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ESTRUTURAS DE MADEIRAS

Aula 06: Propriedades Mecânicas da Madeira

Professor: Flávio Antônio Ferreira, M.Sc.


Curso: Engenharia Civil – 10º Período

João Monlevade, Agosto de 2015


CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.1 - INTRODUÇÃO
- A NBR-7190/97, em seu anexo B, define também critérios para avaliação
das seguintes resistências:

• Compressão paralelo às fibras;


•Compressão normal às fibras;
•Tração normal às fibras;
• Flexão;
• Cisalhamento

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CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.2 – COMPRESSÃO PARALELA


Fc0

 Resistência de peças curtas:


5 cm 15 cm

5 cm

Fc0

Figura – NBR 7190/97: corpo-de-prova (cp): 5 cm x 5 cm x 15 cm e condições de


ensaio para obtenção da resistência à compressão paralela

- A resistência à compressão paralela às fibras (fwc,0 ou fc0) é dada por:


F
c0,max
f 
c0 A
Onde: Fc0,max é a máxima força de compressão (N)
A é a área inicial da seção transversal (m2 ) [mm2]
3
fc0 é a resistência à compressão paralela às fibras (Pa) [MPa]
CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.2 –– COMPRESSÃO
3.2 COMPRESSÃO PARALELA
PARALELA

 Comportamento na compressão paralela às fibras:

Figura 3.3 - Gráfico do ensaio à Figura - Curva experimental da resistência à


compressão axial do Pinho do compressão axial do Pinho do Paraná em
Paraná, IPT. função da esbeltez das peças. 4
CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.2 – COMPRESSÃO PARALELA


3.2 – COMPRESSÃO PARALELA

 Tipos de ruptura:

(a) (b) (c) (d) (e) (f)

Figura - Rupturas na Compressão Paralela às Fibras, BODIG e JAYNE (1982):


a) Esmagamento, superfície de ruptura (SR) paralela às faces carregadas
b) Cisalhamento em cunha, com SR em y
c) Cisalhamento, com SR fortemente inclinada
d) Fendilhamento, com SR levemente inclinada em relação ao eixo da peça
e) Esmagamento e cisalhamento combinados
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f) Fibrilação ou rolamento terminal das fibras.
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3.2 – COMPRESSÃO PARALELA


3.2 – COMPRESSÃO PARALELA

- Resistência de peças delgadas  pode ser efetuada com cp com seção


transversal quadrada, com lado igual à espessura do elemento delgado, com
pelo menos 1,8 centímetros, e comprimento igual a três vezes o lado da
seção transversal, ensaiando-se pelo menos 12 corpos-de-prova, extraídos
aleatoriamente de 12 diferentes peças delgadas (NBR 7190/97)
F F

 Rigidez  a rigidez da
madeira é definida por seu
módulo de elasticidade, obtido
do trecho linear do diagrama
tensão deformação específica
10,0 cm

cp: 5 cm x 5 cm x 15 cm

Figura - Arranjo de ensaio para compressão paralela


às fibras, com instrumentação baseada em relógios
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medidores de deslocamentos.
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3.2 – COMPRESSÃO PARALELA

 Módulo de elasticidade  é obtido pela inclinação da reta secante à


curva tensão deformação, definida pelos pontos (10%; 10% ) e (50%; 50%),
correspondentes respectivamente a 10% e 50% da resistência a
compressão paralela as fibras medida no ensaio específico:
 50 %   10 %
Ec 0 
 50 %   10 %
Onde:
• 10% e 50% são as tensões de compressão correspondentes a 10% e
50% da resistência fc0,est, representadas pelos pontos 71 e 85 do
diagrama de carregamento;
• 10% e 50% são as deformações específicas medidas no corpo-de-
prova, correspondentes às tensões de 10% e 50%

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CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.2 – COMPRESSÃO PARALELA

