Você está na página 1de 86

Resistência dos materiais (páginas no momento disponíveis)

Resistência dos materiais I: Introdução - Esforços comuns | Tensão normal e tensão transversal | Tração e
compressão: generalidades | Energia da deformação elástica | Tensão devido à dilatação linear |

Resistência dos materiais IA: Algumas propriedades dos materiais | Tensão admissível e coeficiente de
segurança | Reservatório cilíndrico de parede fina | Reservatório esférico de parede fina | Algumas considerações
sobre reservatórios |

Resistência dos materiais IB: Deformação por cisalhamento | Energia da deformação por cisalhamento |
Exemplo: união soldada | Tensão admissível de cisalhamento |

Resistência dos materiais IB-2 - Alguns exemplos sobre tração e compressão: Deformação plástica residual
| Ação da força centrífuga em barra girante | Dilatação linear com dois materiais |

Resistência dos materiais IC: Torção de peças circulares | Momento polar de resistência | Tabela de momentos
para algumas seções |

Resistência dos materiais ID: Energia da deformação por torção | Potência transmitida por um eixo |
Diagrama de momento e ângulo de torção | Comentários sobre dimensionamentos | Exemplo: barra biengastada
sob torção |

Resistência dos materiais II: Tensões planas | Tensões principais no plano | Tensões (max e min) de
cisalhamento no plano | Círculo de Mohr para tensões planas |

Resistência dos materiais IIA: Tensões no espaço | Tensões principais | Círculo de Mohr para tensões no
espaço |

Resistência dos materiais IIA-2: Alguns casos particulares de tensões no espaço | Exemplo numérico para
tensões no espaço |

Resistência dos materiais III: Fundamentos da flexão | Forças e momentos internos em vigas | Diagramas de
esforços em vigas |

Resistência dos materiais IIIA: Momentos de inércia e de resistência de algumas seções: Circular cheia |
Elipse cheia | Hexágono regular | Perfil C | Perfil C vazado | Perfil em cruz | Perfil H | Perfil I | Perfil I abas
desiguais | Perfil I vazado | Perfil L | Perfil T aba horizontal | Perfil T aba vertical | Perfil U | Retângulo |
Semicírculo | Trapézio | Triângulo | Tubo | Tubo de parede fina | Tubo elíptico | Tubo elíptico de parede fina |
Tubo retangular |

Resistência dos materiais IIIB: Exemplos de diagramas de esforços em vigas: Viga apoiada com várias
cargas concentradas | Viga apoiada com carga uniformemente distribuída | Viga engastada com uma carga na
extremidade | Viga engastada com carga distribuída | Viga apoiada com momento concentrado |

Resistência dos materiais IIIC: Aspectos teóricos sobre carregamentos em vigas | Distribuição de tensões
transversais na flexão | Distribuição para seções retangulares e circulares | Distribuição para algumas outras
seções | Energia da deformação por flexão simples |

Resistência dos materiais IIID: Linha elástica de vigas flexionadas | Exemplo de cálculo da linha elástica |
Viga em balanço: outras considerações |

Resistência dos materiais IIIE: Vigas de igual resistência à flexão - Introdução | Alguns exemplos de seções
usuais: Retângulos de altura variável - carga concentrada, Retângulos de largura variável - carga concentrada,
Retângulos de altura variável em dois lados - carga concentrada, Retângulos de altura variável - carga distribuída,
Retângulos de largura variável - carga distribuída, Retângulos de altura variável - carga distribuída e viga em dois
apoios | Coluna de igual resistência |

Resistência dos materiais IIIF: Vigas de seção constante - Introdução | Alguns exemplos típicos: Biapoiada
com carga concentrada no meio; Biapoiada com carga concentrada em posição genérica; Biapoiada, carga
distribuída uniforme; Engastada apoiada, carga concentrada no meio; Engastada apoiada, carga distribuída
uniforme; Em balanço, carga concentrada na extremidade; Em balanço, carga distribuída uniforme |

Resistência dos materiais IIIG: Tabelas de perfis comerciais - Introdução | Perfis I laminados | Perfis U
laminados | Trilhos ferroviários |

Resistência dos materiais IIIG-2: Tabelas de perfis comerciais (continuação) - Introdução | Perfis L
(cantoneira) de abas iguais | Perfis H laminados |

Resistência dos materiais IV: Exemplo de torção simples | Exemplo de flexão - método da superposição |

Resistência dos materiais IVA: Problemas hiperestáticos: introdução e exemplo | Viga horizontal com três
apoios |

Resistência dos materiais IVB - Esforços compostos I: Introdução e flexão com cisalhamento | Torção
combinada com cisalhamento | Flexão combinada com tração |

Resistência dos materiais IVB-2 - Esforços compostos II: Flexão combinada com compressão | Núcleo
central de inércia | Núcleos centrais de inércia para algumas seções |

Resistência dos materiais V - Flambagem elástica: Introdução - Falha por flambagem | Equação básica da
flambagem elástica | Comprimento de flambagem | Coeficiente de esbeltez | Exemplo simples de cálculo |

Resistência dos materiais VA - Flambagem elástica e inelástica: Curva de flambagem | Fórmulas de


Tetmajer | Método do coeficiente de flambagem | Flambagem devido à torção |

As páginas seguintes foram publicadas antes da série acima mas podem fazer parte do grupo:

Elementos finitos - Princípios básicos: Exemplo | Matriz de rigidez (stiffness matrix) | Matriz de rigidez para a
treliça do exemplo | Condições de contorno |

Propriedades de seções planas: Momento estático, eixos centrais, centro de gravidade | Centros de gravidade
para seções comuns | Centro de gravidade para seções diversas | Momentos de segunda ordem | Valores para as
seções mais simples | Translação e rotação de eixos | Eixos principais | Elipse central de inércia | Direção
conjugada | Módulo de resistência | Círculo de Mohr
Resistência dos materiais I - Introdução, tração, compressão
Introdução - Esforços comuns
Tensão normal e tensão transversal
Tração e compressão: generalidades
Energia da deformação elástica
Tensão devido à dilatação linear

1-) Introdução - Esforços comuns (início da página)

Materiais sólidos tendem a se deformarem (ou eventualmente se romperem) quando submetidos a solicitações mecânicas. A
Resistência dos Materiais é um ramo da Engenharia que tem como objetivo o estudo do comportamento de elementos
construtivos sujeitos a esforços, de forma que eles possam ser adequadamente dimensionados para suportá-los nas condições
previstas de utilização.

Fig 1.1

A Figura 1.1 dá formas gráficas aproximadas dos tipos de esforços mais comuns a que são submetidos os elementos
construtivos:

(a) Tração: a força atuante tende a provocar um alongamento do elemento na direção da mesma.

(b) Compressão: a força atuante tende a produzir uma redução do elemento na direção da mesma.

(c) Flexão: a força atuante provoca uma deformação do eixo perpendicular à mesma.

(d) Torção: forças atuam em um plano perpendicular ao eixo e cada seção transversal tende a girar em relação às outras.

(e) Flambagem: é um esforço de compressão em uma barra de seção transversal pequena em relação ao comprimento, que
tende a produzir uma curvatura na barra.

(f) Cisalhamento: forças atuantes tendem a produzir um efeito de corte, isto é, um deslocamento linear entre seções
transversais.

Em muitas situações práticas ocorre uma combinação de dois ou mais tipos de esforços. Em alguns casos há um tipo
predominante e os demais podem ser desprezados, mas há outros casos em que eles precisam ser considerados
conjuntamente.

2-) Tensão normal e tensão transversal (início da página)

Seja, por exemplo, uma barra cilíndrica de seção transversal S submetida a uma força de tração F. É evidente que uma outra
barra de seção transversal maior (por exemplo, 2S), submetida à mesma força F, trabalha em condições menos severas do
que a primeira. Isto sugere a necessidade de definição de uma grandeza que tenha relação com força e área, de forma que os
esforços possam ser comparados e caracterizados para os mais diversos materiais.

Tensão é a grandeza física definida pela força atuante em uma superfície e a área dessa superfície. Ou seja, tensão = força /
área.

Pela definição, a unidade de tensão tem a mesma dimensão de pressão mecânica e, no Sistema Internacional, a unidade
básica é a mesma: pascal (Pa) ou newton por metro quadrado (N/m2).
Na Figura 2.1 (a) uma barra de seção transversal S é tracionada por uma força
F. Supondo uma distribuição uniforme de tensões no corte hipotético exibido, a
tensão , transversal ao corte é dada por:

= F/S #II.1#.

Observação: no caso de barras lisas tracionadas, as tensões se distribuem de


modo uniforme se os pontos de aplicação das forças estão suficientemente
distantes. Em outros casos, as tensões podem não ser uniformes e o resultado
desta fórmula é um valor médio.

Fig 2.1

Tensões podem ter componentes de modo análogo às forças. Na Figura 2.1 (b), é considerada uma seção hipotética, fazendo
um ângulo com a vertical, em uma barra tracionada por uma força F. E a força atuante nessa seção pode ser considerada
como a soma vetorial da força normal (F cos ) e da força transversal (F sen ).

Portanto, a tensão nessa superfície é a soma dos componentes:

Tensão normal, em geral simbolizada pela letra grega sigma minúsculo ( ).

Tensão transversal (ou de cisalhamento): em geral simbolizada pela letra grega tau minúsculo ( ).

3-) Tração e compressão: generalidades (início da página)

Consideramos, conforme Figura 3.1, uma barra redonda de diâmetro D e comprimento L na condição livre, isto é, sem
aplicação de qualquer esforço.

Se aplicada uma força de tração F, o comprimento aumenta para L1 (= L + L)


e o diâmetro diminui para D1.

O alongamento (ou deformação longi-


tudinal) da barra é a relação entre a variação de comprimento e o
comprimento inicial:

= L / L (adimensional).
Fig 3.1

Ou em termos percentuais: = 100 L / L #III.1#.

Paralelamente ao aumento de comprimento, ocorre uma redução do diâmetro, chamada contração transversal, dada por:

t = (D - D1) / D #III.2#.

A relação entre a contração transversal e o alongamento é dita coeficiente de Poisson H:

H= t / #III.3#. Valores típicos de H para metais estão na faixa de 0,20 a 0,40.

Os ensaios de tração determinam graficamente a relação entre a tensão


aplicada e o alongamento em uma amostra de determinado material. Mais
informações são dadas na página Ciência dos Materiais I.

A Figura 3.2 (a) dá a curva aproximada para um aço estrutural típico.

Existe um valor limite de tensão até o qual a tensão aplicada é proporcional à


deformação:

=E #III.4#.

Fig 3.2

Esta igualdade é chamada Lei de Hooke e o fator de proporcionalidade E é dito módulo de elasticidade do material (desde
que é uma grandeza adimensional, ele tem a mesma unidade da tensão). O módulo de elasticidade também é conhecido por
módulo de Young (homenagem ao cientista inglês Thomas Young).

Obs: para compressão, podemos considerar a mesma lei, considerando a tensão com sinal contrário (até, é claro, o valor
absoluto igual ao limite de proporcionalidade). Entretanto, alguns materiais exibem valores de E diferentes para tração e
compressão. Nesses casos, podemos usar as notações Et e Ec para a distinção.

Abaixo valores típicos de E e H para alguns metais.

Metal Aços Alumínio Bronze Cobre Ferro fundido Latão


E (GPa) 206 68,6 98 118 98 64
H 0,30 0,34 0,33 0,33 0,25 0,37

Voltando à Figura 3.2 (a), p é o limite de proporcionalidade do material, isto é, tensão abaixo da qual o material se
comporta segundo a lei de Hooke.

A tensão e é a tensão de escoamento, ou seja, o material entra na região plástica e as deformações são permanentes. b é
a tensão máxima e r é a tensão de ruptura.

Em materiais pouco dúcteis como ferro fundido, esses limites não ocorrem e uma curva típica é parecida com a Figura 3.2 (b).

Para aços, o teor de carbono exerce significativa influência nas tensões máximas. Abaixo alguns valores típicos de tensões de
escoamento e de ruptura para aços-carbono comerciais.

Teor C % 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50


e (MPa) 177 206 255 284 343
r (MPa) 324 382 470 520 618

Em geral, para fins de dimensionamento, no caso de materiais dúcteis considera-se a tensão admissível igual à tensão de
escoamento dividida por um coeficiente de segurança. No caso de materiais frágeis, a tensão de escoamento não é definida e
é usada a de ruptura dividida pelo coeficiente de segurança.

4-) Energia da deformação elástica (início da página)

Considerando a deformação elástica, isto é, de acordo com a lei de Hooke,


deseja-se saber a energia gasta para deformar a barra da condição de repouso
A (sem força aplicada) até B, onde uma força F mantém a barra no
comprimento L + L (Figura 4.1).

Fig 4.1

Observar que essa energia não é o simples produto F L, uma vez que a força varia com a deformação.

De acordo com a lei de Hooke (#III.4#), =F/S=E = E L / L #IV.1#. Chamando x uma deformação qualquer entre A e
B temos:

F / S = E x / L ou F = (ES/L) x. E o trabalho é dado pela integração F(x) dx entre A (x=0) e B (x= L):

W= 0, L F(x) dx = 0, L (ES/L) x dx = (ES/L) ( L)2 / 2.

Conforme #IV.1#, L = FL / SE. Assim, W = (ES/L) F2 L2 / (S2 E2 2). Simplificando:

W = F2 L / (2 E S) #IV.2#.
5-) Tensão devido à dilatação linear (início da página)

Se, conforme Figura 5.1 (a), uma barra de comprimento L a uma determinada temperatura t for submetida a uma variação
(positiva neste caso) de temperatura Dt, a variação do seu comprimento é dada por:

L=L t #V.1#. Onde é o coeficiente de dilatação linear do material


da barra.

Uma simples análise dimensional da fórmula acima permite concluir que a


unidade de no Sistema Internacional é 1/K ou 1/°C, uma vez que variações
unitárias de graus Kelvin e Celsius são idênticas.

Fig 5.1

Se a barra é impedida de dilatar, conforme Figura 5.1 (b), ela será submetida a uma força e, por conseqüência, tensão de
compressão.

Considerando o trabalho na região elástica conforme lei de Hooke, podemos usar a equação #III.4# para determinar a tensão
(neste caso, é claro, o esforço é de compressão e não de tração):

=E = E L / L. Substituindo L pelo valor dado em #V.1#: = E a t #V.2#.

A tabela abaixo dá valores aproximados do coeficiente de dilatação linear para alguns metais ou ligas comuns.

Metal Aços Alumínio Bronze Cobre Ferro fundido Latão


-5
10 1/°C 1,2 2,3 1,9 1,7 1,2 1.9
Resistência dos materiais IA - Propriedades de materiais, reservatórios de paredes
finas
Algumas propriedades dos materiais
Tensão admissível e coeficiente de segurança
Reservatório cilíndrico de parede fina
Reservatório esférico de parede fina
Algumas considerações sobre reservatórios

1-) Algumas propriedades dos materiais (início da página)

Resiliência é a propriedade de um corpo de devolver a energia armazenada devido a uma determinada deformação.

Na página Resistência dos materiais I foi visto que a energia da deformação de uma barra, da condição livre até a situação de
equilíbrio com uma força F, é dada por

W = F2 L / (2 E S). Multiplicando dividendo e divisor por S, temos: W = (F/S)2 L S / 2 E. Lembrando que F/S é a tensão de
deformação e L S, o volume da barra: W = 2 V / 2 E.

Na mesma página pode ser visto pela igualdade #III.4# que a relação entre tensão e deformação é =E ou E = / .
Substituindo na igualdade anterior, W = V / 2.

Substituindo na anterior, W = V / 2.

A energia de deformação por unidade de volume até o limite de


proporcionalidade é denominada módulo de resiliência ur do material.
Assim:

ur = W / V = p / 2 #I.1#.

No diagrama tensão-deformação da Figura 1.1 (a), equivale à área abaixo da


parte da curva até o limite de proporcionalidade p.

Fig 1.1

A tabela abaixo dá valores aproximados do módulo de resiliência para alguns materiais>

Material Acrílico Aço alto C Aço médio C Borracha Cobre Duralumínio


E (GPa) 3,4 206 206 0,001 118 72
p (MPa) 14 965 310 2 28 124
3
ur (MJ/m ) 0,029 2,26 0,23 2,1 0,0033 0,11

Tenacidade é a capacidade do material de absorver energia devido à deformação até a ruptura. É uma propriedade desejável
para casos de peças sujeitas a choques e impactos, como engrenagens, correntes, etc. Em geral, não é definido
numericamente. Pode-se considerar, de forma similar ao módulo de resiliência, como a área total abaixo da curva ut,
conforme Figura 1.1 (b). Algumas vezes são usadas as seguintes aproximações:

Para materiais dúcteis: ut r r e para materiais frágeis ut (2/3) r r #I.2#.

A Figura 1.2 mostra diagramas típicos de tensão x deformação para um aço de


alto teor de carbono (para molas por exemplo) e um de médio/baixo teor (para
estruturas por exemplo).

Pode-se notar que o aço para molas tem uma resiliência maior, como seria
esperado. Já o aço de médio carbono apresenta uma área sob a curva maior,
isto é, uma tenacidade mais alta. Entretanto, essas comparações são
aproximadas. O diagrama considera a tensão em relação à área inicial e, na
região plástica, não é a tensão real no material.

Fig 1.2
Outra propriedade bastante usada no estudo de materiais é a ductilidade. É também em geral uma característica não
definida numericamente. Quanto mais dúctil um material, maior a deformação de ruptura ( r). Isto significa que um material
dúctil pode ser, por exemplo, trefilado com mais facilidade. Alguns autores consideram dúctil o material com deformação de
ruptura acima de 0,05. O contrário da ductilidade é a fragilidade. Voltando à Figura 1.2, podemos notar que aços de elevado
carbono são mais frágeis (ou menos dúcteis) que os de médio carbono.

2-) Tensão admissível e coeficiente de segurança (início da página)

Os gráficos da Figura 2.1 já foram dados na página Resistência dos materiais I. São curvas típicas aproximadas de tensão x
deformação de materiais dúcteis (a) e frágeis (b). A Figura 1.2 do tópico anterior também mostra a diferença.

Os materiais frágeis não apresentam limite definido ( e) para as regiões elástica e plástica. Assim, para efeito de
dimensionamento, usa-se a tensão de ruptura ( r). Para os materiais dúcteis, usa-se a tensão de escoamento e.

Coeficientes de segurança são usados para prevenir incertezas quanto a


propriedades dos materiais, esforços aplicados, variações, etc.

No caso de peças tracionadas, é usual o conceito da tensão admissível dada


por:

adm = e / c para materiais dúcteis.

adm = r / c para materiais frágeis.

Onde c é o coeficiente de segurança.


Fig 2.1

A escolha do coeficiente de segurança é uma tarefa de responsabilidade. Valores muito altos significam em geral custos
desnecessários e valores baixos podem levar a falhas de graves conseqüências.

A tabela abaixo dá alguns critérios genéricos para coeficientes de segurança.


Coeficiente Carregamento Tensão no material Propriedades do material Ambiente
1,2 - 1,5 Exatamente conhecido Exatamente conhecida Exatamente conhecidas Totalmente sob controle
1,5 - 2,0 Bem conhecido Bem conhecida Exatamente conhecidas Estável
2,0 - 2,5 Bem conhecido Bem conhecida Razoavelmente conhecidas Normal
2,5 - 3,0 Razoavelmente conhecido Razoavelmente conhecida Ensaiadas aleatoriamente Normal
3,0 - 4,0 Razoavelmente conhecido Razoavelmente conhecida Não ensaiadas Normal
4,0 - 5,0 Pouco conhecido Pouco conhecida Não ensaiadas Variável

Observações:

- cargas cíclicas devem ser dimensionadas pelo critério de fadiga (aqui não dado).

- se houver possibilidade de choques, o mínimo coeficiente deve ser 2 multiplicado por um fator de choque (em geral, de 1,5
a 2,0).

- os dados da tabela são genéricos e muitas vezes subjetivos. Não devem ser usados em aplicações críticas e/ou de elevada
responsabilidade. Nestes casos, informações devem ser obtidas em literatura ou fontes especializadas, normas técnicas, etc.
3-) Reservatório cilíndrico de parede fina (início da página)

Um reservatório cilíndrico de raio r e espessura t é considerado de parede fina se r/t 10. Nessa condição, podemos supor
que as tensões se distribuem de maneira uniforme ao longo da espessura do cilindro.

Também é suposto que está sujeito a uma pressão interna uniforme p, maior
que a atmosférica e relativa à mesma, isto é, pressão manométrica.

O quadrilátero vermelho da Fig 3.1 representa uma porção elementar da


parede do cilindro, que sofre ação de uma tensão ao longo da circunferência 1
e uma tensão longitudinal 2.

Supomos o corte de uma porção cilíndrica de largura x (A da Figura 3.1).

Fig 3.1

Se a porção cilíndrica é cortada diametralmente, a tensão 1 atua na direção perpendicular às superfícies das extremidades S1
(áreas vermelhas da Figura 3.1 B). Para o equilíbrio estático, a força devido a essas tensões deve ser igual à força devido à
pressão interna p. Assim,

2 1 S1 = 2 1 x t = p 2r x. Notar que a força devido à pressão é igual ao valor dela multiplicado pela área frontal às
extremidades das superfícies S1 (2r x) e não ao longo da circunferência.

Portanto, 1 = p r / t #III.1#.

Para a tensão 2, consideramos um corte transversal do cilindro conforme


Figura 3.2.

A tensão 2 atua sobre uma coroa circular conforme região vermelha no lado
direito da figura. Como t é pequeno em relação a r, podemos considerar sua
área igual a 2 r t. E a força para equilibrar é igual à pressão interna
multiplicada pela área do círculo de raio r. Assim:

2 2 rt=p r2.

Fig 3.2

Portanto 2 = p r / (2 t) #III.2#. Por esta e pela igualdade #III.1# podemos concluir que a tensão determinante para
dimensionamento é 1, ou seja, a tensão no sentido da circunferência do cilindro. Outro aspecto importante: junções
(soldadas ou de outros tipos) ao longo do eixo do cilindro sofrem tensões iguais ao dobro das tensões em junções ao longo da
circunferência.

4-) Reservatório esférico de parede fina (início da página)

Seja um reservatório esférico de raio r e espessura t de parede. A parede é considerada fina (r/t 10), de forma similar ao
cilíndrico do tópico anterior.

Se o reservatório é preenchido com um fluido sob pressão p (relativa a


atmosférica), a simetria sugere que as tensões são as mesmas em quaisquer
direções.

Considerando uma semi-esfera conforme lado direito da Figura 4.1, a tensão


atua perpendicularmente à área vermelha (aproximadamente igual a 2 r t). E
a força para manter a condição de equilíbrio estático é igual à pressão interna
multiplicada pela área do círculo de raio r.

Fig 4.1

Assim, 2 r t = p r2. Ou = p r / (2 t) #IV.2#. Observar que é igual à menor tensão calculada para o reservatório
cilíndrico do tópico anterior. Por isso, podemos supor que o reservatório esférico é o que suporta maior pressão com a menor
quantidade de material.
5-) Algumas considerações sobre reservatórios (início da página)

Além das tensões superficiais, reservatórios submetidos a pressões internas estão sujeitos a tensões radiais, que variam do
valor da pressão na superfície interna até zero na superfície externa. Na suposição de paredes finas conforme tópicos
anteriores, essas tensões são em geral de 5 a 10 vezes menores que as demais e podem ser desprezadas.

