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ESTUDO SOBRE A VIABILIDADE DE APROVEITAMENTO DE AGREGADO

RECICLADO MISTO (ARM) NA PRODUÇÃO DE TIJOLOS CERAMICOS E DE SOLO-


CIMENTO
L. L. PIMENTEL F. C.. MENDES
Prof.ª Engenharia Civil Graduanda Fac. de Engenharia Civil
PUC-CAMPINAS PUC-CAMPINAS
Campinas - Brasil Campinas - Brasil
lialp@puc-campinas.edu.br francinemendes1993@gmail.com

M. P. BARBOSA A. E. JACINTHO
Prof.ª Engenharia Civil Prof.ª. Eng.ª Civil
PUC-CAMPINAS PUC-CAMPINAS
Campinas - Brasil Campinas - Brasil
monica_eng_civil@yahoo.com.br anajacintho@puc-campinas.edu.br

RESUMO

É de fundamental importância ampliar as possibilidades de utilização dos agregados provenientes do resíduo de


construção civil para tornar economicamente sustentável o processo de gestão desses resíduos. Este trabalho visou a
utilização do agregado reciclado na produção de tijolos cerâmicos e de tijolos de solo cimento, esta possibilidade pode
trazer benefícios para o meio ambiente tanto pela redução da quantidade de resíduos depositados em aterros sanitários
como pela redução da extração de matéria prima para produção. O procedimento de pesquisa iniciou-se com a
caracterização do solo e da mistura de solo com agregado reciclado miudo, a serem utilizados na produção dos tijolos
ceramicos e dos tijolos de solo cimento. Foram produzidos os tijolos cerâmicos por extrusão e tijolos de solo cimento
usando prensa manual. Foram determinadas as resistencia à compressão e a capacidade de absorção de água dos tijolos
e os resultados demonstram que o uso do agregado reciclado manteve as características dos tijolos cerâmicos e
melhorou as características dos tijolos de solo cimento.

1. INTRODUÇÃO

Os resíduos gerados pelas reformas, construções e demolições de obras da construção civil são classificados pela
resolução nº307 do CONAMA [1], em 4 classes, à classe A pertencem os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como
agregados, tendo sua composição variada, entre os principais componentes encontramos argamassa, material cerâmico e
concreto.

Devido a variedade de sua composição, quando os resíduos são britados misturados, torna se difícil sua utilização na
produção de concreto. Unidades recicladoras estão realizando a separação desse resíduo, dividindo-o em dois tipos:
resíduo cinza (argamassa e concreto) e resíduo misto pela predominância de material cerâmico, gerando dessa forma
dois tipos de agregado Agregado Reciclado Cinza (ARC) e Agregado Reciclado Misto (ARM) conforme a NBR
15116:2004 [2]. O ARC tem maior aceitação por parte das empresas produtoras de blocos ou pisos intertravados de
concreto, por sua vez, o ARM tem como principal destinação a aplicação em obras de pavimentação.

O material cerâmico na construção civil é utilizado na alvenaria de vedação e estrutural, e é produzido a partir da argila,
sua extração gera grandes impactos ambientais, portanto, a reutilização do resíduo vermelho se torna algo de grande
importância e se comprovado o seu uso em dosagens que não afetem significativamente a função do tijolo ou bloco
cerâmico, ou na produção de tijolos de solo-cimento, o processo pode se tornar viável trazendo vantagens para a
sustentabilidade das construções.

O solo-cimento é o material resultante da mistura homogênea, compactada e curada de solo, cimento e água em
proporções adequadas. Sua dosagem é realizada a partir de ensaios mecânicos, de forma a definir um valor mínimo de
cimento que apresente resistência compatível, conforme o projeto a ser empregado.

