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GRANDE DO SUL
Campus Ibirubá
LUCAS COSSUL
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Ibirubá
2016
LUCAS COSSUL
Ibirubá
2016
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3
2. DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................4
2.2.1.2. Percevejos....................................................................................................................10
2.2.2.4. DFC’s...........................................................................................................................19
3. CONCLUSÃO.....................................................................................................................24
REFERÊNCIAS......................................................................................................................25
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1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
Figura 1 – Sede da empresa Grandespe Sementes e Agronegócios, Linha Arroio Angico, Tapera, RS.
A soja atualmente cultivada com o intuito de produzir grãos no Brasil, a Glycine max,
é uma planta herbácea incluída na classe Magnoliopsida, ordem Fabales, família Fabaceae,
subfamília Faboideae, gênero Glycine L., espécie max (NUNES, 2013).
Esta soja é muito diferente dos ancestrais que lhe deram origem: espécies de plantas
rasteiras que se desenvolviam na costa leste da Ásia, principalmente ao longo do Rio
Amarelo, na China (VIDOR et al., 2004).
Com o passar dos anos, cruzamentos naturais e artificiais possibilitaram a exploração
agrícola da cultura para a produção de grãos, esta agora em território brasileiro possuindo
ciclos entre 100 e 160 dias e estatura entre 80 e 150 cm (dependendo de diversos fatores);
folhas trifolioladas (exceto as duas cotiledonares e o par de folhas no nó acima destas, que são
simples); caule ramoso (variando em intensidade quanto ao cultivar) e híspido; flores com
fecundação autógama e de coloração branca, roxa ou púrpura; sistema radicular pivotante e
com grande número de raízes secundárias; legume (vagem) levemente arqueado, peludo e
com coloração que varia de verde a amarelo-palha, cinza ou preto ao longo do
desenvolvimento da cultura, podendo conter de 1 a 5 grãos lisos, ovais, globosos ou elípticos,
com tegumento amarelo claro e hilo preto, cinza ou marrom (NUNES, 2013).
Quanto à classificação dos estádios fenológicos da cultura, estes são de extrema
importância para a identificação do ciclo da cultivar e de períodos críticos de controle de
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pragas, plantas daninhas e doenças, assim podendo ser feita uma programação prévia dos
tratos culturais. E também, por introduzirem um termo global e detalhado para a identificação
das fases da cultura, facilitam muito o trabalho de pesquisadores, por exemplo, os quais
possuem assim uma linguagem padrão para ser usada em seus artigos.
Os estádios da soja se subdividem em vegetativo (representado pela letra V) e
reprodutivo (representado pela letra R), estes seguidos de números conforme o
desenvolvimento, com exceção dos estádios VE, VC e Vn.
Segundo Yorinori (1996), os estádios da cultura da soja são os seguintes, destacados
na Figura 2:
I. Fase Vegetativa
VC. Da emergência a cotilédones abertos.
V1. Primeiro nó; folhas unifolioladas abertas.
V2. Segundo nó; primeiro trifólio aberto.
V3. Terceiro nó; segundo trifólio aberto.
Vn. Enésimo (último) nó com trifólio aberto, antes da floração.
Figura 2 – Esquema do ciclo vegetativo contendo as fases mais importantes das plantas de soja.
Fonte: BAYER (2016)
Ao atingir a fase de pupa, o inseto envolve-se com fios de seda geralmente na face
inferior das folhas, sendo estas pupas verdes no início (Figura 4, C) e gradualmente tornando-
se marrons, até o atingimento da fase adulta (MOREIRA E ARAGÃO, 2009).
Nesta safra 2015/16, conforme as áreas acompanhadas, a falsa-medideira foi a lagarta
mais encontrada e a que causou maiores danos na cultura da soja. Em áreas monitoradas,
foram encontradas até 60 lagartas por pano de batida, o que é extremamente elevado, sendo
que a empresa recomendava o controle quando eram encontradas entre 2 e 3 lagartas por pano
de batida, dependendo do estádio da soja.