As fórmulas dos dois tópicos anteriores valem para reservatórios sob pressão interna. No caso de reservatórios submetidos a
pressões externas (para vácuo por exemplo), falhas podem ocorrer antes da ruptura devido à deformação das superfícies.

As fórmulas dadas nos dois últimos tópicos são as mais simples para reservatórios cilíndricos e esféricos. Existem várias
outras considerações a tomar no projeto dos mesmos (coeficientes de segurança, reforços em apoios e outros locais como
tampas e saídas de tubos, temperatura, corrosão, etc). Consultar normas técnicas e outras fontes sobre o assunto.
Resistência dos materiais IB - Deformação por cisalhamento
Deformação por cisalhamento
Energia da deformação por cisalhamento
Exemplo: união soldada
Tensão admissível de cisalhamento

1-) Deformação por cisalhamento (início da página)

Se um material sofre um esforço de cisalhamento puro conforme Figura 1.1


(a), ele se deforma conforme (b) da mesma figura.

Na região elástica, o ângulo de distorção e a tensão são proporcionais:

=G #I.1#.

O coeficiente G é denominado módulo de elasticidade transversal ou


módulo de rigidez do material.

Fig 1.1

A relação com o módulo de elasticidade E e o módulo de Poisson H é dada por:

G = E / [ 2 (1 + H) ] #I.2#.

Para uma barra de seção transversal S constante, submetida a uma força


cisalhante F e sem considerar a deformação por flexão, temos o ângulo
aproximadamente igual a y/L para pequenas deformações (Figura 1.2).

Assim temos = F/S = G G y/L. Ou

y F L / (G S) #I.3#.
Fig 1.2

2-) Energia da deformação por cisalhamento (início da página)

A equação #I.3# do tópico anterior pode ser reescrita para a força F em função do deslocamento y: F = (GS/L) y. A energia
ou trabalho de deformação é dada pela integração do produto da força pelo deslocamento:

W= 0,y (GS/L) y dy = |0,y (GS/L) y2/2 = GS y2 / (2L).


Para exibir o trabalho em função da força F, substituímos y pelo valor da igualdade #I.3#:

W = GS (FL/GS)2 / (2L) = F2 L / (2 G S) #II.1#.

3-) Exemplo: união soldada (início da página)

Seja o exemplo da Figura 3.1: a uma chapa central são soldadas duas laterais totalizando 4 filetes de solda de seção
triangular, de comprimento L e largura t.

O conjunto é tracionado por uma força F atuante conforme figura. Nessa


condição, os esforços nos filetes de solda são basicamente de cisalhamento.

Considerando que a tração aplicada se distribui igualmente pelos 4 filetes, cada


um suporta um esforço de cisalhamento igual a F/4.

O Detalhe A da figura é uma ampliação do corte do filete. A menor seção tem


largura:

h = t 2 / 2. E, portanto, o máximo cisalhamento deve ocorrer nessa seção.


Fig 3.1

A tensão de cisalhamento aplicada no material da solda é dada por:

= (F/4) / (L h) = (F/4) / (L t 2 / 2) = F / (2 2 L t).

Valores típicos de tensões admissíveis em soldas para aços estão na faixa de 75 MPa. Consultar dados dos fabricantes.

4-) Tensão admissível de cisalhamento (início da página)

Na página Resistência dos Materiais IA foram dados alguns critérios para tensões admissíveis de peças tracionadas. Alguns
autores sugerem, para o cisalhamento, a tensão admissível de tração multiplicada por um fator que varia de 0,5 a 0,6.
Resistência dos materiais IB-2 - Alguns exemplos de tração e compressão
Deformação plástica residual
Ação da força centrífuga em barra girante
Dilatação linear com dois materiais

1-) Deformação plástica residual (início da página)

No esquema da Figura 1.1, a barra (azul) é considerada de seção transversal S constante. São conhecidos os valores de:

L: comprimento inicial.

E: módulo de elasticidade do material.


E: tensão de escoamento do material.
Lmax: aumento do comprimento devido à aplicação do esforço de tração.

Com esses dados, desejamos saber o aumento permanente Lperm, que ocorre
depois de retirada a força tracionante F.

Supomos que o material se comporta conforme o gráfico na parte direita da


referida figura.

Fig 1.1

Do início da deformação (0) até o escoamento (1), há uma relação linear entre tensão e deformação . Iniciado o
escoamento, a tensão permanece constante até a deformação máxima em (2). Na remoção do esforço (2) a (3), a relação
tensão e deformação volta a ser linear e, desde que o módulo de elasticidade não varia, o retorno se dá em uma reta paralela
a 01, deslocada devido à deformação residual da região plástica 12. É uma aproximação dos ensaios reais de tração.

A deformação máxima (em 2) é dada por 2 = Lmax/L.

A deformação máxima na região elástica (em 1) é dada por: 1 = E / E (ver lei de Hooke).

A geometria do gráfico permite concluir que a deformação em (3) é igual à diferença entre as deformações em (3) e em (1).
Assim:

3 = 2 - 1 = Lmax/L - E / E. Mas 3 = Lperm/L ou Lperm = 3 L.

Portanto, podemos determinar Lperm em função dos parâmetros supostamente conhecidos.

2-) Ação da força centrífuga em barra girante (início da página)

Conforme Figura 2.1, uma barra horizontal de seção transversal constante gira em torno de um eixo vertical que passa por
uma extremidade, com velocidade angular constante. Desejamos saber a atuação da força centrífuga ao longo do
comprimento da barra bem como sua deformação.

São conhecidos:
L: comprimento da barra.
S: área da seção transversal.
w: velocidade angular.
H: massa específica do material da barra.
E: módulo de elasticidade do material da barra.

Na página Dinâmica II, pode ser visto que, para uma massa puntiforme m que gira com velocidade angular w e raio r, a força
centrífuga é dada por F = m w2 R #II.1#.

Essa igualdade vale para uma massa concentrada em um ponto. No caso da barra em questão, ela é distribuída. Mas pode ser
tratada como uma massa puntiforme localizada no ponto de simetria (ponto médio) da parte considerada.

Seja um ponto P genérico situado a um raio r do centro. A força centrífuga atuante neste ponto é equivalente à da massa do
trecho PA concentrada no seu ponto médio, ou seja, distante r + PA/2 do centro O.
Mas PA = L - r. Portanto, o raio de giro dessa massa concentrada é r + (L -
r)/2. Simplificando, (L + r)/2.

A massa desta parte é H PA S = H (L - r) S.

Substituindo para a força centrífuga (#II.1#):

F = H (L - r) S w2 (L + r) / 2. Simplificando:
Fig 2.1
F(r) = H S w2 (L2 - r2) / 2 #II.2#.

Observar a notação F(r), que indica a dependência com o raio r. Na extremidade A (r = L) a força é nula, atingindo o valor
máximo em O (r = 0). Portanto a tensão máxima é dada por:

max = F(0)/S = H w2 L2 / 2 #II.3#.

A determinação da deformação não se faz pela simples divisão da tensão pelo módulo de elasticidade. Desde que a força varia
ao longo do comprimento (#II.2#), a tensão também varia, o que torna inválida a divisão mencionada.

Consideramos um comprimento infinitesimal dr distante r do centro O (isto é, dL está em P da figura). Dividindo a igualdade
#II.2# pela área S, temos a tensão atuante neste ponto:

(r) = H w2 (L2 - r2) / 2. Considerando dl a variação do comprimento dr provocada pela tensão , temos conforme lei de
Hooke:

dl / dr = / E = H w2 (L2 - r2) / (2 E). Ou dl = [ H w2 / (2E) ] (L2 - r2) dr. A variação total do comprimento é dada pela
integração:

l = 0,L dl = 0,L [ H w2 / (2E) ] (L2 - r2) dr = [ H w2 / (2E) ] |0,L (L2 r - r3/3).


l = [ H w2 / (2E) ] (L3 - L3/3) = [ H w2 / (2E) ] (2 L3 / 3) = [ H w2 L2 / 2 ] [2 L / (3E) ].

O primeiro termo entre colchetes é a tensão máxima dada por #II.3#. Assim,

l=2 max L / (3 E). Isto é a variação total de comprimento. Portanto, a divisão por L dá a deformação total da barra:

=l/L=2 max / (3 E) #II.4#.

3-) Dilatação linear com dois materiais (início da página)

Este problema é semelhante ao do Tópico 5 da página 1 desta série. A diferença é a existência de duas barras de materiais
diferentes, que sofrem a mesma variação de temperatura t e são impedidas de dilatar conforme (a) da Figura 3.1. As seções
transversais, consideradas circulares, também são diferentes.

Além das dimensões geométricas (L e D) indicadas na figura, supomos que são


conhecidos os módulos de elasticidade (E1 e E2) e os coeficientes de dilatação
linear ( 1 e 2) de cada material.

A condição de equilíbrio estático permite concluir que as reações dos apoios


são idênticas:

RA = RB = R. Portanto, ambas as partes estão sob o mesmo esforço de


compressão R.

Consideramos agora a situação (b) da figura, isto é, o aquecimento livre.

Fig 3.1

Nesta condição e segundo #V.1# da página 1, os comprimentos das partes seriam:

L1' = L1 + L1 1 t e L2' = L2 + L2 2 t.

E as variações:

L1dilat = L1 1 t e L2dilat = L2 2 t #III.1#.


Com a aplicação das reações dos apoios RA e RB, as barras sofrem uma deformação por compressão elástica, de forma que a
soma dos comprimentos finais L1F + L2F é igual à soma dos comprimentos iniciais L1 + L2.

Notar que os comprimentos finais L1F e L2F não são necessariamente iguais aos seus comprimentos iniciais L1 e L2, como pode
sugerir a figura. A igualdade está na soma de ambos.

S1 = D12/ 4 e S2 = D22/ 4 são as áreas das seções transversais de cada parte.

E as tensões em cada parte são:

1 = R/S1 = 4 R / ( D12) e 2 = R/S2 = 4 R / ( D22) #III.2#.

Conforme lei de Hooke temos =E = E L / L ou L = L / E. Assim,

L1compr = 1 L1 / E1 e L2compr = 2 L2 / E2 #III.3#.

Para impedir a dilatação livre, a soma das reduções de comprimento devido à compressão deve ser igual à soma dos
aumentos devido à dilatação:

L1compr + L2compr = L1dilat + L2dilat.

1 L1 / E1 + 2 L2 / E2 = L1dilat + L2dilat.
R L1 / S1 E1 + R L2 / S2 E2 = L1 1 t + L2 2 t.

R = [ L1 1 t + L2 2 t ] / [ L1 / S1 E1 + L2 / S2 E2].

R = [ L1dilat + L2dilat ] / [ 4 L1 / ( D12 E1) + 4 L2 / ( D22 E2) ] #III.4#.

Com essa igualdade a reação R fica determinada em função de parâmetros supostamente conhecidos e outros dados podem
ser calculados em função da mesma. Consideramos agora o exemplo numérico para t = 80ºC.

Seja alumínio o material da parte 1 e bronze o da parte 2. E os valores:


L1 = 0,45 m | D1 = 0,05 m | E1 = 69 GPa | 1 = 2,3 10-5 /ºC.
L1 = 0,50 m | D1 = 0,045 m | E2 = 98 GPa | 1 = 1,9 10-5 /ºC.

Conforme #III.1#:

L1dilat = 0,45 m 2,3 10-5 /ºC 80 ºC = 0,828 mm ou 0,828 10-3 m.

L2dilat = 0,50 m 1,9 10-5 /ºC 80 ºC = 0,760 mm ou 0,760 10-3 m.

Conforme #III.4#:

r = [8,28 10-4 m + 7,6 10-4 m] / [ 4 0,45 m / ( 0,052 m2 69 109 N/m2 + 4 0,50 m / ( 0,0452 m2 98 109 N/m2 ] 15,88 10-4
m / [ 3,32 10-9 (m/N) + 3,21 10-9 (m/N) ] 243,206 kN.

Calculamos agora as tensões de compressão conforme #III.2#:

1 = 4 243,206 103 / ( 0,052 m2) 123,864 MPa.


2 = 4 243,206 103 / ( 0,0452 m2) 152,918 MPa.

E as variações devido à compressão conforme #III.3#:

L1compr = 123,864 MPa 0,45 m / 69 GPa 0,808 10-3 m ou 0,808 mm.


L2compr = 152,918 MPa 0,50 m / 98 GPa 0,780 10-3 m ou 0,780 mm.

Desde que a dilatação aumenta o comprimento e a compressão diminui, a variação líquida é igual à diferença das duas.
Assim,

L1 = L1dilat - L1compr = 0,828 - 0,808 = 0,02 mm.


L2 = L2dilat - L2compr = 0,760 - 0,780 = -0,02 mm.

Os resultados positivo e negativo indicam que o alumínio é expandido e o bronze, comprimido. À primeira vista, isso pode
parecer estranho. É mais visível supor ambas as partes comprimidas. Mas os diâmetros e comprimentos são diferentes, os
materiais têm módulos de elasticidade e coeficientes de dilatação distintos. A combinação desses valores pode fazer
resultados deste tipo.
Resistência dos materiais IC - Deformação por torção - Parte 1
Torção de peças circulares
Momento polar de resistência
Tabela de momentos para algumas seções

1-) Torção de peças circulares (início da página)

Seja, conforme Figura 1.1, uma barra cilíndrica fixa em uma extremidade e submetida a um esforço de torção por um
conjugado de torque T na outra extremidade.

Esta solicitação é uma torção uniforme, uma vez que consideramos


homogêneo o material da barra. Assim, todos os pontos de cada circunferência
de qualquer seção transversal têm o mesmo deslocamento.

Um plano que passa pelo eixo do cilindro sofre uma deformação tal que o
ângulo sobre uma circunferência é função da distância x entre este círculo e
a extremidade engastada.

A simples dedução ou observação prática revelam que o ângulo aumenta


com o aumento de x. Para determinar a relação entre ambos, importante em
muitos casos práticos, é necessário em primeiro lugar um estudo das tensões
em cada plano de seção transversal.

Fig 1.1

Na Figura 1.2 é considerada uma porção elementar da barra, de comprimento dx. O processo de torção pode ser entendido
como o cisalhamento de dois planos próximos, como as extremidades desta seção elementar.

A observação prática demonstra que o ângulo de distorção de uma superfície elementar varia linearmente com o raio,
atingindo o valor máximo max na borda. Assim, = (r/R) max.

Se os ângulos são proporcionais aos raios, as tensões de cisalhamento também são pois estamos supondo que as
deformações ocorrem dentro da região elástica do material. Assim:

= (r/R) max #I.1#.

O torque T pode ser dado pela integração do produto das forças elementares
dF devido ao cisalhamento pela distância até o centro O, isto é, pelo raio: T =
r dF. Mas dF = dA, onde dA são as áreas elementares. Assim, T = r dA.

Substituindo conforme igualdade #I.1#:

T= r (r/R) max dA = ( max / R) r2 dA.

Mas r2 dA é o momento polar de inércia (Jp) da superfície (círculo neste caso)


em relação ao eixo de rotação O. E fica definida a relação entre torque e
tensão máxima:

Fig 1.2

T= max Jp / R ou max = T R / Jp #I.2#.


Voltando à proporcionalidade entre raio e tensão de cisalhamento (igualdade
#I.1#), podemos concluir que, em qualquer direção radial, a tensão varia de
zero até max conforme (a) da Figura 1.3.

Para o caso de eixo vazado (ou tubo) conforme Figura 1.3 (b), podemos
facilmente verificar que a tensão varia radialmente de um valor mínimo até
max.

Fig 1.3

Outro aspecto que vale mencionar é o fato das tensões de cisalhamento


ocorrerem sempre em pares perpendiculares.

Assim, em um corte hipotético de um eixo cilíndrico conforme Figura 1.4, há


tensões ao longo do eixo, de mesmos valores das tensões na seção
transversal.

Voltamos agora à Figura 1.1 e à questão inicial deste tópico, isto é, o ângulo
de torção da extremidade de um eixo cilíndrico na qual é aplicado um torque T,
supondo a outra extremidade fixa e comprimento L.

Fig 1.4

Pela Figura 1.2, podemos ver que, para uma pequena parte, d = max / R. Na página Resistência dos materiais IB pode ser
vista a relação entre ângulo de cisalhamento e a respectiva tensão = G . Assim, d = max / (G R). Substituindo max pelo
valor dado em #I.2# temos: d = T / (Jp G). Portanto, o ângulo é dado pela integração:

= 0,L [T / (Jp G)] dx = T L / (Jp G) #I.3#.

É evidente que esta fórmula vale apenas para eixos de seção constante e submetido à torção na extremidade. Para outros
casos, ela pode ser generalizada com o torque e momento polar de inércia em função de x:

= 0,L [ T(x) / (Jp(x) G) ] dx #I.4#.

2-) Momento polar de resistência (início da página)

Nas fórmulas de #I.2#, o momento de resistência polar Wp é dado por:

Wp = Jp / R #II.1#. Assim, o valor da tensão máxima fica dado por:

max = T / Wp #II.2#.

3-) Tabela de momentos para algumas seções (início da página)

Seção Nome Jp Wp Obs (ref torção)

D4 / 32 D3 / 16 Tensões máximas em
Círculo cheio ou ou quaisquer pontos da
D4 / 10 D3 / 5 circunferência periférica.

Tensões máximas em
Círculo vazado (tubo) (D4 - d4) / 32 (D4 - d4) / 16 D quaisquer pontos da
circunferência periférica.
Tensões máximas em
Tubo de parede fina e D3 / 4 e D2 / 2 quaisquer pontos da
circunferência periférica.

max nas extremidades


a3 b3
Elipse cheia 2 do eixo menor. Nas
/ a b / 16
(a/b 1) extremidades do maior:
16 (a2 + b2)
= max / (a/b).

max nas extremidades


(a/b)3 (b4 - b'4) (a/b) (b4 - b'4)
Tubo elíptico do eixo menor. Nas
/ /
a/b = a'/b' 1 extremidades do maior:
16 [ (a/b)2 + 1] 16 b
= max / (a/b).

a4 / 46,19 a3 / 20 Tensões máximas nos


Triângulo eqüilátero ou ou centros dos lados. Nos
h4 / 26 h3 / 13 vértices, tensões nulas.

0,1406 a4 Tensões máximas nos


Quadrado ou 0,208 a3 centros dos lados. Nos
a4 / 7,11 vértices, tensões nulas.

Tensões máximas nos


Retângulo (a b) centros dos lados
maiores. Nulas nos
c1 a b3 (c1/c2) a b2
(*) ver tabela no final vértices. Nos centros
deste tópico dos menores vale:
= c3 max.

Tensões máximas nos


Hexágono regular 1,847 a4 1,511 a3
centros dos lados.

Tensões máximas nos


Octógono regular 1,726 a4 1,481 a3
centros dos lados.

(*) para retângulos conforme tabela acima, os coeficientes são dados por:

c1 = (1/3) { 1 - 0,630 / (a/b) + 0,052 / [ (a/b)5 ] }.


c2 = 1 - 0,65 / [1 + (a/b)2].
A tabela abaixo dá os valores para algumas relações a/b:

a/b 1 1,5 2 3 4 6 8 10
c1 0,141 0,196 0,229 0,263 0,281 0,298 0,307 0,312
c2 0,675 0,852 0,928 0,977 0,990 0,997 0,999 1,000
c3 1,000 0,858 0,796 0,753 0,745 0,743 0,743 0,743
Resistência dos materiais ID - Deformação por torção - Parte 2
Energia da deformação por torção
Potência transmitida por um eixo
Diagrama de momento e ângulo de torção
Comentários sobre dimensionamentos
Exemplo: barra biengastada sob torção

1-) Energia da deformação por torção (início da página)

Na Figura 1.1, uma barra cilíndrica de raio R e comprimento L com a extremidade A fixa está submetida a um torque T na
extremidade B, de forma que o ângulo de torção nessa extremidade em situação de equilíbrio estático é .

Deseja-se saber a energia gasta para atingir tal situação a partir da condição
livre, isto é, girar um ponto na posição 1 até a posição 2 na figura de forma
que ele seja mantido nessa posição com um torque T aplicado.

No primeiro tópico da página Resistência dos materiais IC, foi dada a equação
para o ângulo em função do torque aplicado:

= T L / (Jp G). Portanto,


T = (Jp G / L) = k , onde k = Jp G / L.

O ângulo é, por definição, a razão entre segmento de circunferência a e o


raio R:
= a / R.

Fig 1.1

O torque T pode ser considerado igual ao momento de uma força tangencial F em relação ao eixo da barra, isto é, T = F R = k
conforme igualdade anterior. Ou F = (k/R) .

O trabalho (ou energia da deformação) é dado pela integração do produto da força pelos deslocamentos infinitesimais ou W =
F da. Substituindo pelos valores de F e das igualdades anteriores:

W= F da = (k/R) da = (k/R) (a/R) da = (k/R2) a da = (k/R2) a2/2 = (k/2) (a/R)2.

2
Mas a/R = e = T/k conforme já visto. Assim, W = (k/2) = (k/2) (T2/k2) = T2 / (2k).

Substituindo o valor de k (=Jp G / L) temos W = T2 L / (2 Jp G) #I.1#.

2-) Potência transmitida por um eixo (início da página)

A potência mecânica transmitida por um eixo está relacionada com o torque aplicado e a rotação de acordo com a seguinte
fórmula:

P=T #II.1#. Onde é a rotação em radianos por segundo.


3-) Diagrama de momento e ângulo de torção (início da página)

A Figura 3.1 dá o exemplo de uma barra cilíndrica com aplicação de dois


esforços de torção em locais distintos.

É suposto que a barra está engastada na extremidade C.

Na parte inferior da figura são dados diagramas aproximados dos esforços de


torção e ângulos de distorção ao longo do comprimento da barra.

Fig 3.1

4-) Comentários sobre dimensionamentos (início da página)

Conforme visto em Resistência dos materiais IC, a tensão máxima em um eixo submetido a um torque T é dada por max =T/
Wp #IV.1#.

Na mesma página é dado o ângulo de torção de um eixo de comprimento L submetido a um torque T: = T L / (Jp G).
Dividindo o valor por L, temos o ângulo de torção por unidade de comprimento: = T / (Jp G) #IV.2#.

É comum o uso de ambos os critérios para dimensionamento de eixos. Para tensão máxima, max, que é uma tensão de
cisalhamento, alguns critérios básicos podem ser vistos nas páginas Resistência dos materiais IB e tabela em Resistência dos
materiais IA.

Para o ângulo de torção por unidade de comprimento , encontram-se exemplos em literatura de valor máximo de 0,25 graus
por metro de comprimento no caso de eixos de aço. Lembrar que as fórmulas dadas usam ângulos em radianos e, portanto,
esse limite corresponde a aproximadamente 0,004363 radianos por metro de comprimento.

5-) Exemplo: barra biengastada (início da página)

Na Figura 5.1 uma barra cilíndrica engastada em ambas as extremidades está sob ação de um torque T no local da variação
de diâmetro. Deseja-se saber o ângulo de torção em B e a distribuição de torque ao longo da barra.

