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7.

PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

7.1. Concreto

A norma se aplica a concretos nas classes de resistência indicadas na ABNT


NBR 8953 de C20 a C50 para concreto armado e de C25 a C50 para concreto
protendido.

A classe C15 só pode ser usada para fundações.

A massa específica do concreto simples deve ser considerada igual a 2.400 kg/m3
para concreto simples e 2.500 kg/m3 para o concreto armado.

O coeficiente de dilatação térmica do concreto pode ser admitido igual a 10-5 /ºC.

Na falta de ensaios a resistência à tração pode ser avaliado pelas seguintes


equações:

2
fct,m = 0,3fck 3

2
fctk,inf = 0,21fck 3

2
fct,m = 0,39fck 3

Com fct,m e f ck em MPa.

Os valores médios de resistência à tração do concreto obtidos pela nova norma são
bem próximos aos obtidos pela norma de 1978, no caso dos valores característicos
inferior e superior a diferença passa a ser considerável.

5,0

4,0
NB1 78
Fct (MPa)

3,0 NB1 2003 - med


NB1 2003 - inf
2,0 NB1 2003 - sup

1,0

0,0
15 20 25 30 35 40
Fck (MPa)

O módulo de elasticidade tangente inicial e que deve ser usado para avaliação do
comportamento global da estrutura (estabilidade global) pode ser calculado pela
expressão:
E ci = 5.600 fck

Para as análises elásticas, determinação de esforços solicitantes e verificação de


estados limites de serviço deve ser utilizado o módulo de elasticidade secante:

E cs = 4.760 fck

O diagrama tensão deformação de cálculo do concreto continua sendo o mesmo


adotado pela norma de 1978.
σc

 2
εcd 
σcd = 0,85fcd  εcd − 0,85 fcd
 4 
 

εε
2%o 3,5%o

7.2. Aço

Os tipos de aço, diâmetros e seções transversais a serem utilizados devem ser os


estabelecidos na NBR 7480 CA-25, CA-50, e CA-60.

O coeficiente de dilatação térmica do aço pode ser admitido igual a 10-5 /ºC.

Na falta de valores específicos o módulo de elasticidade do aço pode ser ser


admitido igual a 210 GPa.

O diagrama tensão deformação de cálculo do aço pode o abaixo tanto para os aços
com ou sem patamar de escoamento:

σsd
fyd
TRAÇÃO

3,5‰
ε‰
εyd 10‰
COMPRESSÃO

fycd
Diante do acima exposto fica claro que não se deve mais considerar o trecho
parabólico considerado na versão de 1978.
8. COMPORTAMENTO CONJUNTO DOS MATERIAIS

8.1. Aderência e Ancoragem

A resistência de aderência de cálculo na ancoragem de armaduras passivas é obtida


pela seguinte expressão:

fbd = η1 η2 η3 fctd

Onde:
fctd = fctk,inf/γc = 0,21 fck2/3/γc (fctd e fck em MPa)
η1 = 1,0 para barras lisas;
η1 = 1,4 para barras dentadas;
η1 = 2,25 para barras nervuradas;
η2 = 1,0 para situações de boa aderência;
η2 = 0,7 para situações de má aderência;
η3 = 1,0 para φ ≤ 32 mm;
η3 = (132 - φ)/100, para φ > 32 mm;
φ é o diâmetro da barra, em milímetros.

O comprimento de ancoragem básico é obtido de acordo com a seguinte equação:

φf yd
lb =
4fbd

Os resultados obtidos pelo cálculo do comprimento de ancoragem de acordo com a


nova norma não diferem dos valores calculados segundo a versão anterior para
zonas de boa aderência, sendo que para as regiões de boa má aderência os valores
são ligeiramente inferiores que os obtidos pela norma anterior.

Concreto
Situação
20 25 30 35 40 45 50
Boa aderência 44 φ 38 φ 34 φ 30 φ 28 φ 26 φ 24 φ
Má aderência 63 φ 54 φ 48 φ 43 φ 40 φ 37 φ 34 φ
9. SEGURANÇA E ESTADOS LIMITES

Estados limites são aqueles que se superados supõe o não cumprimento dos
requisitos de projeto sejam eles relativos à segurança ou à utilização.

O estado limite relativo à segurança das estruturas é denominado Estado Limite


Último (ELU).

O esta limite relativo à utilização e que tem relação com a funcionalidade,


durabilidade, conforto etc é denominado Estado Limite de Serviço (ELS).

A comprovação de cada um dos estados limite se realiza avaliando de um lado as


solicitações de projeto “Sd” e de outro a resposta estrutural ou resistência “Rd”,
correspondente ao estado limite considerado. O estado limite é atendido se as
solicitações não superam a resposta estrutural, ou seja “Rd ≥ Sd”.

10. CRITÉRIO PARA DEFINIÇÃO DAS AÇÕES

A revisão da NBR 6118 possui agora uma metodologia mais completa para definição
das ações e combinações de ações para o ELU e o ELS.

A classificação das ações é a seguinte:

Ações permamentes:

Diretas: peso próprio, peso de elementos fixos e de instalações


permanentes, empuxos permanentes.

Indiretas: retração do concreto, fluência do concreto, deslocamentos de


apoio, imperfeições geométricas (locais e globais).

Ações Variáveis:

Diretas: cargas verticais de uso, vento, cargas móveis, impacto lateral, força
longitudinal de frenagem ou aceleração, força centrífuga, água.

