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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

CAMPUS LARANJEIRAS DO SUL

CURSO DE AGRONOMIA

FERNANDO FIRECK

VICTOR THIAGO E. GONÇALVES

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PARA CULTURA DO FEIJÃO

LARANJEIRAS DO SUL

2022
2

FERNANDO FIRECK

VICTOR THIAGO E. GONÇALVES

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA PARA CULTURA DO FEIJÃO

Trabalho da disciplina de cultivos


integrados de inverno do curso de
Agronomia da Universidade Federal da
Fronteira Sul, com intuito de obter nota em
cumprimento parcial aos requisitos para
obtenção de nota.

Orientador: Professor Dr. Geraldo Deffune


Gonçalves de Oliveira.

LARANJEIRAS DO SUL – PR

2022
3

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo abordar uma revisão bibliográfica a respeito
da cultura do feijão-comum Phaseolus vulgaris L. trazendo os principais pontos para o
cultivo tais como, Clima, solo e época de cultivo, cultivares ou variedades cultivadas,
manejo do solo, fosfatagem, plantio, Tratos culturais; Manejo fitossanitário, manejo dos
principais fitopatógenos e principais insetos filófagos; Colheita; Comercialização;
abordando especificamente cada um dos itens, trazendo um parâmetro geral da cultura
desde o plantio a colheita, aspectos econômicos e sociais da cultura, no Brasil e no mundo.

Palavras-chave: manejo, Brasil, aspectos.


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................5
2. CLIMA, SOLO E ÉPOCA DE CULTIVO;....................................................................8
3. CULTIVARES OU VARIEDADES CULTIVADAS....................................................9
4. MANEJO DO SOLO;...................................................................................................11
4.1. PREPARO DO SOLO...............................................................................................12
4.2. CORREÇÃO DA FERTILIDADE E ADUBAÇÃO................................................12
4.2.1 FOSFATAGEM......................................................................................................13
5. SEMEADURA..............................................................................................................15
6. TRATOS CULTURAIS...............................................................................................16
6.1 CAPINAS E LIMPEZAS DO TERRENO.................................................................16
6.2 MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS............................................17
6.3 NÍVEL DE DANO ECONÔMICO - NDE................................................................17
6.4 PERÍODOS CRÍTICOS – PC....................................................................................18
6.5 MÉTODOS DE CONTROLE....................................................................................18
7. MANEJO FITOSSANITÁRIO:...................................................................................23
7.1 PRINCIPAIS ESPÉCIES FITÓFAGAS....................................................................23
7.2 PRINCIPAIS FITOPATÓGENOS.............................................................................30
8. COLHEITA..................................................................................................................38
9. COMERCIALIZAÇÃO................................................................................................40
9.1 MERCADO MUNDIAL DO FEIJÃO.......................................................................40
9.2 MERCADO NACIONAL DO FEIJÃO.....................................................................40
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................40
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................41
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1. INTRODUÇÃO

CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA:
REINO: Plantae
CLASSE: Dicotyledoneae
ORDEM: Rosales
FAMÍLIA: Fabaceae
SUBFAMÍLIA: Papilionoideae
GÊNERO: Phaseolus L.

Quanto ao hábito de crescimento da planta de feijoeiro podemos dividir em grupos


principais:

● Tipo I: hábito de crescimento determinado, arbustivo e porte da planta ereto

● Tipo II: hábito de crescimento indeterminado, arbustivo, porte da planta ereto e


caule pouco ramificado.

● Tipo III: hábito de crescimento indeterminado, prostrado ou semiprostrado, com


ramificação bem desenvolvida e aberta.

● Tipo IV: hábito de crescimento indeterminado, trepador; caule com forte


dominância apical e número reduzido de ramos laterais, pouco
desenvolvidos.Ocorrem hábitos intermediários entre os hábitos indeterminados II /
III, e III / IV.
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O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um dos principais alimentos que não podem faltar na
mesa do brasiliero, considerado por nutricionistas um alimento quase perfeito, pois contém
alto conteúdo de fibras, proteínas carboidratos complexos e outros componentes que
constitui a dieta como o ácido fólico (fonte de vitamina B), zinco, magnésio, ferro e o
potássio (CIAT, 2002). No entanto, de acordo com (COÊLHO, J.D.; XIMENES, L. F.,
2020) o Brasil ocupa apenas a terceira posição no ranking mundial de produção de feijão, e
no país a região Nordeste se destaca na quantidade de área para produção do grão mostrado
na tabela 1, mas quando fala em produtividade em quilogramas por hectare acaba perdendo
essa posição para as demais regiões. Economicamente o feijão na safra 2020 teve um
balanço positivo na relação exportação/importação (tabela 2.).

TABELA 1.

Fonte: CONAB (2020a).

Nota: (1) Previsão, em novembro/2020.

TABELA 2

.
7

Fonte: Elaborado pelos autores, a partir de dados do ComexStat (MINISTÉRIO DA


ECONOMIA..., 2020). Notas: NCM 070820, 071331, 071332, 071333, 071335, 071339.

O presente trabalho tem como objetivo geral trazer informações sobre a cultura do
feijão (Phaseolus vulgaris L.) e especificar sobre os principais pontos necessários para
cultivar esse grão, tais como:

● Clima, solo e época de cultivo;

● Cultivares ou variedades cultivadas;

● Manejo do solo;

● Plantio;

● Tratos culturais;

● Manejo fitossanitário;

● Colheita;

● Comercialização;

O gênero Phaseolus compreende mais de 30 espécies e dentre delas apenas 4 são


domesticadas (Phaseolus acutifolius, Phaseolus lunatus, Phaseolus polyanthus, Phaseolus
vulgaris), o centro de origem do gênero foi no continente americano, onde duas áreas de
domesticação foi encontrada, uma delas na América Central onde originou-se as sementes
pequenas e outra foi na América do Sul onde foram selecionadas sementes maiores
(FARIA ET AL., 2005).
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2. CLIMA, SOLO E ÉPOCA DE CULTIVO;

De acordo com (BARBOSA; GONZAGA, 2012) como o feijoeiro tem uma ampla
distribuição geográfica e pode ser cultivado em todos os continentes acaba tendo uma
grande variação térmica que pode ser de uma temperatura mínima do ar de 10 ° C à uma
máxima de 35 ° C sendo que a temperatura do ar ideal e onde se consegue uma boa
produtividade é em regiões que a faixa térmica seja de 17° C à 25° C, e a temperatura do ar
é o elemento que mais exerce influência sobre a cultura podendo reduzir de uma forma
significativa o vingamento de vagens.

Quanto a precipitação pluviométrica a cultura do feijoeiro necessita em torno de


300 a 600 mm de água ao longo de seus estádios de desenvolvimento com uma
disponibilidade mínima de 100 mm por mês (DOURADO-NETO & FANCELLI, 2000
apud MARCO et al., 2012).

Hoje em dia existem ferramentas que facilitam a vida do agricultor e do técnico


responsável na escolha de quando plantar e de quais serão os riscos em porcentagem, uma
delas é o ZARC (Zoneamento agrícola de risco climático) uma ferramenta que está
disponível no site do MAPA (Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento), na
imagem 1 mostra a projeção de riscos na cidade de Laranjeiras do Sul na safra 2022/2023
para feijão.

IMAGEM 1.
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Quanto ao solo, como toda planta, o feijoeiro é uma planta que necessita de um
solo rico em minerais e descompactado, o solo tem que ter uma boa infiltração.

O ciclo dessa leguminosa é relativamente curto de 70 a 110 dias e o seu plantio


pode-se dar em três épocas:

● Primeira safra, “águas”

● Segunda safra, “seca”

● Terceira safra, “outono-inverno”

A primeira safra pode ser semeada em outubro/novembro, a segunda safra pode ser
semeada em fevereiro/março, porém a terceira safra para nossa região de Guarapuava pode
ser até semeada e ao mesmo tempo tem que ser assumido o alto risco de geadas
danificarem toda a lavoura (BARBOSA; GONZAGA, 2012).

3. CULTIVARES OU VARIEDADES CULTIVADAS

BRS FC406: é uma cultivar de alta produtividade, direcionada para a safra e safrinha da
Região Central do Brasil. A BRS FC406 é de ciclo normal, 85 dias, possui grãos com
10

excelente peneira e apresenta resistência moderada às principais doenças foliares que


impactam a cultura do feijoeiro: a antracnose e a mancha angular.

BRS FS305: é uma cultivar voltada aos interessados em exportar feijão ou comercializar
um produto diferenciado no mercado brasileiro. A BRS FS305 é do grupo Calima, grão
negociado no mercado internacional e se constitui em uma inovação, pois passou por
avaliação e validação do programa de melhoramento nacional, sendo a primeira a ser
disponibilizada comercialmente no País.

