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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE - UNICENTRO

SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS - SEAA


DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA - DEAGRO

Laís Gasperotto, Vitor Hugo Outeiro, Wellington Zart e Willian dos Santos Junior

ACOMPANHAMENTO TÉCNICO DA CULTURA DA BATATA

GUARAPUAVA
2018
Laís M. Gasperotto

Vitor Hugo Outeiro

Wellington Zart

Willian dos S. Junior

ACOMPANHAMENTO TÉCNICO DA CULTURA DA BATATA

Trabalho a ser entregue ao Professor


Doutor Jackson Kawakami, para
obtenção de nota parcial da disciplina
Agricultura I desenvolvido pelos
acadêmicos.

Guarapuava
Novembro/2018
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Área de arrendamento cultivada com batata próximo a Santa Maria


Indústria de papel e celulose...................................................................................... 6
Figura 2: Classificadora de sementes de batata. ...................................................... 8
Figura 3: Sementes armazenadas na câmara fria. .................................................... 8
Figura 4: Operação de plantio sendo realizada. ........................................................ 9
Figura 5: Verificação do espaçamento de plantio de batata.. .................................. 10
Figura 6: Produtos utilizados como tratamento de sementes durante o plantio. ..... 10
Figura 7: Trator com duas hastes passando após a plantadora. ............................. 11
Figura 8: Processo de amontoa.. ............................................................................ 12
Figura 9: Precipitação média mensal para o ano de 2018 até o mês de novembro.13
Figura 10: Câmara fria própria do produtor no local de beneficiamento. ................. 18
Figura 11: Problemas fitossanitários observados nas sementes de batata. ............ 19

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2. DESCRIÇÃO DA ÁREA ........................................................................................ 5
3. IMPLANTAÇÃO DA CULTURA ............................................................................ 6
3.1 Preparo Físico do solo ................................................................................... 6
3.2 Prepara Químico do solo................................................................................ 7
3.3 Plantio .............................................................................................................. 7
3.4 Amontoa ........................................................................................................ 11
4. PERÍODO CLIMÁTICO ........................................................................................ 12
5 MANEJO ............................................................................................................... 13
5.1 Manejo de plantas daninhas ........................................................................ 13
5.2 Manejo de pragas .......................................................................................... 14
5.3 Manejo de doenças ....................................................................................... 15
6. COMERCIALIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO ..................................................... 16
7. ANÁLISE ECONÔMICA ...................................................................................... 17
7.1 Custo de produção ....................................................................................... 17
7.2 Rentabilidade econômica ............................................................................. 17
8. ANÁLISE CRÍTICA .............................................................................................. 18
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 19
10. GRUPO .............................................................................................................. 20
11. REFERÊNCIAS.................................................................................................. 20

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1.INTRODUÇÃO

A batata (Solanum tuberosum L.) é uma espécie olerícola de grande


importância, considerada um dos alimentos mais nutritivos e de alto consumo no
mundo, ficando atrás apenas do trigo, arroz e milho. Tal cultura é cultivada em uma
área de 19 milhões de hectares, a qual é produzida em 157 países de acordo com o
Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAOSTAT (2015).
A Solanum tuberosum L. é originária da região Andina da América do Sul,
próximo ao lago Titicaca, com altitude de 3.820 m. As características nutricionais que
são ressaltadas são: concentração de proteínas de alta qualidade, vitamina C, sais
minerais, potássio e fibras (DA SILVA, 2014). Em conjunto com a multinacionalização
dos mercados, a batata tornou-se uma cultura de grande importância no agronegócio
brasileiro, representa 2% da produção mundial e uma produtividade de 27,941 kg/ha
em 2014 (DA SILVA, 2014).
No Brasil as cultivares que são mais utilizadas são de origem europeia, as
quais apresentam efeitos negativos em relação às altas temperaturas e diferença do
fotoperíodo. Outro fator que afeta a produção é a diversidade de regiões, o que difere
os métodos culturais, o clima, tipo de solo, temperatura e cultivares plantadas
(CHARCHAR, 1997).
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a produção brasileira
alcançou valores de aproximadamente 3.907.503 toneladas em uma área cultivada
de 134.243 hectares no ano de 2016 (IBGE 2017). Em inúmeras regiões diante o
vasto território brasileiro é comum o cultivo da cultura de batata em sucessão e/ou
rotação com outras culturas, especialmente com cereais ou outras hortaliças.
No cenário atual os estados em que se concentra a produção de batata são
Paraná, Minas Gerais, São Paulo, em que Guarapuava, localizada no estado do
Paraná, apresenta-se em 8º lugar na produção nacional, com uma produtividade de
35 t/ha (FAO, 2017).
O ministro de estado da agricultura, pecuária e abastecimento estabelece as
normas para a produção e a comercialização de material de propagação de batata
(Solanum tuberosum l.) e os seus padrões, com validade em todo o território nacional,
visando à garantia de sua identidade e qualidade. Os padrões de identidade e de