Indiretas: variações uniformes e não uniformes de temperatura, ações


dinâmicas.

As ações que atuam sobre uma estrutura devem ser levadas em conta de maneira
diferenciada quando se verificam os estados limites último e de serviço. O estudo
detalhado das combinações foge ao escopo do presente curso, sendo entretanto
importante entender a lógica básica de seu equacionamento:

Combinações Últimas (ELU)

Normais
Especiais ou de Construção
Excepcionais
Nas combinações para ELU os valores característicos das ações são majorados por
coeficientes γf. Quando existe mais de uma ação variável a baixa probabilidade de
ocorrência simultânea dessas ações é levada em conta por meio do coeficiente de
simultaneidade ψ0 que é aplicado às ações secundárias (de menor valor). Por
exemplo:

Fd = γ gFgk + γ qFq1k + γ εq ψ 0 εFεqk (combinação normal)

Combinações de Serviço (ELS)

Quase Permanentes
Frequentes
Raras

Nas combinações para ELS os valores das ações permanentes são levados em
conta com seus valores característicos. Dependendo do tipo de combinação (quase
permanente, frequente ou rara) as ações variáveis são reduzidas pelos coeficientes
ψ1 e ψ2. Por exemplo:

Fd, ser = Fgk + ψ1Fq1k + ψ 2Fq2k (combinação frequente)

11. RESISTÊNCIAS

No método dos estados limites enquanto que os valores característicos das ações
devem ser multiplicados por coeficientes de majoração as resistências dos materiais
devem ser divididos por coeficientes de minoração:

fk
fd =
γm

Para as verificações em estado limite último os coeficientes de minoração


γ m assumem valores diferenciados em função do tipo de combinação:

Concreto Aço
Combinações γc γs
Normais 1,4 1,15
Especiais ou de Construção 1,2 1,15
Excepcionais 1,2 1,0

Nas combinações de serviço as resistências dos materiais não necessitam de


minoração.
12. CRITÉRIOS PARA O PROJETO DE VIGAS

12.1. Dimensões Mínimas

A largura das vigas de concreto armado não deve ser menor que 12 cm. No caso de
vigas parede a largura mínima é de 15 cm. Estes limites podem ser diminuídos até
um mínimo absoluto de 10 cm em casos excepcionais desde que respeitadas
adequadas condições de execução.

Segundo a norma de 1978 a largura mínima das vigas era de 8 cm.

12.2. Furos e Aberturas

Os furos em vigas devem distar das faces no mínimo duas vezes o cobrimento ou 5
cm.

Para dispensa de verificação da capacidade portante no caso de furos que


atravessam vigas na direção da largura (na face lateral) as seguintes condições
devem ser respeitadas:

a) Furos em zona de tração a 2h da face do apoio.


b) Dimensão máxima do furo de (12 cm ou h/3).
c) Distância entre furos de no mínimo 2h.
d) Cobrimentos suficientes e sem seccionar as armaduras.

No caso dos furos que atravessam as vigas na direção da altura estes não devem
ter diâmetros superiores a 1/3 da largura. Deve ser verificada necessariamente a
redução da capacidade portante ao cisalhamento e à flexão na região da abertura.

No caso de conjuntos de furos na direção da altura os mesmos devem ser alinhados


com distância entre faces de no mínimo 5 cm, com pelo menos um estribo entre os
furos.

12.3. Instabilidade Lateral

A instabilidade lateral de vigas, assunto não tratado na norma de 1978, deve ser
evitada adotando-se para a largura das vigas os seguintes valores:

l0
b≥
50
b ≥ β fl h

Onde:
b = largura na zona comprimida
h = altura da viga
l0 = comprimento entre contraventamentos laterais
β fl = coeficiente de forma (tabela 15.1)
Tabela 15.1. – Valores de β fl

Tipologia da Viga β fl

0,40

0,20

Onde:

Zona comprimida

12.4. Dimensionamento e Detalhamento para Solicitações Normais

O dimensionamento de armaduras longitudinais continua sendo abordado como na


norma de 1978, sendo que o diagrama de calculo do concreto pode ser aproximado
a um retângulo de altura 0,8x, com tensão de 0,85 fcd (ou 0,80 fcd para casos
especiais).

Os esforços nas armaduras podem ser considerados concentrados no centro de


gravidade correspondente se a distância deste centro ao ponto da seção da
armadura mais afastado da linha neutra for menor que 10% de h. A limitação da
norma de 1978 era de 5% de h.

A norma atual apresenta limitações claras de dutilidade das vigas que não
constavam da norma de 1978.

A relação entre a profundidade da linha neutra e a altura útil deve obedecer os


seguintes limites:

x
≤ 0,5 (fck ≤ 35 MPa)
d
x
≤ 0,4 (fck > 35 MPa)
d

Quando é feita redistribuição de momentos de M para δM a posição da linha neutra


deve ser dada por:

x
δ ≥ 0,44 + 1,25 (fck ≤ 35 MPa)
d
x
δ ≥ 0,56 + 1,25 (fck > 35 MPa)
d

O coeficiente de redistribuição δ deve obedecer os seguintes limites:

δ ≥ 0,90 (estruturas de nós móveis)

δ ≥ 0,75 (estruturas de nós fixos)

Note-se que o limite máximo de redistribuição de momentos foi aumentado de 15%


da norma de 1978 para 25% na norma atual, cabendo a observação de que a
verificação da fissuração nessas seções deve ser rigorosa.

