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CENTRO TECNOLOGICO PAULA PASQUALI - CTPP

CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

FERTILIDADE DO SOLO
Carga horária: 60 horas
Prof.: Eng. Agr. Márcio S. de Oliveira – 28.01.2021

Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas

Apresentação
Módulos do Curso e Suas Cargas Horárias
Módulo Carga Horária
1 Introdução 2
2 Formação e Classificação do Solo 3
3 Água no Solo e na Planta 3
4 Degradação e Erosão 4
5 Prevenção a Erosão e Recuperação de Áreas Degradadas 3
6 Manejo do Solo – do preparo aos sistemas de cultivo 4
7 Sistemas de Agricultura 3
8 Revisão AV1 2
9 Amostragem do Solo 4
10 pH do Solo 2
11 Calagem e Adubação 4
12 Interpretação de análise do solo 9
13 Recomendação de Corretivos e Adubos 9
14 Nutrição Mineral das Plantas 6
15 Revisão AV2 2
Carga Horária Total 60

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Orientações Gerais
Faltas
A legislação brasileira permite que o aluno seja aprovado com o mínimo de 75% de
presença nas aulas, portanto o mesmo poderá ter 25% de falta em toda a disciplina. Sendo
uma disciplina de carga horária total de 60hs o aluno poderá ter 12hs de falta sem
justificativa e cumprindo o requisito nota, estará aprovado.
Comportamento
O aluno deverá respeitar o prazo para a entrega dos trabalhos, que serão marcadas com
antecedência pelo professor, o não comprimento do prazo implicará ao não recebimento
do trabalho e perca da nota.
Aparelhos eletrônicos como celulares, notebook, tablet entre outros não necessários a aula
deverão permanecer desligado ou em modo SILENCIOSO durante o horário das aulas.
Em dia de avaliação ou apresentação de trabalho, indispensavelmente os aparelhos devem
estar desligados, caso não estejam desligado e perturbem o cumprimento dos mesmos, a
avaliação será retirado do aluno e sua nota ficará igual a zero (0). Ou utilização mediante
autorização em caso de prova a distancia está recomendação ficara suspença.

Dica Final

Evitar o entra e sai da aula, esta atitude pode atrapalhar a aquisição do conteúdo pelos
colegas e até mesmo atrapalhar ao professor. Desde já você está ciente do seu
COMPROMISSO com as aulas e está ciente dos seus horários. Portanto, evite marcar
qualquer outro compromisso neste mesmo horário. Ou sair para resolver problemas de
matrícula. Está recomendação também é valida para aulas a distância.

Módulo 1. Introdução

Quando pensamos em fertilidade do solo, logo nos vem uma pergunta;

“Por quê nos preocuparmos com a fertilidade do solo?”

Bom, sabemos que o mundo está em crescente desenvolvimento, e aumentando


sua população de forma exponencial. Em 1950, cinco anos após a criação das Nações
Unidas, a população mundial era estimada em cerca de 2,6 bilhões de pessoas, agora ela
é estimada em aproximadamente 7 bilhões (ONU, 2018). A população brasileira atual
está estimada em 208,6 milhões de pessoa segundo IBGE (2018).
Corroborando com os dados atuais de aumento populacional, observa-se que uma
das explicações para tal aumento é a longevidade das pessoas. Segundo o GOVERNO
DO BRASIL (2016), de 1940 a 2015, a esperança de vida no Brasil para ambos os sexos
passou de 45,5 anos para 75,5 anos, um aumento de 30 anos, ressalta-se ainda que, a taxa
de mortalidade infantil caiu de 146,6 óbitos por mil nascidos vivos para 13,8 óbitos por
mil, uma redução de 90,6%.
Estes dados expressos a cima demonstram o grande desafio que produtores e
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profissionais ligados à área de produção de alimentos devem enfrentar. Com a média de
vida das populações aumentando, teremos mais habitantes para serem alimentados, e para
que possamos alimentar essa grande massa populacional, necessitamos produzir mais.
Para que haja uma maior produção, não necessitamos apenas aumentar a área
produtiva, mas o principal, aumentar a produção na área produtiva. Isso pode ser as vezes
incompreensível para leigos ou para quem ainda não tem algum conhecimento de solos,
fertilidade e nutrição de plantas.
O gráfico abaixo é adaptado por Rodrigues, R (2014), e demonstra basicamente a
grande possibilidade de se aumentar a produção, mesmo que não tenha grande aumento
da área produtiva.

Observa-se que no ano agrícola 90/91 a área plantada era de 38 milhões de


hectares (ha) e a produtividade foi estimada em 58 milhões de toneladas (ton), seguindo
os anos agrícolas como expresso no gráfico, para a safra 13/14 a expectativa de área
plantada foi de 57 milhões de ha com uma produção estimada de 193,5 milhões de ton.
Isso reflete em um aumento exponencial de 41% da área cultivada da safra 90/91 para a
safra 13/14 e um surpreendente aumento de 223% na produtividade no decorrer dos
referidos anos agrícolas.

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Daniela Amorim

Do Estadão,

10/06/2021 10h21 Atualizada em 10/06/2021 17h56

A safra agrícola de 2021 deve totalizar um recorde de 262,8 milhões de toneladas,


8,6 milhões de toneladas a mais que o desempenho do ano anterior, um crescimento de
3,4%. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de maio,
divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em relação ao levantamento de abril, houve recuo de 0,6% na estimativa para a safra
deste ano, o equivalente a 1,7 milhão de toneladas a menos.

Os produtores brasileiros devem colher 68 milhões de hectares na safra agrícola


de 2021, uma elevação de 3,9% em relação à área colhida em 2020, o equivalente a mais
2,5 milhões de hectares. Em relação à estimativa de abril, a área a ser colhida aumentou
0,2%, com 119,7 mil hectares a mais.

Neste contexto, surge uma segunda pergunta:

“Por que estudar a Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas?”

O homem ele se alimenta da planta, ou da planta transformada, com isso, apenas


se alimentarmos as plantas estaremos alimentando o homem.

Fonte: Google imagens

O ser humano e animais em geral não são seres autotróficos (ser vivo que produz
o seu próprio alimento através da fixação biológica de carbono por meio de fotossíntese
ou quimiossíntese), então precisamos de outra fonte de alimento para podermos ingerir
os nutrientes necessários para nossa manutenção e desenvolvimento.
Pensando rapidamente, e observando as imagens a cima, exemplificando pratos
saborosos, podemos deduzir que está simples, tem salada em todos os pratos, isso é um
exemplo claro de se alimentar da planta, entretanto podemos observar também, o
hambúrguer e o churrasco, carne, o melhor exemplo de planta transformada que podemos
ter, além disso temos o óleo que foi utilizado para o cozimento e até mesmo o azeite
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extraído da oliva para temperar a salada.
No geral, se analisarmos as plantas regem toda a alimentação do planeta, sem o
cereal não fabricamos ração que é chamado em geral como alimento concentrado (por
possuir um auto teor de proteína) e sem os vegetais não temos a pastagem, o volumoso,
sem alimento para os animais, não temos a carne, mas também não temos o leite nem os
ovos, estamos exemplificando apenas as matérias primas, imagina agora se não temos o
leite, o ovo e o trigo processado (farinha), não temos o bolo, pão, salgadinhos e outros
que está em sua mesa pela manhã.
Com esta simples reflexão vemos a importância de cuidarmos das nossas lavouras,
para alimentarmos o mundo com as plantas de forma direta ou indireta (subprodutos), e
vimos a necessidade de aumentarmos a produção, mesmo que não aumentemos a área
cultivada.
Apesar das plantas serem seres autotróficos elas necessitam de nutrientes para um
bom desenvolvimento, estes nutrientes em geral estão presentes no solo, sendo o solo a
fonte de alimentação nutricional para as plantas. Com isso, as plantas precisam se nutrir,
para que possam alimentar o mundo.
Para que possamos atingir todos os objetivos no cumprimento de alimentação
populacional, é preciso produzir, e para que se produza, temos fatores importantes da área
de produção vegetal que necessitam andar de mãos dadas.

A base de produção é o solo, apesar de termos outros métodos de produção, o


principal é quando utilizamos o solo para produzirmos o vegetal, seja ele destinado para
alimentação animal ou produção de grãos, plumas, frutos etc. O solo é um ambiente
repleto de vida, que serve como base de desenvolvimento das plantas, possibilitando sua
estruturação e nutrição pra um desenvolvimento adequado e desejado.
Dentre as áreas de produção que podemos destacar para atingir uma alta produção
de alimentos é, um manejo adequado do solo através da mecanização que possibilitará
um ambiente favorável para o estabelecimento das plantas, aliado ao manejo da
microbiota do solo, o melhoramento genético de plantas vem selecionando materiais mais
resistentes a adversidades e cada vez mais produtivos, exigindo assim um auto
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aproveitamento fisiológico da planta, o manejo das áreas cultivadas é um apêndice a parte,
que deve ser tratado com muito carinho, plantas bem nutridas naturalmente se tornam
mais tolerantes a patógenos e insetos, o manejo de plantas daninhas ou infestantes é de
suma importância pois diminui a competição da planta de interesse por água, nutrientes e
luz. O manejo de correção da acidez do solo proporciona uma maior interação das plantas
com o ambiente, livrando-a de elementos tóxicos e prejudiciais, por fim, o fornecimento
de nutrientes através da nutrição de plantas garante uma alta produtividade.
O solo é dividido basicamente em três fases, sendo elas, fase líquida, fase gasosa
e fase sólida. A fase liquida corresponde a 25% composta basicamente de água, a fase
gasosa corresponde também a 25% da fase do solo composta de ar e os 50% restantes são
compostos pela fase sólida do solo, constituído por minerais e matéria orgânica.
É evidente que as plantas e os demais seres vivos são constituídas por elementos
químicos, apesar de vários elementos já terem sido encontrados nas plantas apenas um
pouco mais de um dezena são realmente importante para as plantas. Contudo, torna-se
importante saber quais são os elementos importantes para as plantas.
Os estudos de nutrição e fertilidade começaram a muitos anos atrás, observações
por filósofos e pesquisadores ocorreram no decorrer dos anos, contribuindo para o
conhecimento adquirido nos dias de hoje.
Os primórdios das observações começaram em 350 a.C (antes de Cristo) onde
Aristóteles, filósofo grego, com sua “Teoria Humística” descreveu que “A planta é um
animal invertido, fica com a boca no solo, se alimenta de humos e após a morte, retorna
aos humos”.
Entre os anos de 1500 e 1750, Helmont, fisiologista belga, observou que as plantas
absorviam água (H2O), e que a partir dela, sintetizavam suas substâncias orgânicas. Para
colaborar com sua afirmação, Helmont realizou um experimento, com um salgueiro,
considerando este teste como um teste mecânico (DUCHEYNE, 2002).
O experimento de Helmont consistiu no preenchimento de um vaso com solo em
um volume conhecido de 150kg, posterior a isso, o pesquisador colocou uma estaca de
salgueiro com 2,5kg e irrigou este vaso diariamente com água limpa por 5 anos.

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No final dos 5 anos, o pesquisador retirou o solo e a planta do vaso e novamente
aferiu seus pesos, agora a planta estava com 82kg e o solo com 149,820kg, ou seja 180g
a menos de solo do que o do início do experimento, essa perda de solo foi atribuída a
perdas acidentais ocorridas nos 5 anos.
Ainda neste período, o naturalista Woodward realizou experimentos no qual
utilizou de diferentes fontes de água para irrigar vasos, dentre as fontes utilizadas para a
irrigação estavam, água de torneira, água da chuva, água de enxurrada e liquido de esgoto.
Este pesquisador observou que quanto mais suja a agua estava, mais as plantas se
desenvolviam, concluiu então que a terra e não a agua era o material formador das plantas.
Nos anos de 1775 e 1776, o dióxido de oxigênio (O2) foi descoberto por Joseph
Priestley que ainda percebeu que as plantas o emitia, o fisiologista e químico holandês
Ingenhouz, observou em seus ensaios que a luz era essencial para a liberação de O2 pelas
plantas.
Ocorreram grandes avanços nas descobertas no século XIX. Saussure observou
que as plantas conseguiam obter o carbono (C) do CO2 atmosférico, e que o hidrogênio
(H) e o oxigênio (O) eram assimilados na mesma proporção que estava na molécula de
água (2:1). Pode observar ainda que a massa seca das plantas era devido ao C, H e O
absorvido pelas plantas, ainda observou que as raízes das plantas absorviam elementos
derivados do solo, que são importantes para o desenvolvimento das mesmas.
Neste mesmo período Boussingault realizou experimentação a campo, e com isso,
comprovou que o solo é o fornecedor de minerais indispensáveis a vida das plantas, ainda
realizou trabalhos com solução nutritiva.
Em meados de 1840, Liebig, químico e inventor alemão, observou que elementos
minerais não estão casualmente presentes nas plantas, mas que são necessários para as
mesmas. Pode observar que as plantas necessitam de ao menos 10 elementos minerais:
C, H, O, nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre
(S), e ferro (Fe). Com exceção do C, H e O, os demais nutrientes citados provem do solo.
Este químico ainda constatou que espécies de plantas diferentes necessitam de
quantidades diferentes dos elementos, observou que os solos também tem diferença na
concentração destes elementos, alguns solos são deficientes em algum elemento mas o
químico observou a possibilidade de correção da concentração do nutriente através da
adubação, por fim ele constatou que os húmus não são utilizados diretamente pela planta,
mas, que estes húmus são fonte de nutrição para as mesmas.
No ano de 1843 os pesquisadores Lawes e Gilbert criaram a estação experimental
de Rothamsted, na Inglaterra, nesta época iniciaram trabalhos sobre fertilidade do solo e
nutrição de plantas, o interessante desta informação é que seus trabalhos forma
continuados por outros pesquisadores e até os dias atuais estão sendo realizados estes
trabalhos na área experimental.
Sachs e Knop, iniciaram trabalhos com solução nutritiva no ano de 1860,
estudaram a composição química da solução do solo como fonte principal de nutrientes
disponíveis para absorção pelas raízes das plantas. Em 1830 os pesquisadores já haviam
listado alguns elementos essenciais para as plantas, dentre os elementos presentes na lista
destacavam-se 10 elementos que são C, H, O, N, P, K, Ca, Mg, S e Fe. No ano de1954
foi estabelecido que haviam 16 elementos, adicionando a esta lista o manganês (Mn),
cobre (Cu), zinco (Zn), molibdênio (Mo), Boro (B) e o cloro (Cl).

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Contribuindo com as descobertas na área de fertilidade e nutrição de plantas várias
descobertas ocorreram, como a realizada por Epstein em 1972, que observou a presença
de carregadores de íons-enzima oriundas do substrato, o pesquisador pode ainda observar
a cinética enzimática, Marschner em 1991, observou a exsudação, os microrganismos, as
alterações no pH, o potencial redox e a disponibilidade de macro elementos,
microelementos assim como a presença de elementos tóxicos a planta. Barber em 1995
compreendeu o mecanismo de absorção radicular das plantas. Entre os contribuidores que
tivemos para o conhecimento adquirido sobre a fertilidade do solo e nutrição das plantas
ainda destacam-se os pesquisadores Mengel, Malavolta e Raij, que realizaram inúmeras
publicações que são até hoje utilizadas para a compreensão e tomada de decisão no setor
de nutrição de solos.
Os elementos de plantas atualmente são definidos em grupos de essencialidade.
Basicamente podemos dizer que temos três grandes grupos de elementos de plantas,
alguns elementos são essenciais, essa essencialidade se faz pois sem este elemento a
planta não desenvolve seu ciclo de vida. Dentre os elementos essenciais temos os
elementos minerais que são: N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn. Outros
elementos essenciais para as plantas são o C, H e O, entre tanto estes últimos três são
considerados como elementos orgânicos.
Os elementos úteis são elementos no qual a planta consegue viver sem, entretanto
a sua presença contribui no desenvolvimento, produção e até mesmo para se tornar mais
resistente a pragas e moléstias. Entre os elementos úteis temos: cobalto (Co), selênio (Se),
silício (Si) e sódio (Na).
Um outro grupo de elementos são os tóxicos, estes elementos são ruins para as
plantas, podem, dependendo da concentração na solução do solo até levar as plantas a
morte. Entre os elementos tóxicos temos o chumbo (Pb), arsênio (As), bário (Ba), cádmo
(Cd) e o alumínio (Al).

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Questões de fixação

1 – Segundo Sasourre qual a forma de retenção de carbono pelas plantas?

