Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Laís Gasperotto, Vitor Hugo Outeiro, Wellington Zart e Willian dos Santos Junior
GUARAPUAVA
2018
Laís M. Gasperotto
Wellington Zart
Guarapuava
Novembro/2018
LISTA DE FIGURAS
1
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2. DESCRIÇÃO DA ÁREA ........................................................................................ 5
3. IMPLANTAÇÃO DA CULTURA ............................................................................ 6
3.1 Preparo Físico do solo ................................................................................... 6
3.2 Prepara Químico do solo................................................................................ 7
3.3 Plantio .............................................................................................................. 7
3.4 Amontoa ........................................................................................................ 11
4. PERÍODO CLIMÁTICO ........................................................................................ 12
5 MANEJO ............................................................................................................... 13
5.1 Manejo de plantas daninhas ........................................................................ 13
5.2 Manejo de pragas .......................................................................................... 14
5.3 Manejo de doenças ....................................................................................... 15
6. COMERCIALIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO ..................................................... 16
7. ANÁLISE ECONÔMICA ...................................................................................... 17
7.1 Custo de produção ....................................................................................... 17
7.2 Rentabilidade econômica ............................................................................. 17
8. ANÁLISE CRÍTICA .............................................................................................. 18
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 19
10. GRUPO .............................................................................................................. 20
11. REFERÊNCIAS.................................................................................................. 20
2
1.INTRODUÇÃO
3
qualidade para produção e comercialização de batata semente e mudas são
classificados em 6 tipos, com base no diâmetro dos tubérculos: tipo 0, tamanho
>60mm; tipo 1, tamanho 50 ~ 60mm; tipo 2, tamanho 40 ~ 50mm; tipo 3, tamanho 30
~ 40mm; tipo 4, tamanho 23 ~ 30mm; tipo 5, tamanho <23mm.
O cultivo de batata é marcado pelo preparo intensivo do solo, uso de elevadas
quantidade de insumos em geral e suprimento constante de água para que se tenha
um bom desenvolvimento da cultura. Manejo esse que favorece o estabelecimento
de infestações de plantas daninhas de rápido crescimento e desenvolvimento nas
áreas cultivadas (REIS et al. 2015). Trabalhos demonstram que a presença de plantas
daninhas pode causar prejuízos diretos e indiretos na cultura da batata, podendo
assim causar redução de até 60% da produtividade (CEPL & KASAL 2010).
Para minimizar perdas, o produtor faz uso constante de herbicidas com objetivo
de controlar plantas daninhas, porém a presença de resíduos de herbicidas no solo,
aplicados nestes cultivos, pode afetar espécies que serão implantadas em sucessão,
a batata no caso, com isso reduzindo produtividade e qualidade dos produtos,
fenômeno conhecido como carryover (Mancuso et al. 2011). Esse fenômeno pode
promover cloroses (sintoma de fitointoxicação), redução no crescimento e
produtividade, além da formação de desordens fisiológicas (Thornton e Eberlein
2001).
Uma das principais doenças da batata no Brasil e em outras regiões de clima
tropical e subtropical é a murcha bacteriana, que é causada pelo patógeno Ralstonia
solanacearum. Pode ser potencializado quando se faz a implantação de cultivares
suscetíveis, as quais são plantadas sob condições ambientais favoráveis à doença
(alta temperatura e alta umidade), as perdas podem ultrapassar 50% (Lopes, 2005).
Seu controle é difícil. O uso de cultivares resistentes pode ser uma alternativa para o
controle, principalmente por ser de fácil adoção pelos agricultores e não aumentar
significativamente os custos de produção (Yuliar & Toyota, 2015).
Dentre as limitações para o desenvolvimento da cultura, uma nutrição
adequada é essencial para determinar o rendimento e a qualidade dos produtos
oriundos das culturas (MISGINA et al., 2016). O cultivo da batata exige uma alta
demanda de nutrientes, devido ao seu curto ciclo de desenvolvimento e alto
rendimento (FERNANDES; SORATTO, 2015).
Com o intuído de se obter uma boa produção e não correr o risco de ter perdas
significativas de produção por deficiência nutricional, se faz recomendações
4
nutricionais errôneas, com doses excessivas de fertilizantes minerais, as quais
geralmente resultam em perdas de nutrientes por lixiviação, fixação e volatilização.
