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Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Centro de Tecnologia - CT
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental - DECA
Mecânica dos Fluidos

RELATÓRIO DE PRÁTICA EXPERIMENTAL Nº 07:


PERFIL DE VELOCIDADES EM TUBOS CIRCULARES

Discentes: Ademir de Sousa Neto – 11506051


Ana Vitória Rocha Brasil – 11510354
Thatiana Lira Alves Agostinho – 11503897
Yasmin Cavalcanti de Arruda Gomes – 11511896

Docente: Prof. Dr. Luiz Simão de Andrade Filho

João Pessoa – PB
Novembro de 2017
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Sumário

1. Introdução e Objetivos.....................................................................................................................
2. Fundamentação Teórica...................................................................................................................
3. Materiais..........................................................................................................................................
4. Procedimentos.................................................................................................................................
5. Resultados......................................................................................................................................
6. Discussão e Conclusão..................................................................................................................
7. Referências Bibliográficas.............................................................................................................
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1. Introdução e Objetivos

O tubo de Pitot é o dispositivo mais comum para a determinação experimental da


velocidade de uma corrente fluida.

O experimento realizado em uma seção circular e uniforme teve como objetivo


determinar o perfil de velocidade de um escoamento.

As medições foram feitas para uma vazão máxima e uma vazão intermediária; o
tubo Pitot percorreu o diâmetro de 0,1 metro da tubulação, a cada 1 centímetro,
totalizando 9 pontos de medição para cada vazão. Além disso, a tensão de cisalhamento
foi encontrada através das tomadas de pressão do Pitot com distância de 1m entre si.

2. Fundamentação teórica

A uniformidade da distribuição de velocidades no escoamento de fluido ideal é


invalidada no caso de fluido real devido à existência neste, de tensões de cisalhantes
entre as partículas, bem como entre estas e as paredes. Tal fato dá origem a um
gradiente de velocidade na seção transversal do escoamento, muito forte próximo a
parede, onde a velocidade se anula.

Os perfis de velocidade possuem formas distintas para o escoamento laminar e


turbulento. No escoamento laminar na região de entrada de um tubo, fig. 01, a
velocidade é uniforme. A camada limite cresce com a distância da aresta de entrada até
que o escoamento se torne totalmente desenvolvido. Pela equação da continuidade,
nota-se que o núcleo sem atrito, fora da camada limite, deve acelerar-se até que a
camada limite atinja o centro do tubo (se o comprimento do tubo for suficiente para
isto), onde o escoamento passa a ser totalmente desenvolvido. O comprimento do tubo
para que isto ocorra pode chegar a 140D.

Figura 01 - Escoamento na região de entrada de um tubo em regime laminar


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Fig. 02 - Escoamento na região de entrada de um tubo em regime turbulento

No escoamento turbulento, fig. 02, devido ao efeito de mistura, a camada limite


cresce mais rapidamente, e consequentemente o comprimento necessário para que o
perfil de velocidades torne-se completamente desenvolvido, reduz se a menos de 40D.
Observando as figuras 01 e 02, notamos que o perfil laminar é menos achatado que o
turbulento. Tal fato se deve basicamente a um maior gradiente de tensão cizalhante
existente no primeiro.

Para escoamento laminar, o perfil de velocidades pode ser determinado


analiticamente, através da equação da quantidade de movimento e lei da viscosidade de
Newton obtendo-se:

(1)

Para escoamento turbulento, o perfil de velocidades não pode ser determinado


analiticamente, já que não dispomos para este tipo de escoamento, de relações simples
do tipo da lei de viscosidade de Newton.

Para um tubo hidraulicamente liso, a velocidade depende das seguintes


variáveis:

v = (y, D, o, , ) (2)

onde y = R-r = distância à parede do tubo;

D = diâmetro do tubo;

o = tensão cizalhante na parede;

 = viscosidade cinemática.
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A análise dimensional permite reduzir o no de variáveis independentes a duas:

’ (3)

onde:

e .