Admite-se o uso da armadura dupla para garantir dutilidade adequada.

Para o corte das barras longitudinais o trecho de ancoragem considerado a partir do


ponto onde a tensão começa a diminuir, respeitando-se um prolongamento de pelo
menos 10φ do ponto de tensão nula.

Esse critério se diferencia da norma de 1978 uma vez que não é mais necessário
verificar a inclinação do diagrama de momentos na região do corte das barras
conduzindo a uma diminuição nos comprimentos das barras cortadas.

As recomendações para ancoragem da armadura em apoios continuam sendo


praticamente as mesmas da norma de 1978, com pequenas diferenças no cálculo
das armaduras necessárias nessas seções.

As armaduras mínimas de flexão devem ser calculadas para atender um momento


mínimo de fissuração da seção de concreto simples. Esse dimensionamento pode
ser considerado atendido se forem respeitadas as armaduras mínimas de flexão da
tabela 17.3.

Tabela 17.3. – Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas (γc = 1,4 e γs =
1,15)

Valores de ρmín
Forma da Seção Classe de Concreto
20 25 30 35 40 45 50
Retangular 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288

T
0,150 0,150 0,150 0,150 0,158 0,177 0,197
(mesa comprimida)

T
0,150 0,150 0,153 0,178 0,204 0,229 0,255
(mesa tracionada)

Circular 0,230 0,288 0,345 0,403 0,460 0,518 0,575


Como na norma atual os valores de armadura mínima dependem da resistência do
concreto houve um aumento em relação à norma de 1978 que especificava um valor
fixo de 0,15% da seção transversal.

12.6. Dimensionamento e Detalhamento para Solicitações Tangenciais

Nesse tópico houve uma importante mudança em relação à norma de 1978.

São aceitos pela norma atual dois modelos de cálculo da resistência à força cortante
um com bielas a 45º (Modelo I) e outro com bielas entre 30 e 45º (Modelo II).

O Modelo II se destina a verificações especiais sendo que para o dimensionamento


corrente de seções pode ser considerado apenas o Modelo I, que será o abordado
nesse curso.

Embora existam considerações para seções tracionadas, flexo-tracionadas, flexo-


comprimidas devido às limitações de tempo apenas o caso da flexão simples será
aqui tratado por ser o mais comum.

A resistência do elemento estrutural, em uma determinada seção transversal, deve


ser considerada satisfatória quando verificadas, simultaneamente, as seguintes
condições:

Vsd ≤ VRd2

Vsd ≤ VRd3 = Vc + Vsw

Onde:
Vsd é a força cortante de cálculo na seção.

VRd2 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais


comprimidas do concreto, de acordo com o modelo I e II.

VRd3 = Vc + Vsw, é a força cortante de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal,
onde Vc é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares
ao da treliça e Vsw é a parcela resistida pela armadura transversal.

VRd2 = 0,27 ⋅ α V 2 ⋅ fcd ⋅ b w ⋅ d

 f 
α V 2 =  1 − ck  fck em MPa
 250 
VRd3 = Vc + Vsw
2 bw ⋅ d
Vc = Vco = 0,6 ⋅ fctd ⋅ b w ⋅ d = 0,126 ⋅ fck 3 ⋅ (na flexão simples)
γc
A sw
Vsw = ⋅ 0,9 ⋅ d ⋅ fywd ⋅ (senα + cos α )
S
Onde:
α = ângulo da armadura transversal (entre 45 e 90º)

S = espaçamento entre estribos

O valor de fywd é limitado em 435 MPa.

O aumento da resistência absorvida por mecanismos complementares ao de treliça


em relação à norma de 1978 promove uma diminuição da armadura transversal com
o uso da norma atual.

A armadura transversal deve obedecer a seguinte taxa geométrica mínima:

A sw f
ρ sw = ≥ 0,2 ct,m
b w ⋅ S ⋅ senα fywk

O espaçamento máximo entre estribos deve obedecer às seguintes condições:

- se Vd ≤ 0,67 VRd2 - Smáx = 0,6 d ≤ 30 cm.


- se Vd > 0,67 VRd2 - Smáx = 0,3 d ≤ 20 cm.

O espaçamento transversal entre ramos dos estribos não deve exceder:

- se Vd ≤ 0,20 VRd2 - St,máx = d ≤ 80 cm.


- se Vd > 0,20 VRd2 - St,máx = 0,6 d ≤ 35 cm.

O diâmetro dos estribos deve ser:

> 5 mm
> 4,2 mm para telas soldadas desde que tomadas precauções contra a corrosão
< 1/10 bw
< 12 mm para barras lisas

12.7. Armadura Lateral Mínima

Nas vigas com altura maior que 60 cm deve ser colocada armadura de pele com
área de no mínimo 0,10% Ac, alma composta de barras de alta aderência.

Essas barras deverão ter espaçamento mínimo de 20 cm ou 15 φ.

Esse valor especificado pela norma de 2003 corresponde ao dobro da armadura de


pele recomendada pela norma de 1978.
12.8. Cálculo Aproximado de Flechas

12.8. Cálculo Aproximado de Flechas

A nova norma NBR 6118:2003 apresenta instruções mais detalhadas para cálculo
das flechas, incluindo uma metodologia que leva em conta o fato das vigas de
concreto armado trabalharem parcialmente no estádio I e parcialmente no estádio II.