Para obedecer à condição de equilíbrio estático, um lado da barra deve estar


sob ação de um torque T-T' e o outro lado, de T'. Assim, a soma de ambos se
iguala ao torque externo T.

O diagrama de torque da figura não corresponde necessariamente ao real, pois


os valores e sinais serão dados pelos cálculos.

O ponto de partida para resolver este problema é considerar a barra secionada


em B, ou seja, como se fossem duas barras que, sob ação de T, apresentam o
mesmo ângulo de torção. Assim, as duas seções se comportam como se
fossem um corpo único.

E, desde que são engastadas, nas extremidades o ângulo é nulo.

Temos: AB = BC = B.

Fig 5.1

AB = (T-T') LAB / (JpAB G) = BC = T' LBC / (JpBC G). Portanto,


T' LBC / (JpBC G) + T' LAB / (JpAB G) = T LAB / (JpAB G).
Dividindo tudo por LAB / (JpAB G) temos:
T' LBC (JpAB G) / LAB (JpBC G) + T' = T ou T' = T / [1 + (LBC JpAB) / (LAB JpBC)].
Desde que por hipótese são conhecidos T, LAB, LBC e os momentos polares JpAB e JpBC (funções dos respectivos raios), o valor
de T' fica definido e o ângulo de giro B pode ser calculado conforme igualdade anterior (se conhecido, é claro, o valor do
módulo de elasticidade transversal G, que depende do material da barra).

Este é um exemplo de carregamento estaticamente indeterminado ou hiperestático de torção. As equações fundamentais


da estática, F = 0 e M = 0, não são suficientes para definir todas as variáveis. Além dessas, é necessário considerar o
deslocamento.
Resistência dos materiais II - Tensões planas ou estado duplo de tensões
Tensões planas
Tensões principais no plano
Tensões (max e min) de cisalhamento no plano
Círculo de Mohr para tensões planas

1-) Tensões planas (início da página)

Seja, por exemplo, um corpo em forma de disco conforme Figura 1.1. A


espessura (dimensão z) é pequena em relação às demais dimensões.

Nesta condição, pode-se considerar que tensões normais e transversais


atuantes em quaisquer partes elementares do corpo ocorrem somente no
plano xy, conforme A da figura.

São ditas tensões planas. Ou estado duplo de tensões.

Fig 1.1

Consideramos agora uma porção retangular do corpo de pequenas dimensões x e y (Figura 1.2). A espessura é considerada
z, que é a espessura (pequena) do corpo. Portanto, as áreas dos lados dos eixos x e y são x z e y z respectivamente.

Na situação de equilíbrio estático, a soma dos momentos em relação a um ponto qualquer é nula. Seja o centro O o ponto
considerado. Assim, os momentos das forças das tensões normais são nulos pois as linhas passam pelo ponto. Sobram os
momentos das forças das tensões transversais.

Desde que as forças correspondentes são as tensões multiplicadas pelas respectivas áreas de atuação, temos:

xy y z x / 2 + 'xy y z x / 2 - yx x z y / 2 - 'yx x z y / 2 = 0. Esta igualdade pode ser dividida pelo fator comum
x y z / 2, resultando em: xy + 'xy - yx - 'yx = 0.

Sejam 'xy = xy + xy e 'yx = yx + yx.

xy + xy + xy - yx - yx - yx = 0.

Ou xy - yx =( yx - xy) / 2.

Numa situação limite, o lado direito dessa equação tende para zero e podemos
escrever:

xy = yx #I.1#.
Fig 1.2

Para uma porção de seção triangular conforme Figura 1.3, usamos as condições de equilíbrio estático, Fx = 0 e Fy = 0,
para determinar as tensões no lado BC, conhecidas as tensões nos eixos x e y: x, y e xy (esta última e yx são iguais
conforme resultado anterior).

Chamamos S (= BC z) a área do lado BC. Assim, a área do lado AC é S sen e a do lado AB é S cos .

Consideramos um sistema de coordenadas x'y' tal que o eixo x' é perpendicular a BC.

Fx' = 0 = S- x S sen sen - y S cos cos - xy S sen cos - xy S cos sen .

= x sen2 + y cos2 + xy sen cos + xy 2 sen cos . Esta expressão pode ser simplificada se consideramos as
igualdades trigonométricas:

sen 2 = 2 sen cos , sen2 = (1 - cos 2 ) / 2 e cos2 = (1 + cos 2 ) / 2. Assim,

=( y + x) /2+[( y - x) cos 2 ] / 2 + xy sen 2 #I.2#.


Fy' = 0 = S+ x S sen cos - y S cos sen - xy S sen sen +
xy S cos cos .

Usando as mesmas igualdades trigonométricas, temos:

=[( y - x) sen 2 ] / 2 - xy cos 2 #I.3#.

Assim, ficam definidas as tensões em dada direção em função das tensões


conhecidas em um par de eixos xy.

Fig 1.3

2-) Tensões principais no plano (início da página)

As equações anteriores (#I.2# e #I.3#) permitem, conforme dito, determinar as tensões normal e transversal em qualquer
plano, dadas as tensões normais e transversais em dois eixos ortogonais conhecidos x e y. Entretanto, em muitos problemas
de Engenharia, o que se deseja saber são as tensões máximas para fins de dimensionamento do material.

Para saber a direção da tensão normal máxima, precisamos derivar #I.2# em relação a e igualar a zero:

d /d =-[( y - x) 2 sen 2 ] / 2 + 2 xy cos 2 = 0. A solução desta equação é:

tan 2 = 2 xy / ( y - x) #II.1#. Esta equação tem duas soluções (2 )1 e (2 )2, que diferem 180º entre si. Portanto, 1 e 2
diferem de 90° e a dualidade de soluções significa que há uma tensão máxima 1 e uma tensão mínima 2.

Tais tensões, 1 e 2, são denominadas tensões principais e os eixos ou planos correspondentes (ângulos 1 e 2) são
denominados planos principais. Notar que, conforme parágrafo anterior, as tensões principais são ortogonais entre si.

Na Figura 2.1 estão representados os ângulos (2 )1 e (2 )2. A equação #II.1#


pode ser reescrita: tan 2 = xy / [( y - x)/2].

Se consideramos:

11' = xy e 22' = - xy.


O1' = ( y - x)/2 e O2' = - ( y - x)/2.

Temos os valores de seno e co-seno:

Fig 2.1

Sen (2 )1 = xy / { [( y - x)/2]2 + xy
2
}1/2.
2 2
Cos (2 )1 = [( y - x)/2] / { [( y - x)/2] + xy }1/2.

Sen (2 )2 = - xy / { [( y - x)/2]2 + xy
2
}1/2.
2 2
Cos (2 )2 = - [( y - x)/2] / { [( y - x)/2] + xy }1/2.

Substituindo estes valores em #I.2# resulta:


2 2
1,2 = (1/2) ( y + x) ± (1/2) [ ( y - x) +4 xy ]1/2 #II.2#.

Se os valores são substituídos na equação da tensão transversal (#I.3#) resulta:

1,2 = 0 #II.2#. Isto significa que não há tensões transversais (ou de cisalhamento) nos planos principais.

3-) Tensões (max e min) de cisalhamento no plano (início da página)

De forma similar ao tópico anterior, as tensões transversais máxima e mínima podem ser obtidas pela derivação de #I.3# em
relação a :

d /d = 2 [ ( y - x) cos 2 ] / 2 - (-2) xy sen 2 = 0. Ou

tan (2 )t = - ( y - x) /2 xy #III.1#. Obs: a notação (2 )t serve para não confundir com 2 da tensão normal do tópico
anterior.

Semelhante à equação #II.1#, há duas soluções (2 )t1 e (2 )t2 que diferem 180º entre si. Assim, t1 e t1 têm diferença de
90º.
Podemos também notar que #III.1# e #II.1# têm valores absolutos inversos. Assim, 2 e (2 )t têm diferença de 90° e,
portanto, e t são separados de 45°. Portanto, o par de eixos das tensões máxima e mínima de cisalhamento está na
bissetriz do ângulo reto dos planos principais (tensões normais máxima e mínima).

Formulando seno e co-seno para (2 )t1 e (2 )t2 de maneira semelhante à do tópico anterior e substituindo em #I.3#,
chegamos a:

1,2= ± (1/2) [ ( y - x)2 + 4 xy2 ]1/2 #III.2#. O resultado indica que as tensões transversais máxima e mínima têm valores
absolutos idênticos, diferindo no sinal.

4-) Círculo de Mohr para tensões planas (início da página)

Abaixo são repetidas as igualdades #I.2# e #I.3# para as tensões normais e transversais conforme primeiro tópico:

=( y+ x) / 2 + [ ( y - x) cos 2 ] / 2 + xy sen 2 .
=[( y- x) sen 2 ] / 2 - xy cos 2 .

Elas podem ser rearranjadas para:

- [( y + x) / 2] = [( y - x) / 2] cos 2 + xy sen 2 .
= [( y - x) / 2] sen 2 - xy cos 2 .

Fazendo d = ( y - x)/2 e elevando ambas ao quadrado e somando:

2 2
{ -[( y+ x) / 2]} + = d2 cos2 2 + xy2 sen2 2 + 2 d cos 2 xy sen 2 +
d2 sen2 2 + 2 2
xy cos 2 - 2 d sen 2 xy cos 2 .

{ -[( y + x) / 2]}2 + 2
= d2 + xy
2
= [( y - x) / 2]2 + xy
2
.

Chamamos tensão média a expressão m =( y + x) / 2 #IV.1#.

Fazemos R2 = [( y - x) / 2]2 + xy
2
#IV.2#.

E a equação anterior fica resumida em:


2 2
( - m) + = R2 #IV.3#. Com m e R dados pelas igualdades anteriores.

Esta equação permite concluir que, num sistema de coordenadas ortogonais , os valores das tensões normais e
transversais estão em um círculo de raio R e centro em ( m,0). Este é o chamado círculo de Mohr, em homenagem ao
engenheiro alemão Otto Mohr.

A Figura 4.1 dá exemplo de um círculo de Mohr desenhado a partir de um determinado conjunto de valores x, y e xy.

O centro do círculo é determinado pela tensão média. Assim,


OC = m = ( y + x)/2.

E o raio é definido conforme #IV.2#.

Se OI é igual a y, IE é igual a yx. O ponto diametralmente oposto (F)


corresponde a x e xy (que é igual em módulo a yx, conforme já visto no
Tópico 1). Observar a diferença de 180º que corresponde a 2 , isto é, o ângulo
de 90º entre os eixos x e y.

OA é a tensão mínima 2 e OB a máxima 1. Assim, CB e CA representam os


planos principais.

Fig 4.1

Notar que a tensão de cisalhamento é nula em B e A, conforme já visto no tópico Tensões principais. As direções de
cisalhamentos máximo e mínimo (CH e CG) estão deslocadas de 2 = 90° e, portanto, = 45° dos planos principais,
conforme visto em Tensões (max e min) de cisalhamento no plano.

O ângulo entre CB e CE (2 p) representa o ângulo p entre o plano y e o principal 1.

Nas direções de máximo e mínimo cisalhamento (CG e CH), as tensões normais são idênticas e iguais a m.
Pela simetria do círculo, podemos notar que a soma x + y é constante.

Alguns casos particulares para o círculo de Mohr são exibidos na Figura 4.2.

(a): tração simples.

(b): compressão simples.

(c): cisalhamento simples.


Fig 4.2
Resistência dos materiais IIA1 - Tensões no espaço - Parte 1
Tensões no espaço
Tensões principais
Círculo de Mohr para tensões no espaço
Continua na Parte 2

1-) Tensões no espaço (início da página)

Na página anterior foram dados os princípios básicos da análise de tensões em um plano.

Na prática, os corpos são sempre tridimensionais, mas em vários casos as


tensões mais importantes atuam em determinado plano (ou mesmo em
determinado eixo) e as demais podem ser desprezadas.

Mas pode haver casos em que as tensões nos três eixos são relevantes e não
podem ser desconsideradas.

Para a análise, consideramos um volume em forma de paralelepípedo do corpo


a estudar. Ver Figura 1.1 ao lado.

Conforme pode ser deduzido do estudo da página anterior, cada face é


submetida a uma

Fig 1.1

tensão normal e a um par de tensões transversais.

Uma superfície genérica (não paralela a qualquer eixo) pode ser dada pelo plano ABC que divide o paralelepípedo pela
metade. Portanto, o objeto geométrico do estudo é o tetraedro OABC conforme Figura 1.2 (não está na mesma proporção da
figura anterior).

Em cada face perpendicular a um eixo atuam as tensões normais e transversais indicadas. No centro de gravidade GABC do
plano ABC atua uma tensão (vetor. Usada a convenção negrito) cujos componentes são x, y e z conforme canto superior
esquerdo da figura.

E podemos escrever a soma vetorial: = x + y + z.Sejam ux, uy e uz os vetores unitários para os respectivos eixos de
coordenadas. Temos portanto: = x ux + y uy + z uz.

Seja uN um vetor unitário normal à superfície ABC. Temos portanto os componentes:

uN = cos x ux + cos y uy + cos z uz. Onde x, y e z são os ângulos da normal com os eixos de coordenadas.

Vale também observar que a condição de equilíbrio M = 0 permite deduzir as igualdades em pares das tensões transversais:

xy = yx, xz = zx e yz = zy.

O equilíbrio estático permite concluir:

x =-( x uNx + xy uNy + xz uNz).


y =-( xy uNx + y uNy + yz uNz).
z =-( xz uNx + yz uNy + z uNz).

Em termos escalares, sem considerar sinais, podemos representar os


componentes na forma de produto de matrizes (#I.1#):

x sx txy txz cos x


y txy sy tyz cos y
=
z txz tyz sz cos z

Fig 1.2

A segunda matriz (caracteres azuis) é denominada matriz de tensões ou tensor dos esforços no espaço.#II.8#
E o módulo da tensão , normal à superfície ABC, é dado pelo produto escalar:

= . uN.

2 2
Para o componente transversal , temos o módulo dado por: = . - .

2-) Tensões principais (início da página)

No tópico anterior foi dada a relação entre as tensões em um plano qualquer e as tensões em planos do sistema de
coordenadas.

Mas isso não é tudo. Em geral, o que se deseja saber é algo similar à situação
de tensões planas, ou seja, os valores máximos que ocorrem.

No caso de tensões no plano, há dois eixos principais nos quais só atuam


tensões normais. Deduzindo para as tensões no espaço, é lógico supor (e
realmente ocorre) que existem três planos principais, ortogonais entre si,
sobre os quais só atuam tensões normais. Ou seja, as tensões de cisalhamento
são nulas.

As tensões normais atuantes nesses planos são ditas tensões principais e


são designadas por 1, 2 e 3.

Fig 2.1

Uma das três tensões principais é a máxima que ocorre e outra, a mínima. Para isso, usamos a convenção: 1 2 3.

Também de forma similar ao estado duplo, as tensões extremas de cisalhamento ocorrem nos planos bissetores dos
principais. São chamadas tensões principais de cisalhamento e dadas por:

1 =( 2 - 3) / 2, 2 =( 1 - 3) /2e 3 =( 1 - 2) / 2 #II.1#.

A determinação das tensões principais é matematicamente mais complexa do que a do estado duplo. Envolve conceitos de
autovalores e autovetores. Aqui só é dado o resultado na forma de soluções para a equação abaixo:
3
- A 2 + B - C = 0 #II.2#. Esta equação tem 3 soluções, correspondentes às tensões principais mencionadas. Os
coeficientes A, B e C são dados por:

A= x + y + z #II.3#.
2 2 2
B= x y + y z + x z- xy - yz - xz #II.4#.
2 2 2
C= x y z +2 xy yz xz - x yz- y xz- z xy #II.5#.

Demonstra-se que os coeficientes A, B e C são constantes em qualquer direção para a mesma matriz de tensões. Assim, as
igualdades anteriores devem valer também para as tensões principais, sendo nulas as de cisalhamento conforme já dito.
Portanto:

1 + 2 + = A #II.6#.
3
1 2 + 2 + 1 3 = B #II.7#.
3
1 2 3 = C #II.8#.
3-) Círculo de Mohr para tensões no espaço (início da página)

Na página anterior foi demonstrado que o estado plano de tensões pode ser
graficamente representado pelo círculo de Mohr.

Na Figura 3.1, supomos que as faces do volume coincidem com os planos


principais. Portanto, cada uma está sujeita somente às tensões principais 1, 2
e 3.

Consideramos um eixo fixo que passa por 3, em torno do qual o cubo gira.
Nesta situação, as tensões atuantes nas faces onde 1 e 2 se comportam
como um estado duplo e podem ser representadas pelo círculo de Mohr de
centro C3 (Figura 3.2).

Fig 3.1

A tensão 3, perpendicular ao plano considerado, não afeta o comportamento. Usando o mesmo raciocínio para os demais
eixos, chegamos ao conjunto de círculos da Figura 3.2.

É possível demonstrar que, para rotações em torno de outros eixos, os pontos


de tensões se localizam na área cinza da figura.

As tensões máximas de cisalhamento indicadas ( max1, max2 e max3) são as


máximas para rotações em torno de cada eixo perpendicular a um plano
principal conforme já comentado.

As coordenadas dos centros são dadas por:

C1[ ( 2+ 3)/2, 0]
C2[ ( 1+ 3)/2, 0]
C3[ ( 1+ 2)/2, 0 ] #III.1#.

Fig 3.2

Temos portanto os valores extremos: max = 1, min = 3 e max = max2.


Resistência dos materiais IIA2 - Tensões no espaço - Parte 2
Esta página é continuação da Parte 1.

Alguns casos particulares de tensões no espaço


Exemplo numérico para tensões no espaço

1-) Alguns casos particulares de tensões no espaço (início da página)

A Figura 1.1 dá exemplos do círculo de Mohr para tensões no espaço para alguns casos particulares.

Em (a), todas as tensões principais têm o mesmo valor, isto é, 1 = 2 = 3 =


' e as tensões de cisalhamento são nulas, isto é, 1 = 2 = 3 = 0. Esta
situação só pode ocorrer com um fluido submetido a uma determinada
pressão. Chamado portanto de condição hidrostática.

Em (b) e (c) duas das três tensões principais são iguais e temos uma condição
semi-hidrostática.

Fig 1.1

Em (d) e (e) temos duas tensões principais nulas, representando um estado simples de tensão (tração ou compressão).

Em (f) temos 2 = 0 e 1 = - 3, representando um estado de cisalhamento simples similar à condição exibida na página
Tensões planas, tópico 4.

2-) Exemplo numérico para tensões no espaço (início da página)

Seja um material sujeito às tensões nas direções das coordenadas de referência XYZ, com valores numéricos dados pela
Figura 2.1. Desejamos saber as tensões principais, normais e de cisalhamento.

Conforme convenções da página anterior:

x = 120 MPa
y = -20 MPa
z = 70 MPa

xy = yx = -40 MPa
yz = zy = 50 MPa
xz = zx = 25 MPa

Conforme #II.2# da página anterior, as tensões normais são as soluções da


seguinte equação do terceiro grau:

Fig 2.1

3 2
-A +B - C = 0. E as fórmulas para os coeficiente A, B e C são dadas no mesmo tópico:

A= x + y + z = 120 + (-20) + 70 = 170 MPa.

B = x y + y z + x z - 2xy - 2yz - 2xz.


B = 120 (-20) + (-20) 70 + 120 70 - (-40)2 - 502 - 252.
B = -2400 - 1400 + 8400 - 1600 - 2500 - 625 = - 125 MPa2.

C = x y z + 2 xy yz xz - x 2yz- y 2xz- z 2xy.


C = 120 (-20) 70 + 2 (-40) 50 25 - 120 502 - (-20) 252 - 70 (-40)2.
C = - 168000 + 100000 - 300000 + 12500 - 112000 = - 478750 MPa3.
3 2
E temos a equação anterior: - 170 - 125 + 478750 = 0.
As soluções para esta equação podem ser vistas graficamente na Figura 2.2 ao
lado.

Em outras palavras, são os valores de que fazem a função

3 2
F( ) = - 170 - 125 + 478750 ter valor igual a zero.

Para determinar os valores numéricos, podemos usar um método de


aproximações sucessivas que encontre uma das soluções.

Usamos aqui o método da bisseção (ou bissecção). É simples, embora a


convergência não seja tão rápida pois é um processo linear.

Fig 2.2

A Figura 2.3 abaixo dá o princípio para uma função genérica F(x).

Escolhemos dois valores arbitrários x1 e x2 tais que F(x1) F(x2) < 0. Assim, pelo
menos uma solução, F(x) = 0, está entre x1 e x2.

Se o produto F(x1) F(xm) é positivo, o próximo valor de x1 é xm e x2 permanece.


Caso contrário, o próximo valor de x2 é xm e x1 permanece. Continuando o
procedimento, os valores médios se aproximam da solução conforme indicado
na figura (xm, xm', etc).

Fig 2.3

Para determinar o valor exato, precisaríamos da impossibilidade prática de infinitos passos. Num procedimento real, podemos
estabelecer um intervalo mínimo delta = x2 - x1, executando as iterações até este valor. E um código em Visual Basic para o
método com a equação dada para as tensões principais seria:

Function func_x(x)
func_x = x ^ 3 - 170 * x ^ 2 - 125 * x + 478750
End Function

Sub bissec()
Dim x1, x2, xm, delta
delta = 0.0001
x1 = -100
x2 = 50
Do While (x2 - x1) > delta
xm = (x2 + x1) / 2
If ((func_x(x1) * func_x(xm)) > 0) Then
x1 = xm
Else
x2 = xm
End If
Loop
Worksheets("Plan1").Cells(1, 1).Value = xm
End Sub

Este código é, na realidade, uma macro em uma planilha Excel que considera:

delta = 0.0001, x1 = -100, x2 = 50. O resultado é dado na célula A1 da planilha "Plan1":

A1 -47,23 MPa. Supomos que este é o valor de 3. Podemos considerar 1 ou 2. Neste caso, precisamos apenas permutar
os valores finais de forma que 1 2 3, satisfazendo a convenção adotada.
Conforme igualdades de #II.6# a #II.8# da página anterior (substituindo o valor de 3 e das constantes):

1 + 2 - 47,23 = 170.
1 2 + 2 ( 47,23) + 1 ( 47,23) = -125.
1 2 ( 47,23) = - 478750.

Combinando a 1ª e a 2ª equação temos:


2
1 + 478750/(47,23 1) = 217,23. Ou 47,23 1 + 478750 = 10259,8 1.

Ou 47,23 12 - 10259,8 1 + 478750 = 0. Esta é uma equação comum do segundo grau e as duas soluções devem ser
entendidas como 1 e 2. Resolvendo e considerando a solução 3 anterior ( -47,2), temos:

1 149,4 MPa, 2 67,9 MPa e 3 -47,2 MPa.


Resistência dos materiais III - Fundamentos da flexão simples
Fundamentos da flexão
Forças e momentos internos em vigas
Diagramas de esforços em vigas

1-) Fundamentos da flexão (início da página)

Flexão é um dos esforços comuns, conforme mencionado na introdução da página Resistência dos materiais I. É um dos
esforços mais desfavoráveis, mas, na prática, não pode ser evitado em muitos casos.