É possível afirmar que esta grande incidência da C. includens nas últimas safras deve
se à aplicação exagerada de inseticidas nas fases iniciais da cultura e ao uso de fungicidas não
seletivos para o controle da ferrugem asiática da soja, que afetaram negativamente as
populações dos inimigos naturais da lagarta, como as vespinhas (Copidosoma sp.) e,
especialmente, as doenças fúngicas, como a doença branca (Nomuraea rileyi) e a doença
marrom (Pandora sp. e Zoophthora sp.) (LANTMANN, 2014).
Aliado a isso, nas últimas safras, têm sido observado veranicos e altas temperaturas,
que também são condições favoráveis ao desenvolvimento da falsa-medideira (LANTMANN,
2014).
Quanto ao controle da lagarta, o mais eficiente é o uso de cultivares resistentes, com a
tecnologia Intacta. Já nas cultivares não resistentes, o controle químico demonstrou-se
importante, sendo recomendado principalmente o inseticida Premio®
(CLORANTRANILIPROLE), na dose de 50 ml/ha, que apresentou um efeito desejado no
controle, observado no monitoramento pós-aplicação.
A B C
Figura 4 – Lagarta falsa-medideira “fiozinho” (A), adulta (B) e na fase inicial de pupa (C).
2.2.1.2. Percevejos
O controle de percevejos, tanto nas áreas da empresa quanto nas áreas monitoradas de
produtores, foi realizado com a aplicação de inseticidas do grupo dos Acefatos,
principalmente – com destaque para o Perito 970 SG®, na dose de 700 a 800 g do produto
comercial/ha –; ou com a mistura de Trinca Caps® (LAMBDA-CIALOTRINA) +
Imidacloprid Nortox® (IMIDACLOPRID), nas dosagens de 30 e 200 ml do produto
comercial/ha, respectivamente. Ambas as aplicações apresentaram um controle satisfatório,
aferidas no monitoramento pós-aplicação.
As espécies de percevejo encontradas no estágio foram três: o percevejo marrom
(Euschistus heros), a principal espécie atualmente, encontrada em praticamente toda área
monitorada; os percevejos barriga-verde (Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus),
encontrados em menor incidência; e o percevejo-asa-preta ou percevejo-edessa (Edessa
meditabunda), encontrado em apenas uma área.
O percevejo marrom mede cerca de 1,3 cm de comprimento, possui “chifres”
(expansões laterais do protórax) pontiagudos e cor marrom-escura, com uma mancha branca
no dorso (Figura 5, A) (SARAN, 2012).
Já o termo percevejo barriga-verde é designado para duas espécies: para o Dichelops
melacanthus e para o Dichelops furcatus. Apesar do D. melacanthus ser mais encontrado nas
regiões Sudeste e Centro-Oeste e o D. furcatus mais encontrado aqui na Região Sul do Brasil,
o D. melacanthus foi a espécie encontrada nas áreas monitoradas (Figura 5, B). Ambos os
insetos possuem cerca de 1 cm de comprimento, coloração marrom na região dorsal e abdome
verde, sendo que o que as difere é a coloração do par de espinhos que há nas laterais do
protórax das duas. No D. furcatus, a cor dos espinhos é a mesma da cabeça, enquanto que no
D. melacanthus a coloração das pontas dos espinhos é mais escura em relação à cabeça
(MOREIRA e ARAGÃO, 2009).
E por fim, o percevejo-asa-preta ou edessa mede entre 1,1 e 1,4 cm de comprimento,
tendo coloração verde, com exceção das asas, que são escuras, e das antenas e pernas, que
podem ser amareladas ou castanhas, como pode ser visto na Figura 5, C (SARAN, 2012).
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A B C
Figura 5 – Percevejos adultos das espécies marrom (A), barriga-verde (Dichelops melacanthus)
(B) e asa-preta ou edessa (C) em folhas de soja.
Fonte: COSSUL (2016)
Nesta safra 2015/16, a incidência de tamanduás-da-soja foi muito alta, sendo que em
quase toda área foram encontrados danos do inseto, larvas ou o próprio tamanduá.