A rigidez equivalente das vigas de concreto armado nessa condição é calculada de


acordo com a seguinte expressão:

 M  3   M  3  
(EI) eq = E cs  r
 Ic + 1 −  r  III  ≤ E csIc
 Ma    Ma   

Onde:
α ⋅ fct,m ⋅ Ic
Mr = (Momento de fissuração)
yt
y t = distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada
α = 1,2 para seções T ou duplo T ou 1,5 para seções retangulares
Ic = momento de inérciada seção bruta de concreto
Es
III = momento de inércia da seção no estádio II, calculo com α e =
E cs
Ma = momento fletor na seção

O cálculo da flecha diferida também é mais detalhado, podendo-se levar em conta a


influência de várias parcelas de carga de longa duração aplicadas a diferentes
idades da estrutura.

A flecha diferida é obtida pela multiplicação da flecha imediata pelo fator α f :

∆ξ
αf =
1 + 50ρ´

Onde:

ρ´= s
b⋅d

∆ξ = ξ( t) − ξ( t 0 )

ξ( t) é dado na tabela 17.1


Tabela 17.1 – Valores do coeficiente ξ

Tempo (t)
0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 ≥ 70
em meses
ξ( t) 0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2

t = tempo no qual se deseja o valor da flecha diferida.

t0 = é a idade relativa à data de aplicação da carga de longa duração. No caso de


parcelas de cargas de longa duração serema aplicadas em idades diferentes,
pode-se tomar para t0 o valor ponderado a seguir:

ΣPi t 0i
t0 =
ΣPi

Onde:

Pi = parcelas de carga
t 0i = idade em que se aplicou Pi

A norma apresenta na tabela 13.2. uma série de limites de deslocamento para


diversos tipos de efeitos dos quais alguns são transcritos na tabela abaixo apenas
como exemplo:

Deslocamento a Deslocamento
Tipo de Efeito Razão da limitação
Considerar limite
Visual Total l/250
Aceitabilidade
Sensorial Vibrações sentidas no Devido a cargas
l/350
piso acidentais
Efeitos estruturais em Superfícies que devem
Total l/250
serviço drenar água
Efeitos em elementos Alvenarias, caixilhos e Após a construção dos
l/500 ou 10 mm
não estruturais revestimentos elementos

Segundo a norma de 1978 os deslocamentos a serem atendidos eram em resumo:

l/300 para a carga total


l/500 par a sobre carga

No caso de balanços os valores limites podiam ser multipliados por 2.


12.9. Cálculo Aproximado de Abertura de Fissuras

Para cada elemento da armadura deve ser considerada uma área de concreto Acr
constuída por um retângulo cujos lados não distam mais de 7,5 φ do eixo da
armadura.

O valor característico da abertura de fissuras wk determinado para cada região de


envolvimento é o menor entre os obtidos pelas expressões que seguem:

φ i σ si 3σ si
wk =
12,5η1 E si fct,m

φ i σ si  4 
wk =  + 45 
12,5η1 E si  ρ ri 

Onde:

σ si , φ i , E si , ρ ri são definidos para cada área de envolvimen to em exame

A cri = área da região de envolvimen to de cada barra φ i

E si = módulo de elasticidade do aço

ρ ri = taxa de armadura em relação à área A cri

σ si = tensão na armadura considerad a calculada no estádio II

Nas vigas usuais, com altura menor que 1,2 m, pode-se considerar atendida a
condição de abertura de fissuras em toda a pele tracionada se a abertura de fissuras
calculada na região das barras mais tracionadas for verificada e se existir a
armadura lateral mínima.

As exigências relativas à fissuração podem ser vistas na tabela 13.3.

Tabela 13.3 – Exigências relativas à fissuração

Classe de Agressividade Exigências Relativas


Combinação de Ações
Ambiental à Fissuração
I wk ≤ 0,4 mm
II e III wk ≤ 0,3 mm Combinação Frequente
IV wk ≤ 0,2 mm
Em geral mesmo com as diferenças existentes na resistência à tração do concreto e
no cálculo da área da região de envolvimento as diferenças entre as normas não
são significativas.

Entretanto houve uma séria mudança nos limites de abertura de fissura sendo que a
norma anterior era mais restritiva e especificava 0,1 mm para meio agressivo,
0,2 mm para meio não agressivo e 0,3 mm para peças protegidas.
13. CRITÉRIOS PARA O PROJETO DE PILARES

13.1. Dimensões Mínimas

A menor dimensão de pilares não deve ser inferior a 19 cm e a seção transversal


não pode ser inferior a 360 cm2.

Em casos especiais permitem-se dimensões entre 19 e 12 cm desde que os


esforços solicitantes finais de cálculo sejam multiplicados pelo coeficiente adicional
γn dado na tabela 13.1.

Tabela 13.1 – Valores do coeficiente adicional γn

b
≥ 19 18 17 16 15 14 13 12
(cm)

γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35

No caso da NBR 6118 de 1978 a dimensão mínima era de 20 cm, sendo que com a
majoração adicional das cargas também poderia ser reduzida a 12 cm.

13.2. Imperfeições Locais

Na verificação do estado limite último das estruturas reticuladas devem ser


consideradas as imperfeições geométricas do eixo dos elementos estruturais.

