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MBA EM PROJETO E CONSTRUÇÃO DE ESTRUTURAS METÁLICAS E DE MADEIRA

Fundamentos de Estruturas de Madeira

Glauco José de Oliveira Rodrigues, D.Sc.

glauco.grengenharia@gmail.com
UNIDADE 2

Propriedades físicas, mecânicas, resistência e


rigidez das madeiras;
UNIDADE 2

Anisotropia Variação da resistência e do módulo de elasticidade (E) da


madeira com o seu peso específico:
Reações diferentes segundo a direção da solicitação
UNIDADE 2

Fatores de influência nas propriedades


Ambientais Anatômicos
• Temperatura ambiente;
• Densidade;
• Composição e umidade do solo no local de crescimento da
árvore; • Inclinação das Fibras;

• Densidade do povoamento e tipo de manejo a ele aplicado; • Defeitos físicos da madeira..

• Posição da árvore no terreno;


• Incidência de chuvas;
• Umidade;

Físicos
• Geometria dos anéis de crescimento;
• Idade das diferentes camadas;
• Posição da amostra em relação a altura da árvore ou ao seu diâmetro;
• Maior ou menor incidência de nós e de fibras reversas;
• Número e dimensões dos corpos-de-prova ensaiados.
UNIDADE 2

Defeitos físicos

Nó Conjunto de nós

Esmoado

Fissura passante Fissura não passante


UNIDADE 2

Defeitos físicos

Encurvamento Encanoamento

Torcimento
Arqueamento
UNIDADE 2

Defeitos por ataques biológicos

Insetos

Fungos
UNIDADE 2

Umidade
A umidade da madeira tem grande importância sobre
suas propriedades. O grau de umidade (U) é o peso de
água contido na madeira expresso por uma
mi  ms
U (%)  100
porcentagem da massa da madeira seca em estufa (ms)
(até a estabilização do peso):
A umidade está presente na madeira de duas formas: ms
- água no interior da cavidade das células ocas.
(mi ) massa inicial
- água absorvidas paredes das fibras.
(ms) massa seca
Exposta ao meio ambiente ele perde continuamente
umidade por evaporação das moléculas livres de água
das células ocas.
UNIDADE 2

Umidade
Deseja-se determinar a porcentagem de umidade de uma peça de Jatobá, a ser empregada na confecção de um piso.
Dela se retira uma amostra, de acordo com recomendações da NBR 7190. A massa inicial da amostra é 42,88g. A massa
seca é 28,76g. Qual é o valor da umidade procurada (U)?

mi  ms 42,88  28,76
U (%)  100  100
ms 28,76
U (%)  49,1%
UNIDADE 2

Exercício
Uma peça de madeira para emprego estrutural tem massa de 6148g a U% de umidade e deve ser submetida à secagem
até atingir 12%, condição na qual será utilizada. Sabendo-se que uma amostra retirada da referida peça, nas dimensões
indicadas pela NBR 7190, pesou 34,52g (com U% de umidade) e 25,01g (massa seca), pede-se estimar o peso da peça
em questão quando for atingida a umidade de 12%. Calcule o módulo e a resistência para esse caso.

Cálculo da umidade inicial (U%)


mi  ms 34,52  25,01
U (%)  100  100 U (%)  38,0%
ms 25,01
Massa seca (U= 38%):
mi  ms 100mi 100  6148
U (%)  100  ms    4455g
ms U (%)  100 38,0  100
Massa (U= 12%):

U (%)ms 12  4455
m12   ms  m12   4455  4989,6 g
100 100
UNIDADE 2

Eixos de Referência

Perpendicular às fibras (90)


UNIDADE 2

Compressão Macroscopia
Microscopia
Paralelo à fibras

Perpendicular às fibras

Inclinada
(A) Paralelo à fibras (grande resistência);
(B) Perpendicular às fibras (aprox.1/4 de A).
UNIDADE 2

Cisalhamento Paralelo às fibras (horizontal): menor resistência

Perpendicular às fibras: alta resistência

Paralelo às fibras (rolling): menor resistência


UNIDADE 2

Cisalhamento

Vmáx
UNIDADE 2

Flexão
UNIDADE 2
UNIDADE 2

Caracterização das resistências da madeira


Caracterização completa
É recomendada para espécies de madeira não conhecidas, e consiste na determinação de todas as suas
propriedades:
• Resistência à compressão paralela às fibras (fc0);
• Resistência à tração paralela às fibras (ft0);
• Resistência à compressão perpendicular às fibras (fc90);
• Resistência à tração perpendicular às fibras (ft90);
• Resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (fv0);
• Resistência de embutimento paralelo (fe0) e normal às fibras (fe90);
• Densidade básica e densidade aparente.
UNIDADE 2

Caracterização das resistências da madeira


Caracterização mínima
É recomendada para espécies de madeira pouco conhecidas, e consiste na determinação das seguintes
propriedades:
• Resistência à compressão paralela às fibras (fc0);
• Resistência à tração paralela às fibras (ft);
• Resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (fv);
• Densidade básica e densidade aparente.
OBS: No caso da impossibilidade da execução dos ensaios de tração, admite-se este valor igual ao da
resistência à tração na flexão (ftM).
UNIDADE 2

Caracterização das resistências da madeira


Caracterização simplificada
Permite-se a caracterização simplificada das resistências da madeira de espécies usuais, a partir dos
ensaios de compressão paralela às fibras, adotando-se as seguintes relações para os valores
característicos:
• fc0,k /ft,k = 0,77
• ftM,k / ft,k = 1,0
• fc90,k / fc0,k = 0,25
• fe0,k / fc0,k = 1,0
• fe90,k / fc0,k = 0,25
• fv,k / fc0,k = 0,15 (para coníferas)
• fv,k / fc0.k = 0,12 (para dicotiledôneas)
UNIDADE 2

Valores característicos das propriedades da madeira


A realização de ensaios de laboratório para a determinação das propriedades da madeira fornece, com base
na análise estatística dos resultados, valores médios (Xm). Estes valores médios devem ser transformados em
valores característicos (Xk).

