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FLAMBAGEM DE PAINÉIS DE AÇO ENRIJECIDOS EM DIFERENTES

TEMPERATURAS

Miguel Renato Manco Rivera

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-graduação em Engenharia
Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Oceânica.

Orientadores: Murilo Augusto Vaz


Julio César Ramalho Cyrino

Rio de Janeiro
Maio de 2011
FLAMBAGEM DE PAINÉIS DE AÇO ENRIJECIDOS EM DIFERENTES
TEMPERATURAS

Miguel Renato Manco Rivera

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO


LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE)
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA.

Examinada por:

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


MAIO DE 2011
Rivera, Miguel Renato Manco
Flambagem de painéis de aço enrijecidos em diferentes
temperaturas / Miguel Renato Manco Rivera. - Rio de Janeiro:
UFRJ/COPPE, 2011.
X, 122 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Murilo Augusto Vaz
Julio César Ramalho Cyrino
Dissertação (mestrado) – UFRJ/COPPE Programa de
Engenharia Oceânica, 2011.
Referencias Bibliográficas: p. 85-88.
1. Painéis Reforçados. 2. Flambagem. 3. Elementos
Finitos. I. Vaz, Murilo Augusto et al. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia
Oceânica. III. Título.

iii
Aos meus pais Miguel e Emilia
À Frans Willems (Q.E.P.D.) por seus ensinamentos
À minha família e amigos.

iv
AGRADECIMENTOS

Aos Professores Murilo Augusto Vaz e Julio César Ramalho Cyrino pela sua valiosa

orientação, paciência e colaboração para o desenvolvimento do presente trabalho.

À minha família: Fernando, Blanca, Tatiana, Miguel, Claudia, Silvana, Francesca, F.


Antonio, Santiago, Soledad, Zoila, Luis, V. Eduardo e amigos por sua compreensão e
apoio.

Aos amigos e funcionários do Núcleo de Estruturas Oceânicas (NEO) em especial a

Nicolau Rizzo pela sua valiosa ajuda no desenvolvimento de meu modelo em

ABAQUS, a Víctor Zegarra e a Aynor Ariza por seus valiosos aportes a meu trabalho.

Aos amigos que me ajudarem ao desenvolvimento desta dissertação em especial a

Miguel Celis pelas suas correções do texto e seus aportes a meu trabalho, a Kelly Nuñez

e Carmen Velásquez pelo seu apoio e amizade e a Mónica por seu carinho e apoio ao

longo do desenvolvimento de este trabalho.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e ao Programa de

Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ pelo suporte financeiro.

v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

FLAMBAGEM DE PAINÉIS DE AÇO ENRIJECIDOS EM DIFERENTES


TEMPERATURAS

Miguel Renato Manco Rivera

Maio/2011

Orientadores: Murilo Augusto Vaz


Julio César Ramalho Cyrino
Programa: Engenharia Oceânica

Existem muitos estudos numéricos e experimentais sobre a resposta estrutural de


painéis de aço enrijecidos sob condições específicas de carregamento. Geralmente
nestes estudos se define um conjunto de parâmetros geométricos e físicos para
representar seu comportamento e seus modos de falha característicos (Plate Induced
Overall Buckling - PI, Stiffener Induced Overall Buckling - SI, Plate Buckling - PB e
Stiffener Tripping - ST). Entretanto, poucos estudos analisam a influência do
incremento da temperatura do meio externo (como, por exemplo, o caso de um incêndio
dentro de um navio) sobre o comportamento e modos de falha das chapas reforçadas.

O objetivo deste trabalho é analisar a carga crítica de flambagem e os modos de


falha de uma chapa reforçada submetida a diferentes temperaturas. Para tanto, um
estudo paramétrico é realizado utilizando um modelo de elementos finitos de uma chapa
reforçada de uso naval. No modelo se consideram as imperfeições iniciais através de
modelos simplificados propostos por diferentes pesquisadores. A análise considera que
as propriedades mecânicas (tensão de escoamento, coeficiente de Poisson e módulo de
elasticidade) variam com a temperatura e são utilizadas duas condições de carga:
compressão uniaxial e uma combinação de flexão e compressão uniaxial.

vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

BUCKLING OF STIFFENED PANELS AT DIFFERENT TEMPERATURES

Miguel Renato Manco Rivera

May/2011

Advisor: Murilo Augusto Vaz


Julio César Ramalho Cyrino
Department: Ocean Engineering

There are many numerical and experimental studies on the structural response of
stiffened steel plates under specified conditions of loading. These studies generally
define a set of geometrical and physical parameters to represent their behavior and
failure modes (Plate Induced Overall Buckling - PI, Stiffener Induced Overall Buckling
- SI, Plate Buckling - PB and Stiffener Tripping - ST). However, few studies have
analyzed the influence of temperature increase of the external environment (for example
the case of a fire on a ship) on the behavior and failure modes of stiffened plates.

The aim of this study is to analyze the critical buckling load and failure modes of
stiffened steel plates under different temperatures. Thus, a parametric study is
performed using a finite element model of a typical naval stiffened steel plate. Initial
imperfections through simplified models proposed by different researchers are
considered. The analysis also considers the mechanical properties (yield stress,
Poisson's ratio and modulus of elasticity) temperature-dependent. Two load conditions
are considered: uniaxial compression and a combination of bending and uniaxial
compression.

vii
Sumário

1. Introdução 1
1.1 Geral 1
1.2 Comportamento estrutural de painéis enrijecidos 4
1.3 Revisão da literatura 9
1.4 Objetivo 17
1.5 Organização da dissertação 17

2. Modelo de Análise 19
2.1 Introdução 19
2.2 Simplificação do estudo - análise dimensional 19
2.3 Descrição do conjunto de parâmetros propostos 22
2.3.1 Esbelteza à flexão transversal da placa, 22
2.3.2 Esbelteza da alma do enrijecedor, 22
2.3.3 Esbelteza do flange do enrijecedor, 22
2.3.4 Razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e à flexão da
placa, 23
2.3.5 Razão das áreas do enrijecedor e da placa, 23
2.3.6 Imperfeições iniciais na placa, 23
2.3.7 Imperfeições iniciais nos enrijecedores, 23
2.3.8 Tensões residuais, 24
2.3.9 Razão dos momentos aplicado e plástico, 24
2.3.10 Razão das carga de flambagem e de escoamento, 24
2.3.11 Encurtamento axial do painel reforçado, 24
2.3.12 Razão das áreas do flange e alma do enrijecedor, 25
2.4 Conveniência dos parâmetros adimensionais 25
2.5 Modelo de elementos finitos 26
2.5.1 Geometria do modelo 27
2.5.2 Definição da geometria do painel a partir dos parâmetros
adimensionais 29
2.5.3 Propriedades do material 30

viii
2.5.4 Condições de contorno 32
2.5.5 Malha de elementos finitos 34
2.5.6 Método de solução e condições de carga 37

3. Comportamento de painéis enrijecidos na temperatura ambiente 39


3.1 Introdução 39
3.2 Matriz paramétrica 39
3.3 Avaliação dos efeitos de escala nos parâmetros adimensionais
propostos 40
3.3.1 Flambagem global induzida pela placa (PI) 42
3.3.2 Flambagem global induzida pelo enrijecedor (SI) 47
3.3.3 Flambagem da placa (PB) 51
3.3.4 Flambagem lateral-torsional do enrijecedor (ST) 55
3.4 Avaliação dos efeitos das tensões residuais 59
3.5 Interação entre os modos de flambagem locais no painel reforçado 61

4. Comportamento de painéis enrijecidos submetidos a altas


temperaturas 69
4.1 Introdução 69
4.2 Hipóteses adotadas 69
4.3 Variação do comportamento de painéis enrijecidos devido a
acréscimos de temperatura 70
4.3.1 Variação dos limites de interação entre os modos de
flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da placa 70
4.3.2 Variação da carga de flambagem 76
4.3.3 Variação dos parâmetros adimensionais 77

5. Conclusões e recomendações 82
5.1 Conclusões 82
5.2 Recomendações 83

Referências Bibliográficas 85

ix
Anexo I: Condições de contorno nos testes experimentais 89
I.1 Suporte nas extremidades 89
I.2 Sistema de restrição no bordo 90

Anexo II: Efeito dos parâmetros adimensionais no comportamento


dos painéis reforçados 92
II.1 Introdução 92
II.2 Painel reforçado submetido a compressão uniaxial 92
II.2.1 Efeito da esbelteza à flexão transversal da placa, 94
II.2.2 Efeito da razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e à
flexão da placa, 96
II.2.3 Efeito da razão das áreas do enrijecedor e da placa, 98
II.2.4 Modos de falha sob compressão uniaxial 100
II.2.5 Modo de falha dupla 100
II.3 Painel reforçado submetido a compressão uniaxial e flexão,
102
II.3.1 Efeito da esbelteza do flange do enrijecedor, 107
II.3.2 Efeito da esbelteza da alma do enrijecedor, 109
II.3.3 Efeito da razão das áreas do enrijecedor e da placa, 112
II.3.4 Efeito da esbelteza à flexão transversal da placa, 116
II.3.5 Efeito da razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e à
flexão da placa, 119

x
Capítulo 1
Introdução

1.1. Geral
Os painéis reforçados por enrijecedores em uma determinada direção são parte
integrante de muitos sistemas estruturais, tais como o casco e convés de um navio,
partes das estruturas offshore, bem como qualquer estrutura onde a relação
resistência/peso é importante.

O comportamento de painéis enrijecidos submetidos a diferentes tipos de cargas tem


sido amplamente estudado por vários pesquisadores ao longo de muitos anos. Na
abordagem clássica, fórmulas analíticas foram desenvolvidas, tais como as de
Timoshenko e Gere [1], Danielson et al. [2], Hughes e Ma [3-4] e, mais recentemente,
Paik e Thayamballi [5]. Embora estas equações sejam desenvolvidas com base em
hipóteses simplificadoras, a solução é complicada e seus resultados não mostram
sempre boa concordância com estudos experimentais. Apesar disto, servem como uma
ferramenta para a compreensão da mecânica do problema.

Posteriormente, através da realização de testes com painéis em escala real, com


condições de contorno idealizadas (Ghavami [6], Hu [7] e Grondin et al. [8-9])
encontrou-se uma série de parâmetros que afetam o comportamento dos painéis
enrijecidos, tais como o tipo e orientação dos enrijecedores, tensões residuais,
imperfeições iniciais, etc. Muitos estudos estatísticos foram realizados para avaliar as
distorções pós-soldagem e tensões residuais, neste sentido destacam-se os trabalhos
feitos por Faulkner [10], Carlsen e Cjuzko [11] e Smith et al.[12].

Atualmente, têm sido utilizadas poderosas ferramentas computacionais, como é o caso


do Método dos Elementos Finitos, sendo o problema tratado através de estudos
numéricos-experimentais que tentam validar modelos cada vez mais sofisticados.
Nesses modelos, os campos de tensões residuais, bem como imperfeições iniciais,

1
podem ser incluídos de forma explícita. Logicamente, cada vez que um novo modelo é
proposto, este deve ser validado mediante testes com modelos em escala real, mas estes
elevam o custo da investigação, razão pela qual a metodologia de ensaios com modelos
reduzidos (Estefen [13], Trovoado [14] e outros) tem apresentado sucesso.

A estrutura de um sistema flutuante, navio ou plataforma, é projetada para certas


condições de operação específicas (cargas ambientais e operacionais). Como em geral
há presença de grandes quantidades de substâncias inflamáveis no seu interior, sempre
existe o risco de incêndio a bordo. O calor introduz campos de temperatura que afetam o
comportamento da estrutura, e mais especificamente dos painéis.

Existem muitos estudos que avaliam a capacidade de carga e os respectivos modos de


flambagem de painéis enrijecidos, bem como os fatores geométricos e físicos que os
afetam, à uma temperatura normal de operação. Entretanto, poucos estudos analisam
esse comportamento para diferentes temperaturas, às que a estrutura poderá estar
submetida caso aconteça algum acidente, seguido de incêndio, gerando súbita elevação
da temperatura em regiões do navio.

Neste sentido, tanto as Sociedades Classificadoras, mediante suas normas, quanto a


International Maritime Organization (IMO), através da International Convention for
the Safety of Life at Sea (Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana
no Mar), SOLAS [15], fornecem orientações para preservar a vida das pessoas que
trabalham nestas estruturas.

A SOLAS [15], apresenta uma descrição bastante detalhada de uma série de parâmetros
que devem ser obedecidos para garantir a sobrevivência da tripulação de uma estrutura
flutuante em caso de incêndio. Aborda três pontos principais: A prevenção do incêndio
e explosões, o controle de incêndios e a evacuação do pessoal a bordo. Também
apresenta uma série de quesitos que devem ser obedecidos por tipos específicos de
navios.

Para a prevenção de incêndio, faz uma descrição dos tipos de combustíveis utilizados e
os cuidados que devem ser tomados para seu armazenamento, bem como uma descrição

2
do equipamento permitido em sua redistribuição. Também fornece uma série de
classificações dos materiais usados para impedir a propagação do fogo assim como uma
série de sistemas para evitar a propagação da fumaça e gases tóxicos. Quanto à
integridade estrutural do navio refere-se, de uma forma geral, que se deve evitar o
colapso parcial ou total das estruturas, devido a uma diminuição da resistência pelo
calor. Também descreve uma série de medidas e equipamentos que deve ter o navio, a
fim de facilitar tanto a evacuação do pessoal a bordo, incluindo inspeções periódicas e
testes que a tripulação deve realizar.

Park et al.[16] realizam a avaliação de risco de incêndio nos navios de passageiros.


Através de uma revisão de dados de acidentes anteriores, propõem vários cenários de
incêndio. Cada um deles leva em conta a probabilidade da origem do fogo, o acesso ao
compartimento testado (portas e janelas abertas ou fechadas), a operatividade dos
sistemas de ventilação, detecção e repressão ao fogo, bem como o número de vidas
perdidas em cada cenário de incêndio. A partir da simulação das facilidades e do tempo
de evacuação para cada pessoa, eles determinam os cenários que levam a uma maior
perda de vidas a bordo.

Azzi e Vassalos [17] analisam o efeito do aumento do comprimento de compartimento


de passageiros, do ponto de vista da segurança contra incêndios e da evacuação do
pessoal a bordo. Eles estudam dois casos, no primeiro é obedecida a regulamentação
relativa ao comprimento máximo do compartimento de passageiros dado pela
Convenção SOLAS [15], e no outro caso, esse comprimento é ultrapassado. O efeito do
fogo é avaliado do ponto de vista da facilidade de evacuação. Os riscos quantificam-se
sob a forma de vítimas afetadas pelos diferentes efeitos do incêndio, tais como calor,
toxicidade e visibilidade. A partir destes modelos eles concluem que quanto maior o
comprimento da câmara, maior o número de passageiros feridos e expostos à fumaça
tóxica. Como a propagação da fumaça é considerada o principal perigo, propõe dividir o
compartimento com portas de fechamento automático à prova de fogo e fumaça. Esta
metodologia mostra desempenho equivalente de segurança ao esperado nos corredores
que cumprem a Convenção SOLAS.

3
Papanikolaou et al.[18] apresentam as diferentes metodologias utilizadas na análise da
propagação de incêndios em diferentes áreas do navio. Por exemplo, a partir do uso de
modelos numéricos baseados na dinâmica dos fluidos computacional (CFD), analisam o
comportamento do fogo em espaços de carga e contentores. Da mesma forma, fazem
uma descrição da metodologia Bayesiana na análise de risco na área de carga.
Finalmente, apresentam um resumo da metodologia a ser utilizada na análise de risco da
vida humana no caso de incêndio.

1.2. Comportamento estrutural de painéis enrijecidos em navios


Quando um navio flutua em águas tranquilas, está submetido às forças verticais de
empuxo que são iguais à soma do peso do navio. No entanto, estas forças são
desbalanceadas ao longo do comprimento do navio dando origem a esforços cortantes e
momentos fletores atuando na estrutura do navio. Essa discussão é válida para o navio
em ondas, neste caso, a distribuição de pesos mantém-se inalterada, porém, como a
superfície da água já não é plana devido às ondas, a distribuição do empuxo ao longo do
navio se altera. A modificação da flutuação acarreta modificação nas forças cortantes e
momentos fletores que agem na estrutura do navio.

O navio, ao fletir, por alquebramento ou tosamento, deverá ter uma estrutura capaz de
garantir a resistência e a estabilidade estrutural do casco. Em navios de grande porte, o
sistema de construção predominante é o longitudinal. Nesse sistema os elementos
estruturais responsáveis por resistir a este carregamento são os painéis enrijecidos que
compõem os conveses, costados, costado duplo, fundo, teto do duplo fundo e anteparas
longitudinais. Na Figura 1.1 apresenta-se as condições de alquebramento e tosamento
assim como um exemplo de distribuição de peso e empuxo para um navio em ondas.

Devido à complexidade dessa estrutura e do estado de deformação resultante dos


esforços, admite-se, para efeito de estudo, que o estado de tensão pode ser reproduzido
pela superposição de três parcelas, a saber: as tensões primárias, induzidas pelo estado
de deformação longitudinal do casco; as tensões secundárias que resultam da flexão dos
painéis entre anteparas e as tensões terciárias, produzidas pela curvatura das placas entre
reforços (ver Figura 1.2). Evidentemente, as dimensões dos membros dos painéis
devem ser suficientes para resistir à superposição destas três tensões. Uma falha local de

4
algum membro pode levar ao comprometimento de outros membros adjacentes e, em
última instância, ao colapso da viga-navio. Este fenômeno caracteriza um colapso
progressivo da estrutura. Portanto, para um dimensionamento estrutural eficiente é
importante conhecer o comportamento dos elementos estruturais devido aos diversos
carregamentos que serão impostos durante a vida útil do navio.

Figura 1.1: Alquebramento e tosamento para um navio em ondas (Clark [19])

Figura 1.2: Níveis de resposta estrutural em um navio (Paik e Thayamballi [5])

Na análise do comportamento dos painéis enrijecidos é preciso avaliar o efeito da flexão


global da viga-navio. Em alquebramento (Figura 1.2), por exemplo, essa flexão é
transmitida para os painéis do fundo através de suas extremidades (anteparas ou
hastilhas), resultando em compressão uniaxial. Além disso, devido ao carregamento
local o painel também estará submetido a momentos de flexão. Devido à presença de
5
forças de compressão axial e momentos de flexão, as placas enrijecidas são suscetíveis à
instabilidade (flambagem). Esta instabilidade sob compressão uniaxial ou combinações
de flexão e compressão uniaxial (de acordo com Hu et al. [20], Grondin et al. [9], Paik e
Thayamballi [5] e outros) pode tomar uma das quatro formas seguintes: flambagem
global induzida pela placa (Plate Induced Overall Buckling - PI), flambagem global
induzida pelo enrijecedor (Stiffener Induced Overall Buckling - SI), flambagem da placa
(Plate Buckling - PB) ou flambagem lateral-torsional do enrijecedor (Stiffener Tripping
- ST).

A flexão local (F.L.), dependendo de sua direção, modifica o estado de tensões (E.T.)
aumentando a compressão na placa em relação ao enrijecedor ou vice-versa. Por
exemplo, na Figura 1.3 mostra-se a análise do fundo duplo de um navio em
alquebramento. Nesta situação, os painéis do teto estão sujeitos à compressão (C.) e
flexão local. O sentido dessa flexão é tal que leva a um acréscimo da compressão no
enrijecedor, originando nele uma alta probabilidade de ativar a flambagem global (SI)
ou local (ST) do enrijecedor. Por outro lado, nos painéis do fundo, a flexão é tal que
aumenta a compressão sobre a placa, elevando as probabilidades de uma flambagem
global (PI) ou local (PB) nela. Em geral, é importante conhecer a magnitude da carga de
flambagem ( ) a qual é comumente dividida pela carga de escoamento da seção
transversal do painel ( ), que é a carga de escoamento média determinada pela
multiplicação da tensão de escoamento ( ) pela área da seção transversal do painel a
fim de faze-la adimensional.

Na Figura 1.4 apresentam-se as formas típicas de flambagem de um painel enrijecido e


na Figura 1.5 apresentam-se as curvas de típicas de carga/deformação em sua forma
adimensional ( ) VS ( ), note-se que a deformação do painel ( ) foi
dividida pela deformação no limite de elasticidade ( ), para relaciona-lo com o
comportamento do material. A flambagem global se caracteriza pela deflexão
simultânea do enrijecedor e da placa. Quando o reforço fica localizado do lado convexo
do painel, denomina-se de flambagem global induzida pela placa, ver Figura 1.4 (a).
Por outro lado, se o enrijecedor está no lado côncavo da placa, em geral, a flambagem é
induzida pelo enrijecedor, ver Figura 1.4 (b). Estes dois modos de flambagem são

6
normalmente caracterizados por um comportamento de pós-flambagem com pequenos
decréscimos da carga com o aumento da deformação do painel (ver Figura 1.5).

Figura 1.3: Estado de tensões nos painéis do fundo duplo

O modo de flambagem da placa se caracteriza pela flambagem da placa entre os


enrijecedores do painel, resultando em uma redistribuição da carga da placa nos
enrijecedores. Este modo de flambagem é ilustrado na Figura 1.4 (c). Este modo tem
um comportamento da curva carga/deformação do painel similar ao modo de
flambagem global, mas ele tem um maior decréscimo da carga conforme a deformação
aumenta, como é apresentado na Figura 1.5.

A flambagem lateral-torsional do enrijecedor (stiffener tripping) caracteriza-se pela


rotação do enrijecedor em sua ligação com a placa, como se apresenta na Figura 1.4 (d).
Ao contrário dos outros modos de flambagem, que levam a uma falha por estado limite,
este modo normalmente resulta no colapso do painel devido a uma diminuição brusca
na resistência do painel ante um leve aumento na carga aplicada, como é apresentado na
Figura 1.5. Portanto este modo de flambagem é considerado o mais severo, pois
compromete repentinamente a integridade estrutural da seção transversal.

7
Figura 1.4: Formas típicas de flambagem de um painel reforçado: (a) Flambagem
global induzida pela placa (PI), (b) Flambagem global induzida pelo
enrijecedor (SI), (c) Flambagem da placa (PB) e (d) Flambagem lateral-
torsional do enrijecedor (ST).