Admite-se que o efeito das imperfeições locais esteja atendido se for respeitado o
momento mínimo:

M1d,mín = Nd(0,0015 + 0,03h)


Onde:

h = altura da seção transversal na direção considerada, em metros.

13.3. Efeitos Locais de 2a Ordem

Nas barras da estrutura os eixos longitudinais não se mantêm retilíneos, surgindo


efeitos locais de 2a ordem que incrementam os esforços solicitantes ao longo da
peça.

Os esforços locais de 2a ordem em elementos isolados podem ser desprezados


quando o índice de esbeltez λ for menor que o valor limite λ1 estabelecido abaixo.

le
λ=
i
No caso de pilar engastado na base e livre no topo, o valor de le = 2l . Nos demais
casos adotar o maior dos seguintes valores:

le = l0 + h
le = l

O valor de λ1 pode ser calculado pela expressão:

25 + 12,5e1 / h
λ1 =
αb

sendo:

35
≤ λ l ≤ 90
αb

Onde o valor de α b deve ser obtido conforme estabelecido a seguir:

a) para pilares biapoiados sem cargas transversais:

MB
α b = 0,60 + 0,40 ≥ 0,40
MA

Onde:

Os momentos MA e MB são os momentos de 1ª ordem nos extremos do pilar. Deve


ser adotado para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o
sinal positivo, se tracionar a mesma face que MA, e negativo em caso contrário.

b) para pilares biapoiados com cargas transversais significativas, ao longo da altura:

α b = 1,0

c) para em pilares em balanço;

MC
α b = 0,80 + 0,20 ≥ 0,85
MA

O momento MA é o momento de 1ª ordem no engaste e MC é o momento de 1ª


ordem no meio do pilar em balanço.

d) para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento


mínimo estabelecido no item 11.3.3.4.c:

α b = 1,0
Para os casos nos quais se deve considerar o efeito de 2aordem são aceitos três
métodos: geral (obrigatório para λ > 140), pilar-padrão com curvatura aproximada (λ
≤ 90), pilar-padrão com rigidez capa aproximada (λ ≤ 90), pilar-padrão acoplado a
diagramas momento curvatura.

Nesse curso aplicaremos o método do Método do pilar padrão com curvatura


aproximada ( λ ≤ 90 ), que é valido para seção constante e armadura simétrica e
constante ao longo de seu eixo.

O momento total máximo no pilar deve ser calculado pela expressão:

le 2 1
Md, tot = α bM1d, A + Nd ≥ M1d, A
10 r

1
sendo a curvatura na seção crítica, que pode ser avaliada pela expressão
r
aproximada:

1 0,005 0,005
= ≤
r h(ν + 0,5) h

Sendo:

N sd
ν=
( A C fcd )
M1d, A ≥ M1d,mín

Onde:

h é a altura da seção na direção considerada;

ν é a força normal adimensional;

M1d,mín tem o significado descrito anteriormente.

O momento M1d,A e o coeficiente α b têm as mesmas definições apresentadas


anteriormente, sendo M1d,A o valor de cálculo de 1ª ordem do momento MA.
13.4. Dimensionamento

O cálculo para o dimensionamento de seções retangulares ou circulares com


armadura simétrica, sujeitas a flexo-compressão normal, em que a força normal
reduzida ( ν ) seja maior ou igual a 0,7, pode ser realizado como um caso de
compressão centrada equivalente, onde:

 e
NSd,eq = NSd 1 + β 
 h
MSd,eq = 0
Sendo:

NSd
ν=
A c f cd
e MSd
=
h NSdh
1
β=
d'
(0,39 + 0,01α ) − 0,8
h

(nh − 1)A Si (soma das armaduras superior e inferior)


αS = = e o valor α dado por:
(nv − 1)A Si (soma das armaduras laterais)

−1
α= se α S < 1 em seções retangulares;
αS
α = αS se α S ≥ 1 em seções retangulares;
α=6 se α S > 6 em seções retangulares;
α = −4 em seções circulares.

O arranjo de armadura adotado para detalhamento, conforme figura a seguir, deve


d'
ser fiel aos valores de α S e pressupostos.
h
nh

d’
nv nv

h
d’
nh

Arranjo de armadura caracterizado pelo parâmetro α S .

Nas situações de flexão simples ou composta oblíqua pode ser adotada a


aproximação dada pela expressão de interação:

α α
 MRd,x   MRd,y 
  +  =1
 MRdx,x   MRdy,y 

Onde:

MRd,x; MRd,y são as componentes do momento resistente de cálculo em flexão


oblíqua composta, segundo os dois eixos principais de inércia x e y, da seção bruta,
com um esforço normal resistente de cálculo NRd igual à normal solicitante NSd.
Esses são os valores que se deseja obter;

MRd,xx; MRd,yy são os momentos resistentes de cálculo segundo cada um dos


referidos eixos em flexão composta normal, com o mesmo valor de NRd. Esses
valores são calculados a partir do arranjo e da quantidade de armadura em estudo;

α é um expoente cujo valor depende de vários fatores, entre eles o valor da força
normal, a forma da seção, o arranjo da armadura e de suas porcentagens. Em geral
pode ser adotado α = 1 , a favor da segurança. No caso de seções retangulares
pode-se adotar α = 1,2 .
13.5. Detalhamento de Pilares

13.5.1. Armaduras Longitudinais de Pilares

As armaduras longitudinais máxima e mínima para pilares são as seguintes:

N
A s,mín = 0,15 d ≥ 0,40% ⋅ A c
f yd

A s,max = 8%A c

O diâmetro das barras longitudinais não deve ser inferior a 10 mm e nem superior
1/8 da menor dimensão transversal.