Além disso, atende à crescente demanda da alta gastronomia, por se tratar de um grão
graúdo, rajado, utilizado para a preparação de pratos especiais na culinária. A BRS FS305
possui boa adaptação às condições de cultivo brasileiras e resistência moderada à
antracnose, mancha angular e ferrugem. A massa de grãos está entre 60 e 70 g por 100
sementes. O potencial produtivo é de 3.615 kg/ha.

BRS FC401 RMD: é a primeira cultivar de feijão comum carioca registrada e protegida no
Brasil com resistência efetiva ao mosaico-dourado, sendo a primeira cultivar
geneticamente modificada de feijão comum já desenvolvida em todo o mundo. É uma
ferramenta muito importante que, somada à correta época de plantio e ao manejo integrado
de pragas, pode assegurar uma efetiva produção.

O potencial produtivo é de 4.000 kg ha-1. Nos ensaios de campo, apresentou resistência


efetiva ao mosaico-dourado e ao mosaico-comum, além de resistência à antracnose e
reação moderada à ferrugem e ao crestamento bacteriano comum. Com relação às
características de qualidade de grãos, possui uniformidade para a coloração e o tamanho
dos grãos, apresentando aspecto de grãos similar à Pérola. Ciclo normal (média de 87 dias
da emergência à maturação fisiológica, variando de 85 a 91 dias).

BRS FP403: é uma cultivar diferenciada do grupo preto. Com essa cultivar, os produtores
estarão acessando o maior potencial produtivo já encontrado em genética de feijão preto.

Esta solução tecnológica foi desenvolvida para suprir a carência de cultivares de grão preto
com tolerância a Fusarium Oxysporum. Podendo ser amplamente utilizada na terceira
safra, em pivôs que apresentam esta limitação. Apresenta ciclo normal (de 85 a 90 dias, da
emergência à maturação fisiológica), boa arquitetura de planta e o maior potencial
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produtivo entre os feijões pretos. Esta cultivar possui qualidade de grão superior e massa
média de 26 gramas por 100 grãos.

IPR ELDORADO: uma cultivar resultante do cruzamento realizado no IAPAR entre a


linhagem RM8454-21-1-cm e a cultivar IAPAR 14. Com um ciclo médio de
aproximadamente 75 dias com uma altura de 43-55 cm semi ereto, o seu grupo comercial
é o carioca e o com peso de 1000 sementes de 230 gramas.

Outro diferencial dessa variedade é a resistência ao mosaico dourado do feijoeiro, essa


resistência é do tipo horizontal ou parcial, isso quer dizer que as plantas podem ser
infectadas mas não apresentam sintomas graves da doença.

4. MANEJO DO SOLO;

O manejo do solo como em qualquer outra cultura deve ser muito bem feito, pois
isso que dará uma parte da garantia que terá uma boa condição para o estabelecimento da
cultura e que como consequência a produtividade será boa, existem formas de cultivar o
solo e podemos dividir em três:

● Convencional, que faz o revolvimento do solo com arados, escarificadores e grades.

● Mínimo, nessa forma de cultivo o objetivo é revolver o mínimo o solo.

● Plantio direto, esse cultivo não tem revolvimento do solo e mantém o solo sempre
coberto com palhada.

Atualmente com as novas tecnologias a forma mais comum de se ver é o plantio


direto do feijão, pois nele o produtor manterá seu solo coberto e isso ajuda na retenção de
umidade e no controle de plantas espontâneas, além de manter o solo com vida pois nessa
forma de cultivo também mantém uma temperatura ótima para a micro, meso e
macrofauna. Comumente, na região Central-Brasileiro o feijoeiro é cultivado em áreas que
antes eram plantadas milho (Zea mays), arroz (Oryza sativa), soja (Glycine max)
(BARBOSA; GONZAGA, 2012).
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4.1. PREPARO DO SOLO

Para o preparo do solo é necessário primeiramente definir de que forma vai cultivar
o solo, se é de forma convencional, cultivo mínimo ou em sistema de plantio direto, já que
as três formas têm que adotar práticas diferentes.

Convencional: Nesse modo de cultivo será feito a gradagem para revolver o solo.

Cultivo mínimo: Nessa forma de cultivo busca-se ser revolvido o mínimo o solo.

Sistema de plantio direto: Essa forma de cultivo é a que mais se adequa às práticas
conservacionistas do solo, para esse tipo de cultivo será necessário principalmente uma
semeadora para abrir sulcos no solo e logo em seguida fazer a cobertura da semente, é bom
ter palhada para a cobertura do solo e na cultura do feijão é a mais utilizada.

4.2. CORREÇÃO DA FERTILIDADE E ADUBAÇÃO.

A planta do feijão é muito sensível a acidez do solo, dentro de um contexto ideal a


planta precisa de um pH em CaCl2 superior a 5,5, então a fosfatagem, calagem e adubação
sempre tem que ser visando a atender as necessidades da cultura. Para recomendar o que
aplicar e as quantidades é necessário principalmente a análise do solo, isso nos dá a
segurança de saber o que temos e as quantidades de nutrientes no solo e através disso poder
aplicar fertilizantes seja eles químicos ou orgânicos nas quantidades exigidas pela cultura
do feijão dependendo da produtividade prevista.

FOSFATAGEM

Na agricultura convencional utiliza-se muito fazer a calagem para a correção do


solo podendo imobilizar a fixação do fósforo no solo aumenta a quantidade de cálcio no
solo e pode causar desequilíbrio na relação Ca/Mg no solo, onde o recomendado é 5:1 por
isso a fosfatagem é uma opção mais viável para correção, sendo que a fosfatagem corrige o
pH do solo pois é uma substância alcalina e que também pode corrigir o teor de fósforo no
solo, contém micronutrientes e também Ca e Mg e tem um efeito residual maior que os
demais produtos fosfatados não possuem, e após faz uma adubação verde e depois se
necessário uma calagem complementar.

CALAGEM
13

A calagem de acordo com (PAULETTI V.; MOTTA A.C.V.,2019) no estado do


Paraná é necessário aplicar calcário para elevar a saturação de bases para 70% sempre que
estiver abaixo de 60%.

NITROGÊNIO

Aplicar na semeadura de 15 kg a 30 por hectare de N e em cobertura aplicar de 30 a


60 kg por hectare quando as plantas apresentarem entre dois e quatro trifólios
desenvolvidos. De acordo com (PAULETTI V.; MOTTA A.C.V.,2019), mesmo com os
últimos avanços com a inoculação do gênero Rhizobium, pesquisas comprovam que não é
suficiente para a demanda de nitrogênio do feijoeiro.

FOSFORO E POTASSIO

Para a adubação fosfatada e potássica tem como principal referência a quantidade


de fósforo e potássio contida na análise de solo e a produtividade esperada, informações
contidas na tabela 2 propondo as quantidades dos minerais a aplicar.
14

TABELA 2.

Fonte: Manual de adubação e calagem para o estado do Paraná (PAULETTI V.; MOTTA
A.C.V.,2019).

ADUBAÇÃO ORGÂNICA

São indicadas a rotação de culturas e a incorporação de restos vegetais ou, ainda, a


adubação verde. A aplicação de estercos, se disponíveis, também é desejável. Se forem
aplicados estercos ou compostos, da adubação recomendada deve ser reduzido o conteúdo
de nutrientes presentes nesses materiais, considerando-se um fator de aproveitamento de
50% para N e P, e de 80% para K.
15

Com relação ao resíduo de galinha, tem se obtido respostas a aplicações de até 4 a 8


t/ha de esterco de galinha ou cama de frango de corte. O efeito residual desta adubação tem
sido observado até o 3º ano. O adubo orgânico deve ser aplicado a lanço e incorporado
com grade (ROSOLEM & MARUBAYASHI, 1994).

5. SEMEADURA.

A quantidade necessária de sementes é dependente do tamanho do grão da cultivar


utilizada (massa de 100 sementes), do espaçamento a ser adotado, do número de plantas
por metro e do seu poder germinativo. O valor exato pode ser facilmente obtido por meio
da seguinte fórmula: Q = D x P x 10 / PG x E em que:

● Q = quantidade de sementes, em kg/ha;

● D = número de plantas por metro;

● P = massa de 100 sementes, em gramas;

● PG = poder germinativo, em porcentagem (%);

● E = espaçamento entre fileiras, em metro Espaçamento entre fileiras e densidade de


semeadura No Estado de São Paulo, para os cultivares comuns, com ciclo normal e
hábitos de crescimento dos tipos III e IV são preferencialmente adotados os
espaçamentos de 50 cm a 60 cm entre linhas, procurando obter 10 plantas adultas
por metro na colheita. Para os cultivares com ciclo curto, de menor porte e hábitos
de crescimento do tipo I e II, admitem-se semeaduras com 40 cm a 50 cm entre
linhas e 12 a 15 plantas por metro. Assim, o gasto de sementes pode variar entre 60
a 90 kg/há.