Figura 1.5: Curvas típicas de carga-deformação para cada um dos modos de


flambagem de um painel reforçado

8
1.3. Revisão da literatura
Faulkner [10] mede as distorções iniciais máximas em cerca de 300 painéis enrijecidos.
Com base nesses valores, agrupados estatisticamente, propõe as seguintes relações para
estimar uma distorção inicial máxima da placa:

( ), para e
(1.1)
, para e

onde √ é a esbelteza da placa, é a largura da placa, é a espessura da

placa, é a espessura da alma do enrijecedor, é a tensão de escoamento da placa,


é o módulo de elasticidade do aço, é a magnitude máxima da imperfeição na placa
e é uma constante que foi encontrada na análise de regressão dos dados coletados que
depende do tipo de navio.

Em relação às tensões residuais, ele propõe um modelo idealizado (Figura 1.6),


consistindo de uma zona de tração, com um alcance de três a seis vezes a espessura da
placa, em cada lado da região da solda, que é equilibrada com a compresão do resto do
painel. Finalmente, propõe a seguinte relação:

(1.2)

onde é a magnitude da tensão residual compressiva na placa e é uma constante que
depende do tipo de soldagem (soldagem com múltiplos passes, ou intermitente).

Figura 1.6: Modelo idealizado das tensões residuais de uma solda do enrijecedor na
placa, Faulkner [10].

9
Carlsen e Czujko [11] conduzem um estudo similar para encontrar o valor máximo e a
distribuição das distorções de soldagem em painéis enrijecidos, utilizando o método das
diferenças finitas. Eles propõem a seguinte fórmula para a previsão das distorções de
soldagem:

, para (1.3)

Eles também estudam o efeito da distribuição das distorções pós-soldagem na


resistência à compressão de painéis enrijecidos. Finalmente sugerem que a forma da
imperfeição geométrica dos painéis enrijecidos utilizados na estrutura do navio pode ser
expressa como segue:

( ) ( ) ( ) (1.4)

onde ( ) é a magnitude da imperfeição inicial no ponto ( ) da placa (onde e


são as distâncias ao longo do comprimento e da largura do painel, respectivamente),
é o comprimento do painel, é o número de meias ondas senoidais na forma
deformada da placa ao longo de seu comprimento.

Carlsen [21] faz um estudo paramétrico, baseado no método de diferenças finitas, em


painéis enrijecidos sob carregamento uniaxial adotando um modelo de material elasto-
plástico. Os parâmetros considerados foram a esbelteza da placa e do reforço, a razão
das áreas da placa e do enrijecedor, a razão das áreas do flange e da alma do
enrijecedor, as condições de contorno que simulam a continuidade transversal do painel,
modeladas mediante a simetria nos bordos longitudinais da placa, as imperfeições
iniciais e as tensões residuais. Foram investigados os quatro modos de flambagem
apresentados anteriormente. Um painel com dois enrijecedores foi modelado a fim de
avaliar o efeito da continuidade transversal no painel. A investigação limitou-se ao
início da flambagem e não se estende ao regime de pós-flambagem.

As esbeltezas da placa e do enrijecedor são parâmetros considerados importantes nesse


trabalho. Os resultados mostram que a razão entre as áreas do reforço e da placa tem
pouca influência sobre a capacidade de carga, enquanto o efeito da relação entre as
áreas do flange e da alma do enrijecedor tipo "T" é considerado insignificante. O efeito
das imperfeições iniciais e tensões residuais foram considerados significativos para a
flambagem da placa, sendo o efeito mais pronunciado para placas finas. O efeito das

10
imperfeições iniciais sobre o modo de flambagem lateral-torsional de reforço é
considerado desprezível. A continuidade transversal do painel, no caso de flambagem
da placa afeta a magnitude da deformação lateral e também provoca redução na rigidez
lateral, enquanto que no modo de flambagem lateral-torsional do enrijecedor o efeito da
continuidade lateral é insignificante.

Bornscheuer [22] estuda a influência dos processos de soldagem na capacidade de carga


de colunas, placas e cascas. A redução na capacidade de carga normalmente não excede
10% da tensão crítica e conclui que a tensão crítica é mais influenciada pelas
imperfeições geométricas do que pela tensão residual.

Smith et al. [12] estudam a magnitude das imperfeições iniciais e tensões residuais nos
painéis enrijecidos. Os valores são agrupados em "leve", "médio" e "grave", com
magnitudes variando de 3% a 97% do valor máximo da distorção inicial e das tensões
residuais medidas na construção de estruturas com painéis enrijecidos. As magnitudes
máximas para cada grupo são apresentadas na Tabela 1.1. Eles propõem um modelo no
qual a magnitude máxima da distorção na placa é proporcional ao quadrado da esbelteza
da placa, diferente da relação linear proposta por Carlsen e Czujko [11].

Tabela 1.1: Imperfeições máximas e tensões residuais de compressão na placa


Máxima imperfeição Tensões residuais de
Nível inicial na placa compressão na placa
⁄ ⁄
Leve 0,025 0,05
Médio 0,100 0,15
Grave 0,300 0,30

Da mesma forma mostram-se na Tabela 1.2 os valores de imperfeições iniciais

encontradas para o enrijecedor do painel, considerando-se que √ éa

esbelteza do enrijecedor atuando com a placa associada e é o raio de giração do


enrijecedor associado com a placa com relação ao eixo maior.

11
Tabela 1.2: Imperfeições máximas nos enrijecedores
Máxima imperfeição inicial no enrijecedor
Nivel
( ⁄ )
Leve 0,00025
Médio 0,0015
Grave 0,0046

Kmiecik [23] estuda os efeitos da condição de contorno, imperfeição inicial e tensão


residual em chapas retangulares sob carregamento uniaxial de compressão utilizando o
método dos elementos finitos. Concluiu que a imperfeição inicial diminui a capacidade
de carga somente no caso do modo da imperfeição coincidir com o modo natural de
flambagem, enquanto que a tensão residual diminui consideravelmente a capacidade de
carga quando o modo de imperfeição não coincide com o modo natural de flambagem.

Kmiecik et al. [24] coletam um grande número de medições das distorções residuais de
soldagem em cascos de navios. Essas medidas sistemáticas foram realizadas em função
de estudos anteriores indicarem a influência das distorções de fabricação na capacidade
estrutural de carga de painéis. Em torno de 2000 chapas de diferentes tipos de navios
foram examinadas. A melhor aproximação das medidas das deformações foi conseguida
através do uso da distribuição de Weibull. Foi encontrado que a deflexão máxima da
chapa é linearmente relacionada à razão de aspecto da chapa ( ⁄ ) e à sua esbelteza,
dada pela largura entre reforços dividida pela espessura ( ⁄ ). Os resultados podem
ser úteis como referência, quando uma análise teórica das distorções de soldagem é
proposta para avaliação da influência das imperfeições na resistência estrutural.

Hu [7] realiza análise de elementos finitos de painéis enrijecidos para avaliar as


diferentes normas de projeto relacionadas com o modo de flambagem lateral-torsional
do enrijecedor. Pesquisa várias relações de esbelteza da placa e do painel reforçado com
diferentes condições de contorno. Estuda os diferentes modos de flambagem (usando
restrições para evitar outros modos de instabilidade) para diferentes magnitudes de
esbelteza da placa e do painel reforçado.

12
Eles concluem que a queda da carga na faixa de pós-flambagem para a flambagem da
placa é mais grave em comparação com a flambagem lateral-torsional do enrijecedor na
faixa da esbelteza do painel que investigam. Não estudam o efeito da interação entre a
placa e o enrijecedor.

Ghavami [6], a fim de estudar os efeitos da forma e disposição dos enrijecedores sobre o
comportamento e a capacidade de carga de painel reforçado, ensaia 17 painéis, variando
esses parâmetros. Nos testes são ensaiados painéis com diferentes tipos de enrijecedores
(barra chata, perfil "L" e "T") e disposições (única ou múltipla, em um ou ambos os
sentidos). Nesses testes, considera os bordos do painel como simplesmente apoiados e
submetidos à compressão uniaxial. Finalmente, conclui que a forma do enrijecedor não
afeta a capacidade de carga do painel reforçado, mas afeta o modo de flambagem. Por
exemplo, os enrijecedores tipo barra chata e perfil "L" sofrem a flambagem lateral-
torsional do enrijecedor, enquanto painéis enrijecidos com enrijecedores tipo “T"
sofrem a flambagem da placa. Ele também nota que uma mudança na relação de aspecto
da placa não altera a carga de colapso, mas as deformações laterais variam
significativamente.

Hu et al. [20] ensaiam 10 painéis enrijecidos em escala real, sob compressão uniaxial e
flexão combinadas. Os bordos longitudinais são apoiados para simular a continuidade
transversal do painel e as extremidades carregadas são engastadas para restringir o
empenamento. As imperfeições iniciais são medidas em todas as amostras testadas, no
entanto as tensões residuais são medidas apenas num painel típico. As tensões residuais
e imperfeições iniciais estão dentro dos limites de tolerância especificados em diferentes
normas. São observados dois tipos de modos de flambagem: flambagem lateral-
torsional do enrijecedor e flambagem da placa. Eles observam que a flambagem lateral-
torsional do enrijecedor acontece apenas nas amostras submetidas à flexão e
compressão axial combinadas, sempre que o flange do enrijecedor fica sob compressão.
Em todos os testes os deslocamentos são controlados, observando-se seu
comportamento na faixa de pós-flambagem. As tensões máximas são significativamente
inferiores à tensão de escoamento.

13
Grondin et al. [9] conduzem um estudo paramétrico em painéis enrijecidos com um
modelo de elementos finitos, que foi validado com resultados de uma investigação
experimental (Grondin et al., [8]). Os parâmetros avaliados são: forma e magnitude das
imperfeições iniciais na placa, a magnitude da tensão residual e direção da aplicação da
flexão uniforme, a razão da esbelteza da placa, a razão de aspecto da placa, e a razão das
áreas da placa e do enrijecedor.

Eles demonstram que a magnitude e a distribuição das imperfeições iniciais têm um


impacto significativo sobre a capacidade de carga dos painéis enrijecidos que sofrem a
flambagem da placa, enquanto no modo de flambagem global a influência é pequena.
Eles também mostram que as tensões residuais têm um impacto significativo sobre a
capacidade de carga dos painéis enrijecidos que sofrem a flambagem da placa. Com
cargas laterais descobrem que o modo de flambagem varia de flambagem da placa à
flambagem lateral-torsional do enrijecedor, com uma diminuição na capacidade de
carga do painel.

Paik [25] avalia uma quantidade significativa de dados experimentais e numéricos


relacionados à resistência de painéis enrijecidos longitudinalmente sob compressão
uniaxial. Este estudo é usado para identificar as incertezas nas previsões de resistência
última de formulações simplificadas. Uma grande gama de parâmetros é considerada em
suas previsões, incluindo os modos de colapso envolvidos, largura colaborante das
chapas e imperfeições iniciais. Os dados recolhidos são considerados bastante úteis para
futuros estudos comparativos relacionados com a resistência última de painéis
enrijecidos.

Gordo [26] investiga o efeito da distribuição e amplitude das distorções iniciais em


painéis enrijecidos sob compressão longitudinal. Conclui que a distribuição é mais
importante que a amplitude das imperfeições para este tipo de estrutura. A mínima
resistência última é obtida para um comprimento de onda das imperfeições igual à
largura da chapa.

Sheikh et al. [27] realizam um estudo paramétrico sobre os parâmetros que afetam o
comportamento de painéis enrijecidos. O estudo divide as variáveis nos seguintes

14
grupos: geométricas, do material, da carga e da deformação. Usando uma análise
dimensional das variáveis consideradas, obtem-se uma série de parâmetros que são
capazes de prever tanto o comportamento quanto a carga de flambagem de painéis
enrijecidos. Eles concluem que a resistência dos painéis enrijecidos que sofrem a
flambagem da placa e a flambagem global induzida pela placa é regida principalmente
pela esbelteza transversal da placa à flexão. Quanto ao modo flambagem lateral-
torsional do enrijecedor, eles concluem que este só é ativado quando o momento de
flexão aplicado coloca a alma do reforço sob compressão. Além disso, este modo de
flambagem depende principalmente da razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e à
flexão da placa e a esbelteza à flexão transversal da placa .

Um modo de flambagem dupla (DFM), caracterizado pela flambagem da placa seguida


por flambagem global induzida pela placa na faixa de pós-flambagem, foi identificado
neste estudo. Este modo de flambagem é potencialmente grave, resultando em uma
diminuição da carga de flambagem e uma perda abrupta da capacidade de carga. Este
modo ocorre em função da esbelteza da placa, da razão das áreas do enrijecedor e da
placa e, em certa medida, da razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e da placa. Na
Figura 1.7 é apresentada a curva típica da carga-deformação para este modo, assim
como para a flambagem lateral-torsional do enrijecedor.

Figura 1.7: Curvas típicas de carga-deformação para os modos de flambagem dupla e


lateral-torsional do enrijecedor.

15
Steen et al. [28] relatam aplicações do novo programa de elementos finitos PULS
(Panel Ultimate Limit State), reconhecido pela Sociedade Classificadora DnV como
parte de suas novas regras e recomendações para navios e construções offshore. O
PULS é um programa de elementos finitos para análise da resistência limite de painéis
enrijecidos de estruturas oceânicas. O trabalho descreve um breve resumo da teoria
utilizada para a realização de análises de modelos de painéis enrijecidos e apresenta
resultados comparados com outros oriundos de programas de elementos finitos, testes
experimentais e códigos de Sociedades Classificadoras.

Estefen [13] estuda a influência das distorções de fabricação no comportamento de


painéis enrijecidos de plataformas semi-submersiveis submetidos à compressão axial.
Mediante uma correlação numérico-experimental, avalia numericamente a resistência
última de painéis enrijecidos em escala real. Modelos reduzidos dos painéis das colunas
de plataforma semi-submersível foram construídos, utilizando técnicas especiais para
manter as imperfeições geométricas iniciais equivalentes em escala do protótipo.
Conclui que o fator de maior importância e efeito deletério na capacidade de carga foi o
modo da imperfeição inicial. Distorções iniciais que não coincidem com o modo natural
de flambagem tendem a aumentar a resistência ao colapso, enquanto aquelas que
coincidem geram menores valores de tensão compressiva de flambagem.

Mateus e Witz [29] propõem que os três principais parâmetros que afetam a flambagem
e o pós-colapso em painéis sob compressão uniaxial são:
 Razão de aspecto – Razão entre o espaçamento entre reforços longitudinais e
transversais de um painel.
 Condição de contorno no bordo – Valor da rigidez de translação e rotação nos
bordos.
 Imperfeição geométrica inicial – Amplitude e distribuição das imperfeições.
Conclui que as imperfeições geométricas têm mais influência que a tensão residual na
capacidade máxima de carga de colunas, placas e cascas, sendo que a redução na
capacidade de carga devido à tensão residual normalmente não excede 10% da tensão
crítica.

16
A revisão da literatura indica que o método dos elementos finitos é capaz de predizer o
comportamento e a resistência de painéis enrijecidos com precisão a temperatura
ambiente. Por outro lado, a análise de incêndio a bordo é feita seguindo as normas
estabelecidas pela Convenção SOLAS [15], que foi desenvolvido com base na filosofia
de preservação da vida das pessoas a bordo de sistemas flutuantes.

1.4. Objetivo
O objetivo principal deste trabalho é analisar a variação da carga de flambagem e os
modos de flambagem de painéis de aço enrijecidos, submetidos a diferentes
temperaturas. Para atingir esta meta é preciso desenvolver os seguintes itens:
 Identificar os parâmetros que caracterizam o comportamento de um painel
reforçado em cada um dos quatro modos de flambagem anteriormente
mencionados.
 Estudar o comportamento destes parâmetros em resposta às mudanças de
temperatura do ponto de vista da redução da capacidade de carga e da mudança
de modo de flambagem. Em especial, deve-se verificar sob que condições o
painel sofre a flambagem lateral-torsional do enrijecedor.

1.5. Organização da Dissertação


No Capítulo 2, descreve-se os parâmetros adimensionais que são empregados no estudo
do comportamento dos painéis enrijecidos, e desenvolve-se , o modelo de elementos
finitos utilizado.

No Capítulo 3 são apresentados os resultados obtidos para o estudo do efeito de escala,


através da mudança nas dimensões da seção transversal do painel, assim como, o efeito
das tensões residuais no comportamento do painel enrijecido na temperatura ambiente.
Finalmente, é mostrada a proposta para os limites de interação entre os modos de
flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da placa.

No Capítulo 4 apresentam-se os resultados obtidos da análise numérica do


comportamento da carga de flambagem, em diferentes temperaturas, de painéis de aço
enrijecidos para as condições de carregamento utilizadas. Estes resultados serão
discutidos para cada uma das análises apresentadas.

17
No Capítulo 5 apresentam-se as conclusões deste estudo, bem como propostas para
futuras pesquisas.

18
Capítulo 2
Modelo de Análise

2.1. Introdução
Na investigação do comportamento e resistência no regime de flambagem e pós-
flambagem de painéis rígidos, sob cargas de compressão uniaxial e flexão e compressão
uniaxial combinadas, submetidos a diferentes temperaturas, é preciso estabelecer os
modos de falha prováveis e os parâmetros que os afetam. Estes parâmetros
adimensionais (Sheikh et al. [27]) foram obtidos mediante uma análise dimensional das
variáveis (físicas e geométricas) envolvidas neste estudo. Uma discussão para justificar
cada um dos parâmetros propostos é apresentada a seguir, bem como uma descrição do
modelo de elementos finitos utilizado. Finalmente, apresentam-se as simplificações
adotadas na análise do problema.

2.2. Simplificação do estudo - análise dimensional


Em geral, o objetivo da utilização de uma análise dimensional é reduzir a complexidade
do estudo, diminuindo o número de variáveis envolvidas e ajudar a escolher os
parâmetros independentes, tanto da escala como das grandezas físicas. Neste método as
variáveis são escritas em função das grandezas fundamentais (comprimento L, massa M,
tempo T e temperatura K). O próximo passo é a identificação adequada dos grupos
adimensionais, obtidos por meio de produtos e divisões. A fim de identificar um
conjunto adequado de parâmetros adimensionais que caracterizam o fenômeno
estudado, fazemos uso do teorema Pi de Buckingham (Munson [30]) que, em sua forma
geral, estabelece:
Numa equação física que envolve variáveis físicas dimensionais representadas
por dimensões físicas fundamentais independentes, a equação do processo ou
sistema físico pode ser re-escrita como uma equação de variáveis
adimensionais (parâmetros ), construídas a partir das variáveis originais.
Isso provê um método para calcular conjuntos de parâmetros adimensionais a partir das
variáveis dimensionais dadas, mesmo se a forma da equação do sistema ou do processo
físico é ainda desconhecida.
19
As variáveis necessárias para definir o problema do painel reforçado submetido a
diferentes temperaturas sob flexão e compressão uniaxial combinadas e suas expressões
em termos das grandezas fundamentais são apresentadas na Tabela 2.1.

Tabela 2.1: Análise dimensional do painel reforçado


Símbolo L M T K
Variáveis geométricas:
Comprimento do painel reforçado 1 0 0 0
Largura do painel reforçado 1 0 0 0
Espessura da placa 1 0 0 0
Altura da alma do enrijecedor 1 0 0 0
Espessura da alma do enrijecedor 1 0 0 0
Largura do flange do enrijecedor 1 0 0 0
Espessura do flange do enrijecedor 1 0 0 0
Variáveis da carga:
Carga de flambagem do painel reforçado 1 1 -2 0
Momento de flexão aplicado 2 1 -2 0
Características do material:
Módulo de elasticidade -1 1 -2 0
Tensão de escoamento da placa -1 1 -2 0
Tensão de escoamento do enrijecedor -1 1 -2 0
Tensão residual -1 1 -2 0
Coeficiente de Poisson 0 0 0 0
Coeficiente de dilatação térmica 0 0 0 -1
Características da deformação:
Imperfeição máxima na placa 1 0 0 0
Imperfeição máxima no enrijecedor 1 0 0 0
Encurtamento axial do painel reforçado 1 0 0 0

A importância desta transformação de variáveis primárias em um conjunto de


parâmetros adimensionais é que os efeitos de escala podem ser monitorados durante a
modelagem numérica e o número de parâmetros a serem considerados é reduzido por
, o que representa uma importante economia de esforço computacional.

20
Uma das limitações do teorema de Buckingham é que a escolha de parâmetros
adimensionais não é único, por isso devemos escolher aqueles que têm um significado
físico. No nosso caso, e com base no estudo apresentado por Seikh et al. [25], propomos
os seguintes parâmetros:

√ esbelteza transversal da placa à flexão

√ esbelteza da alma do enrijecedor

√ esbelteza do flange do enrijecedor


razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e da placa

razão das áreas do enrijecedor e da placa

imperfeição inicial máxima na placa


imperfeição inicial máxima no enrijecedor
razão entre as tensões residuais e de escoamento

razão entre os momentos aplicado e plástico

razão entre as cargas de flambagem e de escoamento

⁄ razão entre as deformações do painel e no limite de elasticidade

razão das áreas do flange e da alma do enrijecedor

onde é o raio de giração do enrijecedor em seu centro de gravidade, , e são


as áreas do flange, alma e total do enrijecedor, respectivamente, é a área da placa,
e são constantes (dependem da amplitude da imperfeição inicial na placa e no
enrijecedor, respectivamente), é o momento plástico, obtido através da integração
dos momento das tensões axiais em relação ao eixo neutro, é a carga de escoamento
do painel reforçado, ⁄ é a deformação global do painel e é a deformação
no limite de elasticidade. As demais variáveis foram definidas nesta seção.

21
Os parâmetros , , e , obtidos através da análise dimensional, são multiplicados
pela raiz quadrada da relação entre a tensão de escoamento e o módulo de elasticidade
para fazê-los independentes da resistência do material. Os primeiros nove parâmetros ,
bem como relacionam as características geométricas e de material do modelo, ,é
o parâmetro de saída da análise e é o parâmetro de controle, usado para monitorar a
resposta dos painéis reforçados.