Elementos sujeitos à flexão podem ser vistos em edificações, estruturas,


máquinas e em muitos outros lugares.

Na Figura 1.1 (a), uma barra de seção transversal retangular sofre esforços de
flexão por forças atuantes em um plano que passa por um dos eixos centrais
de inércia da seção. Esta situação é chamada flexão simples.

Se o plano não passa por um eixo central - Figura 1.1 (b) - ocorre a flexão
oblíqua.

Fig 1.1

A flexão simples ocorre (ou assim pode ser considerada) em muitos casos práticos e, evidentemente, é a de formulação mais
fácil. Portanto, ela será o objeto principal desta página.

A Figura 1.2 (a) representa uma pequena parte da vista lateral de uma barra de seção transversal genérica conforme (b),
submetida à flexão provocada por um momento M.

A geometria da deformação sugere (e realmente acontece) que uma parte (a superior neste caso) da seção transversal está
sob esforços normais de compressão e outra parte (inferior), de tração. A linha que divide essas duas partes é denominada
linha neutra (LN) porque, naturalmente, as tensões ao longo da mesma são nulas.

Também pode ser constatado experimentalmente que as tensões em pontos de linhas paralelas à neutra são iguais e variam
linearmente com a distância vertical y. Assim, no gráfico da Figura 1.2 (c), as tensões variam de um máximo de compressão
1 na extremidade superior da seção transversal (distância e1 da linha neutra) até um máximo de tração 2 na extremidade
inferior (distância e2 da linha neutra).

Com a linearidade mencionada, a tensão em um ponto situado a uma distância genérica y da linha neutra pode ser escrita
como: = ( 1/e1) y #I.1#.

Aplicando a primeira condição de equilíbrio estático ( Fx=0), temos:

Fx = dS = ( 1/e1) y dS = 0. Assim,

( 1/e1) y dS = 0. Na página Seções planas, pode ser visto que y dS é o


momento estático da superfície em relação a LN. Havendo flexão, ( 1/e1) não é
nulo e y dS deve ser zero. Assim podemos dizer que a linha neutra passa pelo
centro de gravidade da seção transversal.

Fig 1.2

Por enquanto não será considerada a segunda condição de equilíbrio estático ( Fy=0), pois isto implica a existência de tensões
de cisalhamento, que realmente ocorrem e serão vistas posteriormente.

Para a terceira condição de equilíbrio ( Mi=0), devemos ter a soma dos momentos internos igual ao momento M aplicado
externamente. Portanto,

M = y dS = y ( 1/e1) y dS = ( 1/e1) y2 dS. Mas o fator y2 dS é o momento de inércia J em relação à linha neutra.
Portanto, 1 J / e1 = M. Desta igualdade podemos isolar o valor de 1 e, combinando com #I.1# anterior, também o de 2,
resultando nas equações básicas da flexão simples:
1 = M e1 / J e 2 = M e2 / J #I.2#.

Ou seja, as tensões máximas de tração e compressão estão localizadas nas extremidades da seção transversal e são dadas
em função do momento de flexão aplicado, das distâncias dessas extremidades em relação à linha neutra e do momento de
inércia em relação à mesma linha.

Notar que, no caso da Figura 1.2, 1 é compressão e 2, tração. Mas será o contrário se o momento externo for invertido.

Considerando a definição de momento ou módulo de resistência W, as igualdades anteriores podem ser escritas como:

1 = M / W1 e 2 = M / W2 #I.3#. Onde W1 = J / e1 e W2 = J / e2.

O dimensionamento é feito pela comparação com as tensões admissíveis:

1 1adm e 2 2adm #I.4#. Onde 1adm e 2adm são as tensões admissíveis para tração e compressão ou vice-versa conforme
já comentado.

Se a seção transversal é simétrica em relação à LN, temos e1 = e2 = e. Por conseqüência,


W1 = W1 = W. E temos apenas uma igualdade

= M / W #I.5#, ou seja, a tensão máxima de tração é igual à máxima de compressão.

Fica evidente que o conhecimento do momento de inércia e/ou módulos de resistência da seção transversal é fundamental no
cálculo da flexão. A página Resistência dos materiais IIIA dá as fórmulas para alguns tipos comuns.

2-) Forças e momentos internos em vigas (início da página)

Vigas horizontais carregadas são elementos comuns na prática e o dimensionamento exige a determinação das tensões
internas em função da(s) carga(s) aplicada(s).

Seja, conforme Figura 2.1 (a), uma viga horizontal com um carregamento
genérico F(x) ao longo do seu comprimento. A simples dedução lógica permite
concluir que esta viga está internamente submetida a esforços de cisalhamento
e flexão.

Considerando um corte transversal hipotético em um local qualquer A,


podemos separar os esforços distintos: cisalhamento conforme (b) da figura e
momento de flexão conforme (c) da mesma figura.

Alguns usam os termos "esforço cortante" para o cisalhamento e "momento


fletor" para o outro.

Fig 2.1

Também pode ser encontrada a expressão "força transversal" para o cisalhamento.

Em geral adotam-se as convenções de sinais como em (b) e (c), isto é, cisalhamento positivo tende a girar cada parte no
sentido horário e momento positivo tende a tracionar a parte inferior e comprimir a parte superior da viga.

Obs: os sinais de cisalhamento e momento da figura não têm relação com o carregamento indicado.

3-) Diagramas de esforços em vigas (início da página)

A Figura 3.1 (a) dá exemplo de um dos carregamentos mais simples: uma viga apoiada em dois cutelos com uma única carga
vertical F1. O apoio sobre cutelos garante que não há momentos nas extremidades e que não há forças longitudinais se o
carregamento é vertical, pois o cutelo direito está sobre rolos.

Considerando a origem das coordenadas x=0, um problema típico consiste em determinar os esforços ao longo da viga
conhecidos os valores de F1, o seu ponto de aplicação x1 e o comprimento da viga x2.
O esquema das forças atuantes na viga é dado em (b) da figura. F0 e F2 são as reações dos apoios. Notar que é uma viga
estaticamente determinada, isto é, todas as forças podem ser calculadas pela aplicação das condições de equilíbrio estático
(soma das forças nulas e também dos momentos).

De Fy = 0, temos F1 = -F0 - F2. De M = 0 (em relação ao ponto 0 por exemplo), temos


F1 x1 = -F2 x2. A condição Fx = 0 não se aplica por não existir força neste sentido.

Portanto, F2 = - F1 x1 / x2.

F0 = -F1 - F2 = -F1 + F1 x1 / x2. Ou

F0 = -F1 (x2 - x1) / x2.

Consideramos agora um trecho genérico de 0 a um ponto x, à esquerda de 1,


conforme (c) da figura.

Aplicando a condição de equilíbrio Fy = 0, temos em módulo: Fc = F0. E o


cisalhamento interno é positivo conforme critério do tópico anterior. Assim, do
ponto 0 até 1 temos
Fc = F0. É fácil deduzir que do ponto 1 ao ponto 2 vale:

Fc = F0 + F1 = - F2.

Novamente consideramos o ponto x à esquerda do ponto 1 conforme figura.

Fig 3.1

Aplicando a condição M = 0 em relação a x, temos: M = x F0 (positivo conforme critério do tópico anterior). Entre os pontos
1 e 2 temos: M = x F0 - (x - x1) F1.

Se substituímos os valores de F0 e F1 conforme já calculado, temos:

Entre 0 e 1: M = F1 (x2 - x1) x / x2.

Portanto, para x = 0, M = 0 e para x = x1, M = F1 (x2 - x1) x1 / x2.

Entre 1 e 2: M = x F0 - (x - x1) F1 = x (F0 - F1) + x1 F1. Mas F0 - F1 = - F2.

Assim, M = - x F1 x1 / x2 + x1 F1 = F1 (x1 - x1 x / x2 ) = F1 x1 (1 - x / x2 ).

Portanto, para x = x2, M = 0. Para x = x1, M = F1 x1 (1 - x1 / x2) = F1 x1 (x2 - x1) / x2 . Notar que é igual ao valor do trecho
anterior. E o gráfico é conforme (e) da figura.

Resumindo, podemos escrever os valores máximos:

Fc_max = max (F0, F2) com F0 = F1 (x2 - x1) / x2 e F2 = F1 x1 / x2.

Mmax = F1 (x2 - x1) x1 / x2.


Resistência dos materiais IIIA - Momentos de algumas seções comuns
Momentos de inércia e de resistência de algumas seções:

Circular cheia | Elipse cheia


Hexágono regular
Perfil C | Perfil C vazado
Perfil em cruz | Perfil H
Perfil I | Perfil I abas desiguais | Perfil I vazado
Perfil L
Perfil T aba horizontal | Perfil T aba vertical
Perfil U
Retângulo | Semicírculo
Trapézio | Triângulo
Tubo | Tubo de parede fina
Tubo elíptico | Tubo elíptico de parede fina
Tubo retangular

1-) Momentos de inércia e de resistência de algumas seções


Observações:

a) Os valores são dados em relação a um eixo de referência (x e/ou y) coincidente com a linha neutra da seção.
Naturalmente, nos casos de seções circulares, o valor independe da orientação do eixo.

b) Em alguns casos o valor do momento de inércia é dado em função das distâncias acima ou abaixo da linha neutra (e1, e2) e
seus valores são dados no lugar do momento de resistência W. Mas este pode ser calculado pela simples relação W = J / e.

c) Reafirmando condições da página inicial do site, os melhores cuidados foram perseguidos na elaboração desta tabela.
Entretanto, não há quaisquer garantias e/ou responsabilidades pelo seu uso. Dados para aplicações críticas devem sempre ser
verificados em mais de uma fonte.

Seção Nome/aspecto J W

J= D4 / 64 W= D3 / 32
Circular cheia
ou ou
(início)
J D4 / 20 W D3 / 10

Tubo
J= (D4 - d4) / 64 W= (D4 - d4) / (32 D)
(início)

J= t r3 [1 + (t/2r)2] W = J / (r + t/2)

Tubo de parede Onde r = D/2 (raio médio). Onde r = D/2 (raio médio).
fina
(início) Ou Ou
J t r3 W t r2

Jx = a3 b / 4 Wx = a2 b / 4
Elipse cheia
Jy = a b3 / 4 Wy = a b2 / 4
(início)
Tubo elíptico Jx = (a3b - a'3b') / 4 Wx = Jx / a
(início)

Tubo elíptico de
Jx a2 (a + 3b) t / 4 Wx a (a + 3b) t / 4
parede fina
(início)

Wx 0,0238 D3
4
Semicírculo Jx 0,00686 D Com
(início) e 0,2878 D

Jx = b a3 / 12 Wx = b a2 / 6
Retângulo
Jy = a b3 / 12 Wy = a b2 / 6
(início)

Wx = a h2 / 24
3
Triângulo Jx = a h / 36 Com
(início) e=2h/3

Wx = 0,625 a3
Hexágono regular Jx = Jy 0,5413 a4
Wy 0,5413 a3
(início)

Wx = h2 (a2 + 4ab + b2)


/
Jx = h3 (a2 + 4ab + b2)
12 (2a + b)
Trapézio /
(início) 36 (a +b)
Com
e = h (2a + b) / [3 (a + b)]

e2 = (aH2 + bd2)
/
Perfil T aba 2 (aH + bd)
Jx = (Be23 - bh3 + ae13) / 3
horizontal
(início)
e1 = H - e2
Perfil L Idem Idem
(início)

Perfil U Idem Idem


(início)

Tubo retangular Jx = (BH3 - bh3) / 12 Wx = (BH3 - bh3) / (6 H)


(início)

Perfil I Idem Idem


(início)

Perfil C Idem Idem


(início)

Jx = B (H3 - h3) / 12 Wx = B (H3 - h3) / (6 H)


Perfil I vazado
+ f (h3 - g3) / 12 + f (h3 - g3) / (6 H)
(início)

Perfil C vazado Idem Idem


(início)

Perfil H Jx = (BH3 + bh3) / 12 Wx = (BH3 + bh3) / (6 H)


(início)
Perfil em cruz Idem Idem
(início)

Perfil T aba vertical Idem Idem


(início)

e2 = [aH2 + B1d2 +
b1d1 (2H - d1)]
Perfil I abas
Jx = (Be23 - B1h3 /
desiguais em
+ be13 - b1h13) / 3 2 (aH + B1d + b1d1)
largura
(início)
e1 = H - e2
Resistência dos materiais IIIB - Exemplos de diagramas de esforços em vigas
Esta página dá exemplos de diagramas de esforços para alguns tipos de
carregamentos de vigas horizontais estaticamente determinadas, uma
continuação do último tópico da página Resistência dos materiais III.

Viga apoiada com várias cargas concentradas


Viga apoiada com carga uniformemente distribuída
Viga engastada com uma carga na extremidade
Viga engastada com carga distribuída
Viga apoiada com momento concentrado

1-) Viga apoiada com várias cargas concentradas (início da página)

O último tópico da página já mencionada (Resistência dos materiais III) dá exemplo do diagrama para viga apoiada com uma
carga concentrada. Isso pode ser considerado caso particular de uma situação mais genérica, ou seja, viga com mais de uma
carga concentrada.

A Figura 1.1 (a) dá um exemplo para três forças F1, F2 e F3 que são conhecidas, bem como os respectivos pontos de aplicação
(x1, x3 e x3) e o comprimento total x4. As forças F0 e F4 são as reações dos apoios.

Da condição de equilíbrio Fy = 0, temos: F0 + F4 = F1 + F2 + F3.

Da condição M = 0 (em relação a 0 por exemplo): F4x4 = F1x1 + F2x2 + F3x3.

Portanto, F4 = (F1x1 + F2x2 + F3x3) / x4 e


F0 = F1 + F2 + F3 - F4. Ou seja, F0 e F4 são formulados em função de
parâmetros conhecidos.

Na figura 1.1 (b), uma parte da viga, de comprimento menor que x1. Pela
condição de equilíbrio dada pela soma das forças verticais igual a zero, temos
o cisalhamento igual à reação do apoio esquerdo, isto é,

Fc = F0. Sendo F0 calculado conforme igualdade anterior. Ver gráfico em (c).

Para o trecho entre 1 e 2, o cisalhamento sofre a contribuição de F1, atuante


em sentido contrário. Assim, Fc = F0 - F1.

De forma análoga, podemos verificar que entre 2 e 3 vale Fc = F0 - F1 - F2. E,


para o trecho entre 3 e 4, temos:

Fc = F0 - F1 - F2 - F3.

Fig 1.1

O sentido do cisalhamento começa positivo, de acordo com critérios dados em Resistência dos materiais III.

Para os momentos de flexão, entre 0 e 1 temos: M = F0 x. E para o trecho entre 1 e 2:


M = F0 x - F1 (x - x1) = (F0 - F1) x + F1x1. Para a parte entre 2 e 3:
M = F0 x - F1 (x - x1) - F2 (x - x2) = (F0 - F1 - F2) x + F1x1 + F2x2. Para o trecho 3-4 podemos fazer a analogia direta: M = (F0 -
F1 - F2 - F3) x + F1x1 + F2x2 + F3x3. E o gráfico é algo parecido com a Figura 1.1 (d).

Para a última igualdade, se fazemos x = x4 temos:


M = (F0 - F1 - F2 - F3) x4 + F1x1 + F2x2 + F3x3. Mas (F0 - F1 - F2 - F3) = - F4 conforme já visto
e F4x4 = F1x1 + F2x2 + F3x3. Ou M = -F4 x4 + F4 x4 = 0, que é um resultado esperado, pois não pode haver momento em
extremidades apoiadas em cutelos.

Este exemplo foi dado para 3 forças, mas se pode notar que é facilmente adaptável para qualquer número delas.
2-) Viga apoiada com carga uniformemente distribuída (início da página)

Nos exemplos vistos até aqui, a função matemática das forças aplicadas em razão da posição
F = f(x) é uma função discreta, isto é, o seu valor só é diferente de zero em determinados pontos.

Um carregamento é dito distribuído se as forças atuam em todos os pontos no trecho considerado. Neste caso, o valor é
especificado em termos de força por unidade de comprimento q (newton por metro, por exemplo). E o carregamento é dito
uniformemente distribuído se o valor de q é constante no trecho considerado.

No carregamento da Figura 2.1 (a) uma carga uniformemente distribuída q atua em toda a extensão da viga. Exemplo comum
para isso é o peso próprio da viga.

A força equivalente de uma carga uniformemente distribuída é igual ao produto


do seu valor q pelo comprimento considerado, com atuação no ponto médio do
mesmo.

Portanto, a força no total da viga é q x1, atuando em x1/2.

A condição de equilíbrio Fy = 0 e a simetria permitem deduzir as reações dos


apoios:

F0 = F1 = q x1 / 2.

Numa parte genérica de comprimento x conforme (b) da figura, a condição


Fy = 0 determina o cisalhamento: Fc = F0 - q x.

Ou Fc = q x1 / 2 - q x. Portanto, uma reta com valor F0 para x=0 e -F0 para x =


x1.

Fig 2.1

Para os momentos, considerando M = 0 para o ponto x, temos:

M = F0 x - q x x / 2 = - (q/2) x2 + F0 x. Isto é a equação de uma parábola e pode ser visto que tem valores nulos nos
extremos (x=0 e x=x1). E o gráfico tem a forma dada na Figura 2.1 (d).

Notar que as formulações para o cisalhamento e para o momento são contínuas porque a força aplicada tem atuação também
contínua.

A simplicidade do caso permite deduzir que o momento máximo se encontra no ponto médio. Formalmente pode ser
encontrado fazendo a derivada do momento nula em relação a x e resolvendo a equação diferencial:

dM/dx = - (q/2) 2 x + F0 = 0. Ou -q x = - q x1 / 2. Portanto, x = x1 / 2.


3-) Viga engastada com uma carga na extremidade (início da página)

Este é um exemplo que pode ocorrer em várias situações práticas: uma viga engastada em uma extremidade suporta uma
carga vertical na outra, conforme (a) da Figura 3.1. Também denominada "viga em balanço".

Consideramos "apoio" o engaste na coordenada x=0. De Fy = 0 temos F0 = F1 (em módulo).

De M = 0 (em relação a 0 por exemplo), temos M0 = F1 x1 (também em


módulo). Notar que necessariamente ocorre um momento no apoio, pois não
há outra força para compensar a ação de F1.

Analisando uma parte de comprimento x conforme (b) da figura, temos para o


cisalhamento Fc = F0 = F1 = constante. E o sinal é positivo de acordo com
critérios dados em Resistência dos materiais III.

Para o momento, M = M0 - Fc x ou
M = F1 x1 - F1 x = F1 (x1 - x). E deve ser negativo de acordo com critérios já
dados na mesma página.

Portanto M = - F1 (x1 - x).

Fig 3.1

A equação do momento é uma reta com valor absoluto máximo igual a F1 x1 para x=0.

4-) Viga engastada com carga distribuída (início da página)

Este problema é similar ao do tópico anterior, diferindo na formulação da força devido à carga distribuída.

A força equivalente do carregamento é q x1. Assim, de Fy = 0 temos em


módulo:

F0 = q x1.

De M = 0 (em relação a 0) e considerando que a força equivalente atua em


x1/2, temos também em módulo:

M0 = q x1 x1 / 2 = q x12 / 2.

De acordo com o trecho genérico em (b) da figura, o cisalhamento é dado por:

Fc = F0 - q x = q x1 - q x = q (x1 - x).

É uma reta de valor q x1 em x=0 e 0 em x=x1.

Fig 4.1

De M = 0, em (b) da figura e em relação a 0, temos a variação do momento:

M = M0 - q x x / 2 = q x12 / 2 - q x2 / 2. Mas deve ser negativo conforme convenção adotada. Assim: M = q x2 / 2 - q x12 / 2
= (q / 2) (x2 - x12). Para x=0, em módulo vale M = q x12 / 2, que é o seu valor máximo.
5-) Viga apoiada com momento concentrado (início da página)

Um esforço de torção também pode ser visto como um carregamento. Veja exemplo na Figura 5.1 (a). A posição do apoio
esquerdo foi invertida para proporcionar a correta reação.

De Fy = 0 vemos que as reações em cada apoio são iguais em módulo e de


sinais invertidos: F0 + F2 = 0 ou F0 = - F2.

De M = 0 (em relação a 2) temos em módulo:

F0 x2 = M1 ou F0 = M1 / x2.

De acordo com a porção genérica em (b) da figura, temos para o


cisalhamento:

Fc = F0 = M1 / x2 = constante (em módulo).

De acordo com as convenções estabelecidas (Resistência dos materiais III), o


cisalhamento deve ser negativo conforme indicado no gráfico.

Considerando a mesma parte genérica (b), temos para o momento de flexão


entre os pontos 0 e 1:

Fig 5.1

M = F0 x = (M1 / x2) x. E o sinal deve ser positivo conforme convenções.

Entre os pontos 1 e 2 precisamos considerar a ação do momento externo M1:

M = M1 - (M1 / x2) x = M1 (1 - x / x2). E o sinal deve ser negativo pois, nesta parte, as fibras inferiores da barra são
tracionadas.

O gráfico, conforme Figura 5.1 (b), mostra que os maiores momentos estão no ponto de aplicação do momento externo (x1).
Portanto, basta verificar, entre as duas igualdades anteriores, a de maior valor absoluto neste ponto.
Resistência dos materiais IIIC - Relações teóricas do carregamento de vigas
Aspectos teóricos sobre carregamentos em vigas
Distribuição de tensões transversais na flexão
Distribuição para seções retangulares e circulares
Distribuição para algumas outras seções
Energia da deformação por flexão simples

1-) Aspectos teóricos sobre carregamentos de vigas (início da página)

Nas páginas Resistência dos materiais III e Resistência dos materiais IIIB foram vistos alguns exemplos de diagramas de
esforços transversais e momentos de flexão em vigas horizontais, com um desenvolvimento um tanto "específico" para cada
caso. Neste tópico é colocada uma formulação genérica que pode não ser diretamente aplicável no caso de cargas discretas,
mas permite chegar a algumas conclusões importantes.

A Figura 1.1 mostra uma viga sob ação de um carregamento distribuído genérico, isto é, não uniforme, dado pela função q(x).
As forças A e B são as reações dos apoios.

Desde q(x) é a força por unidade de comprimento, podemos concluir que, em uma área infinitesimal de posição u e largura
du, a força atuante é q(u) du, isto é, a área da porção de superfície (cinza) da figura.

Em um determinado ponto x, o esforço de cisalhamento Fc é igual à soma das


forças atuantes à esquerda do mesmo (que, naturalmente, deve ser igual à
soma das forças à direita para preservar o equilíbrio estático). Assim podemos
escrever:

Fc(x) = - u=0,u=x q(u) du + A #I.1#.

Notar que esta igualdade pode ser considerada como decorrente da definição:

dFc(x) / dx = - q(x) #I.1.1#. E o valor A pode ser visto como a constante de


integração.

Fig 1.1

E o momento de flexão para um local genérico x é igual à soma dos produtos das forças à esquerda pelas distâncias a esse
ponto (que, de forma análoga à anterior, deve ser igual à soma da direita para manter o equilíbrio estático). Portanto:

M(x) = - u=0,u=x (x - u) q(u) du + A x.