PROFUNDIDADE DE SEMEADURA

No sistema de sistema semeadura direta (SSD) deve-se atentar para a uniformidade


na distribuição das sementes na linha. A profundidade média de semeadura deverá ser de
aproximadamente 4 cm em solos de textura argilosa e úmidos e 6 cm naqueles de textura
arenosa, evitando-se semear muito profundamente para que não haja atraso nem estresse
16

para a emergência das plântulas, quando então, estaria mais sujeita à incidência de doenças
e pragas no solo.

PLANTIO

As sementes de feijão deverão ser plantadas no local definitivo, a uma


profundidade de 3 cm a 7 cm (3 ou 4 se o solo for pesado ou a uma profundidade maior se
o solo for leve). O espaçamento de plantio pode variar de acordo com a variedade a ser
cultivada e com as condições desse cultivo. O espaçamento padrão é de 40 a 60 cm entre as
linhas e 7 a 10 cm entre as plantas.

6. TRATOS CULTURAIS

O principal trato cultural para a cultura do feijão está baseado no controle de


plantas daninhas, que podem ser definidas como qualquer espécie vegetal crescendo em
local não desejado e que, de alguma forma, interfere nas atividades produtivas ensejadas
pelo homem, a eliminação total das plantas daninhas sempre é uma prática desejável,
contudo, deve-se avaliar, caso a caso, a relação custo de controle/benefício obtido.
Utilizando-se diversas formas de manejo do ambiente e da lavoura, é possível reduzir a
incidência dessas plantas com a obtenção de controle eficiente.

6.1 CAPINAS E LIMPEZAS DO TERRENO

Entre os fatores que ocasionam perdas significativas na produtividade do feijoeiro-


comum, destaca-se a interferência decorrente da convivência das plantas daninhas com a
cultura. A planta é mais suscetível à competição exercida por plantas infestantes no
primeiro terço de seu desenvolvimento. A capacidade competitiva do feijoeiro com as
plantas daninhas é pequena, principalmente quando comparado com as gramíneas em
condições de temperaturas mais elevadas e alta intensidade luminosa. A necessidade do
manejo sustentável em sistemas agrícolas impõe restrições à maneira convencional de
controle das plantas daninhas. Nesse contexto, os herbicidas poderão ser utilizados,
associados a outros métodos que vislumbram a máxima vantagem da cultura sobre a
espécie infestante, sem, contudo, a completa exposição do solo. (BARBOSA; GONZAGA,
2012)
17

O manejo integrado de plantas daninhas associado ao sistema de plantio direto e ao


incremento e desenvolvimento do conceito de nível de dano econômico podem levar a
redução no uso e gasto com herbicidas na cultura do feijoeiro, bem como, aumento da
sustentabilidade e redução dos danos ao ambiente. (BARBOSA; GONZAGA, 2012)

6.2 MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS

A combinação de técnicas (culturais, mecânicas, químicas, biológicas) pode ser a


maneira mais eficaz e econômica de manejo das plantas infestantes na cultura do feijoeiro-
comum. Em todos os casos deve-se sempre fazer uso de todas as práticas preventivas
possíveis, objetivando se a diminuição do potencial de infestação da área cultivada.
(BARBOSA; GONZAGA, 2012)

Quando o objetivo é reduzir as aplicações de herbicidas nas lavouras, visando


reduzir danos ambientais e principalmente os custos, recomenda-se aplicar o conceito de
manejo integrado de plantas daninhas, e somente utilizar os produtos quando os danos
causados pelas espécies daninhas justificam tal prática. Para isso deve-se conhecer qual o
potencial de competição tanto das plantas daninhas como da cultura e também adotar os
conceitos de nível de dano econômico e Períodos Críticos (PC). (BARBOSA; GONZAGA,
2012)

6.3 NÍVEL DE DANO ECONÔMICO - NDE

O conhecimento da capacidade de interferência de plantas daninhas sobre as


culturas permite a definição de estratégias de controle de plantas daninhas com base no
nível de dano econômico (NDE), ou seja, a densidade destas cuja interferência sobre a
cultura superará o custo do controle. O NDE permite ao produtor aplicar herbicidas com
ação em pós-emergência somente quando for lucrativa a decisão para controle de plantas
daninhas em áreas agrícolas.

Entre os fatores que influenciam na competição entre plantas daninhas e as culturas


citam-se aqueles relacionados com as práticas de manejo, tais como: uso de cultivares com
maior habilidade competitiva; épocas de entrada de água na lavoura (no caso de irrigação);
densidade de semeadura; e espaçamento entre linha, que podem diminuir o grau de
competição das plantas daninhas, aumentando o NDE e minimizando a necessidade de
adoção de medidas de controle. Quando essas informações estão disponíveis, elas podem
18

ter uma função importante no sentido de mudar o método de manejo que depende
principalmente de herbicidas, para um sistema voltado ao conhecimento ecofisiológico.
(BARBOSA; GONZAGA, 2012)

6.4 PERÍODOS CRÍTICOS – PC

Em princípio a cultura deve ser mantida no limpo durante todo seu ciclo, mas pode
haver a presença de plantas daninhas por um determinado período inicial, sem que haja
interferência na cultura, porque, de modo geral, as plantas de feijoeiro-comum têm
satisfatória capacidade competitiva inicial, devido ao curto período de germinação de suas
sementes e ao intenso e rápido crescimento inicial das plântulas. Da semeadura até a
emergência são necessários, em média, quatro a cinco dias. (BARBOSA; GONZAGA,
2012)

De forma geral, o período crítico de prevenção de interferência, quando a cultura é


mais prejudicada pela competição com as plantas daninhas, está entre os 20 dias (PAI) e os
40 dias (PTPI).

6.5 MÉTODOS DE CONTROLE

6.5.1 MANEJO PREVENTIVO

O controle preventivo de plantas daninhas consiste no uso de práticas que visam


prevenir a introdução, o estabelecimento e/ou, a disseminação de determinadas espécies-
problema em áreas ainda por elas não infestadas. Essas áreas podem ser um país, um
estado, um município ou uma gleba de terra na propriedade.

Em níveis federal e estadual, há legislações que regulamentam a entrada de


sementes no país ou estado e sua comercialização interna. Nessas legislações encontram-se
os limites toleráveis de semente de cada espécie de planta daninha e também a lista de
sementes proibidas por cultura ou grupo de culturas.

Em nível local é de responsabilidade de cada agricultor ou cooperativas, prevenir a


entrada e disseminação de uma ou mais espécies daninhas, que poderão se transformar em
sérios problemas para a região. Em síntese, o elemento humano é a chave do controle
preventivo. A ocupação eficiente do espaço do agroecossistema pela cultura diminui a
disponibilidade de fatores adequados ao crescimento e desenvolvimento das plantas
19

daninhas, podendo ser considerado uma integração entre a prevenção e o método cultural.
(BARBOSA; GONZAGA, 2012)

O manejo preventivo de plantas daninhas considera os seguintes preceitos:

- Inicia-se com a garantia de pureza das sementes, que devem estar isentas de
contaminantes de outras espécies;

- Evitar introdução de novas espécies na área cultivada, além de não permitir a


entrada de espécies já existentes. Especial atenção com espécies perenes, com destaque
para tiririca (Cyperus rotundus), capim colonião (P. maximum) e capim-braquiária;

- No preparo do solo, especial cuidado com a limpeza dos tratores e implementos.


As máquinas e também os animais podem ser veículos de disseminação de sementes de
diversas plantas daninhas ou de partes vegetativas das quais se originam novas plantas;

- Impedir a formação de sementes, antes da semeadura do feijoeiro comum, tanto


na área cultivada quanto nas adjacentes, o que pode ser muito eficaz. Na entressafra, se a
área permanecer em pousio, efetuar roçadas antes da formação das sementes.

