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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Tecnologia
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Disciplina: Mecânica do sólidos II

Professor: Koje Daniel Vasconcelos Mishina


Período: 2023.1 (Curso Presencial)

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Conteúdo Programático
1ª avaliação

Capítulo 1 – Introdução e Revisão de Estática (Treliça, forças internas, cálculo de reações e


momento);
Capítulo 2 – Análise de Tensões: (Conceitos e Definições; Estado plano de tensões, tensões
principais e Círculo de Mohr).
Capítulo 3 – Análise de Deformações: Conceitos e Definições.
Capítulo 4 – Propriedades dos Materiais e Relações Tensão-Deformação.

2ª avaliação

Capítulo 5 – Peças Submetidas a Carga Axial (Relação entre carga e tensão, carga e
deformação e deformação e tensão; Problemas estaticamente indeterminado; Efeito de
temperatura);
Capítulo 6 – Torção em Barras com Seção Transversal Circular (A fórmula da tensão tangencial
da torção elástica; Deslocamento devido a torção, (ângulo de torção); Tensões sobre planos
inclinados e Transmissão de potência)

3ª avaliação

Capítulo 7 - Carregamento de flexão (tensão) (Flexão simétrica: A fórmula da tensão para


flexão elástica; Diagrama de cortante e momento fletor; Tensão tangencial em vigas devido ao
cortante)
Capítulo 8 – Carregamento de flexão (deformação) (Raio de curvatura; Equação diferencial da
curva elástica; Deflexão pelo método da integração; Deflexões pelo método da superposição de
efeitos)
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Conteúdo Programático
Método de avaliação: Avaliações subjetivas

Bibliografia:
RILEY W. F.; STURGES, L. D.; MORRIS D. H.; Mecânica dos Materiais, 5ª
edição; Ed. LTC – Livros técnicos e Científicos S.A.; Rio de Janeiro, 2003.

R.C. HIBBELER; Resistência dos materiais, 3ª edição; Ed. LTC – Livros


técnicos e Científicos S.A.; Rio de Janeiro, 1997.

ROY R. CRAIG, JR.; Mecânica dos Materiais, 2ª edição, Ed. LTC – Livros
técnicos e Científicos S.A.; Rio de Janeiro, Brasil, 2003.

BEER, F. P.; JOHNSTON, E., R.; Resistência dos Materiais; Ed. MC Graw –
Hill LTDA, São Paulo, 1996.

TIMOSHENKO; GERE; Mecânica dos Sólidos; Vol. 1 e 2; Ed. Livros Técnicos


e Científicos. 1994.

HIGDON, OHSEN, E. H.; STILES W. B.; WEESE, J.; RILEY, W. F. ;


Mecânica dos Materiais; Ed. Guanabara Dois S.A., Rio de Janeiro 3
Capítulo I – Conceito de tensão
• O objetivo principal do estudo da resistência dos
materiais é fornecer ao futuro engenheiro meios
de se analisar e projetar várias máquinas e
estruturas de suporte de carga.

• Durante a análise e o projeto de uma estrutura


leva-se em consideração a determinação das
tensões e deformações. Este capítulo é dedicado
ao conceito de tensão.

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1.1 – Classificação das cargas
Classificação com relação ao tempo de aplicação
a) Carga estática – é uma carga que é aplicada gradualmente de forma que as
condições de equilíbrio estático é alcançada em um intervalo e tempo
relativamente curto. (Ex.: ensaios estáticos de tração e compressão).
b) Carga lenta – É uma carga que permanece constante por um longo
intervalo de tempo. (Ex.: força gravitacional e forças magnéticas).
c) Carga dinâmica – é uma carga que é aplicada rapidamente em um corpo,
resultando em movimentos e vibrações do mesmo. (Ex.: ensaios de
impactos são realizados com cargas dinâmicas).
Classificação com relação à área sobre a qual a mesma é aplicada
a) Carga concentrada – É uma carga que é aplicada em um ponto. Qualquer
carga que atua em área relativamente pequena, com relação à área
resistente, é considerada uma carga concentrada. (Ex.: forças de contato
entre as esferas e a pista de um mancal de rolamento).
b) Cargas distribuídas – É uma carga que se estende sobre uma linha ou uma
área. A mesma pode ser uniforme ou não uniforme.