Levando em consideração a fraca disponibilidade de matéria orgânica nas terras
cultiváveis, os solos vêm se apresentando com menor qualidade, menos fértil, assim
apresentando efeitos negativos para sustentabilidade dos sistemas de produção,
aumento no custo de cultivo e declínio parcial da produtividade, pois a falta de matéria
orgânica potencializa as perdas desses nutrientes por lixiviação (SINGH et al., 2016).
Desta forma o trabalho teve por objetivo realizar o acompanhamento de uma
lavoura com a cultura da batata, realizando visitas técnicas e obtenção de
informações com o técnico responsável, visando analisar características
agronômicas, identificar pontos favoráveis e possíveis pontos negativos na condução
desta cultura em campo.
2. DESCRIÇÃO DA ÁREA
5
Figura 1: Área de arrendamento cultivada com batata próximo a Santa Maria Indústria de papel e
celulose. Fonte: Google Earth, 2018.
3. IMPLANTAÇÃO DA CULTURA
6
3.2 Prepara Químico do solo
O produtor realiza análise química do solo em todas as suas áreas. A
quantidade de calcário é determinada com base nas análises químicas. As amostras
são coletadas em vários pontos da área e a aplicação é feita em taxa variável.
A recomendação de adubação segue um padrão em sua propriedade
independente do resultado da análise química. Na área estudada foi utilizado 0,90
Kg/ha de Fosfato Monoamônio (MAP) visando diminuir os teores de Nitrogênio no
solo. A adubação foi realizada antes do plantio. De acordo com o produtor adubar
antes aumenta o rendimento operacional, pois não é necessário ficar parando para
abastecer de fertilizante no momento do plantio. O adubo é depositado nas linhas
onde serão plantadas as batatas. Isso só é possível devido ao sinal RTK que o
agricultor possui.
● MAP - 10% de Nitrogênio e 46 a 50% de P₂O₅
3.3 Plantio
Devido ao alto custo e baixa disponibilidade de sementes, geração 0 (G0),
comercializadas o agricultor produz sementes para venda e para plantio em suas
áreas. No verão as sementes são produzidas na região de Guarapuava/PR e no
inverno na região de Faxinal/PR. As variedades cultivadas em sua propriedade são:
Ágata, Atlantic, FL e Asterix. O produtor relatou que compra as sementes G0 do
laboratório e produz a geração G1, G2, G3 e C1. São plantadas, em sua propriedade,
as gerações G3 ou C1 dependendo da disponibilidade e sanidade das sementes.
Na área analisada, o produtor está produzindo uma batata especial para a
empresa Elma Chips destinada a produção de uma certa linha de chips. A semente
dessa batata foi fornecida ao produtor pela própria empresa. A cultivar cedida pela
empresa é a Fl1867 que foi importada do Chile. Devido ao contrato com a empresa,
a geração plantada foi G2.
Após a colheita as sementes são classificadas de acordo com seu diâmetro
em tipo 0, tipo I, tipo II, tipo III, tipo IV e do tipo V em uma classificadora conforme
figura 2. Sementes tipo 0 possuem diâmetro maior que 60 mm e uma massa
aproximada de 130 g. Sementes do tipo I possuem diâmetro entre 60 mm e 50 mm,
com uma massa aproximada de 110 g. As sementes do tipo II possuem diâmetro
entre 50 mm e 40 mm com uma massa aproximada de 60 g. Sementes do tipo III
possuem diâmetro entre 40 mm e 30 mm e massa aproximada de 30 g. As sementes
7
do tipo IV possuem diâmetro entre 30 mm e 23 mm, contendo uma massa aproximada
de 10 g. As sementes do tipo V possuem diâmetro menor que 23 mm e uma massa
aproximada de 7 g. As sementes classificadas que não serão plantadas logo após a
colheita são armazenadas na câmara fria a 3ºC, para reduzir o metabolismo, até o
momento da implantação (Figura 3). De acordo com o agrônomo responsável essas
sementes podem ficar armazenadas por até oito meses sem prejuízos no vigor.
Após o período de permanência na câmara fria, a batata foi retirada para iniciar
a brotação. As sementes brotadas foram transportadas para a área onde foi realizado
o plantio da cultivar FL 1867 geração G2, destinada à indústria, que será
comercializada para cumprir contrato.