Se desejamos diferenciar M(x) em relação a x, devemos usar a regra geral para diferenciação de integrais: d[ a,b f(x,t) dt ] /
dx = a,b { [f(x,t)] / x } dt. Aplicando na equação anterior:

dM(x) / dx = - u=0,u=x q(u) du + A. Este resultado é o esforço transversal dado em #I.1#.

Portanto, dM(x) / dx = Fc(x) #I.2#.

Esta igualdade estabelece uma relação matemática entre o momento de flexão e o esforço de cisalhamento. Lembrar que, se
a derivada de uma função é nula, ela está em um ponto de valor máximo ou mínimo. Isso pode ser claramente observado nos
diagramas das páginas mencionadas (Resistência dos materiais III e Resistência dos materiais IIIB), inclusive para alguns
casos de forças discretas de carregamento.
2-) Distribuição de tensões transversais na flexão (início da página)

As tensões de cisalhamento associadas à flexão não se distribuem de maneira uniforme pela seção transversal da barra.

Isso não invalida os cálculos de valores a partir dos diagramas, mas eles
devem ser considerados médios e, portanto, podem existir valores localizados
significativamente acima da média.

A Figura 2.1 representa uma barra supostamente sob ação de flexão no plano
XZ.

Supomos agora um pequeno trecho de largura x conforme indicado. Este, por


sua vez, é cortado por um plano Pz paralelo ao plano XY e situado a uma
altura z do eixo X.
Fig 2.1

A Figura 2.2 representa em (a) o corte do plano XZ e, em (b), o corte de um plano paralelo a YZ. O eixo Y coincide com a
linha neutra da seção transversal.

Conforme (a) da figura 2.2, o lado esquerdo do trecho é nomeado 1 e o direito, 2. Considerando somente a parte acima da
linha neutra, as tensões normais 1 e 2 variam linearmente de zero até um valor máximo na extremidade superior. Na página
Resistência dos materiais III pode visto que o valor máximo é M e / J, onde J é o momento de inércia da seção Syz em relação
a Y.
Portanto, para um valor qualquer de z = u, temos 1(u) = M u / J #II.1#. Para a face direita, o momento é M + M e, assim,
2(u) = (M + M) u / J #II.2#.

xem (a) da figura 2.2 é a tensão de cisalhamento na superfície do plano Pz (figura 2.1) entre as duas seções separadas de
x. Portanto, essa superfície tem dimensões x e 2y, como pode ser visto em (a) e (b) da figura 2.2.

Para manter o equilíbrio estático, as forças correspondentes a x, 1(u) e 2(u)


devem se anular:

- x x 2y - 1 dS + 2 dS = 0. Ou

- x x 2y + ( 2 - 1) dS = 0.

Pelas igualdades #II.1# e #II.2# temos:

( 2 - 1) = M u / J. Assim,

x x 2y = ( M / J) u dS.

Fig 2.2

x = ( M / x) (1 / 2y J) u dS. Naturalmente, desde que estamos considerando a superfície de fundo vermelho (Syz) em (b)
da figura 2.2, essa integração vai de u = z até u = e. Da página Seções planas, pode ser visto que u=z,u=e u dS é o momento
estático MY de Syz em relação ao eixo Y.

Na situação limite, M / x = dM / dx, que, conforme Tópico I, deve ser igual à força de cisalhamento F. E podemos escrever
o valor final da tensão: x = F MY / (2 J y) #II.3#.

Desde que tensões de cisalhamento aparecem sempre aos pares, devemos ter z = x #II.4#.

Demonstra-se também que tensões nas bordas são tangentes às mesmas. Exemplo: ponto B de (b) da figura 2.2. E são ainda
maiores para um dado z, valendo B = x / cos #II.5#. Onde é o ângulo que ela faz com o eixo Z.

3-) Distribuição para seções retangulares e circulares (início da página)

O arranjo da Figura 3.1 (a) é similar ao do tópico anterior, Figura 2.2 (b), adaptado para uma barra de seção transversal
retangular.

O momento estático da área de contorno vermelho em relação a Y (que coincide com a linha neutra da seção) é dado por:
MY = z,h/2 u b du = (b/2) |z,h/2 u2.
MY = (b/2) (h2/4 - z2) = (bh2/8) [1 - (2z/h)2].

O momento de inércia em relação a Y é


J = bh3/12, conforme Resistência dos materiais IIIA.

E podemos calcular x pela igualdade #II.3#, lembrando que o valor de y neste


caso é igual a b/2.

Fig 3.1

x = F MY / (2 J y) = F (bh2/8) [1 - (2z/h)2] / [2 (bh3/12) (b/2)].


2
x = (3/2) (F / bh) [1 - (2z/h) ] #III.1#. Esta equação é de uma parábola. Notar que nos pontos extremos (z=h/2 e z=-h/2) o
valor da tensão de cisalhamento é nulo. A Figura 3.1 (b) dá uma representação aproximada.

Neste caso não cabe a verificação da tensão na borda conforme #II.5# porque a tangente é vertical ( = 0 e cos = 1).

O valor máximo ocorre para z = 0. Portanto, x_max = (3/2) (F / bh). Desde que bh é a área da seção, F / bh é a tensão média
de cisalhamento. Assim, podemos dizer que para a seção retangular vale: max = (3/2) med #III.2#.

A Figura 3.2 dá o esquema para seção transversal circular. Para determinar o momento estático da superfície de contorno
vermelho devemos lembrar que dS = 2r cos du. Assim:

MY = u=z,u=r 2 r cos u du. Considerando que u = r sen e du = r cos d , temos em termos de (notar que para u=z, =
e para u=r, = /2):

MY = 2 r3 = , = /2 cos2 sen d .

MY = (2 r3 / 3) cos3 .

O momento de inércia em relação a Y é


J = D4 / 64 (ou r4 / 4) , conforme Resistência dos materiais IIIA.

Substituindo os valores em #II.3#, temos (lembrar que y = r cos ):

x= [4 F / (3 r2) ] cos2 . Lembrando que


sen = u/r e sen2 + cos2 = 1, temos:

Fig 3.2

x = [4 F / (3 r2) ] [1 - (z/r)2] #III.3#. Para a tensão na borda B devemos usar #II.5#:


B = x / cos = [4 F / (3 r2) ] [1 - (z/r)2]1/2 #III.4#.

A primeira curva ( x) é uma parábola e a segunda ( B), uma elipse. Representação na Figura 3.2 (b).

Desde que z r, o valor máximo ocorre em z=0 e é o mesmo para ambas as igualdades:
max = 4 F / (3 r2). Como r2 é a área da seção F / ( r2) é a tensão média de cisalhamento. Portanto, para a seção circular
vale: max = (4/3) med #III.5#.

4-) Distribuição para algumas outras seções (início da página)

Para tubos de parede fina, vale aproximadamente max 2 F / S. Onde S é a


área da seção transversal.

Para perfis comuns tipo Z, U, H temos:


max F / (t h).

A curva no lado esquerdo da Figura 4.1 dá idéia da distribuição aproximada.

Fig 4.1
5-) Energia da deformação por flexão simples (início da página)

Seja, conforme Figura 5.1, uma viga submetida a um esforço de flexão simples, não necessariamente uniforme, cujo
momento é dado por M(x).

Consideramos um volume elementar na posição genérica x, de espessura dx,


isto é, ou seu volume é dado por dV = S dx, onde S é a área da seção
transversal.

Seja uma área elementar dS na face transversal desse volume. Pode ser visto
em Resistência dos materiais III (trocando o eixo y por z) que a tensão normal
em dS é:

= M(x) z / Jy. E a força normal é o seu produto pela área F = dS = M(x) z


dS / Jy.
Fig 5.1

Consideramos agora a parte da barra de seção transversal dS e comprimento dx. Ela pode ser vista como uma barra sujeita a
uma força F, de tração ou compressão dependendo do sentido do momento e da posição acima ou abaixo da linha neutra.
Podemos usar a fórmula dada em Resistência dos materiais I para a energia de deformação: W = F2 L / (2 E S).

Devemos levar em conta que, na página citada, esta fórmula é dada para tração, mas pode ser facilmente deduzido que
também vale para compressão. Observar também que o sinal da energia deve ser o mesmo em qualquer caso, pois, tanto na
tração quanto na compressão, é fornecida energia para a deformação.

Adaptando a fórmula para este caso (W=dW, L=dx, S=dS), temos: dW = F2 dx / (2 E dS). Substituindo o valor de F:

dW = M2(x) z2 d2S dx / (2 E dS J2y) = M2(x) z2 dS dx / (2 E J2y). Fazendo a integração:

W(x) = S dW = [ M2(x) dx / (2 E J2y) ] S z2 dS. Mas a parte z2 dS é o momento de inércia Jy em relação à linha neutra.
Portanto:

W(x) = M2(x) dx / (2 Jy E) #V.1#. Considerando o momento constante e integrando ao longo de um comprimento x = L,


temos:

W = M2 L / (2 Jy E) #V.2#.

Notar a semelhança com as fórmulas para outros esforços:

Tração ou compressão: W = F2 L / (2 E S).

Cisalhamento: W = F2 L / (2 G S).

Torção: W = T2 L / (2 Jp G).
Resistência dos materiais IIID - Linha elástica de vigas flexionadas
Linha elástica de vigas flexionadas
Exemplo de cálculo da linha elástica
Viga em balanço: outras considerações
1-) Linha elástica de vigas flexionadas (início da página)

Chamamos de linha elástica a curva formada pelo eixo da viga, inicialmente retilíneo, deformado
devido à aplicação de momentos de flexão.

A Figura 1.1 é basicamente a mesma do tópico Fundamentos da flexão simples de página anterior. A
distância de dS até LN é agora simbolizada por u para não confundir com o eixo y.

A experiência demonstra que as seções transversais permanecem planas para pequenas flexões. Em
(a) da Fig 1.1 é suposto que a seção na direção do eixo Y se desviou de um comprimento dl e um
ângulo dß.

Desde que a variação do ângulo é pequena (dß), a distância b é


dada por: b = u dß. Portanto, o alongamento em relação a dl
é:

= b / dl = u dß / dl. Mas dß/dl é a curvatura K da linha. Assim,


= u K. Por definição o raio de curvatura r é o inverso da
curvatura: r = 1 / K.

Conforme lei de Hooke, = E, onde E é o módulo de


Fig 1.1 elasticidade do material.

Combinado as igualdades de ambos os parágrafos, = u K E.

No mesmo tópico de página anterior mencionado (Fundamentos da flexão simples), pode ser deduzido
que = u M / J (na realidade, no tópico dito, está dada para a distância e1:
1 = M e1 / J. Como = ( 1/e1) u, com u no lugar de y, pode ser deduzida a proporção mencionada).

Portanto, u K E = u M / J ou r = 1 / K = E J / M #I.1#. E temos o raio de curvatura da deformação


dado em função do material (módulo de elasticidade E), da geometria da viga (momento de inércia da
seção J) e do momento de flexão M aplicado.

A Figura 1.2 dá um exemplo de corte longitudinal de uma viga deformada, sem maiores preocupações
com proporcionalidade visual dos elementos. O objetivo é obter uma fórmula mais aplicável, isto é,
para as coordenadas (x,y) da curva e não para o seu raio de curvatura.
Já visto que 1/r = K = dß / dl.

Da Figura 1.2 podemos ver que tan ß = dy/dx. Ou ß = atan


dy/dx.

Das regras de diferenciação temos:


d(atan u) = du / (1 + u2).

Fig 1.2 dß = d[atan(dy/dx)]

dß = d[(dy/dx)] / [1 + (dy/dx)2].

dß / dx = { d[(dy/dx)] / [1 + (dy/dx)2] } / dx = (d2y/dx2) / [1 + (dy/dx)2].

Podemos considerar dß / dl = (dß / dx) (dx / dl).

Para a determinação do comprimento de uma curva, vale: dl/dx = [1 + (dy/dx)2]1/2. Portanto,

dß / dl = (d2y/dx2) / { [1 + (dy/dx)2] [1 + (dy/dx)2]1/2} = (d2y/dx2) / [1 + (dy/dx)2]3/2.

Para pequenas flexões, que é a situação considerada, o valor de (dy/dx)2 (= tan2 ß) é pequeno em
relação a 1 e pode ser desprezado. Portanto:

dß / dl = K = (d2y/dx2) = - M / (E J), conforme igualdade #I.1#. O sinal negativo é posto para


relacionar corretamente os sentidos das variações. E chegamos à igualdade da linha elástica em
coordenadas ortogonais:
(d2y/dx2) = - M(x) / (E J) #I.2#.

2-) Exemplo de cálculo da linha elástica (início da página)

Na página Resistência dos materiais IIIB foi determinada a variação do momento de flexão para uma
viga engastada em uma extremidade e submetida a uma força na outra: M = - F1 (x1 - x).

Adaptando a igualdade para a Figura 2.1 (F1 = F e x1 = L): M = - F (L - x).

Então, de acordo com #I.2#:

(d2y/dx2) = F (L - x) / (E J).

A derivada de 1ª ordem é obtida pela integração:

dy/dx = F (L - x) dx / (E J).
Fig 2.1
dy/dx = (F / EJ) (Lx - x2/2) + A.

Para continuar o processo, é preciso determinar a constante de integração A, o que se faz pela
observação de condições em extremidades. Lembrar que dy/dx é a tangente trigonométrica do ângulo
ß que a tangente geométrica à curva faz com a horizontal (eixo X). Pela geometria do arranjo, Figura
2.1 (a), tan ß = dy/dx = 0 para x = 0. Substituindo na igualdade anterior, temos A = 0.

Uma segunda integração resolve o problema:


y = (F / EJ) (Lx - x2/2) dx = (F / EJ) (Lx2/2 - x3/6) + B. A constante de integração B pode ser
determinada pela condição da extremidade engastada, de forma similar à anterior. Neste caso temos y
= 0 para x = 0 e, portanto, B = 0. E a equação da linha elástica fica:
y = (F / EJ) (Lx2/2 - x3/6) #II.1#.
3-) Viga em balanço: outras considerações (início da página)

Desde que as deformações aqui tratadas pressupõem o trabalho apenas na região elástica do material,
vigas flexionadas podem atuar como molas em alguns casos. Seja, por exemplo, a viga em balanço do
tópico anterior.

Para considerar apenas o deslocamento da força aplicada na


extremidade, fazemos x = L na igualdade #II.1#:

y = (F / EJ) (LL2/2 - L3/6) = L3 F / (3 E J).

Ou F(y) = (3 E J / L3) y #III.1#.


Fig 3.1

Para uma mesma viga temos E, J e L constantes. Assim, essa igualdade é a característica de uma
mola, ou seja, força proporcional ao deslocamento, F(y) = k y, onde k = 3 E J / L3 #III.2#.
Naturalmente, deve valer apenas para pequenos deslocamentos e o peso próprio da viga deve ser
desprezível.
Resistência dos materiais IIIE - Vigas e colunas de igual resistência
Vigas de igual resistência à flexão - Introdução

Alguns exemplos de seções usuais:

Retângulos de altura variável - carga concentrada


Retângulos de largura variável - carga concentrada
Retângulos de altura variável em dois lados - carga
concentrada
Retângulos de altura variável - carga distribuída
Retângulos de largura variável - carga distribuída
Retângulos de altura variável - carga distribuída e viga em
dois apoios
Coluna de igual resistência
1-) Vigas de igual resistência à flexão - Introdução (início da página)

A Figura 1.1 é o exemplo da página anterior, isto é, linha elástica e diagrama de momento de flexão
para uma viga em balanço carregada na extremidade.

Notar que o momento de flexão é, em valores absolutos, máximo na extremidade esquerda e decresce
até zero na direita.

Se a seção transversal da viga é constante, ela deve ser


dimensionada para o esforço máximo na extremidade esquerda
e, no restante da viga, ela irá trabalhar com folga, isto é, estará
superdimensionada.

Conforme Resistência dos materiais III, a tensão devido à flexão


é dada por:
Fig 1.1
= M / W, onde M é o momento de flexão e W, o módulo de
resistência (J/e).

Supondo que estamos trabalhando com a tensão admissível do material e considerando que o
momento varia com a posição, usamos os símbolos adm e M(x) respectivamente.

Se desejamos maximizar o aproveitamento de material, cada seção da viga deve suportar a tensão
admissível e, portanto, o módulo de resistência W deve variar com a posição, W(x), de forma que:

adm= M(x) / W(x) = const. Nesta igualdade, em princípio são conhecidos adm (depende do material) e
M(x) (depende do carregamento). Desde que W(x) só depende das características geométricas da
seção, é fácil concluir que a área da mesma deve variar para manter a igualdade constante.

A formulação matemática é relativamente fácil e aqui não é dado exemplo. Basta escolher um formato
do perfil e da viga e indicar parâmetros fixos e variáveis (exemplo: retângulo com largura fixa e altura
variável, etc). A tabela do tópico seguinte dá os resultados para alguns arranjos comuns.

Em muitos casos práticos, por questões de custo, facilidade de montagem, funcionalidade, etc, esta
alternativa não é usada. Afinal, os perfis precisam ser "fabricados" para cada carregamento. Mas pode
ser vantajosa em alguns casos específicos, em especial para vigas em balanço.
2-) Alguns exemplos usuais (início da página)

Observações:

a) Reafirmando condições da página inicial e em outras deste site, os melhores cuidados foram
perseguidos na elaboração desta tabela. Entretanto, não há quaisquer garantias e/ou responsabilidades
pelo seu uso. Dados para aplicações críticas devem sempre ser verificados em mais de uma fonte.

b) fmax significa flecha máxima.

c) Onde não implícita, é usado asterisco (*) para indicar multiplicação. Barra (/) indica divisão.

d) Os dados informados são teóricos, considerando somente o momento de flexão. Portanto, a seção
mínima da viga deve suportar o cisalhamento que existir conforme diagrama de esforços.

Formato Descrição Seção maior Função y Outros

h2 y2 fmax
Retângulos de
= = =
altura variável -
(6 F L) (6 F x) (8F / bE)
carga
/ / *
concentrada
(b adm) (b adm) (L/h)3
(início)

b y fmax
Retângulos de
= = =
largura variável -
(6 F L) (6 F x) (6F / bE)
carga
/ / *
concentrada 2
(h adm) 2
(h adm) (L/h)3
(início)

Retângulos de h2 y2 fmax
altura variável = = =
em dois lados - (6 F L) (6 F x) (8F / bE)
carga / / *
concentrada (b adm) (b adm) (L/h)3
(início)

h2 fmax
Retângulos de = y =
altura variável - (3 q L2) = (3qL / bE)
carga distribuída / (h x) / L *
(início) (b adm) (L/h)3

b fmax
Retângulos de = y =
largura variável - (3 q L2) = (3qL / bE)
carga distribuída / b x2 / L2 *
(início) (h2 adm) (L/h)3
Retângulos de h2 fmax
2 2
altura variável - = y /h =
carga distribuída (3 q L2) = (3qL / 16bE)
e viga em dois / 1 - x2/(L/2)2 *
apoios (4 b adm) (L/h)3
(início)

3-) Coluna de igual resistência (início da página)

Na Figura 3.1, uma coluna sofre um esforço de compressão de uma carga externa F. Considerando o
peso próprio, é fácil concluir que a seção transversal deve aumentar de cima para baixo se desejamos
manter a tensão de compressão constante, ou seja, uma resistência constante à compressão. É
suposto que a coluna é feita de um material homogêneo de massa específica H.

Consideramos o ponto de aplicação de F como a origem da coordenada y. Assim, a área da seção


transversal é uma função S(y) que devemos achar para manter a tensão constante na coluna.

Para a seção de uma altura genérica y, o volume elementar é dado por


dV(y) = S(y) dy.

A força atuante na seção genérica é a soma do peso próprio acima da


mesma com F e, dividida pela área, deve ser igual à tensão (constante)
na coluna:

[H g V(y) + F] / S(y) = = constante. Ou

H g V(y) + F = S(y). Diferenciando ambos os lados:

Fig 3.1 H g dV(y) = dS(y). Mas dV(y) = S(y) dy, conforme já visto.

Assim, H g S(y) dy = dS(y) ou S(y) = ( /Hg) dS(y)/dy.

A solução genérica para a equação diferencial é:


(Hg/ ) y (Hg/ ) y
S(y) = k e . Esta pode ser confirmada com dS(y)/dy = k (Hg/ ) e . Ou
(Hg/ ) y (Hg/ ) y
( /Hg) dS(y)/dy = ( /Hg) k (Hg/ ) e =ke = S(y).

A constante k pode ser determinada pela condição: para y = 0, S = S0. Ou k = S0.

Mas em y = 0 só temos a ação de F. Assim, = F / S0 ou k = F / . Substituindo na anterior e


considerando a a tensão admissível do material:
(Hg/
S(y) = (F / adm) e adm) y.

Notar que esta fórmula fornece a área da seção e a variação das dimensões depende da geometria
escolhida. Se for retangular com um lado fixo, por exemplo, o outro varia com a função dividida pelo
valor do lado fixo. Mas se for circular, o raio varia com a raiz quadrada da função dividida por .
Resistência dos materiais IIIF - Alguns carregamentos típicos
Vigas de seção constante - Introdução

Alguns exemplos típicos:

Biapoiada, carga concentrada no meio


Biapoiada, carga concentrada em posição genérica
Biapoiada, carga distribuída uniforme
Engastada apoiada, carga concentrada no meio
Engastada apoiada, carga distribuída uniforme
Em balanço, carga concentrada na extremidade
Em balanço, carga distribuída uniforme
1-) Vigas de seção constante - Introdução (início da página)

Esta página contém apenas tabela com fórmulas dos principais parâmetros para cálculo de alguns
arranjos comuns de carregamentos em vigas de seção constante. Oportunamente novos arranjos
deverão ser incluídos.

2-) Alguns exemplos típicos (início da página)

Observações:

a) Reafirmando condições da página inicial e em outras deste site, os melhores cuidados foram
perseguidos na elaboração desta tabela. Entretanto, não há quaisquer garantias e/ou responsabilidades
pelo seu uso. Dados para aplicações críticas devem sempre ser verificados em mais de uma fonte.

b) Onde não implícita, é usado asterisco (*) para indicar multiplicação. Barra (/) indica divisão.

c) O valor da carga distribuída (q) deve ser dado em unidade de força por unidade de comprimento
(exemplo: newton por metro).

Formato Descrição Mom max Flecha f Reações

RA = F/2
Biapoiada, carga (F L3)
RB = F/2
concentrada no FL/4 /
MA = 0
meio (48 E J)
MB = 0
(início)
y = [F L3 / (16 E J)] (x/L) [1 - (4/3) (x/L)2] p/ x L/2

RA = Fb/L
Biapoiada, carga (F a2 b2)
RB = Fa/L
concentrada em (F a b) / L /
MA = 0
posição genérica (3 E J L)
MB = 0
(início)
y = [FL3/(6EJ)] (a/L) (b/L)2 (x/L) [1 + L/b - x2/ab]
y' = [FL3/(6EJ)] (b/L) (a/L)2 (x'/L) [1 + L/a - x'2/ab]
Devemos ter x a e x' b.
RA = qL/2
Biapoiada, carga (5 q L4)
2 RB = qL/2
distribuída qL /8 /
MA = 0
uniforme (384 E J)
MB = 0
(início)
y = [5FL3/(384 EJ)] [1 - 4(x/L)2] [1 - (4/5)(x/L)2]

Engastada RA = 11 F/16
(7 F L3)
apoiada, carga RB = 5 F/16
3 F L / 16 /
concentrada no MA = 3 F L/16
(768 E J)
meio MB = 0
(início)

Engastada RA = 5 qL/8
(q L4)
apoiada, carga 2 RB = 3 qL/8
qL /8 /
distribuída MA = qL2/8
(185 E J)
uniforme MB = 0
(início)

Em balanço,
carga RA = F
FL F L3 / (3 E J)
concentrada na MA = F L
extremidade
(início)

Em balanço,
RA = q L
carga distribuída q L2 / 2 q L4 / (8 E J)
MA = q L2/2
uniforme
(início)
Resistência dos materiais IIIG - Alguns perfis comerciais - Parte 1
Tabelas de perfis comerciais - Introdução
Perfis I laminados
Perfis U laminados
Trilhos ferroviários

Mais tópicos na continuação da página.