6.5.2 MÉTODO MECÂNICO

Ainda é um dos principais métodos de manejo das infestantes na cultura do


feijoeiro-comum em algumas regiões do país e, como principal inconveniente, tem-se o
fato de só poder ser utilizado em sistemas de semeadura em linha ou em covas bem
alinhadas. Esse método não é aplicável às grandes áreas, pela dificuldade de
operacionalização. (BARBOSA; GONZAGA, 2012)

As capinas podem ser realizadas, cortando-se ou arrancando-se manualmente as


infestantes, com enxadas. Método utilizado, sobretudo, nas pequenas propriedades, tem
reduzido rendimento e é oneroso, devido à necessidade de grande número de trabalhadores
(mão-de-obra). Por outro lado, pode ser a única opção ou a mais viável em determinadas
condições como: cultivos consorciados, áreas pequenas ou com problemas de declividade.
É bastante útil como método complementar aos outros a serem utilizados e particularmente
interessante em locais com poucas espécies infestantes, distribuídas erráticamente.
(BARBOSA; GONZAGA, 2012)
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O principal objetivo é a destruição mecânica das infestantes, na camada superficial


(3 a 5 cm), preferivelmente na fase inicial de seu desenvolvimento, para reduzir ao máximo
a interferência (concorrência). Pode ser efetuada com cultivadores, de tração animal ou
mecânica, em mais de uma entrelinha. Sua perfeita regulagem é fundamental para a
obtenção de resultados satisfatórios, devendo ser evitado tanto o corte das raízes quanto o
sulcamento acentuado do terreno.

O número de capinas depende do grau de infestação e, em geral, são suficientes um


a dois cultivos para a manutenção da cultura no limpo durante seu período crítico. Na safra
das `'águas", normalmente são realizados dois ou três cultivos, devido à rapidez e
intensidade de reinfestação, predominantemente por gramíneas (poáceas), mais agressivas
à cultura. Na safra “da seca” essa necessidade é menor, devido a menor densidade
populacional de infestantes. (BARBOSA; GONZAGA, 2012)

6.5.3 MÉTODO QUÍMICO

O controle químico pelo emprego de herbicidas é um dos métodos mais utilizados


para o controle de plantas daninhas na cultura do feijão, devido à maior praticidade e
eficiência. Na prática, muito comumente as plantas daninhas são divididas em dois
principais grupos: as monocotiledôneas, conhecidas como plantas daninhas de folhas
estreitas (poáceas e ciperáceas) e as dicotiledôneas, conhecidas como folhas largas. Todas
elas podem ser controladas quimicamente com herbicidas aplicados em pré ou pós-
emergência. Para a escolha do herbicida, devem-se considerar a finalidade da aplicação, as
espécies infestantes na área, a época em que se pretende fazer as aplicações, as
características físico-químicas do solo, o tipo de preparo de solo, a disponibilidade do
produto no mercado e o custo. (LACERDA, 2022)

Os herbicidas podem ser aplicados nas seguintes modalidades:

● Em pré-plantio (PRÉ), quando aplicado antes da semeadura do feijão. Muito


utilizado para dessecar a área para o plantio direto.

● Em pré-emergência (PE), quando aplicado após a semeadura e antes da


emergência do feijoeiro. Nessa modalidade de aplicação, alguns cuidados
devem ser tomados principalmente quanto à quantidade de água no solo. O solo
deve estar úmido, porém não encharcado. Por se tratar de um herbicida de
21

posição, podem ocorrer problemas de fitotoxidez, caso ocorram chuvas ou


irrigações intensas após a aplicação desses herbicidas.

● Em pós-emergência (PÓS), realizado com os herbicidas seletivos para o


feijoeiro e aplicados após a emergência da cultura e das plantas daninhas. Esses
herbicidas seletivos podem ser aplicados em área total. Para aumentar a
eficiência de controle, recomenda-se aplicar os herbicidas em PÓS quando as
plantas daninhas se encontram nos estágios iniciais de desenvolvimento.

A eficácia dos herbicidas no controle de plantas daninhas na cultura do feijão está


diretamente associada à aplicação correta do produto no alvo. A regulagem apropriada dos
equipamentos de pulverização, o treinamento dos aplicadores e o uso dos produtos de
acordo com as recomendações da bula são requisitos para o sucesso dessa modalidade de
controle. (LACERDA, 2022)

Um dos aspectos que deve ser levado em consideração quanto ao uso de herbicidas
é a resistência de plantas daninhas a esses produtos. O manejo da resistência deve ser
colocado em prática quando se faz a utilização de controle químico de plantas daninhas.
Quando se utiliza um mesmo produto (mesmo ingrediente ativo e mesmo modo de ação)
repetidamente, por vários ciclos consecutivos, aumenta-se a pressão de seleção sobre as
plantas daninhas e, consequentemente, podem surgir plantas daninhas resistentes a esse
produto. A resistência de plantas daninhas a herbicidas é a capacidade natural e herdável de
sobreviver e se reproduzir após a exposição à dose desse herbicida, que seria letal a uma
população normal (suscetível) da mesma espécie. Dessa maneira, recomenda-se a rotação
de herbicidas com mecanismos de ação diferentes. Além disso, deve ser dada prioridade
para sistemas de rotação de culturas associados à cobertura do solo durante o ano todo.
(LACERDA, 2022)

O ideal é a utilização do controle químico apenas como auxiliar aos demais


métodos de controle citados anteriormente, como parte de um manejo integrado, quando
um método de controle complementa o outro de forma a minimizar as perdas provenientes
de infestações de plantas daninhas. (LACERDA, 2022)

Principais herbicidas recomendados para a cultura do feijoeiro, no controle de


plantas daninhas de folhas largas e gramíneas
22
23

7. MANEJO FITOSSANITÁRIO:

7.1 PRINCIPAIS ESPÉCIES FITÓFAGAS

Época de ataque de cada tipo de praga ao estádio fenológico da cultura:

fonte:<https://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/
fitossanidadeengenhariaruralesolos715/feijoeiro.pdf>

Lagarta elasmo - Elasmopalpus lígnosellus (Zeller, 1848) (Lep.: Pyralidae)

São lagartas pequenas, de 15 mm de comprimento, muito ativas e de coloração


cinza azulada com faixas transversais avermelhadas. A forma adulta é uma mariposa de 15
a 20 mm de envergadura, com asa anterior acinzentada e posterior cinza-clara
semitransparente. (ALENCAR; HAJI ; PREZOTTI , 1996)

Danos - é uma praga de pós-emergência, sendo bastante prejudicial à cultura. Os


maiores prejuízos são verificados em solos de cerrado. As lagartas abrem galerias na região
do colo da planta, causando secamento e morte de plantas novas. É típico desta praga
reduzir o estande quando ocorre um período de estiagem após o plantio.
24

Controle - Em cultivos irrigados, o aumento na intensidade de irrigação é uma


prática recomendável para reduzir as infestações dessa praga. O controle químico pode ser
preventivo, através do tratamento de sementes ou curativo, utilizando um produto à base de
carbaril, com a aplicação direcionada para o colo da planta. Quando se opta pelo
tratamento de sementes, estas devem ser plantadas tão logo seja feita a mistura com o
inseticida para evitar problemas fitotóxicos. (ALENCAR; HAJI ; PREZOTTI , 1996)

Lagarta rosca - Agrotís ípsílon (Hufnagel, 1767) (Lep.: Noctuidae)

As lagartas medem 45 mm de comprimento, são marrom acinzentadas, robustas e


apresentam tubérculos pretos em cada segmento. Quando tocadas enrolam-se tomando o
aspecto de uma rosca. Os adultos medem cerca de 40 mm de envergadura, asa anterior
marrom e a posterior branca hialina com o bordo lateral acinzentado.

Danos - as lagartas cortam as plântulas em início de desenvolvimento, ocasionando


redução no estande. Controle - O controle biológico desta praga, à semelhança do que
ocorre com a lagarta elasmo, não tem sido eficiente, principalmente pelo fato da mesma
ficar escondida sob o solo. Para o controle da lagarta rosca, recomenda métodos culturais,
tais como, gradação do solo, eliminação de solanáceas, etc., uso de armadilhas luminosas
e/ou pulverizações de inseticidas, direcionadas para o colo da planta, podendo ser utilizado
carbaril, trichlorfon ou chlorpyrifós, na dosagem indicada para referida praga.
(ALENCAR; HAJI ; PREZOTTI , 1996)

Lagarta Falsa-medideira Pseudoplusia includens, Trichoplusia ni, Rachiplusia nu


(LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)

Tipicamente, apresentam apenas 2 pares de falsas pernas na região abdominal


fazendo com que, no seu deslocamento, ocorra intenso movimento do corpo, parecendo
medir palmos; Comum no Centro Oeste e PR.