O adulto (Figura 6, B) é um besouro que mede 1 cm de comprimento e possui
coloração preta com listras amarelas no dorso da cabeça e nas asas (CAMPO et al., 2000).
Neste estágio, para se alimentar, raspa a haste, ramos e pecíolos das plantas, desfiando os
tecidos no local do ataque (MOREIRA e ARAGÃO, 2009).
Após completar o seu desenvolvimento no interior da “galha”, local onde a fêmea põe
o ovo que dá origem à larva (Figura 6, A), esta última se movimenta para o solo, onde hiberna
em câmaras de 5 a 10 cm de profundidade, por mais ou menos 7 meses, até se tornar uma
pupa, que permanece em período pupal de 3 a 4 semanas, depois disso emergindo do solo na
fase adulta, completando o ciclo biológico que dura um ano (GASSEN, 2001).
Geralmente, o ataque ocorre em reboleiras e é mais comum em locais de plantio direto
e onde não se realiza rotação de culturas (MOREIRA e ARAGÃO, 2009). Neste sentido, para
evitar o ataque da praga, a rotação de culturas com espécies não hospedeiras, como o milho (o
inseto só ataca Fabáceas), é a técnica mais eficiente para o seu manejo; mas sempre associada
a outras estratégias, como plantas-iscas (soja ao lado de milho, por exemplo), para realizar o
controle químico na planta-isca e evitar que o tamanduá persista na área, ou o próprio controle
químico nas áreas de bordadura (aonde o inseto chega primeiro, pois vem voando) (CAMPO
et al., 2000). No controle químico, o princípio ativo indicado e que apresenta melhor controle
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A B
Figura 6 – Larva do tamanduá-da-soja (A) e adulto da espécie (B).
Fonte: COSSUL (2016)
A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrizi, é considerada uma das
doenças mais destrutivas e a que causa maiores danos em várias espécies de plantas da família
Fabácea, na qual se destaca a soja. Danos de sua incidência na cultura da soja ao redor do
mundo apontam perdas de até 90% da produtividade (ALMEIDA et al., in KIMATI et al.,
2005).
As condições ideais ao desenvolvimento da ferrugem asiática são temperaturas entre
21-28º C e um período de molhamento foliar entre 10-12 horas, sendo que alguns autores
ainda apontam a baixa incidência de luz como uma destas condições (ALMEIDA et al., in
KIMATI et al., 2005).
Os sintomas da doença (Figura 9) são encontrados primeiramente nas folhas do
baixeiro, próximas ao solo, onde há menor incidência de luz e maior umidade, além de ser
uma área mais difícil para o alcance de fungicidas pelo arranjo das cultivares, fatores que
favorecem o desenvolvimento do fungo. E conforme aumenta a densidade das lesões, ocorre o
amarelecimento e queda prematura das folhas (desfolha), estas últimas podendo secar e
continuarem presas à planta (REIS et al., 2006). Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor
será o tamanho dos grãos e, por consequência, menor o rendimento e a qualidade destes, pois
as folhas, que deveriam, a partir da produção de fotoassimilados, continuar nutrindo as
sementes, não estão mais presentes.
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2.2.2.4. DFC’s
O fungo de ambas as doenças pode ser disseminado por sementes infectadas, pela ação
do vento e por implementos agrícolas contaminados, sendo que podem sobreviver em restos
culturais, sementes, hospedeiros alternativos e soja tiguera (ALMEIDA et al., in KIMATI et
al., 2005). E conforme o mesmo autor, devido à disseminação dos esporos ser eficiente
através do vento, os sintomas de ambas as doenças ocorrem de forma generalizada no campo,
podendo causar reduções na produtividade de até 30% cada uma.
Deve se ressaltar também que a prática de controle mais utilizada para estas doenças é
a aplicação de fungicidas, estes com o objetivo principal de controle à ferrugem asiática, mas
que na maioria das vezes também possuem efeito satisfatório no controle de tais. Porém, o
ideal é um conjunto de práticas de manejo, tais como o uso de sementes sadias e tratadas,
adubação equilibrada (principalmente em relação ao potássio), rotação de culturas com
espécies não hospedeiras, eliminação da soja tiguera e de hospedeiros alternativos e evitar a
alta população de plantas (ALMEIDA et al., in KIMATI et al., 2005).