Embora nossa análise é realizada com um material elasto-plástico, pode-se observar que
além do momento plástico nenhuma outra variável do regime plástico foi utilizada na
definição dos parâmetros adimensionais que caracterizam o comportamento dos painéis
enrijecidos. Este fato está relacionado com a pouca influência que essas variáveis
mostram em relação à carga de flambagem. Essa influência será discutida no próximo
capítulo para cada um dos modos de falha.

2.3. Descrição do conjunto de parâmetros propostos


2.3.1. Esbelteza à flexão transversal da placa,
A esbelteza da placa é reconhecida como um dos fatores importantes que afetam a
capacidade de carga de uma placa (Faulkner [10], Carlsen e Czujko [11], Smith et al.
[12], Grondin et al. [9], Sheikh et al. [27]). A capacidade de carga de um painel
reforçado aumenta com a diminuição da esbelteza à flexão transversal da placa, e vice-
versa.

2.3.2. Esbelteza da alma do enrijecedor,


O trabalho experimental de Panagiotopoulos [30] mostra que há uma esbelteza crítica
dos enrijecedores de chapa plana em que o modo de falha muda da flambagem lateral-
torsional do enrijecedor à flambagem global. Carlsen [21] faz uma observação similar
para os enrijecedores do tipo "T". Espera-se que um aumento da esbelteza da alma do
enrijecedor "T" possa causar flambagem lateral-torsional do enrijecedor.

2.3.3. Esbelteza do flange do enrijecedor,


O flange do enrijecedor é eficaz para aumentar sua rigidez lateral. Por exemplo, para um
valor dado da área do flange quanto menor sua esbelteza maior será a estabilidade do
enrijecedor.

22
2.3.4. Razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e à flexão da placa,
Danielson et al. [2] mostram que a flambagem lateral-torsional do enrijecedor depende
da rigidez à torção dos enrijecedores. Mais recentemente, Hughes e Ma [4] e Paik [25]
demonstram, através de uma solução analítica, que a flambagem lateral-torsional do
enrijecedor é influenciada pela razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e à flexão
transversal da placa.

A influência de também pode ser exibida considerando um enrejicedor conectado à


placa por uma mola. A maior ou menor rigidez da mola, simulando uma placa flexível,
diminui ou aumenta a resistência à flambagem lateral-torsional do enrijecedor. Da
mesma forma, uma diminuição da rigidez torcional do reforço, enquanto que a rigidez
da mola permanece constante, tende a promover o modo de falha de flambagem lateral-
torsional do enrijecedor.

2.3.5. Razão das áreas do enrijecedor e da placa,


A razão das áreas do enrijecedor e da placa foi estudada por Smith et al.[12] e Carlsen
[21], Grondin et al. [9], Sheikh et al. [27]. Eles demonstram que essa relação não dtem
influência na resistência do painel enrijecido que falha por flambagem da placa. No
entanto, afeta a resistência do painel que falha por flambagem lateral-torsional do
enrijecedor. Um aumento da resistência é obtido aumentando-se a razão das áreas do
enrijecedor e da placa.

2.3.6. Imperfeições iniciais na placa,


A soldagem do enrijecedor à placa afeta as distorções na placa reforçada e as tensões
residuais (magnitude e distribuição). O trabalho de vários pesquisadores, tais como
Smith et al.[12], Grondin et al.[9], Sheikh et al.[27], para encontrar o efeito da
magnitude e distribuição da imperfeição inicial foi resumido no Capítulo 1. Nosso
estudo considera quatro meias ondas senoidais, como recomenda Grondin et al. [9], com
magnitude média de imperfeições, tal como definido por Smith et al. [12] (Tabela 1.1).

2.3.7. Imperfeições iniciais nos enrijecedores,


Carlsen [21] mostra que a imperfeição inicial no enrijecedor, expressa como uma fração
do comprimento, afeta a resistência do painel enrijecido. A magnitude da imperfeição
nos enrijecedores, portanto, é expressa como uma fração do comprimento do painel.
23
2.3.8. Tensões residuais,
A soldagem de enrijecedores à placa introduz tensões residuais nos painéis. Essas
tensões, em geral, reduzem a resistência última à compressão de painéis enrijecidos com
pouco ou nenhum impacto sobre a capacidade de carga em regime de pós-flambagem.
Como mencionado no Capítulo 1, Bornscheuer [22] conclui que a tensão crítica é mais
influenciada pelas imperfeições geométricas do que pelas tensões residuais. Portanto, as
tensões residuais não são consideradas em nosso modelo de elementos finitos, apesar de
elas serem consideradas na análise dimensional.

2.3.9. Razão dos momentos aplicado e plástico,


Balaz e Murray [31] argumentam que para uma seção de parede fina, o fator de forma
é próximo da unidade. Por isso, o momento aplicado se faz adimensional pela
divisão entre o momento de escoamento ou pelo momento plástico. Neste estudo, o
momento aplicado é dividido pelo momento plástico da seção do painel reforçado, .

Grondin et al. [9] demonstram que o momento de flexão aplicado tem dois efeitos
distintos: (1) reduz a capacidade de carga do painel reforçado e (2) muda o modo de
falha de flambagem da placa, para flambagem lateral-torsional do enrijecedor quando
aumenta a compressão do flange do enrijecedor.

2.3.10. Razão das cargas de flambagem e de escoamento,


O parâmetro é a variável dependente do estudo. A resposta da carga contra a
deformação é controlada pela deformação axial nominal, definida como o encurtamento
axial dividido pelo comprimento da placa, de até 1,0%. A carga de flambagem é a carga
máxima que um painel reforçado no intervalo pré-flambagem é capaz de suportar. A
carga aplicada é dividida pela carga de escoamento para fazê-la adimensional.

2.3.11. Encurtamento axial do painel reforçado,


Encurtamento axial do painel reforçado é uma medida de resposta à carga aplicada. O
deslocamento axial na extremidade da placa é adimensionalizado em relação ao
comprimento da placa, proporcionando assim uma medida da deformação média sendo
usada como um parâmetro de controle para a análise. Carlsen [21] e Smith et al. [27]
restringiram seus parâmetros de estudo a uma deformação axial nominal de 0,2%, Hu

24
[7] aumentou para 0,25%. Para obter uma visão mais global do comportamento, ou seja,
encontrar a resposta na região de pós-flambagem, a deformação média aplicada será
dividida pela deformação de escoamento, a fim de relacioná-la com o material utilizado
no painel.

2.3.12. Razão das áreas do flange e alma do enrijecedor,


Carlsen [21] verifica que a razão das áreas do flange e da alma do enrijecedor tem pouca
influência sobre a resistência dos painéis reforçados que falham por flambagem da
placa. No entanto, os parâmetros de esbelteza para a alma e flange ajudam a definir a
seção transversal do enrijecedor para uma razão determinada de suas áreas. Como
resultado desta pesquisa verificou-se que uma pequena variação deste parâmetro afeta a
carga de flambagem dos painéis que falham por flambagem lateral-torsional do
enrijecedor.

Para testar a idoneidade dos parâmetros sugeridos, a escala do modelo foi variada,
mantendo os valores dos parâmetros de entrada constante. Se a resposta do painel e o
modo de falha (dentro de um limite tolerável) não variam, pode-se concluir que estes
parâmetros caracterizam o comportamento do painel reforçado.

2.4. Conveniência dos parâmetros adimensionais


Uma das exigências do teorema Pi de Buckingham é que todas as variáveis chaves
necessárias para descrever a mecânica do problema devem ser incluídas no conjunto de
parâmetros . Para o painel reforçado estes parâmetros foram identificados como a
. Para avaliar se todas as variáveis chaves que desempenham um papel no
comportamento estão representadas nesta série, uma investigação preliminar é realizada
nos painéis reforçados através da inserção dos parâmetros iguais, mais com
dimensões ou propriedades diferentes. Se o parâmetro de saída é o mesmo, então se
pode concluir que todas as variáveis necessárias para definir o problema mecânico estão
incluídas. O comportamento do painel reforçado é também uma variável. Portanto, são
dados valores para - e tentando induzir os modos de falha por flambagem
global (induzida pela placa ou pelo enrijecedor), flambagem da placa e flambagem
lateral-torsional do enrijecedor. A análise, portanto, deve ser repetida para todas as
principais variáveis envolvidas na definição dos parâmetros e para os quatro modos
de falha mencionados acima.
25
Nove análises para cada um dos modos de falha foram feitas cada um com um conjunto
de parâmetros de entrada iguais, com variáveis físicas e geométricas diferentes.
Imperfeições na placa ( ) e enrijecedores ( ) têm os "valores médios" sugeridos por
Smith et al. [12], ver Tabelas 1.1 e 1.2. O valor da tensão residual, , é considerado
zero para facilitar a interpretação dos resultados. A relação entre o momento aplicado e
o momento plástico, , tem um valor de . Esta magnitude é suficiente para
produzir cada tipo de falha. Se é 0,2, a compressão nos enrijecedores do lado da
placa é provocada para ativar o modo de flambagem global induzido pelo enrijecedor e
a flambagem lateral-torsional do enrijecedor. Se é -0.2 a compressão é provocada na
placa ativando os modos de falha de flambagem global induzida pela placa e flambagem
da placa. Os resultados para cada um dos modos de falha acima são apresentados no
Capítulo seguinte.

2.5. Modelo de Elementos Finitos


O problema da placa reforçada é modelado utilizando o código comercial de elementos
finitos ABAQUS/Standard [33] versão 6.9-2. Este software é adequado para análise
não-linear geométrica e de material e desenvolvimento da resposta no regime de pós-
flambagem. Ele oferece uma ampla gama de elementos que permitem a modelagem de
placas finas com grandes deslocamentos e deformações.

Um painel reforçado é uma placa com enrijecedores longitudinais igualmente


espaçados, limitados por dois elementos com maior rigidez colocados nos extremos (por
exemplo, entre duas hastilhas). A seção transversal de um painel reforçado típico é
mostrada na Figura 2.1. Devido à simetria no painel reforçado, apenas uma parte dele
precisa ser representada, ou seja, só uma placa com largura e com um enrijecedor
centrado é modelado. Como mencionado no Capítulo 1, nosso modelo não leva em
conta as tensões residuais, já que ele é submetido a aquecimentos entre 0 a 600 ºK, que
levam a um alívio delas. No entanto, no Capítulo 3 se faz uma comparação com os
resultados obtidos por Sheikh et al. [27] a fim de avaliar seus efeitos.

26
2.5.1. Geometria do modelo
Para o desenvolvimento da malha de elementos finitos são considerados os planos
médios da placa, da alma e do flange do enrijecedor. Um sistema de referência global
nomeado x, y e z é adotado. Apresentado na Figura 2.2, onde a origem das coordenadas
coincide com a junção da placa e enrijecedor.

Os eixos x e y coincidem com as direções do comprimento e largura do painel,


respectivamente. Se for preciso utilizar um sistema local de coordenadas, as
componentes de posição são nomeadas com sub índice correspondente a 1, 2 e 3. Por
exemplo, a imperfeição na direção local z é nomeada como . Este sistema de
referência será usado para definir a distribuição das imperfeições geométricas iniciais,
como descrito nos tópicos seguintes.

Figura 2.1: Seção do painel Reforçado

2.5.1.1. Geometria da placa


Como mencionado no Capítulo 1, Carlsen e Czujko [11], a partir das medições em 196
placas, sugerem que a geometria deformada das placas soldadas de uma estrutura do
navio seja expressa por uma série trigonométrica, como segue:

( ) ( ) (1.4)
onde é a magnitude da imperfeição inicial no ponto da placa (onde e
são as coordenadas ao longo do comprimento e da largura do painel), é a magnitude
da máxima imperfeição fora do plano do painel (determinada pela análise estatística dos

27
dados coletados) e é o número de meias ondas senoidais em uma placa deformada ao
longo de seu comprimento.

Figura 2.2: Malha de elementos finitos

2.5.1.2. Geometria do enrijecedor


A distribuição das imperfeições iniciais no enrijecedor é definida por uma semi-onda
senoidal ao longo do comprimento da junta do flange e da alma do enrijecedor, com
uma variação parabólica ao longo da altura da alma. A forma deformada da alma é
definida admitindo, como hipótese, que o ângulo entre a alma e o flange do enrijecedor
continua em 90 graus e o flange do enrijecedor é mantido em linha reta. A imperfeição
do enrijecedor é descrita da seguinte forma para a alma:
𝑧 𝜋𝑥
𝛿𝑦 𝑥 𝑧 𝛿𝑠 ( ) 𝑠𝑖𝑛 ( ) (2.1)
𝑤 𝐿𝑢
onde é a imperfeição inicial na alma, a uma distância x ao longo de sua
extensão e ao longo da altura z do enrijecedor, é a imperfeição inicial máxima no
enrijecedor.

A nova localização da união entre a alma e o flange ( ), após aplicação da


imperfeição inicial na alma, é dada pela seguinte expressão:
𝜋𝑥
𝑦𝑐𝑙 𝑥 𝛿𝑠 𝑠𝑖𝑛 ( ) (2.2)
𝐿𝑢
A inclinação da imperfeição no flange do enrijecedor é, portanto, o recíproco negativo
da inclinação da parábola, na junção do flange e da alma (porque se assume que o
flange e a alma permanecem em 90º). A inclinação do flange, , é encontrada através
da seguinte expressão:

28
( ) ( ) (2.3)

A forma deformada do flange é encontrada, seguindo os passos seguintes. Primeiro


define-se a geometria deformada do flange em um sistema local mediante a expressão:

( ) ( ) (2.4)

onde é a imperfeição na direção local z e é a distância na largura do flange,


medida à partir da linha central. Então, voltando do sistema local de coordenadas para o
sistema global obtemos a geometria deformada do flange:

( ) ( ) (2.5)
onde é a imperfeição medida na direção geral z e é a distância ao longo da
largura do flange, medida a partir da linha central do flange. Na Figura 2.3 apresenta-se
a geometria da malha, onde as imperfeições são amplificadas 5 vezes na chapa e 100
vezes no reforço para poder ser visível.

Figura 2.3: Geometria deformada inicial do painel

2.5.2. Definição da geometria do painel a partir dos parâmetros adimensionais


Como mencionado anteriormente, a geometria do painel é definida a partir dos valores
dos parâmetros adimensionais e de uma dimensão da seção transversal. Estes
parâmetros estão interligados entre si, significando que qualquer alteração neles gera um
painel com uma nova geometria. Para o desenvolvimento desta dissertação foi
necessário modelar muitos painéis para cada um dos casos testados por isso decidiu-se
gerar um código em FORTRAN (placa.inp) para gerar os arquivos de entrada para o
ABAQUS [33]. Esse código usa as seguintes relações entre os parâmetros de entrada
para modelar a geometria de painel, tendo como base a espessura da alma do
enrijecedor .

29
√ (2.6)

√ (2.7)

√ (2.8)

√ (2.9)

√ (2.10)

Na Figura 2.4 mostram-se os valores de cada uma das dimensões da seção transversal
obtida a partir dos parâmetros adimensionais.

Figura 2.4: Definição da geometria da seção transversal do painel em função dos


parâmetros adimensionais.

2.5.3. Propriedades do Material


Como mencionado no Capítulo 1, esta dissertação avalia o comportamento de painéis de
aço, por isso precisamos introduzir em nosso modelo as seguintes propriedades
mecânicas: módulo de elasticidade, tensão de escoamento, coeficiente de Poisson e
coeficiente de dilatação térmica. Elas devem ser apresentadas não apenas à temperatura
ambiente, mas também seu comportamento em função da temperatura deve ser
especificado.

30
Um modelo elasto-plástico, com um critério de escoamento de Von Mises, é utilizado
para modelar o comportamento dos materiais que formam o painel. Geralmente, as
curvas de tensão-deformação de engenharia não são utilizadas neste tipo de análise dado
que o modelo sofre grandes deformações e alongamentos, especialmente após a
flambagem, por isso a curva tensão-deformação verdadeira deve ser utilizada. Na
Figura 2.5 mostra-se a curva tri-linear usada para modelar a curva tensão verdadeira vs.
deformação verdadeira para os materiais usados neste estudo. Nesta curva o ponto
( ) representa o limite de elasticidade, em que o material começa a escoar, o ponto
representa o fim do escoamento do material e o ponto representa o
ponto de ruptura do material.

Figura 2.5: Curva Tensão verdadeira vs deformação verdadeira

Na análise dimensional desenvolvida encontrou-se um grupo de parâmetros


adimensionais que caracterizam a resposta do painel. Espera-se que mantendo
constantes os valores dos parâmetros a resposta em painéis com diferentes variáveis
(geométricas, de material, da imperfeição e da carga) seja a mesma. Para demonstrar
isso, são considerados três materiais distintos: um aço A36 com tensão de escoamento
de 251,23 MPa e módulo de elasticidade de 212,86 GPa, o aço ASTM Grau 355 com
tensão de escoamento de 355 MPa e módulo de elasticidade de 200 GPa e um aço
CAN/CSA-G40.21 350W, o mesmo utilizado por Sheik et al.[25], com tensão de
escoamento de 420 MPa e módulo de elasticidade de 200 GPa. Nas Tabelas 2.2 e 2.3
mostra-se as propriedades dos aços A36, CAN/CSA-G40.21 350W e ASTM Grau 355,
respectivamente. Destes aços, apenas o A36 apresenta suas propriedades em função da
temperatura. Na Figura 2.6 mostra-se a variação dessas propriedades de forma
adimensional, com respeito aos seus valores na temperatura ambiente .

31
Observa-se que a tensão de escoamento do material diminui mais rapidamente do que o
módulo de elasticidade.

Tabela 2.2: Propriedades do aço A36 (MPDB v7.08 [31])


(ºK) 0 100 200 300 400 500 600
(MPa) 251,2 215,9 196,5 182,4 165,2 138,7 98,8
. 1,182 1,031 0,963 0,928 0,884 0,792 0,613
(MPa) 252,4 217,6 198,1 183,9 166,5 139,8 99,6
11,2 8,04 8,46 7,29 6,96 6,26 4,88
(MPa) 441,6 441,0 440,4 425,5 359,0 259,2 148,1
111,2 102,9 97,3 93,6 88,4 83,1 76,6
(º ) 1,013 1,247 1,379 1,482 1,557 1,604 1,623
0,288 0,293 0,297 0,301 0,305 0,308 0,311
E (GPa) 212,9 209,5 204,1 196,5 186,9 175,1 161,1

Tabela 2.3: Propriedades dos aços CAN/CSA-G40.21 350W e ASTM Grau 355(MPDB
v7.08 [31])
CAN/CSA- ASTM Grau 355
G40.21 350W
(MPa) 420 355

2,1 1,775
(MPa) 420,825 356,2
20,4 18,5
(MPa) 520,825 516,3
120,4 109,3
(º ) 1,0128 1,0128
0,3 0,3
E (GPa) 200 200

2.5.4. Condições de Contorno


Dois conjuntos de condições de contorno são considerados: um para as seções
transversais nos extremos carregados e o outro nos bordos da placa (no sentido
longitudinal) que não recebem nenhuma carga.

32
Na primeira condição, espera-se que o enrijecedor seja soldado a outros elementos
estruturais, tais como anteparas ou hastilhas, que têm uma rigidez muito grande em seu
plano, mas são flexíveis lateralmente. Este tipo de condição de contorno exige que os
extremos do modelo possam girar localmente para manter a forma da seção transversal.
Este efeito é incorporado no modelo, proporcionando seções rígidas através do comando
COUPLING do ABAQUS [33]. Este comando restringe a movimentação de todos os
nós que constituem a seção em relação aos movimentos de um só nó de referência, no
nosso caso o centróide da seção transversal. Esse efeito é mostrado na Figura 2.7.

Figura 2.6: Variação das propriedades do Aço A36 com a temperatura

Figura 2.7: Utilização do comando COUPLING nas seções transversais extremas

As cargas são aplicadas no centro de gravidade da extremidade rígida onde o comando


COUPLING distribui a carga aplicada uniformemente ao longo da seção transversal.
Um apoio no centroide da extremidade rígida restringe a movimentação lateral (y) e
vertical (z), bem como as rotações em torno dos eixos longitudinal (x) e vertical (z).

33
Na segunda condição, a rotação em torno do eixo longitudinal é restringida em todos os
nós ao longo dos bordos para simular uma continuidade completa ao longo da placa.
Essas condições são mostradas na Figura 2.8. No Anexo I apresenta-se uma breve
descrição dos experimentos realizados por Grondin et al. [9], Sheikh et al. [27] e Chi et
al. [35] explicando a aplicação destas condições.

2.5.5. Malha de Elementos Finitos


Na validação do modelo é realizado inicialmente um estudo de sensibilidade de malha
utilizando um painel com um conjunto de parâmetros adimensionais que levam à falha
por flambagem lateral-torsional do enrijecedor (modo com maior tempo de
computação). Com este propósito, testou-se três discretizações distintas na malha,
nomeadas de Malha 1, 2 e 3. Cujas características são apresentadas na Tabela 2.4. Cada
uma dessas malhas é utilizada com três elementos de casca do ABAQUS: S4R (4 nós
com integração reduzida), S8R (8 nós com integração reduzida) e S9R5 (9 nós com
integração reduzida) que são mostrados na Figura 2.9.

Figura 2.8: Condições de contorno do modelo

Os resultados do estudo de sensibilidade de malha são apresentados na Tabela 2.5, e


mostrados nas Figuras 2.10 e 2.11, onde se apresentam, para cada uma das malhas
testadas, a carga de flambagem dividida por a carga de escoamento ( ), o tempo
computacional da análise dividido pelo tempo da análise de menor duração ( )eo
número de Graus de Liberdade totais da malha. A Figura 2.12 mostra as curvas ( )

34
vs ( para cada uma das malhas testadas, observando-se um comportamento igual
no regime de pré-flambagem e pequenas diferenças no regime de pós-flambagem.

Figura 2.9: Elementos de Casca a)S4R, b)S8R e c) S9R5(ABAQUS User Manual).

