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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

LUCCA SALIS

RELATÓRIO 06: PERDA DE CARGA

BELO HORIZONTE

2022
LUCCA SALIS

RELATÓRIO 06: PERDA DE CARGA

Relatório acadêmico apresentado à disciplina de


Ergonomia Fluidomecânicos referente ao curso de
Engenharia Mecânica da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como ativididade de
avaliação.

BELO HORIZONTE

2022
1. INTRODUÇÃO

O estudo de um escoamento turbulento tem uma grande importância,


pois é este o tipo de escoamento que é observado na maioria das aplicações
práticas. O escoamento turbulento é aquele caracterizado pelo movimento
desordenado das partículas fluidas. Normalmente em tubulações industriais,
considera-se que o escoamento é turbulento quando o número de Reynolds é
superior a 4000. Devido a este movimento desordenado, no escoamento
turbulento não é possível avaliar a queda de pressão analiticamente. Deve-se
então recorrer a resultados experimentais e utilizar a análise dimensional para
correlaciona-los [1].

Comparando-se com o que é observado para escoamentos laminares, a


perda de carga distribuída em escoa mentos turbulentos apresenta três
diferenças importantes. A primeira é o valor da perda de carga, que é
significativamente maior para os escoamentos turbulentos, devido
principalmente à tenses turbulentas advindas das flutuações aleatórias das
velocidades. A segunda é a forma da dependência da perda de carga com a
vazão. Enquanto para escoamentos laminares esta dependência é linear, para
escoamentos turbulentos a perda de carga varia com uma potência de maior
vazão. A terceira e última diferença é relativa aos cícitos da rugosidade da
superfície interna do tubo, que podem ser muito importantes no escoamento
turbulento enquanto que no escoamento laminar não tem influência alguma na
perda de carga.
1.1. Perda de carga localizada

Em um sistema hidráulico típico, o fluido passa em tubulações e també


m passa através de válvulas, conexões, curvas, cotovelos, três, entradas,
saídas extensões e reduções. Estes componentes, em função da sua
geometria, alteram o escoamento normal do fluido causando perdas de energia
hidráulica denominadas de perdas localizadas. O valor da perda é relacionado
a um termo K, (coeficiente de perda ou coeficiente de resistência), que
normalmente determinado experimentalmente pelas fabricantes dos
componentes.

1.2. Perda de carga distribuída

Perda de carga distribuída é considerada como aquela que ocorre no


escoamento de fluidos em trechos retos de tubulação devido ao atrito do
líquido que é viscoso com as paredes do tubo que é rugosa. Esta perda é uma
função complexa de diversos elementos, tais como a rugosidade da parede do
tubo, a viscosidade e a densidade do fluido. a velocidade do escoamento, o
grau de turbulência do movimento e o comprimento percorrido.

1.2.1. Fator de Atrito

O fator de atrito, /, é um coeficiente que depende do número de


Reynolds e determinado de acordo com o regime de escoamento do fluido
(laminar ou turbulento).

Quando se trata de escoamento em regime turbulento (Re>4000) a


determinação do fator de / depende do Reynolds e também da rugosidade
relativa, que é a razão entre a altura média da rugosidade superficial do tubo e
o diâmetro do tubo. Os valores de f foram determinados através de processos
experimentais e são apresentados a forma tabular, gráfica ou funcional.
Em 1939, Cyrill F. Colebrook combinando dados experimenta is
relacionados com a rugosidade superficial dos tubos apresentou a equação
conhecida como equação de Colebrook, que mais tarde foi comfirmada por
Hunter Rouse, em 1942. Dois anos mais tarde, Lewis F. Moody recriou o
gráfico de Rouse e apresentou o Diagrama de Moody da forma como é
utilizado até hoie.

1.2.2. Rugosidade dos tubos

De maneira geral, o acabamento superficial da parede interna dos tubos


e dutos apresentam irregularidades provocadas por sulcos ou marcas deixadas
pelos diversos processos de fabricação, sendo de grande importância seu
conhecimento, pois influencia diretamente no escoamento, interferindo no valor
da perda de carga distribuída. A rugosidade superficial, representada pela letra
& ou k é uma dimensão linear, que depende do tipo de acabamento superficial
utilizado no processo de fabricação como usinagem, fundição, retificação,
conformação e outros.