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1.1 – Classificação das cargas
Classificação com relação à posição e método de aplicação
a) Carga centrada – É uma carga cuja resultante passa no centro de
gravidade da área resistente de um corpo.
b) Carga de torção – É uma carga que submete um eixo ou outro corpo
qualquer a um conjugado que provoca distorção.
c) Carga de flexão – É uma carga ou um conjugado que provoca deflexão em
um corpo. Estes conjugados são denominados momentos fletores.

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1.1 – Forças e tensões

• Considere a estrutura da figura


1, que consiste nas barras AB e
BC e por pinos de ligações
(momento zero) nas junções.
Faremos agora uma análise
estática para determinar a força
interna de cada elemento
estrutural e as forças de reação
nos apoios

Fig. 1

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1.1 – Forças e tensões

• Para o equilíbrio, as forças devem ser


paralelas a um eixo entre os pontos de
aplicação, igual em magnitude, e em direções
opostas.

• As ligações devem satisfazer as condições de


equilíbrio estático que podem ser expresso sob
a forma de um triângulo de força:
Fig. 2 F B 0
FAB FBC 30 kN
 
4 5 3
FAB  40 kN FBC  50 kN
•A estrutura suporta a carga de 30 kN?

Ainda não podemos afirmar.


Fig. 3 8
1.1 – Forças e tensões

Em estudos de resistência dos materiais, para


saber se uma barra suporta determinada força
não basta saber a força interna que lhe é
aplicada é necessário saber, também, a área
de sua seção transversal.

Na realidade a força interna FBC realmente


representa a resultante de forças elementares
que se encontram distribuídas em toda a área
Fig. 4
transversal.

• A intensidade dessas forças distribuídas é


igual à força por unidade de área da seção
transversal.

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1.1 – Forças e tensões
Tensão atuante é a intensidade das forças distribuídas e é um importante
parâmetro em resistência dos materiais, este parâmetro pode definir se
determinada peça irá ou não quebrar quando submetido à uma força.
A tensão é dada por:

(1)
P

A
 → tensão atuante, em N/m2 ou Pa
P → força axial, em N
A → área da seção transversal, em m2

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1.1 – Forças e tensões
Para indicar a tensão de tração (barras tracionadas) será usado o sinal
positivo. O sinal negativo indicará tensão de compressão (barras comprimidas).

Cada material possui a sua tensão máxima permissível, portanto cada peça
de uma estrutura deverá apresentar a sua tensão dentro desta faixa.

Considerando a barra BC da Figura 1, considerando que ela é feita da aço e


possui diâmetro 20 mm.

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Fig. 1
1.1 – Forças e tensões
A = r2 =  (0,01)2 = 314 x 10-6 m2

Da análise estática temos que: P = FBC = 50 kN (tração).


Aplicando a Eq. 1:

P 50  10 3 N
 BC   -6 2
 159 MPa
A 314  10 m

Utilizando tabelas de propriedades dos materiais, descobre-se


que  BC <  adm , então a barra pode ser utilizada com segurança na
estrutura.

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1.1 – Forças e tensões
O projeto de novas estruturas exige a seleção de materiais adequados
e escolha adequada das dimensões dos componentes para atender aos
requisitos de desempenho. Suponhamos que por razões com base no
custo, peso, disponibilidade, etc, foi escolhida uma barra de alumínio.
Qual a escolha apropriada para o diâmetro da haste?

P P 50  103 N 6 2
 al  A   500  10 m
A  al 100 106 Pa
d2
A
4
4A 4500 106 m 2 
d   2.52  10 2 m  25,2 mm
 

Portanto, uma barra de alumínio de 26 mm ou maior é adequada.

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1.2 – Forças axiais/Tensões normais
Quando uma força aplicada a uma barra tem a mesma direção do
seu eixo, dizemos então que a barra está sob ação de forças axiais e
as tensões geradas por esse tipo de forças são chamadas tensões
normais e são dadas de acordo com a Eq. (1).

P  → tensão atuante, em N/m2 ou Pa


 med  (1) P → força axial, em N
A A → área da seção transversal, em m2

A equação (1) fornece o valor médio das tensões e não o valor


específico de uma tensão em um dado ponto da seção transversal.