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Pimentel, L.L.; Mendes, F. C.; Barbosa, M. P.; Jacintho, A. E. P de A., Utilização de agregado reciclado misto (ARM)
na produção de tijolos ceramicos e de solo-cimento

A produção dos tijolos de solo cimento varia de acordo com os objetivos de sua utilização seguindo as seguintes etapas
básicas: escolha dos solos, retirada dos solos das jazidas, preparo dos solos, dosagem, amassamento, moldagem, cura e
estocagem. [3]

Para que o solo seja estabilizado com cimento de forma econômica, o mesmo deve conter porção de areia, pois caso
tenha um teor muito elevado de argila pode exigir um aumento considerável de cimento, apresentar elevada retração e,
ainda, tornar o processo mais caro. [4]

GRANDE [5] analisou vários aspectos de tijolos modulares compostos por misturas de solo-cimento e solo cimento
sílica produzidos em prensa manual marca SAHARA, com a finalidade de se obter parâmetros e diretrizes que visam
um melhor desempenho do material. Foram realizados ensaios em corpos de prova cilíndricos. As contribuições da
pesquisa permitiram relacionar a tecnologiada fabricação de tijolos de solo-cimento com o contexto de construção
sustentável e o aproveitamento de resíduos industriais, além de sistematizar informações para a elaboração de um
projeto tecnológico com os tijolos modulares.

A influência da quantidade de água durante o processo de compactação da mistura de solo cimento será muito próxima
à verificada no solo uma vez que pouco tempo após a mistura, o cimento é uma fração granular ainda sem função
aglomerante. Depois de compactado, o ganho de resistência causado pela hidratação do cimento afetará o
comportamento do material, que com o aumento da rigidez, diminuirá sua influência à ação direta da água [6].

A NBR 10834:1994 [7] especifica parâmetros de qualidade para os blocos de solo cimento sem função estrutural. Essa
norma define-se bloco de solo-cimento como componente para alvenaria de seção transversal útil entre 40 e 80% da
seção transversal total, constituído por uma mistura homogênea de solo, cimento Portland, água e, eventualmente,
aditivos. A resistência à compressão para blocos de solo-cimento deve ser maior ou igual a 2,0 MPa para valores
médios, e maior ou igual a 1,7 MPa para valores individuais, aos 28 dias de idade. A absorção de água deve ser menor
ou igual a 20% para valores médios, e menor ou igual a 22% para valores individuais, aos 28 dias de idade.

Os blocos cerâmicos, ou tijolos, como são popularmente conhecidos, são componentes básicos de qualquer construção
de alvenaria, seja ela de vedação ou estrutural. Os tijolos são produzidos a partir da argila, geralmente sob forma de
paralelepípedo, possuem coloração avermelhada e apresentam canais/furos ao longo de seu comprimento [8].

Para a produção de tijolos, a indústria cerâmica utiliza uma argila com quantidades de silte e areia. O teor em fração
argilosa é baixo, mas suficiente para permitir o desenvolvimento da plasticidade necessária à moldagem dos produtos
cerâmicos [9].

O tijolo maciço é aquele que possui todas as faces plenas de material, podendo apresentar rebaixos de fabricação em
uma das faces de maior área. É fabricado com argila, conformado por extrusão ou prensagem, queimado à temperatura
que permita ao produto final atender às condições determinadas pela NBR 7170:1983, trazendo a identificação do
fabricante sem que prejudique seu uso. Os tijolos comuns são de uso corrente e podem ser classificados em A, B e C,
variando conforme sua resistência à compressão, sendo 1,5, 2,5 e 4,0 MPa respectivamente. [10].

2. METODOLOGIA

Para avaliar novas possibilidades de aplicação do ARM, foi feito um estudo prático que se iniciou com a caracterização
do ARM miúdo, do solo a ser usado na produção de tijolos de solo-cimento, e da mistura de saibros usada na produção
de tijolo maciço cerâmico. Posteriormente, foram produzidos tijolos de solo cimento e tijolos ceramicos utilizando
mistura de solo e ARM miudo e determinadas suas caracteristicas de forma a avaliar a possibilidade de uso do ARM.

2.1 Caracterização do agregado reciclado misto (ARM)

A caracterização do agregado reciclado misto, foi feita determinando-se o modulo de finura e diâmetro máximo
segundo [11], massa específica [12], massa unitária [13] e teor de finos [14]. Os resultados obtidos para o agregado
reciclado misto são apresentados na tabela 1. Com a curva granulometrica apresentada na Figura 1 foi possível
determinar o módulo de finura, MF=2,34 e o diâmetro máximo Ф=4,8 mm. De acordo com a [15] o módulo de finura
encontrado determina que o agregado se encontra na zona ótima de utilização.

