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CAPÍTULO 3 – ESCOAMENTO VISCOSO EM CONDUTOS

I. CARACTERÍSTICAS GERAIS

Analise de Escoamentos viscosos e incompressíveis em tubos (circulares) e dutos (não circulares).

Exemplos: Oleodutos, sistemas de distribuição de água; sistema vascular e respiratório; sistemas de ar


condicionado; Tubos (que podem ter diferentes diâmetros); conexões; dispositivos de controle de vazão;
medidores; bombas; turbinas; etc.

1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DE ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO

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Escoamento turbulento: velocidade apresenta flutuações aleatórias
Parâmetro importante no escoamento viscoso em condutos: número de Reynolds

Para cálculos de engenharia:

 Re ≤ 2100 → escoamento laminar;


 2100 ≤ Re ≤ 4000 → escoamento de transição
 Re > 4000 → escoamento turbulento

2. REGIÃO DE ENTRADA E ESCOAMENTO COMPLETAMENTE DESENVOLVIDO

 Região de entrada: região do escoamento próxima da seção de alimentação.

 Escoamento plenamente (ou completamente) desenvolvido (E.P.D.): perfil de velocidades não


muda com a distância longitudinal (eixo x).

 Comprimento da região de entrada le:

3. CARACTERÍSTICAS GERAIS: TENSÃO DE CISALHAMENTO E PRESSÃO

 Escoamento plenamente desenvolvido: forças de pressão são equilibradas pelas forças


viscosas;
 Escoamento não é plenamente desenvolvido: forças de inércia não são desprezíveis;
 Tubo não é horizontal: força peso é relevante;

 Efeitos viscosos fazem com que o gradiente de pressão não seja nulo.
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4. ESCOAMENTO LAMINAR PLENAMENTE DESENVOLVIDO

Hipóteses:
 Escoamento em trechos retos de tubulação
 Escoamento laminar plenamente desenvolvido
 Regime permanente; Fluido Newtoniano
 Efeitos gravitacionais desprezados

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 Efeitos gravitacionais desprezados: pressão constante ao longo da seção vertical;
 Pressão varia ao longo da tubulação;

2ª Lei de Newton:

Sem aceleração no escoamento do fluido: ;


Camadas de fluido, mais lentas, exercem sobre o volume de controle uma força devido a tensão
de cisalhamento:

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Logo:

1º EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

Escoamento de água em tubo horizontal com 1 mm de diâmetro no qual são colocados dois
medidores de pressão separados por uma distância de 1 m. Qual é a perda máxima de pressão
que pode ser medida, admitindo que o escoamento seja laminar?

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Resposta: = 1,66 10-6 m3/s ; 67,6 kP .

2º EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

Escoamento laminar e plenamente desenvolvido de um fluido em dois tubos horizontais de


igual comprimento que conectados forma uma tubulação de comprimento 2 l.

A perda de pressão no primeiro trecho é 1,24 vezes maior que no segundo trecho. Se o
diâmetro do primeiro trecho é D, determine o diâmetro do segundo trecho.

Resposta: D2 = 1,055 D

3º EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO
Escoamento de óleo (peso específica=8.900 N/m3, viscosidade=0,10 N.s/m2) em um tubo
horizontal de diâmetro igual a 23 mm. Um manômetro em U é usado para medir a pressão
como mostra a figura abaixo. Determine a faixa de valores de h para a condição de escoamento
laminar.

Resposta: = 0,0042 m3/s ; 30575 N/m 0 ≤ h ≤ 0,51 m


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II. DINÂMICA DOS FLUIDOS ELEMENTAR E EQUAÇÃO DE BERNOULLI

Hipóteses:
 Um pequeno elemento de volume do fluido (partícula fluida);
 Escoamentos invíscidos (viscosidade nula);
 Aplicação da segunda Lei de Newton ao movimento da partícula fluida.

Quando uma partícula fluida muda de posição, ela segue uma trajetória particular cuja forma é
definida pela sua velocidade.

As trajetórias são as linhas de corrente e são tangentes aos vetores velocidades das partículas
em cada ponto. Ou seja, são tangentes aos vetores do campo em cada ponto.

Definindo um novo referencial: s-n

s = s(t) é a distância medida sobre a linha de corrente a partir de uma origem.