Para fins de cálculo da perda de carga utiliza-se o valor da rugosidade


média que é definida como a diferença entre o valor médio das ordenadas dos
5 pontos mais salientes e o valor médio das ordenadas dos 5 pontos mais
reentrantes, medias a partir de uma linha paralela à linha média.

Para determinação do valor do fator de atrito f através do ábaco de


Moody que se encontra em anexo, utiliza-se a rugosidade relativa.

2. OBJETIVO

Determinar experimentalmente a perda de carga distribuída de um


registro esfera, de um joelho de 90' e o fator de atrito de um tubo retilíneo e
comparar os resultados obtidos com os valores tabelados pré-existentes.
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Considerando a figura 1 como esquema para entendimento dos


procedimentos realizados, tem-se:

Figura 1: Desenho esquemático do experimento

Fonte: BIJONICONTRO

Para obtenção dos dados referente ao registro esférico, utilizou-se


circuito hidráulico montado em laboratório. Após ligar a bomba (considerando
todos os registros previamente fechados), abriu-se o registro 1, 15, 17 e 18. O
registro 14 foi utilizado para regular a vazão de agua, variando-se seus valores
entre 3,0 e 9,0 m°/h. Mediu-se então, por meio de um manômetro de diferença
de altura de mercúrio, a diferença de pressão resultante no escoamento do
conjunto registro de esfera e tubo reto, para posteriormente, por me1o do
experimento 3, retirar a diferença obtida somente do tubo reto e obter então os
dados somente do registro esférico.

Para a determinação do coeficiente de perda do cotovelo de 90°, fechou-


se os registros previamente abertos do experimento anterior e, logo em
seguida abriu-se os registros 4,15,17 e 18. Novamente rotacionando
lentamente o registro 14, variou-se a vazão de água nos cotovelos de 90° a
modo de determinar também sua variação de pressão utilizando o mesmo
manômetro do experimento anterior.
No terceiro e ultimo experimento, para determinação do valor do fator de
atrito do tubo reto, fechou-se novamente todos os registros anteriores. Logo
após, abriu-se os registros 1, 15, 17 e 18. Controlando novamente por meio do
registro 14 a vazão de água, variou-se sua quantidade a modo de obter
diferentes variações de pressão. Diferente do experimento 1, desta vez a
medição de diferença de pressão se deu somente no tubo reto.

3.1. Equipa mentos utilizados

Para a determinação das constantes, foi utilizado um circuito hidráulico,


composto de:

 bomba centrifuga;
 medidor de vazão tipo rotâmetro;
 registro geral de controle de vazão:
 manômetro diferencial;
 registro esfera;
 conjunto cilindro, pistão c pesos;
 44 cotovelos de 90°;
 tubo retilíneo de ferro fundido.

A Figura 2 mostra um esquema de montagem utilizado na experiência


no laboratório de mecânica dos fluídos.

Figura 2 – Montagem de laboratório para experimento


Fonte: Sales (2020).

4. EQUAÇÕES E CONSTANTES UTILIZADAS

Para o desenvolvimento do raciocínio e obtenção dos dados


apresentados nas tabelas subsequentes, foram utilizadas as seguintes
fórmulas:

 Valor de K1

Sendo:

K1 = constante relativa aos dados da instalação;

Delta H = diferença de pressão;

Q = vazão volumétrica.

 Valor da constate característica da instalação

Sendo:

D = diâmetro da instalação;

G = aceleração da gravidade.

 Valor da perda de carga localizada KL


Sendo:

K1 = constante relativa aos danos da instalação;

Ki = constante relativa a instalação.

 Cálculo da perda unitária J

Sendo:

Delta H = diferença de pressão;

L = comprimento do tubo reto.