2 – O que são elementos úteis para as plantas?

3 – Quais são os elementos úteis para as plantas?

4 – Quais são os elementos úteis para as plantas que são considerados orgânicos e
não minerais?

5 – Qual a fonte dos elementos orgânicos?

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Módulo 2. Formação e Classificação do Solo

Entende-se que os solos são uma grande fonte de recurso natural renovável. Com
grande utilização pelas atividades humanas para fins econômicos, tendo grande
importância nas práticas agrícolas e pecuárias para a geração de alimentos para toda a
sociedade.

Fotos: Google Imagens

Fotos: Prof. Eng. Agr. Márcio S. de Oliveira

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Com toda esta importância já conhecida, se pararmos para uma rápida análise
surge uma pergunta bem simples.

“Como são formados os solos?”


O processo de formação dos solos iniciou a milhares e milhares de anos.
Basicamente os solos são formados a partir do processo de decomposição das rochas de
origem, conhecidas como rochas mãe.
No início, não existiam solo no planeta terrestre apenas grandes e variados grupos
rochosos que foram lentamente desgastados por fatores edafoclimáticos (vento,
temperatura, clima, precipitação, altitude, luminosidade, granizo, neve etc.), assim como
pelos seres vivos, sobretudo pelas plantas.
Essa lenta desagregação dos grupos rochosos proporcionou a formação de
sedimentos, que se mantêm aglomerados e compõem os solos. O processo de origem e
constituição dos solos é conhecido como PEDOGÊNESE.

Fotos: Prof. Eng. Agr. Márcio S. de Oliveira

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Como visto anteriormente os solos são formados a partir da decomposição de
grupos rochosos, esta rocha originária dos solos é conhecida como rocha mãe. A
decomposição da rocha mãe ocorre pelos agentes do intemperismo (água, vento, clima,
degelo, insolação entre outros) e é lenta, leva muito tempo para que haja o desgaste e
fragmentação da rocha, inclusive neste momento este processo está ocorrendo. Para um
melhor entendimento a rocha começa a se quebrar, logo um pedaço grande se torna menor
e assim por diante até que suas partículas fiquem bem pequenas.
Com o tempo ocorre acumulo de material orgânico na superfície, sobre tudo sobre
os fragmentos de rochas que, estando muito pequenos compõem o que conhecemos como
solo recém formado. Este material orgânico decompõe-se e aos pouco ajudo no
enriquecimento deste solo. Mesmo após a formação do solo na camada superior, o
processo de desgaste da rocha continua, e com isso são formado solos mais profundos.
O solo, em estágio avançado de formação, passa a contar com uma profundidade
em seu perfil, os níveis de profundidade do perfil do solo são conhecidos como
“horizontes do solo”, além de apresentarem uma camada mais superficial orgânica
propícia para o plantio e a existência de vegetação.
O processo descrito pode ser visualizado no esquema a baixo, para que haja uma
melhor compreensão da formação dos solos.

Os solos mais antigos apresentam essa estrutura mais consolidada, enquanto os


solos mais jovens, muitas vezes, ainda se encontram em processo intermediário de
formação, sem a existência de todos os seus horizontes e com baixo nível de material
orgânico.
A composição dos elementos químicos e a forma como os minerais estão
estruturados dão origem a diferentes tipos de rochas e, consequentemente, diferentes tipos
de solos. Com isso, a quantidade e qualidade dos elementos minerais dos solos pode
variar, essa variação é dependente exclusivamente da característica mineral da rocha de
origem deste solo.

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Contudo, podemos definir que solo é:
”Uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, liquidas e
gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos que
ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta,
contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem, e eventualmente,
terem sido modificados por interferência antrópica.” (SANTOS et.al, 2006)

O solo totalmente formado é dividido em horizontes, para um breve conhecimento


geral do assunto, os solos são basicamente divididos em:

Horizonte O – Também conhecido como horizonte orgânico. É a camada externa


do solo composta por material orgânico em estágio de decomposição.
Horizonte A – É o horizonte mineral mais próximo da superfície, com uma
relativa presença de matéria orgânica.
Horizonte B – É o horizonte de acumulação, com uma grande presença de
minerais e com baixo acúmulo de material orgânico.
Horizonte C – Camada formada por partes fragmentadas da rocha mãe, muitas
vezes com sedimentos menores nas suas partes mais altas e com saprólitos (substrato
ainda com características de rocha em processo de formação do solo) e partes de rochas
em sua parte inferior.
Horizonte R – É o horizonte rochoso, onde fica localizado a rocha matriz.

A nível de classificação dos solos, a Embrapa, em parceria com diversas


instituições de ensino e pesquisa de todo o Brasil, vem ao longo dos anos desenvolvendo
e aprimorando o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Esse sistema, considerando
o território nacional, dividem os diferentes tipos de solos em Níveis Categóricos.

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Este níveis categóricos são um conjunto de classes definidas segundo atributos
diagnósticos em um mesmo nível de generalização. O primeiro nível é denominado como
ordem, o segundo como subordem, o terceiro é caracterizado como grandes grupos, o
quarto nível é o subgrupos.
Dentre as principais ordens de solo existentes no território brasileiro temo:
Argissolos, Cambissolos, Chernossolos, Espodossolos, Gleissolos, Organossolos,
Luvissolos, Neossolos, Nitossolos, Planossolos, Plintossolos, Vertissolos e Latossolos.
Na região dos Cerrados brasileiros, a maior presença são de Latossolos e
Neossolos, podendo também haver outros tipos de ordens, entretanto os citados estão
como ordens predominantes neste bioma.
Os Latossolos são solos muito antigos, em geral, são solos homogêneos com
pouca diferenciação entre seus horizontes, geralmente ausente de horizonte A,
reconhecido facilmente pela cor quase homogênea do solo com a profundidade. O
horizonte B é extenso, tornando estes solos profundos, fáceis de serem mecanizados, são
bem drenados e com baixa capacidade de troca de cátions (CTC), possuem textura média
ou mais fina (argiloso, muito argiloso), e com mais frequência são solos pouco férteis. Na
figura abaixo podemos ver três diferentes perfis de latossolos.

Foto A – Acervo Embrapa Solos; Foto B e C – Instituto Agronômico de Campinas.

Os diferentes tipos de solos são condicionados, em geral, pelas suas características


e propriedades, das quais podemos descreve-las como as seguintes:

Cor – Tem relação com a formação dos solos, normalmente solos com cores
avermelhadas indicam uma formação em regime climático mais seco; já as cores
amareladas indicam que esta formação ocorreu num regime mais úmido que o anterior; e
solos com cores pálidas ou acinzentadas indicam saturação por água (hidromorfismo) que
também pode ser caracterizada por mosqueados (pigmentações) vermelhas e amarelas ao
longo do perfil.
Hidromorfismo – Refere-se à superficialidade do lençol freático, indicando que
o solo está permanentemente ou sazonalmente saturado por água. Normalmente os solos
com esta característica, conforme já citado, tem coloração pálida ou acinzentada podendo
apresentar mosqueados; outro fator indicativo desta característica é a deposição de
material orgânico, que deixa a coloração dos solos muito escura, praticamente preta. Solos
com esta característica tem uma elevada fragilidade ambiental, recomendando-se na
grande maioria das vezes destiná-los à preservação.
Potencial Hidrogênio (pH) – Indica a acidez dos solos, tem relação direta com a
fertilidade, e consequentemente com a produção agrícola, pode ser facilmente corrigido
por meio de calagens (aplicação de calcário).

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Textura – Refere-se à proporção dos particulados do solo determinados de acordo
com suas dimensões (granulometria): areia (mais grosseira), silte (intermediário) e argila
(mais fina). Influi na velocidade de infiltração e na capacidade de retenção de água no
solo, em decorrência da porosidade.

A argila é a que possui maior superfície específica e é de natureza coloidal com


alta retenção de cátions e adsorção de fósforo. A fração argila representa a maior parte da
fase sólida do solo e é constituída de uma gama variada de minerais (minerais de argila)
que apresentam cargas elétricas negativas responsáveis pela capacidade de troca de
cátions (CTC).
A fracção argila, principal responsável (conjuntamente com a matéria orgânica)
pelas propriedades químicas do solo, é principalmente constituída por minerais
argilosos, pertencentes aos grupos da caulinitas, ematita, vermiculita, ilita ou clorita. São
minerais com uma predominância de cargas negativas, umas permanentes e outras
dependentes do pH. Os minerais argilosos diferem quanto às cargas que transportam,
superfície específica, capacidade de fixar íons de potássio e amônio, e ainda por serem ou
não expansíveis. Na fracção argila existem ainda óxidos e hidróxidos de ferro, alumínio
e manganésio. Possuem cargas dependentes do pH, podendo apresentar predominância
de cargas positivas em solos ácidos. Em regiões áridas e semiáridas, pode ocorrer
acumulação no solo de carbonatos, sulfatos ou mesmo cloretos.
Atividade Química – Definida pela Capacidade de Troca de Cátions (CTC), que
tem papel importante na retenção de substâncias contaminantes, ou ainda de nutrientes,
daí então sua importância como filtro sob o ponto de vista ambiental, e na agricultura,
influenciando na fertilidade dos solos, respectivamente. Analogamente, a CTC atua como
uma espécie de imã, e os nutrientes seriam simples peças de metal atraídas por estas
cargas do solo.
Material Mineral e Material Orgânico – Na massa de solo podemos separar
duas frações, uma mineral e outra orgânica. Normalmente, temos o predomínio da fração
mineral. A fração orgânica se concentra nas camadas superficiais do solo em decorrência
da decomposição da vegetação em sua superfície, enquanto nas camadas mais profundas,
onde o solo está em processo de formação (intemperização da rocha), esta fração é
reduzida. A fração mineral fornece nutrientes as plantas de forma mais lenta, enquanto a
orgânica, estes nutrientes estão prontamente disponíveis. Outro aspecto importante a se
considerar é que a fração orgânica do solo é responsável por armazenar carbono, um dos
principais gases responsáveis pelo efeito estufa e aquecimento global.
A matéria orgânica inclui uma grande variedade de seres vivos, desde bactérias,
fungos e actinomicetes, até protozoários, nematoides, ácaros e anelídeos. Os organismos
do solo, em especial os microrganismos, vão levar a cabo a decomposição de resíduos
orgânicos, mas são também responsáveis pela síntese de moléculas orgânicas de elevada
estabilidade – as substâncias húmicas – que são o principal constituinte do húmus e
contribuem para propriedades tão importantes como a capacidade de retenção de água e
nutrientes, e o poder tampão do solo.

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Considerações Finais

A atmosfera do solo tem teores mais baixos de oxigénio e mais altos de vapor de
água e dióxido de carbono, por comparação com a atmosfera. Um bom arejamento do
solo é indispensável para a respiração das raízes e organismos do solo. Em solos
compactados, com baixa porosidade, ou em solos alagados, geram-se condições de
anaerobiose (baixo potencial redox) que são toleradas apenas por algumas plantas e
organismos.
A gênese do solo envolve a alteração de minerais primários e a formação de
secundários, e origina camadas com diferentes cores e características, designadas por
horizontes do solo. Os pedologistas estudam seções verticais do solo (perfis) que expõem
os vários horizontes, para classificarem o solo.
Existem diversas nomenclaturas do solo, mas a classificação FAO, aceita por
todos os investigadores, permite dividir os solos existentes no globo em 28 unidades
principais.

Questões de fixação

1 –A figura a baixo representa as etapas da pedogêneses que é o processo de formação


dos solos. Sabendo-se disso descreva detalhadamente como os solos são formados, passando pelo
primeiro estágio até o resultado final com indicação dos horizontes e suas diferenciações.

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2 – O que é potencial hidrogênio dos solos?

3 – Quando se trata de classificação de solos brasileiros temos basicamente 13


ordens de classificação. Dentre essas ordens quais as que estão predominantes em solos
sob Cerrado?

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Módulo 3. Água no Solo e na Planta

Hidrologia é a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação e


distribuição, suas propriedades físicas e químicas, e sua reação com o meio ambiente,
incluindo sua relação com as formas vivas (Definição recomendada pela United States
Federal Council for Science and Technology, 1962).
Esta ciência é fundamental na escolha de fontes de abastecimento de água tanto
para uso doméstico ou uso industrial, dentre os principais exemplos do uso da hidrologia
na pratica podemos destacar:
Projeto de construção de obras hidráulicas – Fixação das dimensões hidráulicas
de obras de arte (pontes, bueiros etc.), projeto de barragens como localizaçãoe escolha do
tipo de barragem, de fundação e de extravasor, dimensionamento, estabelecimento de
método de construção.
Drenagem – Estudo das características do lençol freático, exame das condições
de alimentação e de escoamento natural do lençol, precipitação, bacia de contribuição e
nível d’água nos cursos.
Irrigação – Problema de escolha do manancial, estudo de evaporação e
infiltração.
Regularização de cursos d’água e controle de inundações – Estudo das
variações de vazão, previsão e vazões máximas, exame das oscilações e nível e as áreas
de inundação.
Controle de Poluição – Análise da capacidade de recebimento de corpos
receptores dos efluentes de sistemas de esgotos, vazão mínima de cursos d’água,
capacidade de reaeração e velocidade de escoamento.
Controle da Erosão – Análise de intensidade e frequência das precipitações
máximas, determinação de coeficiente de escoamento superficial, estudo da ação erosiva
das águas e da proteção por meio de vegetação e outros recursos.
Navegação – Observação de dados e estudos sobre construções e manutenção de
canais navegáveis.
Aproveitamento Hidrelétrico – Previsão das vazões máximas, mínimas e médias
dos cursos d’água para o estudo econômico e o dimensionamento das instalações.
Verificação da necessidade de reservatório de acumulação, determinação dos elementos
necessários ao projeto (bacias hidrográficas, volumes armazenáveis, perdas por
evaporação e infiltração) e construção do mesmo.
Operação de sistemas hidráulicos complexos – Sistemas de captação de água,
trafego de veículos aquáticos.
Recreação e preservação do meio ambiente – Demarcação de lagos, represas
entre outros e determinação da largura de área de preservação ao leito dos mananciais.
Preservação e desenvolvimento da vida aquática – Determinação de áreas de
preservação de fauna aquática.
O ciclo hidrológico é todo o processo de circulação da água independente do
estado que ela se encontra, entra as etapas deste ciclo temos o processo natural de
evaporação, condensação, precipitação, detenção e escoamento superficial, infiltração,
percolação da água no solo e nos aquíferos, escoamentos fluviais e interações entre esses
componentes. (Righetto, 1998).

18
A água ocupa cerca de 70% do planeta Terra e circula continuamente entre a Terra
e a atmosfera, em diferentes estados (sólido, liquido ou gasoso). A água em estado sólido
está presente na forma de gelo no pico das montanhas e em outros locais do planeta, com
o aumento da temperatura ou mudança de estação, este gelo muda de estado se tornando
liquido, este fenômeno é conhecido como degelo. Esta água desce das montanhas para as
encostas através do escoamento superficial, podendo chegar aos rios e lagos. A água que
não escoa, infiltra no perfil do solo, ou seja, em vez de se locomover no sentido do
horizontal sobre o solo ela escorre no sentido vertical do solo, podendo atingir o lençol
freático, esta água é conhecida como água subterrânea.
Os oceanos, lagos e rios são grandes corpos de acúmulo de água no geral em
estado líquido. Com as altas temperaturas esta água que está líquida modifica seu estado
passando para fase gasosa e vai para atmosfera, este evento é conhecido como
evaporação. Outra maneira da água ser perdida para a atmosfera na forma de vapor é a
transpiração dos animais e a evapotranspiração das plantas.
Esta água na forma de vapor na atmosfera, em algum momento tende a condensar
e voltar para a terra através da precipitação (chuva). Basicamente este é o ciclo da água
entre a Terra e atmosfera.
A água é um mineral, elemento químico simples (H2O) fundamental para o
planeta. Forma oceanos, geleiras, lagos e rios. Cobre ¾ da superfície da Terra: um bilhão
340 milhões de quilômetros cúbicos. Abaixo da superfície, infiltrada no solo, á mais
quatro milhões de quilômetros cúbicos que contornam rochas, cavernas, formam poços,
lençóis e aquíferos. Em torno do planeta, na atmosfera terrestre, existe mais de cinco mil
quilômetros cúbicos de água, em forma de vapor. Sem água, a vida como conhecemos
seria impossível. Toda evolução dos seres vivos está associada e depende desse precioso
líquido.