A direção n é perpendicular à linha de corrente em cada ponto do escoamento.


R = R (s) é o raio de curvatura local da linha de corrente.
A distância ao longo da linha de corrente está relacionada com a velocidade
da partícula fluida.
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A aceleração ao longo da linha de corrente, as, é a derivada temporal da
velocidade:

A aceleração na direção perpendicular à linha de corrente é a aceleração


centrífuga sobre a partícula:

onde, V e R (raio de curvatura) podem variar ao longo da trajetória.

Aplicação da 2a Lei de Newton ao longo da linha de corrente

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Aplicação da expansão de Taylor:

p: pressão no centro da partícula;


p- δps : Pressão na face esquerda;
p+ δps : Pressão na face direita;

As pressões nas faces são obtidas por expansão da pressão em série de Taylor. Assim,

Força líquida devida à pressão na partícula sobre a linha de corrente:

2a Lei de Newton ao longo da linha de corrente


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É válida para escoamentos permanentes, invíscidos (sem viscosidade) e
incompressíveis ao longo da linha de corrente.

A variação da velocidade de uma partícula fluida é provocada por uma combinação


adequada do gradiente de pressão com a componente do peso da partícula na
direção da linha de corrente.

4º EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

Consideramos algumas linhas de corrente do escoamento, em regime permanente, de um fluido


invíscido e incompressível em torno de uma esfera de raio a.
Sabe-se, utilizando um tópico mais avançado de Mecânica dos Fluidos, que a velocidade ao longo
da linha de corrente A-B é dada por:

Determine a variação da pressão entre os pontos A (xA= -∞ e VA=Vo) e B (xB= -a e VB=0) da linha de
corrente.
pode ser apilcada.

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O movimento ocorre apenas na direção x (x coincide com s) e ϴ=0.

O gradiente de pressão (dp/dx) aumente de A até B (x=-a) onde cai bruscamente.


Integrando a equação:

A EQUAÇÃO DE BERNOULLI

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Considerando a equação:

Integrando:

É a chamada equação de Bernoulli, válida ao longo da linha de corrente e para escoamentos


invíscidos, permanentes e incompressíveis.

↘ Apesar das restrições, é extremamente importante no contexto da Mecânica dos Fluidos.


↘ Corresponde a uma integração geral da segunda Lei de Newton, F = ma.
↘ Não é necessário conhecer detalhadamente a distribuição de velocidades no escoamento para
determinar a diferença de pressão entre dois pontos do escoamento.
↘ Porém, é preciso conhecer as condições de contorno nos pontos.
↘ É necessário, também, conhecer a variação de velocidades ao longo da linha de corrente.

5º EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

Considere o escoamento de ar em torno de


um ciclista que se move em ar estagnado com
velocidade Vo. Determine a diferença entre as
pressões nos pontos (1) e (2) do escoamento.
Considere que o ciclista tenha uma
velocidade de 40km/h.

Para um sistema fixo ao ciclista, o escoamento é permanente e pode ser considerado invíscido e
incompressível. Então podemos aplicar a equação de Bernoulli, entre os pontos (1) e (2).

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Resultado: p2 – p1 = 75,47 Pa.

6º EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

A figura mostra um jato de ar incidindo numa


esfera. Observe que a velocidade do ar na
região próxima ao ponto 1 é maior do que
aquela próxima ao ponto 2 quando a esfera
não está alinhada com o jato.
Determine, para as condições mostradas na
figura, a diferença de pressão nos pontos 2 e
1. (Obs. Despreze os efeitos gravitacionais)

Perdas de carga distribuída

Determinação de f para o escoamento turbulento:


a) Diagrama de Moody

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4º EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

Óleo com ρ=900 kg/m3 e υ=0,00001 m2/s escoa a 0,2 m3/s por um tubo de ferro
fundido de 500 m de comprimento e 200 mm de diâmetro.

Determine hL e Δp se o tubo tem um ângulo de declive de 10° no sentido do


escoamento.

4º EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO

Se a vazão através de um tubo de ferro forjado de 10 cm de diâmetro no sistema da figura é de


0,04 m3/s, encontre a diferença de elevação H para os dois reservatórios.

Resposta: H = 22,6 m

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