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Tópicos:
- Tensão e Deformação
- Plasticidade
- Recozimento
Sumário:
Tensão e Deformação:
Tensão normal e de corte, deformação elástica e propriedades do
domínio elástico
Plasticidade:
Deformação plástica por escorregamento e maclagem, deformação a frio
e a quente: encruamento e recozimento
Beer, F., Johnston, R., Dewolf J.( 2003). Mecânica dos Materiais, Ed. McGraw-Hill de Portugal
A tensão s, em unidades SI, é expressa em N/m2, designada pascal (Pa), com P em newtons (N) e A em
metros quadrados (m2). No entanto, na prática, são usados múltiplos desta unidade, nomeadamente, o
quilopascal (kPa), o megapascal (MPa) e o gigapascal (GPa). A unidade usual na apresentação dos
resultados é o megapascal
1 kPa = 103 Pa = 103 N/m2
1 MPa = 106 Pa = 106 N/m2 = 1 N/mm2
Beer, F., Johnston, R., Dewolf J.( 2003). Mecânica
dos Materiais, Ed. McGraw-Hill de Portugal
1 GPa = 109 Pa = 109 N/m2
P
t
A
De realçar que o valor da tensão de corte é o valor médio ao longo da
totalidade da secção
Beer, F., Johnston, R., Dewolf J.( 2003). Mecânica
dos Materiais, Ed. McGraw-Hill de Portugal
Δl
A deformação ou extensão longitudinal numa barra submetida
a um esforço normal é definida como o alongamento por
unidade de comprimento inicial da barra. Representando a
deformação ou extensão longitudinal pela letra grega e
(epsilon), vem:
l l f l0
e
l0 l0 Beer, F., Johnston, R., Dewolf J.( 2003). Mecânica
dos Materiais, Ed. McGraw-Hill de Portugal
s Ee
E = s/e - módulo de elasticidade longitudinal ou módulo de Young,
expresso normalmente em GPa (109 Pa)
A maior ou menor aptidão de um dado material se deformar no domínio elástico quando sujeito a uma
determinada força designa-se por rigidez. Então, se Ematerial A > Ematerial B, o material A diz-se mais rígido
que o material B. A rigidez é portanto um conceito do domínio elástico não existindo qualquer medida
estabelecida se o material se encontrar fora daquele domínio
t
G
O módulo de elasticidade ao corte é g
uma constante elástica de um
material em estado de tensão de
corte simples, resultante do
quociente entre a tensão de corte e
a distorção correspondente (figura)
E 2G (1 )
Durante a deformação plástica, os átomos do material metálico são deslocados permanentemente das
posições originais e passam a ocupar novas posições. A capacidade que alguns metais apresentam de
sofrerem grandes deformações plásticas sem que ocorra fractura (ductilidade) é uma das mais
importantes propriedades de engenharia dos metais. Por exemplo, a grande deformabilidade plástica dos
aços permite que certos componentes de um automóvel, como guarda-lamas, capotas e portas, possam
ser obtidos por estampagem mecânica, sem que ocorra fractura do material
http://malveira.olx.pt/portas-opel-corsa-d-iid-20952616 http://argoncilhe.olx.pt/capot-mercedes-w245-classe-b-iid-49536284
O conjunto de um plano de escorregamento com uma direcção de escorregamento designa-se por sistema
de escorregamento. Nas estruturas metálicas, o escorregamento ocorre em determinados sistemas de
escorregamento que são característicos de cada estrutura cristalina
Na estrutura HC, os planos basais são os de máxima compacidade atómica, sendo os planos de
escorregamento habituais nos metais HC, como Zn, Cd e Mg, que têm razões c/a elevadas (tabela).