14
1.2 – Forças axiais/Tensões normais
Para definir a tensão em um dado ponto Q
da seção transversal, devemos considerar
uma pequena área A (Fig. 5).

Dividindo-se a intensidade da força no


ponto Q F por A , obtém-se o valor da
tensão em N/m2. Fazendo então tender a
zero, obtém-se a tensão no ponto Q:
Fig. 5
F
  lim ( 2)
A0 A

Em uma barra delgada, sujeita a forças


concentradas iguais e de sentidos opostos, P
e P’, esta variação é pequena nas seções
distantes do ponto de aplicação das forças;
porém, ela é apreciável nas imediações deste
ponto, conforme fig. 6.

Fig. 6 15
1.2 – Forças axiais/Tensões normais

Da equação (2) chegamos à equação nas condições de equilíbrio.

P   med A   dF    dA (3)
A

Na prática vamos assumir que a distribuição das tensões é uniforme


em uma barra carregada axialmente.

Uma distribuição uniforme de tensões só é


possível se a linha de ação das forças aplicadas P e
P’, passar pelo centróide da seção considerada,
conforme Fig. 7.

Fig. 7
16
1.3 – Tensões de cisalhamento
A tensão aplicada na direção transversal de uma barra é chamada
de tensão de cisalhamento, Fig. 8.

Fig. 8

P é chamada de força cortante, corresponde à resultante das forças


internas na direção transversal A.
P F
A tensão média de cisalhamento é dada por:  med   (4)
A A
Ao contrário do que foi dito para as tensões normais, a distribuição
de tensões de cisalhamento na seção transversal não pode ser 17
assumida como uniforme.
1.3 – Tensões de cisalhamento
A tensão de cisalhamento ocorre comumente em parafusos, rebites
e pinos que ligam as diversas partes das máquinas estruturadas. As
Fig. 9 e 10 ilustram dois tipos de cisalhamento, classificados de
acordo com a forma de carregamento.

Fig. 9 - Cisalhamento simples Fig. 10 – Cisalhamento duplo


P F P F
 med    med   18
A A A 2A
1.4 – Tensões de esmagamento

Tensões de esmagamento são tensões geralmente provocados por


parafusos, pinos e rebites ao longo da sua superfície de contato.
Considerando a fig. 8 o rebite exerce na placa A uma força P igual e
de sentido contrário à força F, aplicada sobre o rebite pela placa.

Fig. 11

A força P representa a resultante das forças elementares que se


distribuem ao longo da superfície interna do semicilindro de diâmetro
d e comprimento t, igual à espessura da chapa.
19
1.4 – Tensões de esmagamento

Como a distribuição das tensões ao longo dessa superfície cilíndrica


é de difícil obtenção, na prática se usa um valor nominal médio para
a tensão. A esse valor nominal dá-se o nome de tensão de
esmagamento , que é dada de acordo com a equação (5).

P P
E   (5)
A td
Onde:
A → Área da projeção do rebite na placa
P → Força resultante aplicada à placa pelo rebite
t → Espessura da placa
d → diâmetro do rebite

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Exemplo
• Deseja-se saber qual a
tensão nas barras e
conexões da estrutura
mostrada.

• Da análise estática feita


anteriormente temos que:
FAB = 40 kN (compressão)
FBC = 50 kN (tração).

• Na análise deve-se
considerar a tensão máxima
normal em AB e BC, as
tensões máximas de
cisalhamento e de
esmagamento em cada
conexão.

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a) Tensão normal nas barras

Foi visto que a tensão da barra BC submetida uma tração


de 50 kN é igual BC = +159 MPa, para uma área de
seção transversal da barra de A = 314x10-6 m2.

Percebe-se que nas extremidades da haste achatada, a


menor área de secção transversal ocorre no pino
central, conforme figura ao lado.

A  20 mm 40 mm  25 mm  300 106 m 2


P 50 103 N
 BC ,end   6 2
 167 MPa
A 300 10 m

A haste AB submetida a uma força axial de 40 kN está sob uma tensão


normal de -26,7 MPa. Devido à barra AB está sob compressão a seção
transversal de área mínima (extremidades da haste) não está sob tensão.

