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28 e 29 de agosto de 2019
Palavras-chave: placas cimentícias, isolamento térmico, argamassa com borracha de pneu, processo vibrado.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil aproximadamente 60% dos pneus inservíveis são destinados ao coprocessamento, que consiste
na utilização de pneu triturado para fonte de calor em cimenteiras (IBAMA, 2017). O coprocessamento, embora
seja uma destinação ambientalmente correta, este manejo gera controvérsias, uma vez que não se sabe ao
certo se a queima do pneu, mesmo em alta temperatura de combustão não gera toxinas que podem afetar o
ambiente e a saúde humana (FIKSEL et al., 2010). Assim, o reuso de borracha de pneus inservíveis viabiliza
uma nova fonte de agregados para a construção civil e fornece uma metodologia limpa para destinação dos
pneus inservíveis, poupando recursos naturais.
Dessa forma, são necessárias investigações para o desenvolvimento de materiais de construção a partir da
incorporação da borracha de pneus inservíveis em compósitos cimentícios sem função estrutural. Dentre as
características físicas e mecânicas, destaca-se a diminuição na densidade quando comparado aos compósitos
com agregados naturais devido às partículas de borracha possuir massa específica menor que a brita e areia
natural, e consequentemente, aumento da porosidade do produto final (FLORES - MEDINA et al., 2013).
Apesar das consideráveis perdas de resistência mecânica com a incorporação de partículas de borracha de
pneus inservíveis em argamassa e concreto, foi constatada por Shah et al. (2014) e Turgut et al. (2008) o
aumento da resistência térmica destes compósitos com aumento do teor de borracha. Os referidos autores
atribuíram a melhor resistência térmica do concreto com borracha à baixa condutividade térmica dos agregados
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2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para a produção das argamassas foram utilizados cimento Portland CP V ARI, areia natural de Campo
Grande/Brasil e partículas de borracha de pneus inservíveis processadas em empresa recicladora deste
passivo ambiental, por meio de trituração mecânica de pneus, sem nenhum processo de lavagem ou
tratamento físico ou químico da superfície. Tem-se na Tabela 1, a caracterização física da areia e da partícula
de borracha utilizada na confecção das argamassas.
Tabela 1 – Características dos materiais
Diâmetro
Massa específica Massa unitária Módulo de
Materiais Máximo
(g/m³) (g/cm³) Finura
(mm)
Areia 2,65 1,54 0,60 1,16
Partículas de borracha de pneu 1,32 0,54 2,36 3,31
Fonte: Autores (2019)
O estudo de dosagem foi baseado na pesquisa realizada por Tosta et al. (2018) em argamassas com
borracha de pneu inservível e nos resultados obtidos por Benazzouk et al. (2008) que constatou perdas
significativas na resistência mecânica em compósitos cimentícios com adições de borracha acima de 20%.
Contudo, para atender o menor consumo de cimento aliado maior adição de borracha e a resistência de tração
na flexão mínima de 4 MPa de placas cimentícias para vedação apontada pela NBR 15498 (2016) foram
adotadas as dosagens apresentadas na Tabela 2. Sendo assim, os teores de borracha incorporado foram em
substituição ao volume de areia, correspondendo aos teores de 0%,10% e 15%.
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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O comportamento físico das argamassas estudadas está apresentado na Tabela 3.
Tabela 3 – Comportamento físico das argamassas
Traço Unitário IC (mm) Teor de ar Absorção da Massa Índice
(cimento: areia: Incorporado água por específica vazios
borracha: A/C) (%) imersão (%) (g/cm³) (%)
1:3,94:0:0,70 216,20 9 10,21 1,84 18,79
1:3,56:0,19:0,70 226,17 11 11,10 1,73 19,20
1:3,38:0,28:0,70 242,17 16 11,80 1,69 19,92
Fonte: Autores (2019)
Foi possível constatar a partir da Tabela 3 uma maior incorporação de ar nos traços com maior quantidade
de partículas de borracha, ocorrendo o mesmo com o índice de consistência (IC). Quanto maior for o teor de ar
incorporado, menor será a densidade da argamassa e melhor será sua trabalhabilidade (CARASECK et al.,
2008). De modo geral, os traços com borracha de pneu apresentaram maior porcentagem de índice de vazios,
embora com diferenças não significativas nos resultados. Isto se deve ao incremento da porosidade na
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4 CONCLUSÃO
A argamassa com 15% de resíduo de borracha de pneu confere o valor de resistência à flexão pretendida
de 4 MPa e reduz cerca de 21% da condutividade térmica quando comparada a argamassa convencional,
trazendo assim, uma proposta de um material mais leve e com melhor resistência térmica. Portanto, forros de
placas cimentícias com 15% de borracha de pneu inservíveis fabricadas a partir do processo de vibração é um
componente que pode contribuir no desempenho térmico em moradias, e consequentemente na eficiência
energética da edificação. Ressalta-se que a realização de ensaios como resistência a abrasão e análise
microestrutural sobre a aderência entre partículas de borracha de pneu e matriz cimentícias são necessários
para a verificação da durabilidade deste material alternativo de vedação.
5 REFERÊNCIAS
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15498: Placas de fibrocimento sem
amianto – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2016.
BENAZZOUK, A.; DOUZANE, O.; MEZREB, K.; LAIDOUDI, M.; QUÉNEUDEC, M. Thermal conductivity of
cement composites containing rubber waste particles: Experimental study and modellig. Construction and
Building Materials. v. 22. P. 573-579, 2008.
CARASECK, H. et al. Influência da Umidade nas Propriedades dos Revestimentos de Argamassa. Encontro
Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Fortaleza, 2008.
FIKSEL, J.; BAKSHI, B.; BARAL, A.; GUERRA, E.; DEQUERVAIN, B. Comparative life cycle assessment of
beneficial applications for scrap tires. Clean Technologies and Environmental Policies, 2010.
FLORES-MEDINA, D.; MEDINA, N. F. Static mechanical porperties of waste rests of recycled rubber and high
quality recycled rubber from crumbed tyres used as aggregate um dry consistency concretes. Materials and
Structures, 2013.
MAIO, L. D; COPPOLA, B.; MICHEL, L. C. F.; INCARNATO, L.; SCARFATO, P. Data on thermal conductivity,
water vapour permeability and water absorption of a cementitious mortar containing end-of-waste plastic
aggregates. Data in Brief. v.18. P. 1057-1063, 2018.
SAHA, A. K.; SARKER, P. K.; GOLOVANEVSKIY, V..Thermal properties and residual strength after high
temperature exposure of cement mortar using ferronuckel slag aggregate. Construction and Building Materials.
v. 199, p. 601-612, 2019.
SHAH, S. F. A.; NASEER, A.; SHAH, A. A.; ASHRAF, M. Evaluation of Thermal and Structural Behavior of
Concrete Containing Rubber Aggregate. Arabian Journal for Science and Engineering, Saudi Arabia. 2014.
TOSTA, Douglas Sousa; FREITAS, Enilda Maria da Silva Garcia; MILANI; Ana Paula. Estudo de compósitos
cimentícios com resíduos de borracha de pneus inservíveis para fabricação de placas de vedação de
habitações. IntegraUFMS 2018, Campo Grande, 2018.
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TURGUT P.; YESILATA B; Physico-mechanical and thermal performances of newly developed rubber-added
bricks. Energy and Buildings. V 40 p-679- 688, 2008.
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