 Valor do fator de atrito

Sendo:

J = perda unitária;

Q = vazão volumétrica;

D = diâmetro do tubo reto.

 Número de Reynolds
Sendo:

D = diâmetro do tubo

V = velocidade terminal ou limite do fluído;

v = Viscosidade cinemática do fluído.

O quadro 1 relaciona as informações complementares pertinentes para a


realização dos cálculos de obtenção das perdas de carga e fator de atrito.

Dados Medida

Ki 46553,23
Diâmetro do tubo 0,0365 m
comprimento do tubo (ferro fundido) 2,2 m
5. DADOS OBTIDOS

5.1. Determinação do valor do coeficiente de perda (KL) do


registro esfera totalmente aberto

Quadro 2 – Coeficiente de perda do registro totalmente aberto

Q Q DeltaH DeltaH
K1 Média K1
(m3/h) (m3/s) (mmHg) (mH2O)
13,67 0,003797 74 1,0064 69797,3
12,45 0,003458 63 0,8568 71638,38
11,23 0,003119 51 0,6936 71277,85
9,8 0,002722 40 0,544 73409,41 73536,14
8,5 0,002361 32 0,4352 78064,94
7,25 0,002014 23 0,3128 77125,1
6 0,001667 15 0,204 73440

KL = 73536,14/46553,23 = 1,58

Determinando assim os valores dos desvios absoluto (DA), relativo (DR)


e percentual (DP), e suas devidas expressões corretas:

Quadro 3 – Desvios do coeficiente do registro totalmente aberto

Expressão Expressão
Desvio
Correta Correta
DP
DA DR DMA CD +DMA CD -DMA
%
3738,843607 0,05084362 5,08436207  
1897,759974 0,02580717 2,58071742 2319,36052
2258,292928 0,03070997 3,07099737  
75855,5005 71216,7795
126,7272553 0,00172333 0,1723333  
4528,801176 0,06158606 6,15860606  
3588,958692 0,04880537 4,88053723  
96,14 0,00130738 0,13073844  

5.2. Determinação do valor do coeficiente de perda do cotovelo


de 90

Quadro 4 – Coeficiente de perda do cotovelo de 90

KL= 40803,71/46553,23 = 0,88

Quadro 5 – Desvios do coeficiente de perda do cotovelo de 90

Expressão Expressão
Desvio
Correta Correta
DP
DA DR DMA CD +DMA CD -DMA
%
140,5060692 0,00344346 0,34434631  
202,1464507 0,00495412 0,49541194 347,074152
467,3463636 0,01145353 1,14535263  
61,00059558 0,00149498 0,14949767   41150,7842 40456,6358
636,7332133 0,01560479 1,56047872  
314,867818 0,00771665 0,77166468  
606,9185561 0,0148741 1,48741023  
5.3. Determinação do valor do fator de atrito do tubo reto

Quadro 5 – Determinação do fator de atrito

Q Q DeltaH DeltaH
J f
(m3/h) (m3/s) (mmHg) (mH2O)
3,95 0,001097 473 6,4328 0,215 0,140056
3,79 0,001053 435 5,916 0,197727 0,139909
3,42 0,00095 355 4,828 0,161364 0,140221
2,91 0,000808 254 3,4544 0,115455 0,138575
2,36 0,000656 177 2,4072 0,080455 0,14682
1,91 0,000531 105 1,428 0,047727 0,132972
1,09 0,000303 36 0,4896 0,016364 0,139986

Quadro 6 – Fator de atrito pelo ábaco de Moody

Q Q
V (m/s) Reynolds e/d f
(m3/h) (m3/s)
3,95 0,001097 1,048622 38274,7 0,035
3,79 0,001053 1,006146 36724,34 0,0355
3,42 0,00095 0,907921 33139,11 0,036
2,91 0,000808 0,772529 28197,31 0,007123 0,0375
2,36 0,000656 0,626518 22867,92 0,0376
1,91 0,000531 0,507055 18507,52 0,0378
1,09 0,000303 0,289367 10561,88 0,038