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qualidade para produção e comercialização de batata semente e mudas são
classificados em 6 tipos, com base no diâmetro dos tubérculos: tipo 0, tamanho
>60mm; tipo 1, tamanho 50 ~ 60mm; tipo 2, tamanho 40 ~ 50mm; tipo 3, tamanho 30
~ 40mm; tipo 4, tamanho 23 ~ 30mm; tipo 5, tamanho <23mm.
O cultivo de batata é marcado pelo preparo intensivo do solo, uso de elevadas
quantidade de insumos em geral e suprimento constante de água para que se tenha
um bom desenvolvimento da cultura. Manejo esse que favorece o estabelecimento
de infestações de plantas daninhas de rápido crescimento e desenvolvimento nas
áreas cultivadas (REIS et al. 2015). Trabalhos demonstram que a presença de plantas
daninhas pode causar prejuízos diretos e indiretos na cultura da batata, podendo
assim causar redução de até 60% da produtividade (CEPL & KASAL 2010).
Para minimizar perdas, o produtor faz uso constante de herbicidas com objetivo
de controlar plantas daninhas, porém a presença de resíduos de herbicidas no solo,
aplicados nestes cultivos, pode afetar espécies que serão implantadas em sucessão,
a batata no caso, com isso reduzindo produtividade e qualidade dos produtos,
fenômeno conhecido como carryover (Mancuso et al. 2011). Esse fenômeno pode
promover cloroses (sintoma de fitointoxicação), redução no crescimento e
produtividade, além da formação de desordens fisiológicas (Thornton e Eberlein
2001).
Uma das principais doenças da batata no Brasil e em outras regiões de clima
tropical e subtropical é a murcha bacteriana, que é causada pelo patógeno Ralstonia
solanacearum. Pode ser potencializado quando se faz a implantação de cultivares
suscetíveis, as quais são plantadas sob condições ambientais favoráveis à doença
(alta temperatura e alta umidade), as perdas podem ultrapassar 50% (Lopes, 2005).
Seu controle é difícil. O uso de cultivares resistentes pode ser uma alternativa para o
controle, principalmente por ser de fácil adoção pelos agricultores e não aumentar
significativamente os custos de produção (Yuliar & Toyota, 2015).
Dentre as limitações para o desenvolvimento da cultura, uma nutrição
adequada é essencial para determinar o rendimento e a qualidade dos produtos
oriundos das culturas (MISGINA et al., 2016). O cultivo da batata exige uma alta
demanda de nutrientes, devido ao seu curto ciclo de desenvolvimento e alto
rendimento (FERNANDES; SORATTO, 2015).
Com o intuído de se obter uma boa produção e não correr o risco de ter perdas
significativas de produção por deficiência nutricional, se faz recomendações

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nutricionais errôneas, com doses excessivas de fertilizantes minerais, as quais
geralmente resultam em perdas de nutrientes por lixiviação, fixação e volatilização.
Levando em consideração a fraca disponibilidade de matéria orgânica nas terras
cultiváveis, os solos vêm se apresentando com menor qualidade, menos fértil, assim
apresentando efeitos negativos para sustentabilidade dos sistemas de produção,
aumento no custo de cultivo e declínio parcial da produtividade, pois a falta de matéria
orgânica potencializa as perdas desses nutrientes por lixiviação (SINGH et al., 2016).
Desta forma o trabalho teve por objetivo realizar o acompanhamento de uma
lavoura com a cultura da batata, realizando visitas técnicas e obtenção de
informações com o técnico responsável, visando analisar características
agronômicas, identificar pontos favoráveis e possíveis pontos negativos na condução
desta cultura em campo.