A experiência mostra que v* não depende do diâmetro do tubo de modo que a


equação (3) pode ser simplificada para:

”().

Existem várias relações empíricas para ”(), a mais conhecida é a devida a


Prandt, Von Kármán e Nikuradse:

(4)

Uma relação de muito uso prático e a chamada “Lei de Potência”:

(5)

onde n é um expoente que depende do número de Reynolds. Os valores de n são


mostrados na tabela 1.

Tabela 1. Valores de n para diversos Reynolds.

R 4,0 x 103 2,3 x 104 1,1 x 105 1,1 x 106 2,0 x 106 3,2 x 106

n 6,0 6,6 7,0 8,8 10,0 10,0

A tensão de cizalhamento na parede o pode ser facilmente determinada


escrevendo-se a equação da quantidade de movimento ao volume de controle de
comprimento L, fig. 03:
6

Pela equação da continuidade, v1 = v2, então substituindo as forças atuantes no V.C.,


obtemos:

e daí:

(6)

Portanto, medindo-se a perda de carga no tubo (p), calcula-se o através de (6).

A vazão volumétrica pode ser determinada através do perfil de


velocidades. Pela equação da continuidade:

onde : V é a velocidade média e A a seção transversal do tubo.

Como o tubo é circular, fig. 04a, a equação da continuidade pode ser


escrita com:

Se dividirmos a seção transversal em n anéis, o raio e a velocidade

representativos de cada anel seriam respectivamente , fig. 04b, de


modo que a equação da continuidade poderá ser escrita como:

(7)
7

Dispositivo mais comum para a determinação experimental da velocidade de um


corrente fluida é o tubo de Pitot. Este consiste de um tubo de pequeno diâmetro
montado na mesma direção do escoamento, fig.05.

Fig. 03 - Volume de controle para cálculo da tensão na parede

Fig.04a - Seção transversal do tubo

Fig. 04b - Divisão da seção transversal do tubo em vários anéis de raio externo ri
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Fig. 05- Tubo de altura de carga total usado como Fig. 06- Tubo Pitot-estático

tomada de pressão estática de parede

Escrevendo-se a equação de Bernoulli, entre os pontos 1 e 2, fig.05, obtemos:

Note que 2 é um ponto de estagnação (v2=0), então explicitando v1:

Assim, determinando-se a diferença entre pressão estática (p1) e total (p2),


obtém-se a velocidade.

Existem vários tipos de tubos de Pitot. Um tipo muito comum é o


estático, fig.06, que difere do convencional, por possuir a tomada de pressão estática no
próprio Pitot.

TPT - Tubo de Pitot VD - Válvula de


descarga

TP - Tomada de pressão PL - Ponta linimétrica

QP - Quadro piezométrico C - canal

TL - Tubo liso

Fig. 07- Esquema da instalação


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3. Materiais

A instalação utilizada neste experimento é mostrada na fig. 07, consistindo de


um tubo liso de 100,20 mm de diâmetro interno ligado a um reservatório de nível
constante, no qual é montado um tubo de Pitot estático com um mecanismo para
variação de posição através da seção transversal do tubo.

Um quadro piezométrico é ligado às tomadas de pressão do Pitot, e em dois


pontos do tubo distantes 1m do outro. As tomadas do tubo destinam-se a medição da
perda de carga necessária do cálculo da tensão cisalhante na parede.

4. Procedimento

a) Abrir totalmente o registro de descarga;


b) Deslocar o Pitot de um em um centímetro e fazer as respectivas leituras das
diferenças de pressão, no quadro piezométrico para cada posição;
c) Fazer a leitura da perda de carga no quadro piezométrico;
d) Repetir o item b) para mais duas vazões obtidas, fechando-se ligeiramente o
registro de descarga.
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5. Resultados

Para obtenção dos resultados, consideramos a temperatura da água no momento do


experimento de 30 ºC, com isso a viscosidade cinemática da água nessa temperatura é
de 8,01 x 10−7 m2/s e o peso específico é de 996 kg/m3.