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na produção de tijolos ceramicos e de solo-cimento

Tabela 1: Caracterização do agregado reciclado misto


Massa específica (g/cm³) 2,33
Massa unitária (g/cm³) 1,36
Diametro máximo (mm) 4,8
Teor de pulverulento (%) 8,4

Granulometria 100

80

% passante acumulada
60

40 Re…

20

0
0.001 0.01 0.1 1 10
Diâmetro das partículas (mm)
Figura 1: Curva granulométrica do agregado reciclado misto

2.2. Caracterização dos solos

Foram caracterizados 3 tipos de solo, são eles:


- Solo1 – solo para produção de tijolo de solo cimento;
- Solo 2 – mistura de piçarras utilizada pela olaria na produção do tijolo cerâmico maciço;
- Solo 3 – mistura de saibros mais agregado reciclado misto, misturados na proporção de 50% em volume.

Para os solos, foram realizados os ensaios de compactação para a determinação da umidade ótima, por proctor [16], a
granulometria e sedimentação [17]. Também foram determinados os limites de liquidez e de plasticidade [18]; por fim,
a análise visual e táctil. Após a realização dos ensaios de caracterização dos solos, foi possível fazer as curvas
granulométricas. A tabela 2 apresenta as caracteristicas dos 3 solos.
Tabela 2: Caracterização dos solos
Solo 1 Solo 2 Solo 3
Limite de Liquidez (%) 23,5 44,3 27,8
Limite de Plasticidade (%) 15,5 40,8 23,42
Umidade Ótima (%) 13,7 23,9 -
Densidade Natural (g/cm³) 1,785 2,05 -

Os Limites de Liquidez e de Plasticidade obtidos para o solo 1 atendem aos limites especificados pela ABCP [19] que
sugere, que os limites de liquidez e de plasticidade não sejam superiores a 45% e 18% respectivamente, visando um
menor consumo de cimento na produção de solo-cimento. Nesse caso os valores foram inferiores, com limite de
liquidez de 23,5% e limite de plasticidade de 15,5%.

O solo 2, obtido apartir da moagem de piçarras para produção de tijolos maciços e o solo 3 obtido pela mistura das
piçarras com o ARM apresentam altos LL e LP devido ao alto teor de argila quando comparado ao solo 1. O solo 2
apresenta valores significativamente maiores de LL e LP do que os encontrados para o solo 3, demonstrando ter mais
argila do que a mistura. Comparando o solo (solo 2) com a mistura solo/resíduo (solo 3), é possível notar que a análise
visual e táctil é muito próxima, com a variação de que a mistura apresenta mais partículas arenosas. A Tabela 3
apresenta os resultados da Identificcação visual e tactil dos tres tipos de solo.

As curvas granulometricas são apresentadas nas figuras 2 a 4. Eles mostram que o solo 2 têm partículas de dimensões
menores do que as apresentadas pela mistura (solo 3), devido a adição de resíduo britado, o que alterou suas
características de plasticidade como observado na analise visual e tactil do solo.

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na produção de tijolos ceramicos e de solo-cimento

Tabela 3: Análise Visual e Táctil dos solos


Solo 1 Solo 2 Solo 3
Cor: avermelhado Cor: marrom claro Cor: marrom claro,
Cor e Textura
Textura: fino. Textura: super fino. acinzentadoTextura: fino.
Necessária fricção para Dificuldade de desprender da Dificuldade de desprender
“sujar as mãos”
desprender mão. da mão.
Plasticidade Molda com facilidade Molda com facilidade. Molda com facilidade.
Mob. da água
Baixa mobilidade Baixa mobilidade Baixa mobilidade.
intersticial
Desagregação Solo De média a alta
Média desagregação. Média desagregação.
submerso desagregação
Dispersão em água Dispersão lenta Dispersão lenta. Dispersão média.
Conclusão Solo argilo arenoso Solo argiloso Solo Areno Argiloso

Granulometria 100

% passante acumulada
50
Sol…

0
0.001 0.01 0.1 1 10
Diâmetro das partículas (mm)
Figura 2: Curva Granulométrica do solo 1 (solo para solo cimento)

Granulometria 100
% passante Acumulada

50

0
0.001 0.01 0.1 1 10
Diâmetro das partículas (mm)
Figura 3: Curva Granulométrica do solo 2 (mistura de piçarras)

100
Granulometria
% passante acumulada

50

0
0.001 0.01 0.1 1 10
Diâmetro das
Figura 4: Curva Granulométrica partículas
do solo (mm)
3 (mistura de piçarras com resíduo)