Quadro 7 – Desvios do Fator de atrito

Expressão Expressão
Desvio
Correta Correta
DP
DA DR DMA CD +DMA CD -DMA
%
0,00177143 0,04817409 4,81740852  
0,00127143 0,03457657 3,45765721 0,0010898
0,00077143 0,02097906 2,0979059   0,03786123 0,03568163
0,00072857 0,01981348 1,98134802  
0,00082857 0,02253298 2,25329828  
0,00102857 0,02797199 2,7971988  
0,00122857 0,03341099 3,34109933  

Gráfico 1 - Variação da perda de carga em função da vazão para registro


totalmente aberto

∆H= f(Q)
1.2

1
Variação da perda de carga [mcH2O

f(x) = 47126.8811264466 x² + 116.109016441634 x − 0.115020834963149

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0.0015 0.002 0.0025 0.003 0.0035 0.004

Vazão volumétrica [m3/s]

Gráfico 2 - Variação da perda de carga em função da vazão para o cotovelo

∆H= f(Q)
0.14

f(x) = 39933.6615913649 x² + 1.61246260287893 x − 0.000583795602681095


Variação da perda de carga [mcH2O]

0.12

0.1

0.08

0.06

0.04

0.02

0
0.0004 0.0006 0.0008 0.001 0.0012 0.0014 0.0016 0.0018 0.002

Vazão volumétrica
5.4. Análise de dados

De posse dos resultados obtidos, calculou-se o valor da perda de carga


localizada (K1) para o registro esfera e o coto velo de 90', resultado mostrado
em comparação no Quadro 8.

Quadro 8 - Valores experimentais e tabelados da perda de carga

Peça Valor de KL Valor de KL tabelado


experimental
Cotovelo de 90 0,88 0,90
Registro de esfera 1,58 1,50

Em análise da tabela acima, foi possível perceber que os valores se


aproximaram do valor fornecido pela fabricante do equipamento utilizado,
reforçando a exatidão obtida na realização do experimento.

Analisando os valores da perda de carga localizada, chega-se a


conclusão que há uma perda de carga menor no cotovelo de 90° em relação ao
registro de esfera. Entretanto, considerando-se o experimento realizado e
levando em conta o tubo composto por 44 cotovelos, conclui-se que neste caso
o impacto da perda de carga é muito maior no tubo que no registro esfera.

Os gráficos 1 e 2 mostram a relação entre a vazão volumétrica em m% e


a variação da perda de carga em mcH2O c, conforme mostra a regressão
polinomial de segunda ordem, o valor de a (da equação y=ax 2) é o valor
referente a constante K1, da instalação.

Em relação ao terceiro experimento, chegou-se a confirmação que o


escoamento no tubo reto é de fato turbulento, visto que a média do número de
Reynolds, 3,47x104, é maior que 2000.

Em comparação com os dados experimentais do valor do fator de atrito,


f, chegou-se a uma diferença de aproximadamente 7,3%, resultado este que
apesar de se apresentar relativamente satisfatório, pequenos erros de leitura
dos valores experimentais de pressão e vazão e do diagrama de Moody estão
associados a diferenças de valores experimentais e tabelados.
6. CONCLUSÃO

De modo geral considerou-se satisfatória a realização do experimento


uma vez que os valores do experimento são próximos aos valores tabelados.
Vale-se ressaltar que essa diferença pode ser ainda menor a medida que se
adquire experiência nos experimentos laboratoriais.
REFERÊNCIAS

Departamento de Engenharia Mecânica. Escola Politécnica da Universidade de


São Paulo. Mecânica dos Fluidos I.

BUONICONTRO, Célia Maria Sales. Laboratório de Fluidomecânicos: Práticas


de Mecânica dos Fluidos. Belo Horizonte. PUC-Minas, 201 0.

CENGEL, Y. A., CIMBALA, J. M., Mecânica dos Fluidos (Fundamentos e


Aplicações) (Katia Aparecida Roque, Mario Moro Fecchio). São Paulo.
McGraw-Hill, 2007.

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