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Abstract: The present work sought to understand the potential of the construction waste
(CW) when incorporated in the making of ecological bricks, minimizing the consumption
of Portland cement, as well as reducing the amount of natural soil used. The main objective
of the study was to analyze the mechanical behavior of the blocks submitted to CW
incorporation through absorption, optical microscopy, and compressive strength tests. A
total of 3 bodies of evidence were produced for the standard soil-cement blocks with no
residue (M1), 03 blocks with about 25% of residue (M2), and 03 blocks with
approximately 66.67% of residue as the only aggregate (M3). The traces of 1:7
(cement:soil) were used for the blocks of the mixture M1; 1:2:2:4
(cement:lime:residue:soil) for M2, and 1:2:6 (cement:residue) in the M3 mixture. The
results showed that the range used for incorporation of CW in the bricks that was between
25% and 66.67% did not damage the requirements and minimum recommendations of
NBR 10834/2013. In this way, the use of the CW presented total feasibility in the policy of
constructive methods that reduce even more the impacts caused to the environment through
the civil construction.
1
Graduando em Engenharia Civil. Centro Universitário UNIFACEX. E-mail: engfcabral@gmail.com.
2
Graduando em Engenharia Civil. Centro Universitário UNIFACEX. E-mail: mateustomaz17@gmail.com.
3
Doutor. Professor do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário UNIFACEX. E-mail:
hugoeustaquio@unifacex.edu.br.
2
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Solos
Pires (2004) reafirma o conceito explanando que o solo-cimento seria uma mistura
bem proporcionada de solo com aglomerante hidráulico artificial conhecido como cimento
Portland, e que essa mistura tem por objetivo promover a estabilização do solo pelo
cimento, melhorando dessa maneira as propriedades do compósito.
É importante frisar que mediante a variedade no comportamento dos solos se faz de
extrema importância que os mesmos atendam a critérios que estabelecem as condições de
empregabilidade como solos-cimento. A NBR 10833:2012 define requisitos mínimos que
devem ser atendidos para que um solo-cimento apresente a possibilidade de ser empregado
na fabricação de tijolos ou blocos ecológicos.
Marques (2010) aborda que a incorporação de resíduos em tijolos de solo-cimento
já vem sendo utilizada em pesquisas científicas, e tem trazido resultados positivos, tanto
em termos de características tecnológicas, quanto em termos de preservação ambiental.
Além disso é relatado que o reaproveitamento de resíduos na indústria da construção civil,
significa tanto uma redução financeira de custos como a perspectiva de crescimento
industrial sustentável, o que implica em melhores condições de qualidade de vida para uma
faixa econômica da sociedade.
Ainda de acordo com a NBR 10833/2012, para que um solo possa ser empregado
como solo-cimento é necessário que ele atenda as seguintes características:
100% do material passando na peneira 4,75 mm (nº4);
10% a 50% de material passando na peneira 0,075 mm (nº200);
Limite de liquidez menor ou igual a 45%;
Índice de plasticidade menor ou igual a 18%.
5
Diante da apresentação das características técnicas típicas pode-se dizer que o solo
adequado para ser usado na mistura é bastante semelhante com o arenoso usado em
argamassas de alvenaria e reboco (UCHIMURA, 2006).
Pires (2004) acrescenta que os solos que contenham quantidade de argila e silte
superior a 50% em sua composição não são aconselháveis. A argila é um componente
importante porque, tendo propriedades aglomerantes, promove a resistência inicial do
material e melhora a sua trabalhabilidade. Porém, os solos predominantemente argilosos
podem provocar fissuras, trincas ou rachaduras no material depois de seco, em
consequência da sua retração característica.
O autor ainda esclarece que estes solos, geralmente, apresentam pouca resistência,
apesar de que a presença da argila na composição do solo é necessária para dar à mistura
de solo e cimento, quando umedecida e compactada, coesão suficiente que permita a
desmoldagem e o manuseio dos tijolos logo após a prensagem.
Um fator bastante importante a ser pontuado é que a quantidade de cimento a ser
utilizada no bloco solo-cimento pode ser recomendada a partir do índice de plasticidade do
solo (IP), que é encontrado através da relação dos índices de Atterberg, conforme é
descrito na Tabela 01.
Tabela 01: Quantidade de cimento de acordo com o índice de plasticidade do solo.
