Você está na página 1de 46

CM69A – ESTRUTURAS DE MADEIRA

Prof. Rodolfo Krul Tessari

PROPRIEDADES
MECÂNICAS DA MADEIRA
PROPRIEDADES MECÂNICAS

 Material Ortotrópico

 Melhores propriedades na direção longitudinal

2
PROPRIEDADES MECÂNICAS

São responsáveis pela reposta do material


quando solicitado por ações externas, sendo
classificadas como:

PROPRIEDADES PROPRIEDADES DE
ELÁSTICAS RESISTÊNCIA

3
1. PROPRIEDADES ELÁSTICAS

Elasticidade: capacidade do material retornar à


forma inicial, após cessada a ação externa que o
solicitava, sem apresentar deformação residual.

 Módulo de Elasticidade Longitudinal (E)

 Módulo de Elasticidade Transversal (G)

 Coeficiente de Poisson (ν)

4
1. PROPRIEDADES ELÁSTICAS
1.1 Módulo de Elasticidade Longitudinal (E)
 Mód. Longit. paralelo às fibras (E0):
Determinado por meio do ensaio de
compressão paralela às fibras;

 Mód. Longit. normal às fibras (E90):


E0
E90 
20
 Mód. Longitudinal na flexão (EM):
Coníferas EM  0,85  E0
Dicotiledôneas EM  0,90  E0 5
1. PROPRIEDADES ELÁSTICAS
1.2 Módulo de Elasticidade Transversal (G)
A NBR 7190:2012 define o módulo de elasticidade
transversal como sendo igual a:
E0
G
15
1.3 Coeficiente de Poisson (ν)
A norma não especifica valores para a madeira

 12  21

E1 E2

https://www.sonelastic.com/pt/fundamentos/tabelas-propriedades-materiais/madeiras.html
2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
Diferem segundo os 3 eixos principais, embora
com valores muito próximos nas direções
tangencial e radial.

Paralela às fibras
Resistência
Normal às fibras

7
2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
2.1 Resistência à Compressão
 Paralela às fibras (fc0,k):
Propriedade básica determinada
por meio de ensaio padronizado

f c 0,k

 Normal às fibras (fc90,k):

f c 90,k f c 0,k  0,25


2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
2.1 Resistência à Compressão
 Inclinada às fibras (fc):
Permite-se ignorar a influência da inclinação das
tensões normais até o ângulo  = 6º (arctg  = 0,10).

Para inclinações maiores, ocorre


redução de resistência.

HANKINSON:
f c 0  f c 90
f c 
f c 0 sin 2   f c 90 cos 2 
2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
2.2 Resistência à Tração
Valores obtidos por meio de ensaios
ou mediante fórmulas de correlação.
 Paralela às fibras (ft0,k):
Elevados valores de resistência
e baixa deformação.

f c 0,k ft 0,k  0,77


2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
2.2 Resistência à Tração
 Normal às fibras (ft90,k):
Baixíssimos valores de resistência.

ft 90,k ft 0,k  0,05

Deve ser evitada a todo


custo em projetos!

Para fins de projeto, a NBR 7190 desconsidera a resis-


tência à tração normal da madeira.
2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
2.3 Resistência ao Cisalhamento
 Vertical: não é crítico → esmag. por compressão
 Horizontal: caso mais crítico e que pode levar à
ruptura por escorregamento
 Perpendicular (rolling): produz uma rolagem
(rearranjo) entre as células
2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
2.3 Resistência ao Cisalhamento
 Horizontal: produzido na flexão!

Coníferas f v 0,k f c 0,k  0,15

Dicotiledôneas f v 0,k f c 0,k  0,12


2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
2.4 Flexão Simples

1)Compressão paralelas às fibras


2) Tração paralelas às fibras
3) Cisalhamento horizontal
4) Compressão normal (apoios) 14
2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
2.4 Flexão Simples

15
2. PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA
2.5 Resistência ao Embutimento
É a resistência da madeira a esforços de compressão
causados por pinos embutidos em orifícios da madeira.

Valores obtidos por


meio de ensaios ou
mediante fórmulas
de correlação:

f e0,d  f c0,d
f e90,d  0,25 f c0,d  α e
3. CONSIDERAÇÕES GERAIS
PARA PROJETO
17
3. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Elementos Básicos:

 Memorial Justificativo;

 Desenhos (Detalhamento);

 Plano de Execução.

18
3. CONSIDERAÇÕES GERAIS
3.1 MEMORIAL JUSTIFICATIVO

 Descrição do arranjo global da estrutura


 Esquemas adotados na análise dos elementos
estruturais
 Resultados da análise estrutural;
 Propriedades dos materiais;
 Dimensionamento e detalhamento esquemático
das peças estruturais;
 Dimensionamento das emendas e ligações.