2.3. Processo de produção e caracterização de tijolos maciços cerâmicos

O estudo teve como objetivo a utilização de agregado reciclado misto na produção de tijolos cerâmicos. Para que os
tijolos pudessem ser produzidos tradicionalmente, uma olaria da cidade de Piracicaba-SP disponibilizou o equipamento
para a realização do processo. O material utilizado para a produção dos tijolos da olaria consiste de uma mistura de

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solos, a piçarra roxa e a piçarra vermelha, com proporções de 70% e 30% respectivamente. Esse material é retirado em
area próxima à olaria e sua extração provoca impacto ambiental, como ilustrado na Figura 5.

Figura 5: local de extração da piçarra vermelha.

Para produção do tijolo ceramico foi utilizado uma mistura de 50 % do solo previamente misturado da olaria com
adição de 50% de ARM miudo medidos em volume. O material foi misturado no pateo e depois colocado em um
moinho (Figura 6), para atingir o grau de finura adequado. Na sequencia, o material é transportado ate o misturador,
onde é adicionada água ate atingir a consistência apropriada para extrusão (Figura 7). Durante o processo de extrusão
ocorre tambem a retirada de ar da massa por bomba a vácuo. A extrusora produz uma barra continua que é apoiada em
uma esteira transportadora até a superfície de corte, onde laminas padronizam as medidas dos tijolos. Deixando os
prontos para as etapas de secagem e queima.

Figura 6 - Material sendo depositado no moinho Figura 7 – Misturador e extrusora

Foram produzidos 4 lotes, sendo L1 o lote referencia, sem adição do agregado reciclado misto, os demais lotes são
numerados em função da condição de secagem disponibilizada pela olaria, sendo elas:
L2- secagem normal no rancho,
L3- secagem em rancho coberto por plástico,
L4- secagem em estufa com circulação de ar quente.

Após a secagem os tijolos foram levados ao forno tipo bola, onde ficaram durante dois dias e duas noites, a temperatura
neste tipo de forno não é uniforme e pode variar de 800° e 1500°. Após esse período a retirada dos tijolos foi feita 12
horas após o termino da queima, para que não ocorra choque térmico ocasionando fissuras. Os tijolos foram levados ao
laboratório de Materiais e Estruturas da PUC-Campinas para ensaios. Foram determinados a massa específica e a
capacidade de absorção de água alem da resistência à compressão conforme a [20].

2.4. Processo de Produção e caracterização de tijolos de Solo-Cimento

O tijolo de solo cimento é composto por uma mistura de solo, cimento e água. Para a moldagem é fundamental que o
solo tenha uma quantidade adequada de argila e deve-se conhecer tambem a umidade ótima do solo, ou seja, aquela
umidade para a qual se obtem maior densidade. Apos coleta do solo 1 e sua caracterização, foram propostas tres
proporções de misturas de solo e ARM sendo elas 60, 70 e 80% de substituição do solo pelo ARM em massa. A
avaliação do comportamento das misturas foi feita através do ensaio de compactação de Proctor. Foram determinadas a
umidade ótima e a densidade natural para cada mistura. Os resultados são apresentados na Tabela 4.

Como a maior densidade foi obtida para a mistura S70, essa proporção de mistura foi utilizada na produção dos tijolos
de solo-cimento. Para a produção dos tijolos, foi utilizada a prensa manual, obtendo tijolos maciços com espessura de 6
cm, largura de 12,5 cm e comprimento de 25 cm. A mistura para produção dos tijolos foi preparada com a umidade
ótima, anteriormente determinada pelo ensaio de compactação. Conforme a [21], foram produzidos 10 tijolos, sendo 7

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destinados ao ensaio de resistência à compressão simples e 3 para o ensaio de absorção de água. As Figuras 8 e 9
mostram a prensa e o processo de produção do tijolo de solo cimento.
Tabela 4: Características para cada mistura
S80 S70 S60
Umidade ótima (%) 15,78 15,46 14,83
Densidade Natural (g/cm³) 1,964 1,991 1,951

Figura 8 – Prensa manual Figura 9 – Tijolo de solo cimento recém produzido

Após a produção, os tijolos passaram por processo de cura, sendo molhados por 7 dias, na sequencia os tijolos ficaram
abrigados e envolvidos com lona plástica até a idade de 28 dias para os ensaios de resistência a compressão simples e
absorção de água.

