒𝐺
𝑛
1−𝑚 2 2𝑚.(1−𝑚) 𝑚2
 Ψ = 3𝑛 + 1 𝑛 . 1 − 𝑚 1+𝑛
. + + (24)
3𝑛+1 2𝑛+1 𝑛+1
2
𝑛 2 Ψ −1
(25)
𝑛
 𝑅𝑒𝐺𝑚 = 2𝐻𝑒𝐺 .
1+3𝑛 𝑚
2
𝜌𝐷2 𝜏0 𝑛−1
 𝐻𝑒𝐺 = . (26)
𝑘 𝑘
𝜏
 Se m não é conhecido 𝑚 = 0 , tem-se um processo
𝜏𝑤
iterativo:
 i) estima-se  (=0,50)
 ii) calcula-se m da eq. (25)
 iii) Calcula-se  da eq. (24)
 iv) compara-se com o valor estimado
 v) se o valor é próximo, calcula-se f da eq. (23). Se o valor é
muito diferente, usa-se o novo valor como estimativa
CÁLCULO DO FATOR DE ATRITO (f)
Fluxo em regime turbulento
 O fator de atrito no escoamento turbulento
completamente desenvolvido depende de Re e /D
 Neste caso utiliza-se o Diagrama de Moody
 Embora o Diagrama de Moody seja desenvolvido para
tubos circulares, também pode ser usado para tubos
não circulares, substituindo o diâmetro pelo diâmetro
hidraúlico
DIAGRAMA DE MOODY
RUGOSIDADE
CÁLCULO DO FATOR DE ATRITO (f)
Fluxo em regime turbulento
 Fluidos da lei da potência:
𝑛
1 2 1− 2 0,4
1 = . 𝑙𝑜𝑔 𝑅𝑒𝐺 . 𝑓 − 1,2 (27)
4𝑓 2 𝑛0,75 𝑛

 Plástico de Bingham:
1
1 = 2,27. log 1 − 𝑚 + 2,27. 𝑙𝑜𝑔 𝑅𝑒𝐵 . 𝑓 1/2 − 1,15 (28)
4𝑓 2
EXERCÍCIOS
1. Na instalação da figura abaixo, a bomba B recalca
água do reservatório R1 para o reservatório R2, ambos em
nível constante. Desprezando a perda de carga
localizada, determine a potência da bomba (kW), se a
vazão na tubulação é 20 L/s. Dados: D = 10 cm; L = 50 m;
tubo de ferro fundido;  = 10-6 m2/s;  = 1000 kg/m3
EXERCÍCIOS
2. Dados foram obtidos por medições num trecho
vertical de tubo de ferro galvanizado velho e
corroído com diâmetro interno de 1,0 in e 20 ft de
comprimento. Numa seção, a pressão era p1=100
psig; numa segunda 20 ft mais baixa, a pressão era
p2=75,5 psig. A vazão de água era de 0,110 ft3/s.
Estime a rugosidade relativa do tubo. Que
porcentagem de economia de potência de
bombeamento resultaria se o tubo fosse restaurado
ao seu estado de novo, limpo?

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