2. DESCRIÇÃO DA ÁREA

O acompanhamento da cultura ocorreu na propriedade do produtor Rene


Bandeira, situada no distrito de Guarapuava/PR. A área está localizada na latitude
25°26’ S e longitude 51°39’ O com altitude em torno de 995 m. Conforme classificação
de Koppen, o clima da região é Cfb (Clima temperado) caracterizado por temperatura
média no mês mais frio abaixo de 18ºC, com verões frescos, temperatura média no
mês mais quente abaixo de 22ºC e sem estação seca definida (IAPAR, 2000). O solo
é classificado como Latossolo Bruno de textura argilosa (Embrapa, 2007).
O acompanhamento foi realizado numa área de 39,5 hectares arrendada pelo
produtor (Figura 1) que vinha sendo cultivada com trigo e cevada na safra de inverno
e soja no verão. A topografia da área é plana com aproximadamente 5% de
declividade. O plantio é feito em nível e a área apresenta registro de erosão em safras
anteriores devido ao plantio realizado morro abaixo. Também realizamos algumas
visitas a área de plantio situada no município de Palmeirinha, próximo ao barracão de
beneficiamento do produtor.

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Figura 1: Área de arrendamento cultivada com batata próximo a Santa Maria Indústria de papel e
celulose. Fonte: Google Earth, 2018.

3. IMPLANTAÇÃO DA CULTURA

O produtor dispõe de todo o maquinário necessário para implantação da


cultura na área, bem como mão de obra contratada como agrônomo responsável e
tratoristas.

3.1 Preparo Físico do solo

A cultura acompanhada é cultivada no sistema de plantio convencional, com


isso torna-se necessário a prática de preparo antecipado do solo. O preparo foi
realizado com o trator John Deere 7815. O solo foi gradeado e em seguida foi
realizado uma subsolagem a 40 cm de profundidade, que tem como função
descompactar o solo. Na sequência foi utilizado uma grade leve para destorroar. Por
fim uma escarificação perpendicular à linha de plantio foi realizada. De acordo com o
produtor é necessário realizar essa operação perpendicular à linha de plantio para
que o trator possa se deslocar sem dificuldades no momento da semeadura.

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3.2 Prepara Químico do solo
O produtor realiza análise química do solo em todas as suas áreas. A
quantidade de calcário é determinada com base nas análises químicas. As amostras
são coletadas em vários pontos da área e a aplicação é feita em taxa variável.
A recomendação de adubação segue um padrão em sua propriedade
independente do resultado da análise química. Na área estudada foi utilizado 0,90
Kg/ha de Fosfato Monoamônio (MAP) visando diminuir os teores de Nitrogênio no
solo. A adubação foi realizada antes do plantio. De acordo com o produtor adubar
antes aumenta o rendimento operacional, pois não é necessário ficar parando para
abastecer de fertilizante no momento do plantio. O adubo é depositado nas linhas
onde serão plantadas as batatas. Isso só é possível devido ao sinal RTK que o
agricultor possui.
● MAP - 10% de Nitrogênio e 46 a 50% de P₂O₅

3.3 Plantio
Devido ao alto custo e baixa disponibilidade de sementes, geração 0 (G0),
comercializadas o agricultor produz sementes para venda e para plantio em suas
áreas. No verão as sementes são produzidas na região de Guarapuava/PR e no
inverno na região de Faxinal/PR. As variedades cultivadas em sua propriedade são:
Ágata, Atlantic, FL e Asterix. O produtor relatou que compra as sementes G0 do
laboratório e produz a geração G1, G2, G3 e C1. São plantadas, em sua propriedade,
as gerações G3 ou C1 dependendo da disponibilidade e sanidade das sementes.
Na área analisada, o produtor está produzindo uma batata especial para a
empresa Elma Chips destinada a produção de uma certa linha de chips. A semente
dessa batata foi fornecida ao produtor pela própria empresa. A cultivar cedida pela
empresa é a Fl1867 que foi importada do Chile. Devido ao contrato com a empresa,
a geração plantada foi G2.
Após a colheita as sementes são classificadas de acordo com seu diâmetro
em tipo 0, tipo I, tipo II, tipo III, tipo IV e do tipo V em uma classificadora conforme
figura 2. Sementes tipo 0 possuem diâmetro maior que 60 mm e uma massa
aproximada de 130 g. Sementes do tipo I possuem diâmetro entre 60 mm e 50 mm,
com uma massa aproximada de 110 g. As sementes do tipo II possuem diâmetro
entre 50 mm e 40 mm com uma massa aproximada de 60 g. Sementes do tipo III
possuem diâmetro entre 40 mm e 30 mm e massa aproximada de 30 g. As sementes

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do tipo IV possuem diâmetro entre 30 mm e 23 mm, contendo uma massa aproximada
de 10 g. As sementes do tipo V possuem diâmetro menor que 23 mm e uma massa
aproximada de 7 g. As sementes classificadas que não serão plantadas logo após a
colheita são armazenadas na câmara fria a 3ºC, para reduzir o metabolismo, até o
momento da implantação (Figura 3). De acordo com o agrônomo responsável essas
sementes podem ficar armazenadas por até oito meses sem prejuízos no vigor.