Tabela 2.4: Características das malhas testadas


Malha 1 Malha 2 Malha 3
Número de elementos no sentido do
24 36 48
comprimento do painel
Número de elementos no sentido da
16 24 32
largura do painel
Número de elementos no sentido da
4 6 8
altura da alma do enrijecedor
Número de elementos no sentido da
4 6 8
largura do flange do enrijecedor

Tabela 2.5: Resultados do estudo de sensibilidade de malha


Tipo de Malha 1 Malha 2 Malha 3
Elem. NGL NGL NGL

S4R 0,785 1,0 3475 0,785 4,61 7807 0,784 6,70 13867
S8R 0,783 2,55 10411 0,782 12,12 23395 0,782 35,21 41563
S9R5 0,782 4,44 13867 0,782 25,23 31171 0,782 85,57 55387

O compromisso entre a acurácia e o tempo de simulação computacional indica que a


utilização da Malha 3, com um elemento de casca tipo S4R, levará a um tempo
computacional relativamente baixo e com um comportamento satisfatório de
convergência, obtendo-se uma diferença de 0,3% em relação a Malha 1 que utiliza o

35
elemento S4R (mesma que utiliza Grondin et al. [9]). A malha selecionada é mostrada
na Figura 2.2.

Figura 2.10: Carga de flambagem adimensionalizada com respeito à carga de


escoamento vs Número de elementos da malha para cada uma das
discretizações testadas

Figura 2.11: Tempo computacional do modelo adimensionalizado com respeito ao


menor tempo de análise vs Número de elementos da malha para cada
uma das discretizações testadas

36
O elemento S4R tem quatro nós, aceita dupla curvatura, e é um elemento de casca que
permite mudanças na espessura e deslocamentos de membrana. O elemento tem seis
graus de liberdade em cada nó (três componentes de deslocamento e três componentes
de rotação). O S4R é um elemento de integração reduzida, com um único ponto de
integração no centro do elemento. O comportamento da seção transversal deste
elemento de casca homogênea é calculado utilizando a regra de Simpson, com cinco
pontos de integração através da espessura do elemento. Este tipo de elemento tem sido
amplamente utilizado por vários pesquisadores como Grondin et al. [9], Sheikh et al.
[27], Estefen [13], Trovoado [14], dentre outros.

Figura 2.12: Curva carga / deformação para cada uma das malhas testadas

2.5.6. Método de Solução e Condições de carga


Para prever a curva de tensão – deformação de painéis com geometria e material não-
linear, no intervalo de instabilidade de pós-flambagem, o ABAQUS [33] utiliza o
método de Riks [34]. Neste procedimento, a carga e os deslocamentos são
desconhecidos, por isso a resolução deve ser feita de forma simultânea. Neste sentido é
preciso usar outra quantidade para medir o progresso da solução. O ABAQUS utiliza o
"comprimento de arco" (arc length) ao longo da trajetória de equilíbrio da curva carga -
deslocamento para medir o progresso da solução. Esta abordagem fornece a solução,
independentemente do problema ser estável ou instável. A magnitude máxima da carga
ou o valor do deslocamento máximo em certo grau de liberdade é necessário para
terminar a análise.

37
Como descrito no Capítulo 1, além do aquecimento ao qual o painel é submetido, duas
condições de carga são consideradas neste estudo: compressão uniaxial e combinação
de flexão e compressão axial. No primeiro caso, o método de Riks faz um processo
incremental, para obter tanto o comportamento como a carga de flambagem do painel.
No segundo caso, numa fase inicial são aplicados momentos nas extremidades do
painel, mediante uma analise estática que é resolvida usando o método de Newton-
Raphson. O momento inicial é seguido por compressão uniaxial, como no primeiro
caso. Nos dois casos foi considerado um valor do parâmetro ⁄ para
terminar a análise.

38
Capítulo 3
Comportamento de painéis enrijecidos
na temperatura ambiente

3.1. Introdução
Os parâmetros que caracterizam o comportamento e resistência de painéis enrijecidos,
bem como o modelo de elementos finitos utilizado, foram descritos no capítulo anterior.
O objetivo deste capítulo é apresentar os resultados do estudo paramétrico desenvolvido
para avaliar os seguintes aspectos:
• Efeito de escala nos parâmetros adimensionais propostos.
• Efeito de não considerar as tensões residuais no comportamento do painel
enrijecido.
• Interação entre os modos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da
placa.
Os resultados de cada um destes itens serão discutidos de forma breve, esta análise
servirá de base para o estudo do comportamento de painéis enrijecidos em diferentes
temperaturas, desenvolvido no capítulo seguinte.

3.2. Matriz paramétrica


Devido ao grande número de parâmetros adimensionais, um estudo paramétrico com
apenas três valores para cada um deles implicaria na análise de casos. A
fim de reduzir a quantidade de casos a estudar, os valores dos parâmetros a são
limitados aos valores estabelecidos por pesquisas anteriores. As imperfeições iniciais
tanto na placa como no enrijecedor têm magnitude "média" proposta por Smith et al.
[12] ( e ). As tensões residuais não serão consideradas,
portanto o parâmetro é igual a zero. Dois valores de foram utilizados, ,
representando uma compressão uniaxial, e , representando uma combinação de
flexão e compressão uniaxial. O parâmetro é a resposta dos painéis enrijecidos e
é um parâmetro de controle para terminar a análise. A fim de validar os resultados

39
encontrados neste estudo, se faze uma comparação com os relatados por Sheikh et al.
[27]. Os resultados dessa comparação são apresentados no Anexo II.

Nosso estudo seleciona um conjunto de parâmetros de interesse e aplicação em sistemas


flutuantes. Para o refinamento dos limites propostos, painéis com geometrias incomuns
também serão modelados. A matriz dos parâmetros adimensionais de entrada é
mostrada na Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Matriz dos parâmetros adimensionais de entrada

[ ] [ ] [ ] [ ] [ ] 0 [ ] [ ]

3.3. Avaliação dos efeitos de escala nos parâmetros adimensionais propostos


A fim de testar a influência da escala nos parâmetros adimensionais propostos, foram
modelados painéis com diferentes magnitudes das variáveis físicas e geométricas, a
partir de um mesmo conjunto de parâmetros adimensionais de entrada. A influência das
variáveis geométricas foi analisada a partir de mudanças abruptas na geometria da seção
transversal do painel com respeito a um caso base. De outro lado os efeitos da mudança
das variáveis físicas serão avaliados com base em duas condições. Na primeira,
ajustamos a tensão de escoamento do material a partir da multiplicação da curva do
material selecionado por um fator de escala ( ), mantendo as inclinações da curva tri-
linear do material como mostrado na Figura 3.1.

Figura 3.1: Exemplo do procedimento de escala da curva do material


40
No entanto, na segunda condição, será avaliado o efeito do comportamento plástico do
material através da utilização de aços diferentes. Neste estudo foram utilizados os aços
A36 e CAN/CSA-G40.21 350W (o mesmo utilizado por Sheikh et al. [25]), cujas
propriedades foram apresentadas nas Tabelas 2.2 e 2.3, respectivamente. Na Figura 3.2
são mostradas as curvas tensão-deformação, adimensionais em relação a seus valores no
limite de elasticidade dos materiais utilizados.

Figura 3.2: Curvas adimensionais dos materiais

Pode ser visto que a curva do aço A36 apresenta maior inclinação tanto na região de
escoamento (quase imperceptível) como na região plástica, assim como maior
deformação no ponto de ruptura do material. No entanto, a deformação deste aço no
limite máximo de escoamento é menor que do CAN/CSA-G40.21 350W. Note-se que a
tensão de escoamento de alguns dos modelos não é verdadeiramente representativa de
aços estruturais comuns. A intenção de alterar a tensão de escoamento foi demonstrar
que o efeito de escala do modelo tenha sido adequadamente controlado.

Na Figura 3.3, apresenta-se a curva do material assim como a resposta dos modos de
flambagem estudados. Observa-se que a resposta de cada modo de flambagem é
influenciada pela interação dos parâmetros físicos e geométricos.

41
Figura 3.3: Curvas adimensionais do aço A36 e de resposta dos modos de flambagem

Para cada modo de flambagem são modelados dois grupos de painéis, cada grupo com
um aço distinto e considera-se nove análises (caso base, , , , , , , , ).
Cada modelo é designado pela variável principal e o modo de flambagem considerado
(por exemplo, _PI nomeia um modelo no qual a largura da placa foi alterada para
investigar seu efeito na flambagem global induzida pela placa PI). Ressaltamos que não
é possível mudar só uma variável, todas as variáveis primárias estão interligadas através
dos parâmetros . Um caso de referência foi executado, descrito como bc_modo de
flambagem (onde bc representa o caso base). Se a resposta do painel e o modo de
flambagem (dentro de um limite tolerável) não variam, pode-se concluir que estes
parâmetros caracterizam o comportamento do painel enrijecido.

3.3.1. Flambagem global induzida pela placa (PI)


Os parâmetros de entrada selecionados para os primeiros análises são: ,
, , . Os painéis modelados com aço CAN/CSA-G40.21
350W e A36 são apresentados nas Tabelas 3.2 e 3.3, respectivamente. Nestas tabelas
cada linha corresponde à variável fixada e as colunas aos valores das variáveis
calculadas seguindo as relações dadas pelos parâmetros . Na penúltima linha são
apresentados as médias dos valores assumidos por cada variável nas análises e na ultima
linha é apresentado o desvio padrão. Além disso, na ultima coluna são apresentados os
valores de ⁄ calculados pelo programa de elementos finitos.

42
Tabela 3.2: Efeito da variação das magnitudes das variáveis físicas e geométricas no
comportamento da flambagem global induzida pela placa para o aço CAN/CSA-G40.21
350W ( , , , , , , )

Modelo ⁄
mm mm mm mm mm mm mm MPa MPa
_PI 524,8 378,7 24,79 110,9 12,70 124,0 11,36 420 420 0,966
_PI 692,9 500,0 32,73 146,4 16,77 163,7 15,00 420 420 0,966
_PI 740,9 534,7 35,00 156,5 17,93 175,0 16,04 420 420 0,966
_PI 449,5 324,3 21,23 95,0 10,88 106,2 9,73 420 420 0,966
_PI 413,0 298,0 19,51 87,3 10,00 97,5 8,94 420 420 0,966
_PI 317,3 229,0 15,00 67,0 7,68 75,0 6,87 420 420 0,966
_PI 586,6 423,3 27,71 123,9 14,20 138,6 12,70 420 420 0,966
_PI 767,8 432,1 21,82 126,5 11,18 141,4 10,00 250 250 0,965
_PI 701,1 463,7 27,71 135,8 14,20 151,8 12,70 350 350 0,968

Média 577,1 398,2 25,06 116,6 12,84 130,4 11,48 393,3 393,3 0,966
D.P. 151,1 94,0 6,05 27,5 3,10 30,8 2,77 55,2 55,2 0,001

Tabela 3.3: Efeito da variação das magnitudes das variáveis físicas e geométricas no
comportamento da flambagem global induzida pela placa para o aço A36 ( ,
, , , , , ).

Modelo ⁄
mm mm mm mm mm mm mm MPa MPa
_PI 922,9 505,1 24,79 147,9 12,70 165,3 11,36 251,2 251,2 0,964
_PI 913,9 500,0 24,55 146,5 12,58 163,7 11,25 251,2 251,2 0,964
_PI 1303,1 713,2 35,00 208,8 17,93 233,5 16,04 251,2 251,2 0,964
_PI 593,0 324,6 15,93 95,0 8,16 106,2 7,30 251,2 251,2 0,964
_PI 726,3 397,5 19,51 116,4 10,00 130,1 8,94 251,2 251,2 0,964
_PI 418,4 229,0 11,24 67,0 5,76 75,0 5,15 251,2 251,2 0,964
_PI 974,9 533,6 26,19 156,2 13,42 174,7 12,00 251,2 251,2 0,964
_PI 1444,7 655,7 23,35 180,3 11,96 201,5 10,70 150,0 150,0 0,962
_PI 742,9 476,9 27,63 139,6 14,15 156,1 12,66 350,0 350,0 0,967

Média 887,6 481,7 23,13 137,9 11,85 156,2 10,60 250,9 250,9 0,964
D.P. 305,5 142,8 6,51 39,9 3,34 45,0 2,98 47,1 47,1 0,001

43
Pode-se observar que a resposta adimensional média do painel ( ) é =0,966 e
=0,964 para o aço CAN/CSA-G40.21 350W e A36, respectivamente e com desvio
padrão igual a 0,001 em ambos os casos. Nas Figuras 3.4 (a) e (b) são mostradas as
curvas de comportamento ( ) dos painéis mencionados acima. A Figura 3.4
(c) mostra a curva de resposta típica (caso bc_PI) onde são considerados quatro estados
de tensões A, B, C e D mostrados na Figura 3.5.

Através das curvas dadas nas Figuras 3.4 (a) e (b), observa-se que todas as curvas
apresentam comportamentos quase idênticos, e típicos de flambagem global induzida
pela placa (PI) o que pode ser comparado da análise do painel deformado.

Pode-se apreciar que a resposta do painel é composta de três regiões. Na primeira


região, que se estende desde o início da compressão até o ponto A (ver Figura 3.5 (A)) a
resposta do painel apresenta um comportamento linear-elástico porque as tensões em
nenhum dos elementos do painel excede o limite de proporcionalidade do material e,
portanto, se a carga de compressão é removida, o painel volta à sua configuração inicial.
A segunda região, se estende do ponto A até o ponto B (onde é atingida a carga de
flambagem - ver Figura 3.5 (B)). Nesta região, devido a distribuição da carga
compressiva (Figura 1.3) a maior parte da placa e da alma do enrijecedor atinge a
tensão de escoamento, enquanto o flange do enrijecedor apresenta tensões menores. O
comportamento da carga de flambagem será definida pela interação das zonas elásticas
e plásticas bem como a geometria. Por exemplo, o aço A36 tem grande influência dos
parâmetros plásticos do material (módulo tangente , apresentando um maior
encruamento que resulta numa maior diferença entre as tensões no flange do enrijecedor
e as obtidas na placa e na alma do enrijecedor, originando uma diminuição da carga de
flambagem (menor eficiência do flange). No aço CAN/CSA-G40.21 350W o alto valor
da tensão de escoamento gera painéis mais robustos, resultando uma maior influência da
geometria, originando um comportamento variável da carga de flambagem (aumenta e
depois diminui) conforme aumenta a tensão de escoamento. Finalmente, a terceira
região corresponde à pós-flambagem elasto-plástica do painel, mostra pequenos
decréscimos na carga com o aumento da deformação. Essa região tem um
comportamento mais proximo do material com o aumento da razão entre os módulos
tangente e de elasticidade ( ⁄ ).

44
(a)

(b)

(c)

Figura 3.4: Curva do comportamento do painel enrijecido ( ) para a


flambagem global induzida pela placa para (a) aço CAN/CSA-G40.21
350W, (b) aço A36 e c)curva típica para o aço A36.

45
Figura 3.5: Formas deformadas do painel enrijecido e estados de tensão para a
flambagem global induzida pela placa

46
A partir dos dados mostrados verifica-se que nos casos em que a geometria do painel
muda, mantendo o conjunto de parâmetros adimensionais de entrada, sem alterar o
material, as curvas de resposta mostram o mesmo comportamento, resultando na sua
superposição. Quanto ao efeito de escala no material, podemos concluir que ante um
maior encruamento (maior módulo tangente) a carga de flambagem diminui. Enquanto
que para uma mudança na escala do material (casos _PI e _PI), a maior tensão de
escoamento produz maior carga de flambagem, sempre que os efeitos do material forem
mais importantes que os geométricos.

3.3.2. Flambagem global induzida pelo enrijecedor (SI)


Todos os parâmetros do caso de flambagem global induzida pela placa foram
mantidos, salvo pelo valor do momento aplicado. O momento de flexão no presente
caso é de 20% do momento plástico e submete ao enrijecedor a uma maior compressão
(ver Figura 1.3). Os painéis modelados com aços CAN/CSA-G40.21 350W e A36 são
apresentados nas Tabelas 3.4 e 3.5, respectivamente.

Pode-se observar que a resposta adimensional média do painel ( ) é =0,866 e


=0,847 para o aço CAN/CSA-G40.21 350W e A36, respectivamente e com desvio
padrão igual a 0,007 em ambos os casos. Nas Figuras 3.6 (a) e (b) são mostradas as
curvas de comportamento ( ) dos painéis mencionados acima. A Figura 3.6
(c) mostra a curva de resposta típica (caso bc_SI) onde são considerados quatro estados
de tensões A, B, C e D mostrados na Figura 3.7.

Como no caso anterior, a resposta do painel tem três regiões, uma região de
comportamento linear-elástico (da origem de coordenadas ao ponto A), uma região onde
começam a plastificar certas zonas do painel atingindo a carga de flambagem (do ponto
A ao B), finalmente, uma região de pós-flambagem (do ponto B em diante). Este modo
de flambagem apresenta uma menor carga de flambagem, que a flambagem global
induzida pela placa devido à maior carga compressiva recebida pelo enrijecedor, que
tem uma menor área com relação à placa (ver Figura 1.3), resultando em tensões mais
elevadas e, portanto, para a mesma deformação global do painel, as deformações locais
são maiores.

47
Tabela 3.4: Efeito da variação das magnitudes das variáveis físicas e geométricas no
comportamento da flambagem global induzida pelo enrijecedor para o aço CAN/CSA-
G40.21 350W ( , , , , , )

Modelo ⁄
mm mm mm mm mm mm mm MPa MPa
_SI 524,8 378,7 24,79 110,9 12,70 124,0 11,36 420 420 0,869
_SI 692,9 500,0 32,73 146,4 16,77 163,7 15,00 420 420 0,869
_SI 740,9 534,7 35,00 156,5 17,93 175,0 16,04 420 420 0,869
_SI 449,5 324,3 21,23 95,0 10,88 106,2 9,73 420 420 0,869
_SI 413,0 298,0 19,51 87,3 10,00 97,5 8,94 420 420 0,869
_SI 317,3 229,0 15,00 67,0 7,68 75,0 6,87 420 420 0,869
_SI 586,6 423,3 27,71 123,9 14,20 138,6 12,70 420 420 0,869
_SI 975,1 548,7 27,71 160,6 14,20 179,6 12,70 250 250 0,846
_SI 701,1 463,7 27,71 135,8 14,20 151,8 12,70 350 350 0,861

Média 600,1 411,2 25,71 120,4 13,17 134,6 11,78 393,3 393,3 0,866
D.P. 189,4 105,2 5,98 30,8 3,06 34,4 2,74 55,2 55,2 0,007

Tabela 3.5: Efeito da variação das magnitudes das variáveis físicas e geométricas no
comportamento da flambagem global induzida pelo enrijecedor para o aço A36
( , , , , , )

Modelo ⁄
mm mm mm mm mm mm mm MPa MPa
_SI 922,9 505,1 24,79 147,9 12,70 165,3 11,36 251,2 251,2 0,848
_SI 913,9 500,0 24,55 146,5 12,58 163,7 11,25 251,2 251,2 0,848
_SI 1303,1 713,2 35,00 208,8 17,93 233,5 16,04 251,2 251,2 0,848
_SI 593,0 324,6 15,93 95,0 8,16 106,2 7,30 251,2 251,2 0,848
_SI 726,3 397,5 19,51 116,4 10,00 130,1 8,94 251,2 251,2 0,848
_SI 418,4 229,0 11,24 67,0 5,76 75,0 5,15 251,2 251,2 0,848
_SI 974,9 533,6 26,19 156,2 13,42 174,7 12,00 251,2 251,2 0,848
_SI 1444,7 655,7 23,35 180,3 11,96 201,5 10,70 150,0 150,0 0,830
_SI 742,9 476,9 27,63 139,6 14,15 156,1 12,66 350,0 350,0 0,859
Média 887,6 481,7 23,13 137,9 11,85 156,2 10,60 250,9 250,9 0,847
D.P. 305,5 142,8 6,51 39,9 3,34 45,0 2,98 47,1 47,1 0,007

48
(a)

(b)

(c)

Figura 3.6: Curva do comportamento do painel enrijecido ( ) para a


flambagem global induzida pelo enrijecedor (a) aço CAN/CSA-G40.21
350W e (b) aço A36.

49
Figura 3.7: Formas deformadas do painel enrijecido e estados de tensão para a
flambagem global induzido pelo enrijecedor.

50
Como no caso anterior, o encruamento do material origina uma maior razão entre a
carga sobre o enrijecedor e a placa, resultando em uma menor carga de flambagem, bem
como num comportamento menos estável no regime de pós-flambagem, apresentando
um maior decréscimo da capacidade de carga com o aumento da deformação.
Finalmente, as curvas de comportamento ( ), mostradas nas Figuras 3.6 (a) e
(b), apresentam menor carga de flambagem com a redução da tensão de escoamento.

3.3.3. Flambagem da placa (PB)


Os parâmetros de entrada selecionados para gerar o modo de flambagem da placa foram
, , e . O valor de é selecionado porque
pesquisas anteriores indicaram que levam à flambagem da placa (Grondin et al., [8-9]).
A flambagem lateral-torsional do enrijecedor é impedida por escolha adequada dos
valores da esbelteza da alma e do flange do enrijecedor.

Os painéis modelados com aço CAN/CSA-G40.21 350W e A36 são apresentados nas
Tabelas 3.6 e 3.7, respectivamente. Pode-se observar que a resposta adimensional média
do painel ( )é =0,625 e =0,638 e com desvio padrão igual a 0,004 e 0,007para
o aço CAN/CSA-G40.21 350W e A36, respectivamente. Nas Figuras 3.8 (a) e (b) são
mostradas as curvas de comportamento ( ) dos painéis mencionados acima. A
Figura 3.8 (c) mostra a curva de resposta típica (caso bc_PB) onde são considerados
quatro estados de tensões A, B, C e D mostrados na Figura 3.9.

A Figura 3.8 (c) mostra que o painel tem uma menor rigidez (menor inclinação da
curva) do que os modos de flambagem globais, devido ao alto valor da esbelteza da
placa, resultando em grandes imperfeições geométricas iniciais no painel ( = 0,1 ),
bem como uma linha neutra perto da placa que resulta numa maior compressão na
placa, além de encurtamentos maiores para uma mesma deformação global devido ao
maior comprimento do painel. Todos esses parâmetros fornecem a concentração de
tensões em áreas localizadas da placa, enquanto o enrijecedor do painel suporta uma
tensão menor, sendo praticamente desprezível sua contribuição na rigidez global do
painel.