Os sintomas do fungo C. kikuchii são o crestamento foliar de cercospora e a mancha
púrpura da semente, sendo que o crestamento foliar inicia nas bordas dos folíolos, geralmente
após o enchimento de grãos, e não apresenta formato definido, formando grandes manchas
escuras necróticas que causam a desfolha precoce (CARREGAL e SILVA, 2015). Nas
vagens, evidencia-se a presença da mancha púrpura com a formação de pontuações vermelhas
que evoluem para manchas castanho-avermelhadas, através de onde o fungo atinge a semente,
causando a mancha púrpura do tegumento, que afeta a qualidade desta (HENNING et al.,
2005).
O crestamento foliar de cercospora e a mancha púrpura da semente puderam ser
identificados em uma área de BMX Magna da empresa, no município de Cruz Alta, a partir da
avaliação visual das folhas e de alguns grãos (Figura 12).
A B
Figura 12 – Sintomas de Cercospora kikuchii nas folhas (A) e em grão de soja (B).
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Segundo Almeida et al., in Kimati et al. (2005), esta doença não é encontrada com
muita frequência em nossa região, sendo mais comum no cerrado brasileiro; e é favorecida
por altas temperaturas aliadas a altos níveis pluviométricos e elevada densidade de semeadura.
A doença pode causar morte de plântulas, necrose dos pecíolos e manchas nas folhas,
hastes e vagens, podendo atacar a planta em todos os estádios de desenvolvimento
(HENNING et al., 2005). E conforme os mesmos autores, quando o fungo ataca as vagens nos
estádios R3-R4, tornando-as retorcidas e com coloração escura, o inóculo da doença é
transmitido às sementes – que ficam com manchas de coloração castanho-escura –, estas se
tornando um meio de disseminação da doença às plântulas que originarão, resultando no
tombamento destas após a emergência. Outro meio de sobrevivência do fungo é nos restos
culturais também infectados.
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3. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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NUNES, José Luis da Silva. Características da Soja (Glycine Max). Agrolink, 2013.
Disponível em: <http://www.agrolink.com.br/culturas/soja/caracteristicas.aspx>. Acessado
em 05/05/2016.
REIS, Erlei Melo; BRESOLIN, Andrea C. R.; CARMONA, Marcelo. Doenças da Soja I:
Ferrugem Asiática, 2006. 78p.
SARAN, Paulo Edimar. Manual de Identificação de percevejos da soja. FMC Agricultural
Products, 2012. Disponível em: <
http://www.percevejos.com.br/wp-content/themes/somax/images/MANUAL_percevejos_2_1.
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SILVA, J. S.; PARIZZI, F. C.; SOBRINHO, J. C. Beneficiamento de Grãos. Cap 13, p.1-17,
1995.
VIDOR, Caio; FONTOURA, José Ubirajara Garcia; MACEDO, Jamil ; NAPOLEÃO,
Baldonedo Arthur; MIN, Tien. Cultivo da soja: A Soja no Brasil. EMBRAPA Soja, 2004.
Disponível em: <http://www.cnpso.embrapa.br/producaosoja/SojanoBrasil.htm>. Acessado
em 05/05/2016.
VIDOR, Caio; FONTOURA, José Ubirajara Garcia; MACEDO, Jamil ; NAPOLEÃO,
Baldonedo Arthur; MIN, Tien. Cultivo da soja: Manejo de Insetos-Pragas. EMBRAPA Soja,
2004. Disponível em: <http://www.cnpso.embrapa.br/producaosoja/manejoi.htm>. Acessado
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YORINORI, José Tadashi. Estádios de desenvolvimento da soja. Embrapa Soja, 1996.
Disponível em: <http://www.cnpso.embrapa.br/alerta/ver_alerta.php?cod_pagina_sa=69>.
Acessado em 05/05/2016.