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1. INTRODUÇÃO
O uso de sistemas compósitos em laminas, por exemplo, viga laminada colada vem
sendo incrementado na engenharia de estruturas. Em geral um material compósito é
constituído por um conjunto de materiais heterogêneos associados para realizarem uma
função que os materiais constituintes isoladamente não poderiam exercer.
Pesquisas na área de materiais compósitos têm sido bastante intensas nas últimas
décadas, fato esse decorrente da necessidade cada vez maior de se obter materiais com
melhores propriedades de rigidez e de resistência em direções definidas, bem como, com
redução de custos de fabricação desses sistemas.
Na engenharia civil, particularmente na área de estruturas de madeira, as vigas de
madeira laminada colada (MLC) constituem-se num exemplo importante. Pois em sua forma
natural, a madeira pode apresentar defeitos, como nós, que diminuem sua capacidade
resistente. A laminação, para formação de um conjunto estrutural mais eficaz, é uma das
soluções para um melhor aproveitamento da madeira (BODIG e JAYNE, 1982).
Por tratar-se de um material compósito, a madeira laminada colada possui diferentes
propriedades do seu material componente fazendo-se necessário um melhor conhecimento
sobre seu desempenho mecânico.
Sobre a resistência ao cisalhamento da junta colada a norma brasileira NBR 7190
(ABNT, 1997) prescreve que deve ser no mínimo igual à resistência ao cisalhamento
longitudinal da madeira, porém isso não ocorre na maioria das colagens.
Por outro lado, Pizzo e Smedley (2015) consideram que se o produto das relações
entre a tensão cisalhante na linha de cola e a tensão cisalhante na madeira maciça seca e
úmida deverá ser pelo menos 0,8 para ser considerada uma colagem de boa qualidade.
Nesse contexto, torna-se necessário um melhor conhecimento para se estabelecer melhores
critérios de dimensionamento.
Tendo isso em vista, esse trabalho tem como objetivo avaliar a tensão de
cisalhamento na linha da cola em relação à da madeira maciça utilizando-se a madeira
Spruce (Picea abies) e dois diferentes tipos de adesivos, um epóxi e um poliuretano, através
de ensaios destrutivos.
2. MATERIAIS
2.1. Madeira
A madeira utilizada foi Spruce (Picea abies) uma espécie italiana de grande
utilização em madeira laminada colada e em CLT (Cross laminated timber). Pode ser
comparada em termos de propriedades físicas e mecânicas à espécie Pinus do Brasil.
Ela é classificada como C24 na EN 338:2009 (Tabela 1). No Brasil (ABNT–NBR
7190/97) se enquadraria em relação às classes de resistência entre C20 e C25, e para
propriedade de elasticidade entre C25 e C30.
2.2 Adesivos
2.2.1 Epóxi
O primeiro adesivo utilizado foi o Mapei Mapewood Gel 120, um adesivo epoxídico
isento de solvente com consistência de gelatina composta de dois componentes que devem
ser misturadas antes da utilização (Parte A = resina e Parte B = endurecedor), a Tabela 2
trás suas principais propriedades mecânicas (MAPEI, 2010).
2.2.2 Poliuretano
3. MÉTODOS
Foram elaborados 8 corpos de prova para cada uma das situações tanto para os
ensaios de cisalhamento no compósito e na madeira. Após a preparação dos corpos de
prova houve a necessidade do descarte de alguns corpos de prova devido a defeitos como
nós e fissuras totalizando um número menor de corpos de prova para a realização efetiva
dos ensaios. Na Tabela 3 está listado o total dos corpos de prova ensaiados.
3.2 Ensaio
Para o cálculo das tensões de cisalhamento máximas fez-se a razão entre a força
ultima de ruptura aplicada e a área cisalhante, para tanto, foram consideradas as dimensões
reais ( ) dos corpos de prova aferidas em laboratório.
(
(1)
Onde:
é a tensão de cisalhamento de ruptura;
é a força máxima aplicada;
é a largura conforme Figura 1;
é a espessura conforme Figura 1.