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Embora exista muita água no planeta, 97,3% desta água está presente nos oceanos
e é salgada, apenas 2,7% da água do planeta é doce, a maior parte da agua doce do planeta
está na forma sólida e localizada nas regiões polares da Terra, apenas 0,7% da água doce
do planeta está armazenada no subsolo, dificultando sua utilização, restando então menos
de 1% da água doce da Terra disponível diretamente para a humanidade, disponível em
lagos, rios superficiais.

Fotos: SOS Mata Atlântica

Embora exista muita água no planeta, 97,3% desta água está presente nos oceanos
e é salgada, apenas 2,7% da água do planeta é doce, a maior parte da agua doce do planeta
está na forma sólida e localizada nas regiões polares da Terra, apenas 0,7% da água doce

A molécula da água é formada por um átomo de oxigênio e dois átomos de


hidrogênio. As duas ligações intermoleculares hidrogênio-oxigênio formam um ângulo
de 105º como demonstrado na figura a cima. As cargas parciais opostas ( - e + ) levam a
formação das ligações de hidrogênio com outras moléculas de água. O oxigênio tem seis
elétrons orbitais externos, cada hidrogênio tem um.
A água é o mais abundante e melhor solvente universal. Possui um papel
fundamental na vida dos seres animais e vegetais, a água constitui de 80 a 95% da massa
de tecidos vegetais em crescimento, podemos dizer que para a formação de cada grama
de matéria orgânica gasta-se em média 500 g de água. A falta deste elemento compromete
o bom desenvolvimento de todos os seus ciclos, um pequeno deficit hídrico pode
comprometer vários processos celulares.
Ocorrem perdas de água dos seres vivos para a atmosfera através da transpiração,
que é, a forma de dissipar o calor proveniente do sol. Tamanha sua importância para os
seres vivos pode-se afirmar que a água é o recurso mais abundante e também o mais

20
limitante para a produtividade agrícola, pois mesmo que tenhamos materiais de alta
tecnologia e um excelente manejo sanitário e nutricional, a falta de água irá limitar a
produtividade da cultura.
Por ser uma molécula formada pela ligação do oxigênio a dois átomos de
hidrogênio, a molécula da água se torna uma excelente solvente devido a sua polaridade,
tendo cargas positivas nos átomos de hidrogênio e cargas negativa no átomo de oxigênio.
Esta dupla polaridade proporciona ligações com a maioria das moléculas conhecidas, e
suas propriedades térmicas resultam destas ligações. Entre as estruturas e propriedades
térmicas da água podemos enfatizar:
Calor específico – Calor necessário para aumentar a temperatura de uma
substância em uma quantidade específica, ajuda a tamponar as flutuações de temperatura
do ambiente.
Calor latente de vaporização – Energia necessária para separar moléculas da
fase líquida e levá-las para fase gasosa à temperatura constante, permite às plantas se
refrescarem por meio da evaporação de água, a transpiração é um componente importante
da regulação térmica.
As propriedades de adesão e coesão são devidas às ligações de pontes de
hidrogênio.
Adesão – Propriedade de união de duas moléculas ou substâncias iguais ou
diferentes quando entram em contato, e se mantém juntas por forças intermoleculares. A
água tende a atrair e ser atraída por outras moléculas polares.
Coesão – Capacidade que uma substância tem de permanecer unida, resistindo à
separação. As moléculas de água estão unidas através das pontes de hidrogênio, ligação
entre o hidrogênio e o oxigênio. Podemos observar essa coesão em uma gota de água
sobre uma superfície, formando uma espécie de película resistente, pois as moléculas
estão fortemente aderidas umas às outras.
Tensão Superficial – A força de atração entre as moléculas permite a ocorrência
deste fenômeno. No caso da água, é como se houvesse um filme de água na superfície,
por isso alguns insetos conseguem pousar sobre a água sem afundar. A água possui uma
tensão superficial maior que dos outros líquidos.
Capilaridade – é um fenômeno físico resultante a partir das interações entre as
propriedades de coesão, adesão e tensão superficial. A capilaridade permite com que a
água desliza através das paredes de tubos ou deslizar por entre poros de alguns materiais,
como o algodão, por exemplo. Esta capilaridade também é responsável pelo transporte
ascendente (de baixo para cima) da água do solo para o topo das plantas.
A água presente no solo precisa entrar na planta para que seja transportada por
toda ela. Existem na planta duas vias (canais) principais de transporte de solventes e
solutos. O xilema é a via responsável por um transporte ascendente (de baixo para cima),
ou seja, da raiz para a parte aérea e o floema é a via responsável pelo transporte
descendente (de cima para baixo), ou seja, da parte aérea para a raiz. O floema pode
também realizar transportes ascendente em pequenas distâncias, por exemplo, a folha que
está a baixo do fruto produz energia através da fotossíntese, estes açucares resultantes do
processo podem ser transportado de forma ascendente para o fruto que está a cima desta
folha. Para que ocorra toda a movimento da água do solo até a planta, passando através
da planta e chegando até a atmosfera ocorrem alguns processos de transporte, entre eles:
Difusão – Movimento de moléculas por agitação térmica aleatória, promove
movimento de moléculas de regiões de alta concentração para regiões de baixas

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concentrações, é rápida a curtas distâncias, mas extremamente lenta para longas
distâncias.
Fluxo de massa – Governado por pressão determina o transporte de água a longa
distância, movimento em conjunto de grupos de moléculas em resposta a um gradiente de
pressão.
Osmose - Refere-se ao movimento de um solvente através de uma membrana,
membranas vegetais são seletivamente permeáveis, a osmose ocorre espontaneamente em
resposta a uma força propulsora.

Foto: CORREIA (2014)

O esquema de Correia (2014), exemplifica toda a movimentação da água do solo


até a planta e da planta até a atmosfera. A água no solo entra nas células dos pelos
radiculares, atravessa todas as células da raiz até chegar ao xilema, as forças de coesão e
adesão estão presentes para que por capilaridade esta água se movimente em sentido
ascendente por fluxo em massa. A agua se perde para a atmosfera pela transpiração, na
forma de vapor d’água, isso só ocorre quando a abertura dos estômatos para a captura do
dióxido de carbono atmosférico (CO2). Essa coluna de água tende a não se desfazer,
simultaneamente quando se perde água na forma de vapor para a atmosfera, entra agua
do solo nas raízes.
A disponibilidade de água no solo é uma variável dependente de diferentes fatores,
como índice pluviométrico ou índice de irrigação (sistemas irrigados), o tipo de solo,
porcentagem de areia e argila (textura) também são fatores que irão influenciar
diretamente na retenção de água pelo solo. Solos mais argilosos tendem a reter agua por
um maior período quando comparado com solos arenosos. O grão de argila é muito menor
que o grão de areia, por tanto, como em solos argilosos tem-se uma maior porcentagem
de argila do que areia, temos uma estrutura com espaços menores (microporosidade) entre
estas moléculas, já em solos com um maior teor de areia estes espaços entre uma molécula

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de areia e outra se tornam maiores (macroporosidade), retendo a agua por um menor
tempo, havendo a perda desta água por percolação.
Questões de fixação

1 – Defina Hidrologia?

2 – O que é coesão?

3 – A água é considerado um solvente universal, quais as características que


conferem esta denominação a estas moléculas?

23
Módulo 4. Degradação e Erosão

O solo é fundamental para a sustentabilidade e produtividade de ecossistemas


naturais e agrícolas. A qualidade do solo é um conceito desenvolvido para caracterizar o
uso e a saúde do solo. Uma definição geral da qualidade do solo é a aptidão que um solo
tem para um uso específico.

Biodiversidade do solo (Blog do Ipê)

Podemos definir que solo é a camada superficial da litosfera, formada por rocha
finamente decomposta, restos de vegetais e de animais, e seres vivos (bactérias, fungos,
algas, protozoários, vermes e insetos), constituindo um verdadeiro ecossistema.

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Os Húmus por sua vez, geralmente são as camada mais superficial do solo, onde
funciona a indústria da reciclagem, garantindo a perenidade dos ciclos biogeoquímicos e,
consequentemente, a fertilidade dos solos.
O resultado da decomposição total da matéria orgânica do solo são os húmus, uma
das maneiras de decomposição desta MO é a partir do processo digestório das minhocas
e outros animais, formando uma compostagem natural, agregando ao solo os restos de
animais e plantas mortas e também seus subprodutos.

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Através da ação de microrganismos (bactérias e fungos),

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associados ao trato digestório compartimentados desses anelídeos(boca, faringe, papo,
moela, intestino, ânus), os detritos são macerados contra as partículas de terra também
ingeridas, sendo parte dos nutrientes absorvidos e a outra inaproveitada, eliminada
juntamente com a finíssima granulometria dos minerais.
Assim, o húmus é considerado o mais completo adubo, apresentando as seguintes
características físico-químicas: não possui cheiro(inodoro), uma substância asséptica, rico
em micronutrientes(ferro, boro, cobre, zinco, molibidênio, cloro) e macronutrientes
(potássio, nitrogênio, fósforo).
Diante dessas propriedades, a formação do húmus (chamado humificação) repõe
os minerais no solo, corrigindo a debilidade de nutrientes proporcionalmente às
necessidades dos vegetais, tornando a terra mais estável e apropriada para as mais diversas
culturas, ou seja, um excelente fertilizante.
Dentre os fatores que influenciam na formação dos solos podemos destacar:
Clima – Influencia na desagregação da rocha e formação do húmus.
Geologia – Contribui para a textura e composição química (fertilidade).
Tempo – Fator determinante relacionado às condições ambientais.
Vegetação – Responsável pela circulação de nutrientes e proteção dos solos.

O solo é composto por 45% de elementos minerais (areia, argila), 25% de ar, 25%
de água e 5% de matéria orgânica. A forma como os elementos minerais e a matéria
orgânica se estruturam, contribui para definir o teor de umidade, aeração e fertilidade dos
solos. Na agricultura é utilizado para a fixação e nutrição vegetal, armazenamento de água
para diversos fins, outras utilizações do solo seriam como fundação para edificações,
aterros, estradas, etc, matéria prima para construção e manufatura de bens,
armazenamento de combustíveis fósseis, receptor de resíduos sólidos e líquidos.
O processo de degradação do solo apresenta-se sob variados aspectos e
proporciona perda de produtividade e impactos na dinâmica socioambiental. Pode ocorrer
de várias maneiras diferentes, geralmente resultantes de seu mau uso e conservação por
parte das atividades humanas. A ocorrência dessas situações pode estar associada ao
esgotamento de nutrientes ou à remoção da vegetação, entre outros inúmeros fatores.
As principais formas de degradação do solo, isto é, os tipos com que esse problema
se apresenta, são:
Desertificação – Consiste no processo de degradação e esgotamento dos solos
que ocorre em regiões de clima árido, semiárido e subúmido, onde a pluviosidade não é
maior do que 1400mm anuais e, portanto, a evaporação é maior do que a infiltração.

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A desertificação recebe esse nome porque provoca uma mudança da paisagem
para algo próximo à paisagem de um deserto, embora não necessariamente a área formada
possa ser considerada como tal.
Arenização – Consiste na formação de bancos de areia em solos já de consistência
arenosa em regiões que, diferentemente das áreas que se desertificam, apresentam climas
mais úmidos e com maiores volumes de chuva, onde a infiltração e o escoamento da água
são superiores aos índices de evaporação.

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A arenização pode ser confundida com a desertificação, mas se trata de fenômenos


diferentes.
Salinização – Processo de aumento dos sais minerais existentes, a ponto de afetar
a produtividade dos solos de uma determinada região. Esses sais minerais apresentam-se
na forma de íons, tais como o Na+ e o Cl-, sendo mais comuns em áreas de clima árido e
semiárido, onde as taxas de evaporação são muito acentuadas.

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Resumidamente, a ocorrência da salinização está relacionada com a prática da


irrigação que se utiliza de água com elevado teor de sais. Assim, com a evaporação da
água, os sais acumulam-se no solo e aumentam a sua salinidade. Outras causas possíveis
para a salinização são a elevação acentuada do nível freático e a evaporação de águas
salgadas ou salobras acumuladas de mares, lagos e oceanos.
Lateralização – Consiste no acúmulo de hidróxidos de ferro e alumínio, alterando
a composição e a aparência dos solos. Esse processo é resultante, principalmente, da
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alteração da camada superficial pelo intemperismo químico associado à sua lavagem
exaustiva pela lixiviação.

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O processo de laterização é mais comum em áreas úmidas e quentes de climas
tropicais e pode ser intensificado por queimadas e desmatamentos, pois a vegetação ajuda
a proteger os solos do elevado desgaste proporcionado pela água das chuvas. Apesar de
ser importante para a formação dos latossolos, a laterização pode ser considerada um
problema de degradação ambiental, pois dificulta a penetração de raízes e diminui a
fertilidade.
Poluição Direta e Contaminação – Consiste na alteração química da composição
dos solos, tornando-os, muitas vezes, inférteis.

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Trata-se de um problema eminentemente antrópico e causado pelo uso excessivo


de agrotóxicos, defensivos e fertilizantes na agricultura e também pela infiltração de
materiais orgânicos poluentes em áreas de lixões, aterros sanitários e até em cemitérios,
onde há uma elevada taxa de formação de chorume.
Processos Erosivos – Um dos mais conhecidos tipos de degradação do solos.
Trata-se de um processo natural que pode ser intensificado pelas práticas humanas e que
consiste no desgaste dos solos e das rochas com posterior transporte e deposição do
material sedimentar que é produzido.
Além de alterarem a forma do relevo formando crateras que podem ocupar grandes
áreas, também são responsáveis pela retirada de nutrientes dos solos. Em algunscasos, a
lavagem excessiva da camada superficial pela água das chuvas torna os solos mais ácidos
ou improdutivos. Além disso, as erosões também estão associadas a problemas de
movimentação de massas e desabamento de encostas.
Os principais tipos de erosão podem ser:
Erosão Hídrica – Essa erosão ocorre a partir da água, em geral aguas de chuva e
até mesmo de degelo. Os ventos podem alterar o ângulo de queda das gotas da chuva,
tornando-as mais ou menos erosivas.

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A direita: Transporte de solo devido a energia cinética da gota da chuva (Conservando o solo);
A esquerda: Esquema da ocorrência de erosão em splash, com o impacto da água sobre o solo (Geografiamove).

Após o impacto, os sedimentos do solo estarão “soltos” e a topografia do terreno


e intensidade pluviométrica serão fatores agravantes de um tipo de erosão conhecido
como erosão superficial.

Geografalando

Na prática podemos observar como ocorre na figura a cima, (A e C) demonstra as


gotas de chuva caindo sobre dois solos, o solo (A) as partículas são menores e o solo (C)
as partículas são maiores, o resultado do impacto sobre o solo descoberto é o
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espalhamento de sedimentos sendo com maior intensidade em solos com menores
partículas e consequentemente com maior potencial de retenção de água, e dependendo
da intensidade da chuva e a inclinação do terreno, a enxurrada pode arrastar estes
sedimentos que ficaram soltos, (B) demonstra o impacto da gota da chuva sobre um solo
com palha (cobertura), onde demonstra que os efeitos erosivos estão menos pronunciados.

Erosão Heólica – Causado pela ação dos ventos, que vão lentamente esculpindo
as rochas e transportando as partículas dos solos.

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Erosão Natural e Antrópica – A erosão natural ocorrem através de processos


geológicos, como movimentação de placas tectônicas e outros que infelizmente não
conseguimos remediar. A erosão antrópica ocorre pela ação do homem e as atividades
que intensificam este tipo de erosão são: Agricultura extrativista sem conservação,
urbanização, estradas, mineração e desmatamento.

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Independentemente do tipo de erosão que ocorra haverá perdas. O custo da erosão


pode ser classificado em dois pontos principais, as perdas internas refletem a perda da
fertilidade natural do solo, perda de nutrientes, solo entre outros, dentre as perdas
externas podemos salientar o assoreamento de corpos d’água, deposição de materiais
sobre estradas, tratamento de águas fluviais e principalmente a fauna aquática.
O assoreamento de afluentes ocorre através dos sedimentos que são levados para
31
os leitos dos corpos d’água, como mostra a figura abaixo, com o acumulo de sedimentos
os rios se tornam mais rasos, diminuem a quantidade de oxigênio para os animais
aquáticos e causa prejuízo em toda bacia hidrográfica da região.
No esquema abaixo é mostrado o fluxograma de prejuízo causado por erosões que
ocorrem na agricultura.