1-) Tabelas de perfis comerciais - Introdução (início da página)

Esta página contém dados dimensionais de alguns perfilados de aço comerciais, conforme tabelas
encontradas em literatura técnica e outras fontes e muitas vezes qualificadas como "padrão
americano". Isso não significa que é o padrão atualmente produzido no Brasil. Não foi verificado se
estão de acordo com normas ABNT. Consultar os fabricantes ou as próprias normas em caso de dúvida.

As propriedades simbolizadas por J, W e r, seguidas do eixo (x ou y) são, respectivamente, momento


de inércia, momento ou módulo de resistência e raio de giração (ou raio de inércia) em relação ao eixo
indicado.

Reafirmando condições da página inicial e em outras deste site, os melhores cuidados foram
perseguidos na elaboração das tabelas. Entretanto, não há quaisquer garantias e/ou responsabilidades
pelo seu uso. Dados para aplicações críticas devem sempre ser verificados em mais de uma fonte.

2-) Perfis I laminados (início da página)

b - largura da mesa h - altura


ta - espessura da alma
tm - espessura média da mesa
G - centro de gravidade da seção
Tam nom kg/m S (cm2) ta (mm) h (mm) b (mm) tm (mm) Jx (cm4) Jy (cm4) Wx (cm3) Wy (cm3) rx (cm) ry (cm)
8,45 10,8 4,32 76,2 59,2 6,6 105,1 18,9 27,6 6,41 3,12 1,33
3" 9,68 12,3 6,38 76,2 61,2 6,6 113 21,3 29,6 6,95 3,02 1,31
11,2 14,2 8,86 76,2 63,7 6,6 122 24,4 32,0 7,67 2,93 1,31
11,4 14,5 4,83 101,6 67,6 7,4 252 31,7 49,7 9,37 4,17 1,48
12,7 16,1 6,43 101,6 69,2 7,4 266 34,3 52,4 9,91 4,06 1,46
4"
14,1 18,0 8,28 101,6 71,0 7,4 283 37,6 55,6 10,6 3,96 1,45
15,6 19,9 10,20 101,6 72,9 7,4 299 41,2 58,9 11,3 3,87 1,44
14,8 18,8 5,33 127,0 76,2 8,3 511 50,2 80,4 13,2 5,21 1,63
5" 18,2 23,2 8,81 127,0 79,7 8,3 570 58,6 89,8 14,7 4,95 1,59
22,0 28,0 12,55 127,0 83,4 8,3 634 69,1 99,8 16,6 4,76 1,57
18,5 23,6 5,84 152,4 84,6 9,1 919 75,7 120,6 17,9 6,24 1,79
6" 22,0 28,0 8,71 152,4 87,5 9,1 1003 84,9 131,7 19,4 5,99 1,74
25,7 32,7 11,80 152,4 90,6 9,1 1095 96,2 143,7 21,2 5,79 1,72
27,3 34,8 6,86 203,2 101,6 10,8 2400 155 236 30,5 8,30 2,11
30,5 38,9 8,86 203,2 103,6 10,8 2540 166 250 32,0 8,08 2,07
8"
34,3 43,7 11,20 203,2 105,9 10,8 2700 179 266 33,9 7,86 2,03
38,0 48,3 13,51 203,2 108,3 10,8 2860 194 282 35,8 7,69 2,00
37,7 48,1 7,9 254,0 118,4 12,5 5140 282 405 47,7 10,30 2,42
44,7 56,9 11,4 254,0 121,8 12,5 5610 312 442 51,3 9,93 2,34
10"
52,1 66,4 15,1 254,0 125,6 12,5 6120 348 482 55,4 9,60 2,29
59,6 75,9 18,8 254,0 129,3 12,5 6630 389 522 60,1 9,35 2,26
60,6 77,3 11,7 304,8 133,4 16,7 11330 563 743 84,5 12,1 2,70
67,0 85,4 14,4 304,8 136,0 16,7 11960 603 785 88,7 11,8 2,66
12"
74,4 94,8 17,4 304,8 139,1 16,7 12690 654 833 94,0 11,6 2,63
81,9 104,3 20,6 304,8 142,2 16,7 13430 709 881 99,7 11,3 2,61
2 4 4 3 3
Tam nom kg/m S (cm ) ta (mm) h (mm) b (mm) tm (mm) Jx (cm ) Jy (cm ) Wx (cm ) Wy (cm ) rx (cm) ry (cm)

3-) Perfis U laminados (início da página)

b - largura da mesa h - altura


ta - espessura da alma
tm - espessura média da mesa
G - centro de gravidade da seção
Tam nom kg/m S (cm2) ta (mm) h (mm) b (mm) xG (cm) Jx (cm4) Jy (cm4) Wx (cm3) Wy (cm3) rx (cm) ry (cm)
6,11 7,78 4,32 76,2 35,8 1,11 68,9 8,2 18,1 3,32 2,98 1,03
3" 7,44 9,48 6,55 76,2 38,0 1,11 77,2 10,3 20,3 3,82 2,85 1,04
8,93 11,4 9,04 76,2 40,5 1,16 86,3 12,7 22,7 4,39 2,75 1,06
7,95 10,1 4,57 101,6 40,1 1,16 159,5 13,1 31,4 4,61 3,97 1,14
4" 9,30 11,9 6,27 101,6 41,8 1,15 174,4 15,5 34,3 5,10 3,84 1,14
10,8 13,7 8,13 101,6 43,7 1,17 190,6 18,0 37,5 5,61 3,73 1,15
12,2 15,5 5,08 152,4 48,8 1,30 546 28,8 71,7 8,06 5,94 1,36
15,6 19,9 7,98 152,4 51,7 1,27 632 36,0 82,9 9,24 5,63 1,34
6"
19,4 24,7 11,1 152,4 54,8 1,31 724 43,9 95,0 10,5 5,42 1,33
23,1 29,4 14,2 152,4 57,9 1,38 815 52,4 07,0 11,9 5,27 1,33
17,1 21,8 5,59 203,2 57,4 1,45 1356 54,9 133,4 12,8 7,89 1,59
20,5 26,1 7,70 203,2 59,5 1,41 1503 63,6 147,9 14,0 7,60 1,56
8" 24,2 30,8 10,0 203,2 61,8 1,40 1667 72,9 164,0 15,3 7,35 1,54
27,9 35,6 12,4 203,2 64,2 1,44 1830 82,5 180,1 16,6 7,17 1,52
31,6 40,3 14,7 203,2 66,5 1,49 1990 92,6 196,2 17,9 7,03 1,52
22,7 29,0 6,10 254,0 66,0 1,61 2800 95,1 221 19,0 9,84 1,81
29,8 37,9 9,63 254,0 69,6 1,54 3290 17,0 259 21,6 9,31 1,76
10" 37,2 47,4 13,4 254,0 73,3 1,57 3800 39,7 299 24,3 8,95 1,72
44,7 56,9 17,1 254,0 77,0 1,65 4310 64,2 339 27,1 8,70 1,70
52,1 66,4 20,8 254,0 80,8 1,76 4820 91,7 379 30,4 8,52 1,70
30,7 39,1 7,11 304,8 74,7 1,77 5370 161,1 352 28,3 11,7 2,03
37,2 47,4 9,83 304,8 77,4 1,71 6010 186,1 394 30,9 11,3 1,98
12" 44,7 56,9 13,0 304,8 80,5 1,71 6750 214,0 443 33,7 10,9 1,94
52,1 66,4 16,1 304,8 83,6 1,76 7480 242,0 491 36,7 10,6 1,91
59,6 75,9 19,2 304,8 86,7 1,83 8210 273,0 539 39,8 10,4 1,90
50,4 64,2 10,2 381,0 86,4 2,00 13100 338 688 51,0 14,3 2,30
52,1 66,4 10,7 381,0 86,9 1,99 13360 347 701 51,8 14,2 2,29
59,5 75,8 13,2 381,0 89,4 1,98 14510 387 762 55,2 13,8 2,25
15"
67,0 85,3 15,7 381,0 91,9 1,99 15650 421 822 58,5 13,5 2,22
74,4 94,8 18,2 381,0 94,4 2,03 16800 460 882 62,0 13,3 2,20
81,9 104,3 20,7 381,0 96,9 2,21 17950 498 942 66,5 13,1 2,18
2 4 4 3 3
Tam nom kg/m S (cm ) ta (mm) h (mm) b (mm) xG (cm) Jx (cm ) Jy (cm ) Wx (cm ) Wy (cm ) rx (cm) ry (cm)
4-) Trilhos ferroviários (início da página)

Com o uso, os trilhos se desgastam, reduzindo a altura h. Uma aproximação para o


módulo de resistência Wx de trilhos desgastados é:

Wx 0,06 h3 (h em cm e resultado em cm3)


Tam nom kg/m h (mm) b (mm) c1 (mm) c2 (mm) t (mm) e1 (mm) Jx (cm4) Wx (cm4)
T 45 44,7 142,9 130,1 65,1 - 14,3 - 1610 206
T 57 56,9 168,3 139,7 69,1 - 15,9 - 2730 295
T 68 67,6 185,7 152,4 74,6 - 17,5 - 3949 391
Resistência dos materiais IIIG2 - Alguns perfis comerciais - Parte 2
Esta é continuação da página IIIG (Tabelas de alguns perfis
comerciais).

Tabelas de perfis comerciais - Introdução


Perfis L (cantoneira) de abas iguais
Perfis H laminados

1-) Tabelas de perfis comerciais - Introdução (início da página)

Esta página contém dados dimensionais de alguns perfilados de aço comerciais, conforme tabelas
encontradas em literatura técnica e outras fontes e muitas vezes qualificadas como "padrão
americano". Isso não significa que é o padrão atualmente produzido no Brasil. Não foi verificado se
estão de acordo com normas ABNT. Consultar os fabricantes ou as próprias normas em caso de dúvida.

As propriedades simbolizadas por J, W e r, seguidas do eixo (x ou y) são, respectivamente, momento


de inércia, momento ou módulo de resistência e raio de giração (ou raio de inércia) em relação ao eixo
indicado.

Reafirmando condições da página inicial e em outras deste site, os melhores cuidados foram
perseguidos na elaboração das tabelas. Entretanto, não há quaisquer garantias e/ou responsabilidades
pelo seu uso. Dados para aplicações críticas devem sempre ser verificados em mais de uma fonte.

2-) Perfil L (cantoneira) de abas iguais (início da página)

Os eixos x e y não têm os maiores e menores momentos de inércia, mas representam a


direção do carregamento mais comum na prática. Os momentos extremos (maior e
menor) estão nos eixos x' e y' (eixos principais de inércia).

G - centro de gravidade da seção


Devido à igualdade das abas, temos Jy = Jx, Wy = Wx, ry = rx e yg = xg.
Tam nom kg/m S (cm2) t (mm) h (mm) xg (cm) Jx (cm4) Wx (cm3) rx (cm)
5/8" 0,75 0,96 3,2 15,9 0,51 0,20 0,18 0,45
3/4" 0,90 1,16 3,2 19,1 0,58 0,37 0,28 0,58
7/8" 1,05 1,35 3,2 22,2 0,66 0,58 0,37 0,66
1,15 1,48 3,2 25,4 0,76 0,83 0,49 0,76
1" 1,73 2,19 4,8 25,4 0,81 1,24 0,65 0,76
2,21 2,83 6,4 25,4 0,86 1,66 0,98 0,73
1,50 1,93 3,2 31,8 0,91 1,66 0,81 0,96
1 1/4" 2,16 2,77 4,8 31,8 0,96 2,49 1,14 0,96
2,82 3,61 6,4 31,8 1,01 3,32 1,47 0,93
1,81 2,32 3,2 38,1 1,06 3,32 1,14 1,19
2,67 3,42 4,8 38,1 1,11 4,57 1,63 1,16
1 1/2"
3,47 4.45 6,4 38,1 1,19 5,82 2,13 1,14
4,23 5,42 7,9 38,1 1,24 6,65 4,53 1,11
2,11 2,70 3,2 44,5 1,21 5,41 1,63 1,39
3,11 3,99 4,8 44,5 1,29 7,49 2,29 1,37
1 3/4" 4,07 5,22 6,4 44,5 1,34 9,57 3,11 1,34
5,03 6,45 7,9 44,5 1,39 11,23 3,77 1,32
5,93 7,61 9,5 44,5 1,45 12,90 4,26 1,29
2,41 3,09 3,2 50,8 1,39 7,90 2,13 1,60
3,57 4,58 4,8 50,8 1,44 11,23 3,11 1,57
2" 4,73 6,06 6,4 50,8 1,49 14,56 4,09 1,54
5,78 7,41 7,9 50,8 1,54 17,48 4,91 1,52
6,84 8,77 9,5 50,8 1,62 19,97 5,73 1,49
2 4 3
Tam nom kg/m S (cm ) t (mm) h (mm) xg (cm) Jx (cm ) Wx (cm ) rx (cm)
5,98 7,67 6,4 63,5 1,83 29 6,4 1,96
2 1/2" 7,39 9,48 7,9 63,5 1,88 35 7,9 1,93
8,70 11,16 9,5 63,5 1,93 41 9,3 1,91
8,95 11,48 7,9 76,2 2,21 62 11,6 2,34
3" 10,62 13,61 9,5 76,2 2,26 75 13,6 2,31
13,85 17,74 12,7 76,2 2,36 91 18,0 2,29
14,4 18,45 9,5 101,6 2,90 183 24,6 3,12
4" 18,9 24,19 12,7 101,6 3,00 233 32,8 3,10
23,2 29,73 15,9 101,6 3,12 279 39,4 3,05
18,17 23,29 9,5 127,0 3,53 362 39,5 3,94
23,90 30,64 12,7 127,0 3,63 470 52,5 3,91
5"
29,48 37,80 15,9 127,0 3,76 566 64,0 3,86
34,91 44,76 19,1 127,0 3,86 653 73,8 3,81
21,93 28,12 9,5 152,4 4,17 641 57,4 4,78
28,86 37,00 12,7 152,4 4,27 828 75,4 4,72
6" 35,77 45,86 15,9 152,4 4,39 1007 93,5 4,67
42,46 54,44 19,1 152,4 4,52 1173 109,9 4,65
48,95 62,76 22,2 152,4 4,62 1327 124,0 4,60
38,99 49,99 12,7 203,2 5,56 2022 137,8 6,38
48,34 61,98 15,9 203,2 5,66 2471 168,9 6,32
8" 57,56 73,79 19,1 203,2 5,79 2899 200,1 6,27
66,56 85,33 22,2 203,2 5,89 3311 229,6 6,22
75,46 96,75 25,4 203,2 6,02 3702 259,1 6,20

3-) Perfis H laminados (início da página)

b - largura da mesa h - altura


ta - espessura da alma
tm - espessura média da mesa
G - centro de gravidade da seção
Tam nom kg/m S (cm2) ta (mm) h (mm) b (mm) tm (mm) Jx (cm4) Jy (cm4) Wx (cm3) Wy (cm3) rx (cm) ry (cm)
4" 20,5 26,1 7,95 101,6 101,6 - 449 146 88 29 4,15 2,38
5" 27,9 35,6 7,95 127,0 127,0 - 997 321 157 51 5,29 3,01
37,1 47,3 7,95 152,4 150,8 - 1958 621 257 82 6,43 3,63
6"
40,9 52,1 11,13 152,4 154,0 - 2050 664 269 87 6,27 3,57
Resistência dos materiais IV - Alguns exemplos de cálculos
Exemplo de torção simples
Exemplo de flexão - método da superposição
1-) Exemplo de torção simples (início da página)

Na Figura 1.1, um eixo de seção circular de comprimento L e diâmetro D transmite um torque T para
uma polia na outra extremidade. Apoios (mancais) não são indicados porque não consideramos os
esforços de flexão. Apenas os de torção.

Considerando o torque T equivalente à transmissão de uma potência de 4 kW com uma rotação de


1200 rpm e comprimento L de 1,2 m, determinar o diâmetro D supondo o material aço com G = 78,5
GPa sob os seguintes critérios:

a) Tensão admissível de torção para o aço adm = 70 MPa.


b) Ângulo de torção máximo = 0,25º por metro de comprimento.

Notar que, além da tensão admissível, é especificado o máximo


ângulo de torção por unidade de comprimento. Isso é comum no
caso de eixos, pois uma deformação angular exagerada pode
provocar problemas como vibrações.

Convertendo a rotação (ou velocidade angular) para unidades


SI, temos:
Fig 1.1
w = 1200 rpm 125,7 rad/s.

Como pode ser visto em Resistência dos materiais ID, a relação entre torque, potência e velocidade
angular é P = T w. Assim, torque T = 4 000 W / (125,7 rad/s) 31,8 Nm.

Conforme página Resistência dos materiais IC - Fórmula #I.2#, para a torção vale:
T = max Jp / R. O momento polar de inércia Jp para seção circular é D4/32, que pode ser visto na
mesma página. Para dimensionamento, a tensão máxima max deve ser a tensão admissível do
material. Portanto, T = adm ( D4/32) / (D/2) = adm D3 / 16.
D = [32 T / ( adm)]1/3 = [16 31,8 Nm / ( 70 000 000 Pa)]1/3 0,013 m. Portanto, devemos ter D
1,3 cm.

De acordo com fórmula #I.3# da página citada temos o ângulo de torção dado por:
= T L / (Jp G) = T L / [ ( D4/32) G ] = 32 T L / ( D4 G).
4
D = 32 T / [ G ( /L)]. Neste caso temos /L = 0,25º/m 0,00436 rad/m. Substituindo valores,
D4 = 32 31,8 Nm / ( 78,5 109 Pa 0,00436 rad/m) ou D 0,031. E devemos ter D 3,1 cm. E este
critério define o dimensionamento pois o valor é maior que o calculado com base na tensão admissível.

2-) Exemplo de flexão - método da superposição (início da página)

A Figura 2.1 (a) representa uma viga de uma plataforma. Na situação real, vigas de estruturas não são
biapoiadas, mas sim engastadas. Mas a suposição pode ser válida e dá alguma margem de segurança.

A viga suporta uma carga distribuída uniforme q1 devido ao peso próprio, outra da mesma espécie q2
devido ao piso metálico da plataforma e uma carga concentrada F no centro devido à ação de um
equipamento sobre a plataforma. Consideramos os seguintes dados:
- comprimento L = 3,5 m.

- é usado perfil U laminado de aço, tamanho 6" x 12,2 kg/m. Assim, conforme Resistência do materiais
3G, temos Jx = 546 cm4 e Wx = 71,7 cm3. Conforme valor usual para aços, o módulo de elasticidade é
E = 206 GPa.

- a carga F é igual a 6900 N, q2 é 1400 N/m e q1 deve ser conforme perfil anterior, isto é, q1 = 12,2 x
9,81 120 N/m.

Verificar se o perfil está adequadamente dimensionado para a solicitação.

É evidente que as cargas uniformemente distribuídas podem ser


somadas. Portanto o carregamento da Figura 2.1 (a) equivale ao
(b), onde q = q1 + q2 = 1520 N/m.

Para este carregamento, poderíamos levantar matematicamente


as curvas de esforços transversais e momentos conforme visto
em Resistência dos materiais 3B e também Resistência dos
materiais 3. Entretanto, a tarefa pode ser mais simples.

Nas páginas Resistência dos materiais 3C e 3D foram vistas as


relações entre carregamentos q(x), esforços transversais Fc(x),
momentos de flexão M(x) e linha elástica y(x):

dFc(x) / dx = - q(x)

dM(x) / dx = Fc(x)

Fig 2.1 d2y/dx2 = - M(x) / (E J)

São equações diferenciais lineares e, por isso, pode ser usado o método da superposição. Isto
significa que o carregamento (b) da figura pode ser considerado a soma de dois carregamentos mais
simples: (c), de uma carga distribuída uniforme e (d), de uma carga concentrada no meio.

Neste exemplo, a análise é ainda mais simples porque os pontos de máximo momento de flexão e
máxima deformação são coincidentes (meio da viga). Se isso não ocorre, as curvas dos carregamentos
devem ser somadas para obter os valores máximos.

Para os carregamentos (c) e (d), conforme Resistência dos materiais IIIF, temos os momentos
máximos:
M(c) = q L2 / 8 = 1520 N/m (3,5 m)2 / 8 = 2327,5 Nm.
M(d) = F L / 4 = 6900 N 3,5 m / 4 = 6037,5 Nm.
Portanto, M = M(c) + M(d) = 8365 Nm.

Desde que o perfil usado é simétrico em relação ao eixo considerado (x), usamos a igualdade #I.5# de
Resistência dos materiais III: = M / W = 8365 Nm / 71,7 (10-2 m)3 117 MPa.

Da mesma página citada, Resistência dos materiais IIIF, temos as deformações máximas:
y(c) = (5 q L4) / (384 E J) = 5 1520 N/m (3,5 m)4 / [384 206 109 Pa 546 (10-2 m)4].
y(c) 0,00264 m.
y(d) = (F L3) / (48 E J) = 6900 N (3,5 m)3 / [48 206 109 Pa 546 (10-2 m)4] 0,00548 m.
Portanto y = y(c) + y(d) 0,00812 m.

Comentários: considerando um aço estrutural com limite de escoamento de 240 MPa, a tensão máxima
de flexão calculada (117 MPa) resulta em um coeficiente de segurança perto de 2. Pode ser insuficiente
em casos de choques, redução de seção devido à corrosão, existência de furos na viga, soldas e
outros. A deformação máxima representa 1/431 do comprimento total da viga. Para a aplicação,
normas indicam uma deformação máxima de 1/360. Portanto, dentro do limite. Consultar normas
técnicas para mais dados sobre segurança. Não verificado quanto às tensões de cisalhamento.
Resistência dos materiais IVA - Problemas hiperestáticos: alguns exemplos
Problemas hiperestáticos: introdução e exemplo
Viga horizontal com três apoios
1-) Problemas hiperestáticos: introdução e exemplo (início da página)

Carregamentos hiperestáticos ou estaticamente indeterminados ocorrem quando as equações


fundamentais da estática, F = 0 (ou Fx = 0 e Fy = 0) e M = 0, não são suficientes para determinar
os esforços atuantes. Um exemplo para torção é dado na página Resistência dos materiais ID.

Outro exemplo, desta vez com tração e compressão, é dado pela


Figura 1.1: seja uma barra vertical de seção transversal
constante S, da qual desprezamos o peso próprio, engastada em
ambas as extremidades.