19
3. CONSIDERAÇÕES GERAIS
3.2 DESENHOS (DETALHAMENTO)

 Elaboração de pranchas para execução;


 Detalhamento esquemático das emendas e
ligações;
 Nas pranchas devem constar, de modo bem
destacado, as classes de resistência das
madeiras a serem empregadas.

NBR 7190: Anexo A

20
3. CONSIDERAÇÕES GERAIS
3.3 PLANO DE EXECUÇÃO

Quando necessária a inclusão do plano de


execução no projeto, devem apresentar:

 seqüência de execução;

 juntas de montagem.

21
4. DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL

22
4. DIMENSIONAMENTO
4.1 Caracterização da Resistência
4.1.1 Caracterização completa da madeira

a) Compressão paralela às fibras (fc,0)


b) Compressão normal às fibras (fc,90)
c) Tração paralela às fibras (ft,0)
d) Tração normal às fibras (ft,90)
e) Cisalhamento paralelo às fibras (fv,0)
f) Embutimento paralelo e normal às fibras (fe,0; fe,90)
g) Densidade básica e aparente (U=12%).

Métodos de ensaio → anexo B


4. DIMENSIONAMENTO
4.1 Caracterização da Resistência
4.1.2 Caract. mínima de espécies pouco conhecidas

a) Compressão paralela às fibras (fc,0)


b) Compressão normal às fibras (fc,90)
c) Tração paralela às fibras (ft,0)
d) Tração normal às fibras (ft,90)
e) Cisalhamento paralelo às fibras (fv,0)
f) Embutimento paralelo e normal às fibras (fe,0; fe,90)
g) Densidade básica e aparente (U=12%).
4. DIMENSIONAMENTO
4.1 Caracterização da Resistência
4.1.3 Caracterização simplificada de espécies usuais
Na falta da determinação experimental, permite-se adotar
as seguintes relações para os valores característicos das
resistências com base no valor de fc0,k:
4. DIMENSIONAMENTO
4.2 Classificação das peças

Primeira categoria:
 Apenas peças isentas de defeitos, classificadas por
meio de método visual normalizado e também sub-
metidas a uma classificação mecânica;
 Peças cujas características mecânicas são iguais a,
pelo menos, 85% das obtidas em pequenos corpos de
prova isentos de defeitos. A madeira é de qualidade
excepcional, sem nós e retilínea.
4. DIMENSIONAMENTO
4.2 Classificação das peças

Segunda categoria:
 Quando não houver a aplicação simultânea da classi-
ficação visual e mecânica;
 Apresenta características mecânicas iguais a, pelo
menos, 60% dos valores correspondentes aos
obtidos em ensaios com pequenos corpos de prova
isentos de defeitos. A madeira é de qualidade
estrutural corrente, com pequenas incidências de nós
firmes e outro defeitos.
4. DIMENSIONAMENTO
4.3 Classes de Resistência

Tabela 8 - Classes de resistência das CONÍFERAS


(valores na condição-padrão de referência U = 12%)

Fonte: ABNT NBR 7190/1997 (p. 16)


4. DIMENSIONAMENTO
4.3 Classes de Resistência
Tabela 9 - Classes de resistência das DICOTILEDÔNEAS

Fonte: ABNT NBR 7190/2012 (p. 16)


4. DIMENSIONAMENTO
4.4 Teor de Umidade
O projeto das estruturas de madeira deve ser feito admitindo-se uma
das classes de umidade especificadas na Tabela 7 (NBR 7190).

Classes de Umidade relativa do Umidade de equilíbrio da


umidade ambiente, Uamb madeira, Ueq
1 ≤ 65% 12%
2 65% < Uamb ≤ 75% 15%
3 75% < Uamb ≤ 85% 18%
Uamb > 85% durante
4 ≥ 25%
longos períodos

As classes de umidade têm por finalidade ajustar as propriedades de resis-


tência e de rigidez da madeira em função das condições ambientais onde
permanecerão as estruturas.
30
4. DIMENSIONAMENTO
4.5 Condição-padrão de referência
Os valores especificados na NBR 7190 para as pro-
priedades de resistência e rigidez da madeira corres-
pondem à condição de umidade de 12%.
Para teores de umidade entre 10% e 20%, devem ser
aplicadas as seguintes correções:

 2(U %  12) 
E12%  EU % 1  
 100 
 3(U %  12) 
f12%  fU % 1  
 100
4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU

f wk
f wd =k mod
γm
4.6.1 Coeficientes parciais de segurança:

 Compressão: γ wc  1, 4
 Tração: γ wt  1,8 ELS: γ w  1,0
 Cisalhamento: γ wv  1,8
4. DIMENSIONAMENTO
Table 2.3 – Recommended partial factors γM
γM

Fonte: Eurocode 5 – EN1995.1.1.2004, p.24.