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Questões de fixação

1 – Cite quais os principais tipos de erosão?

2 – Como ocorre a erosão hídrica?

3 – Quais as principais perdas de erosão na agricultura?

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Módulo 5. Prevenção a Erosão e Recuperação de Áreas Degradadas

Revisão
Erosão, consiste no processo de desgaste, transporte e sedimentação das rochas e,
principalmente, dos solos. Ela pode ocorrer por processos naturais, que costumam ser
mais lentos e de menor impacto, e por processos antrópicos, o que caracteriza as erosões
aceleradas

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A erosão pluvial é causado pela ação da água das chuvas, essas erosões podem
se diferenciar em:
Erosão em splash: efeito gerado pelo impacto das gotas de chuva sobre o solo.
Erosão laminar: escoamento superficial das águas das chuvas “lava” o solo.
Erosão em sulcos: escoamento da água sobre os solos intensifica o seu desgaste
a ponto de formar pequenas “linhas” ou cortes no terrenos.
Ravinas: água das chuvas, com o tempo, vai abrindo cavidades maiores ao longo
da declividade do terreno.
Além da erosão pluvial, podemos citar diferentes fatores que podem acometer
erosões. A erosão fluvial é o desgaste provocado pelo leito dos rios tanto quando eles se
excedem e avançam sobre as margens quanto quando a vegetação ciliar é removida e
desprotege o relevo ao redor dos cursos d´água, já a voçoroca é resultante da combinação
de vários tipos de erosão, formando grandes crateras que costumam atingir o lençol
freático ou estruturas internas dos solos, a Erosão Marinha ocorre quando as rochas ou
o solo litorâneo são desgastados pela água das ondas do mar, a Erosão eólica é causado
pela ação dos ventos, a Erosão glacial é causada pela ação do gelo, tanto da neve quanto
das geleiras, em regiões montanhosas com acentuada declividade pode ocorrer a Erosão
por gravidade, e a Erosão geológica que é a erosão natural ou que não sofreu a
interferência humana podemos citar como um dos exemplos mais conhecidos
mundialmente o Canyon nos Estados Unidos.

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A prevenção de erosão é uma prática muito importante nas atividades agrícolas,


por mais que o custo inicial de implantação seja alto, com certeza ainda ficará mais barato
do que remediar o problema depois de ocorrido.
A Recuperação é uma tarefa, ardoa, demorada e que pode demandar além de
tempo, muito dinheiro. Sendo que, em casos de erosão, a recuperação da área talvez seja
insatisfatória.
A recuperação de áreas degradadas está intimamente ligada à ciência da
restauração ecológica. Restauração ecológica é o processo de auxílio ao restabelecimento
de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído.
Alguns tipos de erosão descritos anteriormente são muito difíceis de serem
prevenidos, entretanto, esses tipos levam muito tempo para ocorrer por exemplo a erosão
geológica. Por outro lado, outras erosões podem ser prevenidas principalmente em áreas
agrícolas, onde o grande problema da erosão se dá por diferentes tipos de erosões pluviais.
A implantação de terraços nivelados, ou mesmo o sistema de cultivo, já são fatores
para a prevenção dessas erosões, assim como o reflorestamento das matas ciliares a fim
de evitar açoreamento de leitos d’água, práticas que irão ter um custo, que nem sempre é
tão barato inicialmente, no entanto será muito mais barato que o custo de recuperação
após já haver efeitos erosivos no solo.
A recuperação das áreas, é uma tarefa muito trabalhosa e demanda muito tempo,
assim como muito dinheiro, há a possibilidade de recuperação até mesmo de nascentes de
água, mas sem dúvidas a prevenção antes da recuperação é mais viável ecologicamentee
financeiramente.

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Prefeitura de João Pessoa-PB
A cima temos o antes e o depois de um trabalho de muitos
anos para a recuperação da preservação de uma área na cidade de

João Pessoa no estado da Paraíba. As fotos do processo foram cedidas pela prefeitura da
cidade.

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Para a recuperação de matas ciliares ou de áreas de preservação permanente,


necessita-se a utilização de muita muda, e estas mudas levam muito tempo para se
estabelecer, e o cuidado com nutrição e os tratos culturais para a proteção das plantas
demanda mão de obra e muito tempo. Na figura acima a direita temos uma demonstração
computadorizada de uma área de preservação degradada, a esquerda o viveiro demonstra
a produção de mudas que serão utilizadas para a recuperação desta mata ciliar.
A maneira mais viável para prevenir perdas por erosão ou mesmo degradação das
áreas é o planejamento. Primeiramente necessita-se conhecer as características da área e
como esta área será usada, qual será a finalidade. Quando não se há exploração
agropecuária e a área está destinada a preservação, a melhor forma de preservar os leitos
de água e nascentes são isola-las, para que nem animais possam de alguma maneira atingi-
las, para isso, é bom que seja feito cercas principalmente nas áreas com nascente, e
recuperar (reflorestar) sua margem conforme a legislação indica, caso a área tenha sido
explorada ou mesmo não esteja totalmente preservada.
Para prevenir a erosão, principalmente a laminar que causa uma grande prejuízo
ao agropecuarista, o planejamento deve ser mais sistemático. Antes de acentuar a
utilização da área é necessário que seja feito um levantamento estratégico para que ocorra
o melhor planejamento de uso do solo e da água, para isso, deve-se levar em consideração
fatores fundamentais sobre o terreno como: tipo de solo (arenoso, argiloso ou médio), a
topografia do terreno (se é plano ou escorrido), fatores climáticos (pluviosidade anual) e
o tipo de cultivo que será implantando na área.
O tipo de solo e seu estágio de compactação é fundamental para este planejamento,
pois um solo compactado tende a ter acumulo superficial de água que tende a escoar
superficialmente por esta água não penetrar no solo e com isso, formar a enxurrada que
aos poucos causará a erosão em sulcos no terreno. Quando as características citadas
estiver aliada a um terreno com topografia acentuada (ascendente) essa enxurrada tende

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a ganhar maior velocidade a cada metro que percorrer, causando grandes danos em um
curto espaço de tempo.
Após os dados coletados e o planejamento realizado, chega a hora da execução,
solo bem drenado tende a acumular menor quantidade de agua em superfície, para a
redução da velocidade da água de escoamento a principal técnica a ser utilizada é a
confecção de terraços nivelados, que diminuirão a velocidade da enxurrada e o excesso
será armazenado em represas de contenção, que aos poucos irão penetrar no solo. Aliada
a essa pratica de conservação e manejo do solo e da água, a cobertura vegetal, como a que
é alcançada em sistema de plantio direto ou mesmo uma pastagem bem formada irão
proteger o solo do impacto das gotas da chuva.

Embrapa

As práticas conservacionistas podem ser divididas em grupos como edáficas,


vegetativas e mecânicas:
Práticas edáficas: são práticas onde ocorre a modificação do sistema de cultivo,
além do controle da erosão, mantêm ou melhoram a fertilidade do solo, dentre os
exemplos práticos deste grupo podemos citar o controle das queimadas, adubação verde,
química e orgânica, além da correção do pH do solo através de calagem.
Práticas vegetativas: são aquelas que utilizam o adequado manejo da cobertura
vegetal para que ocorra a proteção do solo, esta prática pode ser exemplificada pelo
reflorestamento e florestamento, manejo adequado das pastagens, utilização de sistemas
integrados como lavoura pecuária, manutenção da cobertura do solo com o sistema de
plantio direto, cultivo em contorno ou em faixas, preservação das áreas permanente,
rotação de cultura.
Práticas mecânicas: são barreiras físicas implantadas para a redução da
velocidade do escoamento superficial, como a implantação de terraços nivelados, canais
escoadouros e bacias de captação.

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Na imagem a cima, observa-se sistemas utilizados para um bom aproveitamento


do solo e proteção da área contra degradação, realizando uma agricultura sustentável, com
implantação do sistema de plantio direto e integrações, lavoura-pecuária e lavoura-
pecuária-floresta.

Conservando o Solo

Para finalizar, a imagem a cima demonstra a importância da aplicação de práticas


conservacionistas para evitar a perda de solo e fertilidade causadas pela erosão. Para isso
é ideal manter um solo sempre coberto.

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Questões de fixação

1 – Qual a importância de se evitar a erosão?

2 – Explique a finalidade de implantação de terraços nivelados para evitar a


erosão?

3 – Qual a importância da cobertura do solo?

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Módulo 6. Manejo do Solo – do preparo aos sistemas de cultivo

Antes do advento da agricultura, os humanos eram nômades e viajavam


constantemente em busca de animais selvagens e grãos. Quando estes povos conseguiram
observar a possibilidade do cultivo, torando previsível e centralizada a produção de
alimentos, passaram a ter um incentivo para se fixarem. Com esta possibilidade ocorreu
o surgimento da agricultura.

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O preparo do solo dos primeiros tempos da agricultura não passava de uma


operação bem rústica, muito trabalhosa e demorada. Sistemas mais aperfeiçoados teriam
suas origens quando o arado de aiveca de metal foi inventado em 1760, na Escócia.

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A função do arado foi a de enterrar e eliminar as ervas daninhas e os restos


culturais, deixando o solo vem evoluindo, com implementos cada vez maiores e tratores
cada vez mais pesados e possantes, possibilitando o preparo de grandes extensões com
menor esforço físico.

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O objetivo do preparo do solo é a eliminação de plantas não desejáveis,
diminuindo a concorrência com a cultura implantada, obtenção de condições favoráveis
para a colocação de sementes ou partes de plantas no solo, permitindo a sua boa
germinação e emergência, além de bom desenvolvimento, e manutenção da fertilidade e
da produtividade ao longo do tempo, preservando a matéria orgânica do solo.
Outros fatores que podem ser destacados com o preparo do solo é a eliminação de
camadas compactadas para aumento da infiltração de água no solo e aeração,
incorporação e mistura no solo de calcário, fertilizantes e produtos agroquímicos, enterro
de restos vegetais e restivas agrícolas, nivelamento do terreno para conseguir uma boa
performance das máquinas e equipamentos, desde o plantio até a colheita e preparo da
superfície do terreno (diques, canais, nivelamento, sulcos) para usar a irrigação nas
lavouras.
Para que haja o maior aproveitamento da operação utilizando implementos
agrícolas, alguns fatores devem ser levados em consideração. O ponto ideal de entrada
com a máquina na área é determinado quando é possível um trator operar com o mínimo
esforço, dando-nos os melhores resultados nos serviços realizados, este momento ideal é
chamado de Ponto de Sazão, que é o ponto de encontro entre as curvas de adesão e de
coesão, ou seja, o ponto de umidade ideal para operações agrícolas.
Quando as operações são realizadas com muita umidade no solo ou o solo
extremamente seco, o prejuízo é eminente. Quando a operação ocorre em solos
encharcados ou com uma umidade excessiva ocorre dano físico na estrutura do solo como
compactação, além do solo se aderir com maior força aos implementos até o ponto de
inviabilizar a operação desejada.

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Por outro lado quando as operações ocorrem em solo muito seco, não ocorre dano
físico na estrutura, mas um maior número de passagens sobre o mesmo local será
necessário para alcançar o objetivo, como incorporar o corretivo do solo ou destruir os
torrões que ficam após a aração, assim permitindo efetuar a operação de semeadura de
forma adequada, com o maior número de passagens sobre o mesmo local há aumento do
gasto com combustível. Outro ponto de prejuízo é que o solo pode ficar muito solto
principalmente sobre a superfície e com isso facilitar o processo erosivo.

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As formas de preparo do solo vão variar conforme o sistema de cultivo que for
empregado pelo produtor. O preparo primário consiste numa operação mais pesada,
geralmente mais abrasiva, profunda e grosseira, entre as práticas estão a aração e
escarificação por exemplo, por se tratar de um processo mais grosseiro geralmente ficam
torrões sobre o solo, e após a realização do preparo primário do solo, há a necessidade de
que ocorra o preparo secundário.

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O preparo secundário é caracterizado pela utilização de grade niveladora para


destorroar os torrões deixados na área no final do preparo primário, a execução do preparo
secundário, deixa o solo pronto para a implantação da cultura, e entrada da semeadora
sem perdas nas operações e com padronização de semeadura. E por fim, temos os tratos
culturais que são compostos de capina, adubação, aplicação de produtos fitossanitários
para controle de doenças, plantas invasoras e insetos.

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Os sistemas de cultivo podem ser diferenciados por três práticas, o

Sistema Convencional, o Sistema de Cultivo Mínimo, o Sistema de Plantio Direto e


os Sistemas de Integração.
O sistema convencional consiste na aração, gradagem, semeadura e cultivos
subsequentes necessários para o controle de ervas daninhas. A aração, normalmente é
feita a profundidade de 15 ou 20 cm com o arado de discos. A nivelação tem por finalidade
o destorroamento do solo e nivelamento após o preparo primário (aração). Geralmente é
feita com grade leve (niveladora) em duas passadas. A principal exigência para adoção
desse sistema é a disponibilidade de maquinas e implementos para execução das duas
etapas.
Este sistema tem como vantagem o revolvimento dos solos aumentando a
mineralizaçao dos componentes orgânicos pelos microorganismos o que contribui para
tornar os elementos minerais disponíveis para as plantas, aumento da aeração do solo
consequentemente aumenta também a infiltração de água no solo, destruição de ervas
daninhas e sementeiras, o nivelamento da superfície do solo facilita as operações de
semeadura, cultivo e colheita, incorporação de fertilizantes, corretivos e matéria orgânica
(maior decomposição de adubos orgânicos e restos vegetais).
Por outro lado este sistema trás algumas desvantagens como o revolvimento
intensivo diminui a fertilidade do solo devido às perdas por lixiviação principalmente em
solos de baixo poder de retenção (solos arenosos), pode haver mistura das partículas dos
horizontes pela aração efetuada profundamente o que poderá causar uma infertilização
temporária do solo. Excepcionalmente poderá ser permanente, favorece a erosão em solos
declivosos, há a necessidade de efetuar tratos culturais, principalmente capinas o que
aumenta o custo de produção da cultura, o tempo de preparo do solo é maior que para
outros sistemas, ocorre a necessidade de um uso maior de implementos, aumentando os
gastos com combustível e custo de produção.
A compactação do solo é uma ação mecânica que por meio da qual se impõe ao
solo uma redução do seu índice de vazio. Como visto nas aulas anteriores o solo é
composto por ar, agua, minerais e material orgânico, sendo que a agua e o ar ficam
locados nos espaços entre os minerais, estes espaços são chamados de macro e
micrósporos, a compactação do solo reduz a quantidade desses poros agregando ainda
mais os minerais do solo.

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O solo quando está compactado pode prejudicar o

desenvolvimento da cultura e por isso se faz necessário a descompactação deste solo.


Dentre as opções para a descompactação podemos citar:
Aração: as camadas compactadas podem ser perfeitamente quebrados usando o
arado de discos ou aivecas a uma maior profundidade que aquela praticada na área, com
umidade do solo adequada.

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Escarificação: Consiste no rompimento da camada arada do solo, até o máximo


25 a 30 cm. O custo do serviço é menor que na aração, além de ser mais rápida sua
execução.

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Subsolagem: tem como objetivo único romper camadas compactadas de solo


abaixo da camada arável (profundidade maior que 30 ou 35 cm), utilizando subsoladores.
Não deve ser executada no mesmo local antes de 3 anos. É pouco eficiente na eliminação
de plantas daninhas e soltas apenas em faixas.

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Reformulação do Sistema de Produção: a opção mais correta para corrigir o


problema das compactações é o agricultor reformular o seu sistema de produção. É
importante o uso de rotações de culturas, incluindo os adubos verdes com plantas de
sistema radicular profundo, capazes de atravessar as camadas compactadas.