Contudo, nos metais HC com valores baixos da razão c/a como Ti, Zr e Be, o escorregamento também
ocorre frequentemente em planos prismáticos e piramidais. Como existe apenas um plano de
escorregamento de máxima compacidade atómica (basal), onde cada plano contém três direcções de
escorregamento, há 1 x 3 = 3 sistemas de escorregamento. A existência de um número limitado de
sistemas de escorregamento nos metais HC limita a sua ductilidade
Certos metais apresentam planos de escorregamento adicionais à medida que a temperatura aumenta. A
temperaturas elevadas, o alumínio apresenta escorregamento segundo o plano {110}, enquanto que, no
magnésio, acima de 225ºC o plano piramidal {1011} exerce um papel importante na deformação por
escorregamento. Em todos os casos as direcções de escorregamento permanecem as mesmas, apesar
dos planos de escorregamento variarem com a temperatura
Na figura é ilustrado o aspecto atómico da maclação. A figura (a) representa uma secção perpendicular à
superfície numa rede cúbica com um plano de baixo índice paralelo ao do papel e inclinado em relação
ao plano de polimento. O plano de macla é perpendicular ao papel, apresentando o cristal maclação em
torno deste plano (figura (b)). A região à direita do plano de macla não sofre deformação, enquanto que à
esquerda, os planos atómicos são deformados em corte de forma a que a rede formada através do plano
da macla seja uma imagem de espelho da rede original do cristal. Numa rede cristalina simples como
esta, cada átomo na região maclada movimenta-se através da aplicação de tensões de corte, numa
quantidade proporcional à sua distância do plano da macla. Na figura (b), os círculos abertos
representam os átomos que não se moveram, os círculos pontilhados indicam as posições originais da
rede que mudaram de posição e os círculos cheios as posições finais na região maclada
Fátima Barreiros/Paulo Novo Dieter, G.E. (1981). Metalurgia Mecânica, Química e Ciência dos Materiais 29
Ed. Guanabara Koogan, SA
Introdução à Ciência dos Materiais:
plasticidade
Maclagem
A maclagem, tal como o escorregamento, ocorre numa direcção específica, chamada direcção de maclagem.
Contudo, no escorregamento, todos os átomos de um dos lados do plano de escorregamento se movem a
mesma distância, enquanto que na maclagem os átomos se movem distâncias que são proporcionais às
respectivas distâncias ao plano de macla (figura da esquerda)
Analisando ainda a figura (b) anterior, deve notar-se que a macla é visível na superfície polida em virtude da
variação de nível da superfície, produzida pela deformação, e também devido à diferença de orientação
cristalográfica entre as regiões deformada e não-deformada. Se a superfície fosse polida até à secção AA, a
diferença de nível da superfície seria eliminada, no entanto a macla permaneceria visível por possuir uma
orientação cristalográfica diferente daquela da região não-maclada
Na figura da direita, esquematiza-se a diferença básica entre o efeito do escorregamento e o da maclagem na
topografia da superfície de uma material metálico deformado. O escorregamento origina um conjunto de
degraus (linhas) (a), enquanto a maclagem origina pequenas regiões bem definidas no cristal deformado (b)
Fátima Barreiros/Paulo Novo Budinski. K.G., Budinski, M.K. (2005). Engineering Materials Química e Ciência dos Materiais
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– Properties and Selection. Pearson Education, Inc.
Introdução à Ciência dos Materiais:
plasticidade
Encruamento
Uma das principais características da deformação plástica dos metais é o facto da tensão de corte
necessária para produzir escorregamento aumentar continuamente com a deformação plástica. O
aumento da tensão necessária para produzir escorregamento, devido à deformação plástica prévia do
material, é chamado encruamento
O encruamento é causado pela interacção entre deslocações umas com as outras e com barreiras que
impedem o seu movimento através da rede cristalina
Um dos primeiros conceitos para explicar o encruamento é baseado na ideia das deslocações se
empilharem nos planos de escorregamento, quando bloqueadas pelas fronteiras de grão. Estes
empilhamentos produzem uma tensão de reacção que se opõe à tensão aplicada no plano de
escorregamento
O próximo passo é identificarmos as barreiras ao movimento das deslocações nos monocristais.
Partículas microscópicas de precipitados e também átomos de solutos podem agir como barreiras, no
entanto devem-se encontrar outras barreiras efectivas nos monocristais
Estas barreiras surgem porque as deslocações que se movimentam em planos de escorregamento que
se intersecionam podem-se combinar umas com as outras produzindo novas deslocações que não
estejam em direcções de escorregamento. Estas deslocações de baixa mobilidade que se formam a
partir de reacções entre deslocações são chamadas deslocações bloqueadas.
O encruamento ou endurecimento por deformação constitui um dos métodos mais importantes para
aumentar a resistência mecânica de alguns metais. Por exemplo, utilizando apenas este método, pode
aumentar-se consideravelmente a resistência mecânica do cobre e do alumínios puros. Assim, pode
produzir-se arame de cobre trefilado a frio com diferentes resistências mecânicas (dentro de certos limites),
bastando variar a percentagem de encruamento
Fátima Barreiros/Paulo Novo Smith, W.F. (1998). Princípios de Ciência e Química e Ciência dos Materiais 36
Engenharia de Materiais, Ed. McGraw-Hill
Introdução à Ciência dos Materiais:
plasticidade
Endurecimento de metais por solução sólida
A resistência mecânica dos metais pode ser
aumentada por endurecimento por solução
sólida. A adição de um ou mais elementos a
um metal pode provocar o aumento de
resistência mecânica deste devido à
formação de uma solução sólida. A
estrutura das soluções sólidas
substitucionais e intersticiais já foi abordada
anteriormente. Quando os átomos
substitucionais (soluto) se misturam, no
estado sólido, com os átomos de outro
metal (solvente), criam-se campos de
tensão em torno dos átomos de soluto.