O plantio foi realizado em 22, 23 e 24 de outubro de 2018 com uma plantadeira
de quatro linhas conforme figura 4.
8
Figura 4: Operação de plantio sendo realizada. Fonte: Gasperotto, 2018.
9
Figura 5: Verificação do espaçamento de plantio de batata. Fonte: Gasperotto, 2018.
Figura 6: Produtos utilizados como tratamento de sementes durante o plantio. Fonte: Gasperotto,
2018.
10
Figura 7: Trator com duas hastes passando após a plantadora. Fonte: Gasperotto, 2018.
3.4 Amontoa
A amontoa tem a finalidade de proteger os tubérculos do ataque de pragas,
assim como evitar a incidência direta da radiação solar e aumentar a aeração do solo
e indiretamente realiza o controle de plantas daninhas.
O processo de amontoa é realizado no mesmo dia da semeadura. Isso é
possível porque o agricultor possui em seus tratores GPS com sinal RTK. Com essa
tecnologia embarcada, o produtor relatou que consegue reduzir significativamente as
perdas de produtividade que ocorrem quando a amontoa é realizada após a
emergência da planta. Logo após passar a plantadora um trator com uma enxada
rotativa passa fazendo a amontoa conforme figura 8.
11
Figura 8: Processo de amontoa. Fonte: Gasperotto, 2018.
4. PERÍODO CLIMÁTICO
A disponibilidade de água para qualquer cultura é essencial para que ocorra a
fotossíntese e a absorção de nutrientes. Em épocas com baixa precipitação é
necessário fornecer água para a cultura para evitar perdas de produtividade. O
produtor possui maquinário de irrigação com canhões da marca Irriga Brasil, contudo
na maioria das vezes não é necessário irrigar suas áreas devido a altas precipitações
na região de Guarapuava onde cultiva suas lavouras. A figura 9 a seguir ilustra a
precipitação de janeiro até novembro de 2018 na cidade de Irati/PR, localizada a
aproximadamente 100 Km de Guarapuava/PR. É possível verificar altas precipitações
no mês de setembro e outubro.
12
Figura 9: Precipitação média mensal para o ano de 2018 até o mês de novembro. Fonte: INMET,
2018.
5 MANEJO
13
5.2 Manejo de pragas
Os insetos-praga da cultura da batata podem causar quedas significativas na
produção, as espécies variam de acordo com a região, dessa forma o controle deve
ser feito assim que surgirem os primeiros insetos de acordo com o recomendado pela
Adapar.
As aplicações de inseticidas foram feitas no sulco de plantio como tratamento
de sementes e depois serão feitas aplicações calendarizadas de acordo com a
ocorrência de pragas.
Alguns inseticidas registrados para o controle de pragas registradas e que
podem ser utilizados caso ocorra incidência de pragas são:
14
5.3 Manejo de doenças
15
- ANTRACOL 700 WP: Fungicida protetivo e orgânico do grupo Alquilenobis
(Ditiocarbamatos), para o controle de Pinta-Preta (Alternaria solani) e Requeima
(Phytosphthora infestans), onde a dose recomendada é de 2,1 kg/ha do ingrediente
ativo.
- CONSENTO: Fungicida sistêmico e de efeito translaminar , dos grupos Carbamatos
e Imidazolinona, para o controle de Requeima (Phytophthora infestans),onde a dose
recomendada é de 1,7-2,0 L/ha do produto comercial.
- BRAVONIL® 720: Fungicida de contato do grupo químico das isoftalonitrilas, para
o controle de Requeima (Phytophthora infestans) e Pinta-Preta (Alternaria solani),
onde a dose recomendada é de 1,75-2,0 L/ ha do produto comercial.
- ACROBAT ® MZ: Fungicida sistêmico e de contato do grupo da morfina
(ditiocarbamato), para o controle da Requeima (Phytophthora infestans), onde a dose
recomendada é de 2,5 kg/ha do produto comercial.
- ORANIS®: Fungicida sistêmico do grupo das estrobilurina,.
- RIDOMIL GOLD® MZ: Metalaxil-M um fungicida sistêmico do grupo químico
acilalaninato e Mancozebe, fungicida de contato do grupo químico ditiocarbamato,
para o controle de requeima (Phytophthora infestans), onde a dose recomendada é
de 2,5 kg/ha do produto comercial
6. COMERCIALIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO
16
7. ANÁLISE ECONÔMICA
17
8. ANÁLISE CRÍTICA
Figura 10: Câmara fria própria do produtor no local de beneficiamento. Fonte: Outeiro, 2018.
