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Resumo
Materiais poliméricos são de grande utilidade para a indústria e que vêm cada vez sendo mais
utilizados e estudados para aplicações específicas. Hoje a simulação numérica de estruturas e
peças têm um papel importante para acelerar o processo de inovação e prototipagem, com ela
evitam-se desperdícios durante a criação e estudo de novas tecnologias. Este trabalho investigou
diferentes perfis de estruturas, Hexagonal, Quadrado, Reentrante Horizontal, Reentrante
Vertical e Treliça, para núcleos de materiais compósitos. O material atribuído para elas é o
PLA, que vem sendo usado para impressoras 3D, considerada um tipo de manufatura aditiva.
Foram realizadas simulações de um ensaio de flexão em 3 pontos considerando ¼ da estrutura.
Foram obtidos os resultados, comparando as tensões e forças resultantes do deslocamento
aplicado. O perfil Treliça apresentou melhores respostas quanto a carga aplicada, o perfil
Quadrado teve o maior deslocamento e o perfil Reentrante Horizontal o menor.
Introdução
Especificamente os polímeros vêm sendo usados como matéria prima para Manufatura
Aditiva (MA). Processo em que a produção é rápida e precisa através da deposição de material
em camadas. Seu uso está dentro da indústria automotiva, médica, arquitetura, aeroespacial,
educação, moda e muito usada para prototipagem (DIXIT; JAIN, 2021).
Problemas de engenharia são geralmente, acontecimentos físicos que são resolvidos por
modelos matemáticos de equações diferenciais que correspondem a condições de contorno.
Essas são derivadas de leis e princípios fundamentais da natureza para um sistema ou um
volume de controle, que representam o balanço de massa, força e energia (MOAVENI, 1999).
As simulações podem ocorrer em diversas aplicações como, análise linear e não linear, estática
e dinâmica, deformações térmicas e trocas de calor, flambagem, acústica, eletroestática e
magnética, fluidos ou englobar disciplinas diferentes em análises multifísicas (BUDYNAS;
NISBETT, 2011).
Para se resolver problemas complexos de engenharia, em que técnicas clássicas de
cálculo tornam-se de difícil aplicação, se faz necessário métodos de aproximação, como o
Método dos Elementos Finitos (MEF). Nele sistemas contínuos, aqueles cuja a solução é obtida
para todos os pontos do corpo contínuo, são discretizados, ou seja, ele é dividido em partes
distintas e conectados por pontos discretos, obtendo soluções aproximadas em elementos de
comprimento finito (ALVES FILHO, 2002). Os elementos discretos são conectados pelos nós
que compõem a malha. Assim os cálculos são realizados para qualquer parte da peça,
componente ou estrutura e a quantidade de nós e elementos pode estar associada à qualidade
das aproximações, porém eles também estão associados ao tempo e ou custo de processamento
(NORTON, 2013).
O MEF pode ser usado para análises antes de se construir um modelo real ou um
protótipo. Onde modelos matemáticos irão descrever o comportamento de peças, montagens ou
estruturas. Ele é um método numérico que possuí aplicação em várias áreas da ciência e
engenharia, como nas áreas estruturais e térmica dentro da Engenharia Mecânica
(KUROWSKI, 2004). A Figura 1 traz uma comparação de como o MEF pode alterar o processo
de Desing. A disponibilidade de softwares de simulação, junto com softwares de modelagem,
facilitou o acesso e o uso da simulação dentro da indústria (NORTON, 2013).
1. Desenvolvimento
As arestas da geometria foram arredondadas, aplicando um raio de 0,35 mm. Por fim
foi obtido um quarto do modelo devido sua simetria, buscando um melhor aproveitamento da
malha para uma geometria menor, ficando 87,5 mm de comprimento e 16,8 mm de largura.
Para o suporte a malha foi gerada automaticamente no corpo e foi aplicado o Patch
Conforming Method para se usar elementos tetraédricos, sendo a ordem dos elementos definida
como quadrática, buscando um melhor resultado. Foi realizado um teste de convergência da
malha aplicando um deslocamento de 1 mm na simulação, configurada como mostra a Figura
4, para este caso foi definido o contato entre o corpo e o suporte como No Separation. Foram
realizados 2 testes, em que, no primeiro foi aplicado um Body Size variando o tamanho dos
elementos de 2.4, 2, 1.6, 1.2, 0.9 mm. E para o segundo teste foi aplicado o Face Sizing nas
arestas arredondadas, variando este controle local nos valores de 0.9, 0.8, 0.7 mm e mantendo
o tamanho dos elementos no Body Size com 1.6 mm. As simulações então foram realizadas
como teste 2 e com o Face Sizing de 0,7 mm. Para os perfis Reentrante Horizontal e Vertical a
malha teve de ser alterada pois ultrapassou o limite de nós e elementos da versão estudantil do
software, foram definidos o Body Size com 2 mm e 1,6 mm Face Size com 0,9 mm e 0,8 mm,
respectivamente.