3. RESULTADOS

3.1. Tijolos Cerâmicos

Foram produzidos 75 tijolos com a mistura de solo e ARM, sendo que para cada condição de secagem foram colocados
25 unidades, os tijolos referencia, produzidos com solo sem adição de residuo foram secos no rancho. A Tabela 5
apresenta os resultados de Massa especifica e Capacidade de absorção de agua para cada tipo de secagem
disponibilizado pela olaria, o Lote 1 (L1) são os tijolos produzidos sem a adição de resíduo e secos naturalmente no
rancho, tomados como referência ao estudo. Os lotes 2, 3 e 4 (L2, L3 e L4) são os tijolos produzidos com a adição de
resíduo, e secados no rancho, no rancho com cobertura de plástico e no rancho com circulação de ar quente,
respectivamente.
Tabela 5: Massa específica e capacidade de absorção média dos tijolos
Lote Massa específica Capacidade de
média (g/cm³) Absorção (%)
L1 1,55 17,5
L2 1,51 19,8
L3 1,50 20,1
L4 1,51 19,7

A capacidade de absorção de água em todos os lotes em que foi adicionado resíduo aumentou em relação ao L1,
enquanto que a massa específica diminuiu em relação ao lote referência, mostrando que os tijolos passaram a ser mais
leves, o que pode se tornar uma vantagem nas construções. A Figura 10 apresentam a resistencia a compressão média
dos tijolos

De acordo com a [10] os tijolos são classificados em três categorias que determinam a resistência á compressão mínima
que devem suportar, sendo elas A, B e C, com resistências de 1,5; 2,5 e 4,0 MPa respectivamente. A resistência à
compressão média dos tijolos produzidos, como mostra na Figura 10, foi superior a 4,0 MPa em todos os lotes, podendo
classifica-los na categoria “C”.

O lote L1, dos tijolos da olaria sem resíduo, foram secados no rancho, assim como o lote L2, que continha resíduos na
composição, comparando os valores obtidos de resistência média dos dois lotes secados da mesma forma, que foram de
7,55MPa e 5,81MPa respectivamente, a adição do agregado reciclado misto (ARM) fez com que a resistência dos
tijolos diminuísse, ainda assim se manteve dentro do esperado pela norma. Já os lotes L3 que obteve 7,27 MPa e L4 que

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obteve 6,69 MPa, passaram por processos de secagem diferentes do L1, obtiveram resistências médias próximas do lote
de referência. Não superiores, mas satisfatórias.

Figura 10: Resistência à compressão média por lote.

3.2. Tijolos de solo cimento

A Tabela 6 apresenta os valores de massa especifica e capacidade de absorção de água para cada lote, T1 tijolos de solo
cimento produzidos sem a adição de resíduos e T2 com a adição de resíduos, na proporção de 30% de solo e 70% de
resíduo. Observa-se que a substituição do solo pelo ARM aumentou a massa especifica e reduziu a capacidade de
absorção de agua.
Tabela 6: Massa específica e capacidade de absorção média dos tijolos
Lote Massa Específica média (g/cm³) Capacidade de Absorção (%)
T1 1,451 23,27
T2 1,598 11,74

A [21] determina que os valores de absorção média para os tijolos de solo cimento devem ser inferiores a 20%, e a
resistência à compressão superior a 2,0 MPa. Para os tijolos produzidos sem a adição de resíduos os valores, não
atingiram os requisitos da norma, com absorção média de 23,27% e a resistência de 1,12 MPa. Os tijolos produzidos
com 70% de resíduo obtiveram absorção média de 11,74%, e a resistência à compressão foi de 2,49MPa, como pode ser
observado na Figura 11. Outro ponto observado foi a maior massa específica dos tijolos produzidos com ARM.

Figura 11: Gráfico com resistências médias por lote.

4. CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos para os tijolos cerâmicos, foi possível concluir que a adição de agregado reciclado misto
(ARM) apesar de reduzir a resistencia a compressão os valores atendem aos especificados pela norma brasileira. A
secagem em rancho com cobertura de plastico e em rancho com circulação de ar quente melhoraram a resistencia do
tijolo.