Figura 2: Classificadora de sementes de batata. Fonte: Outeiro, 2018.

Figura 3: Sementes armazenadas na câmara fria. Fonte: Outeiro, 2018.

Após o período de permanência na câmara fria, a batata foi retirada para iniciar
a brotação. As sementes brotadas foram transportadas para a área onde foi realizado
o plantio da cultivar FL 1867 geração G2, destinada à indústria, que será
comercializada para cumprir contrato.
O plantio foi realizado em 22, 23 e 24 de outubro de 2018 com uma plantadeira
de quatro linhas conforme figura 4.

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Figura 4: Operação de plantio sendo realizada. Fonte: Gasperotto, 2018.

O espaçamento de plantio entre tubérculos foi definido de acordo com os cinco


tipos de sementes:
● Semente tipo 0: 30 cm
● Semente tipo 1: 27 cm
● Semente tipo 2: 25 cm
● Semente tipo 3: 23 cm
● Semente tipo 4: 15 cm
O espaçamento entre linhas permaneceu o mesmo, independentemente do tipo de
semente, definido como 80 cm e a plantadora foi regulada em que a semente de
batata permanecesse em torno de 15 cm de profundidade.

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Figura 5: Verificação do espaçamento de plantio de batata. Fonte: Gasperotto, 2018.

No momento da implantação, é pulverizado no sulco de plantio, um tratamento de


sementes com inseticida Klorpan (CLORPIRIFÓS) 480 EC 1,5 L/ha, fungicida Pulsor
240 SC (TIFLUZAMIDA) 2 L/ha e ICON ZINC para estimular o enraizamento a 60
ml/ha (Figura 6).

Figura 6: Produtos utilizados como tratamento de sementes durante o plantio. Fonte: Gasperotto,
2018.

Após a operação de semeadura um trator com um subsolador com duas hastes


(Figura 7) passa para romper a camada compactada e aumentar a infiltração de água.
A finalidade é reduzir os riscos de erosão na lavoura. De acordo com o produtor nos
rastros onde o trator compacta o risco de erosão é maior do que um local sem a
compactação do rodado.

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Figura 7: Trator com duas hastes passando após a plantadora. Fonte: Gasperotto, 2018.

3.4 Amontoa
A amontoa tem a finalidade de proteger os tubérculos do ataque de pragas,
assim como evitar a incidência direta da radiação solar e aumentar a aeração do solo
e indiretamente realiza o controle de plantas daninhas.
O processo de amontoa é realizado no mesmo dia da semeadura. Isso é
possível porque o agricultor possui em seus tratores GPS com sinal RTK. Com essa
tecnologia embarcada, o produtor relatou que consegue reduzir significativamente as
perdas de produtividade que ocorrem quando a amontoa é realizada após a
emergência da planta. Logo após passar a plantadora um trator com uma enxada
rotativa passa fazendo a amontoa conforme figura 8.

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Figura 8: Processo de amontoa. Fonte: Gasperotto, 2018.

4. PERÍODO CLIMÁTICO
A disponibilidade de água para qualquer cultura é essencial para que ocorra a
fotossíntese e a absorção de nutrientes. Em épocas com baixa precipitação é
necessário fornecer água para a cultura para evitar perdas de produtividade. O
produtor possui maquinário de irrigação com canhões da marca Irriga Brasil, contudo
na maioria das vezes não é necessário irrigar suas áreas devido a altas precipitações
na região de Guarapuava onde cultiva suas lavouras. A figura 9 a seguir ilustra a
precipitação de janeiro até novembro de 2018 na cidade de Irati/PR, localizada a
aproximadamente 100 Km de Guarapuava/PR. É possível verificar altas precipitações
no mês de setembro e outubro.

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Figura 9: Precipitação média mensal para o ano de 2018 até o mês de novembro. Fonte: INMET,
2018.