51
Tabela 3.6: Efeito da variação das magnitudes das variáveis físicas e geométricas no
comportamento da flambagem da placa para o aço CAN/CSA-G40.21 350W ( ,
, , , , , )

Modelo ⁄
mm mm mm mm mm mm mm MPa MPa
_PB 1406,6 783,7 17,96 166,3 12,7 151,8 13,91 420 420 0,623
_PB 897,0 500,0 11,45 106,0 8,10 96,8 8,87 420 420 0,623
_PB 995,1 554,4 12,70 117,6 8,98 107,4 9,84 420 420 0,623
_PB 634,0 353,3 8,09 75,0 5,72 68,4 6,27 420 420 0,623
_PB 1107,3 617,0 14,14 130,9 10,00 119,5 10,95 420 420 0,623
_PB 694,7 387,1 8,87 82,1 6,27 75,0 6,87 420 420 0,623
_PB 1284,3 715,6 16,40 151,8 11,59 138,6 12,7 420 420 0,623
_PB 1068,7 463,7 8,20 98,4 5,80 89,8 6,35 250 250 0,636
_PB 767,8 391,9 8,20 83,1 5,80 75,9 6,35 350 350 0,629

Média 983,9 529,6 11,78 112,4 8,33 102,6 9,12 393,3 393,3 0,625
D.P. 247,6 142,6 3,56 30,3 2,51 27,6 2,75 55,2 55,2 0,004

Tabela 3.7: Efeito da variação das magnitudes das variáveis físicas e geométricas no
comportamento da flambagem da placa para o aço A36 ( , , ,
, , )

Modelo ⁄
mm mm mm mm mm mm mm MPa MPa
_PB 1248,4 526,9 9,05 111,8 6,40 102,0 7,01 251,2 251,2 0,637
_PB 1184,3 500,0 8,59 106,0 6,07 96,8 6,65 251,2 251,2 0,638
_PB 1752,4 739,5 12,70 156,9 8,98 143,2 9,84 251,2 251,2 0,637
_PB 1061,4 447,9 7,69 95,0 5,44 86,7 5,96 251,2 251,2 0,637
_PB 1950,1 823,0 14,14 174,6 10,00 159,4 10,95 251,2 251,2 0,637
_PB 971,2 387,1 6,65 82,11 4,70 75,0 5,15 251,2 251,2 0,637
_PB 2261,8 954,5 16,40 202,5 11,59 184,8 12,70 251,2 251,2 0,637
_PB 2678,1 879,3 11,67 186,5 8,25 170,2 9,04 150 150 0,657
_PB 1375,4 681,3 13,81 144,5 9,77 131,9 10,70 350 350 0,628

Média 1609,3 659,9 11,19 140,0 7,91 127,8 8,67 250,9 250,9 0,638
D.P. 555,5 191,8 3,15 40,7 2,23 37,1 2,44 47,1 47,1 0,007

52
(b)
(a)

(b)

Figura 3.8: Curva do comportamento do painel enrijecido ( ) para a


flambagem da placa (a) aço CAN/CSA-G40.21 350W e (b) aço A36.

53
Figura 3.9: Formas deformadas do painel enrijecido e estados de tensão para a
flambagem da placa.

A curva de resposta apresenta as seguintes regiões: uma primeira região de


comportamento linear-elástico (da origem ao ponto A), uma segunda região, onde
algumas áreas do painel excedem o limite de proporcionalidade do material, atingindo-
se a carga de flambagem (ponto B), uma terceira região dentro do regime de pós-
54
flambagem (entre os pontos B e D), onde o encruamento de zonas específicas do painel
reduz a sua resistência, resultando numa pronunciada queda da capacidade de carga e,
finalmente, uma zona onde a resposta é estabilizada (do ponto D em diante).

Note-se que, ao contrário dos modos anteriores, a carga de flambagem diminui com o
aumento da tensão de escoamento, sendo a influência desta última mais acentuada do
que no caso de flambagem global do painel.

3.3.4. Flambagem lateral-torsional do enrijecedor (ST)


Os parâmetros de entrada selecionados para ativar a flambagem lateral-torsional do
enrijecedor são: , , e . O valor de foi
selecionado a partir dos resultados de pesquisas anteriores, que mostram que um baixo
valor de retarda a flambagem da placa no regime elástico (Grondin et al., [9],
Faulkner [10] e Carlsen [18]). Um valor elevado de foi usado para procurar este
modo de flambagem (ST). Depois de selecionar o valor de , a esbelteza à torção do
enrijecedor foi ajustada a fim de obter um valor maior de para assegurar o modo de
flambagem lateral-torsional do enrijecedor.

Os painéis modelados com aços CAN/CSA-G40.21 350W e A36 são apresentados nas
Tabelas 3.8 e 3.9, respectivamente. Pode-se observar que a resposta adimensional média
do painel ( )é =0,811 e =0,775 e com desvio padrão igual a 0,016 e 0,005 para
o aço CAN/CSA-G40.21 350W e A36, respectivamente. Nas Figuras 3.10 (a) e (b) são
mostradas as curvas de comportamento ( ) dos painéis mencionados acima. A
Figura 3.10 (c) mostra a curva de resposta típica (caso bc_ST) onde são considerados
quatro estados de tensões A, B, C e D mostrados na Figura 3.11.

A Figura 3.10 (c) mostra a curva de resposta dos modelos estudados, mostrando que
não há grande diferença entre o limite do comportamento linear-elástico (ponto A) e o
ponto onde atinge a carga de flambagem (ponto B). Neste modo de flambagem a maior
carga compressiva é suportada pelo enrijecedor, originando uma concentração de tensão
perto de metade do comprimento do painel, onde a imperfeição inicial é mais elevada
(Figura 3.11 (c)), originando a torção do enrijecedor nessa região de forma brusca,
resultando no colapso da seção transversal do painel.

55
Tabela 3.8: Efeito da variação das magnitudes das variáveis físicas e geométricas no
comportamento da flambagem lateral-torsional do enrijecedor para o aço CAN/CSA-
G40.21 350W ( , , , , , , )

Modelo ⁄
mm mm mm mm mm mm mm MPa MPa
_ST 929,2 312,1 11,44 83,7 6,40 93,6 5,72 420 420 0,819
_ST 1489,7 500,0 18,34 134,2 10,25 150,0 9,17 420 420 0,819
_ ST 1031,6 346,4 12,70 93,0 7,10 103,9 6,35 420 420 0,819
_ ST 1109,5 372,6 13,66 100,0 7,64 111,8 6,83 420 420 0,819
_ ST 1845,4 619,7 22,72 166,3 12,70 185,9 11,36 420 420 0,819
_ ST 942,2 316,4 11,60 84,9 6,48 95,0 5,80 420 420 0,819
_ ST 1031,6 346,4 12,70 93,0 7,10 103,9 6,35 420 420 0,819
_ST 1721,2 449,0 12,70 120,5 7,10 134,7 6,35 250 250 0,777
_ST 1234,6 379,5 12,70 101,8 7,10 113,9 6,35 350 350 0,787

Média 1259,4 404,7 14,28 108,6 7,99 121,4 7,14 393,3 393,3 0,811
D.P. 324,2 95,5 3,55 25,6 1,98 28,6 1,77 55,2 55,2 0,016

Tabela 3.9: Efeito da variação das magnitudes das variáveis físicas e geométricas no
comportamento da flambagem lateral-torsional do enrijecedor para o aço A36 (
, , , , , , )

Modelo ⁄
mm mm mm mm mm mm mm MPa MPa
_ST 1629,5 413,3 11,36 110,9 6,35 124,0 5,68 251,2 251,2 0,775
_ST 1971,0 500,0 13,74 134,1 7,68 150,0 6,87 251,2 251,2 0,775
_ ST 1821,8 462,1 12,70 124,0 7,10 138,6 6,35 251,2 251,2 0,775
_ ST 1468,9 372,6 10,24 100,0 5,72 111,8 5,12 251,2 251,2 0,775
_ ST 3259,1 826,7 22,72 221,8 12,70 248,0 11,36 251,2 251,2 0,775
_ ST 1248,0 316,6 8,70 85,0 4,86 95,0 4,35 251,2 251,2 0,775
_ ST 1821,8 462,1 12,70 124,0 7,10 138,6 6,35 251,2 251,2 0,775
_ST 2792,2 550,0 11,68 147,6 6,53 165,0 5,84 150,0 150,0 0,764
_ST 1428,7 426,0 13,82 114,3 7,73 127,8 6,91 350,0 350,0 0,785
Média 1937,9 481,0 13,07 129,1 7,31 144,3 6,54 250,9 250,9 0,775
D.P. 628,4 138,1 3,75 37,1 2,10 41,4 1,87 47,1 47,1 0,005

56
(a)

(b)

(c)

Figura 3.10: Curva do comportamento do painel enrijecido ( ) para a


flambagem lateral-torsional do enrijecedor para (a) aço CAN/CSA-
G40.21 350W (b) aço A36.

57
Figura 3.11: Formas deformadas do painel enrijecido e estados de tensão para a
flambagem lateral-torsional do enrijecedor.

Devido à torção do enrijecedor, a capacidade de carga no regime pós-flambagem é


reduzida drasticamente, tal que ante um pequeno aumento da deformação a capacidade
de carga é reduzida à metade. Da mesma forma que no caso anterior, notamos que a

58
influência da tensão de escoamento sobre o valor da carga de flambagem é maior do que
os modos de flambagem global (PI e SI).

Como pode ser visto em todos os modos de flambagem estudados, a carga de


flambagem não é alterada pela mudança das variáveis geométricas, enquanto o conjunto
de parâmetros adimensionais de entrada for o mesmo. No entanto, uma mudança das
variáveis físicas modifica o valor da carga de flambagem, notando-se que sua influência
é maior nos modos de flambagem locais (PB e ST) que nos modos globais de
flambagem (PI e SI).

A conclusão do acima descrito é que para um determinado conjunto de parâmetros


adimensionais de entrada, sem mudanças no material, a resposta de painéis com
diferentes geometrias apresentam um comportamento estável na sua resposta e,
portanto, possível fazer testes com modelos em escala reduzida. Por outro lado, a
variação da carga de flambagem, devidas as mudanças nas variáveis físicas, indicam
que a influência do material não foi completamente representada, porque nenhum
parâmetro do comportamento plástico do material foi considerado no conjunto de
parâmetros adimensionais de entrada. Devido à dificuldade de encontrar um parâmetro
que possa relacionar as variáveis geométricas e físicas no regime plástico optamos,
nesta dissertação, por não considerá-los. Portanto, temos a necessidade de definir para
cada caso a ser estudado as variáveis relacionadas ao material utilizado na análise, já
que para materiais distintos obtemos respostas diferentes.

A partir da comparação dos resultados encontrados por Sheikh et al. [27] em seu estudo
numérico experimental, com os encontrados neste estudo, podemos dizer que o nosso
modelo de elementos finitos pode prever tanto o modo de flambagem como a magnitude
da carga de flambagem com boa precisão (ver Anexo II).

3.4. Avaliação dos efeitos das tensões residuais


Como mencionado no Capítulo 2, embora as tensões residuais exerçam alguma
influência sobre o comportamento do painel, elas não serão consideradas neste estudo.
No entanto, para ter uma noção dessa influência, realizou-se uma comparação com os
resultados obtidos por Sheikh et al. [27], onde é considerado o campo de tensões

59
residuais mostrado na Figura 3.12. Os resultados desta comparação são apresentados na
Tabela 3.10.

Tabela 3.10: Comparação dos resultados obtidos por Sheikh et al. [25] ( =0,97)
Parâmetros adimensionais Sheikh et al. Manco V.P.
⁄ M.F. ⁄ M.F. (%)
Compressão Uniaxial ( )
0,70 0,50 1,020 PI 1,017 PI 0,3
0,075 0,70 1,00 0,992 PI 0,993 PI 0,1
1,28 2,00 0,587 DFM 0,613 DFM 4,4
0,70 0,50 1,002 PI 0,999 PI 0,3
1,50 0,375 0,15 1,28 1,00 0,829 PB 0,900 PB 8,6
2,70 2,00 0,211 DFM 0,231 DFM 9,5
0,70 1,50 0,993 PI 1,005 PI 1,2
0,30 1,00 1,50 0,964 PB 0,996 PB 3,3
2,00 2,00 0,600 DFM 0,661 DFM 10,2
Combinação de Flexão e Compressão Uniaxial ( )
0,50 0,645 PB 0,661 PB 2,5
0,075 2,00
1,00 0,557 DFM 0,615 DFM 10,4
0,60 0,75 0,70 0,50 0,805 ST 0,879 ST 9,2
0,300 2,00 1,00 0,700 PB 0,753 ST 7,5
2,70 2,00 0,192 ST 0,209 ST 8,9
0,70 0,50 0,796 ST 0,854 ST 7,3
1,05 0,75 0,30 2,00 1,00 0,715 PB 0,742 ST 3,8
2,00 1,50 0,486 ST 0,519 ST 6,8
1,28 0,768 ST 0,825 ST 7,4
0,375 0,5
2,00 0,681 PB 0,709 PB 4,2
1,28 0,5 0,769 ST 0,819 ST 6,5
0,75 1,28 1,5 0,649 ST 0,712 ST 9,7
1,50 0,30
2,00 1,0 0,715 PB 0,721 ST 0,8
0,70 0,50 0,780 ST 0,836 ST 7,1
1,125 1,28 2,00 0,552 ST 0,613 ST 11,1
2,00 0,50 0,682 PB 0,716 PB 5,0

60
Pode observar-se que a Variação Percentual (V.P.) é da ordem de 5% com picos de
11%. Esta diferença é devida à comparação de casos extremos. Sheikh et al. [27]
consideram tensões residuais com magnitude "grave", o que representa o caso mais
dramático, onde o painel não é sujeito a nenhum tratamento para reduzir as imperfeições
iniciais e tensões residuais após a soldagem.

Na Tabela 3.10 os casos onde houve mudanças de modos de flambagem são destacados,
e podemos dizer que todas elas estão dentro da zona intermediária de interação entre a
ocorrência de um modo de flambagem da placa ou por flambagem lateral-torsional do
enrijecedor que será descrita no item seguinte. Com base no argumentado conclui-se
que o fato de não considerar as tensões residuais fica justificado.

Figura 3.12: Padrão típico de tensões residuais considerado por Sheikh et al. [27].

3.5. Interação entre os modos de flambagem locais no painel enrijecido


Como têm sido apresentados ao longo desta dissertação, os modos de flambagem locais
(PB e ST) apresentam uma menor carga de flambagem, bem como um comportamento
menos estável no regime de pós-flambagem (levando ao colapso da seção transversal do
painel - ST), em comparação aos modos de flambagem globais (PI e SI). Portanto,
vamos nos concentrar na definição dos valores limites dos parâmetros adimensionais
que levam à ocorrência desses modos de flambagem, colocando ênfase especial na
definição dos valores que levam à flambagem lateral-torsional do enrijecedor (ST), que
foi identificado como o modo de flambagem mais crítico.

61
Como resultado de seu estudo paramétrico Sheikh et al. [25] sugerem como limite de
interação entre esses dois modos uma função com base nos parâmetros e ,
identificados como aqueles que têm a maior influência na variação entre os modos de
flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da placa. Eles propõem para um conjunto
fixo dos demais parâmetros adimensionais de entrada o seguinte limite:
(3.1)
Com a finalidade de fazer um refinamento desse limite são analisados modelos cujos
parâmetros adimensionais de entrada são fixados, exceto e , que variam de acordo
com a equação genérica da circunferência:
(3.2)
onde o centro da circunferência tem coordenadas no plano iguais a (2,75; 0) e
é o raio da circunferência considerada.

Esse refinamento foi desenvolvido considerando os resultados do estudo do efeito de


escala sobre a resposta do painel enrijecido, onde se conclui que a variação do material,
com a respectiva mudança na tensão de escoamento e do comportamento no regime
plástico, altera o comportamento do painel. Para avaliar este efeito modelou-se um
conjunto de painéis que obedecem à equação (3.2), para cada um dos materiais descritos
no Capítulo 2. Os resultados destes testes são mostrados na Tabela 3.11 onde se mostra:
o raio considerado, a razão entre a carga de flambagem e de escoamento ( ), bem
como o modo de flambagem (M.F.). Encontra-se que a resposta para cada um dos aços
estudados com os memos parâmetros de entrada variam dentro de um intervalo
razoável.

Como resultado deste refinamento obtemos três regiões bem definidas, na primeira
acontece apenas a flambagem lateral-torsional do enrijecedor (ST), tendo para cada aço
considerado limites inferiores (ressaltados em cinza na Tabela 3.11) muito próximos.
Na segunda região, nomeada de zona intermediária (Z.I.), há a possibilidade de
encontrar painéis que sofrem tanto a flambagem lateral-torsional do enrijecedor como
por flambagem da placa, ou seja, não existe um modo predominante de flambagem e
qualquer pequena variação dos parâmetros adimensionais de entrada pode levar à
ocorrência de qualquer deles. Por exemplo, na Tabela 3.10 existem três casos de
mudança do modo de flambagem (ressaltados em cinza), variando apenas o parâmetro

62
da tensão residual. Finalmente, na terceira região identificada, a flambagem ocorre
somente por flambagem da placa (PB), encontrando-se que os valores de seus limites
superiores (ressaltado em vermelho na Tabela 3.11) variam muito de um aço para outro.

Tabela 3.11: Refinamento dos limites entre os modos de flambagem lateral-torsional do


enrijecedor e da placa ( , , , )
CAN/CSA-G40.21 ASTM Grau 355 A36
350W
Raio M .F. ⁄ M .F. ⁄ M .F. ⁄
1,35 1,05 0,7793 0,7733 0,7633
1,70 1,40 0,6586 0,6555 0,6458
1,75 2,05 1,60 ST 0,4955 ST 0,4926 ST 0,4862
2,40 1,71 0,3586 0,3590 0,3562
2.75 1,75 0,2806 0,2785 0,2754
1,47 0,96 0,7806 0,7727 0,7649
1,79 1,28 0,6758 0,6695 0,6580
1,60 2,11 1,47 ST 0,5311 ST 0,5256 ST 0,5187
2,43 1,57 0,4030 0,4029 0,3990
2,75 1,60 0,3232 0,3204 0,3194
1,55 0,90 0,7815 0,7770 0,7649
1,85 1,20 0,6629 0,6812 0,6675
1,50 2,15 1,37 ST 0,5559 ST 0,5506 ST 0,5396
2,45 1,47 0,4371 0,4352 0,4300
2,75 1,50 0,3566 0,3532 0,3529
1,63 0,84 0,7878 0,7813 0,7686
1,91 1,12 0,7026 0,6955 0,6785
1,40 2,19 1,28 ST 0,5813 ST 0,5786 ST 0,5660
2,47 1,37 0,4752 0,4702 0,4638
2,75 1,40 0,3973 0,3959 0,3900
1,71 0,78 0,7964 0,7883 0,7733
1,97 1,04 0,7251 0,7135 0,6857
1,30 2,23 1,19 ST 0,6202 ST 0,6089 ST 0,5916
2,49 1,27 0,5145 0,5106 0,4964
2,75 1,30 0,4373 0,4385 0,4314
1,75 0,75 0,8018 0,7895 0,7758
2,00 1,00 0,7316 0,7247 0,6977
1,25 2,25 1,15 ST 0,6401 ST 0,6256 ST 0,6051
2,50 1,22 0,5405 0,5328 0,5168
2,75 1,25 0,4686 0,4637 0,4488
1,79 0,72 PB 0,8025 PB 0,8006 0,7800
2,03 0,96 0,7567 0,7263 0,7025
1,20 2,27 1,10 0,6629 0,6455 ST 0,6195
ST ST
2,51 1,18 0,5680 0,5568 0,5374
2,75 1,20 0,4995 0,4904 0,4730

63
Tabela 3.11: Continuação.
CAN/CSA-G40.21 ASTM Grau 355 A36
350W
Raio M .F. ⁄ M .F. ⁄ M .F. ⁄
1,87 0,66 0,7710 0,7775 PB 0,7962
PB
2,09 0,88 0,7618 0,7808 0,7264
PB
1,10 2,31 1,01 0,7522 0,6952 0,6496
ST
2,53 1,08 0,7382 ST 0,6104 0,5779
2,75 1,10 ST 0,5707 0,5513 0,5249
1,91 0,63 0,7501 0,7630 0,7799
2,12 0,84 0,7417 PB 0,7632 PB 0,7387
1,05 2,33 0,96 PB 0,7363 0,6835 0,6923
2,54 1,03 0,7192 0,6478 0,6000
ST ST
2,75 1,05 0,6904 0,5975 0,5501
1,95 0,60 0,7390 0,7486 PB 0,7578
2,15 0,80 0,7290 0,7482 0,7535
1,00 2,35 0,92 PB 0,7223 PB 0,7435 0,6805
ST
2,55 0,98 0,6998 0,7314 0,6173
2,75 1,00 0,6685 0,7067 0,5762
2,03 0,54 0,7145 0,7229 0,7231
PB
2,21 0,72 0,7047 0,7047 0,7437
0,90 2,39 0,82 PB 0,6977 PB 0,7046 0,7530
2,57 0,88 0,6808 0,7039 ST 0,6389
2,75 0,90 0,6657 0,6857 0,6394
2,07 0,51 0,7104 0,7159
2,24 0,68 0,6937 0,7319
0,85 2,41 0,78 Não foi considerado PB 0,6897 PB 0,7423
2,58 0,83 0,6897 0,7395
2,75 0,85 0,6754 0,7247

As Figuras 3.13 a 3.15 mostram de forma gráfica os dados apresentados na Tabela


3.11, e as curvas de nível da resposta ( ) na região ST, bem como o comportamento
do painel enrijecido ( ) para três conjuntos diferentes de parâmetros que
satisfazem a equação (3.2) nas regiões mencionadas acima. Na zona intermediária (Z.I.)
não foi possível traçar as curvas de nível devido as mudanças no modo de flambagem,
que originam mudanças bruscas nos valores de e na região PB elas também não
foram traçadas devido aos poucos pontos existentes.

As curvas de nível de todos os aços considerados mostram um comportamento suave até


o valor de = 0,65. Para valores mais elevados mostram mudanças bruscas, sendo
mais perceptíveis à medida que se aproxima do limite com a zona intermediária.

64
(a) (b)

(c) (d)

Figura 3.13: (a) Regiões de interação entre os modos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor e flambagem da placa. Comportamento do
painel para conjuntos de parâmetros adimensionais que obedecem à equação (3.2) com raios iguais a (b) 1,25, (c) 1,10 e (d) 1,05
para o aço CAN/CSA-G40.21 350W.