Danos: Favorecida por estiagem alimentam-se das folhas e não destroem as suas
nervuras, podem consumir de 80 cm2 a 200 cm2 de folhas durante a fase larval (SANTOS,
2020)

Controle: Conforme destacado por Grigolli (2016), o nível de ação para o controle
da falsa-medideira corresponde a 20 lagartas maiores do que 1,5 cm ou 30% de desfolha na
25

fase vegetativa ou 15% de desfolha na fase reprodutiva. Contudo, para um adequando


manejo e controle, não basta apenas conhecer o período de ocorrência e níveis de ação para
o controle da praga, sendo essencial a utilização de inseticidas que demonstrem eficiência
conhecida quando empregados de forma correta. (SANTOS, 2020)

Mosca branca - Bemisia tabaci (Gennadius, 1889) (Hem.- Hom.: Aleyrodidae)

São insetos pequenos de 1 mm de comprimento com 4 asas membranosas


recobertas por uma pulverulência branca. As ninfas são escamaformes, diferindo muito do
adulto. A denominação mosca branca é imprópria pois não são moscas (dípteros),
entretanto, é uma denominação consagrada pelo uso. As ninfas só se locomovem
inicialmente, fixando-se a seguir de maneira semelhante às cochonilhas. (ALENCAR;
HAJI ; PREZOTTI , 1996)

Danos - São sugadoras de seiva, apresentam ação toxicogênica. Entretanto, os


maiores prejuízos são devido à transmissão de viroses, no caso do feijoeiro, Mosaico
Dourado e Mosaico-anão. Quando o nível populacional é muito elevado, as excreções
favorecem o aparecimento de fumagina, dificultando a fotossíntese. Em algumas regiões,
como no norte do Paraná e sul de São Paulo, os prejuízos à cultura podem atingir 100 %.

Controle - Para o controle dessa praga, são recomendados produtos sistêmicos.

Vaquinhas - Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Col.: Chrysomelidae) Cerotoma


arcuata (Olivier) (Col.: Chrysomelidae)

Os adultos de D. speciosa são de coloração verde, cabeça marrom, com três


manchas amarelas no dorso, enquanto C. arcuata é de coloração castanha, cabeça preta, e
apresenta em cada élitro, duas manchas negras basais, duas faixas transversais e um ponto
apical preto em cada élitro. As larvas desses insetos são de cor branca e desenvolvem-se no
solo em sementes em germinação, nas raízes e na região subterrânea do caule.
(ALENCAR; HAJI ; PREZOTTI , 1996)

Danos - As vaquinhas causam desfolhamento durante todo o ciclo da cultura,


podendo causar danos severos, especialmente quando ocorrem altas populações no início
do desenvolvimento das plantas. Em altas populações podem alimentar-se também de
flores e vagens. C. arcuata é o principal vetor do vírus do mosaico-severo do feijão caupi.
26

Controle - De acordo com GALLO et. all. (1988), o nível de controle é de 25% de
desfolha até os 20 dias da cultura e de 40% até o enchimento de vagens. O controle
químico pode ser realizado utilizando-se carbaryl, acephate ou fenitrothion. As vaquinhas
também podem ser controladas através de iscas atrativas tratadas com inseticidas. Raízes
da cucurbitaceae vulgarmente conhecida como "Taiuiá" (Cerotosanthes hilariana)
(ALENCAR; HAJI ; PREZOTTI , 1996)

Ácaro rajado - Tetranychus urticae (Koch, 1936) (Acariforme: Tetranychidae)

As fêmeas de T. urticae realizam a postura entre fios de teia na página inferior das
folhas. São maiores que os machos e, de um modo geral, apresentam duas manchas verdes
escuras no dorso, uma de cada lado. Esta espécie é bastante frequente na cultura do feijão,
embora sua importância econômica seja restrita a determinadas regiões.

Danos - Atacam preferencialmente a face inferior das folhas, causando o


aparecimento de manchas cloróticas, cuja intensidade depende do nível de população do
ácaro. Devido ao ataque, as manchas tornam-se amareladas e em seguida avermelhadas,
provocando a queda das folhas. (ALENCAR; HAJI ; PREZOTTI , 1996)

Ácaro branco - Polyphagotarsonemus tatus (Banks, 1904) (Acariforme: Tarsonemidae)

As fêmeas de P. tatus colocam os ovos isoladamente na face inferior das folhas


novas, são bem pequenas e não tecem teias. Causam prejuízos somente quando ocorrem
condições climáticas favoráveis, como temperatura e umidade elevadas.

Danos - Tanto os adultos como as formas ninfais atacam as folhas mais novas da
planta, localizando-se no ponteiro. As folhas atacadas tornam-se coriáceas, quebradiças e
não atingem o desenvolvimento normal. As vagens podem ser atacadas, tornando-se
prateadas, e sem valor comercial. (ALENCAR; HAJI ; PREZOTTI , 1996)

Controle - Para o controle desses ácaros pode-se utilizar produtos à base de


dimethoate, azinphos-ethyl, tetradifom e enxofre.

Lagartas das vagens -Thecla jebus, Maruca testulalis e Etiella zinckenella,

Broca da vagem (Etiella zinckenella) - É uma importante lagarta na cultura da soja,


apesar de ser observada também em outras culturas, como feijão, feijão vagem e ervilha.
27

Danos: As lagartas, quando pequenas, alimentam-se de flores e vagens novas e, de


acordo com o seu desenvolvimento, tornam-se mais vorazes e passam a penetrar nas
vagens para alimentarem-se das sementes, deixando as mesmas imprestáveis para a
comercialização.

A Thecla jebus, Os adultos são mariposas que possuem 32 mm de envergadura e


dimorfismo sexual. Os machos apresentam coloração azulada e as fêmeas tem coloração
marrom. As lagartas são verdes e vivem no interior das vagens em formação.

Danos: Praga que ataca as vagens do feijoeiro, sua presença pode ser evidenciada
pelo orifício irregular na vagem, o que a difere das demais lagartas, cujos orifícios de
penetração são mais ou menos circulares. São muito vorazes, destruindo integralmente os
grãos.

Controle: Devem ser controladas quando forem encontradas, em média, 40 lagartas


grandes (>1,5 cm) por pano-de-batida (duas fileiras de plantas), ou com menor número se a
desfolha atingir 30%, antes da floração, e 15% tão logo apareçam as primeiras flores. Para
controle com Baculovírus, considerar como limites máximos 40 lagartas pequenas ou 30
lagartas pequenas e 10 lagartas grandes por pano-de-batida. Em condição de seca
prolongada e com plantas menores de 50 cm de altura, reduzir esses níveis para a metade,
para aplicação do Baculovirus específico desta praga. Para o controle dessas lagartas,
pode-se adotar as mesmas medidas recomendadas para o controle da lagarta das folhas,
dando-se prioridade ao uso de Trichogramma, que apresenta grande eficiência e não
interfere no meio ambiente.

Percevejos-dos-grãos Neomegalotomus simplex (Hemiptera: Alydidae), Nezara viridula,


Piezodorus guildinii e Euschistus heros (Hemiptera: Pentatomidae)

A espécie Neomegalotomus parvus (Figura 20) tem aumentado significativamente


em lavouras de feijão, com ocorrência em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Infestações de
percevejos comuns à lavoura de soja, como Nezara viridula, Piezodorus guildinii e
Euschistus heros, vêm aumentando de intensidade a cada ano na cultura do feijão.
(QUINTELA, 2021)

Neomegalotomus simplex: O adulto apresenta coloração marrom-clara e mede de


10 mm a 11 mm. As fêmeas ovipositam separadamente nas folhas e vagens do feijoeiro.
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As ninfas são semelhantes a formigas e causam maiores danos aos grãos a partir do quarto
instar.

Nezara viridula: O adulto é verde, mede entre 12 mm e 15 mm e vive por até 70


dias. As fêmeas colocam os ovos amarelos, normalmente na face inferior das folhas, em
massas de 50–100 ovos. Somente a partir do terceiro instar, as ninfas alimentam-se dos
grãos, com intensidade crescente até o quinto instar. O período de ninfa dura entre 20–25
dias. (QUINTELA, 2021)

Euschistus heros: É um percevejo marrom-escuro, com dois prolongamentos


laterais do pronoto em forma de espinho. Os ovos, em 5–8 por massa, são colocados nas
vagens e folhas do feijoeiro. (QUINTELA, 2021)

Piezodorus guildini: O adulto é um percevejo pequeno de aproximadamente 10


mm, com coloração verde e uma listra transversal marrom-avermelhada na parte dorsal do
tórax, próximo da cabeça. A fêmea coloca os ovos pretos normalmente nas vagens, em
número de 10 a 20 por postura. As ninfas do terceiro ao quinto instar causam maiores
danos aos grãos. (QUINTELA, 2021)

Os percevejos, mesmo em baixas populações, causam danos significativos às


vagens, alimentando-se diretamente dos grãos desde o início de formação delas. Os grãos
atacados ficam menores, enrugados, chochos e mais escuros. Além dos danos diretos no
produto final, os percevejos prejudicam também a qualidade das sementes, reduzindo o
poder germinativo e transmitindo a mancha de levedura, provocada pelo fungo
Nematospora corylli, o que causa depreciação acentuada quanto à classificação comercial
do produto. (QUINTELA, 2021)

Controle: Nível de controle de 2 percevejos grandes por metro linear. Rotações de


cultura baixam a sua incidência.