Se o engaste é feito sem qualquer deformação prévia, não há


naturalmente esforços atuantes, como em (a) da figura. Se uma
força vertical para baixo F é aplicada em um determinado ponto
C conforme (b), é fácil concluir que a parte superior estará sob
tração e a inferior sob compressão. E os esforços atuantes serão
como em (c) da figura.
Fig 1.1
Se aplicamos as equações da estática, temos:

A + B = F (considerando apenas os módulos). Desde que somente F é conhecido, não é possível


determinar os esforços A e B com apenas uma equação. Notar que é inútil, neste caso, aplicar a soma
dos momentos, mesmo em relação a um ponto fora do alinhamento das forças. O resultado será a
mesma equação.

Para a solução - e isso sempre ocorre com problemas hiperestáticos - precisamos considerar uma
condição externa de deslocamento de forma a obter uma segunda equação. A geometria do caso
mostra que o ponto de aplicação da força se desloca de uma distância d, conforme indicado na figura.
Se consideramos separadamente as partes tracionada e comprimida de acordo com (d) e (e) da figura,
concluímos que elas irão sofrer a mesma deformação d.

De acordo com a lei de Hooke temos = E . Ou F / S = E L / L. Isolando L temos:

L = F L / (E S).

Neste caso temos l = d = B b / (E S) = A a / (E S) ou a A = b B. Se substituímos na equação anterior,


chegamos aos valores das reações A e B em termos de parâmetros supostamente conhecidos:

A = F b / (a + b) e B = F a / (a + b) I.1#.

2-) Viga horizontal com três apoios (início da página)

A Figura 2.1 (a) ilustra uma viga horizontal de seção transversal constante com três apoios e
submetida às forças externas conhecidas F e H em cada vão. As reações dos apoios são A, C e B. As
distâncias horizontais são todas conhecidas, valendo naturalmente a+b = + = m+n = L.
Desde que só há forças verticais, de Fy = 0 temos em módulo A + C + B = F + H. De M = 0 em
relação a, por exemplo, A temos em módulo: mC + LB = aF + H. Há portanto três valores
desconhecidos (A, C, B) e duas equações, caracterizando o carregamento hiperestático.

Podemos resolver o problema considerando o fato de ser nulo o


valor da linha elástica em C.

Na página Resistência dos materiais IV, foi dado que


carregamentos comuns podem ser substituídos pela
superposição de carregamentos mais simples. Consideramos
então (a) como a soma dos carregamentos:

(b) só com atuação da força F, que produz um deslocamento yF


em C.

(c) só com atuação da força H, que produz um deslocamento yH


em C.

(d) só com atuação da força de reação C, que produz um


deslocamento yC em C.

Fig 2.1 Se em módulos yC = yF + yH, o deslocamento em C é nulo, a


situação equivale ao carregamento (a) e os valores de todas as
reações dos apoios podem ser determinados.

Esses três carregamentos simples são do mesmo tipo, isto é, viga biapoiada com carga concentrada
em posição genérica. As fórmulas estão na Página 3F desta série. Assim:

(b) yF é a flecha para x = m. Notar que deve ser usada a segunda fórmula, com a ordenada x' partindo
da extremidade direita e fazendo x' = n.
yF = [FL3/(6EJ)] (b/L) (a/L)2 (n/L) [1 + L/a - n2/ab].

(c) yH é a flecha para x = m. Deve ser usada a primeira fórmula, com a ordenada x partindo da posição
usual e x = m.
yH = [HL3/(6EJ)] ( /L) ( /L)2 (m/L) [1 + L/ - m2/ ].

(d) yC é a flecha no ponto de aplicação da força e é obtida diretamente da tabela:


yC = (C m2 n2) / (3 E J L). Para obter um fator comum com as anteriores, multiplicamos ambos por
2L3: yC = 2 [CL3/(6EJ)] (mn/L2)2.

Voltando à igualdade anterior, yC = yF + yH, fazemos a substituição:

2 [CL3/(6EJ)] (mn/L2)2 = [FL3/(6EJ)] (b/L) (a/L)2 (n/L) [1 + L/a - n2/ab] + [HL3/(6EJ)] ( /L) ( /L)2
(m/L) [1 + L/ - m2/ ].

Resultando após simplificação:

C = [F b a2 / (2 n m2)] [1 + L/a - n2/ab] + [H 2


/ (2 m n2)] [1 + L/ - m2/ ] II.1#.

Com esta fórmula, a reação C é determinada e as demais (A e B) são obtidas com as igualdades do
início deste tópico.
Resistência dos materiais IVB - Esforços compostos - Parte 1
Esforços compostos:

Introdução e flexão com cisalhamento


Torção combinada com cisalhamento
Flexão combinada com tração

Continua na página IVB-2.


1-) Introdução e flexão com cisalhamento (início da página)

Na primeira página desta série foi dito que, na maioria dos casos práticos, os esforços são na realidade
uma composição de esforços simples. Entretanto, também em muitos casos, há predominância de um
tipo e os demais podem ser desconsiderados.

Para vigas, conforme visto em páginas anteriores, os dimensionamentos foram baseados nas tensões
devido à flexão, apesar da presença de tensões devido ao cisalhamento, que sempre aparecem com a
flexão. Ver diagramas de esforços.

Ocorre que vigas têm em geral comprimentos muito superiores às dimensões das seções transversais.
Portanto, é lógico supor que isso tem relação com as diferenças relativas das tensões.

Seja uma viga de seção circular engastada em uma extremidade e submetida a uma carga concentrada
na outra conforme Figura 1.1 (obs: o uso de seção circular não é recomendado na prática para este
carregamento. Perfis tipo I ou U são mais eficientes. Isto serve apenas para facilitar o cálculo).

Conforme diagramas anteriores e fórmula na página Resistência


dos materiais IIIF, o momento máximo é F L, localizado na
extremidade engastada.

A tensão máxima de tração ocorre em a da figura (a máxima de


compressão, no lado oposto) e, de acordo com Resistência dos
materiais III, é dada por max = M / W.

O módulo de resistência W para seção circular (Resistência dos


Fig 1.1 materiais IIIA) é W = D3 / 32.
E temos max = 32 F L / ( D3).

O esforço de cisalhamento é F ao longo da viga, mas não podemos considerar simplesmente a força
dividida pela área, 4 F / ( D2), pois isto é um valor médio e, de acordo com Resistência dos materiais
IIIC, max = (4/3) med para seção circular. Ou max = 16 F / (3 D2), que ocorre na altura do eixo x.

A relação max / max = 6 L / D indica claramente a predominância da flexão pois, no caso de vigas, os
comprimentos são grandes em relação às dimensões das seções transversais.

Se a barra for curta em relação ao diâmetro, a participação do esforço de cisalhamento é maior.

2-) Torção combinada com cisalhamento (início da página)

Seja, conforme Figura 2,.1, uma barra curta de seção circular engastada em uma extremidade e
sujeita à uma força F na outra extremidade, atuando tangencialmente na direção vertical de forma a
provocar uma torção.
Para melhor visualização das forças em equilíbrio em uma seção, consideramos a ação de duas forças
opostas -F e +F (resultante nula. Não altera o resultado), ao longo do diâmetro na direção vertical.

Então podemos considerar a ação do conjugado formado por -F


e F (torque F D/2), que provoca torção, e da força +F, que
produz cisalhamento.

É dado em Resistência dos materiais IC que a tensão máxima


devido à torção é

max = T / Wp, onde T é o torque e Wp, o momento polar de


resistência ( D3/16 para seção circular).

Fig 2.1 Portanto max_tor = (FD/2)/( D3/16) = 8F / D2.

A tensão máxima de cisalhamento (ver tópico anterior) é max_cis = 16 F / (3 D2).

A tensão máxima de torção atua tangencialmente em toda o perímetro da seção. A máxima de


cisalhamento atua na vertical ao longo do eixo x. Assim, nos extremos elas têm a mesma direção e a
máxima no material será a soma algébrica das duas.

max = 8F / ( D2) + 16F / (3 D2) = 40 F / ( D2).

3-) Flexão combinada com tração (início da página)

A Figura 3.1 (a) dá um arranjo que combina os dois esforços: uma barra vertical de seção retangular
engastada no topo tem uma chapa soldada na lateral menor. Uma força F atua nesta placa na direção
dada. Os pesos próprios das partes são desprezados.

Em (b) da figura, é representado um corte no plano vertical de uma porção da barra secionada um
pouco acima da chapa lateral. A análise pode ser facilitada com a suposição da ação de um par de
forças opostas, -F e +F, de forma similar à do tópico anterior (a resultante dessas forças é nula e,
portanto, não altera o resultado).

Concluímos então que a barra está submetida a um momento de flexão do conjugado -FF (valor F d) e
a um esforço de tração dado por +F.

O esforço de tração produz uma tensão normal, que supomos


uniforme, dada por
trac = F / S, onde S é a área da seção transversal. Ver (c) da
figura.

Conforme Resistência dos materiais III, as tensões (tração ou


compressão) devido à flexão são dadas por flex = M e / J, onde
M é o momento (Fd neste caso), e é a distância do ponto
considerado até a linha neutra (neste caso, coincide com o eixo
de simetria devido à simetria da seção) e J o momento de
inércia da seção em relação à linha neutra).

Considerando b a largura do retângulo da seção, podemos dizer


Fig 3.1 que e varia de -h/2 (lado da compressão) até +h/2 (lado da
tração).
Nesses pontos, temos os valores máximos de compressão e tração, conforme (d) da Figura 3.1.

Desde que as tensões atuam no mesmo alinhamento, o valor total é a soma aritmética das duas:

tot = trac + flex = F/S + F d e / J #III.1# (substituindo o valor do momento por F d).

Notar que a variação da tensão ao longo da seção ainda é linear, mas o ponto de tensão nula deixa de
coincidir com a linha neutra. Ver (e) da figura.

Exemplo: seja uma barra retangular de aço, com seção 100 x 25 mm e uma chapa lateral de 10 mm
de espessura e largura 25 mm, conforme dados da figura. Verificar as tensões máximas de tração e
compressão para uma força F igual a 30 000 N.

Em primeiro lugar, listamos os dados, convertendo para unidades básicas:

h = 100 mm = 1 10-1 m.
b = 25 mm = 2,5 10-2 m.
S = b h = 2,5 10-3 m2.
J = b h3 / 12 = 2,5 10-2 1 10-3 / 12 2,1 10-6 m4 (ver Resistência dos materiais IIIA).
d = 50 mm + 10 mm / 2 = 55 mm = 5,5 10-2 m.

F = 30 000 N.
e2 (compressão) = -100 mm / 2 = - 5 10-2 m.
e1 (tração) = 100 mm / 2 = 5 10-2 m.

Substituindo em #III.1#:

max_trac = 30 000/(2,5 10-3) + 30 000 5,5 10-2 5 10-2 / 2,1 10-6 12 MPa + 39 MPa 51 MPa.

Max_compr 12 - 39 -27 MPa.

Estes são os valores para a barra. Para a chapa lateral (só tração) temos

= 30 000 / (2,5 10-2 1 10-2) = 120 MPa.


Resistência dos materiais IVB2 - Esforços compostos - Parte 2
Esta é continuação da página IVB.

Esforços compostos II:

Flexão combinada com compressão


Núcleo central de inércia
Núcleos centrais de inércia para algumas seções
1-) Flexão combinada com compressão (início da página)

A Figura 1.1 (a) representa uma barra curta de seção retangular engastada na base e submetida a
uma força de compressão F deslocada d do centro de gravidade da seção.

O comprimento da barra é supostamente pequeno porque, caso


contrário, pode haver deformação por flambagem (perda de
estabilidade de barras esbeltas sujeitas a compressão), cujo
estudo não faz parte deste tópico.

O procedimento de cálculo é basicamente o mesmo da situação


Flexão combinada com tração e, por isso, só apresentamos os
resultados. Evidentemente, os sentidos das tensões são
Fig 1.1 invertidos em função do esforço de compressão.

Temos então: tot = comp + flex = F/S + F d e / J #I.1#.

Exemplo: sejam os seguintes valores:

F = -30 000 N (valor negativo porque é compressão).


h = 100 mm (1 10-1 m).
b = 25 mm (2,5 10-2 m)
d = 30 mm (3 10-2 m).

Então

S = b h = 2,5 10-3 m2.


J = b h3 / 12 = 2,5 10-2 1 10-3 / 12 2,1 10-6 m4 (ver Resistência dos materiais IIIA).

e2 (tração) = -100 mm / 2 = - 5 10-2 m.


e1 (compressão) = 100 mm / 2 = 5 10-2 m.

max_comp = -30 000/(2,5 10-3) - 30 000 3 10-2 5 10-2/2,1 10-6 -12 MPa - 21,4 MPa -33,4 MPa.

max_trac = -12 + 21,4 = 9,4 MPa (a mesma anterior com e = e2 = - 5 10-2 m).
2-) Núcleo central de inércia (início da página)

A equação #I.1# do tópico anterior permite concluir que, para


uma mesma força de compressão F, a tensão máxima de tração
diminui com a redução da distância d (do ponto de aplicação da
força até o centro de gravidade da seção).

A Figura 2.1 ao lado dá uma visão gráfica: (b) é a mesma força


de (a), mas com uma distância d menor que de (a).
Fig 2.1

Podemos concluir que, à medida que a distância d é reduzida, a tensão máxima de tração diminui,
podendo chegar a zero e, reduzindo d ainda mais, se tornar negativa, ou seja, é compressão e a barra
não sofre esforço de tração. Em pequena escala, isso é mostrado na Figura 2.1 (b).

Notar que o mesmo processo ocorre de forma inversa para a Flexão combinada com tração, mas o
caso em estudo (flexão com compressão) é particularmente útil para alguns materiais de construção,
que pouco suportam a tração e, por isso, não devem trabalhar com este esforço.

Também é possível deduzir que, na seção transversal da barra, deve existir, para o ponto de aplicação
da força, uma região cuja borda representa a transição de um estado de compressão + tração para um
estado de somente compressão. Essa região é chamada núcleo central de inércia.

3-) Núcleos centrais de inércia para algumas seções (início da página)

Por enquanto não é dada aqui a formulação matemática para o núcleo central de inércia. A tabela
abaixo fornece os valores para algumas seções comuns.

Anel circular
Quadrado Retângulo Círculo
Dn = D[1+(d/D)2]/4
Resistência dos materiais V - Flambagem elástica de barras comprimidas
Introdução - Falha por flambagem
Equação básica da flambagem elástica
Comprimento de flambagem
Coeficiente de esbeltez
Exemplo simples de cálculo
Outro exemplo de cálculo
1-) Introdução - Falha por flambagem (início da página)

Alguns tipos de esforços tendem a provocar instabilidades físicas nos elementos que os suportam.

Na Figura 1.1 (a) temos a representação de uma barra reta, sem esforços externos atuantes.

Na realidade, o "reto" geométrico não existe na prática e podemos considerar a barra ligeiramente
curva, conforme representação, de forma exagerada, em (b) da mesma figura.

Se um esforço de tração é aplicado como em (c) da figura, a


tendência é uma redução da curvatura, ou seja, uma
aproximação com a reta ideal e, com o aumento da força, a
falha ocorre apenas pelo escoamento (plastificação) ou ruptura
do material.

Se a barra é comprimida como em (d) da figura, as forças


atuantes tendem a aumentar a curvatura original. Isso não
significa que qualquer valor da força de compressão provoca
esse aumento. A prática e a teoria demonstram que existe um
Fig 1.1 limite acima do qual a essa falha, denominada flambagem,
ocorre.

Tal limite depende do material e das características geométricas da barra.

Em outras palavras, podemos dizer que a flambagem de uma barra comprimida é a sua perda de
estabilidade pela aplicação de um esforço de compressão acima de um valor crítico. Essa instabilidade
ocorre devido a pequenas curvaturas como vimos e também a outros desvios, como assimetrias,
excentricidades, desalinhamentos, etc.

É facilmente perceptível que a flambagem fica mais crítica com o aumento da esbeltez da barra, isto é,
o aumento do seu comprimento em relação à área da seção transversal.

Em muitos casos as tensões que provocam a flambagem são inferiores às tensões máximas de
compressão dos materiais. Assim, a sua análise é importante no caso de elementos esbeltos de
máquinas e de estruturas. Para as últimas, colunas são em geral as partes mais susceptíveis à
flambagem.

2-) Equação básica da flambagem elástica (início da página)

Conforme Figura 2.1, uma barra (indicada em azul claro) de seção transversal constante está sob
flambagem provocada por um esforço de compressão F. Supomos que as tensões estão dentro do
limite de elasticidade do material.
Se secionamos a barra em um ponto genérico P(x,y), o momento atuante nesse ponto é M = F y.

Na página Resistência dos materiais IIID, pode ser vista a equação diferencial da linha elástica, ou
seja, a deformação de uma barra sob ação de um momento: (d2y/dx2) = - M / (E J).

Substituindo o valor de M temos: (d2y/dx2) = a2 y, onde a = (F / E J) #II.1#.

Aqui não damos o desenvolvimento da solução dessa equação diferencial. Informamos apenas o
resultado: y = A cos ax + B sen ax.

Como é comum em problemas deste tipo, as constantes da


solução (A e B, neste caso) devem ser obtidas a partir de
condições de contorno.

Para x=0, temos y=0. Assim, A = 0.

Para x igual à corda OA (=M), y=0. Portanto,


Fig 2.1

B sen (a M) = 0. Para esta igualdade, vemos que B não pode ser


nulo porque A já é nulo.

Assim, devemos ter sen (a M) = 0. Portanto, (a M) = ou (a M / 2) = /2.

Para x = M/2, y é a flecha máxima f. Ou y = f = B sen a M / 2. Mas vimos que (a M / 2) = /2.


Portanto, B = f e o resultado fica:

y = f sen ax, onde f é a flecha máxima e a = (F / E J) #II.2#.

Mas a solução ainda está incompleta, pois a flecha f não é previamente conhecida. A dimensão
geométrica normalmente conhecida é o comprimento da barra L.

Para pequenas deformações podemos usar a aproximação L/2 OB (ou AB). E, do triângulo retângulo
OBC, f2 = OB2 + (M/2)2 (L/2)2 + (M/2)2.

Já vimos que (a M / 2) = /2 e a = (F / E J). Portanto, (M/2)2 = 2


E J / (4 F).

Substituindo, f2 = L2/4 - 2
E J / (4 F). Rearranjando a igualdade:
2
f/L = (1/2) [1 - E J / (F L2)]. Esta pode ser reescrita como:
2
f/L = (1/2) (1 - K/F), onde K = E J / L2 #II.3#.

O fator K, que tem a dimensão de força, é denominado força de flambagem de Euler. E podemos
comparar em relação à forca aplicada F:

- se F K, f/L é nulo ou imaginário, isto é, não há flambagem.

- se F > K, f/L é real, significando que a flambagem ocorre.

Portanto, K representa o limite para a flambagem elástica de uma barra comprimida.


3-) Comprimento de flambagem (início da página)

O desenvolvimento matemático do tópico anterior pressupõe que as extremidades da barra são


articuladas e só podem mover na direção do seu eixo.

Esta é a situação padrão, indicada em (d) da Figura


3.1.

Obs: nesta figura, as retas tracejadas vermelhas


indicam a barra no estado inicial e as curvas azuis
indicam aproximações das deformações por
flambagem

Para outras fixações, como (a), (b), (c), (e) e (f)


da mesma figura, usam-se comprimentos de
flambagem específicos.
Fig 3.1
A Tabela 3.1 dá os valores teóricos e práticos para
cada uma das situações mencionadas.

Desde que os cálculos são baseados na força de Euler conforme tópico anterior, outras fixações devem
ter seus comprimentos convertidos.

Tipo (a) (b) © (d) (e) (f) Exemplo: uma coluna de 3 metros de altura está
Lfl teórico 0,5 L 0,7 L 1,0 L 1,0 L 2,0 L 2,0 L fixada como em (f) da figura. Então, ela é
Lfl prático 0,65 L 0,8 L 1,2 L 1,0 L 2,1 L 2,0 L equivalente a uma coluna do tipo padrão (d), com
Tabela 3.1 comprimento 2,0 x 3 = 6 metros.

É importante lembrar que, em casos práticos (estruturas, máquinas), extremidades de colunas ou de


barras comprimidas podem ter liberdade de movimento em determinadas direções e não ter em
outras. Portanto, todas as hipóteses devem ser analisadas, dimensionando-se pela mais desfavorável.

4-) Coeficiente de esbeltez (início da página)

Considerando o conceito de comprimento de flambagem, podemos reescrever a igualdade da força de


flambagem de Euler K, dado em #II.3#:
2
K= E J / Lfl2 #V.1#.

Se desejamos a tensão limite, dividimos os valores pela área da seção S:


2
fl = K/S = E J / S Lfl2 = 2
E / [Lfl / (J/S)]2.

O valor Lfl / (J/S) é denominado coeficiente de esbeltez da barra. É comum o uso da letra grega
lambda minúsculo para o valor. Assim,
= Lfl / (J/S) #V.2#.

Na página Seções planas, pode ser visto que a expressão (J/S)


é o raio de giração ou raio de inércia da seção (i). E a
expressão do coeficiente de esbeltez pode ser dada por:

= Lfl / i #V.3#.

Desde que i depende do momento de inércia J e este varia com


a orientação do eixo de referência, em geral devemos usar o
menor valor de J, isto é, J2 (ver informações sobre eixos
Fig 4.1 principais de inércia na página já mencionada).

E a fórmula anterior da tensão pode ser escrita: fl = 2 E / 2 #V.4#. Esta fórmula mostra que a
tensão de flambagem depende apenas do módulo de elasticidade E (característica do material) e do
coeficiente de esbeltez (característica geométrica da barra).

Para um mesmo material, E é constante e podemos ter a tensão em função de . Por exemplo: para o
aço, E = 206 GPa. Assim, fl (MPa) = 2 206 103 / 2. Esta curva está representada na Figura 4.1. É
chamada hipérbole de Euler para o material (aço, neste caso).

Notar, entretanto, que esta curva é limitada pela região de proporcionalidade (elástica) do material
(hipótese assumida no desenvolvimento da equação básica do tópico 2).

Considerando, neste caso do aço, tensão limite de proporcionalidade de 226 MPa, temos o coeficiente
de esbeltez correspondente, p, de aproximadamente 96. Esses valores estão indicados na figura. Para
coeficientes de esbeltez menores, a fórmula não é válida, pois não há mais proporcionalidade entre
tensão e deformação e/ou há deformações residuais decorrentes da plasticidade.

6-) Exemplo simples de cálculo (início da página)

Uma plataforma metálica usa colunas de perfil comercial de aço tipo I 6", 18,5 kg/m. A altura das
colunas é 3,30 m e a montagem é conforme (c) da Figura 3.1. Verificar a carga máxima que cada
coluna pode suportar sem flambar.

Conforme Resistência dos materiais IIIG, o perfil I 6" 18,5 kg/m tem área S = 23,6 cm2 e raio de
giração r = 1,79 cm (mínimo).

Conforme Tabela 3.1, a montagem (c) tem comprimento de flambagem Lfl = 1,2 L = 1,2 3,30.
Portanto, L”l = 3,96 m. E, de acordo com #V.3#, o coeficiente de esbeltez é:
= 3,96 / 1,79 10-2 = 221.