(
(2)
Onde:
é a relação entre as tensões resistentes (linha de cola/ madeira);
é a tensão cisalhante resistente na linha de cola;
é a tensão cisalhante resistente da madeira.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As tensões máximas para cada corpo de prova nos ensaios da linha de cola e da
madeira maciça são apresentadas no gráfico da Figura 3.
Através deste, pode-se observar que os corpos de prova (CP) melhor comportados
foram o P_6 com uma relação entre resistências de 0,99 e o E_3 com relação de 0,98.
No geral, observa-se uma dispersão nos valores de resistências. Sendo que, 35,7%
dos corpos de prova apresentam valores superiores de resistência na linha de cola em
relação à resistência madeira maciça enquanto 64,3% apresentam o comportamento
contrário.
16
15
14
13
12
11
Tensão τ (MPa)
10
9
8
7 Linha de Cola
6
5 Madeira Maciça
4
3
2
1
0
E_1 E_2 E_3 E_4 E_5 E_6 E_7 E_8 P_1 P_2 P_3 P_4 P_5 P_6
Corpo de Prova
Tabela 4. Tensão Cisalhante Resistentes nos corpos de prova de madeira colada com Epóxi
e da madeira maciça e a relação estre elas
CP (MPa) (MPa)
E_1 9,61 11,38 0,84
E_2 13,78 9,74 1,41
E_3 8,86 9,08 0,98
E_4 9,66 10,50 0,92
E_5 12,42 13,71 0,91
E_6 12,51 12,32 1,02
E_7 13,36 13,04 1,02
E_8 8,38 13,58 0,62
Média 11,07 11,67 0,95
O menor valor de resistência observado foi o obtido para o corpo de prova E_8 (8,38
MPa) no ensaio de cisalhamento da cola, para esse mesmo corpo de prova tem-se umas
das melhores performances da madeira (13,58 MPa) o que indica uma falha na colagem
deste corpo de prova ou um defeito na madeira localizado próxima a região da linha de cola.
O efeito oposto ocorreu no corpo de prova E_2 que obteve um dos piores
desempenhos da madeira (9,74 MPa) e a maior resistência na região da cola (13,78 MPa),
indicando uma colagem eficaz que pode ter contribuído com a resistência da madeira em
seu estado natural.
Na Tabela 5 são apresentados os resultados dos seis corpos de prova com o
adesivo poliuretano.
Tabela 5. Tensão Cisalhante Resistentes nos corpos de prova de madeira colada com PU e
da madeira maciça e a relação estre elas
CP (MPa) (MPa)
P_1 9,24 8,43 1,10
P_2 8,45 10,26 0,82
P_3 9,82 10,59 0,93
P_4 13,04 12,24 1,07
P_5 12,32 15,31 0,81
P_6 10,59 10,74 0,99
Média 10,58 11,26 0,94
Já o adesivo poliuretano a menor relação observada foi a do CP P_5 o que pode ser
explicado pela alta resistência alcançada pela madeira neste CP.
A resistência da linha de cola nos corpos de prova colados com resina epóxi foram
0,49 MPa superiores do que aos colados com poliuretano.
Na Figura 4 podem-se observar dois dos corpos de prova depois de ensaiados, um
na lamina de cola quanto e um do ensaio na madeira maciça.
Figura 4. Corpo de prova após ensaio de cisalhamento (a) linha da cola (b) madeira
5. CONCLUSÕES
6. AGRADECIMENTOS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BODIG, J.; JAYNE, B. A. Mechanics of Wood and Wood Composites. Van Nostrand, New
York, N.Y. 430 p. 1982.
EUROPEAN STANDARD (EN 338). Structural Timber. Strength Classes. Brussles. 14p.
2009.
PIZZO, B.; LAVISCI, P.; MISANI, C.; TRIBOULOT, P.; MACCHIONI, N. Measuring the shear
strength ratio of glued joints within the same specimen. HOLZ ALS ROH- UND
WERKSTOFF, 61 (4), 273-280. 2003.
PIZZO, B.; SMEDLEY, D. Adhesives for on-site bonding: Characteristics, testing and
prospects. CONSTRUCTION AND BUILDING MATERIALS. 97:67-77. 2015.