Com relação às pragas de grãos armazenados, citam-se como mais prejudiciais ao


feijão, os carunchos. Estimativas de perdas da produção total de feijão no Brasil, por causa
dessas pragas, giram em torno de 20 a 30%. (ALENCAR; HAJI ; PREZOTTI , 1996)

Carunchos Zabrotes subfasciatus e Acanthoscelides obtectus (Coleoptera: Bruchidae)


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As duas espécies de carunchos são cosmopolitas e ocorrem em todos os países que


cultivam o feijoeiro. O Zabrotes subfasciatus ocorre nas regiões mais quentes dos trópicos,
enquanto o Acanthoscelides obtectus é o principal caruncho do feijoeiro nas regiões
temperadas de clima ameno. (QUINTELA, 2021)

A principal diferença entre essas duas espécies é que a fêmea do caruncho Z.


subfasciatus coloca os ovos aderidos firmemente às sementes e a de A. obtectus coloca os
ovos soltos entre os grãos (Figura 22). A fêmea de Z. subfasciatus tem coloração marrom e
difere do macho por ser maior e apresentar quatro manchas de cor creme nos élitros. O
adulto de A. obtectus apresenta coloração cinza com manchas claras. (QUINTELA, 2021)

O desenvolvimento biológico das duas espécies é muito semelhante, mas


normalmente o ciclo de vida de A. obtectus é mais longo que o de Z. subfasciatus. A 26 °C,
os ovos se desenvolvem em 5–7 dias, a larva em 14–16 dias e a pupa em 6–7 dias. As
larvas recém-emergidas penetram nas sementes, onde passam por quatro instares, quando
se transformam em pupas. A larva do último instar e a câmara pupal ficam visíveis
externamente, na forma de um orifício circular coberto por um fina camada do tegumento
da semente. O adulto emerge pelo orifício e normalmente não se alimenta, mas pode
consumir água ou néctar. Os adultos vivem por pouco tempo, aproximadamente 14 dias,
acasalam e ovipositam logo após a emergência. A. obtectus e Z. subfasciatus colocam em
média 45 e 36 ovos, respectivamente. (QUINTELA, 2021)

As duas espécies de carunchos podem iniciar o ataque antes da colheita do feijão,


inserindo os ovos nas vagens. Eles causam danos aos grãos devido às galerias feitas pelas
larvas, destruindo os cotilédones, reduzindo o peso da semente e favorecendo a entrada de
microrganismos e ácaros (Figura 23). Além de provocar aquecimento dos grãos, esses
carunchos afetam a germinação da semente pela destruição do embrião, bem como
depreciam a qualidade comercial dos grãos por causa da presença de insetos, ovos e
excrementos. (QUINTELA, 2021)

MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

Passos:

1. Identificar os danos, os insetos fitofagos e seus inimigos naturais


30

2. Amostrar as pragas, seus danos e os inimigos naturais

a) Amostragem de emergência até os estagio 3-4 folhas trifoliadas

b) Amostragem após estágio de 3-4 folhas trifoliadas

c)Amostragem no estágio de florescimento e de formação de vagens

3. Anotar os resultados da amostra.

7.2 PRINCIPAIS FITOPATÓGENOS

Na primeira safra, também chamada de safra das águas, a semeadura do feijão


acontece entre setembro e dezembro. Nela, há maior ocorrência de doenças como
antracnose, mofo-branco e crestamento bacteriano. Na segunda (janeiro a maio) e terceira
safras (abril a julho), algumas doenças como mancha-angular e mosaico-dourado são as de
maior ocorrência e dano. (CHINELATO, 2020)

Doenças de solo estão associadas à presença do patógeno no solo, e não dependem


necessariamente da safra. Agora, veja mais detalhes sobre cada uma das principais doenças
do feijão. (CHINELATO, 2020)

MOSAICO DOURADO DO FEIJOEIRO

O mosaico-dourado, causado pelo vírus BGMV (Bean Golden Mosaic Virus), é a


principal virose do feijoeiro, podendo causar grandes perdas na produção. A mosca-branca
é vetora dessa doença. (CHINELATO, 2020)

Os principais sintomas causados pelo vírus do mosaico dourado do feijoeiro são:

● mosaico amarelo intenso em todo limbo foliar

● redução do crescimento das plantas;

● superbrotamento;

● má formação de vagens e grãos;


31

● encarquilhamento das folhas e mosaico.

O mosaico dá um aspecto mosqueado amarelo às folhas. Com a evolução da doença, toda


superfície foliar se torna amarelada. Já as vagens e os grãos ficam deformados e mal
formados, o que prejudica a qualidade do produto. (CHINELATO, 2020)

Algumas medidas de manejo para esta doença são:

● vazio sanitário para feijoeiro;

● uso de inseticidas com objetivo de controlar o vetor;

● variedades tolerantes ou resistentes.

CRESTAMENTO BACTERIANO COMUM NO FEIJOEIRO

É considerada a principal doença bacteriana de algumas regiões produtoras de


feijão do Brasil. O crestamento bacteriano comum é causado pelas bactérias Xanthomonas
axonopodis pv. phaseoli e X. fuscans sus. Fuscans. Elas penetram na parte aérea da planta
por aberturas naturais ou por ferimentos. A doença pode provocar até 70% de redução na
produção do feijoeiro. A doença prevalece na safra das águas devido às altas temperaturas
e ocorrências de chuvas. Esses são fatores que favorecem as bactérias.

Como sintomas, você pode observar inicialmente lesões com aspecto encharcado
de coloração verde-escura nas folhas. Com o progresso da doença, esses sintomas
evoluem e aumentam de tamanho. As folhas ficam necrosadas. Nas extremidades das
lesões surgem halos amarelos. Os sintomas típicos da doença ocorrem quando as lesões
são mais velhas, tendo o centro necrótico e com halo amarelo. Isso pode ocasionar a queda
prematura das folhas. Nas vagens, podem ocorrer lesões de aspecto encharcado, que depois
progridem para lesões escuras e um pouco deprimidas. (CHINELATO, 2020)

Medidas de manejo do crestamento bacteriano em feijoeiro são:

● variedades resistentes;

● aplicação de cúpricos na lavoura, que pode retardar o aparecimento dos sintomas.

ANTRACNOSE NO FEIJÃO
32

A antracnose no feijão é causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum. Ela é


considerada uma das doenças mais importantes da cultura, e ocorre mais em regiões de
temperaturas moderadas e alta umidade. Pode causar até 100% de danos em variedades
suscetíveis, além de causar manchas nos grãos.

A necrose nas nervuras é um sintoma bastante característico da doença. Além disso,


há presença de lesões principalmente na parte de baixo das folhas. Essas lesões são
alongadas, de coloração avermelhada a marrom. Nas vagens, os sintomas típicos são lesões
circulares, deprimidas e com a borda da lesão mais escura. Quando atinge os grãos, pode
depreciar a comercialização agrícola. Esse fungo pode sobreviver em sementes, restos
culturais e hospedeiros alternativos. (CHINELATO, 2020)

Algumas medidas de manejo da antracnose do feijoeiro são:

● sementes sadias e certificadas;

● rotação de culturas (uso de gramíneas não hospedeiras);

● eliminação de restos culturais;

● variedades resistentes;

● controle químico com fungicidas para feijão.

MANCHA ANGULAR DO FEIJOEIRO

A mancha angular do feijoeiro é causada pelo fungo Pseudocercospora griseola,


que pode sobreviver em sementes, restos de culturas e outros hospedeiros. Pode causar até
80% de perdas em produtividade.

Os sintomas típicos são lesões de coloração cinza a marrom, de formato angular


(delimitadas pelas nervuras), e com halo amarelo. No campo, os sintomas ficam mais
evidentes na fase final da cultura. Com o progresso da doença, pode ocorrer a desfolha
prematura da planta. (CHINELATO, 2020)

Medidas de manejo da mancha angular do feijoeiro:

● variedades resistentes;
33

● uso de sementes sadias e certificadas;

● eliminação de restos culturais;

● aplicação de fungicidas.