 Módulo de elasticidade  c c


est

f co ,est
Figura - Diagrama de 1,0
89

carregamento (dois ciclos de 87


88

carga e descarga mais uma fase 05 15 45 55 85


86

0,5
de carregamento final) tensão 04 24 44 64 84
03 23 43 63 83
relativa x tempo para 02 22 42 62 82
01
determinação da rigidez da 0,1
21 31 61 71

madeira à compressão 30s 30s 30s 30s tempo (s)

Tensão  c0 (MPa)

Figura - Diagrama tensão f c0

deformação específica para


determinação da rigidez à 50%
50%  10%
compressão paralela às fibras E c0 
50%  10%
arctg E
 10%
 10%  50% Deformação específica  c0  m
m

- A resistência estimada da madeira (fc0,est) deve ser obtida pelo ensaio destrutivo
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de pelo menos um corpo-de-prova, selecionado da mesma amostra a ser investigada
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3.2 – COMPRESSÃO PARALELA

 NBR 7190/97, Anexo E : Valores médios usuais de resistência e rigidez


de algumas madeiras nativas e de florestamento (Valores médios U= 12%)

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CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.2 – COMPRESSÃO PARALELA

 NBR 7190/97, Anexo E : Valores médios usuais de resistência e rigidez


de algumas madeiras nativas e de florestamento (Valores médios U= 12%)

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CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.2 – COMPRESSÃO PARALELA

 NBR 7190/97, Anexo E : Valores médios usuais de resistência e rigidez


de algumas madeiras nativas e de florestamento (Valores médios U= 12%)

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CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.3 – COMPRESSÃO NORMAL


 Na compressão normal (esforços na direção radial ou tangencial) ocorre
uma compactação do material, com mobilização de grandes deformações. A
resistência obtida é função de um limite imposto à deformação total ou à
deformação plástica
- A resistência da madeira à
compressão normal é fortemente
influenciada pela forma de distribuição
das forças sobre a peça, sendo maior
quando os esforços são aplicados em
regiões afastadas das extremidades,
como representado na Figura

Figura - Comportamento da madeira à


12
compressão normal, em função da distribuição
das forças sobre as peças ensaiadas.
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3.3 – COMPRESSÃO NORMAL

 A resistência à compressão normal às fibras (fc90) é definida pelo valor


convencional determinado pela deformação específica residual de 20/00
(0,2%), obtida em um ensaio de compressão uniforme:

a = 5,0 cm (Direção Longitudinal) 5,0 cm 5,0 cm


b = 5,0 cm (Direção Radial)
h = 10,0 cm (Direção Tangencial) Fc90 Fc90

3(T)
h
1(L)

2(R)
10,0 cm
b
a

Figura - Dimensões do corpo-


de-prova para ensaio de Figura - Arranjo do ensaio para
compressão normal às fibras. compressão normal às fibras
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3.3 – COMPRESSÃO NORMAL

 Gráfico tensão x deformação e determinação da resistência convencional


Tensão c90 (MPa)

f c90

 50%

Arctg Ec90
 10%

 10%  50% Deformação específica  c0  m


m
 =2%o

Figura - Diagrama tensão deformação específica para determinação


da resistência e da rigidez da madeira na direção normal às fibras.
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3.3 – COMPRESSÃO NORMAL

 Tipos de ruptura:

(a) (b) (c)

FIGURA 2.6 – Modos de Ruptura na Comp.


Normal. FONTE: BODIG e JAYNE (1982)

a) por esmagamento na região no lenho inicial, para força normal aos


anéis de crescimento;
b) por cisalhamento na região do lenho inicial, para força aplicada em
plano inclinado em relação aos anéis (rupturas eventualmente frágeis e
explosivas);
c) por esmagamento atravessando os anéis de crescimento, para força
aplicada paralelamente aos anéis. 15
CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.3 – COMPRESSÃO NORMAL

 Rigidez  a rigidez da madeira na direção normal às fibras deve ser


determinada por seu módulo de elasticidade, obtido do trecho linear do
diagrama tensão deformação:

Ec90 

50%
 10%

50%
 10%
Onde:
10% e 50% são as tensões de compressão normal correspondentes a
10% e 50% da resistência convencional fc90, representadas pelos pontos 71
e 85 do diagrama de carregamento;
10% e 50% são as deformações específicas medida na direção normal
às fibras correspondentes as tensão 10% e 50%..