Para os tijolos de solo cimento, a adição do agregado reciclado misto (ARM) melhorou as características dos tijolos e
fez com que eles atendessem aos requisitos exigidos pelas normas brasileiras. Os tijolos produzidos com 70% de

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resíduo apresentaram, em relação aos tijolos produzidos sem a adição de resíduos, valores de resistência à compressão
mais elevados, e também valores mais baixos de absorção de água.

Portanto, essas conclusões mostram que o ARM pode ser utilizado, não só na pavimentação, mas em diferentes
aplicações. Diminuindo o impacto ambiental, com a diminuição da extração de matéria prima. Evitando tambem a
deposição de materiais em lugares indevidos e em aterros sanitários.

5. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Eco Verde Ambiental Ltda; à Olaria da Volta Ltda pelo fornecimento de material e apoio no
desenvolvimento do trabalho. Agradecemos tambem à PUC-Campinas pela bolsa de Iniciação Cientifica e à FAPESP
pelo auxilio pesquisa 2014/20486-8.

6. REFERÊNCIAS

[1] CONAMA. Resolução n° 307, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios, procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil. Brasilia-DF.
[2] Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) NBR 15116 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.
[3] PISANI, Maria Augusta Justi. Um material de construção de baixo impacto ambiental: o tijolo de solo-
cimento. Artigo. São Paulo-SP. 2005.
[4] BERNUCCI, L. B.; MOTTA, L. M. G.; CERATTI J.A. P.; SOARES J. B.Pavimentação asfáltica, formação
básica para engenheiros. 1ª ed. Rio de Janeiro – RJ. PETROBRAS; ABEDA. 2006. 504p
[5] GRANDE, Fernando Mazzeo.Fabricação de tijolos modulares de solo-cimento por prensagem manual com e
sem adição de sílica ativa. USP. São Carlos-SP, 2003.
[6] SANBONSUGE, Kendi. Comportamento Mecânico e Desempenho em Campo de Base de Solo-Cimento.
USP. São Paulo-SP, 2013.
[7] Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994). NBR 10834 – Bloco vazado de solo cimento sem função
estrutural. Requisitos. Rio de Janeiro – RJ.
[8] INMETRO. Bloco cerâmico (Tijolo). Disponível em
<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/tijolo.asp>. Acesso em: Janeiro de 2014.
[9] MEIRA, J. M. L. Argilas: O que são, suas propriedades e classificações. Comunicações técnicas, 2001.
[10] Associação Brasileira de Normas Técnicas (1983). NBR 7170 – Tijolo maciço cerâmico para alvenaria.
Especificação. Rio de Janeiro – RJ. 4p.
[11] Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR NM 248 – Agregados: Determinação da composição
granulométrica, Método de ensaio.
[12] Associação Brasileira de Normas Técnicas (2009) NBRNM 53: Agregado graúdo - Determinação da massa
específica, massa específica aparente e absorção de água. Rio de Janeiro.
[13] Associação Brasileira de Normas Técnicas (2006) NBRNM 45: Agregados - Determinação da massa unitária e do
volume de vazios. Rio de Janeiro.
[14] Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR NM46 – Agregados: Determinação do material fino que passa
através da peneira 75 m por lavagem.
[15] Associação Brasileira de Normas Técnicas (2009). NBR 7211– Agregados para concreto. Especificação. Rio de
Janeiro – RJ. 9p.
[16] Associação Brasileira de Normas Técnicas (1988). NBR 7186 - Solo - Ensaio de compactação Rio de Janeiro –
RJ. 10p.
[17] Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984). NBR 7181 – Solo- Analise granulometrica. Rio de Janeiro –
RJ. 13p.
[18] Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984). NBR 6459 - Solo - Determinação do limite de liquidez Rio de
Janeiro – RJ. 6p.
[19] ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland. Construção de paredes monolíticas com solo-cimento
compactado. São Paulo, 1989, 12p. Boletim Técnico 110
[20] Associação Brasileira de Normas Técnicas (1983). NBR 6460 Tijolo maciço cerâmico para alvenaria -
Verificação da resistência à compressão Rio de Janeiro – RJ. 3p.
[21] Associação Brasileira de Normas Técnicas (1984). NBR 8492 – Tijolo maciço de solo cimento – determinação da
resistência à compressão e da absorção d’água. Método de Ensaio. Rio de Janeiro – RJ. 5p.

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