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Outro sistema de cultivo que pode ser adotado é o conhecido como cultivo
mínimo. Este sistema é muito semelhante ao de cultivo convencional, entretanto, ocorre
a redução de uma ou mais operações de preparo do solo, podendo então também ser
conhecido como Preparo Reduzido do Solo.
Generalizando, podemos dizer que neste sistema, tanto as vantagens como as
desvantagens são as mesmas que as do Sistema Convencional, por motivo deste método,
se aproximar muito as técnicas utilizadas no cultivo mínimo. Porém, este sistema oferece
maiores problemas de perdas de solo por erosão que o sistema convencional. As rodas do
tratos compactam o sub solo e a grade deixa a superfície muito pulverizada, acarretando
graves danos de erosão, pois sua ação é mais superficial que a do arado.
Quando empregados outros métodos, este sistema se apresenta como
intermediário entre o preparo convencional e plantio direto no que diz respeito à erosão
do solo.
O Sistema de Plantio Direto (SPD) é outro sistema de cultivo, que se difere
totalmente dos abordados anteriormente. Este sistema de semeadura coloca a semente
diretamente no solo não revolvido, sobre a palha, utilizando máquinas especiais. Abre-se
apenas um pequeno sulco, de profundidade e largura suficiente para garantir uma boa
cobertura e contato da semente com o solo. O sistema prepara no máximo 25 a 30 % da
superfície do solo. O extermínio de ervas daninhas, antes e depois do plantio, é geralmente
feito com herbicidas.
São três operações fundamentais neste sistema:
Colher e esparramar os restos de cultura (picador de palha nas colheitadeiras);
Pulverizar herbicidas;
Plantar com equipamento especial.
Requisitos para este sistema:
Preparo do agricultor e mão-de-obra
Conhecimento e domínio por parte do agricultor de todas as fases do sistema.
Gerenciamento e mão-de-obra devem ser treinadas.
Preparo da área para implantação do SPD

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O preparo da área para iniciar a utilização do sistema de plantio direto basicamente
se faz com o primeiro ano sendo plantio convencional, onde é feita a descompactação do
solo em profundidade, assim como também se faz a correção do pH em profundidade.
A utilização das práticas do plantio convencional para implantação do SPD é
fundamental até mesmo para correção de outros fatores da área como: realizar a drenagem
em solos úmidos, descompactação do solo, nivelamento da superfície do terreno a fim de
eliminar sulcos de erosão, correção da acidez, aumentar os níveis de fertilidade
colocando-os na faixa média ou alta, correção de fósforo antes de iniciar o sistema.
Manejo da Resteva (restos culturais)
As restevas das culturas na superfície devem cobrir pelo menos 50 % do solo.
Caso falte, deverá ser obtida mediante adubação verde (6 toneladas de matéria seca por
hectare ano no mínimo), para o corte e distribuição da palha da cultura colhida é feito
pelo picador e distribuidor de palha da própria colhedeira.
Manejo das ervas daninhas e herbicidas.
O controle de plantas voluntárias na área deve ser realizado com a pulverização
de herbicida. É de suma importância a eliminação de ervas daninhas perenes, pois além
de serem de difícil controle, afetam o crescimento e rendimento nas lavouras. O manejo
eficiente das plantas infestantes é fundamental para não haver alta infestação de ervas
daninhas muito agressivas, o que remete a um esporádico aumento com o custo dos
herbicidas. Para um controle eficaz e sustentável deve-se identificar as ervas e realizar
um controle especifico por gleba. Por fim, a definição adequada do sistema de manejo
das ervas daninhas é de suma importância para controlar o custo de produção.
O SPD traz dentre as vantagens a cobertura do solo com a palha que é triturada e
espalhada pela colhedora, evita o impacto direto da gota da chuva, regula a temperatura
do solo, conserva a umidade do solo, produção de ácido poliurónico (auxilia na
estruturação do solo), melhoramento da estrutura do solo, reduz a compactação do solo,
fonte de energia para os microrganismos do solo, aumenta a atividade microbiológica do
solo, diminui a lixiviação aumentando a CTC, aumenta o teor de N no solo, diminui a
infestação de ervas daninhas, aumenta a disponibilidade de P no solo e diminui as taxas
de perdas por erosão e da água disponível às plantas.
Por outro lado este sistema tem algumas desvantagens como aumento da relação
C/N, pelo excesso de matéria orgânica (principalmente após gramíneas), aumento da
umidade pode prejudicar as culturas em locais de clima úmido ou em solos de pouca
permeabilidade, facilita a formação de geadas, o aumento de N pode causar acamamento
da cultura, aumento da incidência de pragas, doenças e alto custo de herbicidas, uso de
maquinas especificas para o sistema, enraizamento superficial das plantas, diminuição da
produção caso a infestação de ervas daninhas aumente e com ela a concorrência da cultura
e mão de obra técnica especializado em conhecimento sobre herbicidas, ervas daninhas,
equipamentos, etc.

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Para finalizar os sistemas de cultivo, podemos dizer que em meados

da década de 70 a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (EMBRAPA) desenvolveu


no sul do Mato Grosso um novo sistema de cultivo, a caráter experimental chamado de
Sobre Semeadura. Nesta região há pouca disponibilidade de água para a germinação de
trigo a partir de março/abril, período em que a soja ainda não foi colhida. Este método
consiste na semeadura a lanço ou aérea, quando inicia a queda das folhas da soja. A partir
desse momento, as sementes do trigo são protegidas pelas folhas de soja, as quais só
germinam quando houver umidade suficiente. A colheita da soja se faz normalmente,
enquanto o trigo se apresenta com 10 a 15 cm de altura.

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Questões de fixação

1 – Descreva como se caracteriza o Sistema de Cultivo Convencional?

2 – Descreva qual a importância do Plantio Direto nos solos sob Cerrado?

3 – O que é Sistema de Cultivo de Sobre Semeadura?

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Módulo 7. Sistemas de Agricultura

Todas as etapas que englobam a produção são consideradas atividades agrícolas


desde o preparo do solo, semeadura, tratos culturais incluindo o manejo de pragas,
doenças e plantas daninhas até a colheita e comercialização.
A Agricultura de Subsistência é um sistema caracterizada por ser uma produção
em pequena escala e geralmente variada, onde o produto colhido em geral é consumido
pelo produtor e os excedente de produção é comercializado em mercados locais
transformando-se em moeda tanto para rendimento de capital quanto para troca por outras
mercadorias que os produtores não produzem.
Outro sistema é a Agricultura Comercial onde acontece uma grande produção
que é destinada a amplos mercados. Este sistema se divide em dois que podem ser
diferenciados pelos produtos produzidos. A Monocultura é caracterizada por ser um
sistema de agricultura onde se produz apenas um produto, ano após ano e a Policultura
que se caracteriza por ser uma produção comercial ou de subsistência de vários produtos.
A agricultura comercial ainda pode ser dividida em categorias levando em
consideração o tamanho e o aproveitamento de suas terras, sendo: Pequena propriedade
com pouca extensão de terra e produtividade relativamente alta, Mini fundiário com
pequena extensão de terra com produtividade baixa, Latifundiário com grande extensão
de terra e com baixa produtividade e por fim o Grande Propriedade que é caracterizado
por possuir grande extensão de terra e uma alta produtividade.

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Áreas que diferem na paisagem como, por exemplo, em declividade, drenagem,
cor e/ou tipo de solo, uso e tratamentos anteriores, devem ser amostradas separadamente.
Áreas ou manchas de aspecto excepcional não devem ser amostradas ou, se desejado,
devem ser amostradas separadamente.

Módulo 8. Revisão AV1

Revisar o conteúdo de maneira oral na forma de bate papo, e até mesmo com
aplicação de um teste para fixar o conhecimento.

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Módulo 9. Amostragem do Solo

A amostragem do solo é a base para o uso racional, sustentável e econômico dos


solos, por meio da recomendação correta de fertilizantes e corretivos, que, por sua vez,
serão responsáveis por parte considerável da produtividade da cultura de interesse. A
partir de uma amostragem correta do solo, é feita a análise dos atributos químicos, uma
técnica de rotina utilizada para avaliação de sua fertilidade (CANTARUTTI et al., 1999).
A análise do solo tende a determinar o grau de suficiência ou deficiência de
nutrientes, além de quantificar condições adversas que prejudicam o desenvolvimento das
plantas (acidez, salinidade, toxidez de alumínio, teor de nutrientes, entre outros).
Uma amostra bem feita é fundamental para que ocorra uma boa representação da
qualidade química do solo, os principais objetivos de se realizar a amostragem de solos
são: manter o nível de fertilidade ao nível considerado adequado da área amostrada,
predizer a probabilidade de se obter respostas lucrativas com o uso adequado de corretivos
e fertilizantes, servir de base para a recomendação da quantidade de fertilizantes,
formulados ou não, e corretivos da acidez do solo (calcário ou escórias) a aplicar e avaliar
o estado atual de fertilidade de uma propriedade ou talhão de uma localidade, com o uso
de sumários de análises de solo com o objetivo de mapear a área e sua aptidão de uso da
terra.
Segundo Cantarutti et al. (1999) e Moreira (2012), a amostragem é a etapa mais
crítica de todo o processo de análise do solo. Em geral, devido às condições temporais a
mesma amostra não pode ser coletada duas vezes, impossibilitando assim de ser repetida,
uma amostra mal coletada não revela, pelo seu aspecto, se é ou não representativa da
gleba amostrada, um resultado de análise suspeito pode ser verificado por meio da
repetição da análise que será corrigida com a coleta de outra (fatores como umidade do
solo, excesso de chuva, adubação e queimada pode alterar todo o resultado do obtido
anteriormente).
As amostras são realizadas na profundidade que o produtor deseja, podendo ser
estratificada por exemplo 0-5, 5-10, 10-15 cm, ou realizada em uma profundidade fixa
por exemplo 0-30 cm. Um ponto coletado no terreno é chamado de amostra simples, mais
de um ponto coletado no terreno é conhecido como amostra composta.
Um trabalho realizado por Catani et al. (1954), em duas localidades, demonstrou
que a retirada de uma amostra simples é insuficiente para fazer a representação de toda a
área pois apresenta elevado coeficiente de variação, assim como amostras compostas de
cinco amostras simples também não são adequadas, chegando ao resultado de que entre
15 e 20 amostras simples para formar uma amostra composta da gleba se torna suficiente
para uma representação satisfatório da área.

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Quanto maior a quantidade de amostras simples para formar uma amostra
composta melhor a qualidade dos resultados, entretanto pode-se trabalhar com os valores
descritos de 15 a 20 amostras simples para cada composta.
No campo, para retirar as amostras alguns fatores devem ser considerados. O ideal
é que não se amostre área maior que 10 hectares para cada amostra composta. A
topografia do terreno deve ser levada em consideração para a divisão das glebas
amostradas, pois o próprio declive do terreno pode interferir no acumulo ou ausência de
elementos no solo.
Cada gleba deve ser o mais homogênea possível, com relação à vegetação,
topografia, tempo de uso, produtividade e aplicações de calcário, gesso e fertilizantes. A
coleta deve ser realizada sempre fazendo um zig e zag na gleba amostrada, como
representado na figura abaixo.

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Áreas que diferem na paisagem como, por exemplo, em declividade, drenagem,


cor e/ou tipo de solo, uso e tratamentos anteriores, devem ser amostradas separadamente.
Áreas ou manchas de aspecto excepcional não devem ser amostradas ou, se desejado,
devem ser amostradas separadamente.

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A amostragem pode ser feita com diversas ferramentas, utiliza-se enxadeco ou
enxadão, pá reta, tubo tipo sonda de amostragem, trados (holandês, caneco, etc.), pá de
jardineiro, entre outros. Em qualquer caso é sempre necessário que as sub-amostras sejam
retiradas de maneira uniforme em volume e profundidade desejada para que não ocorra
uma sub ou superestimação dos atributos do solo dentro de um mesmo talhão.

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Alguns detalhes devem ser respeitados para que a amostra do solo represente
efetivamente a qualidade química do solo, por tanto, no momento da coleta das amostras
simples deve-se retirar as folhas, gravetos e demais restos culturais da superfície do solo
que possam comprometer a qualidade da amostragem, não retirar amostras simples
próximas a casa, depósito de adubo e corretivos, cerca, brejos, voçorocas, curva em nível,
árvores, sulcos de erosão, formigueiros, cupinzeiros, esterco, caminho, carreador, ou
qualquer outra mancha não representativa da área. As pessoas que fumam devem lavar
bem as mãos com água e sabão para evitar qualquer tipo de contaminação da amostra, ou
até mesmo utilizar luvas, o balde onde serão colocadas as amostras simples para que seja
feita a homogeneização deve ser livre de contaminantes e de preferência exclusivo para
essa finalidade, pode-se ainda utilizar sacos grandes e resistentes para realizar a mistura
das amostras simples, e o ideal é que para cada gleba utilize um saco específico, essas
medidas de cuidado são essenciais para evitar contaminação das amostras.
Após o solo misturada, pegar uma amostra de aproximadamente 500 gramas do
total coletado e já homogeneizado e passar para outro saco plástico menor (15 cm x 25
cm) já etiquetado com os dados de identificação do local onde a amostra representa.

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Dependendo da ferramenta a ser utilizada para a coleta da

amostra, alguns cuidados devem ser tomados na hora de colocar a amostra simples no
recipiente. Os trados de rosca, calador, caneca e fatiador, serão utilizados o solo que está
aderido no próprio trado, já para o trado holandês e a pá de corte as extremidades da
amostra devem ser descartadas e utilizada apenas a parte central dessas amostras como
indicado na figura abaixo.

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Para finalizar é importante ressaltar que a frequência da realização da análise do


solo na mesma área depende do grau da intensidade de utilização do solo (NATALE,
2011). Em propriedades que fazem duas safras, ocorre maior exportação de nutrientes. O
ideal é que o produtor realize as análises de solo todos os anos, evitando a falta ou o
excesso de aplicação de fertilizantes, o que pode onerar a atividade.

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Questões de fixação

1 – A pessoa que for amostrar um solo precisa de quantas amostras para obter a
amostra simples?

2 – É necessárias quantas amostras simples para que tenhamos uma amostra


composta?

3 – Qual a quantidade ideal de amostras simples devem ser utilizadas para montar
uma amostra composta com qualidade para a representação efetiva da gleba amostrada?

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Módulo 10. pH do Solo

Quando abordamos o tema pH do Solo, muitos se assustam, entretanto, será


abordado neste módulo o que é pH do solo e qual a importância deste fator para a
produção agrícola brasileira e mundial.
A maioria dos solos brasileiros apresenta limitações ao estabelecimento e
desenvolvimento dos sistemas de produção de grande parte das culturas, em decorrência
dos efeitos da acidez.
A sigla pH significa Potencial Hidrogeniônico, que em suma, nada mais é do que
uma medida de acidez do solo. O ácido é uma substância que tende a liberar íons de
hidrogênio (H+), e o básico tende a liberar hidroxila (OH-). Todos os ácidos contém H+
e a força deste ácido é determinada pela quantidade de íons de hidrogênio que ele libera.

Fonte: IPNI

Os ácidos hidroclóico (HCL), sulfúrico (H2SO4) e Nítrico (HNO3) são


considerados ácidos fortes, altamente ionizados ou seja, quando em dissolvidos na água
liberam H+. Já os ácidos carbônico (H2CO3) e cítrico (H8C6O2) são ácidos considerados
fracos, pois possuem uma lenta ionização.
A acidez em excesso, pode ocasionar alterações na química e fertilidade do solo,
restringindo o crescimento das plantas e eventual produtividade.
Lembramos que o solo é dividido em frações, tendo uma fração sólida, líquida e
gasosa. A fração sólida do solo é composta basicamente de minerais e matéria orgânica
(M.O). Os colóides do solo são partículas muito pequenas do solo, estes colóides têm a
capacidade de atrair e reter elementos de carga positiva por atração elétrica.

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As ligações elétricas são ligações que ocorrem entre elementos de cargas opostas,
ou seja, basicamente temos dois tipos de cargas que são as positivas e negativas, e para
que haja as ligações iônicas é necessário que eu possua dois íons de diferentes cargas, os
íons que possuem cargas positivas (+) são conhecidos como cátions e os íons com cargas
negativas (-) são os ânions. Por tanto, as ligações iônicas ocorreram sempre entre um
cátion e um ânion.
Os colóides do solo (Minerais e M.O) possuem cargas negativas, por tanto
realizam ligações iônicas com elementos catiônicos. Consequentemente, elementos como
potássio (K+), cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), hidrogênio (H+), alumínio (Al3+) e
nitrogênio da amônia (NH4+) que são cátions carregados positivamente, são atraídos e
retidos na superfície de coloides do solo. Essa retenção é similar ao modo que um ímã
atrai e retém enchimentos de ferro.