MOFO-BRANCO

O mofo-branco é causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, que pode afetar


várias culturas. Em feijoeiro, é considerada uma das doenças mais agressivas da cultura,
sendo mais problemática no florescimento. A doença é favorecida pela alta umidade e
temperaturas amenas.

Como sintomas, ocorrem lesões encharcadas na parte aérea da planta. E, com o


progresso da doença, há o crescimento de um micélio branco, com aspecto de algodão,
sobre essas lesões. Há ainda a formação de escleródios. Os escleródios são um
enovelamento/agregado de hifas, que são estruturas de resistência do fungo. Assim, este
fungo pode sobreviver no solo através dessas estruturas por vários anos. Os escleródios
podem ser propagados por sementes ou máquinas agrícolas. (CHINELATO, 2020)

Medidas de manejo do mofo-branco do feijoeiro são:

● sementes sadias e tratamento de sementes;

● limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas;

● evitar alta densidade de plantio que favorece a formação da doença;

● uso de fungicidas para proteção da cultura.

PODRIDÃO RADICULAR SECA NO FEIJOEIRO

Essa doença é causada pelo fungo Fusarium solani e está presente em todas as
regiões produtoras de feijão do Brasil. O patógeno sobrevive no solo por vários anos e
raramente mata a planta, mas pode causar até 50% de perdas na cultura.

Como sintoma, você pode observar coloração avermelhada nas raízes jovens das
plantas. Essa coloração progride para lesões marrons por toda superfície da raiz. A doença
resulta em plantas pouco desenvolvidas, causando um estande irregular.
34

A doença é favorecida por condições de solos compactados, encharcados,


temperaturas baixas e pelo cultivo intenso de feijão. (CHINELATO, 2020)

Medidas de manejo da podridão radicular seca do feijoeiro são:

● tratamento de sementes com fungicida para feijão;

● evitar plantar em solos compactados e encharcados.

PODRIDÃO DE RAÍZES DO FEIJOEIRO

A podridão radicular ou podridão de raízes do feijoeiro é uma doença fúngica


causada por Rhizoctonia solani. Esse patógeno está presente na maioria dos solos
cultivados. O fungo pode atacar as sementes, que apodrecem antes de iniciar ou durante
sua germinação.

Se a plântula de feijão é infectada, ocorre lesão na base do caule, de coloração


avermelhada. Saber o que é a podridão radicular e como identificá-la na lavoura é
fundamental. Afinal, a doença pode resultar em morte do sistema radicular e tombamento
das plântulas. (CHINELATO, 2020)

Medidas de manejo da podridão das raízes do feijoeiro são:

● sementes sadias;

● tratamento de sementes com fungicidas;

● evitar plantar em solos compactados e encharcados.

FERRUGEM

A ferrugem do feijoeiro é uma doença causada pelo fungo Uromyces


appendiculatus. Essa doença está presente em todas as áreas produtoras do grão e
responde por expressivas perdas na produção. Sua ocorrência é maior em áreas tropicais e
subtropicais úmidas. Os estádios de pré-floração e floração da cultura são as fases mais
críticas para o aparecimento da ferrugem.

O sintoma inicial dessa doença é o aparecimento de pequenas lesões


esbranquiçadas na parte inferior das folhas. Com o tempo, essas lesões evoluem para
35

pústulas de cor ferrugem. As pústulas podem se desenvolver dos dois lados da folha. É
comum que elas estejam rodeadas por um anel de coloração amarelada. Dependendo do
grau de infestação da lavoura, esse sintoma também pode ser observado nas vagens e nas
hastes das plantas de feijão. (CHINELATO, 2020)

O controle da ferrugem é com químicos, e feito pelo uso de cultivares resistentes e


pelo uso de práticas culturais tais como eliminação de restos culturais, rotação de culturas e
escolher a época certa de plantio para evitar as condições ideias da doença.

MURCHA OU AMARELECIMENTO DE FUSARIUM

A murcha de Fusarium é uma doença causada pelo fungo de solo Fusarium


oxysporum f. sp. phaseoli. Essa doença se desenvolve melhor sob condições de
temperaturas amenas, solo úmido e compactado. Ela se manifesta na fase vegetativa e
reprodutiva do feijoeiro.

Os sintomas dessa doença são a murcha das plantas nas horas mais quentes do dia,
amarelecimento das folhas e o desfolhamento precoce. As folhas do feijão amarelas e
murchas são sinais de que o fungo impediu a água e os sais minerais de serem
transportados para a parte aérea das plantas. No entanto, o amarelecimento das folhas
também pode estar associado a presença de outras pragas e doenças do feijão. Problemas
nutricionais, compactação do solo e deriva de produtos químicos também podem causar
esses sintomas.

No caso da murcha de Fusarium, os sintomas podem ser observados em reboleiras.


Quando infectadas, as plantas jovens de feijoeiro apresentam redução do crescimento da
parte aérea e do sistema radicular. Em condições severas de infecção, as plantas podem
morrer. Por se tratar de um fungo habitante do solo, a murcha de Fusarium é favorecida
pela presença de nematoides na área. O ataque de nematóides ao sistema radicular do
feijoeiro contribui para a entrada do fungo na planta. (CHINELATO, 2020)

Nematoides

O nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.) e o nematóide das lesões (Pratylenchus


brachyurus spp.) são tipos de nematoides responsáveis por causarem prejuízos às lavouras
de feijão.
36

Seu ataque causa a destruição do sistema radicular. Ele também provoca o


amarelecimento das folhas, diminui a absorção de nutrientes e reduz o estande de plantas.
A presença desses parasitas na área favorece o aparecimento de doenças causadas por
microrganismos habitantes do solo.

A estratégia de manejo mais utilizada no controle de nematóides é o plantio de variedades


resistentes/tolerantes. (CHINELATO, 2020)

OÍDIO

O oídio é uma doença de importância secundária para a cultura do feijão. Essa


doença é causada pelo fungo Eryshipe polygoni. As condições ótimas para o
desenvolvimento do oídio em lavouras de feijão são baixas temperaturas e pouca umidade
no solo.

O primeiro sintoma do oídio é o aparecimento de uma massa branca com aspecto


pulverulento nas folhas do feijoeiro. Dependendo da severidade da doença, esse sintoma
pode ser observado nas hastes e nas vagens das plantas. Com o avanço da doença, o oídio
também provoca a desfolha precoce. (CHINELATO, 2020)

MANEJO INTEGRADO DAS DOENÇAS DA CULTURA DO FEIJÃO

O manejo integrado na cultura do feijão associa diferentes técnicas que contribuem


para o controle populacional do patógeno e da doença de forma eficiente. No manejo
integrado de doenças da cultura do feijão, devem ser adotadas estratégias culturais,
genética, biológica e química. (CHINELATO, 2020)

MANEJO CULTURAL

Para o controle de doenças no feijoeiro, é importante que algumas práticas culturais


sejam adotadas, como:

● realizar um bom preparo de solo para o plantio do feijão;

● adubação equilibrada;

● rotação com culturas não suscetíveis;


37

● controle de vetores de doenças;

● controle de plantas daninhas hospedeiras de doenças;

● utilizar sementes certificadas;

● fazer tratamento de sementes com agroquímicos;

● evitar o plantio em áreas com condições favoráveis ao desenvolvimento de


doenças;

● realizar a limpeza de máquinas e implementos agrícolas;

● respeitar o período de vazio sanitário determinado para a cultura.

MANEJO GENÉTICO

O plantio de variedades resistentes/tolerantes é uma estratégia que apresenta bons


resultados no manejo de doenças na cultura do feijão. A resistência genética é eficaz no
controle de doenças, segura para o meio ambiente e tem baixo custo. (CHINELATO, 2020)

MANEJO BIOLÓGICO

Trata-se de uma técnica de baixo impacto ambiental, econômica e alinhada às


práticas de produção sustentável. Na cultura do feijão, o controle biológico com
Trichoderma tem sido utilizado no manejo de algumas doenças, como podridão de raízes,
podridão radicular seca, mofo-branco e antracnose. O número de produtos com registro do
Mapa ainda é bastante reduzido, quando comparado aos produtos químicos.
(CHINELATO, 2020)

MANEJO QUÍMICO

No caso do feijoeiro, o controle das doenças com defensivos agrícolas químicos é


uma prática bastante comum e indispensável para alcançar altas produtividades. Para
garantir a eficiência desse manejo, utilize produtos registrados no Mapa. Siga as
orientações quanto à dosagem, época e modo de aplicação. O melhor inseticida para feijão
irá depender da doença em questão, então cuidado para não aplicar o produto errado.
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Deve-se também a rotação de produtos com mecanismos de ação diferentes. É


importante lembrar que a melhor estratégia de manejo é evitar que a doença entre na sua
lavoura. Por isso, sempre adote boas práticas agronômicas. Em áreas que a doença já está
presente, procure adotar mais de uma estratégia de manejo para evitar o desenvolvimento e
evolução da doença. (CHINELATO, 2020)

8. COLHEITA

Para evitar perdas e obter produtos de boa qualidade, o feijão deve ser colhido,
preferencialmente, logo após as sementes alcançarem a maturação fisiológica, o que
corresponde ao estádio de desenvolvimento em que as plantas estão com folhas amarelas,
com as vagens mais velhas secas e com as sementes na sua capacidade máxima de
desenvolvimento.