- Para a determinação dos módulos de elasticidade devem ser construídos


diagramas tensão deformação específica para todos os ensaios realizados.

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3.4 – ESFORÇOS INCLINADOS EM RELAÇÃO ÀS FIBRAS


 O comportamento da madeira (resistência, rigidez e processo de
ruptura) é influenciado pela inclinação dos esforços em relação às fibras
- Fórmula de HANKINSON: Resistência estimada inclinada em relação às fibras
45
f 0 .f 90 40
f 

R esistê n cia (M Pa )
n=2
f 0 .sen n ()  f 90 . cos n () 35
n=1,5
30
25 2,5
Onde: 20
• f0 é a resistência paralela às fibras; 15
10
• f90 é a resistência normal às fibras; 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

• f é a resistência inclinada de um Ângulo (graus) de inclinação do esforço em relação às fibras


ângulo  em relação às fibras Figura - Curvas de resistência inclinada
estimada em relação às fibras, obtidas com
n = 2, n = 1,5 e n = 2,5 e considerando-se
f0= 40 MPa e f90 = 12 MPa
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3.5 – TRAÇÃO PARALELA


 Resistência:
 t ( MPa )
f
12 cm 10 cm t0

2 cm
2 cm

45 cm
21 cm 0,7 cm
A A
15 cm 35 cm
SEÇÃO AA
 50%

12 cm 10 cm  10%

2 cm
5 cm 3,5 cm  10%  50% deformação
Deformação t
específica

Figura - Corpo-de-prova para ensaios Figura - Diagrama tensão deformação


de tração paralela às fibras específica da tração paralela às fibras.

Ft 0,máx Ft0,max (N) é a máxima força de tração aplicada ao cp no ensaio;


ft 0 
A A, (mm2) área da seção transversal do trecho central do cp;
ft0 (MPa) é a resistência à tração paralela às fibras. 18
CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.5 – TRAÇÃO PARALELA

 Tipos de ruptura
-As rupturas mais comuns na madeira sob
tração paralela às fibras, são:
a) por tração com superfície de
separação lascada ou dentada;
b) por tração associada ao cisalhamento;
c) por cisalhamento com superfície de
separação inclinada;
d) por tração com superfície de (a) (b) (c) (d)
separação normal ao eixo da peça. FIGURA – Modos de Ruptura de Peças de
Madeira na Tração Paralela às Fibras.
Fonte: BODIG e JAYNE (1982)

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CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA


F
3.6 – FLEXÃO
 Resistência ou módulo resistentes: h
b
L/2 L/2
5 cm

5 cm 115 cm

Figura - Corpo-de-prova para flexão Figura - Esquema do ensaio de rigidez,


com L = 100 cm
Mmáx
fM 
We
Onde:
Mmax (N.mm) é o máximo momento aplicada ao corpo-de-prova ;
We, (mm3) é o módulo resistente elástico da seção transversal do
corpo-de-prova, igual a bh2 /6;
fM (MPa) é a resistência ou módulo resistente da madeira na flexão.
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3.6 – FLEXÃO

 Tipos de ruptura:

- O tipo de ruptura em peças fletidas carregadas transversalmente,


depende da geometria da viga e da intensidade dos esforços solicitantes:

- Em vigas esbeltas (longas), com relação L/h elevadas, podem ocorrer:


• deformações (flechas) elevadas;
• colapso por instabilidade lateral;
• ruptura por flexão com deformações normais elevadas.