As simulações foram realizadas usando o Frictionless, buscando aproximar o estudo do
que acontece na realidade. A formulação foi definida como Augmented Lagrange, alterando o
Update Stiffness para Each Iteration, seguindo a orientação do manual do software. Os demais
parâmetros foram deixados para controle do programa. A simetria do modelo foi realizada
usando o Frictionless Suport e o Displacement no suporte colocando o valor de y como 0, x e
z livres, como pode ser visto também na Figura 4.
Os deslocamentos foram aplicados na direção -z na face representada na Figura 4. No
apoio foi aplicado o Fixed Suport. Usando o Parameter Set foi selecionado como input o
deslocamento, variando seu valor de 1 a 8 mm. Como output foram selecionadas a Tensão
Máxima de Von Mises, a Força de Reação no suporte para posterior comparação entre os
modelos.Com a reação foi calculada a força aplicada em cada um dos modelos. Esses valores e
a Tensão de Von Mises foram tabelados usando o Software Excel e gerados dois gráficos, Força
Resultante x Deslocamento (Figura 5) e Tensão de Von Mises x Deslocamento (Figura 6). Com
os pontos obtidos foram linearizadas retas buscando representar o comportamento linear do
material. Usando o valor de 45 MPa como tensão de ruptura, foram obtidos os valores do
deslocamento e força máxima com as equações resultantes da linearização.
5. Resultados
Na Figura 5 podemos observar o gráfico da força resultante pelo deslocamento para cada
modelo. Para este caso observou-se que os núcleos Treliça e Reentrante Horizontal tiveram
comportamento semelhante, chegando a forças resultantes maiores para cada deslocamento. O
perfil Quadrado resultou em forças menores para os deslocamentos aplicados.
600
500
Força Resultante [N]
400
Núcleo Hexagonal
300 Núcleo Quadrado
Nucleo Reentrante Horizontal
200 Nucleo Reentrante Vertical
Nucleo Treliça
100
0
0 2 4 6 8 10
Deslocamento [mm]
Na Figura 6 foi plotado o gráfico da tensão de Von Mises pelo deslocamento para cada
modelo. Nele o núcleo Reentrante Horizontal sofre maiores tensões para cada deslocamento,
seguido da Treliça. O perfil Quadrado teve as menores tensões que os demais modelos. Sendo
a tensão de ruptura do filamento 45 MPa, foram retirados os valores acima deste para uma
melhor comparação entre os modelos e através dos gráficos foram obtidos os deslocamentos e
as forças resultantes para a tensão de ruptura. O Quadro 2 mostra esse resultado, onde pode ser
observado que a Treliça resultou em uma maior força e o núcleo Quadrado no maior
deslocamento.
200
180
Tensão de Von Mises [MPa]
160
140
120 Núcleo Hexagonal
100 Núcleo Quadrado
80 Nucleo Reentrante Horizontal
60 Nucleo Reentrante Vertical
40 Nucleo Treliça
20
0
0 2 4 6 8 10
Deslocamento [mm]
Por fim foram aplicados nas simulações o deslocamento obtido para 45 MPa para
comparar o comportamento das tensões em cada perfil. A Figuras 7 a 11 ilustram o resultado
obtido.
Figura 7 – Distribuição de Tensões para o Núcleo Hexagonal
Fonte: Autor (2022)
Considerações Finais
Referências
ALVES FILHO, Avelino. Elementos Finitos: o case da tecnologia cae. 7. ed. São Paulo:
Érica, 2002.
BUDYNAS, Richard G.; NISBETT, J. Keith. Elementos de Máquinas de Shigley: projeto
de engenharia mecânica. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.
DIXIT, Nidhi; JAIN, Prashant K.. 3D printed carbon fiber reinforced thermoplastic
composites: A review. Materials Today: Proceedings. [S. L.], p. 678-681. set. 2021.
Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214785320403268?via%3Dihub. Acesso
em: 05 abr. 2022.
FARAH, Shady et al. Physical and mechanical properties of PLA, and their functions in
widespread applications — A comprehensive review. Advanced Drug Delivery Reviews. [S.
L.], p. 367-392. jun. 2016. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0169409X16302058?via%3Dihub.
Acesso em: 05 abr. 2022.
Filament PM®, Technical data sheet for product – PLA Filament e ABS Filament. 2020.
MOAVENI, Saeed. Finite Element Analysis: theory and application with ansys. New Jersey:
Prentice Hall, 1999
NORTON, Robert L.. Projeto de Máquinas: uma abordagem integrada. 4. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2013.
NURAZZI, Mohd et al. A Review: Fibres, Polymer Matrices and Composites. Science &
Technology. [S. L.], p. 1085-1102. ago. 2017.