Estes campos de tensão interactuam com
as deslocações e tornam mais difícil o
movimento destas (figura); portanto, a
solução sólida é mais resistente
mecanicamente que o metal puro
Durante a recuperação, é fornecida energia térmica suficiente para que as deslocações se rearranjem em
configurações de menor energia. A recuperação de muitos metais deformados a frio (por exemplo,
alumínio puro) origina o estrutura de subgrão com limites de grão de pequena desorientação. A energia
interna do material metálico recuperado é inferior à do material deformado a frio, uma vez que durante o
processo de recuperação muitas deslocações são eliminadas ou movem-se para configurações de mais
baixa energia. Durante a recuperação, a resistência mecânica do material metálico deformado a frio
diminui ligeiramente, mas a ductilidade aumenta, geralmente, de modo significativo
Para se processar a recristalização é necessário um mínimo de deformação a frio (~30% nas ligas
ferrosas)
Por exemplo, uma chapa de latão com 85% Cu-15% Zn, de 1mm de espessura, que foi laminada a frio
com 50% de redução sofre, por recozimento a 400ºC durante 1h, uma diminuição de tensão de rotura
de 520 para 310MPa. Por outro lado, o recozimento provoca um aumento de ductilidade da chapa de 3
para 38%
Os principais factores que afectam o processo de recristalizaçãoi em metais e ligas são: (1) a deformação
a frio prévia do material metálico, (2) a temperatura, (3) o tempo, (4) o tamanho de grão inicial e (5) a
composição do metal ou liga
Podem fazer-se as seguintes generalizações acerca do processo de recristalização:
1. Para que a recristalização ocorra é necessário que a deformação do material metálico seja superior a
uma percentagem mínima
2. Quanto mais pequena for a deformação (acima de um valor mínimo), maior será a temperatura
necessária para que ocorra a recristalização
3. Aumentando a temperatura de recristalização diminui o tempo necessário para a completar
4. O tamanho de grão final depende essencialmente da deformação prévia. Quanto maior for a
deformação, menor será a temperatura de recozimento necessária à recristalização e menor será o
tamanho de grão recristalizado
A temperatura de recristalização não é uma temperatura definida abaixo da qual a recristalização não
ocorre, mas refere-se à temperatura à qual um material altamente encruado se recristaliza completamente
ao fim de uma hora. Em princípio a temperatura de recristalização é 0,4 a 0,6 da temperatura absoluta de
fusão (Kelvin)
Fátima Barreiros/Paulo Novo Sebenta de Materiais II - IST, AE do IST Química e Ciência dos Materiais 46
Introdução à Ciência dos Materiais:
plasticidade e recozimento
Deformação a Quente
Vantagens
- Possibilidade de deformação e aumento de resistência mecânica
- Bom acabamento superficial e boas tolerâncias finais
- Método relativamente económico (energia)
- A anisotropia e as tensões residuais originadas podem ser benéficas quando controladas
Desvantagens
- Para grandes deformações requer recozimentos intermédios
- Grandes esforços – máquinas de grande capacidade
- Moroso (sob o ponto de vista industrial)
Deformação a quente
Vantagens
- Menores esforços
- Maior rapidez de execução
- Não necessita de tratamentos térmicos intermédios
Desvantagens
- Temperaturas elevadas – consumo de energia
- Risco de oxidação – pior acabamento superficial
- Perigo de fractura por choque térmico
forjamento laminagem
Fátima Barreiros/Paulo Novo Sebenta de Materiais II - IST, AE do IST Química e Ciência dos Materiais 51
Introdução à Ciência dos Materiais:
questões
Questões de auto-avaliação
• Smith, W.F. (1996). Principles of Materials Science and Engineering, third edition, McGraw-Hill, Inc.: New
York.
• Shackelford, J.F. (2000). Introduction to Materials Science for Engineers, 5th edition, Prentice-Hall, Inc.:
New Jersey.
• Beer, F., Johnston, R., Dewolf J.( 2003). Mecânica dos Materiais, Ed. McGraw-Hill de Portugal
• Dieter, G.E. (1981). Metalurgia Mecânica, 2ª Edição, Editora Guanabara Koogan, SA: Rio de Janeiro.
• Budinski. K. G., Budinski, M.K. (2005). Engineering Materials – Properties and Selection. Eighth edition,
Pearson Education, Inc.: New Jersey
• http:// www.dem.ist.utl.pt
• http://www.em.pucrs.br