Quantidade de cimento recomendada (% em volume) para obter
Índice de plasticidade a resistência à compressão do bloco de solo-cimento
do solo
1 MPa 2 MPa 3 MPa
< 15 5% 7% 10%
15 - 20 5% 10% Inadequado
20 - 25 6,50% Inadequado
25 - 30 8,50%
30 - 35 10%
> 35 Inadequado
Fonte: Walker 1995 apud Pinto, 2015.
2.3 Solo-Cal
Guimarães (1992) descreve que a cal é o produto resultante da calcinação, em altas
temperaturas de rochas carbonatadas naturais, e que seu uso como aglomerante de solos é
conhecido, desde os tempos antigos, pelos gregos, etruscos, chineses e, posteriormente,
pelos romanos.
De acordo com Ferreira (2003) a adição de cal ao solo pode proporcionar alterações
nas suas propriedades geotécnicas, como: aumento do limite de plasticidade, diminuição
6
2.4 Compósitos
Callister (2002) define um compósito como material multifásico feito
artificialmente, em contraste com um material que ocorre ou se forma naturalmente. Além
disso o autor relata que a maioria dos compósitos são criados para melhorar combinações
de características mecânicas, tais como rigidez, tenacidade, e resistência nas condições
ambientes e altas temperaturas.
Curcio (2008) descreve que o uso do reforço em materiais compósitos pode ser
realizado das mais diversas formas, podendo ser utilizados componentes naturais, minerais,
metálicos e poliméricos. Também é relatado que o comportamento do material compósito
resultante é influenciado pelas propriedades físicas, químicas e mecânicas dos elementos
inseridos durante o processo de fabricação.
A classificação dos materiais compósitos consiste em três divisões principais que
são: compósitos reforçados com partículas, compósitos reforçados com fibras e os
compósitos estruturais (CALLISTER, 2002). Na figura 02 é apresentado um fluxograma
com a classificação e diversidade dos tipos de compósitos que podem ser utilizados.
3 METODOLOGIA
3.1 Esquematização
PROCESSO DE
PRODUÇÃO
ESTUDO E
PRODUÇÃO DOS ARMAZENAMENTO
ANALISE DE DOSAGEM TRANSPORTE ENSAIOS
TIJOLOS E CURA
NORMATIZAÇÃO
DURAÇÃO DE 14
ESCOLHA DOS PREPARO DOS PRENSA ABSORÇÃO DE
DIAS NO PIPA - NATAL
MATERIAIS COMPONENTES HIDRAÚLICA ÁGUA
CANTEIRO
ESCOLHA DO RESISTÊNCIA A
OBTENÇÃO DOSADOR COMPRESSÃO
REFERÊNCIA SIMPLES
DEFINIÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO CÁLCULOS
PROPORCIONAIS
A B
3.3 Caracterização
3.3.1 Solo
De maneira inicial foi realizada uma análise da composição do solo trabalhado para
verificar se está de acordo com os parâmetros da NBR 10833/2012. Nesse processo foi
realizado a preparação das amostras de solo com base na NBR 6457/2016, densidade real
dos grãos conforme DNER-ME 093/94, análise granulométrica NBR 7181/2016,
determinação do limite de liquidez NBR 6459/2016, determinação do limite de
plasticidade NBR 7180/2016, e por fim massa unitária através de procedimentos empíricos
adaptados para o solo.
3.3.2 Resíduo
De forma análoga ao solo, o resíduo passou pela etapa de caracterização. A massa
especifica foi determinada com referência na NBR NM 52/2009, a análise granulométrica
foi realizada de acordo com a NBR NM 248/2003, e assim como o solo a massa unitária
foi estudada por meio de procedimentos empíricos adaptados para o resíduo.
3.3.3 Cimento
O aglomerante hidráulico utilizado foi o Cimento Portland composto, identificado
como (CP-II Z 32), que tem em sua composição 14% de pozolona. Primeiro foi executado
o ensaio de determinação da finura por meio da NBR 11579/2013, em seguida foi
10
3.3.4 Cal
A cal utilizada durante o processo foi identificada como (CH-I), essa nomenclatura
faz referência a classificação da NBR 7175/2003 e está relacionada com o grau de pureza
da cal, ainda é acrescentado que ela é recomendada para massa de assentamento e
revestimento. Foi determinada sua massa especifica através de referências na NBR
16605/2017, e sua massa unitária foi analisada assim como nos demais materiais através de
procedimentos empíricos adaptados para a cal.