Fonte: Mosaic, 2019

Dentre os tipos de acidez no solo temos: acidez ativa, acidez potencial, acidez
trocável e acidez não trocável. Neste contexto podemos dizer que o pH do solo é a medida
de acidez ou alcalinidade do solo. A acidez ativa é mensurada pela atividade dos íons de
H+ presentes na solução do solo que é determinada pela leitura do pH. A acidez potencial
são os íons adsorvidos no colóide do solo, representada pelos íons de H+ não dissociados,
esta acidez é representada por H + Al no resultado da análise do solo.
A acidez trocável mede a quantidade de Al3+ e H+ retidos nos colóides do solo,
estes íons estão adsorvidos eletrostaticamente às cargas negativas dos argilominerais e da
matéria orgânica. A acidez não trocável por sua vez, corresponde aos íons de H+ionizáveis
ligados covalentemente aos ácidos existentes no solo e que não são facilmentedeslocados
para a solução por outros cátions e, portanto, não são trocáveis.

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Fonte: PPI, 1995

No esquema a cima, está evidente como as ligações iónicas ocorrem no solo, onde,
apenas elementos de cargas positivas (cátions) conseguem ficar adsorvidos aos colóides
do solo, os elementos de carga negativa (ânions) ficam livres na solução do solo (fase
líquida) podendo ser absorvido pela planta ou lixiviado pelo perfil do solo.
A escala de pH é dividida em três fatores, onde temos ácido, neutro e alcalino, se
tratando em escala de valores o pH pode ser dividido de 0 a 14 sendo 7 o valor que
representa a neutralidade. Valores de pH abaixo de 7 são considerados como ácidos e
valores a cima de 7 considerados como alcalinos, assim como está representado na figura
a baixo.

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O solo se torna ácido, basicamente porque íons de hidrogênio se ligam aos

colóides do solo ocupando o sítio que poderia ser ocupado por um outro elemento.
Portanto, o aumento de H+ no solo, representa um aumento na acidez do mesmo,
reduzindo o valor inicial do pH. O alumínio (Al3+) é um elemento tóxico a planta e que
também contribui para a acidez do solo, entretanto, por motivo de simplicidade iremos
restringir nosso conteúdo como o H+ sendo o responsável pela acidez do solo.
Os solos brasileiros em geral possuem limitações ao estabelecimento e
desenvolvimento dos sistemas de produção de grande parte das culturas, em decorrência
dos efeitos da acidez dos solos.
A faixa de pH ideal para o desenvolvimento de uma cultura, é variável, a baixo
podemos observar a distribuição de culturas pelas faixas de pH.

Faixa do pH
5.0 – 5.5 5.5 – 6.5 6.5 – 7.0
Mirtilos Cevada Alfafa
Batatas irlandesas Poa Alguns trevos
Batatas doces Milho Beterraba sacarina
Cotton
Algodão
Festuca

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Sorgo

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Faixa do pH
5.0 – 5.5 5.5 – 6.5 6.5 – 7.0
Amendoim
Arroz
Soja
Melancia
Trigo

Fonte: Mosaic, 2019

As propriedades do solo que influenciam a necessidade e resposta para cal variam


por região. Um conhecimento do solo e da cultura é importante na gestão do pH do solo
para melhor desempenho da plantação.
Os solos se tornam ácidos quando elementos básicos como cálcio, magnésio, sódio
e potássio retidos por coloides de solo são substituídos por íons de hidrogênio. Os solos
formados em condições de taxa de chuva anual alta, são mais ácidos que os formados em
condições mais áridas. Os solos formados com condições de pouca chuva tendem a ser
básicos com leituras de pH de solo por volta de 7,0. A cultura intensiva por vários anos
com fertilizantes de hidrogênio ou esterco pode contribuir na acidificação dosolo.
A acidificação do solo, pode ocorrer naturalemente ou por fatores antrópicos,
dentre os fatores que podem levar a um solo com o pH mais baixo (ácido) estão:
Chuva
A chuva contribui para a acidez do solo. A água (H2O) se combina com dióxido
de carbono (CO2) para formar um ácido fraco — ácido carbônico (H2CO3). O ácido fraco
ioniza, liberando hidrogênio (H+) e bicarbonato (HCO3). Os íons de hidrogênio liberado
substituem os íons de cálcio retidos pelos coloides do solo, fazendo com que o solo se
torne ácido. Os íons do cálcio deslocado (Ca++) se combinam com os íons do bicarbonato
para formar o bicarbonato de cálcio que, sendo solúvel, é lixiviado do solo. O efeito
líquido é a maior acidez do solo.
Fertilizantes Nitrogenados
Os níveis de nitrogênio afetam o pH do solo. As fontes de nitrogênio —
fertilizantes, estercos, leguminosas — contêm ou formam amônia. Isso aumenta a acidez
do solo, a não ser que a planta absorva diretamente os íons de amônia. Quanto mais alta
a taxa de fertilização, maior a acidificação do solo.
Conforme a amônia é convertida em nitrato no solo (nitrificação), os íons de H
são liberados. Para cada 0,453592Kg de nitrogênio como amônia, são necessárias
aproximadamente 0,816466Kg de carboneto de cálcio puro para neutralizar a acidez
residual. Além disso, o nitrato que é disponibilizado ou formado pode se combinar com
cátions básicos como cálcio, magnésio e potássio e ser lavado da terra vegetal no subsolo.
Conforme essas bases são removidas e substituídas por íons de H+, os solos se tornam
mais ácidos.
Plantas
Leguminosas como soja, alfafa e trevo tendem a capturar mais cátions em
proporção aos ânions. Isso faz com que os íons de H+ sejam liberados das raízes das

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plantas para manter o balanço eletromecânico dentro de seus tecidos. O resultado é uma
acidificação líquida do solo.
Acidificação do Subsolo
Mesmo se 15cm superiores do solo exibirem um pH acima de 6,0, o subsolo pode
ser extremamente ácido. Quando o pH do subsolo cai abaixo de 5,0, o alumínio e o
manganês no solo se tornam muito mais solúveis e alguns solos podem ser tóxicos para o
crescimento das plantas. O algodão e, em certo ponto, a soja, são exemplos de plantações
sensíveis a níveis de alumínio altamente solúvel no subsolo e as produções das plantações
podem ser reduzidas de acordo com as condições do baixo pH do subsolo. Se forem
observadas áreas de plantas de crescimento atrasado em seu campo, retire uma amostra
do subsolo nessas áreas. Se o pH do solo for extremamente ácido (abaixo de 5,2), a cal
deve ser aplicada no início do outono e virada o mais profundamente possível.
A importância do valor do pH de um solo agrícola é tão grande que abaixo
podemos observar uma tabela que representa a absorção pelas plantas dos nutrientes em
diferentes níveis de pH.

Fertilizantes
Acidez do Solo pH Nitrogênio Fosfato Potássio
Desperdiçados
Extremamente
4,5 30% 23% 33% 71,34%
Ácido
Ácido Muito Forte 5,0 53% 34% 52% 53,67%
Fortemente Ácido 5,5 77% 48% 77% 32,69%
Ácido Médio 6,0 89% 52% 100% 19,67%
Neutro 7,0 100% 100% 100% 00,0%
Fonte: Mosaic, 2019

62
Questões de fixação

1 – O que é pH do solo?

2 – Qual a finalidade de se conhecer o pH de um solo agrícola.

3 – Cite os fatores que podem causar a acidez de um solo.

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Módulo 11. Calagem e Correção do pH do solo

Calagem é o ato de aplicar calcário ao solo, dentre os objetivos de se realizar a


calagem podemos citar:

• Corrigir a acidez do solo = Elevar o pH para nível ideal;


• Reduzir toxidez de Al3+ e, quando necessário, Fe2+ e Mn2+;
• Reduzir a fixação de P;
• Elevar os teores de Ca, Mg e Mo no solo;
• Elevar atividade microbiana e mineralização da MOS (com isso, elevar N, B, P
e S);
• Elevar a FBN (Fixação Biológica de Nitrogênio);
• Elevar a porosidade (o Ca é floculante);
• Elevar a biodegradação de xenobióticos (produtos sintéticos tóxicos) no solo.

O calcário é o principal produto para que ocorra a elevação do pH do solo. O


calcário é uma rocha sedimentar que contém um quantidade a cima de 30% de carbonato
de cálcio (CaCO3).
A qualidade do calcário é determinada pela sua constituição química e sua
constituição física. A constituição química do calcário é composta pelos teores de Ca2+ e
Mg2+ presente na rocha e a constituição física é determinada pela granulometria do
calcário.
A Instrução Normativa DAS/Nº35, de 04 de julho de 2006 determina a seguinte
classificação dos calcários agrícolas segundo sua constituição química de acordo com a
quantidade de óxido de magnésio (MgO) presente na rocha:

• Calcário Calcítico - menos de 5% de MgO


• Calcário Magnesiano - de 5% a 12% de MgO
• Calcário Dolomítico - acima de 12% de MgO

A mesma Instrução Normativa ainda classifica os calcários por sua constituição


física onde determina os valores mínimos para o PRNT (Potencial Reativo de
Neutralização Total) de diversos tipos de produtos utilizados como corretivos de acidez,
geralmente compostos de calcário agrícola ou cal (derivada do calcário):

64
• Calcário Agrícola (comum) – PRNT mínimo de 45%
• Calcário Calcinado Agrícola – PRNT mínimo de 54%
• Cal Hidratada Agrícola – PRNT mínimo de 90%
• Cal Virgem Agrícola – PRNT mínimo de 120%
• Valor de referência para outros corretivos de acidez – PRNT mínimo de 45%

O PRNT está relacionado com a granulometria do calcário, frações maiores


tendem a reagir mais lentamente no solo, e frações menores tendem a ter uma maior
reatividade. O poder de reação de um calcário é de suma importância para a classificação
do calcário, basicamente, quanto maior o valor de PRNT de um produto melhor será a
qualidade do mesmo.
Para se determinar o PRNT do calcário são utilizadas peneiras de malha segundo
recomendação da ABNT.

A sigla pH significa Potencial Hidrogeniônico, que em suma, nada mais é do que


uma medida de acidez do solo. O ácido é uma substância que tende a liberar íons de
hidrogênio (H+), e o básico tende a liberar hidroxila (OH-). Todos os ácidos contém H+
e a força deste ácido é determinada pela quantidade de íons de hidrogênio que ele libera.

Fonte: Silva, 2009

Materiais de cal contêm cálcio e/ou magnésio em formas que, quando dissolvidas,
vão neutralizar a acidez do solo. Nem todos os materiais que contêm cálcio e magnésio
têm capacidade de reduzir a acidez do solo. Por exemplo, o gesso (CaSO4) contém Ca em
quantidades consideráveis, mas não reduz a acidez do solo. Como ele hidrolisa no solo, o
gesso se converte em uma base sólida e um ácido forte como mostrado na equação a
seguir:
CaSO4 + 2H2O = Ca (OH)2 + H2SO4
O Ca (OH2) e H2SO4 formados se neutralizam um ao outro, resultando em efeito
de solo neutro. Por outro lado, quando cal calcítica (CaCO3) ou dolomítica (Ca Mg
(CO3)2) são adicionadas ao solo, ela se hidrolisa (dissolve em água) para uma base forte
e ácido fraco.
CaCO3 + 2H2O = Ca (OH)2 + H2CO3
O hidróxido de cálcio é uma base forte e rapidamente se ioniza para íons Ca++ e
OH. Os íons de cálcio substituem os íons de H absorvidos no coloide do solo e, portanto,
neutralizam a acidez do solo. O ácido carbônico formado (H2CO3) é uma ácido fraco e se

65
ioniza parcialmente para íons de H+ e CO2-2. Assim, o efeito líquido é que mais Ca que
íons de H são liberados no solo e, consequentemente, a acidez do solo é neutralizada.

Calcário Calcítico
O calcário moído contém na maior parte carbonato de cálcio e geralmente tem
menos do que 1 a 6 % de Mg. Seu valor neutralizante depende de sua pureza e fineza de
trituração.
Calcário Dolomítico
O calcário moído é uma mistura de carbonato de cálcio e carbonato de magnésio.
Em alguns estados, ele deve conter pelo menos 6 % de Mg para ser classificada como cal
dolomítica. Seu efeito neutralizante também depende de sua pureza e fineza de trituração.
A qualidade da cal é medida por quão eficientemente ela neutraliza a acidez do
solo. Isso é determinado amplamente por sua pureza química e tamanho das partículas. A
pureza da cal é expressa como equivalente de carbonato de cálcio (CCE). Esta é uma
medida de quanto o material pode reagir com o solo para neutralizar a acidez em
condições ideais em comparação com o carbonato de cálcio puro. O calcário deve ter um
valor neutralizante de pelo menos 90%. Mesmo se o CCE da cal for satisfatório, ela não
vai neutralizar a acidez do solo a não ser que o calcário esteja moído finamente (valores
de PRNT).

Neutralização da Acidez do Solo


Consiste na aplicação no solo de materiais que neutralizam a acidez, ou seja, uso
de materiais de reação básica.
O pH do solo, como mencionado anteriormente, é uma expressão da atividade dos
íon de hidrogênio presentes na solução do solo. Já a acidez trocável refere-se a quantidade
de Al3+ e H+ retidos nos colóides (argilominerais e M.O) do solo por ligações
eletrostáticas.
O calcário (CaCO3) ao ser aplicado no solo é hidrolisado pela solução do solo, os
processos químicos que ocorrem são muito complexos mas, basicamente a associação do
calcário a água do solo irá reagir e disponibilizar cálcio (Ca2+), bicarbonato (HCO3-) e
uma hidroxila (OH-).
O Ca2+ após ser liberado, ocupará o sítio de adsorção no colóide do solo tomando
lugar de íons de Al3+ e H+, este hidrogênio por sua vez se liga a uma hidroxila (OH)
oriunda da hidrólise do CaCO3. A hidroxila ao reagir com o íon de H+ resultando na
formação de água (OH + H+ = H2O). O bicarbonato (HCO3-) por sua vez, reage com outro
íon de H+ originando água e gás carbônico (HCO3- + H+ = H2O + CO2).
O alumínio que foi dissorciado do colóide do solo dando lugar para o íon de Ca2+
2+
ou Mg pode se unir com o bicarbonato (HCO3-) oriundo da hidrolisação do calcário,
originando hidróxido de alumínio e dióxido de carbono (HCO3- + Al3+ = Al(OH)3 + CO2),
nesta forma, o alumino será precipitado e o gás carbônico disprendido.
As mesmas reações explicadas para o Ca2+ ocorrem para o magnésio (Mg2+)
deixando o solo com cálcio e magnésio no lugar dos cátions de caráter ácido. Como o
hidrogênio foi associado a uma hidroxila e o alumínio ao bicarbonato, reduzem-se os
elementos de caráter ácido do solo, com isso, o solo tende a ter o nível de pH elevado.
A quantidade de calcário a ser aplicado no solo, será variável conforme condições
atuais de cada solo, para que se descubra como estão estes teores é necessário realizar a
amostragem do solo e análise química do mesmo.

66
Os cálculos de recomendação de calagem serão explicados nos próximos
módulos.
Corroborando com a explicação de como o calcário reage nos solos, e descrevendo
a importância de aumentar o pH dos solos agrícolas, o gráfico apresentado a baixo,
Malavolta (1979) demonstra a disponibilidade de nutrientes e a diminuição de Al3+
quando se tem o aumento do pH do solo após realizar a aplicação de calcário.

Segundo RAIJ (1991), a calagem neutraliza o alumínio e o manganês. O


fornecimento de cálcio e magnésio como nutrientes é também relevante. A calagem
aumenta a disponibilidade do fósforo, favorece a nitrificação da matéria orgânica, e tem
efeito positivo na fixação simbiótica do nitrogênio. As propriedades físicas são
favorecidas pela adição dos cátions floculantes como o cálcio e magnésio aos colóides do
solo. A calagem ainda estimula o desenvolvimento do sistemas radiculares, favorecendo
um melhor aproveitamento de água e nutrientes existentes no solo.

67
Questões de fixação

1 – Quais os tipos de calcário agrícola e como são determinados?

2 – Qual a importância de se corrigir o pH dos solos agrícolas?

3 – Como ocorre a substituição do hidrogênio retido no solo?

68
Módulo 12. Apresentação e Interpretação da análise do solo

Após realizar a coleta das amostras de solo conforme apresentado nos capítulos
anteriores, estas amostras são encaminhadas ao laboratório. Ao término das análises o
laboratório emite um relatório que quantifica os teores de elementos químicos e fração
física que contém no solo amostrado. Para que possamos recomendar as correções tanto
de pH quanto de nutrientes, precisamos primeiramente entender a análise e interpreta-la.
Neste módulo será apresentada uma análise de solo completa e como devemos interpretar.