A armadura mínima exigida para pilares foi reduzida à metade do valor especificado
na norma de 1978, enquanto que a máxima armadura permitira passou de 6 a 8%.

Em seções poligonais, deve existir pelo menos uma barra em cada vértice; em
seções circulares, no mínimo seis barras distribuídas ao longo do perímetro.

O espaçamento livre entre as armaduras, medido no plano da seção transversal,


fora da região de emendas, deve ser igual ou superior ao maior dos seguintes
valores:

- 4 cm;
- quatro vezes o diâmetro da barra ou duas vezes o diâmetro do feixe ou da luva;
- no mínimo 1,2 vezes o diâmetro máximo do agregado, inclusive nas emendas.

O espaçamento máximo entre eixos das barras deve ser menor ou igual a duas
vezes a menor dimensão no trecho considerado, sem exceder 400 mm.

13.5.2. Armaduras Transversais de Pilares

A armadura transversal de pilares, constituída por estribos e, quando for o caso, por
grampos suplementares, deve ser colocada em toda a altura do pilar, sendo
obrigatória sua colocação na região de cruzamento com vigas e lajes.

O diâmetro dos estribos em pilares não deve ser inferior a 5 mm nem a 1/4 do
diâmetro da barra que constitui a armadura longitudinal.

A armadura transversal mínima é a mesma exigida para as vigas:

A sw f ct,m
ρ sw = ≥ 0,2
b w ⋅ S ⋅ senα f ywk
O espaçamento longitudinal entre estribos, medido na direção do eixo do pilar, para
garantir o posicionamento, impedir a flambagem das barras longitudinais e garantir a
costura das emendas de barras longitudinais nos pilares usuais deve ser igual ou
inferior ao menor dos seguintes valores:

- 20 cm;
- menor dimensão da seção;
- 24 φ para CA-25, 12 φ para CA-50.

Pode ser adotado o valor φ t < φ /4 desde que as armaduras sejam constituídas do
mesmo tipo de aço e o espaçamento respeite também a limitação:
 φt 2  1
s máx = 90.000 
 φ  fyk
 
Quando houver necessidade de armaduras transversais para cortantes e torção,
esses valores devem ser comparados com os mínimos especificados para vigas,
adotando-se o menor dos limites especificados.

Sempre que houver possibilidade de flambagem de barras da armadura, situadas


junto à superfície do elemento estrutural, devem ser tomadas precauções para evitá-
las.

Os estribos poligonais garantem a estabilidade das barras localizadas em e as que


se situarem a no máximo 20 φ t do canto, desde que nesse trecho não existam mais
de duas barras além da do canto. Quando houver mais de duas barras nesse trecho
ou fora dele deve haver estribos suplementares.

Se houver mais de uma barra a ser protegida contra a flambagem junto à mesma
extremidade do estribo suplementar, seu gancho deve envolver um estribo principal,
o que deve ser claramente indicado no projeto estrutural.

13.6. Pilares-Parede

Os pilares parede são aqueles pilares que tem a sua menor dimensão igual a 1/5 da
maior.

Esse tipo de elemento requer alguns cuidados especiais de cálculo e detalhamento


que são tratados de forma mais completa na norma de 2003.

Nos pilares parede pode-se ter uma região que apresenta não retilinidade maior que
a do eixo do pilar como um todo. Nessas regiões surgem efeitos de 2ª ordem
maiores, chamados de efeitos de 2ª ordem localizados. O efeito de 2ª ordem
localizado, além de aumentar a flexão longitudinal nessa região, aumenta também a
flexão transversal, havendo a necessidade de aumentar os estribos nessas regiões,
como será visto adiante.
Os esforços localizados de 2a ordem de pilares-parede podem ser desprezados se,
para cada uma de suas lâminas forem obedecidas as seguintes condições:

a) A base e o topo de cada lâmina devem ser convenientemente ligado às lajes do


edifício, que conferem ao todo o efeito de diafragma horizontal;

b) A esbeltez λ i de cada lâmina deve ser menor que 35, podendo o cálculo dessa
esbeltez ser efetuado por meio da expressão a seguir:

l
λ i = 3,46 ei
hi

Onde:

l e depende dos vínculos das extremidades da lâmina conforme abaixo:

Topo Topo

l
le = ≥ 0,3l
l le = l l 1 + (β / 3 ) 2
b b
β = l/b
Base Base

Topo Topo
l
le = se β ≤ 1
1+ β2
l l l l e = 2b ≤ l
le = se β > 1
b 2β b
β = l/b
Base Base

Se o topo e a base forem engastados e β ≤ 1, os valores de λ i podem ser


multiplicados por 0,85.

Para os pilares-parede compostos por lâminas de esbeltez menor que 90 a


consideração dos efeitos localizados de 2ª ordem pode ser realizado utilizando o
método aproximado dado a seguir.