Percentual de
Traços Proporção
RCC no traço
M1 1:7 0% RCC
M2 1:1:2:4 25% RCC
M3 1:2:6 66,67% RCC
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Solo
Ao se caracterizar o solo trabalhado em busca do Limite de Liquidez (LL) e do
Limite de Plasticidade (LP), foi possível observar que o LL foi de cerca de 15%, o que vai
de encontro com a NBR 10833/2012 que fixa LL menor ou igual a 45%.
Para o LP foi observado a impossibilidade de se obter o cilindro de 3 mm de
diâmetro, e assim como recomenda a NBR 7180/2016 a amostra foi classificada como não
apresentando Limite de Plasticidade.
De maneira geral como não foi possível determinar o limite de plasticidade anota-se
o índice de plasticidade como não plástico (NP), o que não inviabiliza o uso do solo, mas
promove um direcionamento para se realizar uma dosagem adequada.
Através da NBR 7181/2016 foi possível gerar a curva granulométrica do solo que
pode ser visualizada na figura 08 e apresenta 1,4% de pedregulho, 71,67% de areia e cerca
de 26,93% entre silte e argila. A partir do coeficiente de uniformidade, e do coeficiente de
curvatura é possível dizer que o solo utilizado pode ser considerado como não uniforme e
mal graduado.
14
100
90
80
Percentual passando (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
0.001 0.010 0.100 1.000 10.000 100.000
Diâmetro dos grãos (mm)
4.2 Resíduos
A análise granulométrica dos resíduos demonstrada na figura 09 foi realizada de
acordo com a NBR NM 248/2003, que determinou a granulometria e forneceu as seguintes
informações: diâmetro máximo de 2,4 mm, módulo de finura no valor de 2,73, e cerca de
81,21 % de partículas com dimensões equivalentes a areia em sua composição.
100
90
Porcentagem passante (%)
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0.010 0.100 1.000 10.000 100.000
Diâmetro das particulas (mm)
25.00
19.35
20.00
Absorção (%)
15.00 12.73
10.02
10.00
5.00
0.00
0% 25% 66.66%
Percentual de Resíduo
3.50
3.00 2.84
2.47
2.50
Resistência (MPa)
2.00 1.88
1.50
1.00
0.50
0.00
0% 25% 66.67%
Percentual de resíduo
Dessa maneira é possível considerar que para o tipo de resíduo que foi utilizado o
intervalo de incorporação entre 25% e 66,67% se mostrou satisfatório em relação aos
ensaios realizados no que recomenda a NBR 10834/2013.
17
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a análise obtida durante a realização desse estudo foi possível observar o
potencial da utilização dos resíduos da construção civil na composição dos tijolos
ecológicos, reduzindo assim a quantidade de solo natural utilizada.
Diante disso constatou-se que o resíduo que apresentou cerca de 81,21% de
partículas com dimensões equivalentes a areia em sua composição, pode ser incorporado
no traço no intervalo entre 25% e 66,67% sem comprometer os requisitos mínimos
exigidos.
A análise realizada durante esse estudo permite afirmar que a porosidade
encontrada nas misturas se apresentou como um fator que deve ser ponderado durante a
seleção dos constituintes do resíduo trabalhado, uma vez que a quantidade de vazios
proporcionada aos blocos se mostrou como característica importante nos resultados dos
ensaios.
Tendo isso em exposto fica constatado a fundamental importância da caracterização
de todos os elementos utilizados para uma maior controle e precisão dos procedimentos
realizados.
Conforme o que foi colocado é possível afirmar que os resultados evidenciaram a
total viabilidade da incorporação dos resíduos na confecção de tijolos ecológicos com o
objetivo de reduzir ainda mais os impactos proporcionados pela indústria da construção
civil, reforçando assim as políticas de utilização de métodos que minimizem ações
invasivas ao meio ambiente.
Por fim registra-se que estudos futuros devem averiguar a composição mineralógica
do solo e do resíduo a fim de se obter um maior detalhamento do objeto estudado, como
também se faz interessante a produção de um maior número de amostras para que seja
proporcionado uma maior precisão dos resultados.
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6 REFERÊNCIAS
______.NBR 6459: Solo – Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, 2016. 6p.
______.NBR 7175: Cal hidratada para argamassas - Requisitos. Rio de Janeiro, 2003. 4p.
PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 aulas. São Paulo, 2000. 247p.
PINTO C. de S. Curso básico de Mecânica dos Solos. 3. Ed. São Paulo: Oficina de
textos, 2006.
23
PINTO, Lucas Mazzoleni. Estudo de tijolos de solo cimento com adição de resíduo de
construção civil. 2015. 57 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade
Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015.