- Em peças compactas (curtas), com baixa relação L/h, podem ocorrer


rupturas por cisalhamento paralelo.
- O processo de ruptura de peças fletidas pode ser fortemente
influenciado pela ocorrência de defeitos, em particular quando presentes
nas regiões sob esforços de cisalhamento e tração, que produzem rupturas
frágeis. 21
CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.6 – FLEXÃO

 Tipos de ruptura:
- BODIG e JAYNE (1982), relatam os
(a)
casos de ruptura na flexão da Figura,
definidos por: (a) a (d) por tração, (e)
por compressão, (f) por cisalhamento.
(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

Figura - Rupturas na flexão 22


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3.6 – FLEXÃO

 Rigidez:
FM (N)

(FM,50%  FM,10% )L3 Fu


EM 0 
(v50%  v10% )4bh3
Onde: FM,50%
FM,10% e FM,50%, correspondem a 10% e
50% da força máxima estimada, aplicada ao
F M,10%
corpo de prova (N) - pontos 71 e 85 do
diagrama de carregamento; v10% v50% Flecha v (m)
v10% e v50%, são os deslocamentos no
meio do vão, para 10% e 50% da força Figura - Diagrama força x flecha
máxima estimada FM,est, em (m); central no ensaio de flexão.
b e h (mm) largura e altura da seção
transversal .

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3.7 – CISALHAMENTO
 O cisalhamento paralelo às fibras da madeira ocorre em peças fletidas e
em ligações, sendo esta resistência de valor reduzido em comparação com
as resistências a esforços paralelos às fibras.
5,0 cm

Fv 0,max
5,0 cm

fv 0  2,0 cm

Av 0
1(L)
6,4 cm

onde: 2(R)

Fv0,max (N) é a máxima força 3(T)


cisalhante aplicada ao cp; 5,0 cm
A v (área resistente
ao cisalhamento)
Av0 (mm2) é a área inicial da
seção crítica do corpo de prova, num
plano paralelo às fibras. Figura - Corpo-de-prova de cisalhamento
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CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.6 – CISALHAMENTO

 Tipos de ruptura:
- As rupturas ocorrem nas seções mais solicitadas de uma forma frágil.
Superfícies de
cisalhamento
F
F

Figura – Rupturas por cisalhamento.


FONTE: ALMEIDA (1992)

Na avaliação comparativa da resistência da madeira ao cisalhamento nos


planos LR e LT, MENDES (1983), em estudo realizado para cinco espécies
folhosas nativas, conclui com base na análise estatística dos resultados
experimentais obtidos, que a resistência no plano LR é menor. Este fato foi
atribuído à presença dos raios medulares (células radiais), que 25 se
comportariam como armaduras de costura combatendo o cisalhamento.
CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.8 – FATORES QUE AFETAM A RESISTÊNCIA DA MADEIRA

- Além do teor de umidade e da variabilidade própria do material, dois


outros fatores influenciam significativamente as resistências da madeira:
• Defeitos;
•Tempo de atuação das cargas.

 DEFEITOS: como a ocorrência dos defeitos da madeira (crescimento,


secagem, produção) pode ter grande influência nas resistências da madeira,
as peças para uso estrutural deveriam ser classificadas em categorias, com
cada categoria apresentando uma certa uniformidade de tal seja possível a
obtenção, por meio da estatística, de valores mínimos de resistência
considerando lotes homogêneos;

 TEMPO DE ATUAÇÃO DAS CARGAS: É Um fator importante no


comportamento da madeira, pois a madeira é um material que apresenta
deformação lenta e menor resistência para ações de longa duração. 26
CAP. 3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

3.8 – FATORES QUE AFETAM A RESISTÊNCIA DA MADEIRA

 TEMPO DE ATUAÇÃO DAS CARGAS:


- Deformação Lenta corresponde ao
fenômeno de aumento das deformações ao
longo do tempo, devido à atuação de ações
mantidas também ao longo do tempo.

- Na madeira, a deformação lenta é mais


acentuada em peças fletidas e se processa
quase totalmente caráter plástico ou
permanente (fluência).
Figura – Variação das
deformações ao longo do
tempo em material com
deformação lenta

Figura – Deformada em viga


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sob ação de longa duração

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