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b) Tensão de cisalhamento nos pinos
• A área da seção transversal dos pinos A,
B e C é dada por:
2
 25 mm 
2 6 2
A r    491 10 m
 2 

• A força no pino C é igual a força exercida


pela barra BC

P 50 103 N
 C ,med   6 2
 102 MPa
A 49110 m

• O pino em A está em cisalhamento


duplo com a força exercida pela barra
AB
P 20 kN
 A,med    40.7 MPa
2. A 49110 6 m 2
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b) Tensão de cisalhamento nos pinos
• Dividindo o pino B em seções, tem-se como
determinar a máxima força de cisalhamento
PE  15 kN
PG  25 kN (maior)

• A partir da máxima força aplicada,


determina-se a tensão máxima de
cizalhamento em B.

PG 25 kN
 B, ave    50.9 MPa
A 491 10 6 m 2

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c) Tensão de esmagamento
•Para se determinar a tensão normal de esmagamento
no ponto A da barra AB, tem-se que t = 30 mm e d = 25
mm, com FAB = 40kN:

P 40 kN
e    53.3 MPa
td 30 mm25 mm

• Da forma análoga, para calcularmos a tensão de


esmagamento nas chapas de ligação em A, usamos
t = 2 x 25 = 50 mm e d = 25 mm,

P 40 kN
e    32,0 MPa
td 50 mm25 mm

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1.5 – Tensões em um plano oblíquo aos eixos
Nas seções anteriores, foi visto que
forças axiais aplicadas a uma barra
causavam tensões normais, enquanto
que forças transversais aplicadas a
rebites e pinos causavam tensões de
cisalhamento (Fig. 12).

Será verificado que forças axiais


causam ao mesmo tempo tensões
normais e de cisalhamento em planos
perpendiculares ao eixo da peça.

Fig. 12 Do mesmo modo, forças transversais


aplicadas a um pino causam tensões
normais e de cisalhamento nos planos
oblíquos ao eixo do pino.

Fig. 13
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1.5 – Tensões em um plano oblíquo aos eixos
• Considerando a barra sujeita às forças axiais P e P´ e
que a mesma é cortada formando um ângulo  com um
plano normal (Fig.14. a).
• Em condições de equilíbrio, as forças distribuídas neste
plano devem ser equivalentes à força P (Fig.14. b).
• Decompondo P em suas componentes F e V, normal e
tangencial ao plano da seção:

F  P cos V  P sin 

• A tensão média normal e a de cisalhamento


considerando a área Ada seção.

F P cos P
    cos 2 
A A0 A0
cos
V P sin  P
   sin  cos
A A0 A0
cos 27
Fig. 14
1.5 – Tensões em um plano oblíquo aos eixos
Derivando-se a equação da tensão normal, com relação a “ɵ” e igualando a zero é possível
determinar em que plano 𝛔 é máxima ou mínima.

De forma similar, derivando a equação de cisalhamento com relação a “ɵ” e igualando a zero
também determina-se os planos onde 𝛕 assume valores máximo e mínimo.

Logo, podemos concluir que os materiais frágeis tende a romper no plano da máxima tensão
normal e os dúcteis nos planos da máxima tensão de cisalhamento.

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Fig. 14
1.5 – Tensões em um plano oblíquo aos eixos

Logo, podemos concluir que os materiais frágeis tende a romper no plano da máxima tensão
normal e os dúcteis nos planos da máxima tensão de cisalhamento.

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Fig. 14
1.6 – Coeficientes de segurança
A escolha do coeficiente de segurança,
Estruturas e máquinas devem ser
deverá levar em consideração os seguintes
projetadas de tal forma que as
fatores:
tensões de trabalho sejam
menores do que a resistência • Incerteza das propriedades dos materiais;
última do material, garantindo que • Fadiga pelo carregamento repetido
as mesmas cumpram suas • O tipo de carregamento
funções de forma segura e
• O modo de ruptura
econômica
• Incerteza nos método de análise

CS  Coeficiente de segurança • Deteriorização com o tempo


• Carregamento de cada parte da estrutura.
u tensão última
CF  
 adm tensão admissível

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