65
(a) (b)

(c) (d)

Figura 3.14: (a) Regiões de interação entre os modos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor e flambagem da placa. Comportamento do
painel para conjuntos de parâmetros adimensionais que obedecem à equação (3.2) com raios iguais a (b) 1,25, (c) 1,10 e (d) 1,00
para o aço ASTM Grau 355.

66
(a) (b)

(c) (d)

Figura 3.15: (a) Regiões de interação entre os modos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor e flambagem da placa. Comportamento do
painel para conjuntos de parâmetros adimensionais que obedecem à equação (3.2) com raios iguais a (b) 1,25, (c) 1,10 e (d) 1,05 para o aço
A36.

67
Nota-se, também, que à medida que a tensão de escoamento diminui a amplitude da
zona intermediária (Z.I.) aumenta, em prejuízo da região de flambagem da placa PB.

Cada um dos conjuntos de parâmetros apresentados nas Figuras 3.13 a 3.15 (b), (c) e
(d) tem a mesma inclinação, como pode ser visualizado na Figura 3.13 a 3.15 (a).
Nestas figuras o caso (a) representa o limite inferior da região ST, caso (b) mostra o
comportamento da resposta em uma condição dentro da Z.I. e o caso (c) mostra o
comportamento da resposta no limite superior da região PB.

As Figuras 3.13 a 3.15 (b) mostram que um aumento na razão ⁄


(pendente), gera uma queda na carga de flambagem, no entanto o comportamento pós-
flambagem também apresenta uma redução notável. Nas Figuras 3.13 a 3.15 (c),
mostra-se que nos casos de flambagem da placa, à medida que a razão ⁄
aumenta, a carga de flambagem e a resposta no regime de pós-flambagem diminuem,
enquanto para os casos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor tanto a carga de
flambagem como o enfraquecimento de pós-flambagem torna-se mais pronunciado.
Finalmente, as Figuras 3.13 a 3.15 (d) mostram uma ligeira queda na carga de
flambagem. Por outro lado, o comportamento de pós-flambagem se debilita
consideravelmente, com o aumento da razão ⁄ .

Para um mesmo valor de , tem-se que no caso da flambagem lateral-torsional do


enrijecedor um valor elevado de está associado a uma baixa carga de flambagem, em
contraste à flambagem da placa que terá uma maior carga de flambagem conforme
aumenta. Para um valor fixo de a carga de flambagem nos modos de flambagem
lateral-torsional do enrijecedor e da placa será menor conforme o valor de aumenta.

68
Capítulo 4
Comportamento de painéis enrijecidos
submetidos a altas temperaturas

4.1. Introdução
O objetivo principal desta dissertação é estudar o efeito da temperatura nos painéis
enrijecidos, tanto no comportamento de sua carga de flambagem como em seu modo de
falha. A partir da comparação (mostrada no Anexo II) dos resultados entre nosso estudo
e os relatados por Sheikh et al. [27] que desenvolvem um estudo numérico-experimental
de painéis enrijecidos em temperatura ambiente (descrito no Capítulo 1) validamos
nosso modelo numérico. Com base neste modelo faremos a análise da variação dos
limites de interação entre os modos de falha por flambagem lateral-torsional do
enrijecedor (ST) e flambagem da placa (PB), bem como o estúdo da variação do
comportamento da carga de flambagem e do modo de falha (se houver).

4.2. Hipóteses adotadas


Nesta dissertação desenvolve-se uma investigação do comportamento da resistência, no
regime de flambagem e pós-flambagem de painéis enrijecidos submetidos a diferentes
temperaturas, considerando-se as seguintes hipóteses simplificadoras:

i. Uma grande parte do navio é submetida ao fogo, o que permite simular a


expansão térmica do painel como uma extremidade livre, evitando-se assim a
flambagem térmica do painel.

ii. O painel é analisado assumindo-se um campo de temperatura uniforme (estado


permanente), ou seja, não será considerada a solução transiente do problema de
aquecimento do painel.

iii. Embora as tensões residuais exerçam alguma influência sobre o comportamento


do painel, elas não serão consideradas neste estudo. Espera-se, no entanto, que o

69
aquecimento do painel tenha um efeito aliviador sobre as tensões residuais,
especialmente para temperaturas mais elevadas.

iv. Os efeitos visco-elásticos e visco-plasticos não são considerados.

4.3. Variação do comportamento de painéis enrijecidos devido a acréscimos de


temperatura
No capítulo anterior é estudado o comportamento de cada um dos modos de falha, bem
como o limite entre os modos de interação entre os modos de falha por flambagem local
(PB e ST). Neste item estudamos a variação da carga de flambagem, limites de
interação entre os modos de falha local e, finalmente, a variação de parâmetros
adimensionais, devido ao aumento da temperatura. Analisamos os resultados de um
conjunto de parâmetros de entrada adimensionais que satisfaçam a equação (3.2) para
doze raios diferentes, considerando-se sete aumentos de temperatura. A Tabela 4.1
mostra os resultados obtidos apresentando: raio considerado, parâmetros de entrada e
, modo de falha encontrado e carga de flambagem. A Figura 4.1 apresenta os
resultados em forma gráfica.

4.3.1. Variação dos limites de interação entre os modos de flambagem lateral-


torsional do enrijecedor e da placa
Com base nos resultados apresentados na Tabela 4.1 podemos verificar que a região de
falha por flambagem lateral-torsional do enrijecedor (ST) aumenta às custas da zona
intermediária (Z.I.) e da região de flambagem da placa (PB). Esta variação é
apresentada na Tabela 4.2 e mostrada graficamente na Figura 4.2.

No gráfico da Figura 4.2 pode-se observar que um pequeno acréscimo na temperatura


provoca uma mudança no modo de falha do painel enrijecido, levando-o a seu modo de
falha mais crítico, com o respetivo decréscimo em sua carga de flambagem. Isso mostra
o quão vulnerável é uma estrutura em caso de não ter um sistema de proteção contra
incêndio adequado.

70
Tabela 4.1: Variação dos limites de interação entre os modos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da placa para o aço A36 devido a
incrementos de temperatura
Parâmetros T. Amb. 100 ºK 200 ºK 300 ºK 400 ºK 500 ºK 600 ºK
Raio
M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄
1,55 0,90 0,7649 0,6334 0,5600 0,5073 0,4418 0,3415 0,1925
1,85 1,20 0,6675 0,5566 0,4923 0,4450 0,3873 0,2989 0,1672
1,50 2,15 1,37 ST 0,5396 ST 0,4626 ST 0,4122 ST 0,3732 ST 0,3261 ST 0,2537 ST 0,1432
2,45 1,47 0,4300 0,3758 0,3389 0,3083 0,2708 0,2123 0,1225
2,75 1,50 0,3529 0,3141 0,2853 0,2607 0,2297 0,1830 0,1071
1,63 0,84 0,7686 0,6353 0,5619 0,5085 0,4430 0,3424 0,1929
1,91 1,12 0,6785 0,5637 0,4991 0,4511 0,3925 0,3029 0,1693
1,40 2,19 1,28 ST 0,5660 ST 0,4808 ST 0,4277 ST 0,3870 ST 0,3378 ST 0,2624 ST 0,1478
2,47 1,37 0,4638 0,4023 0,3614 0,3279 0,2874 0,2253 0,1289
2,75 1,40 0,3900 0,3441 0,3117 0,2841 0,2500 0,1975 0,1149
1,75 0,75 0,7758 0,6404 0,5650 0,5123 0,4461 0,3447 0,1942
2,00 1,00 0,6977 0,5791 0,5112 0,4619 0,4015 0,3099 0,1732
1,25 2,25 1,15 ST 0,6051 ST 0,5088 ST 0,4518 ST 0,4087 ST 0,3560 ST 0,2758 ST 0,1547
2,50 1,22 0,5168 0,4438 0,3960 0,3596 0,3142 0,2452 0,1389
2,75 1,25 0,4488 0,3933 0,3537 0,3212 0,2816 0,2214 0,1268
1,79 0,72 0,7800 0,6424 0,5681 0,5139 0,4475 0,3458 0,1948
2,03 0,96 0,7025 0,5843 0,5159 0,4661 0,4052 0,3124 0,1747
1,20 2,27 1,10 ST 0,6195 ST 0,5190 ST 0,4599 ST 0,4161 ST 0,3624 ST 0,2804 ST 0,1571
2,51 1,18 0,5374 0,4582 0,4089 0,3704 0,3233 0,2519 0,1424
2,75 1,20 0,4730 0,4107 0,3683 0,3337 0,2927 0,2294 0,1311

71
Tabela 4.1: (continuação) Variação dos limites de interação entre os modos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da placa para o
aço A36 devido a incrementos de temperatura
Parâmetros T. Amb. 100 ºK 200 ºK 300 ºK 400 ºK 500 ºK 600 ºK
Raio
M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄
1,87 0,66 PB 0,7962 0,6474 0,5706 0,5179 0,4510 0,3484 0,1962
2,09 0,88 0,7264 0,5969 0,5259 0,4749 0,4127 0,3181 0,1778
1,10 2,31 1,01 0,6496 ST 0,5400 ST 0,4769 ST 0,4312 ST 0,3754 ST 0,2898 ST 0,1622
ST
2,53 1,08 0,5779 0,4875 0,4327 0,3919 0,3417 0,2652 0,1494
2,75 1,10 0,5249 0,4467 0,3980 0,3612 0,3148 0,2461 0,1395
1,95 0,60 PB 0,7578 0,6546 0,5778 0,5214 0,4548 0,3516 0,1978
2,15 0,80 0,7535 0,6103 0,5260 0,4851 0,4212 0,3240 0,1814
1,00 2,35 0,92 0,6805 ST 0,5623 ST 0,4956 ST 0,4473 ST 0,3889 ST 0,2996 ST 0,1675
ST
2,55 0,98 0,6173 0,5177 0,4580 0,4139 0,3604 0,2784 0,1563
2,75 1,00 0,5762 0,4844 0,4289 0,3882 0,3384 0,2627 0,1482
2,03 0,54 0,7231 PB 0,6599 0,5832 0,5278 0,4594 0,3553 0,2000
2,21 0,72 PB 0,7437 0,6273 0,5509 0,4966 0,4309 0,3314 0,1851
0,90 2,39 0,82 0,7530 0,5879 ST 0,5071 ST 0,4562 ST 0,4033 ST 0,3101 ST 0,1732
ST
2,57 0,88 0,6389 0,5518 0,4836 0,4370 0,3794 0,2924 0,1634
ST
2,75 0,90 0,6394 0,5255 0,4615 0,4163 0,3540 0,2793 0,1566
2,07 0,51 0,7159 PB 0,6473 0,5846 0,5300 0,4621 0,3571 0,2011
2,24 0,68 0,7319 0,6380 0,5578 0,5029 0,4361 0,3353 0,1871
0,85 2,41 0,78 PB 0,7423 0,6033 ST 0,5268 ST 0,4740 ST 0,4108 ST 0,3152 ST 0,1761
ST
2,58 0,83 0,7395 0,5697 0,4991 0,4482 0,3881 0,2995 0,1672
2,75 0,85 0,7247 0,5465 0,4787 0,4304 0,3729 0,2880 0,1608

72
Tabela 4.1: (continuação) Variação dos limites de interação entre os modos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da placa para o
aço A36 devido a incrementos de temperatura
Parâmetros T. Amb. 100 ºK 200 ºK 300 ºK 400 ºK 500 ºK 600 ºK
Raio
M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄ M.F. ⁄
2,15 0,45 0,6867 0,6222 PB 0,5787 0,5351 0,4667 0,3611 0,2034
2,30 0,60 0,6989 PB 0,6330 0,5727 0,5142 0,4469 0,3433 0,1916
0,75 2,45 0,69 PB 0,6976 0,6404 0,5444 ST 0,4936 ST 0,4182 ST 0,3271 ST 0,1821
ST
2,60 0,74 0,7023 0,6128 0,5278 0,4741 0,4095 0,3135 0,1746
ST
2,75 0,75 0,6723 0,5974 0,5166 0,4624 0,3989 0,3053 0,1696
2,27 0,36 0,6509 0,5864 0,5446 0,5142 PB 0,4710 0,3663 0,2069
2,39 0,48 0,6495 0,5902 0,5497 0,5189 0,4621 0,3557 0,1988
0,60 2,51 0,55 PB 0,6483 PB 0,5953 PB 0,5543 PB 0,5226 0,4512 ST 0,3442 ST 0,1918
ST
2,63 0,59 0,6537 0,5941 0,5542 0,5236 0,4420 0,3369 0,1867
2,75 0,60 0,6356 0,5868 0,5478 0,5192 0,4369 0,3317 0,1835
2,35 0,30 0,6284 0,5701 0,5290 0,4966 0,4578 0,3692 0,2091
2,45 0,40 0,6292 0,567 0,5268 0,4988 0,4603 0,3626 0,2035
0,50 2,55 0,46 PB 0,6258 PB 0,5674 PB 0,5277 PB 0,4980 PB 0,4594 ST 0,3565 ST 0,1985
2,65 0,49 0,6232 0,5655 0,5265 0,4958 0,4572 0,3515 0,1948
2,75 0,50 0,6136 0,5546 0,5202 0,4887 0,4517 0,3490 0,1927
2,55 0,15 0,5870 0,5290 0,4872 0,4539 0,4172 0,3615 0,2134
2,60 0,20 0,5760 0,5235 0,4841 0,4535 0,4162 0,3596 0,2118
0,25 2,65 0,23 PB 0,5709 PB 0,5186 PB 0,4794 PB 0,4510 PB 0,4137 PB 0,3585 ST 0,2102
2,70 0,24 0,5659 0,5134 0,4745 0,4470 0,4103 0,3560 0,2093
2,75 0,25 0,5596 0,5072 0,4688 0,4413 0,4059 0,3523 0,2089

73
Figura 4.1: Variação dos limites de interação entre os modos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da placa para o aço A36 devido a
acréscimos na temperatura

74
Figura 4.1: (continuação) Variação dos limites de interação entre os modos de
flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da placa para o aço A36
devido a acréscimos na temperatura.

Tabela 4.2: Variação dos limites da Zona Intermediária (Z.I.)


( )
Variação da Temperatura Limites
0 ºK
100 ºK
200 ºK
300 ºK
400 ºK
500 ºK
600 ºK Indeterminado

Analisando os dados apresentados na Tabela 4.1, podemos concluir que os limites de


interação entre os modos de falha estudados variam rapidamente para acréscimos
relativamente pequenos na temperatura. Para aumentos na temperatura a partir de 400
°K praticamente toda a área de interesse na engenharia naval falha por flambagem
lateral-torsional do enrijecedor. Para incrementos maiores que 600 ºK, não é possível
encontrar um limite entre os modos de falha para os valores testados. Da mesma forma,
se mostra que para uma melhor definição desse comportamento é necessário um maior
refinamento das fronteiras propostas. Devemos mencionar que alguns dos limites

75
propostos para a zona intermediária estão fora do intervalo de interesse em engenharia
naval, mas eles são calculados para mostrar seu comportamento.

Figura 4.2: Comportamento dos limites de interação entre os modos de flambagem


lateral-torsional do enrijecedor e da placa devido a acréscimos na
temperatura.

4.3.2. Variação da carga de flambagem


Um dos parâmetros mais importantes no projeto de um painel enrijecido é a carga de
flambagem. Esta carga define um limite à capacidade de carga do painel bem como o
modo de falha do painel. Por exemplo, Grondin et al. [9] apresentam uma análise da
carga de flambagem estimada pelas regras da DNV de 1997, onde a carga de
flambagem é calculada usando formulações para os quatro modos de falha apresentados
anteriormente. Em geral o modo que possui a menor carga de flambagem é o modo de
falha do painel. Usando as curvas de nivel mostradas na Figura 4.1 pode-se ter uma
idéia geral do comportamento da carga de flambagem, notando que a sua magnitude
diminui acentuadamente com o aumento da temperatura. Para uma melhor compreensão
das mudanças na resposta do painel enrijecido, bem como da carga de flambagem com a
temperatura, a Figura 4.3 mostra as curvas de resposta para seis pontos pertencentes aos
limites entre os modos de falha de flambagem local, e a curva da carga de flambagem à
temperatura T ( ( )) dividida pelo seu valor à temperatura ambiente ( ) VS a
temperatura.

76
Uma análise dos gráficos da Figura 4.3 mostra que em todos os casos analisados, com
um aumento da temperatura ambiente para apenas 200 ºK a carga critica de flambagem
é reduzida em aproximadamente 30% e para acréscimos da ordem dos 600 ° K, a carga
de flambagem é reduzida em aproximadamente 70%. Note-se que nos casos em que
existe uma mudança no modo de falha, a queda da carga de flambagem é mais
pronunciada. Entretanto, nos casos em que o modo de falha de flambagem da placa é
mantido em temperaturas elevadas (caso E e F), a queda da carga de flambagem é
menos pronunciada do que no caso de flambagem lateral-torsional do enrijecedor (caso
A).

4.3.3. Variação dos parâmetros adimensionais


Como mencionado no Capítulo 1, a análise de um incêndio a bordo de uma estrutura
flutuante (plataforma ou navio) é uma problema bastante complexo e, portanto, em seu
estudo utilizam-se várias hipóteses simplificadoras. Esta dissertação busca realizar
apenas uma análise do comportamento de painéis enrijecidos que faz parte de uma
estrutura maior. Na tentativa de simplificar (ainda mais) a análise, procurando reduzir
etapas de cálculo no modelo de elementos finitos, são modelados painéis a partir da
magnitude das propriedades mecânicas, bem como os parâmetros adimensionais na
temperatura de análise..

No Capítulo 2 são descritas as propriedades em função da temperatura do aço utilizado


neste estudo. Com base nestes dados podemos apresentar a variação de cada um dos
parâmetros adimensionais para cada incremento de temperatura considerado, devemos
ter na mente que os valores de , e não são alterados quanto eles são usados na
definição da geometria inicial do modelo.

O efeito da expansão térmica de cada uma das dimensões da seção transversal do painel
será considerado insignificante, portanto, os parametros e não sofrem alteração.
O valor dos parâmetros na temperatura T é nomeado de ( ) e seu valor na temperatura
ambiente será designado por . A seguir são apresentadas as expressões dos
parâmetros adimensionais em função da temperatura.

77
(A) (B) (C)

Figura 4.3: Variação da resposta do painel com a temperatura e curva adimensional do comportamento da carga de flambagem na temperatura
T( ( ) ) para raios iguais a 1,20; 1,00; 0,85; 0,75; 060 e 0,50.

78
(D) (E) (F)
Figura 4.3(continuação): Variação da resposta do painel com a temperatura e curva adimensional do comportamento da carga de flambagem
na temperatura T ( ( ) ) para raios iguais a 1,20; 1,00; 0,85;0,75; 060 e 0,50.

79
( ) ( ) (4.1)
( ) ( )
√ ( )
( )

( ) ( ) (4.2)
( ) ( )
√ ( )
( )

( ) ( )
( ) ( )
√ ( ) (4.3)
( )

( ) ( )
( )

( )
( ) (4.4)
( ) ( )
( )

( )

( )
( ) (4.5)
( )

( )
( ) (4.6)
( )

Onde ( ) representa a função que descreve a variação dos parâmetros , e em


função da temperatura, apresentada na Figura 4.4.

Figura 4.4: curva do comportamento dos parâmetros adimensionais , e em


função da temperatura.

Das equações (4.1) a (4.6) concluimos que apenas os parâmetros , e são


afetados pela temperatura e o parâmetro não sofre nenhuma alteração. A partir desses
resultados, modela-se os painéis com o método "simplificado" (M.S.). Este método
apresenta erros na resposta de cerca de 30% com respeito aos resultados obtidos
mediante a metodologia numerica (M.N.) usada nesta disertação, tornando esta
metodologia “simplificada” invíavel. Na Tabela 4.3 é apresentado um resumo das

80
respostas encontradas com a metologia “simplificada” num acréscimo de temperatura de
100 ºK.
Tabela 4.3: Resumo dos resultados encontrados com a metodologia “simplificada”.
Raio ( ) Erro (%)
1,55 0,90 1,36 0,6334 0,7756 22,45
1,85 1,20 1,62 0,5566 0,7116 27,8
1,50 2,15 1,37 1,88 0,4626 0,6138 32,7
2,45 1,47 2,14 0,3758 0,5121 36,3
2,75 1,50 2,41 0,3141 0,4312 37,3
1,75 0,75 1,53 0,6404 0,7904 23,4
2,00 1,00 1,75 0,5791 0,7212 24,5
1,25 2,25 1,15 1,97 0,5088 0,6615 30,0
2,50 1,22 2,19 0,4438 0,5922 33,4
2,75 1,25 2,41 0,3933 0,5281 34,3

81
Capítulo 5
Conclusões e recomendações

5.1. Conclusões
O objetivo principal desta dissertação é estudar o efeito da temperatura nos painéis
enrijecidos, tanto no comportamento de sua carga crítica como em seu modo de
flambagem. Para atingir este objetivo, uma análise dimensional das variáveis envolvidas
no problema do comportamento de painéis enrijecidos é desenvolvida, encontrando um
conjunto de parâmetros adimensionais que se mostram capazes de predizer o
comportamento do painel. Com a finalidade de avaliar a idoneidade deste conjunto de
parâmetros, um estudo sobre a influência da escala na geometria e material é
desenvolvido.

Com base na revisão da literatura desenvolvida no Capítulo 1, podemos dizer que o


problema do comportamento de painéis enrijecidos pode ser estudado usando um
modelo de elementos finitos. Depois de validar o novo modelo de elementos finitos,
através da comparação dos resultados obtidos por Sheikh et al. [27], procedemos na
análise com aumentos de temperatura. Os resultados desta análise são apresentados e
discutidos nos Capítulos 3 e 4. Finalmente no Capítulo 4 apresenta-se uma metodologia
"simplificada", que visa reduzir o esforço computacional envolvido na análise deste
problema. Com base no exposto podemos concluir que:

1. O conjunto de parâmetros adimensionais propostos pode prever com precisão o


comportamento de painéis enrijecido em termos de seu modo e carga de
flambagem.

2. Mudanças bruscas na geometria não causam mudanças na resposta do painel


enrijecido, desde que o material e os parâmetros adimensionais de entrada sejam
os mesmos, o que permite a realização de testes com modelos em escala
reduzida, diminuindo o custo da investigação.