5 MANEJO

5.1 Manejo de plantas daninhas


O controle de plantas daninhas inicia-se com a dessecação da área para a
implantação da cultura da batata, os produtos utilizados foram Sencor 480 e
Gramoxone conforme a lista abaixo. A amontoa é um controle mecânico de plantas
daninhas. Foi realizado o levantamento de plantas daninhas na área, onde foi
encontrado plantas invasoras como a Buva. Para o controle dessas plantas o
agrônomo responsável receitou mais uma dose do produto comercial Sencor (1,1
L/ha) e Gramoxone (1,5 L/ha).
- SENCOR 480: Herbicida pré e pós-emergente, residual do grupo triazinona
seletivo, altamente eficaz contra plantas daninhas de folhas largas na
cultura da batata, café, cana-de-açúcar, mandioca, trigo, tomate e soja. A
dose recomendada para a cultura da batata é de 0,75-1,5 L/ha do produto
comercial.

- GRAMOXONE 200: Herbicida de aplicação em pós-emergências das


plantas infestantes, de ação não-sistêmica (de contato). Para a cultura da
batata a dose recomendada é de 1,5-2,0 L/ha do produto comercial.

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5.2 Manejo de pragas
Os insetos-praga da cultura da batata podem causar quedas significativas na
produção, as espécies variam de acordo com a região, dessa forma o controle deve
ser feito assim que surgirem os primeiros insetos de acordo com o recomendado pela
Adapar.
As aplicações de inseticidas foram feitas no sulco de plantio como tratamento
de sementes e depois serão feitas aplicações calendarizadas de acordo com a
ocorrência de pragas.
Alguns inseticidas registrados para o controle de pragas registradas e que
podem ser utilizados caso ocorra incidência de pragas são:

- REGENT 800WG: Inseticida de contato do grupo dos Pirazóis


recomendado para o controle de Diabrotica speciosa (Larva-alfinete) na
cultura da batata. A dose recomendada pela Adapar é 0,15 Kg/ha.
- ACTARA 250WG: Inseticida de ação sistêmica, do grupo dos
Neonicotinóides, recomendado para o controle de Diabrotica speciosa,
Conoderus scalaris (Larva-arame) e Myzus persicae (Pulgão-verde) na
cultura da batata. A dose recomendada pela Adapar é de 0,05-0,06 Kg/ha
foliar ou 0,6 Kg/ha em sulco de plantio ou 0,8 Kg/ha antes da amontoa.
- LORSBAN 480BR: Inseticida de contato do grupo dos Organofosforados,
recomendado para o controle de Agrotis ipsilon (Lagarta-rosca) na cultura
da batata. A dose recomendada pela Adapar é de 1,5 L/ha.
- ENGEO PLENO: Inseticida sistêmico de contato e ingestão dos grupos
químicos neonicotinóide e piretróide, recomendado para o controle de
Myzus persicae, Epicauta atomaria (Vaquinha-das-solanáceas) e
Diabrotica speciosa na cultura da batata.
- FASTAC DUO: Inseticida sistêmico e de contato do grupo químico
neonicotinóide e piretróide, não recomendado para a cultura da batata.
- AMPLIGO: Inseticida de contato e ingestão do grupo químico Piretróide e
Antranilamida, recomendado para o controle de Phthorimaea operculella
(Traça-da-batata) e Diabrotica speciosa na cultura da batata.

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5.3 Manejo de doenças

O manejo de doenças na batata se inicia com o cultivo em áreas sem histórico


de cultivo de batata nos 4 anos anteriores, buscando evadir-se de locais com a
presença de inóculo, e pela aquisição de sementes de qualidade, certificadas, sem a
presença de bactérias ou vírus.
Um controle preventivo foi realizado com aplicações em sulco de plantio como
tratamento de sementes. Devido ao atraso da implantação da cultura por causa da
chuva, as plantas, na área acompanhada na região da Palmeirinha, estão começando
a emergir e até o momento não apresentaram sintomas. Portanto até o momento
nenhuma aplicação foi realizada para o controle de doenças após o plantio. Para as
doenças que surgirem serão realizadas aplicações calendarizadas.
De acordo com o responsável técnico as doenças que mais ocorrem são
requeima e pinta preta. Para o controle da requeima são utilizados os produtos: Totalit
(Bentiavalicarbe isopropílico + Clorotalonil) 1000 ml de p.c./ha; Redomil ( Mancozeb
+ Metalaxyl-M) 2,5 kg p.c./ha; Infinito (Cloridrato de propamocarbe + Fluopicolide);
Dithane (Mancozebe) 3 kg p.c./ha; Forum (Dimetomorfe) 0,8 kg p.c./ha. Para o
controle da pinta preta usam-se os seguintes: Dithane (Mancozebe) 3 kg p.c./ha;
Totalit (Bentiavalicarbe isopropílico + Clorotalonil) 1000 ml de p.c./ha; Score
(Difenoconazol) 0,3 L p.c./ha; Agata (Fluazinam) 1 L p.c./ha; Amistar WG
(Azoxistrobina) 80 g p.c./ha; Absoluto SC (Clorotalonil) 1,75 a 2 L p.c./ha; REVUS®
(MANDIPROPAMIDA) 0,5 L p.c./ha.
Outros fungicidas registrados e que podem ser utilizados para o controle de
doenças na batata são:

- MAXIM®: Fungicida de contato do grupo fenilpirrol para o controle de Crosta-preta


(Rhizoctonia solani),onde a dose recomendada é de 2,0 g/100 kg de ingrediente ativo.
- PRIORI 250 SC: Fungicida sistêmico do grupo das estrobilurina em suspensão
concentrada (SC).
- BION® 500 WG: Fungicida ativador de plantas do grupo químicos benzotiadiazol,
em granulado dispersível (WG) para o controle de requeima (Phytophthora infestans).
- REVUS®: Fungicida translaminar do grupo éter mandelamida para o controle de
requeima e mela (Phytophthora infestans), onde a dose recomendada é de 400-600
mL/ha.

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- ANTRACOL 700 WP: Fungicida protetivo e orgânico do grupo Alquilenobis
(Ditiocarbamatos), para o controle de Pinta-Preta (Alternaria solani) e Requeima
(Phytosphthora infestans), onde a dose recomendada é de 2,1 kg/ha do ingrediente
ativo.
- CONSENTO: Fungicida sistêmico e de efeito translaminar , dos grupos Carbamatos
e Imidazolinona, para o controle de Requeima (Phytophthora infestans),onde a dose
recomendada é de 1,7-2,0 L/ha do produto comercial.
- BRAVONIL® 720: Fungicida de contato do grupo químico das isoftalonitrilas, para
o controle de Requeima (Phytophthora infestans) e Pinta-Preta (Alternaria solani),
onde a dose recomendada é de 1,75-2,0 L/ ha do produto comercial.
- ACROBAT ® MZ: Fungicida sistêmico e de contato do grupo da morfina
(ditiocarbamato), para o controle da Requeima (Phytophthora infestans), onde a dose
recomendada é de 2,5 kg/ha do produto comercial.
- ORANIS®: Fungicida sistêmico do grupo das estrobilurina,.
- RIDOMIL GOLD® MZ: Metalaxil-M um fungicida sistêmico do grupo químico
acilalaninato e Mancozebe, fungicida de contato do grupo químico ditiocarbamato,
para o controle de requeima (Phytophthora infestans), onde a dose recomendada é
de 2,5 kg/ha do produto comercial

6. COMERCIALIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO

O produtor possui em sua sede um lavador onde sua produção é beneficiada.


A produção chega da lavoura é lavada e classificada. O produtor possui contrato com
grandes empresas do ramo alimentício, sendo assim ele não precisa se preocupar
com a venda do seu produto. Já está tudo garantido e acertado no contrato. Preço já
fixado, o que diminui os riscos de grandes quebras em relação ao lucro. As batatas
descartadas são doadas ou vendidas por um baixo valor para pessoas da região. As
que foram classificadas são carregadas nos caminhões e transportadas para as
distribuidoras.

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7. ANÁLISE ECONÔMICA

7.1 Custo de produção

O custo de produção por hectare incluindo sementes, gastos com maquinário,


funcionários, manejo do solo, manejo de plantas daninhas, doenças e pragas é em
torno de R$ 37.000/ha. Sendo que o custo com sementes representa de 20-25%
desse valor.