Antes da colheita propriamente dita, feita com colhedora automotriz, pode-se fazer
a dessecação da lavoura. Essa operação é recomendada para facilitar a colheita, quando
houver elevada infestação de daninhas, quando as plantas de feijoeiro-comum estiverem
com maturidade desuniforme ou quando o preço for compensatório. Pode ser utilizado o
herbicida à base de diquate, na dose de 1,5 a 2,0 L p.c ha-1 quando os grãos estiverem
fisiologicamente maduros. (BARBOSA; GONZAGA, 2012)

O retardamento da colheita do feijão, deixando-o por um longo período no


campo após a maturação, provoca perdas de sementes pela deiscência (abertura) natural
das vagens ou pela operação do arranquio ou de ceifa das plantas, principalmente em
regiões de clima quente e seco.

A colheita pode ser manual, semi-mecanizada ou mecanizada.

a. Manual: faz-se o arranquio das plantas inteiras, quando os grãos estiverem com teor de
água de 18%, dispondo-se os molhos ou os maços no campo, com as raízes voltadas para
cima, até que os grãos estejam com cerca de 14% de umidade. Os molhos são então
recolhidos para os terreiros e dispostos em camadas de 30 a 50 cm de altura, fazendo-se a
trilha ou batedura com varas flexíveis, pela passagem de trator ou por pisoteio e por
último, a abanação para separação entre vagens e grãos e limpeza do produto colhido. É
aplicável somente às pequenas áreas e as plantas devem ser arrancadas quando as vagens,
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já completamente cheias, estiverem com alterações na coloração e os grãos com coloração


definitiva;

b. semi-mecanizada: faz-se o arranquio/enleiramento das plantas manualmente; a trilha


mecanizada, em trilhadoras estacionárias, em máquinas recolhedoras-trilhadoras ou em
colhedoras automotrizes adaptadas com recolhedores de plantas (recolhe, trilha, abana e
ensaca simultaneamente);

c. mecanizada: todas operações são mecanizadas. Aplicável apenas em cultivo exclusivo


do feijoeiro-comum. Pode ser feita em duas operações ou numa operação única. No
primeiro caso, na primeira operação é utilizada a ceifadora-enleiradora no estádio em que
as plantas, ainda com folhas, estão na maturidade fisiológica. Somente deve ser utilizada
em terrenos bem nivelados e com o deslocamento da máquina, preferencialmente, no
sentido contrário ao da predominância de plantas acamadas. Dependendo da umidade dos
grãos, é necessário que as leiras de plantas sejam viradas com equipamentos próprios, para
completa secagem e facilidade de recolhimento.

A segunda operação é semelhante à descrita anteriormente, com utilização de


recolhedoras-trilhadoras. Para a colheita mecanizada numa única operação, ou colheita
direta, é necessário que as plantas sejam eretas, que estejam totalmente desfolhadas e com
umidade do grão em torno de 15%. Neste caso, utiliza-se a colhedora automotriz. Na
colheita mecânica é fundamental que a barra de corte seja flutuante ou com barras flexíveis
adaptáveis, porque com barras de corte fixas e rígidas há mais perdas. Em terrenos planos,
a altura de corte deve ser menor.

Com velocidade reduzida de locomoção da máquina o corte das plantas deve ser
feito mais rente ao solo, para evitar recolhimento de terra e melhorar a qualidade do
produto colhido. No feijoeiro-comum não há cultivares perfeitamente adaptadas à colheita
direta com automotrizes e o sucesso da operação é dependente da habilidade do operador.
No melhoramento genético atual um dos objetivos continua sendo a obtenção de cultivares
com porte ereto; com hábito de crescimento do tipo II; mais uniformidade de maturidade
das vagens e adequados rendimentos de produção e de colheita.(BARBOSA; GONZAGA,
2012)
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9. COMERCIALIZAÇÃO

9.1 MERCADO MUNDIAL DO FEIJÃO

Pensando em um cenário mundial, o feijão compreendendo todas suas espécies são


consumidos em centenas de países (DURIGON et al., 2015).

Os principais produtores de feijão a nível mundial são: Mianmar, Índia, Brasil,


China, México, Tanzânia, EUA, Quênia, Uganda e Ruanda, onde os principais
importadores são: Índia, China, Bangadesh, EUA, Egito. Onde os custos da produção estão
interligados aos preços dos insumos como: sementes, pulverização de controle de pragas e
doenças, mão de obra e das políticas agrícolas de comercialização (COELHO; XIMENES,
2020).

9.2 MERCADO NACIONAL DO FEIJÃO

O Brasil ocupa o terceiro lugar na produção de feijão, segundo Coelho e


Ximenes (2020), porém não possuindo grandes excedentes exportáveis. O isolamento
social devido a Pandemia do Covid 19 aumentou o consumo, fazendo diminuir a oferta e
consequentemente aumentou os preços de março a maio de 2020.

A região que mais produziu na safra de 20/21 de acordo com os dados do


Ministério da Economia (2020) é a região Nordeste, apesar da baixa produtividade por
hectare, possui a maior área de produção. A região Sul é a segunda maior produtora,
seguida da Sudeste e posteriormente da região Centro Oeste

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Feijão é um dos principais produtos da alimentação do brasileiro, sendo mais


importante principalmente em pequenas propriedades, em terrenos acidentados, tendo
grande relevância na segurança alimentar, e nutricional e grande importância cultural na
culinária de diversos países e culturas, sendo que o cultivo do feijão é muito limitado pela
mão de obra quando se fala em arranquio ou capina manual, e as chuvas durante o período
de colheita vem a causar grandes prejuízos à cultura, devido a deiscência natural das
vagens ocorrer com facilidade.
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11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALENCAR, José Adalberto de; HAJI , Francisca Neumara P.; PREZOTTI , Lusinércio.
EMBRAPA: Centro de pesquisa agropecuária do trópico semiárido - CPATSA. PRAGAS
DO FEIJÃO: Manejo integrado de pragas do feijoeiro, Petrolina - PE, 11 nov 1996.
Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/196622/1/Pragas-do-
Feijao.pdf. Acesso em: 26 jul. 2022.

BARBOSA, Flávia Rabelo; GONZAGA, Augusto César de Oliveira. Documentos 272:


Embrapa Arroz e Feijão. Informações técnicas para o cultivo do feijoeiro-comum na
Região Central-Brasileira: 2012-2014, Santo Antônio de Goiás, GO, p. 1-248, 1 maio
2012.

CHINELATO, Gressa. Blog da Aegro para negócios rurais. 11 principais doenças do


feijão e como controlá-las na lavoura, [s. l.], 8 out. 2020. Disponível em:
https://blog.aegro.com.br/doencas-do-feijao/. Acesso em: 27 jul. 2022.
42

COÊLHO, J.D.; XIMENES, L. F. Caderno Setorial ETENE. feijão: produção e mercado.


Ano 5, número 143. Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste - ETENE .
Dezembro, 2022

CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Séries históricas.


Disponível em: https://www.conab.gov. br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras?
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www.conab.gov.br/info-agro/precos?view=default. Acesso em: 11 nov. 2020b.

DOURADO NETO, D.; FANCELLI, A. L. Produção de feijão. Guaíba: Agropecuária,


2000, 385 p. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/001078275. Acesso em: 20 de
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FERREIRA, Carlos Magri, WANDER, Alcido Elenor. Comercialização. Embrapa Arroz e


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LACERDA, Mábio Chrisley. Controle químico. Embrapa Arroz e Feijão. Cultivo do


feijão, Brasília, DF, p. 01-21, 11 out. 2021 Acesso em: 26 jul. 2022.

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Perfil do feijão no Brasil.


Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/feijao/saiba-mais. Acesso
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QUINTELA, Eliane Dias. Embrapa arroz e feijão. Cultivo do feijão: Manejo integrado de
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