82
3. O modo de flambagem lateral-torsional do enrijecedor (ST) é o modo mais
crítico, uma vez que origina o colapso da seção transversal do reforço do painel,
causando uma queda súbita na capacidade de carga.

4. A interação entre os modos de flambagem lateral-torsional do enrijecedor e da


placa consiste em três regiões: uma região onde a flambagem acontece apenas
por flambagem lateral-torsional do enrijecedor (ST), uma zona intermediária
(Z.I.), onde acontecem ambos os modos de flambagem e, finalmente, uma região
onde a flambagem ocorre apenas pela flambagem da placa. A extensão dessas
regiões é afetada pelo aumento da temperatura como mostra a Tabela 4.2.

5. O valor da carga crítica de flambagem é reduzido substancialmente para


pequenos aumentos na temperatura, por exemplo, para um aumento de 200 ° K a
carga crítica é reduzida em 30%, enquanto que um aumento de 600 ° K reduz a
carga crítica em 70%. Da mesma forma, pequenos aumentos na temperatura
originam a mudança no modo de flambagem com a correspondente redução da
carga crítica de flambagem.

6. A análise simplificada, através da redução das análises do modelo de elementos


finitos gera o modelo "simplificado", que usa os valores das propriedades
mecânicas do material e dos parâmetros adimensionais na temperatura a ser
estudada. Este modelo tem resultados que apresentam erros na ordem do 30%, o
que torna seu uso impraticável.

5.2. Recomendações
A partir dos resultados mostrados nos Capítulos 3 e 4 pode ser visto que o principal
objetivo desta dissertação foi alcançado. Embora o conjunto de parâmetros
adimensionais propostos se mostrou capaz de reproduzir o comportamento do painel
enrijecido, os parâmetros analisados foram poucos e, portanto, é preciso fazer um
refinamento dos mesmos.

Alguns dos casos estudados apresentam o modo de flambagem dupla (D.F.M.) descrito
por Sheikh et al. [27], e como este modo de flambagem é bastante crítico, é
recomendável se fazer um estudo procurando os conjuntos de parâmetros adimensionais
de entrada que dão origem a este tipo de flambagem.

83
Uma análise do comportamento de painéis enrijecidos considerando os efeitos do visco-
elásticos do visco-plásticos pode gerar uma melhor representação dos problemas reais.

Com base na análise do comportamento dos painéis rígidos pode-se estudar a


resistência última das seções em navios.

Um estudo mais aprofundado que procuram encontrar alguma ligação com as variáveis
plasticas do material pode melhorar a utilização dos parâmetros adimensionais no
estudo do comportamento de painéis enrijecidos.

Como mencionado no Capítulo 1, cada vez que propomos um modelo para o estudo de
um fenômeno físico, este deve ser validado por experimentos, portanto é necessario
realizar testes para validar nosso modelo. Como resultado da análise do efeito de escala
geométrica sobre a resposta do Painel provou que é possível realizar ensaios com
modelos em escala e que representam muito bem (em hipótese) o comportamento do
painel real.

Como mencionado no Capítulo 3, um estudo, variando apenas três vezes o valor de cada
um dos parâmetros propostos implicaria analisar 59.049 casos. Como a quantidade de
análises necessárias é exorbitante, se deve usar um método matemático diferente. Uma
analise pelo metodo das Redes Neurais pode ser trenada utilizando o grande número de
casos já testados e pode ser validada usando alguns testes adicionais.

84
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85
[9] Grondin, G.Y., Elwi, A.E. and Cheng, J.J.R., Buckling of Stiffened Steel Plates – A
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[34] ABAQUS/Standard Version 6.9-2, Copyright © 2009 ABAQUS, Inc.

[35] Riks, E., An Incremental Approach to the Solution of Snapping and Buckling
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[36] Chi L. E ., Grondin G., Elwi A., Interaction Buckling Failure of Stiffened Steel
Plates. Structural Engineering Report No. 264. University of Alberta, Canada,
2006.

88
Apêndice I
Condições de contorno nos testes
experimentais

Este anexo apresenta uma breve descrição dos testes realizados por Grondin et al. [9],
Sheikh et al. [27] e Chi et al. [35] em seus estudos do comportamento de painéis
enrijecidos. Os testes foram realizados no Laboratório I. F. Morrison de Estruturas da
Universidade de Alberta. Um esquema de configuração do teste é mostrado na Figura
I.1. Cargas de compressão axial foram aplicadas através de uma máquina de ensaios
universal MTS 6000, na parte superior da amostra. Para simular o comportamento do
painel com vários enrijecedores a partir de uma placa com um enrijecedor, considerável
atenção foi dada às condições de contorno na montagem do ensaio, uma vez que estas
condições têm uma influência direta sobre o comportamento de falha dos espécimes.

I.1. Suporte nas extremidades


Cada espécime é equipado com placas de apoio (de 16 mm de espessura) soldadas nas
suas extremidades para assegurar que a seção transversal nos extremos permaneça
plana. No apoio superior, a máquina de ensaio carrega o espécime através de uma viga
de distribuição que descansa em suportes que simulam a linha neutra ao longo da
largura do painel. Uma placa adicional é colocada entre a placa de apoio no extremo do
espécime e o suporte para proporcionar maior rigidez à placa soldada no extremo. Isso
também proporciona um espaço extra para o assentamento do suporte. Um conjunto
idêntico é usado para o apoio na extremidade inferior, como é mostrado na Figura I.2.
Este arranjo do suporte nas extremidades do painel simula uma condição de
simplesmente apoiado no extremo o qual é livre para girar e rígido no seu plano,
semelhante às ligações soldadas entre o enrijecedor e um elemento transversal
(hastilha).

89
Figura I.1: esquema da configuração do teste, Chi et al. [35]

I.2. Sistema de restrição do bordo


As condições de contorno ao longo dos bordos descarregados devem simular a interação
que há entre uma única placa enrijecida com os seus coexistentes em um painel
completo reproduzindo os graus de liberdade em a suas conexões. Dentre os seis graus
de liberdade, o sistema restringe três graus de liberdade (deslocamento no eixo y,
rotação ao longo dos eixos x e y), deixando os outros livres.

O sistema de retenção dos bordos é ilustrado na Figura I.3. Este sistema é formado por
dois carros, o carro "A" pode deslocar-se a longo do eixo x e sobre ele é montado um
segundo carro B, que pode movimentar-se ao longo do eixo z, finalmente, sobre ele são
montada a braçadeira “C” que pode rotar em torno do eixo y.

90
Figura I.2: esquema do arranjo do suporte nas extremidade, Chi et al. [35]

Figura I.3: esquema do sistema de restrição do bordo, Chi et al. [35]

91
Apêndice II
Efeito dos parâmetros adimensionais no
comportamento dos painéis enrijecidos

II.1. Introdução
Os parâmetros que caracterizam a resistência e comportamento dos painéis enrijecidos,
bem como o modelo de elementos finitos foram estabelecidos no Capítulo 2. O objetivo
principal deste Apêndice é validar nosso modelo a partir da reprodução dos resultados
obtidos pelo estudo desenvolvido por Sheikh et al. [27].

Devido ao grande número de parâmetros adimensionais, um estudo paramétrico com


apenas três valores para cada um deles implicaria na analise de casos. A
fim de reduzir a quantidade de casos a estudar, os valores dos parâmetros a são
limitados aos valores estabelecidos por pesquisas anteriores. As imperfeições iniciais
tanto na placa como no enrijecedor têm magnitude "média" proposta por Smith et al.
[12] ( e ). As tensões residuais não serão consideradas,
portanto o parâmetro é igual a zero. Dois valores de foram utilizados, ,
representando uma compressão uniaxial, e , representando uma combinação de
flexão e compressão uniaxial. O parâmetro é a resposta dos painéis enrijecidos e
é um parâmetro de controle para terminar a análise. Os resultados são apresentados para
cada um dos modos de flambagem.

II.2. Painel reforçado submetido a compressão uniaxial


Este condição de carga é analisada para três valores do parâmetro , em combinação
com os valroes de e considerados. Para uma configuração estável da seção
transversal do painel se seleciona o valor de = 1,50, enquanto um valor de = 0,375
foi selecionado para evitar a flambagem local do flange do enrijecedor. Os resultados
são apresentados na Tabela II.1 onde se apresentam os valores de , , , o
parametro de resposta e o modo de flambagem.

92
Tabela II.1: Efeito dos parametros e no comportamento de paineis enrijecidos submetidos a compressão uniaxial( ,
, , ).
M.F. M.F. M.F. M.F.
0,25 1,03 PI 1,28 0,99 PB 2,70 0,50 0,51 PB 2,70 0,50 0,49 DFM
0,40 1,02 PI 1,30 0,99 PB 0,70 1,00 PI 0,70 0,99 PI
0,55 1,01 PI 1,39 0,98 PB 1,28 0,90 PB 1,28 0,87 DFM
1,50 1,00 1,00
0,70 0,50 1,00 PI 1,50 0,97 PB 2,00 0,67 DFM 2,00 0,61 DFM
1,28 0,89 PB 2,00 0,85 PB 2,70 0,52 DFM 2,70 0,40 DFM
2,00 0,67 PB 2,70 0,57 DFM 0,70 1,0 PI 0,70 0,99 DFM
2,70 0,56 PB 0,30 0,70 1,00 PI 0,15 1,28 0,94 DFM 0,075 1,28 0,85 DFM
1,50 1,50
0,55 0,99 PI 0,85 1,00 PI 2,00 0,64 DFM 2,00 0,40 DFM
0,30
0,70 0,99 PI 1,00 0,99 PI 2,70 0,37 DFM 2,70 0,22 DFM
1,28 1,00 0,94 PB 1,15 2,00 0,99 PI 0,70 1,00 DFM 0,70 0,99 DFM
2,00 0,75 PB 1,28 0,98 PI 1,28 0,92 DFM 1,28 0,61 DFM
2,00 2,00
2,70 0,63 PB 2,00 0,66 DFM 2,00 0,42 DFM 2,00 0,25 DFM
0,70 1,01 PI 2,70 0,37 DFM 2,70 0,23 DFM 2,70 0,14 DFM
0,85 1,00 PB 0,70 1,00 PI 0,70 1,02 PI
1,50
1,00 1,00 PB 0,15 1,28 0,50 0,87 PB 0,075 1,28 0,50 0,88 PB
1,14 0,99 PB 2,00 0,65 PB 2,00 0,64 DFM

93
II.2.1. Efeito da esbelteza à flexão transversal da placa,
Os resultados desta análise mostram que em placas rígidas ( pequeno) a resposta no
regime de pré-flambagem é semelhante para cada um dos valores de , para os três
valores testados de . No entanto, conforme aumenta, a carga critica de flambagem
diminui e os modos de flambagem mudam da flambagem global induzida pela placa
para flambagem da placa. A resposta no regime de pós-flambagem se torna cada vez
mais instável conforme aumenta.

Para placas flexíveis ( grande), estas curvas mostram praticamente a mesma resposta
no regime de pré-flambagem para placas espessas ( = 0,7 e 1,28) para todos os
valores das assim como uma resposta estável no regime de pós-flambagem típica da
flambagem global induzida pela placa. A resposta diferente na pré-flambagem é devida
à sensibilidade da flambagem da placa com a magnitude das imperfeições iniciais na
placa (Smith et al. [12]). As imperfeições iniciais na placa são função de , afetando
assim a resposta de pré-flambagem de placas com grandes valores de . Alguns
modelos mostram uma queda abrupta da capacidade de carga na faixa de pós-
flambagem (por exemplo, = 1,28, = 2,0 na Figura II.1 (b)). Este tipo de
comportamento é atribuído a um modo de flambagem dupla (DFM) discutido no
Capítulo 1.

Um resumo dos efeitos de em termos de ( ) é apresentado na Figura II.1 (d).


A figura mostra uma diminuição na carga com o aumento de . A resistência só é
afetada por quando o modo de flambagem é a flambagem global induzida pela placa
ou flambagem na placa. Por exemplo, para , placas enrijecidas com valores
extremos de , ou seja, 0.5 e 2.0 têm quase o mesmo , porque elas estão exibindo o
comportamento típico da flambagem global (Figura II.1 (a)). A carga critica de painéis
que sofrem o modo de flambagem dupla parecem ser afetadas por outros parâmetros.
Por exemplo, para , para diferentes valores de (0,5 e 2,0) encontra-se
diferentes valores de (ver Figura II.1 (d)).

94
(a) (b)

(d)
(c)

Figura B.1: Efeito de no comportamento de painéis enrijecidos para (a) ; (b) ; (c) e (d) Efeito de no
comportamento da resistência de painéis enrijecidos

95
II.2.2. Efeito da razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e à flexão da placa,

Os resultados dessa análise mostram que a resposta de placas espessas e finas mostram
tendências diferentes. Em placas espessas ( pequenos) a resposta é quase constante
tanto no regime de pré e pós flambagem, independentemente do valor de . Estes
modelos também apresentam uma resposta estável de pós-flambagem, exceto para
valores muito pequenos de , onde o modo de flambagem dupla é observado para os
modelos torsionalmente flexíveis ( grande). Placas finas ( grande) mostram uma
acentuada diminuição na carga crítica que se torna mais evidente à medida que aumenta
. A resposta pré-flambagem também muda um pouco, mas a resposta pós-flambagem
se torna cada vez mais instável como aumenta.

Um resumo dos efeitos de sobre ( ) é apresentado na Figura II.2. (d). A


resposta permanece constante para placas espessas ( ), enquanto que para as
placas relativamente finas ( ) há uma queda na capacidade de carga com o
aumento de . O valor de foi variado alterando o comprimento do painel, resultando
em uma mudança de relação de aspecto da placa ( ⁄ ). A Figura II.2 (d), portanto,
mostra que em painéis que sofrem a flambagem da placa a carga crítica muda com uma
mudança na relação de aspecto. Este fato parece estar em contradição com as
observações feitas por pesquisadores anteriores (Carlsen [19], Grondin et al. [9]), ou
seja, a carga crítica na flambagem da placa não é afetada pela alteração na relação de
aspecto da placa. Os resultados podem ser conciliados se considerarmos apenas o modo
de flambagem da placa, conforme mostrado nas Figuras II.2 (a), (b) e (c). A alteração
na carga crítica de flambagem com uma mudança na relação de aspecto da placa pode
ser atribuído ao modo de flambagem dupla. As placas enrijecidas mostram uma
diminuição da carga critica com o aumento da razão de aspecto da placa originando o
modo de flambagem dupla.

96
(a) (b)

(d)
(c)

Figura II.2: Efeito de no comportamento de painéis enrijecidos para (a) ; (b) ; (c) e (d) Efeito de no
comportamento da resistência de painéis enrijecidos

97
II.2.3. Efeito da razão das áreas do enrijecedor e da placa,
Nas Figuras II.3 (a), (b) e (c) apresentam-se a resposta de painéis com de 0,7 e 2,7
para todos os valores de e considerados. Como no caso do parâmetro , a
resposta é mais uma vez fortemente dependente de . Placas espessas ( )
apresentam resposta idêntica na faixa de pré-flambagem, e respostas estáveis similares
na faixa de pós-flambagem. Somente os modelos com combinações de ( , ) de
(0,075; 1,50), (0,075; 2,00) e (0,15; 2,00) mostram uma clara diferença com as outras
placas com . Essas placas sofrem a flambagem global da placa após da
flambagem da placa (modo de flambagem dupla). Todos os outros modelos apresentam
flambagem da placa local o global com uma carga crítica variando na faixa de 5% da
carga de escoamento.

Para placas com um valor elevado de (2.7) a carga crítica diminui e é dependente de
. Os intervalos de pré e pós-flambagem também dependem de , tornando-se cada
vez mais instável conforme diminui. Todas as curvas mostram uma grande
estabilidade na faixa de pós-flambagem, típica na flambagem da placa enquanto que as
curvas mostram uma queda acentuada da capacidade de carga na faixa de pós-
flambagem representativa da flambagem global na placa seguida por flambagem local
(ou seja, modo de flambagem dupla). A carga crítica para os modelos com
varia na faixa de 12 a 54% da carga de escoamento.

Um resumo do efeito de em termos da carga crítica é apresentado na Figura II.3 (e).


É evidente que o efeito de é insignificante para placas espessas ( ), enquanto
que para as placas finas ( ) diminui a carga crítica com uma diminuição no valor
de . Essa observação não está de acordo com as observações feitas pelos
pesquisadores anteriores (Carlsen [19], Grondin et al. [9]) que concluem que a carga
crítica de flambagem não é afetada pela variação de . A discrepância entre estes
resultados e as conclusões de outros pesquisadores é atribuída ao modo de flambagem
dupla, que não foi observado nos trabalhos anteriores.

98
(a) (b) (e)

(c) (d)

Figura II.3: Efeito de no comportamento de painéis enrijecidos para (a) ; (b) ; (c) ; (d) e (e) Efeito
de no comportamento da resistência de painéis enrijecidos.

99
II.2.4. Modos de flambagem sob compressão uniaxial
Com poucas exceções, dois modos de flambagem são observados para todos os modelos
submetidos à compressão uniaxial: flambagem global induzida pela placa e flambagem
da placa. A fronteira entre a flambagem global induzida pela placa e a flambagem da
placa é encontrado traçando todos os pontos de análise em um plano versus
(Figura II.4 (a)) para um valor de . O gráfico mostra que o modo de
flambagem é fortemente dependente do e em menor medida do , embora que um
aumento de muda pouco o modo de flambagem da placa a flambagem global. Este
comportamento pode ser explicado a partir do deslocamento do centroide da seção
transversal resultante de uma redução da largura efetiva da chapa. Essa mudança do
centroide resulta em uma excentricidade da carga fazendo que o painel este submetido a
flexão, submetendo a placa a uma maior compressão podendo gerar a flambagem global
induzida pela placa. O efeito desta excentricidade é mais grave por um painel longo
( ), que para um painel curto ( ). As Figuras II,5 (a), (b) e (c) mostram
que as mudanças de modos de flambagem da placa para o modo de flambagem dupla,
com uma diminuição de . A mudança no modo de flambagem da placa para o modo
de flambagem dupla é discutido na seção seguinte.

II.2.5. Modo de flambagem dupla


O termo "modo de flambagem dupla" é usado neste trabalho para definir um modo em
que a flambagem é iniciada com um modo de flambagem da placa que muda para
flambagem global induzida pela placa, no intervalo pós-flambagem. A flambagem
global induzida pela placa e a flambagem da placa são considerados modos de
flambagem estáveis (Carlsen [21], Smith et al. [12] e Grondin et al. [9]). O modo de
flambagem dupla é uma combinação de flambagem da placa e de flambagem global
induzida pela placa (Figura II.5) e mostra uma abrupta perda na capacidade de carga.

Na flambagem da placa, as tensões em toda a largura da placa não são uniformes. Em


idealizações simplificadas este efeito é contabilizado usando o conceito de largura
efetiva. A flambagem da placa provoca uma redução na largura efetiva da placa, que por
sua vez provoca um deslocamento do centroide da seção transversal em direção ao
flange do enrijecedor. Isso resulta em uma excentricidade de carga axial efetiva e
produz um momento que coloca a placa sob compressão crescente facilitando a aparição
da flambagem global induzida pela placa.
100
Figura II.4: modos de flambagem observados nos painéis enrijecidos sob compressão
uniaxial

A resposta para o modo de flambagem dupla (Figura II.5) pode ser dividida em quatro
segmentos: um segmento inicial de pré-deformação (OA), uma primeira região estável
de pós-flambagem, segmento (AB), uma região instável de pós-flambagem, segmento

101
(BC ) e uma segunda região estável na pós-flambagem, segmento (CD). As letras A, B,
C e D na Figura II.6 nomeiam os pontos finais dos segmentos. O segmento instável na
pós-flambagem (BC) corresponde ao aparecimento da flambagem global induzida pela
placa. A carga critica corresponde à carga de flambagem da placa. Note também que o
modo de flambagem dupla também é caracterizado por uma fase estável pós-crítica a
um nível de carga significativamente menor do que a fase de pós-flambagem da placa.

Maiores valores de resultam numa maior redução da largura efetiva da placa na


flambagem da placa. Figuras II.4 (a), (b) e (c) mostram claramente que o modo de
flambagem dupla está associada com maiores valores de b1 e uma possível dependência
do . Isso poderia resultar do facto que aumenta com o comprimento do painel,
tornando o painel mais suscetível à flambagem global. A redução de geralmente
resulta em um maior domínio do comportamento da placa e um maior deslocamento do
centroide da seção transversal quando a flambagem da placa ocorre.

Figura II.5: curva de resposta tipica do modo de flambagem dupla

II.3. Painel reforçado submetido a compressão uniaxial e flexão,


Para todos os casos investigados sob compressão uniaxial não foi observado o modo de
flambagem lateral-torsional do enrijecedor, mesmo sob as configurações do enrijecedor
mais instáveis. As combinações de flexão e compressão são investigadas numa tentativa
de desencadear a flambagem lateral-torsional do enrijecedor. Um momento de flexão
igual a 20% do momento plástico do painel enrijecido ( ) é aplicado para
colocar o flange do enrijecedor a uma maior compressão. Este foi seguido por uma
aplicação gradual da compressão axial até um valor de . Os resultados para os

102
casos das combinações de flexão e compressão são tabulados nas Tabelas II.2, II.3 e
II.4 para os valores de de 0,60, 1,,05 e 1,50, respectivamente.

Tabela II.2: Efeito dos parametros e no comportamento de paineis enrijecidos


submetidos a compressão uniaxial( , ).

=0.375 M.F. =0.75 M.F. 1.125 M.F.