Em todo início de laudo é apresentado o cabeçalho, nele, contém as informações


do laboratório e as informações do cliente, dados da propriedade e dados da amostra de
solo. É importante ressaltar que para veracidade dos resultados o laboratório deve ser
certificado por um órgão certificador, como no exemplo abaixo o certificado é
apresentado na lateral do cabeçalho.

69
Logo abaixo do cabeçalho, são apresentados os resultados da análise de solo, a
quantidade de tabelas será em relação ao tipo de análise solicitado.
No exemplo apresentado neste módulo, observaremos uma análise química e
física completa. Os resultados são expressos na forma de tabela, compostas de linhas e
colunas. Para a correta leitura e posterior interpretação da análise de solo se faz necessário
a compreensão da tabela.

As duas primeiras colunas serão compostas com informações referentes a


identificação da análise, como o número de identificação interno para controle do
laboratório e os dados de amostra como no exemplo especificado como Gleba e a
profundidade da coleta as demais colunas contém as informações dos elementos
analisados e a unidade de medida de cada um. Essa correta leitura é fundamental para
uma recomendação de qualidade.

No roda pé do resultado da análise de solo, são apresentadas informações


adicionais assim como as informações do responsável técnico (RT), como nome e o

70
número do credenciamento no conselho profissional, e todo laudo deve ser assinado pelo
seu RT.
Após conhecer a disposição das informações presentes nos laudos, agora
precisamos entender o que os dados da análise de solo significam, para isso interpretamos
a análise, para então poder realizar a recomendação dos corretivos e fertilizantes.
Para a interpretação é necessário que se haja uma referência de dados para seguir,
que sirvam de parâmetros a fim de auxiliar a compreensão dos resultados da análise e
futuras recomendações.
Entre as referências a ser utilizadas como parâmetros existem várias literaturas
dispostas por região. Para solos do bioma Cerrado sugiro duas literaturas que podem ser
seguidas para interpretação e até como base para recomendação de corretivos e
fertilizantes para as culturas agrícolas. Entre as sugestões temos as literaturas
Recomendação para uso de corretivos e fertilizantes em Mina Gerais – 5º aproximação
(RIBEIRO et. al, 1999) e Cerrado: Correção do solo e adubação (Souza & Lobato, 2004).

Na coluna referente ao elemento cálcio para a Gleba 01 (00-20), podemosobservar


que o valor para este elemento expresso na análise do solo é igual a 2,2 cmol c dm-3, para
interpretarmos o que este resultado significa utilizaremos como referência a tabela a
baixo.

Seguindo a referência de Souza & Lobato (2004) para a interpretação da análise


de solo apresentada anteriormente onde o valor expresso para Ca2+ foi igual a 2,2 a
interpretação correta é que o cálcio está adequado, pois segundo a tabela de referência
para solos do Cerrado se o resultado da análise ficar entre 1,5 e 7,0 cmolc dm-3 para este
elemento ele está na faixa considerada adequada.
As interpretações dos demais elementos é realizada da mesma maneira como
exemplificado. Deve-se apenas tomar cuidado e verificar a unidade de medida da análise
com a da tabela de referência e a profundidade em que a análise foi retirada.

71
Questões de fixação

1 – Qual a finalidade da análise de solo?

2 – Descreva a importância da análise de solo para o cultivo de culturas agrícolas?

72
Módulo 13. Recomendação de Corretivos e Adubos

Após a interpretação da análise de solo realiza-se a recomendação de corretivos e


adubos fertilizantes para a cultura que será implantada na área. Como referência para as
recomendações podemos utilizar como base as recomendações propostas por Ribeiro et.
al (1999) ou Souza & Lobato (2004).
O primeiro passo antes da implantação da cultura é realizar a elevação do pH do
solo, deixando este solo menos ácido como citado nos módulos anteriores. Para realização
do cálculo utilizamos a fórmula da necessidade de calagem (NC) descrita a baixo:

(𝑽𝟐 – 𝑽𝟏)
𝑵𝑪 = [ ] . 𝑻 . 𝒇𝒄
𝟏𝟎𝟎

V1 = saturação por bases (Ca+Mg+K+Na) no solo natural (antes da correção) em % (a que está na análise)
V2 = saturação por bases visada no solo após a correção em % (a que deseja atingir após aplicação do calcário)
T = CTC do solo (S+H+Al) no estado natural (em cmolc.dm-3) (a que está na análise)
fc = Fator de Correção (geralmente é 100/PRNT do calcário, em %) pode servir para ajustar também à
profundidade (P/20) e/ou à superfície coberta pela calagem (SC/100 se for em % ou SCm2/10000m2 se
trabalhar com a área em m2)

Observa-se a baixo a aplicação dos resultados da análise de solo na fórmula de

73
NC. O V2 que é a saturação que queremos atingir, geralmente é elevada de 50 a 70% para
áreas que serão semeadas com culturas anuais.

74
Para o fator de correção (fc) utilizaremos neste exemplo o valor de PRNT do
calcário Dolomítico I, observa-se que tem uma variação na etiqueta deste calcário entre
85-90% para o PRNT. Quando tiver essa variação e não um valor exato, sugiro utilizar o
menor valor existente. Assim o FC para ser utilizado no cálculo seria:

100
𝑓𝑐 = → 𝑓𝑐 = 1,176470 → 𝒇𝒄 = 𝟏, 𝟏𝟖
85
Substituindo a fórmula de NC teremos:

(𝑉2 − 𝑉1) (70 − 30)


𝑁𝐶 = [ ] . 𝑇 . 𝑓𝑐 → 𝑁𝐶 = [ ] . 9,2 . 1,18
100 100

(40)
𝑁𝐶 = [ ] . 9,2 . 1,18 → 𝑁𝐶 = 0,4 . 9,2 . 1,18
100

𝑵𝑪 = 𝟒, 𝟑𝟒𝟐𝟒 𝒕𝒐𝒏 𝒉𝒂−𝟏

Utilizando a fórmula de NC o resultado já estará expresso em toneladas por


hectare (ton ha-1), por tanto, o resultado encontrado será a quantidade exata de calcário
que deverá ser aplicada ao solo, como o resultado foi encontrado de maneira muito
fracionada sugere-se um arredondamento, utilizando este exemplo o ideal seria
arredondar para 4,5 toneladas.
É importante ressaltar que, caso NC seja superior a 5 ton ha-1 a aplicação deste
calcário deve ser dividida em dois anos consecutivos, conforme diferentes autores
determinam.
A recomendação do adubo, tanto de cobertura como de semeadura será
determinado pela cultura que será semeada na área, a nível de demonstração, utilizaremos
a cultura da soja para recomendação dos cálculos.
O primeiro passo para realizar a recomendação de adubos é sabermos a quantidade
de elemento que precisamos aplicar em relação a necessidade que a cultura terá.
Utilizaremos os mesmos autores para nos auxiliarmos nesta recomendação de adubação.

No capítulo de recomendação para a cultura da soja está disponibilizada esta


tabela a cima. Para a correta recomendação, devemos interpretar os níveis dos elementos

75
indicados no capítulo de referência para a cultura, como está expresso na tabela a cima
para a adubação de semeadura.
Nota-se que a dose que deve ser utilizada para a adubação em semeadura tanto
para fósforo (P2O5) e potássio (K2O) será determinada pelo nível dos elementos presentes
no solo, que serão expostos no resultado da análise. O P2O5 e K2O são formulas dos
elementos minerais fosforo (P) e potássio (K). A baixo temos os dados da análise de solo
e a tabela de referência para a interpretação desta análise para estes elementos.
Para este solo podemos observar que o teor de P encontra-se adequado e o teor de
K está médio. Isto significa que a recomendação para adubação de semeadura na cultura
da soja deve ser igual a 40 kg ha-1 de P2O5 e 80 kg ha-1 de K2O.

Com os valores de elementos a serem aplicados na semeadura da cultura


determinados, chega o momento de selecionar qual a fonte do elemento será mais viável
para a utilização. Dentre as fontes de adubos basicamente podemos selecionar entre
adubos formulados por exemplo um fertilizante NPK ou adubos simples, onde terá apenas
o elemento especifico como o Super Fosfato Simples que possui 18% P2O5 ou Cloreto de
Potássio que contém 60% K2O em média.
Deve-se realizar uma pesquisa na região, em empresas que vendem os fertilizantes
e cotar, tanto adubos formulados quanto adubos simples, a fim de verificar qual a melhor
opção para o produtor utilizar, pensando em aplicar a quantidade requerida para a cultura
e na economia na aquisição do adubo. Outro fator importante de cotar é o transporte
(FRETE) para ser entregue na propriedade, muitas das vezes na escolha de insumos este
fator é o diferencial entre as opções cotadas.

76
77
Para exemplificar os cálculos iremos utilizar a tabela de simulação dos produtos
após cotação, iremos ainda simular que o frete será o mesmo para qualquer um dos
produtos expressos na tabela. Pela interpretação da análise e recomendando a adubação
com a referência mostrada anteriormente sabemos que devemos utilizar 40 kg ha -1 de
P2O5 e 80 kg ha-1 de K2O na adubação de semeadura, ou seja, no dia do plantio das
sementes.
Os produtos que estão expressos na forma de números representam os adubos
formulados que contém nitrogênio, fósforo e potássio, por exemplo, 00-25-15, significa
que o adubo é formulado N-P-K e possui em sua formulação 00% de N, 25% de P e 15%
deste formulado é correspondente ao K.
Deste modo já podemos eliminar alguns formulados da cotação, pois a
necessidade de adubação são para o P e K, na cultura da soja indica-se realizar a
inoculação das sementes com bactérias fixadoras de nitrogênio e não utilizar o adubo
nitrogenado nem em semeadura nem em cobertura segundo a recomendação de Ribeiro
et. al (1999). Sendo assim, os adubos que possuem valores superiores a 00 na primeira
casa da codificação dos formulados já podem ser descartados pois esta casa se refere a
quantidade de nitrogênio presente neste formulado.
Por tanto para finalidade dos cálculos de qual o melhor adubo a ser utilizado nesta
recomendação hipotética utilizaremos apenas os formulados 00-25-15 e 00-30-15 que são
ausentes do elemento N, e podemos também utilizar os adubos simples como o Super
Fosfato Simples (SFS) e Cloreto de Potássio, que irão fornecer os elementos desejados
em suas fórmulas individuais.
Tanto para adubos formulados ou para adubos simples a interpretação para o
cálculo da quantidade de cada produto necessária por hectare (ha) será o mesmo, se eu
tenho, por exemplo, 100 quilos do formulado 00-25-15, quer dizer que destes 100 kg eu
terei 25 Kg de P e 15 Kg de K, para os adubos simples eu interpreto da mesma maneira,
se o SFS possui 18% de P2O5 isso é o mesmo que dizer que em 100 Kg de SFS eu irei
aplicar 18 Kg de P2O5, para o Cloreto de Potássio o raciocínio é o mesmo.
Neste contexto, se desejo aplicar 40 kg ha-1 de P2O5 e 80 kg ha-1 de K2O vem uma
simples pergunta.

“Quanto preciso aplicar dos formulados 00-25-15 e 00-30-15?


Quanto preciso aplicar de SFS e Cloreto de Potássio?”

A resposta para essas questões é simples, através de cálculos chegaremos ao


resultado, basicamente utilizaremos uma regra de três simples, dentre as dicas para a
resolução do cálculo, é importante salientar que para cálculos de adubos formulados
iniciamos as contas com o elemento que necessita ser aplicado em maior quantidade.
Nesta simulação iremos então começar os cálculos para o formulado 00-25-15 calculando
a quantidade de adubo necessária para atingir a necessidade de adubação de K em
semeadura.
Como expresso anteriormente, se em 100 Kg do formulado 00-25-15 eu tenho 15
Kg de K2O, quantos quilos deste formulado serão necessários para a adubação de 80 kg
ha-1 de K2O. Montamos uma regra de três simples para resolver a questão, por tanto:

78
Com isso, descobrimos que para que seja fornecido 80 kg ha-1 de K2O utilizando
o formulado 00-25-15 teremos que aplicar 533,33 kg ha-1 de adubo. Para calcularmos a
quantidade de adubo simples a ser utilizado, o procedimento é o mesmo.

Após a realização deste segundo cálculo conseguimos observar, que se formos


utilizar o Cloreto de Potássio como a fonte de potássio para a cultura, utilizaremos deste
adubo a quantidade de 133,33 kg ha-1. Entre tanto, o que sabemos por enquanto é o volume
de cada um desses adubos a serem aplicados na semeadura da cultura da soja, com isso
surge uma outra dúvida, qual dos dois, utilizados no exemplo é mais viável
financeiramente?
Para calcularmos o custo de cada uma das fontes de K2O, e qual é a melhor opção,
calcula-se o de custo de cada uma dessas fontes por hectare, assim como o valor total, que
será dependente do tamanho da área que será cultivada. Sabendo-se o volume de adubo
de cada fonte do elemento, realiza-se uma nova regra de três simples para calcularo valor
total por hectare e posteriormente pela área total. Para fins de exemplificação,
utilizaremos uma área total para a amostra de solo que foi interpretada, igual a 50 ha.

79
Com a realização dos cálculos está definido os valores por hectares e o valor total
para a adubação de potássio na área de 50 hectares. Entre tanto, os cálculos não se
encerraram pois ainda temos mais um elemento a utilizar na adubação de semeadura que
é o fósforo. A recomendação é de uma aplicação de 40 40 kg ha-1 de P2O5. Sabemos que
o adubo formulado já contém P2O5 em sua formulação, e ao realizar os cálculos, poderá
ser observado que o volume total de formulado a ser aplicado será menor do que a
quantidade necessária para o potássio. Neste caso, a quantidade de formulado a ser
aplicado suprirá a necessidade de P, por tanto, caso utilize o formulado NPK do exemplo,
deverá ser mantida a dose encontrada para o elemento de mais necessidade (K), sendo a
dose de 533,33 Kg ha-1.
Outro fator, que deve ser comentado é que apesar de termos dois formulados
diferentes (00-25-15 e 00-30-15) os teores de K nos dois formulados são iguais, por isso
realizou-se apenas um cálculo para determinar o volume de formulado a ser aplicado por
hectare.
A fim de saber o valor final da adubação de semeadura e qual a melhor opção a
ser utilizada pelo produtor, necessita-se da realização de mais um cálculo, o da quantidade
de adubo que será utilizada para suprir a recomendação de fósforo nesta área.

80
81
Novamente, após encontrar a quantidade necessária do adubo para suprir a
recomendação, realiza-se os cálculos de custo por hectare e para a área total.

Quando observamos e comparamos os resultados do custo dos diferentes adubos,


podemos averiguar que para o formulado 00-25-15 que contém P e K em sua formulação
obteve um custo total para adubação de semeadura em área total igual a R$ 29.333,15. É
importante ressaltar que, caso, a decisão seja utilizar o formulado em questão a quantidade
de P2O5 que será aplicada, será maior do que a quantidade recomendada. Isto ocorre para
muitos adubos formulados prontos, neste caso, sempre utilizar a dose exata do elemento
que tiver a maior necessidade. Uma outra opção é pedir para a empresa formular
corretamente a quantidade necessária, entretanto essa prática pode elevar o custo final do
adubo.
Sobre o custo final dos adubos simples, é necessário somar os valores específicos
de cada um dos adubos. Para a aplicação em área de 50 ha que equivale a área total deste
exemplo hipotético serão necessários um gasto de R$ 8.000,00 com Cloreto de Potássio
e R$ 12.222,10 com Super Fosfato Simples. Ao somar o custo com os dois adubos simples
teremos um total de R$ 20.222,10. O custo com o adubo formulado foi de R$ 9.111,05
mais caro, por tanto, a correta recomendação a este produtor seria comprar as fontes de P
e K separadas.
A utilização de fontes distintas tem apenas um agravante, os adubos simples
devem ser misturados, e homogeneizados antes de ser colocado na caixa de adubos da

82
semeadora. Apesar de ter um trabalho a mais, a economia financeira do produtor será
muito relevante, além de aplicar exatamente a quantidade de adubo como recomendada.
Basicamente, a recomendação é feita da maneira descrita a cima, independente da
fonte ou do nutriente a ser utilizada, os princípios de cálculos serão os mesmos

Questões de fixação

1 – Qual a finalidade da recomendação de corretivos e adubos?

2 – Uma análise de solo apresenta Saturação por base igual a 19 e CTC igual a
7,6. Calcule a necessidade de calagem para um calcário que possui PRNT igual a 90?