7.2 Rentabilidade econômica

O rendimento das atividades para a produção de batata depende diretamente


dos equipamentos e da mão-de-obra que o proprietário possui. Na lavoura
acompanhada, o produtor possui uma alta tecnificação, possuindo maquinário próprio
e adaptado conforme a própria necessidade.
A rentabilidade econômica é dada pela receita menos o custo. Depende de
vários fatores tais como: clima, incidência de pragas e doenças, valor pago pelo
comércio, produção.
A média da produtividade do bataticultor avaliada nos últimos três anos foi de
30 t/ha.
Na safra 2015/2016 para as batatas destinadas para mesa, por exemplo, o
valor comercializado por saco de 50 Kg foi de R$ 65,19 e o custo por saco de 56,63
dando um lucro de R$ 9,16 por saco de 50 Kg. Já na safra de 2016/2017 e 2017/2018
o valor comercializado por saco foi aproximadamente de R$ 20,00 e o custo foi em
torno de R$ 56,00 por saco. Logo nas duas últimas safras o produtor teve um prejuízo
em torno de R$ 36,00 por saco.
Tendo em vista esses dados de safras passadas, dessa oscilação grande de
mercado que existe em relação a batata, o produtor fazendo seus contratos com as
empresas têm suas garantias de preço estabelecidas já. Sendo assim, anos de
prejuízos muito grandes são muito difíceis de ocorrer.

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8. ANÁLISE CRÍTICA

Durante o acompanhamento observou-se vários pontos positivos na


propriedade e no sistema de produção do agricultor. Como pontos positivos podemos
destacar que o agricultor:
-Possui câmara fria em sua propriedade onde armazena toda a sua produção
de sementes e aluga para outros produtores;
-Possui lavador para beneficiar sua produção e de produtores vizinhos;
-Tem a sede da fazenda, onde está o lavador e a câmara fria, em uma
localização muito proveitosa, pois possui ótimas condições de acesso, próxima a PR
466 favorecendo assim o escoamento da produção;
-Implantado, no lavador, um sistema de reaproveitamento de água, em que a
água suja é retornada para tanques que possuem um sistema de filtragem;
-O produtor apresenta em sua totalidade a autossuficiência em sementes que
são plantadas para o comércio. Somente adquire de laboratórios certificados as
sementes G0.
-Faz regulagens dos distribuidores a lanço e dos pulverizadores;
-Faz análise química em sua área para determinar aplicação de calcário e
utiliza aplicação em taxa variável;
-Possui um sistema de georreferênciamento preciso (RTK);
-Possui uma urna onde os funcionários podem deixar uma sugestão ou
reclamação.

Figura 10: Câmara fria própria do produtor no local de beneficiamento. Fonte: Outeiro, 2018.

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Como pontos negativos podemos destacar que o produtor:
-Não mensura a umidade do solo para determinar irrigação;
-Observamos alguns problemas fitossanitários nas sementes devido ao
armazenamento prolongado;
-Não faz análise química para adubação em algumas áreas;
-Base do RTK muito antiga, o que gera alguns problemas de funcionamento às
vezes;

Figura 11: Problemas fitossanitários observados nas sementes de batata. Fonte: Gasperotto, 2018.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O acompanhamento da lavoura de batata foi de grande importância e impacto
para a formação profissional de nós acadêmicos. Foi possível observar a realidade
do campo, o que em muitos aspectos difere do que aprendemos na teoria, como por
exemplo, a aplicação de fungicidas e inseticidas calendarizados, sem ter o mínimo de
conhecimento da necessidade do produto, em contrapartida, pudemos ver o quanto
a produção de batata gera empregos para a região.
Tivemos a oportunidade de fazer uma análise crítica do que vemos na teoria e
como é feito no dia a dia do produtor, as dificuldades que o mesmo enfrenta, como
variações climáticas, atraso de entregas e algumas falhas de operação.
A vivência no campo juntamente com o produtor permitiu que debater nossos
conhecimentos agronômicos entre o grupo, com os demais colegas de classe e em
alguns momentos com o produtor que ofertou essa oportunidade a cada um.

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10. GRUPO
O grupo que realizou o acompanhamento, é formado por quatro acadêmicos do
curso de agronomia da Universidade Estadual do Centro Oeste, Campus Cedeteg. A
figura abaixo representa a visita durante o plantio da cultura na área acompanhada.

A participação dos acadêmicos no trabalho foi:


Laís Maximo Gasperotto → 100%
Vitor Hugo Outeiro → 100%
Wellington Zart → 100%
Willian dos Santos Junior → 100%

11. REFERÊNCIAS

CAVIGLIONE et al., S. B.; SANTOS, H. G.; MANZATTO, C. V.; et al. Mapa de Solos
do Estado do Paraná. , 2013. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2007. Disponível em:
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