O pilar-parede deve ser decomposto em faixas verticais de largura ai que estará


sujeito aos esforços Ni e Myid, onde:
ai = 3h ≤ 100 cm

Myid = m1yd ai ≥ M1dmín

Onde:
ai = largura da faixa i
Ni = força normal na faixa i, calculada a partir de nd(x)
Myid = momento fletor na faixa i
m1yd , h e nd(x) são definidos na figura abaixo:

No caso dos pilares-parede a armadura transversal deve também respeitar o mínimo


de 25% da armadura longitudinal da face.
14. CRITÉRIOS PARA O PROJETO DE LAJES

14.1. Dimensões Mínimas

Os seguintes limites mínimos de espessura devem ser seguidos para as lajes


maciças:

a) 5 cm para lajes de cobertura não em balanço.


b) 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balanço.
c) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN.
d) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN.
d) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes cogumelo.

Outras recomendações específicas são dadas para lajes nervuradas.

Em relação à norma de 1978 a única diferença é que agora em função do tipo de


veículo suportado pelas lajes poderá ser aceita espessura de 10 cm, quando antes
qualquer laje de estaiconamento deveria ter espessura mínima de 12 cm.

14.2. Furos e Aberturas

Para dispensa de verificação da resistência e deformação deverão ser observadas


as seguintes condições simultâneas:

a) Laje armada em duas direções.


b) As dimensões da abertura devem corresponder no máximo a 1/10 do menor vão.
c) A distância entre a face de uma abertura e uma borda deve ser igual ou maior
que ¼ do vão na direção considerada.
d) A distância entre faces de aberturas adjacentes deve ser maior que a metade do
menor vão.

14.3. Dimensionamento e Detalhamento para Solicitações Normais

O dimensionamento de armaduras longitudinais deve atender às mesmas condições


descritas para as vigas.

Para determinação dos esforços é admitida a análise linear com e sem redistribuição
e análise plástica (charneiras plásticas).

Quando é feita redistribuição de momentos de M para δM a posição da linha neutra


deve ser dada por:

x
δ ≥ 0,44 + 1,25 (fck ≤ 35 MPa)
d
x
δ ≥ 0,56 + 1,25 (fck > 35 MPa)
d

O coeficiente de redistribuição δ deve ser maior ou igual a 0,75.


Para a análise plástica deverá ser adotada a razão mínima de 1,5:1 entre momentos
de borda e momentos no vão.

No caso da análise plástica para garantia de condições apropriadas de dutilidade,


dispensando a verificação explícita da capacidade de rotação plástica deve-se ter a
posição da linha neutra limitada em x/d ≤ 0,30.

Devem ser respeitadas as armaduras mínimas de flexão da tabela a seguir:

Taxas mínimas de armadura de flexão para lajes (γc = 1,4 e γs = 1,15)

Valores de ρmín
Armadura Classe de Concreto
20 25 30 35 40 45 50
Negativas 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288

Positiva
0,101 0,101 0,116 0,135 0,154 0,173 0,193
(armada em duas direções)

Positiva
0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288
(armada em uma direção)

0,075 0,075 0,087 0,101 0,115 0,130 0,144


Distribuição
(negativos e armada em 20% da armadura principal
uma direção)
0,9 cm2

As seguintes disposições construtivas devem ser seguidas para as lajes:

a) Qualquer barra da armadura de flexão deve ter diâmetro máximo de h/8.


b) O espaçamento máximo da armadura principal deve ser de 2h ou 20 cm.
c) O espaçamento máximo da armadura secundária deve ser de 33 cm.
14.4. Força Cortante em Lajes

A colocação de armadura para força cortante pode ser dispensada quando:

Vsd ≤ VRd1

[ ]
VRd1 = τ Rd k (1,2 + 40 ρ1) + 0,15 σ cp b w d

Onde:
fctk,inf
τRd = 0,25
γc
k = 1 quando 50% da armadura inferior não chega até o apoio
k = 1,6 − d > 1 quando mais de 50% da armadura inferior chega até o apoio
A s1
ρ1 = (menor que 0,02)
bwd
A s1 = Área de armadura que se estende d + lb,nec além da seção considerada
N sd
σ cp =
Ac
N sd = Compressão longitudin al na seção (protensão ou carregamen to)

Caso seja necessária armadura aplica-se a mesma metodologia adotada para as


vigas, sendo a resistência dos estribos limitada a:

- 250 MPa para lajes cp, espessura até 15 cm.


- 435 MPa para lajes com espessura maior que 35 cm.

Pode ser feita a interpolação de valores.


14.5. Dimensionamento de Lajes à Punção

Embora a norma contenha prescrições para pilares internos com efeito de momento,
pilares de borda e pilares de canto, apenas o caso de pilares internos com
carregamento simétrico será aqui tratado.

F
τ Sd = Sd
u⋅d

Onde:
dx + dy
d = altura útil média =
2
u = perímetro do contorno crítico em análise (C, C´ou C´´)
FSd = Força ou reação concentrada de cálculo

O contorno C é o próprio contorno do pilar.

O contorno crítico C´ é definido por uma distância 2d da face do pilar.

O contorno C´´ é definido por uma distância 2d do último contorno de armadura.