0,70 0,8954 SI 0,8794 SI 0,8649 SI
1,28 0,8643 SI 0,8453 SI 0,8369 SI
0,5
2,00 0,7112 PB 0,7133 PB 0,7160 PB
2,70 0,5854 PB 0,5869 PB 0,5911 PB
0,70 0,8694 SI 0,8514 SI 0,8416 SI
1,28 0,8257 ST 0,8056 ST 0,7906 ST
1,0
2,00 0,7642 PB 0,7527 ST 0,7083 ST
2,70 0,6341 PB 0,6422 PB 0,6516 PB
0,3
0,70 0,8513 ST 0,8318 ST 0,8192 ST
1,28 0,7716 ST 0,7352 ST 0,7047 ST
1,5
2,00 0,5787 ST 0,5269 ST 0,4777 ST
2,70 0,4011 ST 0,3432 ST 0,3017 ST
0,70 0,8347 ST 0,8079 ST 0,7907 ST
1,28 0,6799 ST 0,6303 ST 0,5881 ST
2,0
2,00 0,4120 ST 0,3543 ST 0,3095 ST
2,70 0,2378 ST 0,2091 ST 0,1823 ST
0,70 0,9240 SI 0,9251 ST 0,9048 ST
1,28 0,8949 SI 0,8670 ST 0,8546 ST
0,5
2,00 0,6736 PB 0,6723 PB 0,6705 PB
2,70 0,5227 PB 0,5234 PB 0,5239 PB
0,70 0,8994 SI 0,8764 ST 0,8639 ST
1,28 0,8541 ST 0,8180 ST 0,7959 ST
1,0
2,00 0,6713 DFM 0,6740 DFM 0,6748 DFM
2,70 0,5122 DFM 0,5011 DFM 0,4855 DFM
0,15
0,70 0,8793 ST 0,8504 ST 0,8338 ST
1,28 0,7639 ST 0,7026 ST 0,6630 ST
1,5
2,00 0,6469 ST 0,4279 ST 0,3768 ST
2,70 0,3145 ST 0,2556 ST 0,2139 ST
0,70 0,8540 ST 0,8171 ST 0,7933 ST
1,28 0,6098 ST 0,5437 ST 0,4854 ST
2,0
2,00 0,3035 ST 0,2504 ST 0,2214 ST
2,70 0,1723 ST 0,1414 ST 0,1225 ST
0,70 0,6264 SI 0,9889 SI 0,9698 SI
1,28 0,5652 DFM 0,9034 DFM 0,8999 PB
0,5
0,075 2,00 0,4138 DFM 0,6611 DFM 0,6575 PB
2,70 0,3087 DFM 0,4928 DFM 0,4893 DFM
1,0 0,70 0,5922 ST 0,9285 ST 0,9147 ST

103
Tabela II.2: (continuação) Efeito dos parametros e no comportamento de paineis
enrijecidos submetidos a compressão uniaxial( , ).

=0.375 M.F. =0.75 M.F. =1.125 M.F.


1,28 0,5415 DFM 0,8693 ST 0,7555 DFM
1,0 2,00 0,3813 DFM 0,6250 DFM 0,5857 DFM
2,70 0,4078 DFM 0,3807 DFM 0,3494 DFM
0,70 0,5817 ST 0,8907 ST 0,8678 ST
1,28 0,4844 ST 0,6588 ST 0,5881 ST
1,5
0,075 2,00 0,2503 ST 0,3115 ST 0,2657 ST
2,70 0,1319 ST 0,1672 ST 0,1448 ST
0,70 0,5632 ST 0,8516 ST 0,8157 ST
1,28 0,3079 ST 0,4243 ST 0,3735 ST
2,0
2,00 0,1281 ST 0,1744 ST 0,1527 ST
2,70 0,0687 ST 0,0934 ST 0,0810 ST

Tabela II.3: Efeito dos parametros e no comportamento de paineis enrijecidos


submetidos a compressão uniaxial( , ).

=0.375 M.F. =0.75 M.F. =1.125 M.F.


0,70 0,8630 SI 0,8541 SI 0,8458 SI
1,28 0,8401 SI 0,8292 SI 0,8228 SI
0,5
2,00 0,7098 PB 0,7120 PB 0,7144 PB
2,70 0,5937 PB 0,5939 PB 0,5982 PB
0,70 0,8420 SI 0,8314 SI 0,8253 SI
1,28 0,8043 ST 0,7894 ST 0,7805 ST
1,0
2,00 0,7441 ST 0,7422 ST 0,7260 ST
2,70 0,6647 DFM 0,6830 DFM 0,6913 DFM
0,3
0,70 0,8240 ST 0,8109 ST 0,8030 ST
1,28 0,7225 ST 0,7298 ST 0,7131 ST
1,5
2,00 0,5746 ST 0,5491 ST 0,5194 ST
2,70 0,4016 ST 0,3674 ST 0,3392 ST
0,70 0,8050 ST 0,7879 ST 0,7773 ST
1,28 0,6695 ST 0,6381 ST 0,6104 ST
2,0
2,00 0,4178 ST 0,3820 ST 0,3524 ST
2,70 0,2551 ST 0,2280 ST 0,2074 ST
0,70 0,9011 ST 0,8913 ST 0,8738 ST
1,28 0,8534 ST 0,8436 ST 0,8361 ST
0,5
2,00 0,6656 PB 0,6661 PB 0,6666 PB
0,15 2,70 0,5259 PB 0,5276 PB 0,5294 PB
0,70 0,8631 ST 0,8482 ST 0,8398 ST
1,0 1,28 0,8150 ST 0,7933 ST 0,7787 ST
2,00 0,6908 PB 0,6951 PB 0,6991 PB

104
Tabela II.3: (continuação) Efeito dos parametros e no comportamento de paineis
enrijecidos submetidos a compressão uniaxial( , ).

=0.375 M.F. =0.75 M.F. =1.125 M.F.


1,0 2,70 0,5428 DFM 0,5399 DFM 0,5330 DFM
0,70 0,8389 ST 0,8206 ST 0,8101 ST
1,28 0,7308 ST 0,6923 ST 0,6657 ST
1,5
2,00 0,4975 ST 0,4498 ST 0,4125 ST
0,15 2,70 0,3056 ST 0,2720 ST 0,2458 ST
0,70 0,8112 ST 0,7866 ST 0,7721 ST
1,28 0,5896 ST 0,5479 ST 0,5117 ST
2,0
2,00 0,3037 ST 0,2757 ST 0,2507 ST
2,70 0,1744 ST 0,1570 ST 0,1423 ST
0,70 0,9641 SI 0,9534 SI 0,9320 SI
1,28 0,8950 PB 0,8940 PB 0,8623 PB
0,5
2,00 0,6555 PB 0,6545 PB 0,6522 PB
2,70 0,4953 DFM 0,4950 DFM 0,4939 DFM
0,70 0,9079 ST 0,8873 ST 0,8752 ST
1,28 0,8756 DFM 0,8049 ST 0,7802 DFM
1,0
2,00 0,6244 DFM 0,6223 DFM 0,6168 DFM
2,70 0,4292 DFM 0,4105 DFM 0,3888 DFM
0,075
0,70 0,8754 ST 0,8487 ST 0,8326 ST
1,28 0,6842 ST 0,6217 ST 0,5774 ST
1,5
2,00 0,3658 ST 0,3196 ST 0,2868 ST
2,70 0,2040 ST 0,1779 ST 0,1601 ST
0,70 0,8339 ST 0,7954 ST 0,7710 ST
1,28 0,4688 ST 0,4197 ST 0,3812 ST
2,0
2,00 0,2026 ST 0,1819 ST 0,1636 ST
2,70 0,1107 ST 0,0992 ST 0,0886 ST

Tabela II.4: Efeito dos parametros e no comportamento de paineis enrijecidos


submetidos a compressão uniaxial( , ).

=0,375 M.F. =0,75 M.F. =1,125 M.D.


0,70 0,8478 SI 0,8407 SI 0,8357 SI
1,28 0,8246 SI 0,8193 SI 0,8150 SI
0,5
2,00 0,7094 PB 0,7221 PB 0,7164 PB
2,70 0,6035 PB 0,6029 PB 0,6106 PB
0,3 0,70 0,8238 ST 0,8198 ST 8159,0 ST
1,28 0,7780 ST 0,7751 ST 0,7702 ST
1,0
2,00 0,7198 ST 0,7212 ST 0,7159 ST
2,70 0,7218 DFM 0,7095 DFM 0,7169 DFM
1,5 0,70 0,7982 ST 0,7966 ST 0,7926 ST

105
Tabela II.4: (continuação) Efeito dos parametros e no comportamento de paineis
enrijecidos submetidos a compressão uniaxial( , ).

=0,375 M.F. =0,75 M.F. =1,125 M.D.


1,28 0,7322 ST 0,7123 ST 0,7023 ST
1,5 2,00 0,5680 ST 0,5536 ST 0,5313 ST
2,70 0,4007 ST 0,3803 ST 0,3583 ST
0,30 0,70 0,7763 ST 0,7714 ST 0,7661 ST
1,28 0,6536 ST 0,6343 ST 0,6134 ST
2,0
2,00 0,4106 ST 0,3908 ST 0,3644 ST
2,70 0,2560 ST 0,2362 ST 0,2215 ST
0,70 0,8731 ST 0,8676 ST 0,8574 ST
1,28 0,8404 ST 0,8309 ST 0,8248 ST
0,5
2,00 0,6969 PB 0,6661 PB 0,6705 PB
2,70 0,6649 PB 0,5348 PB 0,5368 PB
0,70 0,8400 ST 0,8325 ST 0,8264 ST
1,28 0,7831 ST 0,7742 ST 0,7660 ST
1,0
2,00 0,7102 PB 0,7149 PB 0,7198 PB
2,70 0,5707 DFM 0,5700 DFM 0,5671 DFM
0,15
0,70 0,8090 ST 0,8021 ST 0,7960 ST
1,28 0,6985 ST 0,6766 ST 0,6584 ST
1,5
2,00 0,4764 ST 0,4492 ST 0,4214 ST
2,70 0,2979 ST 0,2761 ST 0,2559 ST
0,70 0,7261 ST 0,7655 ST 0,7572 ST
1,28 0,5731 ST 0,5411 ST 0,5149 ST
2,0
2,00 0,3029 ST 0,2808 ST 0,2611 ST
2,70 0,1720 ST 0,1616 ST 0,1500 ST
0,70 0,9305 SI 0,9223 SI 0,9071 SI
1,28 0,8881 PB 0,8528 PB 0,8420 PB
0,5
2,00 0,6504 PB 0,6506 PB 0,6492 PB
2,70 0,4972 DFM 0,4976 DFM 0,4975 DFM
0,70 0,8764 ST 0,8624 ST 0,8533 ST
1,28 0,7959 DFM 0,7733 ST 0,7571 DFM
1,0
2,00 0,6360 DFM 0,6362 DFM 0,6340 DFM
2,70 0,4425 DFM 0,4277 DFM 0,4111 DFM
0,075
0,70 0,8343 ST 0,8198 ST 0,8085 ST
1,28 0,6358 ST 0,5937 ST 0,5651 ST
1,5
2,00 0,3460 ST 0,3151 ST 0,2911 ST
2,70 0,1946 ST 0,1791 ST 0,1651 ST
0,70 0,7821 ST 0,7613 ST 0,7446 ST
1,28 0,4431 ST 0,4087 ST 0,3824 ST
2,0
2,00 0,1976 ST 0,1820 ST 0,1678 ST
2,70 0,1095 ST 0,1003 ST 0,0918 ST

106
II.3.1. Efeito da esbelteza do flange do enrijecedor,
O efeito da esbelteza do flange do enrijecedor, , no modo de flambagem lateral-
torsional do enrijecedor é comparado para dois diferentes intervalos de capacidade da
placa, ou seja, placas com valores de de cerca de 0,80, e placas com um valor de
de aproximadamente 0,30. A Figura II.6 mostra que o valor de não é afetada pelo
valor de . Para uma maior esbelteza do flange do enerijecedor ( , o
comportamento de pós-flambagem não é estável, apresentando uma queda repentina na
capacidade de carga de cerca de 40%. Conforme a esbelteza do flange do enrijecedor
diminui, o comportamento da pós-flambagem torna-se estável, como demonstrado pela
resposta para na Figura II.6. O efeito esbelteza do flange do enrijecedor
sobre o comportamento da pós-flambagem de placas enrijecidas que sofrem a
flambagem lateral-torsional do enrijecedor na faixa elástica é insignificante, como
ilustrado na Figura II.7.

Figura II.6: efeito de no comportamento de painéis na flambagem de flambagem


lateral-torsional do enrijecedor para valores de da orden de 0,80

O efeito da esbelteza do flange do enrijecedor, , sobre o modo de flambagem da placa


também é comparado, para duas diferentes faixas de , ou seja, placas com um valor
aproximado de =0,70, e placas com um valor de =0,60. Os resultados são
apresentados nas Figuras II.8 e II.9. Novamente, os maiores valores de são obtidos
com baixos valores de e . A Figura II.8 mostra um comportamento igual da
resposta para a gama completa dos valores de investigados. A Figura II.9, que
mostra os modelos com um valor de um pouco menor do que na Figura II.8, mostra

107
um pequeno efeito de no comportamento da resposta, tanto nas faixas de pré-e pós-
flambagem.

Figura II.7: efeito de no comportamento de painéis na flambagem de flambagem


lateral-torsional do enrijecedor para valores de da orden de 0,30

Figura II.7: efeito de no comportamento de painéis na flambagem de flambagem da


placa para valores de da orden de 0,70

Um sumário do efeito do em termos de , é apresentado na Figura II.9. O grafico


confirma o que foi observado nas figuras anteriores, ou seja, que o comportamento da
resposta de painéis enrijecidos não é afetado pela esbelteza do flange do enrijecedor, .

108
Figura II.8: efeito de no comportamento de painéis na flambagem de flambagem da
placa para valores de da ordem de 0,60

Figura II.9: efeito de no comportamento da resposta ( ) de painéis enrijecidos

II.3.2. Efeito da esbelteza da alma do enrijecedor,


O efeito de sobre o comportamento de painéis enrijecidos sob compressão e flexão
combinadas é comparado em duas faixas de , ou seja, placas com um valor
aproxiamado de , e as placas com um valor aproximado de .A
Figura II.10 mostra a curva de resposta de painéis enrijecidos para valores de
variando de 0,6 a 1,5. Embora, no intervalo de pré-flambagem a resposta não é afetada
significativamente por uma mudança no valor de , o comportamento de pós-
flambagem é afetado pela mudança no valor de . Os painéis enrijecidos com menores
valores de mostram uma maior estabilidade no comportamento de pós-flambagem,

109
apesar da flambagem lateral-torsional do enrijecedor para todos os casos mostrados na
Figura II.10. Um padrão similar é observado para painéis enrijecidos que sofrem a
flambagem lateral-torsional do enrijecedor no início na faixa elástica ( )
(Figura II.11).

O efeito da esbelteza da alma do enrijecedor, , no modo da flambagem da placa


também foi investigado para duas diferentes faixas de , ou seja, placas com valor de
de aproximadamente 0,70, e placas com um valro de proximo a 0,60. Os
resultados são apresentados nas Figuras II.12 e II.13. Novamente, os maiores valores de
são obtidos com baixos valores de e . A Figura II.12 mostra um
comportamento idêntico da resposta na gama completa dos valores de investigados.
A Figura II.13, mostra os modelos com uma capacidade um pouco menor do que na
Figura II.12, e mostra ou pouco efeito de sobre o comportamento do painel
enrijecido.

Figura II.10: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem


lateral-torsional do enrijecedor para valores de da orden de 0,80

110
Figura II.11: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem
lateral-torsional do enrijecedor para valores de da orden de 0,30

Figura II.12: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem da


placa para valores de da ordem de 0,70

111
Figura II.13: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem da
placa para valores de da ordem de 0,60

Um sumário do efeito do em termos de , é apresentado na Figura II.14. A figura


mostra que a capacidade de carga dos painéis enrijecidos não é afetada pela esbelteza da
alma do enrijecedor, .

Figura II.14: efeito de no comportamento da resposta ( ) de painéis enrijecidos

II.3.3. Efeito da razão das áreas do enrijecedor e da placa,


O efeito do sobre o comportamento de painéis enrijecidos sob compressão e flexão
combinadas é comparado em duas faixas de , ou seja, painéis com um valor
aproximado de , e painéis com um valor aproximado de . A

112
Figura II.15 mostra o comportamento da resposta de painéis enrijecidos que sofrem a
flambagem lateral-torsional do enrijecedor para os valores de variando de 0,30 a 15.
A faixa de pré-flambagem, o valor de , bem como o comportamento no pós-
flambagem não são afetados significativamente pela mudança de para o caso da
flambagem lateral-torsional do enrijecedor. A Figura II.16 mostra o comportamento da
resposta de painéis enrijecidos que sofrem a flambagem lateral-torsional do enrijecedor
para os valores de variando de 0,30 a 0,075. O valor de e a resposta de pós-
flambagem são afetadas por uma mudança de para este tipo de flambagem (ST).
Uma redução de de cerca de 56% é observada conforme o valor de diminuiu de
0,3 a 0,075.

O efeito d e , no modo de flambagem da placa também é investigado para duas faixas


diferentes de , ou seja, painéis com e de 2,0 e 0,5, respectivamente, o que
resulta é uma variação de de 0,60 a 0,68, e painéis com e de 2,7 e 1,0,
respectivamente, o que resulta é uma variação de de 0,34 a 0,57. Os resultados são
apresentados nas Figuras II.17 e II. 18. Os maiores valores de são obtidos com
baixos valores de e . A Figura II.17 mostra o comportamento da resposta similar a
gama completa de investigada, mas com uma tendência a diminuir de , conforme
diminui . A Figura II.18, mostra que o valor de , bem como a capacidade de pós-
flambagem dos painéis diminui de forma significativa com a diminuição de . A
diminuição de , bem como a resposta pós-crítica pode ser atribuída ao modo de
flambagem dupla. A placa com o maior ( = 0,30) sofre a flambagem da placa,
enquanto os outros painéis ( de 0,15 a 0,075) sofrem a flambagem dupla.

Um sumário do efeito do em termos de , é apresentado na Figura II.19. A figura


mostra que a capacidade de carga dos painéis enrijecidos não é afetada por , para
painéis com enrijecedores estáveis. Uma diminuição de com uma diminuição de
é observada para painéis enrijecidos com reforços flexíveis. Pode-se deduzir que
painéis enrijecidos com reforços flexíveis são sensíveis ao valor do .

113
Figura II.15: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem
lateral-torsional do enrijecedor na faixa inelástica

Figura II.16: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem


lateral-torsional do enrijecedor na faixa elástica

114
Figura II.17: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem da
placa ( e )

Figura II.18: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem da


placa ( e )

115
Figura II.19: efeito de no comportamento da resposta ( ) de painéis enrijecidos

II.3.4. Efeito da esbelteza à flexão transversal da placa,


O efeito de sobre o modo de flambagem lateral-torsional do enrijecedor é investigada
para duas diferentes faixas de , ou seja, faixa inelástica e elástica. Os maiores valores
de são obtidos para baixos valores de e . Na faixa inelástica, parte da seção
transversal atinge a tensão de escoamento. Conforme diminui, o comportamento pós-
flambagem torna-se estável, conforme ilustrado pela curva superior na Figura II.20. A
Figura II.21 mostra um efeito semelhante, ou seja, queda na resposta de pós-flambagem
com um aumento , para painéis que sofrem a flambagem lateral-torsional do
enrijecedor na faiza elástica. Ao contrário dos painéis que sofrem a flambagem lateral-
torsional do enrijecedor na faixa inelastica, os painéis apresentados na Figura II.21
mostram uma diminuição significativa no valor de com um aumento de .

O efeito de sobre o modo de flambagem da placa é investigado para duas magnitudes


diferentes de , ou seja, para = 0,5 e 1,0. Os resultados são apresentados nas
Figuras II.22 e II.23, respectivamente. Valores maiores de são obtidos para valores
baixos de . Uma queda no valor de e na resposta de pós-flambagem é observada
para um aumento de . Uma comparação entre as Figura II.22 com a Figura II.23
mostra que o efeito de é mínimo no modo de flambagem da placa.

116
Figura II.20: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem
lateral-torsional do enrijecedor na faixa inelástica

Figura II.21: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem


lateral-torsional do enrijecedor na faixa elástica

Um resumo dos efeitos de em termos de , é apresentado na Figura II.24. A figura


mostra claramente que a resposta ( ) da flambagem da placa e na flambagem lateral-
torsional do enrijecedor nos painéis enrijecidos é afetada por . Os valores de
diminuem com o aumento de . A linha que marca a fronteira entre a flambagem da
placa e a flambagem lateral-torsional do enrijecedor não é uma linha vertical, o que
indica que o modo de flambagem não é regida estritamente pelo parâmetro .

117
Figura II.22: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem da
placa ( )

Figura II.23: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem da


placa ( )

118
Figura II.24: efeito de no comportamento da resposta ( ) de painéis enrijecidos

II.3.5. Efeito da razão das esbeltezas à torção do enrijecedor e à flexão da placa,

O efeito de no modo de flambagem lateral-torsional do enrijecedor é investigado


para as faixas inelásticas e elásticas da resposta do material. Valores de maiores são
obtidos para baixos valores de e . A Figura 5.25 mostra que um aumento de
torna a resposta dos painéis menos estável na faixa de pós-flambagem (um decréscimo
de capacidade de cerca de 55% é observada para o painel = 1,50). A perda de
capacidade no pós-flambagem também foi observada com um aumento de para
painéis que sofrem a flambagem lateral-torsional do enrijecedor na faixa elástica
(Figura II.26). Uma perda significativa da capacidade de carga também foi observada
na faixa elástica.

O efeito da sobre o modo de flambagem da placa é investigado para duas


diferentes magnitudes de , ou seja, para placas com de 2,0 e 2,25. Os resultados
são apresentados nas Figuras 5.27 e 5.28. Ambas as figuras mostram que o valor de
não é significativamente afetado por uma mudança nos valores de . A capacidade de
carga na faixa de pós-flambagem diminui com o aumento no valor de .

Um sumário do efeito do , em termos de , é apresentado na Figura 5.29. A figura


mostra que afeta apenas a capacidade de carga dos painéis que sofrem a flambagem
lateral-torsional do enrijecedor. O valor de é reduzido com o aumento de .

119
Nenhum efeito foi encontrado no valor de para painéis que sofrem a flambagem da
placa.

Figura II.25: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem


lateral-torsional do enrijecedor ( )

Figura II.26: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem


lateral-torsional do enrijecedor ( )

120
Figura II.27: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem da
placa ( )

Figura II.28: efeito de no comportamento de painéis que sofrem a flambagem da


placa ( )

121
Figura II.29: efeito de no comportamento da resposta ( ) de painéis enrijecidos

122

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