18
Como pontos negativos podemos destacar que o produtor:
-Não mensura a umidade do solo para determinar irrigação;
-Observamos alguns problemas fitossanitários nas sementes devido ao
armazenamento prolongado;
-Não faz análise química para adubação em algumas áreas;
-Base do RTK muito antiga, o que gera alguns problemas de funcionamento às
vezes;
Figura 11: Problemas fitossanitários observados nas sementes de batata. Fonte: Gasperotto, 2018.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O acompanhamento da lavoura de batata foi de grande importância e impacto
para a formação profissional de nós acadêmicos. Foi possível observar a realidade
do campo, o que em muitos aspectos difere do que aprendemos na teoria, como por
exemplo, a aplicação de fungicidas e inseticidas calendarizados, sem ter o mínimo de
conhecimento da necessidade do produto, em contrapartida, pudemos ver o quanto
a produção de batata gera empregos para a região.
Tivemos a oportunidade de fazer uma análise crítica do que vemos na teoria e
como é feito no dia a dia do produtor, as dificuldades que o mesmo enfrenta, como
variações climáticas, atraso de entregas e algumas falhas de operação.
A vivência no campo juntamente com o produtor permitiu que debater nossos
conhecimentos agronômicos entre o grupo, com os demais colegas de classe e em
alguns momentos com o produtor que ofertou essa oportunidade a cada um.
19
10. GRUPO
O grupo que realizou o acompanhamento, é formado por quatro acadêmicos do
curso de agronomia da Universidade Estadual do Centro Oeste, Campus Cedeteg. A
figura abaixo representa a visita durante o plantio da cultura na área acompanhada.
11. REFERÊNCIAS
CAVIGLIONE et al., S. B.; SANTOS, H. G.; MANZATTO, C. V.; et al. Mapa de Solos
do Estado do Paraná. , 2013. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2007. Disponível em:
<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/339505>. Acesso em:
15/10/2018.
CEPL J & KASAL P. 2010. Weed Mapping – A way to reduce herbicide doses.
Potato Research 53: 359-371. EVANGELISTA RM et al. 2011. Qualidade nutricional
e esverdeamento pós-colheita de tubérculos de cultivares de batata. Pesquisa
Agropecuária Brasileira 46: 953-960
20
CHARCHAR, João M. et al. Nematoides associados à cultura da batata (Solanum
tuberosum L.) nas principais regiões de produção do Brasil. Nematologia Brasileira,
v. 21, n. 2, p. 49-60, 1997.
Food and Agriculture Organization of the United Nations. (2015). Faostat. Disponível
em: http://faostat.fao.org. Acesso em 1 novembro, 2018.
Mancuso, M.A.C., Negrisoli, E., & Perim, L. (2011). Efeito residual de herbicidas no
solo (“Carryover”). Revista Brasileira de Herbicidas, 10 (2), 151-164.
MISGINA, N.A. Effect of Phosphorus and Potassium Fertilizer Rates on Yield and
Yield Component of Potato (Solanum tuberosum L,) at K/Awlaelo, Tigray, Ethiopia.
Food Science and Quality Management, v. 48, p. 60-69, 2016.
21
REIS MR et al. 2015. Manejo de plantas daninhas do gênero Amaranthus em
olerícolas. In: INOUE MH et al. Manejo de Amaranthus. São Carlos: RiMa Editora. p.
173-182.
SINGH, M.;DOTANIVA, M.L.; AMIT MISHRA, C.K.; DOTANIVA, C.K.; REGAR, K.L.
Dotaniya, K. L. Role of Biofertilizers in Conservation Agriculture. Conservation
Agriculture p. 113-134, 2016.
Thornton, R E., & Eberlein, C.V. (2001). Chemical injury. In: Stevenson, W. R. et al.
Compendium of potato diseases (2ed., pp. 92-94). Saint Paul: American
Phytopathological Society.
YULIAR, YAN; TOYOTA, K. 2015. Recent trends in control methods for bacterial wilt
diseases caused by Ralstonia solanacearum. Microbes and Environments 30: 1-11.
22