3 – Um técnico agrícola realizou uma recomendação da aplicação de 120 Kg ha-1


de P e K na semeadura da cultura em uma propriedade na região de Rio Verde – GO com
área igual a 145 ha. O produtor comprou um formulado 00–15–10 que custou R$ 1.250,00
a tonelada. Qual o custo desta adubação para o produtor?

83
Módulo 14. Nutrição Mineral das Plantas

Como visto no Módulo 1. um elemento químico é considerado essencial quando


a planta não sobrevive sem a sua presença. Elementos considerados benéficos são aqueles
que trazem algum benefício a planta, entretanto a planta pode concluir seu ciclo sem sua
presença. Já os elementos considerados tóxicos, irão interferir de maneira negativa no
ciclo da planta, podendo até leva-la a morte.
Dentre os elementos minerais considerados essenciais temos o nitrogênio (N),
fósfoto (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), boro (B), cloro (Cl),
cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni), sódio (Na), silício
(Si) e zinco (Zn). Outros elementos considerados essenciais para as plantas são o carbono
(C), hidrogênio (H) e oxigênio (O), no entanto estes últimos três elementos são
considerados como orgânicos.
Segundo Faquin (2005), as funções exercidas pelos nutrientes podem ser
classificadas em três grandes grupos:

Estrutural – Elementos que fazem parte de moléculas com um ou


mais componentes orgânicos. Como exemplo pode-se citar o N que é
um componente de aminoácidos e proteínas, o Ca compõe o pectato
de cálcio presente na lamela média da parede celular e o Mg é um dos
componentes da clorofila.
Constituinte de enzimas – Geralmente trata-se de metais ou
elementos de transição, que fazem parte do grupo prostético de
enzimas, podemos exemplificar com o Fe, Cu, Mn, Mo, Zn e Ni, que
são essenciais para a atividade dessas enzimas.

Ativador enzimático – Não fazem parte do grupo prostético, o


elemento é dissociável da fração protéica da enzima, entretanto, é
necessário para a atividade da mesma.

84
Na grande maioria os elementos em sua forma natural não são diretamente
aproveitado pelas plantas. Para que possam ser absorvidos e aproveitados há necessidade
de uma transformação prévia para formas combinadas, que posteriormente serão
dissociados no interior da planta. Na tabela adaptada de Hopkins (2000), pode-se observar
a diferenciação entre macro e micro elementos assim como as formas no qual a planta
absorvem os elementos.
O movimento de nutrientes no solo pode varia muito e com isso influenciar na
disponibilidade para as plantas. Se tratando da mobilidade dos nutrientes no solo, temos
os elementos considerados móveis, encontrados geralmente na solução do solo, essa
mobilidade confere a estes elementos uma disponibilidade direta para as plantas,
entretanto, podem ser perdidos por lixiviação (NO3-, SO42-, Cl- e H3BO3-). Os elementos
pouco móveis também são solúveis, em menor quantidade podem ser encontrados na
solução do solo, mas em geral estão adsorvidos nos colóides do solo promovendo uma
disponibilidade moderada as plantas (NH4+, K+, Ca2+, Mg2+ e MoO42-). Para os elementos
considerados imóveis, são elementos que estão fortemente ligados aos colóides do solo,
possuem uma maior dificuldade para serem liberados na solução do solo (Fe2+, Mn2+,
Zn2+, Ni2+, Cu2+, HPO42- e H2PO4-).
A mobilidade dos elementos na parte aérea também é fundamental para o
conhecimento, pois pode ser utilizada uma adubação por aplicação foliar (diretamente nas
folhas), para suprir alguma deficiência ou até mesmo, dependendo da cultura, como um
incremento nutricional em uma fase da vida de maior demanda. Abaixo está apresentada
uma tabela proposta por Malavolta (1980) descrevendo o nível de mobilidade dos
elementos aplicados na folha.

85
Segundo Taiz, & Zeiger, (2013), há um relacionamento entre o crescimento ou
produtividade das plantas, a concentração dos nutriente no tecido das mesmas pode
evidenciar a ocorrência de três zonas.
A Zona de Deficiência é quando o teor do nutriente no tecido é baixo, reduzindo
o crescimento da cultura, nesta zona a adição de fertilizante produz incrementos na
produtividade. Uma Zona Adequada é quando o aumento no teor do nutriente não implica
em aumento do desenvolvimento ou da produtividade. Já a Zona de Toxicidade é quando
o nutriente acumulou em excesso e produz toxicidade.

O excesso de um elemento pode ser prejudicial as plantas, entretanto, geralmente


nos solos do Cerrado a deficiência de um elemento essencial resulta em uma desordem
nutricional, podendo aparecer sintomas que caracterizam esta desordem. Os sintomas
expressam a desordem metabólica resultante do suprimento insuficiente de um elemento
essencial.
O Carbono, hidrogênio e oxigênio são elementos que constituem de 90 a 95% da
matéria seca das plantas. São constituintes de compostos orgânicos e estão envolvidos em
vários dos processos enzimáticos. Nos grupos carboxílicos podemos encontrar o C e o O
envolvidos e o H juntamente com o O se envolvem nos processos de oxi-redução. O
carbono pode ser absorvido na solução do solo possivelmente na forma de bicarbonato
(HCO3-) e com certeza através das células estomáticas na forma de CO2 atmosférico. O
hidrogênio é absorvido na forma de água (H2O) pelas raízes.
O nitrogênio é absorvido na forma de nitrato (NO3-) ou amônio (NH4+) na solução
do solo, pode ser absorvido ainda na forma de amônia (NH3) ou nitrogênio gasoso (N2)
da atmosfera. Para a absorção do N atmosférico é necessário que haja uma simbiose da
planta com microrganismos fixadores de nitrogênio, comumente essa fixação ocorre em
plantas consideradas leguminosas como a soja. O nitrogênio é muito importante para a

86
planta pois é componente essencial de aminoácidos, ácidos nucleicos, nucleotídeos e da
clorofila.
O fósforo será absorvido pelas raízes das plantas na solução do solo. Após
absorção o P é rapidamente envolvido em processos metabólicos, por ser móvel na planta,
este elemento pode ser transportado via xilema ou floema. Constituinte essencial da
trifosfato de adenosina (ATP), da substância solúvel adenosina difosfato (ADP),
nucleotídeos, ácidos nucleicos e fosfolipídios. As principais funções do P na planta é no
armazenamento e transferência de energia em processos metabólicos, assim como na
manutenção da integridade das membranas.
O potássio é facilmente absorvido através das raízes. É o cátion mais abundante
nos tecidos vegetais e possui um papel fundamental nas funções biológicas e fisiológicas.
Possui alta permeabilidade de membrana e por isso se move em toda a planta. Esta
característica é importante para vários processos fisiológicos, como crescimento do
meristema, fotossíntese, estado de água e translocação de fotossintatos que são
influenciadas pela concentração de K+ nas plantas. Proporciona o aumento da área da
folha e os teores de clorofila, retarda a morte celular programada (senescência)
promovendo uma maior taxa fotossintética do dossel e desenvolvimento da cultura.
Fundamental para a retenção de água na planta, pois o K+ é um importante regulador
osmótico da abertura e fechamento das células estomáticas.
O cálcio é absorvido na forma de Ca2+ apenas pela coifa das raízes mais jovens.
Desempenha importante papel no alongamento e divisão celular. É constituinte essencial
do pectato de cálcio, componente importante da parede das células, estes pectatos de
cálcio se envolvem também na manutenção das biomembranas celulares. A presença de
Ca2+ na planta é fundamental, pois, ele é importante para que seja mantida a integridade
das membranas celulares e atua também como ativador enzimático, é responsável por
osmorregulação e fator fundamental para o equilíbrio catiônico-aniônico nas células.
O magnésio é um elemento presente em quantidade maiores do que a do K+ na
solução do solo, onde é absorvido pelas raízes das plantas. Entretanto a taxa de absorção
do Mg2+ é menor quando comparada a absorção de K+ pelas plantas. Essa menor taxa de
absorção pode estar relacionada a falta de um mecanismo especial de absorção e
transporte do Mg2+ através da membrana plasmática. Este elemento é ativador de várias
enzimas, constituinte da clorofila, com isso, o Mg2+ está envolvido na assimilação de CO2
e na síntese de proteínas. Assim como o Ca2+ atua no equilíbrio entre cátions e ânions e
auxilia na regulação do pH celular.
O enxofre pode ser absorvido tanto pelas raízes (quando presente na solução do
solo) ou pelas folhas através dos estômatos. É constituinte de componentes orgânicos e
está envolvido em processos enzimáticos. Após absorção ele é reduzido e facilmente
incorporado a moléculas orgânicas, é constituinte de aminoácidos essenciais (cisteína,
metionina e cistina), aminoácidos que estão envolvidos na produção de clorofila, portanto
é necessário para a síntese protéica, funções estruturais das plantas e em reações de
oxidação-redução.
O cobre possui uma baixa movimentação na planta, entretanto pode ser
translocado das folhas inferiores para folhas superiores. Desempenha papel fundamental
na metabolização de nitrogênio, proteínas e hormônios, fotossíntese e respiração, assim
como na formação de pólen. Envolve-se em diversas enzimas, as mais importantes
contendo cobre são as plastocianinas, superóxido dismutase amina oxidase. A fenolase e

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lacase são proteínas que contem cobre, estas proteínas estão envolvidas na produção de
lignina.
O ferro para ser absorvido pelas plantas precisa sofrer redução, e sua absorção e
muito influenciada na presença de outros elementos. Não é facilmente transferido para as
partes mais jovens das plantas, sendo o citrato férrico a principal forma em que o Fe pode
se translocar via xilema. Suas principais características são a importante capacidade que
o elemento possui de sofrer mudança de valência e a tendência para formar complexos
com quelatos. A função mais conhecida deste elemento ocorre em sistemas enzimáticos
dos grupos protéticos, onde desempenha papel semelhante ao do Mg2+ nas estruturas de
porfirina de clorofilas.
O manganês é um elemento imóvel que não será retranslocado nas plantas. Se
assemelha a outros elementos nas funções bioquímicas, está envolvido na ligação de ATP
com complexos enzimáticos tais como fosfocinases e fosfotransdeases. O Mn2+ é
considerado ativador da enzima de descarboxilação e desidrogenase no ciclo do ácido
tricarboxílico, entretanto, na maioria das vezes não é específico para estas enzimas, e pode
ser substituído por Mg2+.
Essencial para vários processos bioquímicos o zinco está presente na síntese de
citocromo e nucleotídeo, metabolismo do hormônio auxina, produção de clorofila e na
manutenção das membranas. Específico ativador da enzima anidrase carbónica. O Zn está
presente também em outras enzimas como desidrogenase de álcool, superóxido dismutase
e polimerase de RNA, onde o elemento está ligado.
O níquel é absorvido pelas plantas na forma de cátion divalente (Ni2+) em
concentrações muito pequenas na solução do solo. Atuante no metabolismo do N,
principalmente quando é realizada a adubação com uréia ou derivados (via folha). O Ni
aumenta a atividade da uréase foliar, impedindo a acumulação de teores tóxicos de ureia.
Atua no crescimento, metabolismo, envelhecimento e na absorção de Fe. Uma
característica deste elemento é que ele possui um papel importante na resistência de
plantas as doenças.
Considerado relativamente imóvel nas plantas o boro desempenha papel
importante no metabolismo de ácidos nucleicos, metabolismo de proteínas, fotossíntese,
biossíntese de carboidratos e na estabilidade das membranas das células. Está envolvido
na síntese de uracila que é componente essencial do RNA, e na sua ausência, os
ribossomos não podem ser formados. O B influencia importantes processo nos tecidos
meristemáticos, síntese de proteínas e de RNA assim como na formação de ribose, com
isso, os teores de boro irão afetar o crescimento dos meristemas.
O cloro é um cofator essencial na fotossíntese, realiza a ativação da enzima
responsável pela quebra da molécula de água e liberação de elétrons associados ao
fotossistema II. Em algumas plantas pode ter efeito sobre a regulação das células
estomáticas, que influencia indiretamente na fotossíntese dessas plantas. Provoca a
estimulação da ATPase localizada no tonoplasto, que provavelmente funcionam como
uma bomba que transporta íons de H+ e Cl- do citoplasma para o vacúolo, mantendo o
citoplasma com pH maior do que o do vacúolo. Por ser uma molécula bioquimicamente
inerte, o Cl- possui a capacidade de desempenhar papel osmótico e de neutralização de
cárions.
A absorção do molibdênio pode ser interferida por íons de sulfato. Possivelmente
ele se transloca na forma de complexos de aminoácidos e tem uma mobilidade
considerada moderada. Possui em geral baixos teores presentes na matéria seca das

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plantas. O Mo se envolve nos processos de fixação do N2, redução de nitratos e transporte
de compostos nitrogenados, desempenhando um papel fundamental no metabolismo do
nitrogênio nas plantas.
A falta dos elementos pode causar deficiência nas plantas como comentado
anteriormente. A baixo podemos observar alguns dos sintomas de deficiência dos
nutrientes nas plantas, e fotos dos sintomas na cultura do sorgo-sacarino segundo fotos
de Lima Filho (2014).

Tabela adaptada de Lima Filho (2014) e Nunes (2016).


Nutriente Sintomas de Deficiência
Geralmente aparecem inicialmente nas folhas velhas. Apresentam
coloração verde-claro que desenvolve para o amarelecimento e posterior
Nitrogênio
clorose. Inicia-se na ponta da folha e expande para a bainha. Em casos
severos a folha fica totalmente amareladas.
Ocorre redução do crescimento do caule e radicular provocando o
aparecimento de necroses nas folhas e pecíolos. Nas folhas surgem
Fósforo manchas irregulares nas bordas, que se estendem para o limbo. As folhas
mais velhas ficam vermelhas. Numa fase inicial, os sintomas acentuam-
se nas partes mais velhas da planta
Provoca um crescimento vegetal muito reduzido, ocorre manchas
avermelhadas escuras e posterior necrose retilínea, folhas recurvadas e
Potássio
enroladas sobre a face superior e encurtamento de entrenós. Inicialmente,
os sintomas acentuam-se nas zonas mais velhas das plantas.
Reduz o crescimento vegetal, provocando a clorose em todo o limbo
Enxofre foliar, geralmente ocorrem em folhas mais novas, esta clorose é mais
evidente nas nervuras.
Provoca malformação nas folhas jovens, encurvamento dos ápices,
Cálcio clorose marginal que evolui para necrose marrom clara, levando a folha
a morrer da extremidade para o centro.
É acentuado em folhas mais velhas, surgem manchas avermelhadas e/ou
alaranjadas, pode provocar clorose entre as nervuras, espalhando-se das
Magnésio
margens para o centro das folhas, inibe a floração, morte prematura das
folhas e degeneração dos frutos.
Apresenta clorose internerval em folhas mais novas permanecem verdes,
Ferro uma redução do crescimento vegetal, inibição do desenvolvimento de
primórdios foliares.
Ocorrem em folhas intermediárias e mais novas, apresentando clorose
Cobre internerval irregular, surgem estrias avermelhadas nas nervuras central e
secundárias.
Provoca clorose intervenal nas folhas mais jovens, formando um retículo
Manganês grosso, enrolamento e queda de folhas e aparecimento de pontos
necróticos espalhados nas folhas.
Ocorre clorose a partir das bordas das folhas mais novas, pode aparecer
manchas avermelhadas ou amarronzadas e provoca uma redução do
Zinco
crescimento vegetal, impedindo o alongamento dos caules e a expansão
foliar e interfere na frutificação.

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Surgem manchas cloróticas intervenais seguidas de necrose marginal e
Molibidênio enrolamento foliar, interferindo na frutificação. Inicialmente, os
sintomas acentuam-se nas zonas mais jovens das plantas
Apresentam estrias brancas em folhas novas, afeta os órgãos de reserva
e desorganiza os meristemas, causando a morte das extremidades
Boro
caulinares, e pecíolos quebradiços. A floração é completamente
suprimida ou originam-se frutos e sementes anormais.
Reduz o crescimento vegetal e provoca o aparecimento de folhas
Cloro murchas por clorose e necrose, bem como o atrofiamento das raízes.
Inicialmente, os sintomas acentuam-se nas zonas mais velhas das plantas.

90
Questões de fixação

1 – O que é conferido a um elemento para que seja considerado como essencial?

2 – Como pode ser observada a falta de um elemento na nutrição da planta?

3 – O potássio é fundamental para a regulação térmica da planta, explique:

91
Módulo 15. Revisão AV2

Realizar revisão oral, na forma de bate papo ou na apresentação de trabalhos comentados


em sala.

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