X k ,12  0,7 X m,12 O índice 12 refere-se à umidade de 12%

 X 1  X 2  ...  X n 
 1 
Xk  2 2
 X n 1,1
 n
1 2 
 
 2 

•n deve ser, no mínimo, 6 para caracterização simplificada e 12 para caracterização mínima;


•Os resultados devem ser colocados em ordem crescente (X1< X2<... <Xn), desprezando o valor mais alto se o
número de CP for ímpar;
•Xk não deve ser inferior a X1 e nem a 0,7 Xm.
UNIDADE 2
Exercício: Determinar o valor característico da resistência à compressão paralela às
fibras (fc0,k) de um lote de madeira plantada. Para este lote, foram efetuados ensaios de
compressão paralela às fibras em doze CPs com teor de umidade de 12%, tendo sido
obtidos os seguinte valores:
CP 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Média
fc0 (MPa) 56.7 43.0 61.9 64.7 59.6 54.9 38.6 34.9 43.0 58.0 58.1 50.1 52.0

Solução:

CP 8/1 7/2 2/3 9/4 12/5 6/6 1/7 10/8 11/9 5/10 3/11 4/12 Média
fc0 (MPa) 34.9 38.6 43.0 43.0 50.1 54.9 56.7 58.0 58.1 59.6 61.9 64.7 52.0

n/2=6 menores valores


Menor valor dos ensaios
 X 1  X 2  ...  X n 
 1   34,9 
Xk  2 2
 X n 1,1 f c 0,k     f c 0,k  36,4MPa
 n 2   0,7  52,0  36, 4 
 1 
 2  Valor médio
 
 34,9  38,6  43,0  43,0  50,1 
f c 0,k  2  54,9 1,1  31,8MPa
 12
1 
 
 2 
UNIDADE 2
UNIDADE 2

Valores de referência em ensaios de peças estruturais para madeiras


originárias de florestas plantadas
UNIDADE 2
UNIDADE 2

Valores de cálculo das propriedades da madeira


Os valores característicos das propriedades da madeira permitem que se
obtenham os valores de cálculo Xd, empregando-se o coeficiente de modificação
(K mod ) e o coeficiente de minoração das propriedades da madeira ( w ).

Xk
X d  K mod para as resistências
w
Ec 0, ef  K mod . Eco, m para o módulo de elasticidade
𝐾𝑚𝑜𝑑 = 𝐾𝑚𝑜𝑑1 . 𝐾𝑚𝑜𝑑2

• Kmod,1 – classe de carregamento e tipo de material empregado;


• Kmod,2 – classe de umidade e tipo de material empregado;
UNIDADE 2

Valores de cálculo das propriedades da madeira

Kmod,1
UNIDADE 2

Valores de cálculo das propriedades da madeira

Kmod,2
No caso de madeira serrada submersa, admite-se o valor
kmod2 = 0,65.
LVL – Laminated Venner Lumber
UNIDADE 2

Valores de cálculo das propriedades da madeira


UNIDADE 2

Coeficiente de ponderação
𝛾𝑤𝑐 = 1,4 − Compressão paralela às fibras
𝛾𝑤𝑡 = 1,4 − Tração paralela às fibras
𝛾𝑤𝑣 = 1,8 − Cisalhamento paralelo às fibras

OBS: Para verificação de estados limite de utilização (verificação de flechas), adota-se o valor básico de 1,0.
UNIDADE 2

Exercício
Determinar os valores de cálculo para a resistência à compressão paralela às fibras (fc0,d) e ao
cisalhamento (fv,d) para a espécie Conífera C20. Considerar madeira serrada, carregamento de longa
duração e classe de umidade 2.

fc0,k = 19MPa
fv,k = 3,6MPa

Kmod,1 = 0,7 (madeira serrada, carregamento de longa duração)


Kmod,2 = 0,9 (madeira serrada, classe de umidade 2)

Kmod = Kmod,1 Kmod,2 = 0,63


𝑓𝑐0,𝑘 19
𝑓𝑐0,𝑑 = 𝐾𝑚𝑜𝑑 = 0,63 = 8,55𝑀𝑃𝑎
𝛾𝑤𝑐 1,4

𝑓𝑣,𝑘 3,6
𝑓𝑣,𝑑 = 𝐾𝑚𝑜𝑑 = 0,63 = 1,26𝑀𝑃𝑎
𝛾𝑤𝑣 1,8
UNIDADE 2

Exercício
Determinar os valores de cálculo para a resistência à compressão paralela às fibras (fc0,d) e ao cisalhamento (fv,d) para a Folhosa
D60. Considerar madeira serrada, carregamento de longa duração e classe de umidade 2.

Da tabela de classe de resistência para a Folhosa D60, colhemos os valores seguintes:


fc0,k = 32 MPa
fv,k = 4,5 MPa
Ec0,k = 14000 MPa

Kmod = Kmod,1 Kmod,2 = 0,63 (ver exemplo anterior)


𝑓𝑐0,𝑘 32
𝑓𝑐0,𝑑 = 𝐾𝑚𝑜𝑑 = 0,63 = 14,4𝑀𝑃𝑎
𝛾𝑤𝑐 1,4
𝑓𝑐0,𝑘 4,5
𝑓𝑣,𝑑 = 𝐾𝑚𝑜𝑑 = 0,63 = 1,58𝑀𝑃𝑎
𝛾𝑤𝑣 1,8

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