4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU
4.6.1 Coeficiente de modificação (kmod)
Os coeficientes de modificação kmod afetam os valores
de cálculo das propriedades da madeira em função:

 da classe de carregamento da estrutura;

 da classe de umidade admitida;

 do emprego de madeira de segunda qualidade.

k mod  k mod,1  k mod,2  k mod,3


4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU

kmod,1: classe de carregamento e o tipo de material

Tabela 10 – Valores de kmod,1


Ordem de grandeza Madeira serrada,
Classe de Laminada colada Madeira
da duração da ação Compensada,
carregamento recomposta
variável característica Madeira roliça
Permanente Vida útil da construção 0.60 0.30
Longa duração Mais de seis meses 0.70 0.45
Média duração Uma semana a seis meses 0.80 0.65
Curta duração Menos de uma semana 0.90 0.90
Instantânea Muito Curta 1.10 1.10
Fonte: NBR 7190:2012, p.17.
4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU

kmod,1: classe de carregamento e o tipo de material


Tabela 2.1 – Load-duration classes

Fonte: Eurocode 5 – EN1995.1.1.2004, p.21.


4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU

kmod,2: classe de umidade e o tipo de material


Tabela 5 – Valores de kmod,2
Madeira serrada,
Classe de Laminada colada Madeira
umidade Compensada, recomposta
Madeira roliça
(1) 1.0 1.00
(2) 0.9 0.95
(3) 0.8 0.93
(4) 0.7 0.90
Fonte: NBR 7190:2012, p.18.

No caso de madeira serrada submersa: kmod2 = 0,65.


4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU

kmod,3: considera a qualidade da madeira

Para a avaliação da qualidade da madeira é necessária a


classificação de todas as peças estruturais por meio de
método visual normalizado e também submetidas a
uma classificação mecânica que garanta a homogenei-
dade da rigidez das peças que compõem o lote de
madeira a ser empregado.
4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU

kmod,3: considera a qualidade da madeira

Fonte: NBR 7190:2012, p.19.


4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU

kmod,3: considera a qualidade da madeira

Fonte: NBR 7190:2012, p.19.


4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU

kmod,3: considera a qualidade da madeira

Para madeira não classificada, os valores a serem


empregados de kmod,3 correspondem a:
a) madeira de folhosa não-classificada: kmod,3 = 0,70
b) madeira de conífera: não é permitido seu uso sem
classificação.
4. DIMENSIONAMENTO
4.6 Resistência de Cálculo (Rd) – ELU

kmod,3: considera a qualidade da madeira

Para madeira laminada colada (MLC), o coeficiente


de modificação kmod3 leva em conta a curvatura da
peça, valendo:
 Peças retas: kmod3 = 1,0 2
t
 Demais casos: kmod ,3  1  2000  
r
t – espessura das lâminas;
r – menor raio de curvatura das lâminas que compõem a seção transversal
Fonte: Eurocode 5 - EN.1995.1.1.2004, p. 27.
4. DIMENSIONAMENTO
4.7 Rigidez de Cálculo (Ec0,ef)
Nas verificações de segurança que dependem da
rigidez da madeira, o módulo de elasticidade
paralelamente às fibras deve ser tomado com o valor
efetivo:
Ec0,ef  kmod1  kmod 2  kmod3  Ec0,m

e o módulo de elasticidade transversal com o valor


efetivo:

Gef  Ec0,ef / 15
4. DIMENSIONAMENTO
4.8 Resistências Usuais de Cálculo

 Tração paralela às fibras: f t0,d  f c0,d


 Tração normal às fibras: f t90,d  0,06  f c0,d
 Compressão normal às fibras: f c90,d  0,25 f c0,d  α n

 Cisalhamento:  f v0,d  0,12 f c0,d (coníferas)


f  0,10 f (folhosas)
 v0,d c0,d

f e0,d  f c0,d
 Embutimento: 
f e90,d  0,25 f c0,d  α e
O valor de e é dado na Tabela 10 da NBR 7190.
EXEMPLO
A linha de uma tesoura está submetida ao esforço
solicitante de cálculo de 50 kN. Considerando uma
situação duradoura de projeto, verifique se a seção
(7,5 x 10 cm) atende ao esforço aplicado. Verifique,
adicionalmente, a segurança das peças de ligação.

Você também pode gostar