A tensão de flambagem é dada por #V.4# (considerando E = 206000 MPa):


2
fl = 206000 / 2212 42 MPa. Portanto F = fl S = 42 103 kPa 23,6 10-4 m2 99 kN.

O cálculo desta carga não”inclui os coeficientes de segurança, que devem ser considerados de acordo
com as condições de utilização, ©forme visto nas primeiras páginas desta série.

Este é um cálculo simples, sem os critérios - em geral conservadores e a favor da segurança -


previstos em normas. Por exemplo: o coeficiente de esbeltez está alto. A maioria das normas fixa um
limite de 200 para prédios e 120 para pontes.
7-) Outro exemplo de cálculo (início da página)

Uma coluna de madeira, de seção retangular 5 x 10 cm, tem altura livre de 2,5 m. Considerar madeira
( e = 45 MPa e E = 13,1 GPa) e fixação padrão das e–tremidades, (d) da Figura 3.1. Determinar os
pa–âmetros para a flambagem elástica dessa coluna.

Para a seção retangular temos área S = ab (= 5 10 = 50 10-4 m2), onde a e b são os lados. O
momento de inércia é J = ab3/12.

Vimos que o raio de giração é r = (J/S) = [(ab3/12)/ab] = (b2/12). Desde que desejamos saber a
condição mais crítica, devemos usar o menor raio de giração. Assim, o lado de 5 cm deve ser
considerado b.

r = (25 10-4 m2 / 12) 0,0144 m.

O coeficiente de esbeltez é = 2,5 / 0,0144 174.

A tensão de flambagem conforme Euler é dada pela igualdade #V.4#:


2 2 2
fl = E/ = 13,1 103 MPa / 1742 = 4,27 MPa.

Notar que a tensão de flambagem é apenas uma pequena fração da tensão de escoamento considerada
para o material. Outras observações conforme exemplo anterior.
Resistência dos materiais V-A - Flambagem inelástica de barras comprimidas
Curva de flambagem
Fórmulas de Tetmajer
Método do coeficiente de flambagem
Flambagem devido à torção
1-) Curva de flambagem (início da página)

Na página anterior foi visto que o cálculo da tensão de flambagem segundo Euler ( fl = 2 E / 2) vale
para tensões até o limite de proporcionalidade (elasticidade) do material. Isso corresponde a um
coeficiente de esbeltez mínimo p.

Mas falhas por flambagem ocorrem com barras de coeficientes


abaixo desse valor. Apenas a hipérbole de Euler não é mais
válida.

A Figura 1.1 ao lado dá o gráfico para um determinado tipo de


aço.

Podemos notar que, na faixa de barras curtas, a tensão de


flambagem é praticamente a tensão de escoamento do material.

O maior problema está na região intermediária (barras médias).


O comportamento das curvas varia com os materiais e outros
Fig 1.1 fatores, em especial com a ductilidade. Vários métodos
empíricos foram desenvolvidos para o cálculo. Alguns são
descritos nos próximos tópicos.

2-) Fórmulas de Tetmajer (início da página)

São aproximações por retas para alguns materiais conforme tabela abaixo. No caso de ferro fundido, é
usada uma parábola. Resultados em MPa.

Tabela 2.1
2 2
Material E (MPa) p conf Euler
fl fl = E/ para < p
fl

Aço 0,1/0,2% C 206 103 112 2033 103 / 2 304 - 1,118


Aço 0,3% C 216 103 105 2129 103 / 2 328,5 - 0,608
Ferro fundido 98 103 80 968 103 / 2 761 - 11,77 - 0,052 2

Madeira pinho 9,8 103 100 96,8 103 / 2 28,733 - 0,19

Exemplo de cálculo:

Um pistão é acionado por uma haste de aço 0,2%C de comprimento 1,6 m e diâmetro 9 cm. A força
máxima de compressão é 186 kN. Analisar a estabilidade quanto à flambagem.
Temos os dados
E = 206 103 MPa (tabela anterior).
L = 1,6 m.
D = 0,09 m. Assim, área da seção S 6,36 10-3 m2.
Para seção circular temos momento de inércia em qualquer direção (Resistência dos materiais IIIA) J =
D4 / 64.
Raio de giração r = (J/S) = [ D4 / 64/ ( D2 / 4)] = D/4 = 0,0225 m.
Coeficiente de esbeltez = L / r = 1,6 / 0,0225 71,1. O valor, conforme tabela acima, está abaixo do
limite para fórmula de Euler.

Aplicando a fórmula de Tetmajer: fl = 304 - 1,118 71,1 224,5 MPa.

Determinando a força correspondente F = fl S = 224,5 103 kPa 6,36 10-3 m2 1428 kN.

Concluindo, o elemento está comprimido com um coeficiente de segurança de 1428/186 7,7 em


relação ao máximo permitido para flambagem.

3-) Método do coeficiente de flambagem (início da página)

Método usado para cálculo de estruturas metálicas e similares. Em geral os valores são definidos por
normas. Usa um fator de flambagem w, dado, por exemplo, pela tabela abaixo.

Tabela 3.1: valore de w para alguns materiais


/Mat 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 160 180 200 220 240 250
Aço 0,2C - - 1,04 1,08 1,14 1,21 1,30 1,41 1,55 1,71 1,90 2,11 2,43 2,85 3.31 4,32 5,47 6,75 8,17 9,73 10,55
Aço 0,4C - - 1,06 1,11 1,19 1,28 1,41 1,58 1,79 2,05 2,53 3,06 3,65 4,28 4,96 6,48 8,21 10,13 12,26 14,59 15,83
Ferro fund 1,00 1,01 1,05 1,11 1,22 1,39 1,67 2,21 3,50 4,43 5,45 - - - - - - - - - -
O fator é definido por w = adm / fl_adm, ou seja, é a relação entre a tensão admissível do material e a
tensão admissível para flambagem.

Portanto, a força de compressão da coluna deve ser tal que:

F adm S / w, onde S é a área da seção transversal do elemento


comprimido.

O gráfico da Figura 3.1 ao lado dá uma idéia aproximada da


variação dos parâmetros citados com o coeficiente de esbeltez.

Notar que, para fins de dimensionamento, não há um resultado


imediato, pois w depende do coeficiente , que depende da área
S.

Fig 3.1 Mas é possível chegar a um resultado com uma estimativa


preliminar e posteriores tentativas de aproximação.

4-) Flambagem devido à torção (início da página)

Para eixos de seção circular, o menor momento que produz flambagem por torção é dado por:

Mfl = 2 E J / L #IV.1#.

Se há ação simultânea de uma força de compressão F na direção axial, temos:


2
Mfl_compr = Mfl (1 - F/K) #IV.1#. Onde K é a força de flambagem de Euler, dada por K = E J / L2,
conforme já visto em página anterior.

Desde que na prática devemos ter F < K, podemos concluir que a presença da compressão axial reduz
o momento crítico de flambagem por torção, isto é, a estabilidade piora.
Elementos finitos - princípios básicos
O método dos elementos finitos é uma importante ferramenta computacional para executar cálculos que na
prática seriam muitos difíceis ou mesmo impossíveis. A sua concepção não é das mais recentes. Data de 1943.

Até a década de 1970 seu processamento só podia ser feito nos caros mainframes e, por isso, seu uso era restrito
a grandes empresas, centros de pesquisa, instalações militares. Com a evolução da capacidade e a redução de
custos dos computadores, as aplicações do método se expandiram e se tornaram cada vez mais precisas e
sofisticadas.

De início era usado quase sempre no cálculo de estruturas de engenharia e atualmente é aplicado em áreas
diversas como transferência de calor, escoamento de fluidos, eletromagnetismo e muitas outras.

Exemplo | Matriz de rigidez (stiffness matrix)


Matriz de rigidez para a treliça do exemplo
Condições de contorno
1-) Exemplo (início da página)

Embora, conforme já dito, a abrangência e sofisticação do método tenham evoluído bastante, o princípio básico
permanece. Uma boa forma de se verificar como o método funciona é através de um exemplo como este: uma
treliça isostática da mais simples possível. Com 3 barras e uma carga aplicada W conforme Figura 1.1.

Deseja-se obter o deslocamento das barras em função da carga W


aplicada.

A lógica do problema sugere que os elementos devem ser as barras


da treliça.

E, desde que as barras de uma treliça só são submetidas a esforços


axiais pelas extremidades, não há qualquer necessidade de subdivisões
adicionais.

Assim, a malha será formada por 3 elementos unidimensionais


Fig 1.1
correspondentes às barras e os nós são as articulações da treliça.

Portanto, os elementos são 12, 23 e 31 e os nós são 1, 2 e 3.

Obs: o elemento 31 é suposto ter uma área S 2, onde S é a área dos demais. Não é fato comum. Serve apenas
para facilitar o cálculo.

2-) Matriz de rigidez (stiffness matrix) (início da página)

Para continuar a solução do problema anterior, é necessário introduzir este conceito, um dos fundamentais do
método dos elementos finitos.

Matriz de rigidez nada é mais do que uma matriz que indica relações entre propriedades do elemento. No caso
da barra de treliça, as relações entre forças aplicadas nas extremidades e os deslocamentos.

Seja, conforme Figura 2.1, a-b uma barra genérica de treliça, de comprimento L, que faz um ângulo com a
horizontal do sistema de coordenadas xy (que será denominado sistema global de coordenadas).

A direção x' será denominada sistema local de coordenadas para a barra.

Considera-se a barra em regime elástico conforme lei de Hooke. Assim, a relação entre uma força F aplicada no
sentido longitudinal e o deslocamento d, também longitudinal, é dada por:

F = (SE/L) d #II.1#.
Onde S é a área da seção transversal, E o módulo de elasticidade e L o comprimento.

Nas extremidades são aplicadas as forças F'a e F'b e os deslocamentos são d'a e d'b, tudo em coordenadas locais.

Agora, se considerada a extremidade b fixa (deslocamento nulo),


temos:

F'a = (SE/L) d'a e F'b = -(SE/L) d'a.

O sinal negativo é para atender a condição de equilíbrio estático.

De forma análoga, com a fixo:

F'a = -(SE/L) d'b e F'b = (SE/L) d'b.

Combinando as equações, temos a forma genérica para deslocamentos


em ambas extremidades:

Fig 2.1 F'a = (SE/L) (d'a - d'b).

F'b = (SE/L) (-d'a + d'b).

As igualdades anteriores podem ser dadas em forma de matriz


conforme Figura 2.2 e, assim, fica definida a matriz de rigidez k' do
elemento:
Fig 2.2
F' = k' d' #II.2#.

Transformação de coordenadas: em uma treliça os elementos têm várias inclinações, isto é, existe mais de
um sistema
de coordenadas locais. Assim, é necessária a transformação para o global.

Na figura 2.1, F1-F2 e F3-F4 são os componentes no sistema global de


F'a e F'b respectivamente. E, chamando c = cos e s = sen , chega-
se, por relações trigonométricas, à matriz de transformação da
Figura 2.3.

Em termos de produto matricial:


Fig 2.3

F = TF F' #II.3#.

De forma similar, os deslocamentos d1-d2 e d3-d4 correspondem aos


deslocamentos em coordenadas locais d'a e d'b. A matriz de
transformação é dada na Fig 2.4.

Em termos de produto matricial:


Fig 2.4
d' = TD d #II.4#.

Combinando as igualdades anteriores:

F = TF F' = TF k' d' = TF k' Td d ou F = k d #II.5#.

A matriz k = TF k' Td tem a forma dada na Fig 2.5 e é denominada


matriz de rigidez do elemento em coordenadas globais.
Fig 2.5
3-) Matriz de rigidez para a treliça do exemplo (início da página)

Na Figura 3.1 é dado o esquema das forças e deslocamentos dos


elementos da treliça.

O sistema global de coordenadas xy está indicado em uma posição


deslocada por uma questão de clareza. Na realidade, é considerado
que a origem 0 coincide com o nó 2 da malha.

Os ângulos de inclinação em relação ao eixo x para uso na matriz do


tópico anterior são:

0º para o elemento 12.

90º para o elemento 23.


Fig 3.1
135º para o elemento 31.

F1 1 0 -1 0 d1 Na Figura 3.2 a matriz de rigidez para para o elemento 12.


F2 0 0 0 0 d2
= SE/L
F3 -1 0 1 0 d3

Fig 3.2

F3 0 0 0 0 d3 Na Figura 3.3 a matriz de rigidez para para o elemento 23.


F4 0 1 0 -1 d4
= SE/L
F5 0 0 0 0 d5

Fig 3.3

F1 1 -1 -1 1 d1 Na Figura 3.4 a matriz de rigidez para para o elemento 31.


F2 -1 1 1 -1 d2
= SE/2L
F5 -1 1 1 -1 d5

Fig 3.4

F1 3/2 -1/2 -1 0 -1/2 1/2 d1 Matriz de rigidez global (Figura 3.5):


F2 -1/2 1/2 0 0 1/2 -1/2 d2
É formada pela composição das matrizes de cada elemento.
F3 -1 0 1 0 0 0 d3
= SE/L
F4 0 0 0 1 0 -1 d4
Onde houver superposição de células, aplica-se a soma.
F5 -1/2 1/2 0 0 1/2 -1/2 d5

Fig 3.5
4-) Condições de contorno (início da página)

0 3/2 -1/2 -1 0 -1/2 1/2 d1 Notar que o problema não pode ser resolvido apenas pela matriz de
-W -1/2 1/2 0 0 1/2 -1/2 d2 rigidez na forma do tópico anterior. Alguns dados a mais são
necessários:
F3 -1 0 1 0 0 0 0
= SE/L
F4 0 0 0 1 0 -1 0
Pelo tipo de apoio pode-se concluir que d3 = d4 = d5 = 0. E,
F5 -1/2 1/2 0 0 1/2 -1/2 0 considerando somente as forças externas, F1 = 0, F2 = -W e F6 = 0.

Fig 4.1

Tais dados são chamados de condições de contorno e sempre ocorrerão na aplicação do método.

Substituindo na matriz anterior, temos a matriz da Figura 4.1. Eliminando as linhas e colunas nulas, temos a
matriz da Figura 4.2.

0 3/2 -1/2 1/2 d1 Portanto,


-W = SE/L -1/2 1/2 -1/2 d2 d1 = - W L/SE.
d2 = - 4 W L/SE.
0 1/2 -1/2 3/2 d6
d6 = - W L/SE.
Fig 4.2

Este exemplo mostra de forma genérica o funcionamento do método. Aplicações práticas são em geral bem mais
complexas, com elementos bi ou tridimensionais e em grande número. Isto requer o uso de computadores e de
programas específicos.
Propriedades de seções planas

Informações básicas das propriedades de seções planas,


que são de fundamental importância no estudo da
resistência dos materiais.

Momento estático, eixos centrais, centro de gravidade


Centros de gravidade para seções comuns
Centro de gravidade para seções diversas
Momentos de segunda ordem
Valores para as seções mais simples
Translação e rotação de eixos | Eixos principais
Elipse central de inércia | Direção conjugada
Módulo de resistência | Círculo de Mohr
1-) Momento estático, eixos centrais, centro de gravidade (início da página)

Consideramos a seção plana abaixo de área S e um sistema de coordenadas xy. A área é decomposta
em pequenos elementos S. Por definição, temos:

Momento estático em relação ao eixo x:

Mx = y S #I.1#.

Momento estático em relação ao eixo y:

My = x S #I.2#.

Na situação limite, isto é, com áreas infinitesimais, ocorre a integração:

Fig 1.1 Mx = y dS e My = x dS #I.3#.

Observar que, a depender do quadrante (ou quadrantes) no qual a seção está, o momento estático
pode ser positivo, negativo ou mesmo nulo.

Este último caso ocorre quando a seção é cortada por um eixo e, em relação a este, o somatório dos
produtos na parte positiva for igual ao da parte negativa.

Rotação de eixos

Se um sistema de coordenadas x1y1 faz um ângulo com o sistema xy e


ambos têm a mesma origem, as relações seguintes são válidas:

Mx1 = Mx cos + My sen #I.4#.

My1 = -Mx sen + My cos #I.5#.


Fig 1.2
Translação de eixos

Se um sistema de coordenadas x1y1 está deslocado de a e b em relação


ao sistema xy, temos:

x = x1 + a e y = y1 + b e, assim, pode-se facilmente chegar às


igualdades:

Mx = Mx1 + bS #I.6#.
My = My1 + aS #I.7#.
Fig 1.3
Onde S é a área total da seção, como já informado.

Se Mx1 = My1 = 0 então: a = My / S e b = Mx / S #I.8#.

Neste caso x1 e y1 são chamados de eixos centrais e a interseção dos mesmos (coordenadas a e b) é
o centro de gravidade da seção.

Pode-se concluir que, se uma seção tem um eixo de simetria, o centro de gravidade está sobre esse
eixo.

2-) Centros de gravidade para seções comuns (início da página)

Retângulo, losango, paralelogramo. O centro de gravidade está na interseção das diagonais.


Círculo, coroa circular. O centro de gravidade está no centro geométrico.
Triângulo: sejam a, b, c os vértices e xG = (xa + xb + xc) / 3
xa, ya, xb, .... as coordenadas dos yG = (ya + yb + yc) / 3
mesmos.
Semicírculo: seja r o raio do círculo de O centro de gravidade está sobre a linha de simetria e à
origem. distância de 4r / 3 do centro do círculo de origem e dentro
do semicírculo.
Setor circular: sejam r o raio do círculo O centro de gravidade está sobre a linha de simetria
de origem e 2 o ângulo central. (bissetriz do ângulo central) e à distância de
(2 r sen ) / (3 ) do centro do círculo de origem e dentro do
setor.

3-) Centro de gravidade para seções diversas (início da página)

A seção abaixo pode ser decomposta em dois retângulos de áreas S1 e S2 e centros de gravidade G1 e
G2.
Sejam XG e YG as coordenadas do centro de gravidade desta combinação
de retângulos e XG1, YG1, .... as coordenadas do centro de gravidade de
cada. Então:

XG = (XG1 S1 + XG2 S2) / (S1 + S2) #III.1#.

YG = (YG1 S1 + YG2 S2) / (S1 + S2) #III.2#.

Analogamente, pode ser usado para combinações de mais de duas


seções simples. Para seções complexas, é melhor usar um programa de
Fig 3.1
integração gráfica.
4-) Momentos de segunda ordem (início da página)

Momento de inércia: Jx = y2 dS e Jy = x2 dS #IV.1#.

Momento polar de inércia em relação à origem:

Jp = r2 dS #IV.2#.

Obs: desde que r2 = x2 + y2, Jp = Jx + Jy #IV.3#.

Superfície centrífuga: C = Jxy / S #IV.4#.

Momento centrífugo ou produto de inércia:

Fig 4.1 Jxy = xy dS #IV.5#.

Raio de giração ou raio de inércia: ix = (Jx / S) e iy = (Jy / S) #IV.6#.

Os momentos de inércia e raios de giração só podem ser positivos. O momento centrífugo e a


superfície centrífuga podem ser positivos, negativos ou nulos.

Se x ou y for um eixo de simetria, Jxy = 0.

5-) Valores para as seções mais simples (início da página)

Jx = bh3 / 12 Jy = hb3 / 12

Jxy = 0

Jp = (b2 + h2) bh / 12

ix = h / 12 iy = b / 12

C=0

Fig 5.1
Jx = d4 / 64 Jy = d4 / 64

Jxy = 0

Jp = d4 / 32

ix = d / 4 iy = d / 4

C=0

Fig 5.2
6-) Translação e rotação de eixos (início da página)

As figuras são similares às Figuras 1.3 e 1.2, respectivamente, do tópico Momento estático.

Translação:
Jx = Jx1 + b2 S e Jy = Jy1 + a2 S #VI.1#.
Jxy = Jx1y1 + a b S #VI.2#.
Jp = Jp1 + (a2 + b2) S #VI.3#.

Rotação:
Jx1 = Jx cos2 + Jy sen2 - Jxy sen 2 #VI.4#.
Jy1 = Jx sen2 + Jy cos2 + Jxy sen 2 #VI.5#.
Jx1y1 = Jxy cos 2 + (Jx - Jy) sen 2 / 2 #VI.6#.

7-) Eixos principais (início da página)

Eixos principais são aqueles em relação aos quais o momento de inércia é máximo e mínimo. Os eixos
principais são perpendiculares entre si. É usual representar com 1 o de momento máximo e com 2, o
de momento mínimo.
E temos as relações:

J1,2 = (Jx + Jy)/2 ± [ ((Jx-Jy)/2)2 + Jxy2]


tan 1 = (Jx - J1)/Jxy
tan 2 = (Jx - J2)/Jxy

Para a rotação de eixos:


Jx + Jy = J 1 + J2
Fig 7.1 Jx Jy - Jxy2 = J1 J2

Eixos centrais de inércia são eixos principais que passam pelo centro de gravidade.

Se uma seção tem um eixo de simetria, este é um dos centrais. Se tem dois, eles são os centrais de
inércia.

8-) Elipse central de inércia (início da página)

Para uma determinada seção, é a elipse que tem centro no centro de gravidade G e semi-eixos tais
que:

GA = i1 (o raio de inércia correspondente ao momento máximo J1) e, analogamente,


GB = i2. Ver figura abaixo.

A elipse central de inércia permite achar os parâmetros para um sistema


ortogonal uv girado de em relação aos eixos principais:

iu = i1 i2 / GU e analogamente para iv

E, com estes, achamos Ju e Jv e também:


Juv = (Ju - J2) / tan

iu também pode ser dado pela distância entra o eixo u e a paralela ao


mesmo tangente à elipse, conforme indicado na figura.
Fig 8.1
9-) Direção conjugada (início da página)

Em relação ao eixo u, é reta ü que divide ao meio todas as cordas


formadas por retas paralelas a u.

Pode ser determinada graficamente pela traçado de tangentes paralelas


a u, conforme desenho ao lado.

E a relação abaixo permite determinar analiticamente 2 (e, por


conseqüência, ) para um determinado ângulo 1:

tan 1 tan 2 = - Jx / Jy
Fig 9.1

10) Módulo de resistência (início da página)

Sejam o eixo x que passa pelo centro de gravidade da seção, y'' e y' as distâncias aos pontos mais
afastados na direção perpendicular a x e o ângulo da conjugada de x em relação à elipse central de
inércia. Então o módulo de resistência é dado por:

W'' = Jx / (y'' sen ) #X.1#.


W' = Jx / (y' sen ) #X.2#.

Notar que, se x for um eixo central de inércia, = 90º e então:

W'' = Jx / y'' #X.3#.


W' = Jx / y' #X.4#.
Fig 10.1

11) Círculo de Mohr (início da página)

Uma forma gráfica de se achar os eixos principais quando se dispõe dos valores em relação a um par
de eixos xy.

O centro C tem as coordenadas [ (Jx+Jy)/2, 0 ] e raio ( ((Jx-Jy)/2)2 + Jxy2).

Se o centro C e o raio forem dados pelas fórmula indicadas.

E se o ponto A tem as coordenadas:

[ Jx , Jxy]

E se o ponto B tem as coordenadas:

[ Jy ,-Jxy]

Então, as direções dos eixos principais 1 e 2 serão conforme indicadas na


Fig 11.1
figura.

Você também pode gostar