Para as lajes submetidas à punção com ou sem armadura deverá ser verificada a
tensão resistente de compressão diagonal do concreto no contorno C:

τ Sd ≤ τRd2
 f 
τRd2 = 0,27 1 − ck  fcd
 250 

Nas lajes sem armadura de punção deverá ser verificada a tensão resistente no
contorno C´ como segue:

τ Sd ≤ τRd1
 20 
⋅ (100 ⋅ ρ ⋅ fck ) 3
1
τRd1 = 0,131 + 
 d 

Onde:
ρ = ρx ⋅ ρy
dx + dy
d=
2
ρ = taxa de armadura aderente de flexão (a lagura a considerar corresponde à largura
do pilar acrescida de 3d para cada um dos lados.
No caso de lajes com armadura de punção a tensão resistente na superfície crítica
C´deve ser calculada como segue:

τ Sd ≤ τRd3
 20  d A sw f yd senα
( )
1
τRd3 = 0,101 + ⋅ 100 ⋅ ρ ⋅ f 3 + 1,5
d 
ck
 Sr u⋅d

Onde:
S r = espaçament o radial da armadura de punção ≤ 0,75d
A sw = armadura de punção num contorno completo paralelo a C´
α = ângulo de inclinação da armaudra
u = perímetro de C´
f ywd ≤ 300 MPa para conectores
f ywd ≤ 250 MPa para estribos em lajes de espessura menor que 15 cm
f ywd ≥ 250 MPa para estribos em lajes de espessura maior que 15 cm

No C´´ a tensão τ Sd deverá ser menor ou igual a τRd1 .

Para proteção contra colapso progressivo deverá ser disposta uma armadura de
flexão devidamente ancorada além do contorno C´ e atravessando o contorno C, tal
que:

A s f yd ≥ Fsd

Onde:

As é a soma das áreas das barras que cruzam cada uma das faces do pilar.

A resistência das lajes à punção obtida segundo a NBR 6118:2003 é


substancialmente menor que a obtida pela norma de 1978 e assim a necessidade de
armadura ou maiores espessuras de laje é incrementada.
15. ESTADO LIMITE DE VIBRAÇÕES EXCESSIVAS

Este tópico é completamente novo na normalização nacional e retrata um problema


atual.

Em decorrência da otimização estrutural com a diminuição das dimensões das


peças conseguida graças aos avanços nos métodos de cálculo e na tecnologia dos
materiais a esbeltez das estruturas aumentou, tornando-as mais vulneráveis a
problemas de vibrações, mesmo no caso de estruturas que não estão sujeitas a
carregamentos especiais.

Segundo a NBR 6118:2003 a análise das vibrações pode ser feita em regime linear.

Para assegurar comportamento satisfatório das estruturas sujeitas a vibrações,


deve-se afastar o máximo possível a frequência própria da estrutura (f) da
frequência crítica (fcrit) que depende do a que se destina a edificação:

f > fcrit

Quando a ação crítica é originada numa máquina a frequência crítica passa a ser a
da máquina.

Nesse caso, pode não ser suficiente afastar as duas frequências. Principalmente
quando a máquina é ligada, durante o processo de aceleração da mesma é
usualmente necessário aumentar a massa ou o amortecimento da estrutura para
absorver parte da energia envolvida.

Em casos especiais uma análise dinâmica mais acurada deve ser feita.

Na falta de valores determinados experimentalmente pode-se adotar os valores


indicados na tabela 23.1.

Tabela 23.1 - Frequência crítica para alguns casos de estruturas submetidas a


vibrações pela ação de pessoas.

fcrit
Caso
(Hz)
Ginásio de esportes 8,0
Salas de dança ou de concerto sem cadeiras fixas 7,0
Escritórios 3,0 a 4,0
Salas de concerto com cadeiras fixas 3,4
Passarelas de pedestres ou ciclistas 1,6 a 4,5
16. ESFORÇOS GLOBAIS DE SEGUNDA ORDEM

Os efeitos globais de segunda ordem ganhou uma seção específica da nova


NBR 6118, uma vez que o tema não era tratado na versão de 1978.

Segundo a versão atual esses efeitos de segunda ordem podem ser desprezados se
o parâmetro α1 estiver dentro de certos limites, como segue:

Nk
α = H tot
E csIc

Sendo:
α1=0,2+ 0,1 se n ≤ 3
α1=0,6 se n ≥ 4

Onde:
n= número de níveis de barras horizontais (andares) acima da fundação ou de
um nível pouco deslocável do subsolo
Htot = altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um nível
pouco deslocável do subsolo;
Nk = somatória de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível
considerado para o cálculo de Htot), com seu valor característico;
EcsIc = somatória dos valores de rigidez de todos os pilares na direção considerada.
No caso de estruturas de pórticos, de treliças ou mistas, ou com pilares de
rigidez variável ao longo da altura, pode ser considerado o valor da expressão
EcsIc de um pilar equivalente de seção constante.

Outra maneira de avaliar a importância dos esforços de segunda ordem global é por
meio do coeficiente γz, válido para estruturas reticuladas de no mínimo quatro
andares.

O valor de γz para cada combinação de carregamento é dado pela expressão:

1
γz =
∆M tot, d
1−
M1, tot, d
Onde:
M1,tot,d = Momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas as
forças horizontais da combinação considerada, com seus valores de
cálculo, em relação à base da estrutura;
∆Mtot,d = Soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na
combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos
deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação,
obtidos da análise de 1ª ordem;

Considera-se que a estrutura é de nós fixos se for obedecida a condição: γz ≤ 1,1.
Uma solução aproximada para determinação dos esforços globais de 2ª ordem
consiste na avaliação dos esforços finais (1ª ordem + 2ª ordem) a partir da
majoração dos esforços horizontais na combinação de carregamento considerada
por 0,95 γz. Esse processo é válido para γz ≤ 1,3.

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