a) Plotar o gráfico da velocidade v (m/s) versus raio (r) para cada vazão
considerada;
Foram realizadas medições de pressão para cada distância do tubo de Pitot,
com o intuito de obtermos as suas respectivas velocidades, os dados foram anotados na
tabela 1 abaixo:

Y (m) R (m) ∆P V (m/s)


(m)
ρ
0,01 0,04 6,677064 1,618666117
0,02 0,03 7,913558 2,492099516
0,03 0,02 8,160856 3,099509638
0,04 0,01 8,531804 3,65944258
0,05 0 8,037207 3,971020019
0,06 0,01 7,789908 4,282588002
0,07 0,02 7,54261 4,551707371
0,08 0,03 6,553415 4,535689583
0,09 0,04 5,811519 4,530337735

0.045
0.04
0.035
0.03
0.025
R (m)

0.02
0.015
0.01
0.005
0
1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3
V (m/s)

Gráfico 1: Gráfico Velocidade versus Raio


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b) Plotar em papel monolog o perfil adimensional v/v* (linear) versus 


(logarítmico) experimental, juntamente com a expressão (4);

Dados:

y- posição ∆p no tubo
do pitot (m) U (Pa) Tensão (o) v*  v/ v*
0,01 53 1,325 0,036400549 454,4388196 20,79765824
0,02 63 1,575 0,03968627 990,918094 22,7465797
0,03 64 1,6 0,04 1498,127341 23,77992792
0,04 67 1,675 0,040926764 2043,783464 24,55639502
0,05 65 1,625 0,040311289 2516,310159 25,07637221
0,06 63 1,575 0,03968627 2972,754282 25,49311042
0,07 60 1,5 0,038729833 3384,629641 25,81749942
0,08 53 1,325 0,036400549 3635,510556 25,99626209
0,09 47 1,175 0,034278273 3851,491349 26,14053929

Gráfico monolog
10000
v/v*

1000

100
20 21 22 23 24 25 26 27

 logarítmico
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c) Calcular a velocidade média por integração do perfil de velocidades


através da expressão abaixo:
n
V i+ 1+V i r i+1 +r i
V π R² = 2 π ∑ . . (r i +1+ r i)
i=1 2 2
Assim, aplicando os dados obtidos experimentalmente nesta equação, pode-
se obter um valor aproximado para a velocidade média, sendo ele:
V = 3,615m/s.

6. Discussão e conclusão

Ao compararmos o perfil de velocidade v/v* com o perfil de velocidade calculado


por 5,5 + 2,5ln(η) , observamos o que já era esperado: o comportamento da velocidade é
menor perto das paredes e maior no centro, em ambos os perfis.

A velocidade encontrada na letra c (V = 3,615m/s) é aproximada da média


das velocidades que achamos na letra a (média= 3,637m/s), mostrando que os cálculos
estão coerentes.
Em relação aos erros, estes podem ter ocorrido durante a leitura das diferenças de
pressão no quadro piezométrico, pois depende da capacidade ocular do observador.
Além disso, a vazão pode não ser constante e isto pode levar a uma interferência no
escoamento, também há a possibilidade de existência de pequenos vazamentos ao longo
do encanamento e os instrumentos utilizados podem estar descalibrados, o que pode
ocasionar a falta de precisão das medições. E, por fim, o atrito entre a tubulação e o
fluido também pode ter interferido nos cálculos.

Porém, os erros possivelmente cometidos durante o experimento não nos


impossibilitou de observar o comportamento da velocidade.
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7. Referências bibliográficas

ANDRADE FILHO, Simão de. EXPERIÊNCIA 7 – ATRITO EM TUBOS LISOS.


Universidade Federal da Paraíba - Laboratório de Eficiência Energética e Hidráulica em
Saneamento (LENHS)

FOX, Robert W. & MCDONALD, Alan T. Introduction to Fluids Mechanics. 4th ed.
California. School of Mechanical Engineering Purdue University. 1995.

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